You are on page 1of 72
SCUALO bts EDUFBA A Cura do corpo e da alma Mara Zélia de Almeida ALMEIDA, MZ. A Cura do corpo e da alma. In: Plantas Medicinais [online]. 3rd ed. Salvador: EDUFBA, 2011, pp. 68-143. ISBN 978-85-232-1216-2. Available from SciELO Books ea Al the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license. Todo o conteiido deste trabalho, exceto quando houver ressalva, & publicado sob a licenga Creative Commons Altibicao 4.0, Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, esta bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0. }/ ACurado corpoe da alma Pouco se conhece sobre o aspecto medicinal que as plantas as- sumem nos rituals afro-baianos, bem como a forma de preparé-las e usé-las. Alguns livros abordam a importancia das ervas para os rituais de origem africana, Outras publicacées cientificas em etnobotanica e etno- farmacologia apresentam intimeros levantamentos de espécies vege- tais de uso em medicina popular (estudos apoiados inclusive nas orien- tagées do Comité de Medicinas Tradicionais da OMS). Entretanto, falta a uniao dessas duas teméticas tao complexas. Sugere-se que a dificuldade esté centrada no carater multidisciplinar do assunto € no aspecto confi- dencial, “proibido” que esta questdo assume dentro das “comunidades- -terreiros’ € considerada dessa forma, por representar um “EWO" (misté- rio). O conhecimento dos poderes das plantas ¢ retido pelos Baba Orixa (pai de santo), Ya Orixa (mae de santo) ou pelos Baba Ossaniim que seria “pai das folhas” Esses ocupam os mais altos cargos na hierarquia das chamadas “casas de santo” A transmissao do conhecimento para os ini- ciados é parcial, gradual, lenta e sempre oral. A proposta de documentar a cura do corpo e da alma, originou- -se de nossas experiéncias em trabalho de campo, em comunidades ci- Vis, religiosas e comeércio de plantas medicinais em areas rurais e urba- nas. Ficou clara a relacao do homem com a busca de caminhos misticos para a sua prépria cura, evidenciando que o uso de plantas nas portas, como guardias, na fabricac3o de pequenos amuletos, no preparo de banhos, incensos e chds, revela a mais transparente das formas que a comunidade utiliza pata curar 0 corpo ea alma de forma quase sempre instintiva, unindo o magico com as propriedades medicinais efetivas. ‘As 16 plantas, a seguir descritas, foram escolhidas por serem uti- lizadas em rituais afro-brasileiros e também por estarem descritas na li- teratura cientifica. Os resultados que validam 0 uso terapéutico das mes- mas em muitas situagdes respaldam a indicacéo em medicina popular. 70 Dentro da ética ritualistica, as plantas selecionadas foram orga- nizadas de acordo com os elementos Agua, Fogo, Terra e Are os respec- tivos orixas correspondentes a esses elementos. Associaram-se as ervas € suas funcdes magicas nos momentos de rituais, aos orixés aos quais as plantas sao destinadas, Em muitas ocasides, as plantas descritas tem relacao com os arquétipos dos deuses e a cura de doengas a estes miti- camente relacionadas. Sendo assim, optou-se pelos quatro elementos e quatro plantas que fossem representativas dos mesmos resultando em 16 monografias em consonancia com os 16 Orixas que respondem aos jogos de biizios (Oxalé, Yemanja, Logum, Obd, Oxum, lans8, Xang6, Oxéssi, Ogum, Ext, Nana, Ibéji, Obaluaé, Ossaim, Oxumaré e Ewe). Muitas explicagoes l6gi- «as foram procuradas para esta escolha, porém, acreditou-se que muito além dos conhecimentos cientificos esto os deuses. Dentre eles, lansa, relacionada com 0 nimero quatro, com 0 movimento, com os quatro cantos do mundo, as quatro estagées do ano. Por fim, ainda reafitmando as simbologias do nimero quatro, cita-se a Aléfia, nome dado quando 05 quatro biizios caem abertos no jogo de Ext, significando"tudo positi- vo',"sem possibilidade de acontecer algo contrétio” Dessa forma, pode- ria-se tentar um “sem nuimero” de explicagdes para satisfazer 0 raciocinio cartesiano. Objetivamente, essas so simplesmente as 16 primeiras mo- nografias de uma lista que continua em elaboracéo, com embasamento cientifico, e com o propésito de posterior publicagio. Referéncias ALARCON DELA LASTRA, C Antiulcerogenicity ofthe flavonoid fraction from Bidens aurea: Comparison with ranitidine and omeprazole. J. Ethnopharm, v3, p.16-18, 1994 ALMEIDA, M. Z. et al. Projeto raizes da terra: relatério geral. Salvador: Pro Reitoria de Extensio da UFBA, 2000. Programa Farmacia da Terra da UFBA em Campo ll ALMEIDA, M. Z; BATTHACHARYA, J. solation of the constituents ofthe root- barks of Guettarda platypoda, J. Nat. Prod, v. 48, n.1, p. 43-44, 1982, ALMEIDA, M,Z; BRITO, A. R. M.S; PRATA, E. M.R. Ago antiespasmédica de amburana cearensis, AC. Smith. n: SIMPOSIO BRASILEIRO DE PLANTAS MEDICINAIS, 13., 1992, Curitiba. Anais... Curitiba: [sn], 1992, ALMEIDA, M.Z.; KAPLAN, M. A.C. Inventirio etnomédico: plantas indicadas 1 para o sistema respiratorio. In: SIMPOSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 13, 1994. Anais... Fortaleza, 1994 ALMEIDA, M.Z.; NAIKE,S. BATTHACHARYA, J. Atividade antinflamatéria da Guettarda platypod. In: REUNIAO DA BPC, 34, [5.1], 1982. Anais..[5-1:5., 1982, Segi0 266.17. ALMEIDA, R.N; AGRA, M. F Levantamento da flora medicinal de uso no tratamento de diabetes e alguns resultados experimentais. Rev. Bras. Farm, v.67,1.4,p. 105-110, 1986. ALMEIDA, RN. Avaliagio pré-clinica e antimicrobiana dos extratos e constituintes quimicosisolados de amburana cearensis (Fl), A.C ‘Smith In: REUNIAO ANUAL SOBRE EVOLUGAO SISTEMATICA E ECOLOGIA MICROMOLECULAR, 17, 1989, Manaus. Anais... Manaus:[snJ, 1989. Inventétio etnomédico: plantas indicadas para o sistema genito- Urinério In: SIMPOSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 14, 1996. Anais... Florianépolis, 1996 72 AL-SALEH, FS, ALI H. Hi MIRZA, M, Chemical constituents of some medicinal plants growing in Bahrain. Fitoterapia, v.64, n.3,p. 251-253, 1993, ALVAREZ, L Bioactive polyacetylenes from Bidens pilosa, Planta Medica, v.62, 1.4, p. 355-357, 1996. BARROSO, G. M, Sistemética de angiospermas de Brasil. So Paulo: Livros Técnicos e Cientificos;Editora da EDUSP, 1978. v.1 BARROSO, G. M, Sistematica de angiospermas de Brasil. Vicosa: Universidade de Vigosa, 1984, Vigosa:: Universidade de Visosa, 1986. BRASIL EM NUMEROS, Rio de Janeiro, Fundacéo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatstca -IBGE,v.4, 1995/ 1996. BRASIL. Ministério da Satie. Central de Medicamentos. Primeiros resultados. Brasla, 1989, BRUNETON, | Elementos de fitoquimi Acibia, 1991 y de farmacognosia, Zaragoza: CCACERES, A. et al. Plants used in Guatemala for the treatment of gastrointestinal disorders. 