You are on page 1of 34

Módulo 1

1. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E MEIO AMBIENTE

1.1. FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ATUAL

Vivemos hoje em uma realidade maximizada em termos econômicos,


produtvos e industriais A humanidade, principalmente a partr do fm da Segunda
Guerra Mundial, assumiu um ritmo de desenvolvimento econômico, produtvo e
tecnológico até então jamais visto
A guerra foi responsável por grandes mudanças nos cenários econômico,
tecnológico, social, polítco e geográfco em todo o mundo Certamente, o maior
advento decorrente da vitória dos Aliados sobre o Eixo – além, claro, do fm do
próprio confito – foi o estabelecimento das tensões diplomátcas e militares entre
duas das nações vitoriosas: Os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas
Socialistas Soviétcas – URSS
O enraizado clima de disputa e busca por superação durante a Guerra Fria fez
com que ambas as nações liderassem blocos econômicos distntos – o capitalista e o
socialista – e provocassem extraordinário crescimento econômico Cada qual
buscava demonstrar ao mundo sua supremacia em todos os sentdos, objetvando
fxar sua hegemonia nas mais diversas áreas, da militar àr esportva, passando pela
econômica, médica, diplomátca e cientfca, dentre outras
Questões relacionadas àr preocupação ambiental eram pratcamente
ignoradas O que se buscava era a constante superação do desafeto opositor
Um exemplo da irresponsabilidade e despreocupação de ambos os lados para
com a humanidade e, de forma mais específca, com o meio ambiente, foi a “Tsar
Bomb”, maior bomba nuclear já testada, com um poder de destruição entre 2 900 a
3 000 vezes maior que a bomba lançada sobre Hiroshima
O artefato nuclear foi lançado no extremo norte do globo, em 1961 Uma
pessoa que estvesse a 100 quilômetros do local de sua explosão sofreria
queimaduras de 3º grau Apesar de ter sido testada em uma zona totalmente
remota do planeta, causou danos, por exemplo, na Finlândia, há 1 000 quilômetros
de distância do ponto da detonação, quebrando vidraças de diversos prédios E se
tratou apenas de um teste, uma vez que a bomba, por ser um protótpo, teve sua
potência reduzida pela metade: 50 megatons O projeto original previa 100
A Guerra Fria foi a grande força motriz que deu início àr acirrada exploração
ambiental degradação da natureza na forma como conhecemos hoje
A partr de 1945 e posteriormente com o início do fm do Bloco Soviétco, o
modelo estadunidense de consumo e vida, conhecido como “American Way of Life”,
se expandiu por todo o mundo, assim como o capitalismo
O ressurgimento do liberalismo econômico, também chamado de
neoliberalismo, onde a economia e o mercado se autorregulam de acordo com
elementos como demanda, oferta e livre concorrência, sem qualquer intervenção
estatal, a não ser sobre elementos essencialíssimos ou áreas imprescindíveis,
também foi responsável pela intensifcação da exploração degeneratva da natureza

1.2. A CULTURA DO CONSUMO

O “American Way of Life”, nos moldes assumidos após a Segunda Guerra, se


difundiu ao longo de pratcamente toda a extensão global Desenvolveu-se no meio
social a cultura do consumo Diariamente as pessoas eram – e ainda são –
frenetcamente bombardeadas com informações apelatvas e muitas vezes falsas
buscando incentvar e inserir na consciência de cada um a necessidade pelo
consumo deliberado
A liberdade de mercado e a livre concorrência, aliadas aos avanços na
comunicação e na mídia, cada dia mais fazem o uso da publicidade e de seus
recursos para desenvolver e afrmar no meio social a cultura do consumo
As pessoas são induzidas a adquirir cada vez mais produtos de curta vida útl,
descartáveis, sem possibilidades reais de conserto ou reparação Assim, a demanda
sempre estará em alta
Não se compra por necessidade, mas por desejo A indústria e o comércio
mundiais não mais oferecem um produto em si, mas sim uma marca, geralmente
associada a algum valor social: O status ou determinado sentmento agregado ao
item em questão
Um automóvel não é mais vendido como um meio de transporte, mas sim
como algo que renderá a seu dono inúmeros olhares de admiração por onde ele
passar Um refrigerante não mais como uma bebida, mas sim como algo essencial e
indispensável ao sucesso e popularidade de uma comemoração ou festa Produtos
de higiene masculina são apresentados como algo que proporciona o ferte
A indústria do consumo relega ao meio ambiente uma imensa carga,
impossível, em pouco tempo, de se suportar, pois além dos danos provenientes da
exploração irresponsável de recursos naturais há também o descarte incorreto de
resíduos, tornando ainda pior a qualidade ambiental, proporcionando o desiquilíbrio
ecológico
A população dos Estados Unidos equivale a aproximadamente 5% da
população mundial, todavia consome 40% dos recursos disponíveis Assim, se o
mundo todo ostentasse os mesmos níveis de consumo e vida, seriam necessários
hoje 7 planetas, ou seja, 1 planeta para cada 1 bilhão de habitantes

