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UNIDADE I

Didática e
Formação Docente

Profa. Dra. Talita Silva


O que vamos estudar na disciplina?

A disciplina é composta por três unidades:

Unidade I
1. Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo
2. Os tipos de saberes dos professores
3. Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade
4. Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais
O que vamos estudar na disciplina?

Unidade II
5. A organização didática da aula: práticas e procedimentos
6. Espaços inovadores em sala de aula: criatividade e ambientes digitais

Unidade III
7. Ensinar por competências e a integralidade do processo de ensino e aprendizagem
8. Práticas pedagógicas e BNCC
Para começar a conversa...

Saberes Docentes
na prática docente

plural

formado por

Saberes da
Saberes Saberes Saberes
formação
disciplinares curriculares experimentais
profissional

Fonte: Adaptado de: Tardif (2011 apud Grützmann, 2019)


https://wp.ufpel.edu.br/thaisgrutzmann/files/2020/08/46972-Texto-do-artigo-125901-1-10-20191212.pdf
Para começar a conversa...

Figura: Saberes Docentes


processos sociologismo
relações complexas mentais
conteúdos como
e conceitos ensinar assim evita o que tende a eliminar a
com reduz o saber a
contribuição dos atores
Contextualizado na construção do saber
objetos sociais mentalismo
evolução

seus objetivos são assim evita o é

Social é
legitimado por Saberes Docentes é Individual
sistemas partilhado por adquirido
relacionado a
grupo de agentes
como contexto de
socialização relações
história entre sujeitos
profissional de vida
experiência
profissional
Ministério da Educação identidade formação
Secretaria Estadual
Coordenadoria regional
Direção da escola

Fonte: Adaptado de: Tardif (2011 apud Grützmann, 2019)


https://wp.ufpel.edu.br/thaisgrutzmann/files/2020/08/46972-Texto-do-artigo-125901-1-10-20191212.pdf
Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo
contemporâneo
Quais são os saberes necessários para ser um profissional da educação?
 O saber do professor emerge da relação tempo e atuação.

“[...] o saber dos professores possui como fundamentos


condicionantes o tempo e o próprio trabalho. O tempo que se
alonga desde a experiência pessoal e escolar anterior à
formação inicial (familiares ligados ao ensino, relação afetiva
com crianças, experiências docentes bem-sucedidas,
relações afetivas com certos professores, como alguns
exemplos) até o percurso da carreira entendida como o
resultado do diálogo entre o trabalho e o trabalhador, num
processo de interação e transformação mútuas
(reconhecimento de seu papel, de seus limites, aumento da
confiança, domínio dos diversos aspectos do trabalho como
liderança, gerenciamento)”. (CALIXTO, 2003, p. 7)

Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/pessoa-com-d%C3%BAvida.html
Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo
contemporâneo
 No Brasil, a discussão sobre os saberes docentes é instaurada na década de 1990, a partir
da publicação datada de 1991, na Revista Teoria & Educação, n. 4, do artigo de Tardif,
Lessard e Lahaye intitulado Os professores face ao saber: esboço de uma problemática do
saber docente.
 Depois, os de Gauthier (1998); Tardif e Raymond (2000); Borges (2001); Tardif e Gauthier
(2001), entre outros, passaram a contribuir com essa discussão.

Fonte:
https://escolasdisruptivas.com
.br/escolas-do-seculo-
xxi/formacao-de-professores-
preparo-ensino-do-seculo-21/
Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo
contemporâneo
Tardif (2014) propõe um quadro com modelo tipológico, com o propósito de identificar e
classificar os saberes dos professores, que são plurais (TARDIF, 2014):
Fontes sociais Modos de integração
Saberes dos professores
de aquisição no trabalho docente
A família, o ambiente
Saberes pessoais Pela história de vida e
de vida, a educação no
dos professores. pela socialização primária.
sentido lato etc.
A escola primária e
Pela formação e
Saberes provenientes da secundária, os estudos
pela socialização
formação escolar anterior. pós-secundários não
pré-profissionais.
especializados etc.
Os estabelecimentos de Pela formação e pela
Saberes provenientes da
formação de professores, socialização profissionais
formação profissional para
os estágios, os cursos de nas instituições de
o magistério.
reciclagem etc. formação de professores.
A utilização das
Pela utilização das
Saberes provenientes dos “ferramentas” dos
“ferramentas” de
programas e livros didáticos professores: programas,
trabalho, sua adaptação
usados no trabalho. livros didáticos, cadernos
às tarefas.
de exercícios, fichas etc.
Saberes provenientes de sua A prática do ofício na Pela prática do trabalho
própria experiência na profissão, escola e na sala de aula, e pela socialização
na sala de aula e na escola. a experiência dos pares etc. profissional.
Interatividade