1 Screening of 84 plants against Enterobacter, J. Ethnopharm, v. 30, p.55-73, 1990. (CARVALHO, J.C.T, TEIXEIRA, J. M, SARTL S.J, Preliminary studies of analgesic and anti-inflammatory properties of Caesalpinia ferrea crude extract. J.Ethnopharm, v. 53, p. 175-178, 1996. COSTA J. 8. Candomblé de Angola: nacio Kassanje.2.ed. Rio de Janeiro: Pallas, 1991 DAHLGREN, R.M.T. A. Revised system of classification of the angiosperms. Bot, J.Linn. Soe, v.80,n.4, p.91-124, 1980. EKUNDAYO, 0, Composition of the leaf volatile oil of Cymbopogon citratus. Fitoterapia, v.56,n.6,p. 339-341, 1985, EMERENCIANO,V.P; KAPLAN, M. A.C; GOTTUEB, 0. R; BONFANTI,M.R.D. M FERREIRA, ZS. COMEGNO, M.A. Evolution of sesquiterpene lactones in Asteraceae. Biochem, Syst. Ecol, v. 14, n.6, p. 585-589, 1986, FIGUEIREDO, M. R; KAPLAN, M.A. C.Pyrrolizidine alkaloids: a word of caution,. Cigne, Cult, v.49, p.54-58, 1997, HASLAM, E; LILLEY, TH. ;CAL,¥. ; MARTIN, R.; MAGNOLATO, D. Traditional herbal medicines: the role of polyphenols. Planta Medica, v.55, p.8-12, 1989. JIE,L. Pharmacology of oleanolic acid and ursolic acid. J. Ethnopharm. v.49, 57-68, 1995, LEMOS, TG; MATOS, FJ.A; ALENCAR, JW; CRAVEIRO, AA; CLARK, A.M, ;Mcchesney, J.D. Antimicrobial activity of essential ols of Srazilian plants. Phytotherapy Research, v. 4, n.2, p. 82-84, 1990. LUTTERODT, G.D. inhibition of gastrointestinal release of acetycholine by quercetin as a possible made of action of Psidium guajava leaf extracts in the treatment of acute diarrhoeal disease. J. Ethnopharm, v.25, p. 235-247, 1989. MARTINS, D'T0, RAO, VSN. ; FONTELES, MC. Alguns efeitos farmacolégicos € antiinflamatérios promovidios pelo extrato hidroalcodlico de Kalanchoe brasiliensis Kamb. Oreades,v.8, n 6, p412-419, 1982. Trabalho apresentado no VII Simpésio de Plantas Medicinais do Brasil Inibigao de colinesterase pelo extrato hidroalcodlico de Kalanchoe brasiliensis Kamb. Oreades,v. 8,n 6, p. 420-426, 1982. Trabalho apresentado 10 Vil Simpésio de Plantas Medicinais do Brasil MENEZES, MIM. Contribuigio a farmacologia de Fagara base alcaléide aporfinico quaternatio de tinguaciba, Fagara tingoassuiba (St.Hill) Hoehne. 1985. Dissertac3o (Mestrado) - Departamento de Farmacologia e TTerapéutica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, NOORMAN, NH; DAVID, M.M; JEFFREY, BH. Distribution and taxonomic significance of flavonoids in the genus Eugenia (Myrtaceae). Biochem. System. Ecol, v.20, n. 3, p.266-268, 1992 OLIVEIRA, F. Pharmacognostic characterization of crude and fluid extract of guaco, sete sangrias: Mikania smilacina 0.C. Rev. Farm. Biog. Univ. Sao Paulo, v.21, n.1,p.1-13, 1985 COLIVEIRA SIMOES, CM. et. al. Farmacognosia da Planta ao Medicamento. 2*ed. Editora da Universidade UFSC, 1999. ORGANIZAGAO MUNDIAL DA SAUDE, Manual of the international statistical Classification of diseases injuries and causes of death. Généve : World 73 74 Health Organization ; [Albany N.Y: obtainable from WHO Publications Centre), 1977-1978 PANIZZA, S. Emprego medicinal de plantas importadas e sucedéneas que ocorrem no Brasil, Rev. Ciene. Farm. Sie Paulo, v. 4, p.27-38, 1982 PEREIRA, NA; JACCOUD, RJ.S.; MORS, B.W. Triaga Braslica: renewed interest in a seventeenth-century panacea. Toxicon, v.34,n.5,p.511-516, 1996, PORTUGAL, F. Yerubé alingua das orixas. 4. ed, Rio de Janeiro: Pallas, 1992. REHAH, H.M.S; MAJUMDAR, D.K; SINGH, S. Evaluation of antiinflammatory potential of fixed oil of Ocimum sanctum (Holybasil) and its possible mechanism of action. J. Ethnopharm, v. 54,p. 19-26, 1996, SOUZA, MLM. Respesta imune e antiinflamatéria de Kalanchoe brasiliensis Kamb. 1995. Dissertacio (Mestrado) - Nucleo de Pesquisas de Produtos Naturais, Universidade Federal do Rio de Janeiro. SULTANA, S. PERUAIZ, S IQVAL, M.; ATHAR, M. Crude extracts of hepatoprotective plants, Solanum) nigrum e Chicorium intybus, inhibit free radical-mediated DNA damage. J. Ethnophatm, v.45,.3,p. 189-192, 1995. TREASE, GE; EVANS, W.C. Farmacognesia. 13.ed. México: Interamericana, 1991, TYLER, VE. Medicinal plant research: 1953-1987. Planta Medica, v. 54, n.2, p. 95-100, 1988. TYLER, W.et. al. Farmacognosia e Biotecnologia. 1*ed. Baltimore: Ed. Premier, 1997 VILLAR, A; PAYA, M.;TERENCIO, MLC. Plants with anti-hipertensive action, Fiteterapia, v.57,n.3,p. 131-145, 1986 WAGNER, H.; NORR, H.; WINTERHOFF,H. Plant Adaptogens. Phytomedicine,v. p.63-76, 1994, USO RITUAL Orixé -Oxum /Yeranis Elemento - Agua Nome Yorubs - Rian ARA RAS AAR . RAK Alfavaquinha-de-cobra — Nome Vulgar: Oriri, Folha-de-oxum, Folha-de-vidro Nome Botanico: Peperomia pellucida H.B.K. Familia Botanica: jperaceae Origem: América do Sul, Herbario ALC/UFBA N.R. ois Parte Usada: toda a planta Indicagao Terapéuti usada contra males gastro-intestinais e hi- pertensdo, atua como diurético suave. 0 = —— 7 \ sumo da planta é indicado para as afecdes oculares em geral Na familia Piperaceae varios géneros sao indicados para fins me- dicinais, como o Potomorphe peltata L., Piper macrophyllum Loud. e Piper umbellatum L., conhecidas como Caapeba ¢ Pariparoba, caracteristicas por suas enormes folhas largas. Conhece-se ainda a Caapeba-cheirosa, a Piper catalpaefolia H. B. K, e Caapeba-do-norte, Caapetiva, a Piper pelta- tum L. No Nordeste e Sudeste do Brasil, suas folhas so muito indicadas para regularizar as fungdes hepaticas e digestivas; no alivio dos incbmo- dos dos gases intestinais e nas afeccées das vias urinérias. A planta fez parte do Projeto CEME, de estudos de plantas medicinais; foram valida- das suas acées colerética e colagoga, o que justifica seu uso popular nas afeccées hepaticas. 78 Essas plantas da familia Piperaceae tém uma fitoquimica seme Ihante, produzem flavonéides e alcaléides. A Kava est entre as drogas vegetais consideradas de registro simplificado pelo Ministério da Satide ANVISA através da IN 5, de 11 de dezembro de 2008. Nesse marco regulatério orienta-se que a parte usa- da como medicinal de Piper methysticum sejam os rizomas. As kavapi- ronas sdo as substancias consideradas responsaveis pelos efeitos contra ansiedade e insonia. 0 género Piper esté presente na medicina popular de outros pa- fses como 0 Piper nigrum L. usada no Marrocos nos tratamentos para perda de peso e leucemia. Piper aduncum L, conhecida no Brasil como Erva-de-jaboti, é usada na Guatemala em tratamentos para vaginites. No Pert e no México tem indicacéo popular a Piper unguiculatum Ruiz et Pay. Essa planta, no Brasil, é denominada popularmente Aperta-ruao e Tapa-Buraco, uma referéncia & ago adstringente da planta. € indicada para uso externo em banhos de assento nos casos de vaginite e outras afeccées dos orgaos genitais femininos. No México, usa-se Piper tuber- culatum contra dores de estémago e, na Indonésia, Piper methysticum, popular Kava-kava, é indicada contra veneno de cobra ¢ outros animais peconhentos. Foi recentemente introduzida na fitoterapia ocidental por possuir também reconhecida atividade ansiolitica, controlando a ansie- dade e melhorando a qualidade do sono. Pelo nome popular Alfavaquinha-de-cobra, em algumas regides do Brasil, foi identificada a espécie Monnieria trifolia da familia Rutaceae, da qual foram isolados varios alcaldides. Nas regides rurais do Nordeste do Brasil, a Monnieria é indicada nos casos de mordedura de cobra; deve- -se mastigar a parte aérea da planta logo apés a investida do ofidio e,em ‘OBSERVACOES uma das plantas principais dos Amacis de feitura e banhos filhos de Oxum. Usado também para a lavagem ce cortas'(quias) do 6 utllzada em algumas ceriménias de Ober para os filhos ae Yemanja F planta de Sgua, caracterstica das Yabis, nasce espontaneamente lem lugares timiios Tem efeito omamer sendo bom culivé-la com objetivo de trazer paz e prot le moram criangas evido a sua relagso com (Oxum, oid relacionado 3s arquétipos de protege materna GLOSSARIO| Aecgbes -Situagses ppatologicas indefinidas ou sgeneralizadas, doengas. Alcaldides e Flavonsides- Classes de substincias ‘Amacis de feltura~ Os amacis sio ums espécie de suco de ervas, obtidos manualmente. Os de feitura séo aqueles utiliza rituals de iniciago do *ftho de santo! Lavagem de“contas” (uias) - Ato de imerair os colares rituals nos sumos das ervas, to’ ando-os elementos rituals, Orixé - Divindade. Ob ritual com da-cabesat do iniciago, NR.