Numa sociedade de consumo, o signifcado cultural se move


incessantemente de um ponto para outro Na trajetória normal, o
signifcado cultural se move primeiro do mundo culturalmente consttuído
para os bens de consumo e desses para o consumidor individual Diversos
instrumentos são responsáveis por esse movimento: a publicidade, o
sistema de moda e quatro rituais de consumo Este artgo analisa o
movimento do signifcado cultural do ponto de vista teórico, demonstrando
onde reside o signifcado cultural no sistema de consumo da América do
Norte e os meios por onde o signifcado se transfere de um ponto do
sistema para outro (MCCRACKEN, 2003, p 99)

A cultura do consumo estabeleceu um ciclo vicioso de aquisição, uso, descarte


e nova aquisição, responsável pelo crescimento de economias corporatvas de forma
proporcionalmente inversa àr qualidade ambiental no mundo, ou seja, quanto maior
são os lucros e ganhos das empresas produtoras de bens de consumo, menor a
qualidade e o equilíbrio dos recursos naturais
Com os processos de globalização e abertura econômica que ocorreram – e
ainda ocorrem – pratcamente ao redor de todo o mundo, desenvolveu-se também
certa cultura corporatva de exploração irresponsável de recursos, tanto ambientais
quanto humanos, dos países menos desenvolvidos, de economias e indivíduos mais
vulneráveis
A instalação de fliais e parques industriais em países subdesenvolvidos ou
ainda em desenvolvimento é marcada, na grande maioria dos casos, por ações
totalmente irresponsáveis de um grande número de corporações, as quais movem
pratcamente todas as suas atvidades “sujas” – poluidoras – para tais localidades,
deixando em seu país de origem apenas – ou a maioria das – atvidades
administratvas e consideradas “limpas”
Estas nações – severamente afetadas pelas consequências da produção
ambientalmente inviável – tornam-se economicamente dependentes de tais
corporações Apesar das polítcas de exploração ambiental e humana não
condizentes com o exigido, esperado e considerado digno, são estas empresas as
detentoras das poucas ou únicas oportunidades de emprego e renda nas regiões em
que se instalam
Essa dependência social e econômica aliena governos a uma atuação marcada
pelo descaso frente a muitas ações irresponsáveis de tais organizações, uma vez que
a dependência e o monopólio das oportunidades implicam no estabelecimento de
uma ditadura corporatva, basicamente com o seguinte discurso: “Ou nossa vontade
é integralmente atendida/levada em conta, ou partmos pra outra região ou país...”,
o que, se concretzado, geraria uma grande lacuna socioeconômica, tornando o
governo incapaz de preenchê-la a curto prazo com emprego, renda e qualidade de
vida
Assim, a qualidade ambiental é pratcamente ignorada, pessoas são
submetdas a condições desumanas de trabalho, etc
Na China, por exemplo, o ramo industrial apresenta alta taxa de rotatvidade
pessoal (troca de funcionários) em virtude de doenças causadas pelo excesso de
trabalho Em muitas empresas do Leste Asiátco são preocupantes os números de
suicídios entre os trabalhadores

2. MEIO AMBIENTE

2.1. AS PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS NO MUNDO

As primeiras expressivas manifestações internacionais preocupadas com o


futuro da qualidade ambiental do planeta foram apresentadas em 1968 através da
publicação do relatório “Limites do Crescimento” (MEADOWS et al, 1972) pelo Clube
de Roma1 e, principalmente, em 1972 através da Conferência de Estocolmo –
Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, organizada pela
ONU
Em 1968 um grupo de pessoas de diferentes países, ramos e profssões se
reuniram, formando o Clube de Roma, tendo como objetvo discutr e abordar
1 A organização segue em operação e funcionamento, localizada, apesar do nome, na Suíça. Seu site oficial é
www.clubofrome.org.
dilemas vivenciados pela humanidade A insttuição informal publicou o relatório
“Limites do Crescimento”, afrmando com pessimismo as expectatvas futuras para o
crescimento humano em relação àr qualidade de vida no mundo Tal modelo de
crítca foi idealizado a partr da integração de cinco fatores sociais:

a O ritmo acelerado de industrialização


b o rápido crescimento demográfco
c a desnutrição generalizada
d o esgotamento dos recursos naturais não renováveis
e a deterioração ambiental