A respeito dos saberes docentes, analise as afirmativas a seguir:


I. Os saberes provenientes da formação profissional são adquiridos na sua formação inicial
profissional na graduação.
II. Há saberes adquiridos na prática do trabalho e nos anos de experiências.
III. Os saberes adquiridos das experiências e práticas de trabalho são superiores ao saberes
da formação inicial.
IV. Podemos afirmar que os saberes pessoais como história de vida e socialização também
compõem o rol dos saberes dos docentes.
V. Os saberes pessoais não devem ser considerados, uma vez que é uma
prática profissional.
As afirmativas corretas são:
a) I, II, III, IV e V.
b) I, II e IV.
c) I, III e IV.
d) I, II e V.
e) II, III e V.
Resposta

A respeito dos saberes docentes, analise as afirmativas a seguir:


I. Os saberes provenientes da formação profissional são adquiridos na sua formação inicial
profissional na graduação.
II. Há saberes adquiridos na prática do trabalho e nos anos de experiências.
III. Os saberes adquiridos das experiências e práticas de trabalho são superiores ao saberes
da formação inicial.
IV. Podemos afirmar que os saberes pessoais como história de vida e socialização também
compõem o rol dos saberes dos docentes.
V. Os saberes pessoais não devem ser considerados, uma vez que é uma
prática profissional.
As afirmativas corretas são:
a) I, II, III, IV e V.
b) I, II e IV.
c) I, III e IV.
d) I, II e V.
e) II, III e V.
Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo
contemporâneo
 Assim, podemos afirmar que os saberes profissionais do professor são fortemente
personalizados, isto é, são “saberes apropriados, incorporados, subjetivados, saberes
que são difíceis dissociar das pessoas, de sua experiência e situação de trabalho. Essa
característica é um resultado do trabalho docente” (TARDIF, 2014, p. 265).

 Durante a formação de professores, há de se considerar os seres humanos com suas


particularidades e experiências intrapessoais; mesmo pertencentes à sociedade, estes
indivíduos possuem individualidades, certezas, que são validadas ou reconstruídas no cerne
do trabalho, isto é, ao entrarem em contato com grupos de alunos que, por sua vez, trazem
crenças, expectativas e ritmos de aprendizagem diversos (PINHEIRO, 2023).
Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo
contemporâneo

Trabalho diário do professor

Próprias ações
emoções
crenças
Reflexões e
valores posicionamentos

Assim, podemos afirmar que a atribuição de saber


ensinar não é algo natural e inata, mas construída e
modelada ao longo da própria história de vida dos
professores e do processo de socialização.
Os tipos de saberes dos professores

ASPECTOS
SOCIAIS

ASPECTOS ASPECTOS
COGNITIVOS HISTÓRICOS

OS SABERES DOS
PROFESSORES
Os tipos de saberes dos professores

O esquema a seguir apresenta os saberes inerentes à formação de professores, de acordo


com os pressupostos de Tardif (2014):

1 Produzidos por teóricos SABERES


PROFISSIONAIS

SABERES Relacionados à formação


EXPERIENCIAIS em pares ou coletividade 2
3
Representados
por concepção SABERES
da prática pedagógica PEDAGÓGICOS

4 Categorizados por campos SABERES


ou áreas de conhecimento DISCIPLINARES

5
Sistematizados em
SABERES objetivos, conteúdos
CURRICULARES e métodos
Os tipos de saberes dos professores

Além dos saberes sistematizados anteriormente citados por Tardif (2014), o autor complementa
a questão, classificando-os em três categorias:

Primeira categoria – o sujeito e a representação

 As ciências cognitivas, representadas por Chomsky e Piaget, se interessam pelo estudo de


processos cognitivos, entre eles: memória, aprendizagem, compreensão, linguagem
e percepção.