-nimero de registro ser ineluida no herbario, Exsieata-si0 exemplares de vegetais desidratados ficad botinico, no qual sio registrados caracteristicas morfolégicas local de leta do mesmo. Herbérie - local onde s80 colecionadas as exsc Herbério A. L.C\UFBA Herbério Alexandre Leal de sidade Costa, do Inst Biologia da Univ Fe ral ca Bahia seguida, colocar este “mastigado" da planta no local atingido. Acredita- se que a erva mantida no local da mordedura *puxa o veneno’, Estudos recentes comprovam uma significativa atividade anal- gésica do extrato das partes aéreas da planta, em experimentos realiza- dos com camundongos. (KHAN, 2002; ARRIGONI-BLANK, 2004) 0 sumo da Peperomia pellucida é indicado para tratamento de sarampo em levantamentos etnobotanicos realizados em ljebu, estado de Ogun, no sudoeste da Nigéria. O uso em preparacées caseiras faz- -se junto com Melo de Sao Caetano" Momordica charantia e Ocimum gratissimo, que na Bahia é denominado pelo nome Yoruba, Kidié e no elenco das Farmécias Vivas, é chamado Alfavaca Cravo. 0 éleo essencial 6 rico em Eugenol e confere & planta aroma caracteristico de cravo de doce (Eugenia spp). Tem ago antisséptica local contra alguns fungos e bactérias, o que justifica seu uso em bochechos e gargarejos. (SONIBARE, 2009) 79 NTS ARPA AKS aslevante-miuda vsonruat Orixa -Xang6 (Umbanda) Yemanjé (Yoruba Elemento -Agua Nome Vulgar: Alevante, Agua-de-alevante, Alevante-mitida Nome Yoruba -Olstcrie Nome Botanico: Mentha gentilis . Familia Botanica: Lamiaceae Origem: Europa/Herbério ALC/UFBA N. R. 024357 Parte Usada: toda a planta Indicagao Terapéutica: cha usado para aliviar a tosse. Esta em algu- mas receitas populares de xaropes expecto- rantes. E considerado ténico, estomaquico e digestivo, A Mentha gentilis L,, denominada na Bahia Alevante Midda é Planta arométi- ca para banhos de “AXE” com a intencao de trazer boa sorte e prosperidade. Com outras ervas cheirosas, seu banho ¢ indicado como atrativo de amor. £ usada também nos ama- cis e “firmeza-de-cabeca” para os filhos de Yemanjé e Xangé. ‘As mentas so citadas desde as civilizacées greco-romanas. Conta-se que 0s romanos colocavam tigelas de folhas de Hortela- pimenta, nas mesas de banquete, para aliviar os excessos alimentares. Seu nome esté relacionado com a deusa Mintha. Essa joven deusa a0 apaixonar-se por Plato, despertou a ira de Perséfone, sua esposa, GLOSSARIO Tonico - que tonics, que fortifca Estomdquica -atua beneficiando as fungées do estémag Banhos de Axé-banhos feitas com ervas cheirosas gue trazem boa sorte em todos os sentido. Firmeza-de-cabeca acentuar a espiitvalidad: ea satide mental Terpendides - classe de substinela quimica biossintetizada em alguns vegetals Limeneno, Mente, Menteno -substincias encontradas nos éleos alguns vegetais. Fluidlficar- fluid, mais quid. Muco nicotinico -secrecio procuzida pel de furmantes, senhora dos submundos. Perséfone vingou-se transformando Mintha em uma erva destinada a crescer em entradas de cavernas e lugares imidos. Aplanta chamada popularmente Alevante pertencente ao géne- ro Mentha. Desse género sao conhecidas muitas espécies de uso medici- nal e culindrio tais como: Mentha arvensis L. - Hortela-do-brasil, Mentha iperita L.- Hortela-de-folha-longa, Mentha pulegium L. - Poejo, Mentha rotundiofolia Huds,, Mentha sativa L, Mentha spicata L. e Mentha villosa Huds, todas denominadas hortela. AM villosa, mostra atividades antiespasmédica e miorrelaxante além de agao analgésica em testes com animais. Esses resultados justifi- cam seus usos populares. (LAHLOU, 2001; SAAD, 2009) Com a Mentha piperita L. e Mentha crispa L. so industrializados, por laboratério fitoterépico brasileiro, alguns fitoterdpicos para tosse parasitoses respectivamente, Na Bahia o Plectranthus amboinicus(Lour)Spreng. é denominado hortela da folha grossa, hotel gratido e orelha de maroto embora nao seja do géneto Mentha, 0 seu dleo essencial confere aroma e sabor de mento. ‘As folhas sao usadas na forma de cha, xarope ou lambedor, puro ‘ou misturado com guaco - Mikania glomerata Spreng, 0 xarope caseiro de guaco e hortela grosso é preparado da se- guinte maneira (MATOS, 2002) Faz-se um cozimento das folhas de guaco em gua, interrom- pendo-se a fervura logo que se perceba um forte cheiro adocicado, ca- ractetistico da Cumarina do guaco. 81 82 Prepara-se, em separado, um xarope feito com folhas frescas de hortela grosso e acticar, arrumados em camadas, em fogo baixo, sem colocar 4gua, mas com cuidado para nao deixar queimar. Junta-se 0 xarope com 0 cozimento e céa-se para um frasco bem limpo. Recomenda-se uma a duas colheres de sopa duas ou trés vezes a0 dia, especialmente durante as crises de tosse ou de cansaso. Criangas tomam metade desta dose. ‘As Menthas pertencem a familia Lamiaceae, produtora de ter- pendides (Menteno, Limoneno, Mentol), classe de substncia quimica constituinte dos éleos essenciais, com reconhecida agao antisséptica no sistema respiratério. Essa agéo deve-se ao fato de serem as vias respira- térias uma das principais vias de eliminagao dos dleos essencials. Muitos desses dleos, possuem também acéo expectorante atra- vvés da fluidificagao do muco e aumento das secrecdes bronquicas o que facilita a expulsao de tais secregdes. Popularmente, o vegetal é chamado de erva para "tirar-catarro-preso" Essas plantas, devido ao seu alto teor em dleos essenciais, sao indicadas ainda para a fluidificacao do muco nicotinico caracteristico nos fumantes. Dicas Mulheres em perlodo de evitar a ingestao das seu dleo essencial pols colaberam para a diminuigso do fuxo de Paraa crise de tosse Intensa a felha de ho {rosso envolado em formato de“tolinhos" de rapadiura ou acuicar macavo dentio, alvia Imediatamente a tosse, Deve-se morder em pec. ‘mastigar lentamente para fue o sumo flua pela area ida, nos pedacos e USO RITUAL Fix -Yemanji e Oxum Elemento - Agua Nome Yorubé -Té Nome Vulgar: Nome Botnico: Familia Botanica: Origem: Parte Usada: Indicagao Terapéutica: Colénia ARR Agua-de-alevante, Alevante Gratida, Flor-do- Coracéo, Lipurdina, Leopoldina, Colénia Alpinia zerumbet (Pers, B. L. Burtt. & R. M. Sm. / Alpinia speciosa K. Schur, Zingiberaceae. ‘América do Sul/Herbério ALC/UFBA N. R. 029208. folhas e flores, (© cha das folhas e flores ¢ indicado popular~ mente como calmante, diurético, auxiliar no tratamento da hipertensio, gripe e males do estmago. Conhecida na Bahia como Alevante-gratida e Leopoldina, no su- deste do Brasil denomina-se Colénia. Devido ao seu rizoma semelhante a0 gengibre Zingiber officinale Roscoe, também Ihe atribuem 0 nome popular de gengibre-concha. Concha, pois suas belas inflorescéncias apresentam flores que se parecem com conchas brancas ou levemente réseas e intenso colorido interno de tons amarelos e vermelhos. A exploragao fitoquimica de Alpinia zerumbet, demonstrou que o dleo essencial das folhas ¢ flores sao ricos em monoterpenos 83 84 como terpinenol e cineol, sendo que hésemelhangas entre a quimi- ca encontrada nessas partes. Ao contratio, 0 dleo das raizes apresenta- -se totalmente diferente em sua composigio. (LORENZ; MATOS, 2008; CARDOSO, 2009) As folhas, flores e rizomas sao indicadas popularmente como calmante, auxiliar no tratamento da hipertensio, gripe e males do estémago. Algunsestudos confirmam ago vasodilatadoraehipotensora em animais de laboratério. (VICTORIO, 2009; LEAL-CARDOSO, 2003; PINTO, 2009) Extratos alcodlicos da planta apresentaram forte atividade contra Helicobacter pylori, em geral presente nos processo de gastrite ¢ Ulcerago da mucosa gastrica, ou que sugere sua propriedade antiilcera géstrica, (WANG, 2005) A Colénia também apresentou efeito anti hiperlipid€mico o que poderia indicar seu uso como auxiliar no cuidado depessoascom ocolesterol elevado. (L-YUN LIN, 2008) 0 poder de baixar a pressao arterial divulgado pela medicina popular foi comprovado por Varios pesquisadotes que estdo desenvolvendo modelos para elucidar 0 mecanismo da a¢ao hipotensora. (MOURA, 2005; PINTO, 2009; VICTORIO, 2009) © uso popular como calmante tem validacao cientifica através de estudos que comprovaram a atividade ansiolitica do éleo