 O saber representativo é construído a partir da interação entre


símbolos e referenciais que, em contato com situações de
aprendizagem, passam por um processo de acomodação e,
posteriormente, equilibração.
Os tipos de saberes dos professores

Segunda categoria – o juízo, o discurso assertórico

 Para esta categoria, o saber é muito mais que o resultado de atividade intelectual, isto é, está
além do julgamento pela representação da subjetividade ou pela intuição.

“As formas de juízo nem sempre estão associadas aos saberes, ou


seja, ao que denomina conhecimento objetivo; uma vez que os juízos
de referência – por exemplo, a vida pessoal e os valores inerentes à
vida – não integram uma ordem positiva do saber” (POPPER, 1972).

 Observe que esta categoria exclui as influências subjetivas e


valoriza o positivismo associado ao saber, a partir de uma
perspectiva empírica, ou seja, dos saberes práticos,
populares e baseados nos hábitos cotidianos.
Os tipos de saberes dos professores

Terceira categoria – o argumento, a discussão

 Esta categoria tem como premissa a argumentação como sinônimo de saber, uma vez que
conhecer alguma coisa é ir além do simples juízo de valor de determinado fato ou ação, é ser
capaz de argumentar sobre as razões e pontos de vista que tornam tal juízo válido
e verdadeiro.

 Estamos sinalizando para a importância de associar os


diversos saberes docentes ao contexto global do mundo
contemporâneo, porém com exigências de racionalidade e
sistematização dos conhecimentos que se encadeiam durante
as vivências e processos intelectuais dos indivíduos.
Os tipos de saberes dos professores

 Diante das reflexões sobre as categorias de saberes que circundam o ofício de professor, é
possível afirmar que a prática docente não é somente um lugar de aplicação de saberes
produzidos, mas de criações, transformações e mobilização de habilidades,
competências e conhecimentos.

Fonte:
https://novaescola.org.br/conteudo/7987/premissas-
para-a-gestao-de-uma-escola-reflexiva
Os tipos de saberes dos professores

A carreira dos professores


 O conceito de carreira apresenta várias definições, mas pode ser compreendido, de forma
geral, como processo em que os professores aperfeiçoam seus conhecimentos e
competências, por meio de vivências de práticas pedagógicas ou como pesquisadores da
própria prática, e que buscam, por meio de questionamentos, soluções para seus problemas.
 As fases da carreira docente estão ligadas à formação e atuação docente, isto é, ao
trabalho pré-serviço (na formação) e ao trabalho em serviço (atuação como docente).

Fonte:
https://novaescola.org.br/conteudo/11885/o-que-
leva-alguem-a-escolher-a-carreira-de-professor
Os tipos de saberes dos professores

Huberman (2000), nas fases da carreira docente, estabelece cinco momentos do processo de
evolução da profissão docente (HUBERMAN, 2000):
Classificação Tempo Principais características

 Entusiasmo
 Confronto com disciplina do aluno
Entrada na carreira 1 a 3 anos
 Descobertas
 Choque de realidades

 Estabilização profissional
Estabilização 4 a 6 anos  Emancipação docente
 Interesse pela aprendizagem dos estudantes

 Competência pedagógica
Experimentação  Autonomia e prestígio
7 a 25 anos
ou Diversificação  Motivação
 Valorização da formação continuada

 Calmaria em relação ao trabalho


Serenidade e
25 a 35 anos  Menos importância aos julgamentos alheios
Afastamento afetivo
 Estabilidade no fazer pedagógico

 Libertação progressiva dos atributos docentes


Preparação para
35 a 40 anos  Desmotivação
a aposentadoria
 Reflexões sobre pressões sociais durante a carreira
Os tipos de saberes dos professores

 Tardif (2014), ao adotar o ponto de vista de seus estudos com a escola de Chicago, define o
termo carreira como trajetória dos sujeitos através da realidade social e organizacional. Em
consonância com Huberman (2000), cujas etapas foram descritas anteriormente, aponta
outras três etapas para o percurso dos profissionais de educação.
Na primeira etapa, referente ao início da carreira, caracterizada pela socialização e formação
os quais apresentam uma subdivisão em duas fases:
 1ª fase – exploração (de 1 a 3 anos): momento em que os professores escolhem, de
maneira provisória, sua profissão; cuja trajetória é permeada por tentativas, erros e acertos.
Neste período, existe uma busca pela aceitação no meio profissional e o reconhecimento de
figuras, como alunos, colegas, coordenadores, comunidade escolar etc.
 2ª fase – estabilização e consolidação (de 3 a 7 anos):
período em que o professor investe no desenvolvimento de
sua carreira, além de esboçar maior confiança em si mesmo,
uma vez que apresenta maior domínio de diversos aspectos
do trabalho, principalmente os pedagógicos (gestão de sala de
aula, metodologias de ensino, análise de materiais etc.).
Os tipos de saberes dos professores

 Na segunda etapa, neste período, os novatos inteiram-se de suas atribuições frente às


práticas e demandas do ambiente escolar, compreendendo um certo desnível hierárquico,
ou seja, estão na parte mais baixa da hierarquia escolar e, portanto, devem adaptar-se às
novas situações profissionais, assim como apropriações de conversas, vestimentas
e comportamentos.

 Já a terceira etapa refere-se à descoberta das necessidades reais dos alunos e professores
que atuam nas várias configurações de escola.
Interatividade

Associe os saberes docentes da coluna A de acordo com as características definidas na


coluna B:

Coluna A Coluna B
1. Saberes profissionais ( ) Categorizados por campos ou as áreas de conhecimento.
2. Saberes experienciais ( ) Sistematizados em objetivos, conteúdos e métodos.
3. Saberes pedagógicos ( ) Relacionados à formação em pares ou coletividade.
4. Saberes disciplinares ( ) Representados por concepção da prática pedagógica.
5. Saberes curriculares ( ) Produzidos por teóricos.
A sequência correta é:
a) 5, 4, 3, 2, 1.
b) 5, 4, 2, 3, 1.
c) 4, 5, 2, 3, 1.
d) 4, 5, 1, 2, 3.
e) 4, 5, 1, 3, 2.
Resposta

Associe os saberes docentes da coluna A de acordo com as características definidas na


coluna B:

Coluna A Coluna B
1. Saberes profissionais ( 4 ) Categorizados por campos ou as áreas de conhecimento.
2. Saberes experienciais ( 5 ) Sistematizados em objetivos, conteúdos e métodos.
3. Saberes pedagógicos ( 2 ) Relacionados à formação em pares ou coletividade.
4. Saberes disciplinares ( 3 ) Representados por concepção da prática pedagógica.
5. Saberes curriculares ( 1 ) Produzidos por teóricos.
A sequência correta é:
a) 5, 4, 3, 2, 1.
b) 5, 4, 2, 3, 1.
c) 4, 5, 2, 3, 1.
d) 4, 5, 1, 2, 3.
e) 4, 5, 1, 3, 2.
Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade

 A formação de professores exige sujeitos que relacionam o conhecimento profissional


com constantes pesquisas e percepções sobre a atuação docente.
 Nesta perspectiva, o trabalho docente exige conhecimentos específicos de sua
profissão, representados por conteúdos, articulações curriculares e aspectos
interpessoais no trato com o ofício de ensinar.

Fonte: http://vozes.com.br/sobre-a-arte-de-ensinar-por-solimar-silva/
Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade

Diante disso, podemos dizer que o curso que você


está realizando é formado por um repertório de
conhecimentos pedagógicos, próprios da profissão,
que proporciona não somente técnicas de base para
o trabalho, mas um conjunto de elementos
teórico-práticos para exercer a profissão como uma
arte, que ora fornece momentos de sensibilização e
propostas de improvisação humana, ora
fundamenta e organiza as várias estratégias
didático-pedagógicas.

Fonte: https://www.partes.com.br/2018/06/09/projeto-
integrado-de-praticas-educativas-e-formacao-docente-
principios-e-as-propostas-de-uma-trajetoria-2/
Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade

Para isso, Tardif (2014) aponta para a necessidade de categorizar três concepções prevalentes
durante a prática educativa. São elas:

1. A educação como arte.


2. A educação como arte guiada por valores.
3. A educação como interação.
Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade

1. A educação como arte (TARDIF, 2014):


Ação (Práxis) Ação (Téchne) Ciência (Epistéme)

Fabricação de uma
Atividade imanente Contemplação e
Atividade típica obra e produção de algo
ao agente, ação moral. conhecimento rigoroso.
(efeito, resultado etc.).