essencial das folhas e flores inalados ¢ injetados em ratos. (DE ARAUJO, 2009; MURAKAMI, 2009) Faltam estudos clinicos que caracterizem melhor o efeito de Alpinia zerumbet em humanos. As indicagdes de uso sob a forma de ché orientam colocar uma folha em 1 litro de 4gua aumentando a concentra- 0 desse infuso para,no maximo, duas folhas. No Memento Fitoterépico da Secretaria Municipal de Satide do Rio de Janeiro, esté recomendado GLOSSARIO| Rizomas -caule ern forma de rak, em geral subterrinea Fitoqulmica - quimica dos vegetais. Alcaléides, Esterdides, ‘Triterpendides Monoferpenos, Derivados Hidroxiantracénicos, Flavonéides e Saponinas classes de substincias szadas por ins vegetals, em geral biossin boativas. Espasmolitica- cue climina as dores com espasmos, con Banhos-de-cheiro- bbanhos com sume de Memento - manual técnico para preserigGes ‘COMENTARIO As planta tém aroma res eolhas dessa agradSvel sendo usadas nos chemados"banhos- d “Axe e bem estar geal Esta erva faz par amacis para banhos e ro" que trazem dos “vagem-de-contas! Acolbniaé indicada nas, ceriménlas de“Bori'para filhos de Yemanyé sob a forma de tintura. A dose deve ser preparada diluindo-se 10ml da tintura em um copo d’égua. (REIS, 2002) A Colénia tem uma forte relagdo com o mundo das 4guas, sua simbologia nas indicagdes tradicionais esta categorizada como planta fria. Nessa mesma légica, nos rituais afro-brasileiros pertence ao domini- indades mulheres, Yabiss, consideradas as senhoras das éguas, maes geradoras de vida. Além da beleza, esta espécie tem caracteris- no das di ticas aromaticas-perfumantes que ressaltam suas relagdes com o femi- nino, principalmente aquele que flui, e fluindo nao acumula matéria e, portanto sempre é renovado. (CARDOSO, 2009) As indicagées de cura tradicionais de Alpinia zerumbet, estéo fortemente atreladas as simbologias liquidas, femininas e maternais, s80 para o tratamento de problemas circulatérios, dores, inflamagées, ins6- nia e gripes do tipo quente (com febre e catarro), sob a forma de chas, maceracées, banhos e aromaterapia com dleo essencial, preparados a partir das folhas, flores e raizes, associadas ou ndo a outras plantas. ARR ARR ARR Folha-da-costa/Saiao Nome Vulgar: Nome Botanico: Familia Botanic Orige! Parte Usada: Indicacao Terapéuti Coirama-branca, Folha-grossa, Fortuna, Saigo. Kalanchoe brasiliensis Cambess, Kalanchoe pinata Lam., Bryophyllum pinnatum Lam. Crassulaceae. ‘América do Sul/Hetbério ALC/UFBA N. R. = 029195/028396. folhas. sumo usado nas afeccées respiratérias em geral. uso externo: em frieiras, feridas, quei- maduras, picadas de inseto, traumatismos e torgées. Para traumatismos e torcdes as fo- thas devem ser piladas com sal grosso e co- locadas sobre o local afetado, No Sudeste do Brasil ocorrem indicagées de uso em crise de hipertensao, As folhas-de-saio sio muito utilizadas na medicina popular so- bre a forma de sumo, nos casos de traumatismos e comprometimentos pulmonares, So frequentes também nos "meladores” ou xaropes, indi- cados para problemas respiratérios, gripes e resfriados. O Kalanchoe géneto bem estudado anatémica e morfologicamente. Alguns de seus USO RITUAL Orixé - Oxali © Yemania (yoruba), Xangd (Umbanda). Elemento Aguaemania Xangé-fogo Nome Yorubs - Odunci GLOSSARIO Mucilagem- nome comum de substancias vwiscosas pr widas por vegatals Hipotensora- que tem capacidade de diminui a pressio arterial usos populares podem ser atribuidos & sua comprovada atividade anti- -inflamatéria. (COSTAS, 1994, 2006; MOURAO, 1999) Na medicina tradicional da Nigéria o suco das folhas é utilizado no tratamento de infeccdes no ouvido, tosse, desinteria, (AKIPELU, 2000) Estudos cientificos também sugerem a comprovacao das aces hipoten- sora, imunomoduladora e atividade antiulceragso gastrica. (OJEWOLE, 2002; PAIVA, 2008; IBRAHIM, 2002) 0 Kalanchoe pinnata Lam. est en- tre as plantas de interesse ao SUS, a RENISUS, divulgada pela Diretoria de Assisténcia Farmacéutica do Ministério da Saude em 2009. A Folha- da-Costa auxilia 0 alivio das tosses produtivas e faz parte das ervas que nao devem ser fervidas, usa-se 0 sumo de 2 folhas batidas em 1/2 copo d’4gua, antes das refeigées. (SAAD, 2009) COMENTARIOS SOBRE USO RITUALISTICO Usadas nos amacis ¢ banhos para acalmar, refrescar e dar fir- meza, Esta planta, segundo a classificacao Jéje-nagé, no referente aos quatro elementos, pertence ao grupo Omi (Folhas-de-Agua), sendo uma Omi-ér6 (Agua-que-acalma). Sua folha carnosa, rica em mucilagem, uma substancia viscosa, relaciona-se com a Agua-sémem, representan- do a fertilidade e a capacidade de unir e apaziguar. Suas folhas sao usa- das também como parte das oferendas para Oxalé, colocadas ao redor da"Comida-do-santo” Como uma “Om(-ar6, traduzida do yorubé, “Agua-que-acalma’, muitos significados podem ser atribuidos aos seus efeitos. Pode referir- -se A ago farmacolégica emoliente que “acalma’ os processos inflama- t6rios, pode referir-se também aos estados emocionais e psicolégicos, onde acalmar’ significa encarar 0s fatos do cotidiano com menos ansie- dade e mais razio. 87 A Kalanchoe brasiliensis Camb. como outras espécies da familia Crassulaceae, apresenta folhas carnosas. Esta é semelhante a outra plan- ta, chamada de Folha-da-fortuna (Bryophillum pinnantun Kurtz), que ‘tém as folhas mais arredondadas e ovaladas, com bordas em tons lilds, chamada em Yoruba de Abamods dedicada a Nana. Referéncias ALEAVAQUINHA-DE-COBRA AZIBA, P.|-et al Analgesic activity of Peperomia pellucida aerial parts in mice. Fitoterapia, .72,n. 1, p. 57-58, jan. 2001 BHATTACHARYYA, J; SERUR, L.M. Structures of Montrifoline and Delbine -2 [New Furoquinoline Alkaloids from Monnieria-Tiflia |. Heterocycles, v.16,. 3,p.371-374, 1981 CRUZ, G.L. Diciondrio das Plantas iteis do Brasil.3.ed, Rio de Janeiro: Civilizagéo Brasileira, 1985, DE FATIMA ARRIGONI-BLANK, M, etal. Anti-inflammatory and analgesic activity of Peperomia pellucida (L) HBK (Piperaceae).J Ethnopharmacol, v.91, 1.23, p.215-218, Apr 2004. KHAN, M, R; OMOLOSO, A. D. Antibacterial activity of Hygrophila stricta and Peperomia pellucida. Fitoterapia, v.73,n.3, p.251-254, Jun. 2002. KINDER, C; CUPP, MJ Kava: an herbal sedative. Nurse Pract, v.23,n.6,p.14, 156, Jun. 1998. LUDE, 5. et al, Hepatocellular toxicity of kava leaf and root extracts. Phytomedicine, v.15, n.1-2,p. 120-31, Jan. 2008, MOULIS C.et al. Nouvelles Furoquinoléines de Monnieria trifolia, Planta Med, v.42,n. 8, p.400-402, 1981 PARMAR, V. 5. et al. Phytochemistry of the genus Piper. Phytochemistry, v.46, 1.4, p. 597-673, Oct 1997. PEREIRA, L.A. etal, Plantas medicinals de uma comunidade quilombola na ‘Amazénia Oriental: Aspectos utilitarios de espécies das familias Piperaceae e Solanaceae. Revista Brasileira de Agroecologia. v2.2, p. 1385-1388, Out. 2007, SAAD, G; LEDA, P.C. Fitoterapia Contemporanea: tradicao ¢ ciencia na pratica clinica, Rio de Janeiro; Elsevier, 2009, p.274, SENGUPTA, 5. RAY, A.B. The chemistry of Piper species: a review. Fitoterapia, ¥.58, p. 147-166, 1987, 90 SINGH, ¥.N. Kava: an Overview. Journal of Ethnepharmacology, v.37,n.1,P. 13-45, Aug. 1992, SONIBARE, M.A. et al. Use of medicinal plants forthe treatment of measles in, Nigeria. Journal of Ethnopharmacology, v. 122, n.2, p. 268-272, Mar. 2009. ALEVANTE-MIUDA, BRUNETON, J. Elements de fitoquimica y de farmacognosia, Zaragoza: ‘Acribia, 1991. 594 p. LAHLOU, 5. etal. Cardiovascular effects ofthe essential oil of Mentha x villosa and its main constituent, piperitenone oxide, in normotensive anaesthetised rats: role of the autonomic nervous system, Planta Med, v.67, 7, p. 638-43, Oct. 2001 MATOS, F.J.A, Farmécias Vivas. 