O homem prudente,
O artesão, o sofista, O sábio, o filósofo,
Ator típico o homem político,
o médico, o educador. o cientista.
o guerreiro, o gozador.

Orientada por
Orientada por fins
Natureza Orientada por resultados um interesse
imanentes ou naturais
das atividades exteriores ao agente. relativo ao puro
ao agente.
conhecimento.

Objeto típico O homem e a As coisas, os homens e As realidades puramente


das atividades existência humana. os acontecimentos. intelectuais.
Antropologia, ética, As técnicas e as artes; As ciências puras,
Saber típico
política. o saber-fazer. a filosofia.
Saber que trata
Natureza Erudito, mas não
do contingente Rigoroso e necessário.
do saber rigoroso e necessário.
e do particular.
Os seres contingentes Os seres necessários
Objeto do saber Os fins e as normas.
e individuais. (os números, o divino).
Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade

2. A educação como arte guiada por valores


Em seu texto O estatuto das paixões, Aristóteles define paixão (páthos) como o sentimento que
move, impulsiona, determinada ação (práxis) (TARDIF, 2014):
Esfera de subjetividade Esfera de objetividade
As atividades morais-legais, As técnicas, as atividades
Atividades típicas pessoais, passionais, as condutas instrumentais e estratégicas,
baseadas nos interesses dos atores. a pesquisa científica.
Todo ator que age baseando-se
O tecnológico, o científico,
Atores típicos em seu interesse ou em
o calculador, o estrategista.
regras subjetivas.
Guiada por objetivos
Natureza da atividade Guiada por fins, por normas.
axiologicamente neutros.
A conformidade às normas, regras O domínio e o controle
Objeto típico da atividade
e interesses. dos fenômenos.
O ético, o jurídico, o estético,
Saber típico As ciências e as técnicas.
o senso comum etc.
Natureza do saber Subjetivo ou subjetivo-coletivo (social). Rigoroso e necessário.
Todos os fenômenos naturais
As regras, as normas,
Objeto do saber e o ser humano como
o interesse subjetivo.
fenômeno natural.
Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade

3. A educação como interação

 Esta concepção refere-se à interação, concebida por muitas teorias, como interacionismo,
etnometodologia, teoria da comunicação etc. No entanto, cabe destacar que,
independentemente de arcabouços teóricos, todas elas admitem a prática educativa
como lugar de interações culturais, discursivas, em que a dialogicidade está presente
e contribui para a formação profissional e humana.
Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade

Nesta perspectiva, tanto o ato de ensinar quanto as interações advindas dos espaços
escolares possuem finalidades, consideradas, segundo Tardif (2014), em três momentos:

1º MOMENTO 2º MOMENTO 3º MOMENTO

O caráter complexo
exige dos professores
Os objetivos dos
adaptação constante A heterogeneidade dos
professores estão
frente às diversas objetos e objetivos
associados à tarefa
circunstâncias inerentes escolares provoca a
coletiva e atemporal
às situações de trabalho, necessidade da
das incertezas geradas
especialmente nas atualização constante do
pelo processo dialógico
interações com os professor quanto à sua
– convergências e
estudantes, preparação atuação.
divergências.
de aulas e elaboração
de avaliações.
Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade

A partir das categorias criadas por Tardif (2014), é possível elencar algumas palavras-chave
que estão associadas ao trabalho docente humanizado e alicerçado na valorização da
educação integral dos principais atores do processo ensino-aprendizagem. São elas:

relações
autonomia de
intersubjetivas
trabalho posicionamento
e emocionais
colaborativo

trabalho em
longo prazo

protagonismo no confronto de
fazer e conviver ideias
Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade

Conforme Tardif (2014, p. 2029), a ação educativa é definida por oito elementos:

AÇÃO EDUCATIVA

1. Possuir um saber específico, assim como vivencial.

2. Manter regularmente interação e diálogo.

3. Atuar individualmente e coletivamente.

4. Ter como foco os estudantes e seus interesses.

5. Estar disposto a participar do processo ensino-aprendizagem.

6. Saber ensinar.

7. Determinar conteúdo associado


às demandas históricas, sociais e culturais.