4.ed, Fortaleza: Editora da UFC, 2002. SAAD, G; LEDA, P.C.Fitoterapia Contemporanea: tradicio e ciencia na pritica clinica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p. 266-267, COLONIA BULHOES, G.C.C;DAMOTA, AS. Phytochemical screening of plants native to northeastern Brazil An. Dep. Farm. Centro Ci, Satide Univ. Fed Pe. v.15,p. 45-50, 1976 CARDOSO, D. C.N. Avaliagae do éleo essencial de Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt. & R. M. Sm. coletada em maio de 2009, na cidade de Salvador, Bahia. 2009. Trabalho de conclusio de curso (Graduago em Farrécia) - Faculdade de Farmécia, Universidade Federal da Bahia, DE ARAUJO, FY. etal. Central nervous system effects of the essential il ofthe. leaves of Alpinia zerumbet in mice. Pharm Pharmacol, v.61, n. 11, p. 1521-7, Nov. 2009. DE MOURA, R. 5. et al. Antihypertensive and endothelium-dependent vasodilator effects of Alpinia zerumbet, a medicinal plant, Journal of Cardiovascular Pharmacology, v.46, n. 3, p.288-294, Sep. 2005, FERREIRA, A. C.F et al. Thyroid Peroxidose Inhibition by K. brasiliensis Aqueous Extract, Food and Chemical Toxicology. v. 38, p.417-421, 2000. HARAGUCH, Het al. Antifungal activity from Alpinia galanga and the competition for incorporation of unsaturated fatty acids in cell growth. Planta Med, v.62, 1.4, p. 308-313, Aug, 1996, LAHLOU, 5. et al. Antihypertensive effects of the essential ol of Alpinia zerumbet and its main constituent, terpinen-4-ol, in DOCA-salt hypertensive conscious rats. Fundamental & Clinical Pharmacology, v.17, n. 3, p. 323-330, 2003. LIU M.H, etal. Synergistic effect of kaempferol glycosides purified from Laurus nobilis and fluoroquinolones on methicilin-resistant Staphylococcus aureus. Biol Pharm Bull, v.32,n. 3, p.489-92, Mar. 2009, LORENZI, H; MATOS, F.J.A.Plantas Medicinais do 2ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarurn, 2008, il: nativas e exéticas PADALIA, R.C. et al. Compositional Variability in Essential Oil from Different Parts of Alpinia speciosa from India, Natural Product Communications, v.5, 2,p.279-282, Feb. 2010. REIS, M.C.P. et al. Memento Terapéutica. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Saide; Programa de Fitoterapia, 2002. PINTO, N.V.et al. Endothelium-dependent vasorelaxant effects of the essential oll from aerial parts of Alpinia zerumbet and its main constituent 1,8-cineole in rats. Phytomedicine, v. 16,n. 12, p.1151-5, Dec. 2009. VICTORIO, C. Pet al. Vasodilator activity of extracts of field Alpinia purpurata (Viel) K.Schum and A. zerumbet (Pers) Burtt et Smith cultured in vitro. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v.45,n.3,p.507-514, Jul/Sep. 2008, ‘Simukaneous Distillation-Extraction, Hydrodistillation and Static Headspace Methods for the Analysis of Volatile Secondary Metabolites of Alpinia zerumbet (Pers) Burtt et Smith. from Southeast Brazil Journal of Essential Oil Bearing Plants, v. 12, n.2, p- 137-143, Mar/Apr. 2008. WANG, YC; HUANG, T.L. Screening of anti-Helicobacter pylori herbs deriving fromaiwanese folk medicinal plants. Fems Immunelogy and Medical Microbiology, v.43, n. 2, p. 295-300, Feb. 2005. 91 92 FOLHA-DA-COSTA/SAIAO. AKINPELU, 0. A. Antimicrobial activity of Bryophyllum pinnatum leaves. terapia, v.71, .2, p. 193-4, Apr. 2000, BALBACH, A.A Flora Nacional na Medi Lar, 1969, 1289p, 1a Doméstica, Sio Paulo: Editora do CAMARGO, M.T.L.A.Plantas Medicinais e de Rituais Afro-Brasileiros | S30 Paulo: ALMED, 1988, 97p, COSTA, 5.5. et al.Patuletin Acetylthamnosides from Kalanchoe-Brasiliensis as Inhibitors of Human Lymphocyte Proliferative Activity. Journal of Natural Products-Lloydia, v. 57,n.11,p. 1503-1510, Nov. 1994, et al. Kalanchosine dimalate, an anttinflammatory salt from Kalanchoe brasiliensis. Journal of Natural Products, v. 69, 9.5, p.815-818, May, 2008 DAPAIVA, LS. etal. Inhibition of 8 cell development by kalanchosine dimalate. International lmmunopharmacology, v8, n. 6, p. 828-835, Jun. 2008. et al. Selective blockade of lymphopoiesis induced by kalanchosine ddimalate: inhibition of L-7-dependent proliferation, Journal of Leukocyte ology, v.83, n. 4, p. 1038-1048, Apr. 2008, HYAKUTAKE, S.et al. Morphological and anatomical study of Kalanchoe brasiliensis Camb. (Crassulaceae). Revista de Farmacia e Bioquimica da Universidade de Sao Paulo. v.10, p. 217-237, 1972 IBRAHIM, T.et al. Immunomodulatory and antiinflammatory effects of Kalanchoe brasiliensis, Int Immunopharmacol, v.2,n.7, p. 875-83, Jun, 2002, MOURAO, R.H.Y. etal. Antinflammatory activity and acute toxicity (LDS0) of the juice of Kalanchoe brasiliensis (Comb) leaves picked before and during blooming, Phytotherapy Research, v. 13, n.4, p. 352-354, Jun. 1999. OJEWOLE, J.A, 0. P-2: Antihypertensive properties of Bryophyllum pinnatum (Lam) Oken leaf extracts. Am J Hypertens, v. 15,1. $3, p.34A-34A, 2002. SAAD, G; LEDA, PC. Fiteterapia Contemporanea:tradicéo e ciencia na prética clinica: Elsevier, Rio de Janeiro, 2008, p. 314. VERGER, PF Awon ews Osanyin. Yoruba Medicinal Leaves. [S1J:Insttut of African Studies, University of Ife, 1967.72 p, USO RITUAL Orixa - Ox0s8i/ Oval. Elemento lerra Nome Yorubs - Saws Seu uso comoincensodarte asabertasdos ituaisde smagiodos tempbsestiegsvadones euzamentes ede Defuma com os ervas da jurema, efuma com orrudae guiné Vamos defumar fihos de fe (OMOLUBA, 1994) Nome Vulgar: Nome Botanico: Familia Botanica: Origem: Parte Usada: Indicagao Terapéutica: Alecrim e Alecrim-de-casa, Alecrim-de-cheiro, Alecrim- de-horta, Rosmarinho, Erva-coroada. Rosmarinus officinalis L. Lamiaceae. Mediterraneo/Herbario ALC/UFBA, NR. 30834. folhas e flores. uso interno - infusio das folhas como estoma- cal, carminativo e emenagogo. uso externo - usado no reumatismo articular nna forma de banho e fricgéo. Indicada tam- bém na formulago de xampus estimulantes do foliculo capilar (crescimento). © Alecrim, Rosmarinho dos portugueses, é erva conhecida des- de a antiguidade. Planta aromatica, rica em éleos essenciais. Seu leo essencial comegou a ser destilado no século XIV. Seus principais consti- tuintes sao: pineno, canfeno e cineol. eextrato do alecrim apresenta atividade colerética e hepatopro- tetora. O vegetal contém substancias que tém atividade antioxidante. 0 alecrim tém um potencial terapéutico no tratamento ou prevencéo da 95 asma brénquica, ulcera péptica, doengas inflamatérias, aterosclerose. (AL-SEREITI, 1999) Varios testes em laboratério tém comprovado as atividades anti- -inflamatéria, antimicrobiana e antioxidante dos extratos das folhas de Rosmarinus. Essas atividades so atribuidas ao alto teor de substncias fendlicas nas folhas de Alecrim, destacando-se 0 grande ntimero de publicacées cientificas de varios paises que confirmam o poder anti- -inflamatério das folhas de Rosmarinus. (ALTINIER, 2007; TAKAKI, 2008; KLANCNIK, 2009; PINTORE, 2009; PEREZ-FONS, 2010; KIM SY, 2010) Aagao hepatoprotetora (protetora do figado) e auxiliarna perda de peso também foi comprovada em animais de laboratério. (HARACH, 2010) Para os Gregos a planta simbolizava amor e morte. Os estudan- tes na Grécia antiga, usavam grinaldas de Alecrim para melhorar sua meméria na época dos exames. Além do uso tradicional, é atualmente um dos dleos essenciais mais indicados em aromaterapia, tanto para massagens como para a inalagao. Indicado como estimulante geral, sinusite, bronquite, bem como nos casos de dor de cabega, enxaqueca e fadiga mental. O seu 6leo é antisséptico para 0 couro cabeludo. As doses excessivas podem causar distuirbios renais e hiperten- so, embora estudos etnoboténicos realizados no Marrocos tragam in- formagées sobre 0 uso popular do cha de alecrim para tratarhipertensio arterial e diabetes. (TAHRAOUI, 2006) Sao intimeras e bem estudadas