8. Propiciar tomada de decisões e vivências diversas.


Interatividade

A relação pedagogia e formação/atuação docente deve ser compreendida como um processo


complexo que exige contemplar a multidimensionalidade humana, a intersubjetividade, a vida
social e cultural dos sujeitos e, sobretudo, a articulação do conhecimento à heterogeneidade
humana. Com base no excerto e nas discussões da unidade, podemos afirmar que:

a) Na educação contemporânea, as questões de multidimensionalidade precisam ser


separadas para evitar conflitos.
b) Apesar do ser humano ser social, a educação e a formação docente não são subjetivas.
c) A formação docente deve ser compreendida como técnica advinda da graduação.
d) A heterogeneidade dos objetos e objetivos escolares provoca
a necessidade da atualização constante do professor quanto
à sua atuação.
e) Uma vez adquirida a formação, não há necessidade
de atualização.
Resposta

A relação pedagogia e formação/atuação docente deve ser compreendida como um processo


complexo que exige contemplar a multidimensionalidade humana, a intersubjetividade, a vida
social e cultural dos sujeitos e, sobretudo, a articulação do conhecimento à heterogeneidade
humana. Com base no excerto e nas discussões da unidade, podemos afirmar que:
d) A heterogeneidade dos objetos e objetivos escolares provoca a necessidade da atualização
constante do professor quanto à sua atuação.
 Justificativa: A educação humanizada tem a finalidade de garantir o acolhimento e o
pertencimento do aluno aos grupos que integram o seu cotidiano, tanto na escola quanto em
outros ambientes. Assim, o foco no espaço escolar não se restringe ao ensino do
conteúdo pedagógico, mas ao desenvolvimento integral;
 A educação integral busca garantir o desenvolvimento
humano em todas as suas dimensões: intelectual, física,
afetiva, social e cultural. Para isso, pressupõe a construção
permanente de um projeto educativo compartilhado por
gestores, professores, estudantes, famílias e
comunidades locais.
Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas
educacionais
De acordo com a Resolução CNE/CP n. 2/2019 – que define as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base
Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica
(BNC-Formação) –, em seu artigo 5º, são apresentados os fundamentos para a formação
inicial dos docentes:

I. a sólida formação básica, com conhecimento dos


fundamentos científicos e sociais de suas competências
de trabalho;
II. a associação entre as teorias e as práticas pedagógicas; e
III. o aproveitamento da formação e das experiências
anteriores, desenvolvidas em instituições de ensino, em
outras atividades docentes ou na área da Educação
(BRASIL, 2019, p. 3).
Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas
educacionais
A BNCC, instituída pelas Resoluções CNE/CP n. 2/2017 e 4/2018, apresenta, para a formação
inicial de profissionais da educação, dez competências gerais e específicas ao exercício
da função: Formação: competências gerais docentes
1. Compreender e utilizar os conhecimentos historicamente construídos para
poder ensinar a realidade com engajamento na aprendizagem do estudante
e na sua própria aprendizagem, colaborando para a construção de uma
sociedade livre, justa, democrática e inclusiva.
2. Pesquisar, investigar, refletir, realizar a análise crítica, usar a criatividade e
buscar soluções tecnológicas para selecionar, organizar e planejar práticas
pedagógicas desafiadoras, coerentes e significativas.
3. Valorizar e incentivar as diversas manifestações artísticas e culturais, tanto
locais quanto mundiais, e a participação em práticas diversificadas da
produção artístico-cultural para que o estudante possa ampliar seu
repertório cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal, corporal, visual, sonora e digital –
para se expressar e fazer com que o estudante amplie seu modelo de
expressão ao partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos
em diferentes contextos, produzindo sentidos que levem ao
entendimento mútuo.
Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas
educacionais
Formação: competências gerais docentes

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e


comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética, nas diversas
práticas docentes, como recurso pedagógico e como ferramenta de
formação, para comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e potencializar as aprendizagens.

6. Valorizar a formação permanente para o exercício profissional, buscar


atualização na sua área e afins, apropriar-se de novos conhecimentos e
experiências que lhe possibilitem aperfeiçoamento profissional e eficácia e
fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania, ao seu projeto de vida,
com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7. Desenvolver argumentos com base em fatos, dados e informações


científicas para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e
decisões comuns, que respeitem e promovam os direitos humanos, a
consciência socioambiental, o consumo responsável em âmbito local,
regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si
mesmo, dos outros e do planeta.
Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas
educacionais
Formação: competências gerais docentes

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,


compreendendo-se na diversidade humana, reconhecendo suas emoções
e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas,
desenvolver o autoconhecimento e o autocuidado nos estudantes.