as atividades medicinais do Rosmarinus officinalis, mas é importante res- saltar que é contra indicado durante a gravidez. © Alecrim-do-campo ou Alectim-do-mato, foi identificado como Lippia thymoides L., da familia Verbenaceae, & também indicado como GLOSSARIO| Anti-uleerogéniea - que cifculta a formagio de Uleeras Carminative- cue elimina Emenagogo- cue aumen- 12.0 fluxo menstrual Oleos essenciais - dleos aromsticos procuzicos nas células vegerais. Pineno, eanfeno e cineol terpenéides constituin- tes quimicos dos éleos arométicos, Ritual de cruzamento- momento inicial das ativi cades religiosas, cuando so colocadas nas quatro do local alaurnas lervas e outros tens bern como as fumagas aro- rmiticas eliminadas pelo Incensador Substancia fendlica OBSERVAGOES Alguns autores estudiosas do candomblé citar ‘angola - Vitex agnus-~castus L (BASTIDE, 978; FIGUEIREDO, 1983), digestivo e antirreumético. Usado sob a forma de tinturas e pomadas. Estudos realizados com éleo essencial do alecrim demonstram significa- tiva atividade antimicrobiana, (MANGENA, 1999) 0 extrato hidroalcodlico do alecti , em investigagdes recentes apresentou resultados que sugerem uma acao anti-ulcerogénica. (DIAS, 2000) COMENTARIOS SOBRE USO RIT\ VALISTI ‘0 O Alecrim é planta cheirosa usada nos amacis de fortificagdo de “cabega” e incensos. 0 Alecrim pode ser usado para Oxéssi, Caboclos ¢ Pretos-velhos na Umbanda No candomblé de Ketu a erva é usada nos amacis e na iniciagao dos filhos de Oxala. Certamente é uma planta mistica importante, seu aroma penetrante é considerado poderoso para a obtencao de circuns- tancias favordveis aos iniciados e sacerdotes. Alguns estudiosos mencio- nam oalecrim em associacao a malva-rosa, rosa branca, agucena, manje- rona e crisantemo branco como formulacéo utilizada para a preparacao do amaci para fortificagéo de cabeca (ori, coroa) do pai ou mae de san- to nos rituais de confirmagao na umbanda, repetidos de 7 em 7 anos. 97 e Arruda Nome Vulgar: ‘Arruda-doméstica, Ruta-de-cheiro-forte Nome Botanico: Ruta graveolens L. Familia Botanica: Rutaceae. Origem: Regio Mediterranea /Herbério ALC/ UFBA, N.R.027117. Parte Usada: todaa planta. © sumo das folhas frescas é usado como ver- mifugo, emenagogo e abortivo. Indicagao Terapéuti uso externo - sob a forma de dleo, contra do- res de ouvido e dentes. ‘Muitas preparagées populares denominadas garrafadas, sao uti lizadas com 0 propésito de aumentar o fluxo menstrual. Essas indica- ées em geral, tém como objetivo final a acdo abortiva, Nessas bebera- é comum a presenga da Arruda. A mistura de Poejo, Losna, Arruda e Cebolinha-branca, macerada em vinho, na Bahia é chamada “meladi- nha’, sendo muito usada com o objetivo de eliminar restos placentérios no pés-parto. A mesma bebida é também oferecida aos que visitam o recém-nascido, como um ritual de boas vindas e sorte. O Poejo ea Losna so muito indicados para diversos sintomas das chamadas"doengas-de- -senhoras” ou “doencas-de-ventre’, gens, USO RITUAL Orixé -Oxdss Elemento leva (Yorubs/ ‘Ar (Umbanda) Arruda é muito usada 0s para defumagao Aaruda 6 uilzada fem vatios rtuais como. © pajelangas. Nos bbanhos, esté presente para afastar olho gordo fe mS sorte, banhos. ce cheiro usados pare purificasao e defesa Na umbanda a planta também é muito usada, sendo inclusive nome de eo cintico citado por Decelso (1973), ‘Fuibuscaro meu ‘Que dene 8:na Ruanda Jéchegou cabocio Arruda demande, As fa Tem sempre boa sges do Arruda ae asdo Do nesse Pai Oxald 8m provera GLOSSARIO Garrafadas -bebida com fins medicinals preparada cachaga Meladinha - bebica preparada com mistura de plantas e cachasa, ‘Cumarinas~ classe de substincias bioatives Esses usos populares so confirmados pela indicagao abortiva da Arruda, em medicina popular de varios paises, com atividade antifertli- dade confirmada em ensaios farmacolégicos pré-clinicos. A Ruta é rica em cumarinas, classe de substancias quimicas bioativas de reconhecida ago antiespasmédica, Produz ainda flavonéides, principalmente Rutina € dleo essencial que Ihe confere 0 aroma intenso e peculiar. O interesse sobre as agdes biolégicas da Ruta é crescente e nos Liltimos anos foram publicadas na literatura especializada varias confir- magoes de bioatividade tais como: aco anti-inflamatéria e analgésica, antirreumética, antimicrobiana, antifiingica e estimulante do SNC com melhora de mem: ia. Entretanto, os estudos de toxidez da planta néo sao bem definidos 0 que sugere que se tenha cuidado com as doses e cuidados com 0 uso interno sob a forma de chas e tinturas. Embora seja usada na medicina tradicional indiana para dores articulares e para reu- matismo e na Africa, além dessas indicacées de uso popular, também & indicada para tratamento de debilidades mentais e falta de meméria em idosos. (RATHESH, 2010; GONZALEZ-TRUJANO, 2006; ANDERSEN, 2005; RAGHAV, 2005; IVANOVA, 2005; HAL-HEALI, 2006) No Memento Fitoterdpico da Secretaria de Satide do Rio de Janeiro hé uma logo com tintura de arruda para matar piolhos. (REIS, 2002) COMENTARIOS SOBRE L (0 RITUALISTICO Planta introduzida no Brasil pelos africanos que usavam um ra- minho atrés da orelha contra “mau-olhado" Esse costume preservado era comum entre os negros no Brasil desde o século XIX, documentado por Debret no desenho de negras vendendo Arruda. 99 100 Erva aromética usada nos amacis para banhos de“limpeza” e pu- rificacdo, Planta favorita dos pretos-velhos, rezadores e benzedores para afastar“mau-olhado" e “quebranto". Seus galhinhos séo usados durante a reza. Se murcharem rapidamente ou néo durante o benzimento, pode- -se avaliar a condigo em que a pessoa se encontrava. A Arruda segundo alguns sacerdotes tem duplo poder, o de re- tirar a negatividade e o de buscar os bons fluidos. Acredita-se que essa erva garante bons negécios aos comerciantes e afasta dos lares as doen- 62s. A Arruda est sempre presente nos arranjos das chamadas“Plantas Protetoras’, com finalidade de proteger casas e comércios do mau-olha- do. Acredita-se que o aroma dessas plantas tem o poder de facilitar tam- bém as realizagées, trazendo boa sorte. Um bom arranjo seria: alectim, alfazema, artuda, espada-de-sio-jorge, comigo-ninguém-pode; ¢ ki ou manjericdo, Conhecido como Vaso das 7 Ervas Protetoras. ‘CURIMBA tica para Defumacao Umbanda cheré Cher6 a defumac AUmbanda cheré Cherd a defumador ‘Como cheita Umbanda herds cheica alecrim-cheré, Ela cheita quiné-cherd. ‘OBSERVAGOES As grdvides devem evar 0 uso devido a sua aio abortiva USO RITUAL Orixé - OrnulivOguev Oxo Elemento Terra (Yoru) Ar fogo, tera, gua (Umbanda) Nome Yorubs -Ewé Nome Vulgar: Nome Botanico: Ojusi. O quiné é usedo eee Familia Botanic: emamacis para banhos de"impezat Seseareg?——_Qrigem: defumadores Virios cnticosrituascitam 0 Parte Usada: " ‘Aluonascepordenas ——_ IndicagéoTerapéu Hoje é ia de festa, na Guiné Guiné pipio, ou Guiné e pipio. Petiveria alliaceae L. Phytolaccaceae, ‘América tropical. Herbario ALC/UFBA - N. R. 027115 €.029160. folhase raizes. © cha € usado como diurético, febrifugo, antieumético ¢ abortive. Uso externo em reumatismo e dores articulares. 0 pé da raiz, colocado em dentes cariados, ameniza as do- res, Essa espécie era utilizada pelos Maias na medicina e na feitigaria. Tem sido indicada para diversos fins, em varios pafses. Em Cuba, 6 utilizada para afeccées da pele e artrite; no Panama, para resfriados, caimbras, inflama- do da bexiga e asma; na Colémbia, como antifebril Alguns estudos de avaliagéo da atividade terapéutica foram realizados com Guiné, estando bem estudada a sua ago anti-reumé- tica, analgésica, anticonvulsivante e o efeito abortivo. (OLUWOLE,1998) 101 102 Deve-se evitar doses elevadas ou repetidas por via oral porque algumas publicagdes demonstram sua toxidez. (LORENZI, 2008) E indicada em uso externo para afeccées bucais ¢ inflamagao de garganta em bochechos e garagrejos. (MORS, 2000) As folhas apresentam esterdides, terpendides, saponinas, polife- néis e taninos. As raizes contém cumarinas, alantoina e acido benzéico. Foram encontradas em diversas partes da planta: alcaldides, substancias sulfuradas, derivados da prolina, lipideos e B-sitosterol. A substancia res- ponsavel pela toxidez ¢ a petiverina Os extratos alcodlicos das folhas apresentam atividade antibac- teriana para varios microorganismos que causam infecsdes da pele, mucosas do trato digestivo e respiratério e ainda atividade antimicética pata varios fungos patogénicos. O éleo essencial das folhas demonstrou atividade inseticida para insetos adultos de Musca domestica (mosca). E téxica para o gado, Os extratos metandlicos causam contracao ute- rina, 0 que justifica a ago abortiva. Em pesquisas atuais, ensaios bio- légicos com o extrato bruto de P.alliaceae apresentaram aumento da produgao dos glébulos vermelhos do sangue e melhorando a resposta imunolégica em ratos. COMENTARIOS SOBRE USO RITUALISTIC © Guiné é planta de varios usos em ritual, na regiéo do recén- cavo baiano, tem 0 nome popular de “Amansa-senhor” porque a raiz era usada pelas negras em cativeiro misturada & comida ou café e chas para amansar os feitores. Segundo Caminhoé (1884), 0 uso continuo do Guiné toma os individuos apaticos levando a idiotia, No século XVII, es- crevia Santos Filho (1947), “jé estava em voga 0 quebranto e a vitima morria, na verdade envenenada pelas ervas Tipi ou Amansa-senhor” ‘CURIMBA cantico pare Cabloco iho da guin Cabloco! Cabloco! Sele fiho da ou Os ‘OBSERVACOES Segundo Mae Mariazinha a"Casa-branca-ce- omolu,terreito de Umbanda do Rio de Janeiro: °O guing & considera uma das plantas mais poderosas os trabalhos de umbanda. Ela ndo maleficios como também raz Axé! Essa cbservagio porque 0 guing, ests sempre presente em ra frente ce residencies € A madeira clara dos galhos e das raizes de Guiné, que despren- dem forte cheito de alho, é favorita para fabricacao de“figas’, pequenos talismas usados contra os maleficios em geral 104 e Tapete-de-oxala Nome Vulgar: Nome Botanico: Familia Botanic Origer Parte Usada: Indicacao Terapéuti Falso-boldo, Folha-de-oxalé, Boldo, Sete- dores, Boldo nacional, Malva-santa. Plectranthus barbatus Andr,, Lamiaceae. Regiéo Mediterranea. Herbdrio ALC/UFBA, NR parte aérea. usada contra os males do figado e digestao dificil resultante de excessos alimentares; dor de cabeca e nduseas pés-alcodlica prisdo de ventre, Em estudos etnofarmacolégicos, constatou-se que P. amboinicus (Alfavaca- grossa) é uma das plantas de uso popular no tratamento caseiro de afecgdes cuténeas cau- sadas por Leishmania entre a populagao rural da drea produtora de cacau no Sul da Bahia. Entretanto, foi registrada no Quénia a ocor- réncia de dermatite no perfodo de utilizagao da espécie P. barbatus. 0 género Plectranthus, até recentemente denominava-se Coleus. Muitas ervas da familia Lamiaceae pertencem a esse género e muitas USO RITUAL Orixa - Oval. Elemento- Tera / Agua, Nome yorubs - Cw Babs OBSERVAGOES Usada em banhos dedicadas aos filhos de Oxali nes rituals de umbanda. A planta sti mposigso doAbét ‘em o nome popular de Tapete-de-oxali, certamente devide 20 aspecto esbranquigado que 0s péllos de suas as apresentam quando crescem mas rio hi informagées do uso da erva nos rtua’s de fundeme par lavage de contas dedicadas a Oxalé outras espécies sio denominadas Boldo ou Falso-boldo. Entre elas, © Aluma ou Boldo-da-folha-fina, Boldo-nacional, arbusto da familia Asteraceae, do género Vernonia, identificado por Vernonia condensata. CO aluma de nome Yoruba Ewiird, & dedicada a Ogum. Entretanto, éinte- ressante lembrar que o boldo verdadeiro tem a folha coriécea, é 0 cha- mado Boldo-de-farmécia, Boldo-do-chile, cientificamente denominado Peumus boldus Molina, cujas especificagées encontram-se nas tiltimas edig6es da Farmacopeia Brasileira 0 boldo nacional, Tapete-de-Oxalé na Bahia, no elenco de plan- tas das Farmacias Vivas denominado Malva Santa, foi estudado a fim de verificar sua atividade nas afeccdes de estémago, figado e vesicula. Esses testes com animais comprovaram a sua atividade hepatoproteto- ra, colerética e colagoga. Dessa forma atua no trato biliar estimulando a produgao da bilis e promove o esvaziamento da vesicula biliar. Um grande nimero de drogas vegetais demonstram essas propriedades. Entre as mais eficazes estéo a Alcachofra (Cynara scolimus}, 0 Boldo do Chile (Peumus boldus), e © Agafrao (Curcuma longa). (SCHULTZ, 2007; ALASBAHI, 2008, 2010). Na RDC n, 10 de 10 de marco de 2010, referente as drogas vege- tais, 0 P.barbathus tem alegacao para disturbios da digestio. € contra- -indicada para gestantes,lactantes, criangas ¢ individuos portadores de hepatites e obstrucdo das vias biliares. Ressalta-se como precaucao que doses acima da recomendada ea utilizagdo por um perfodo de tempo maior que o indicado podem causar irritagéo géstrica. Nao deve ser usado com medicamentos anti- depressores do SNC ou anti-hipertensivos. (ANVISA, 2010) 106 Devido & morfologia das folhas e aos pélos abundantes, essa erva parece-se muito com 0 Hortelé-da-folha-grossa, Plectranthus amboini- cus. Porém, através das propriedades organolépticas, fica fécil identifica -las, visto que o P.barbathus, Tapete-de-oxalé, tem sabor amargo inten- so € 0 Hortelé-da-folha-grossa, P. amboinicus, tem aroma e sabor carac- teristico das mentas (hortela). 0 que diferencia de forma facil ambas as espécies é que o P barbathus (Boldo) possui folhas flexiveis enquanto o P_amboinicus (Hortelé-gratido) possui folhas mais duras e quebradicas. Referéncias ALECRIM AL-SEREITI, M. Ret al. Pharmacology of rosemary (Rosmarinus officinalis Linn.) and its therapeutic potentials. Indian J Exp Biol, v.37, n.2, p. 124-30, Feb. 1999, ALTINIER, G. etal, Characterization of topical antiinflammatory compounds in Rosmarinus officinalis L. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.55, 1.5, p. 1718-1723, Mar. 2007. BASTIOE, R, Candomblé da Bal 1978. Rito Nagé, 29.ed, Brasilia: Editora Nacional, BASTOS, A. Os cultos Magices:religiosos no Brasil.Séo Paulo: Hucitec, 1979, 233p, CCACCIATORE, 0. 6. Dicion: Forense Universitaria, 1977. ig de Cultes afro-brasileiras, Rio de Janeiro: CORREA DIAS, Pet al. Antiulcerogenic activity of crude hydroalcoholic extract, of Rosmarinus officinalis L. Journal of Ethnopharmacology, v.69, n. 1, p.57- 62, 2000. FAHIM, FA. etal Allied studies on the effect of Rosmarinus officinalis L.on experimental hepatotoxicity and mutagenesis. International Journal of Food Sciences and Nutrition, v. 50, p.413-427, 1999, FIGUEIREDO, N. Banhos de cheiro, ariachés & amacis. Rio de Janeiro: FUNARTE; Instituto Nacional do Folclore, 1983, 47p. HARACH,. etal. ROSEMARY (Rosmarinus officinalis L) Leaf Extract Lim Weight Gain and Liver Steatosis in Mice Fed a High-Fat Diet, Planta Medica, ¥.76,n.6,p. 566-571, Apr. 2010. KIM, S.¥. etal The Plant Phenolic Diterpene Catnosol Suppresses Sodium Nitroprusside-Induced Toxicity in C6 Glial Cells. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.58, n. 3, p. 1543-1550, Feb, 2010. 