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,


fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos
humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e
de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades,
sem preconceitos de qualquer natureza, para promover ambiente
colaborativo nos locais de aprendizagem.

10. Agir e incentivar, pessoal e coletivamente, com autonomia,


responsabilidade, flexibilidade, resiliência, a abertura a diferentes opiniões
e concepções pedagógicas, tomando decisões com base em princípios
éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários, para que o
ambiente de aprendizagem possa refletir esses valores.
Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas
educacionais
A BNCC, instituída pelas Resoluções CNE/CP n. 2/2017 e 4/2018, também estabelece
Competências específicas da formação docente:
1. Conhecimento profissional 2. Prática profissional 3. Engajamento profissional

1.1 Dominar os objetos de 2.1 Planejar as ações de 3.1 Comprometer-se com


conhecimento e saber ensino que resultem em o próprio desenvolvimento
como ensiná-los. efetivas aprendizagens. profissional.

3.2 Comprometer-se com a


1.2 Demonstrar conhecimento 2.2 Criar e saber gerir aprendizagem dos estudantes
sobre os estudantes e como ambientes de e colocar em prática o
eles aprendem. aprendizagem. princípio de que todos são
capazes de aprender.

2.3 Avaliar o 3.3 Participar do Projeto


desenvolvimento Pedagógico da escola
1.3 Reconhecer os contextos.
do educando, a e da construção dos
aprendizagem e o ensino. valores democráticos.

2.4 Conduzir as práticas


1.4 Conhecer a estrutura 3.4 Engajar-se,
pedagógicas dos objetos,
e a governança dos profissionalmente, com as
conhecimento, competências
sistemas educacionais. famílias e com a comunidade.
e habilidades.
Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas
educacionais
Assim, para as licenciaturas, é necessário conhecer as competências esperadas dos
estudantes da Educação Básica, ter o domínio de conhecimentos que constituem a formação
profissional, utilizar práticas pedagógicas que contemplem os vários espaços e ritmos de
aprendizagem e, por fim, possuir uma relação com a comunidade escolar e as famílias, a fim
de autenticar as aprendizagens praticadas nas escolas.
Tornar-se professor

Competências
gerais docentes

Conhecimento Prática
profissional profissional

Engajamento
profissional
Fonte: livro-texto.
Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas
educacionais
Sobre os dilemas na formação de professores, gostaríamos de destacar três principais fatores
que corroboram transformações e repercussões, conforme Tedesco e Fanfani (2004):

1. A extração social dos professores


 Questões como origem social e posição na estrutura de renda dos professores atuam,
fortemente, na formação e aperfeiçoamento profissional, bem como nos aspectos culturais
e na autopercepção desses profissionais.

2. A exclusão social e as condições de educabilidade na


escola que se universaliza
 Observar que o contexto contemporâneo da cultura digital
traz consigo redução de postos de trabalhos, o que não
gera somente desemprego de grande parcela da população,
mas conduz à ampliação de exclusão social na população.
Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas
educacionais
3. Mudanças na clientela escolar e novos padrões nas relações professor-aluno

Entre os vários novos perfis e configurações na relação ensino-aprendizagem,


podemos observar:
 Diversidade: entendida, neste contexto, pelas diferenças étnicas, sociais e culturais
permeiam a população brasileira que cursa a Educação Básica.
 Legitimação da autoridade pedagógica.
 Diferentes formas de apropriação da cultura no ambiente escolar.
Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas
educacionais
 Segundo Silva e Cruz (2018), em um primeiro momento, a Residência Pedagógica tinha
como propósito o aperfeiçoamento de professores em serviço; no entanto, esta ideia não foi
aprovada, passando por várias reformulações até a chegada da Portaria n. 259, de 17
dezembro de 2019, que dispõe sobre o regulamento do Programa de Residência Pedagógica
e do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), a qual foi revogada
pela Portaria n. 82, de 26 de abril de 2022.
Entre os objetivos específicos do Programa de Residência Pedagógica estão:
I. fortalecer e aprofundar a formação teórico-prática de estudantes de cursos de licenciatura;
II. contribuir para a construção da identidade profissional docente dos licenciandos;
III. estabelecer corresponsabilidade entre IES, redes de ensino
e escolas na formação inicial de professores;
IV. valorizar a experiência dos professores da educação básica
na preparação dos licenciandos para a sua futura atuação
profissional; e
V. induzir a pesquisa colaborativa e a produção acadêmica
com base nas experiências vivenciadas em sala de aula
(BRASIL, 2022, p. 1).
Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas
educacionais
Os objetivos da Residência Pedagógica podem ser sintetizados como:

Formação teórico-prática

Identidade profissional

Valorização de experiências
de professores de educação básica

Vivências em sala de aula


e pesquisa colaborativa

Fonte: livro-texto.
Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas
educacionais
Residência Pedagógica é um caminho que visa a valorizar a relação teoria e prática, assim,
propomos compreender três esquemas dessa associação, a partir dos pressupostos de
Candau e Lelis (1999), que classificam três momentos:

 Visão dicotômica: separa a teoria da prática, dando ênfase à autonomia total de uma em
relação à outra.
 Visão associativa: tem caráter aplicacionista, isto é, acredita que a prática consiste na
aplicação da teoria e que somente terá êxito se seguir os parâmetros teóricos; ou mesmo
a relação inversa, em que, na prática, há validação da teoria e seus pressupostos.
 Visão de unidade: compreendida como a visão dialética,
ou seja, uma relação que expressa um movimento de
interdependência. Neste caso, não há oposição, mas a teoria
complementa a prática e vice-versa.
Interatividade

Sobre o Programa de Residência Pedagógica (PRP) coloque V para a afirmativa verdadeira e


F para a afirmativa falsa.

( ) Fortalecer a relação teoria e prática.


( ) Oferecer a parte prática apenas.
( ) Aproximar a realidade escolar.
( ) Aproximar o professor experiente do iniciante.

A sequência correta é:
a) V, V, V, V.
b) V, F, V, V.
c) V, V, F, V.
d) V, V, V, F.
e) F, V, V, V.
Resposta

Sobre o Programa de Residência Pedagógica (PRP) coloque V para a afirmativa verdadeira e


F para a afirmativa falsa.

( V ) Fortalecer a relação teoria e prática.


( F ) Oferecer a parte prática apenas.
( V ) Aproximar a realidade escolar.
( V ) Aproximar o professor experiente ao iniciante.

A sequência correta é:
a) V, V, V, V.
b) V, F, V, V.
c) V, V, F, V.
d) V, V, V, F.
e) F, V, V, V.
Referências

 BRASIL. Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno (CNE/CP). Portaria n. 2.167, de


19 de dezembro de 2019. Diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial de
professores para a Educação Básica e base nacional comum para a formação inicial de
professores da Educação Básica (BNC-Formação). Brasília, 2019.
 BRASIL. Portaria n. 82, de 26 de abril de 2022. Dispõe sobre o regulamento do Programa
Residência Pedagógica – PRP. Brasília, 2022. Disponível em: https://bit.ly/3Zaj6Wv. Acesso
em: 27 fev. 2023.
 CANDAU, V. M.; LELIS, I. A. A relação teoria-prática na formação do educador. In: CANDAU,
V. M. (org.). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 56-72.
 HUBERMAN, M. O ciclo de vida profissional dos professores.
In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. Porto: Porto
Editora, 2000.
 PINHEIRO, A. V. R. Didática e formação docente. Livro-Texto.
São Paulo: UNIP/Ed. Sol: 2023.
Referências

 SILVA, K. A.; CRUZ, S. P. A residência pedagógica na formação de professores: história,


hegemonia e resistências. Momento: diálogos em educação, v. 27, n. 2, p. 227-247,
maio/ago. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3ZgeEW9. Acesso em: 27 fev. 2023.
 TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2014.
 TARDIF, M.; LESSARD, C.; GAUTHIER, C. Formação dos professores e contextos sociais.
Porto: Rés, 2001.
 TEDESCO, J. C.; FANFANI, E. T. Nuevos maestros para nuevos estudiantes. In:
PEARLMAN, M. et al. Maestros em América Latina: nuevas perspectivas sobre su formación
y desempeño. Santiago de Chile: Preal, San Marino, 2004.
ATÉ A PRÓXIMA!

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