107 108 KLANCNIK, A. et al. In Vitro Antimicrobial and Antioxidant Activity of Commercial Rosemary Extract Formulations. Journal of Food Protection, ¥.72,n.8, p. 1744-1752, Aug. 2008, MANGENA, T; MUYIMA, N.Y. 0. Comparative evaluation of the antimicrobial activities of essential ols of Artemisia ara, Pterania incana and Rosmarinus officinalis on selected bacteria and yeast strains. Letters in Applied Microbiology, v.28, n. 4, p. 291-296, 1999. OMOLUBA, M. Cadernos de Umbanda. Rio de Janeiro: Palas, 1994, 256p, PEREZ-FONS, Let al. Relationship between the Antioxidant Capacity and Effect ‘of Rosemary (Rosmarinus officinalis L) Polyphenols on Membrane Phospholipid Order Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.58, n. 1,p. 161-171, Jan, 2010. PINTORE, G. etal, Rosmarinus officinalis L: Chemical Modifications of the Essential oll and Evaluation of Antioxidant and Antimicrobial Activity. Natural Product Communications, v.4, n. 12,p. 1685-1690, Dec. 2009. TAHRAOUL A. et al. thnopharmacological survey of plants used in the traditional treatment of hypertension and diabetes in south-eastern Morocco (€rrachidia province). Journal of Ethnophat 99, v.110,n.1, p. 105-117, Mar, 2007, ‘TAKAK, |. etal. Ant-Inflammatory and Antinociceptive Effects of Rosmarinus officinalis L. Essential Oil in Experimental Animal Models. Journal of Medicinal Food, v.11,n.4,p. 741-746, Dec. 2008, ‘ARRUDA ADSERSEN, A. et al. Screening of plants used in Danish folk medicine to treat memory dysfunction for acetylcholinesterase inhibitory activity. Journal of Ethnopharmacology, v. 104, n.3, p.418-422, Apr. 2006. AL-HEALL, FM; RAHEMO, Z.The combined effect of two aqueous extracts on the growth of Tichomonas vaginalis, in vitro. Turkiye Parazitol Derg, v.20, 1.4, p. 272-4, 2006, DEBRET, J.B. Viagem Pitoresca e Historica do Brasil. 2.ed. Sao Paulo: Martins, 1949, 24. DECELSO, M. Umbanda de Caboclos. Rio de Janeito: ECO, 1973 GONZALEZ-TRUJANO, M. E, et al. Neuropharmacological profile of an ethanol extract of Ruta chalepensis Lin mice.) Ethnopharmacol. v. 106, n. 1, p. 129-35, Jun, 2006, IVANOVA, A. etal. Antimicrobial and cytotoxic activity of Ruta graveolens. Fitoterapia, v.76, 1, 3-4, p. 344-347, Jun. 2005. KONG, ¥.C. etal. Antifertility principle of Ruta graveolens. Planta Med, v.55, 1.2, p. 176-178, Apr. 1989. KONG, ¥.C. etal. Potential ant-fertlty plants from Chinese medicine. Am J Chin Med (Gard City NY), v.4,n.2,p. 105-28, Summer, 1976, MALHI, B.S; TRIVEDI, VP Vegetable Antifetiity drugs of India. QJ Crude Drug Res, v. 12, n.3, p. 1922, 1972. RATHEESH, M, et al. Protective Effects of Isolated Polyphenolic and Alkaloid Fractions of Ruta graveolens L. on Acute and Chronic Models of Inflammation. Inflammation, v.33, 1.1, p.18-24, Feb, 2010 REIS, M.C.P. et al. Memento Terapéuti de Satide- Programa de Fitoterapia, 2002. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal GuINe LORENZ|,H, Plantas medicinais ne Brasil nativas e exéticas. 2ed. Nova (Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008, MALPEZZI E,L. etal, Antimitotic action of extracts of Petiveriaaliacea on sea urchin egg development. Braz J Med Biol Res, v.27, n. 3, p. 749-754, Mar. 1994, (MORS, W. etal. Medicinal plants of Brazil, California (CUA): Reference Publications, 2000. 501 p. PACIORNIK, F.F.A planta nessa de cada dia. Curitiba: Copygraf, 1990. PIERSON, D. Brancos e pretos na Bahia. Sao Paulo: Editora Nacional, 1971 (rasiliana, 241) 2v, QUADROS, M.R. et al. Petveriaalliacea L. extract protects mice against Listeria monocytogenes infection-effects on bone marrow progenitor cells Immunopharmacol Immunotoxicol, v.21, n. 1, p. 109-24, Feb. 1999, VERGER, P.F.Ewé: 0 use das plantas na sociedadle lorubé, Sao Paulo: Companhia das Letras, 1995, 761p. 110 TAPETE-DE-OXALA ALASBAHI R; MELZIG, M.F. Screening of some Yereni medicinal plants for Inhibitory activity against peptidases. Pharmazie, v.63, n. 1, p. 86-88, Jan 2008. Plectranthus barbatus: review of phytochemistry, ethnobotanical uses and pharmacology - Part 1. Planta Med, v.76, n. 7, p.653-61, May 2010, ALVES, . M. et al, Antiplasmodial triterpene from Vernonia brasiiana, Planta Med, v.63, n.6, 54-555, Dec. 1997. ANVISA, Agéncia Nacional de Vigilancia Sanitéria. RDC n, 10, de 9 de Marco de 2010. Disp6e sobre a notificacao de drogas vegetais junto & Agéncia Nacional de Vigilancia Sanitaria (ANVISA) e dé outras providéncias. Didrio Oficial da Unido. Brasflia, 10 de Marco de 2010. FRANCA, F et al. Plants used in the treatment of eishmanial ulcers due to Leishmania (Viannia) braziliensis in an endemic area of Bahia, Brazil, Rev Soc Bras Med Trop, v.29, n.3, p. 228-232, May/Jun. 1996. FRUTUOSO, VS, etal, Analgesic and anti-ulcerogenic effects of a polar extract from leaves of Vernonia-Condensata. Planta Medica, v.60,n. 1, p.21-25, Feb, 1994, ‘OWILI,D.M. Perianal dermatitis in Kenya Due to Plectranthus-Barbatus Leaves (Maigoya Leaves). East African Medical Journal, v.54, n. 10, p. 571-573, 1977. SCHULTZ, C.et al. Inhibition of the gastric H+,K+-ATPase by plectrinone Aa diterpenoid isolated from Plectranthus barbatus Andrews. Journal of Ethnopharmacology, v.111,.1,p. 1-7, Apr. 2007, Dendezeiro sid Nome Vulgar: Coco-de-dendé, Dendé-da-costa, Caco-de-azeite, Nome Botanico: Elaeis quineensis N.J. Jacquin. Familia Boténica: Palmaceae. Origem: Africa Ocidental - Herbério A. L.C/ UFBAN.R. 01586. Parte Usada: folhas e frutos Indicagao Terapéutica: uso externo: como emoliente e anti-reuma- 113, tico. Usa-se 0 azeite levemente aquecido ou sob forma de emplastros. Na Colombia 0s frutos so utilizados em medicina popular como vermifugo e tenifugo. O azeite, é usado externamente nas dermatoses persistentes, Recentemente, estudos realizados na Guiné Bissau, relati- vos as plantas usadas popularmente como repelente para insetos, in- dicaram que os frutos do dendé apresentam atividade repelente aos ‘mosquitos. Estudos da medicina tradicional em Ghana, na Africa, levaram a0 interesse em testar a atividade antimalaria, Os resultados iniciais so promissores. (ASASE, 2010) Dos extratos e dleo dos frutos busca-se 14 atividade antioxidante em centros de pesquisa na Nigéria e na Austria. (BALASUNDRAM, 2006; OLUBA, 2009) 0 dleo de dendé é considerado alimento favordvel para a recu- peragao de anémicos, porém poucos estudos comprovam as atividades medicinais de uso tradicional para este fim. Entre as propriedades me- dicinais esta confirmada a significativa ago gastroprotetora dos frutos. (GURBUZ, 2003) © azeite de dendé, extraido por compressao da polpa ou me- socarpo dos frutos, é rico em vitamina A, acidos palmitico, miristico oléico. COMENTARIOS SOBRE USO RITUALISTICO Segundo estudiosos dos cultos afto-brasileiro: "Do dendé tudo se aproveita” O azeite de dendé (‘ep6") ¢ utilizado em quase todos os pratos de culindria africana: acarajé, abaré, ef6, xinxim, vatapé, caruru, amalé, farofas (padés), ipeté, omolocum e nas oferendas aos orixas, No litoral sul da Bahia, na regiao denominada “Costa do Dendé”, as sobras do azeite extraido dos frutos sao utilizados para o fabrico arte- sanal de sabao em barra que é vendido nas feiras livres da regio. Com as palhas das palmeiras desfiadas preparam-se os “mariés', colocados nas portas e janelas dos terreiros com o propésito de criar uma proteséo magica contra os maleficios e em especial, afastar os “Eguns’, Das nervuras das folhas da Palmeira-de-dendé, faz-se 0 “Isan” ou vara ritual empregada pelo “Ojé" para chamar os “Eguns" e guié-los, segundo 0s rituais do culto dos Egiingtin, na Bahia, GLOSSARIO Emoliente - medicomento propro para amolecer, abran¢ sma inflamacie, Emplastro forma farmacéutica para u t6pico { extern), Omalé - comida preparada Oferenda com quia para Xangé, ‘Omolocum - comida preparada com fejso fradinho e camario seco, (ferenda para Oxum. Padés -farofas. Oferencas para Bx Mariés -espécie de franjas feitas com a palma folhas) do dendezeito. nervura central da folha do dendé O6- sacerd te do cul aos Eguns. Eguns- civindaces Wa-tipo de ivinatéria, tale historia Oxalufé -Divindade. Onis Bet Elepd - rid denominado de

You might also like