O relatório afrmava que se não houvessem mudanças signifcatvas nas


relações fsicas, econômicas e sociais observadas até então, a produção industrial e a
população cresceriam rapidamente para então sofrer grande decadência A
produção decresceria devido àr diminuição dos recursos naturais e o número de
viventes entraria em queda em decorrência da elevada taxa de mortalidade
provocada pela escassez de alimentos e serviços médicos
Os autores ressaltaram ainda que, mesmo com a duplicação dos recursos
naturais, o colapso populacional não seria impedido, pois o elevado crescimento
industrial decorrente da maior oferta de recursos elevaria o nível de poluição para
além da capacidade de assimilação ambiental, o que aumentaria a taxa de
mortalidade e reduziria a produção de alimentos
Já em 1972, em Estocolmo, foi realizada a I Conferência Mundial sobre o Meio
Ambiente, onde se buscou modifcar a visão antropocêntrica do homem como
senhor dominante da natureza e o mais importante ser sobre o planeta, o qual
deveria explorá-lo e dominá-lo a qualquer custo
No evento foram apresentadas diversas preocupações acerca da qualidade
futura do meio ambiente, principalmente por países desenvolvidos, os quais
defenderam energicamente o início imediato de medidas efetvas objetvando a
alteração tanto da realidade atual quanto daquela futura que preocupantemente se
apresentava
A visão apresentada inicialmente no congresso cogitava até mesmo a adoção
do desenvolvimento zero a partr de então, encontrando tal proposta grande
resistência, sendo critcada por grande parte dos países partcipantes, uma vez que,
estando estes ainda em processo de desenvolvimento, defendiam o direito ao
progresso e crescimento econômico
O evento contou com representantes de 113 países, 250 organizações não
governamentais e de organismos da ONU A conferência produziu a Declaração
sobre o Meio Ambiente Humano, uma declaração de princípios comportamentais e
de responsabilidade que deveriam governar as decisões concernentes ao meio
ambiente
A conferência reconheceu a importância do gerenciamento ambiental e o uso
da avaliação ambiental como uma ferramenta de gestão e representou um grande
passo àr elaboração do conceito de desenvolvimento sustentável
Foi responsável pelo início da busca pela coexistência entre meio ambiente e
desenvolvimento, deixando claro que os rumos do desenvolvimento econômico
deveriam sofrer mudanças, iniciando a crítca ambientalista ao modo de vida atual
Ocorreram então, àr época, os primeiros passos rumo àr preservação ambiental
e àr conscientzação mundial acerca da importância do meio ambiente ao homem e
ao futuro do planeta
Com o passar dos anos a realidade gradatvamente tornou-se mais favorável àr
qualidade ambiental, uma vez que, ora por pressões internacionais, ora por real
ponderação crítca, os países passaram a estabelecer normas legais e programas de
governo objetvando a preservação do meio ambiente e o uso responsável de
recursos naturais
Apesar de tal evolução, seus resultados prátcos foram mínimos, uma vez que
a produção, a exploração ambiental e o consumo cresceram imensamente, causando
a contnua degradação do meio ambiente e consequentes violações da legislação
ambiental, ora pela aposta na inefciência punitva do Estado, ora pela crença em ser
a afronta legal um risco inerente àr atvidade lucratva
Infelizmente pequenas melhorias ocorridas ao longo dos anos rapidamente
foram anuladas pelo agigantamento de violações degradantes ao meio ambiente
A partr de Estocolmo – 1972, outros eventos e documentos de importância
internacional foram produzidos, como:

1987 – Documento “Our Common Future – Nosso Futuro Comum”: Conhecido


como Relatório de Brundtland, responsável pela, dentre outras, defnição padrão
aceita atualmente sobre desenvolvimento sustentável:

“( ) o desenvolvimento que satsfaz as necessidades presentes, sem


comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias
necessidades ”

1992 – Eco 92 ou Rio 92: Conferência realizada no Brasil que teve como
característcas o interesse crítco sobre os modelos de desenvolvimento adotados
pelo mundo e a discussão sobre a implementação de padrões de desenvolvimento
sustentável em países em desenvolvimento por intermédio da colaboração daqueles
considerados desenvolvidos Os dois principais documentos produzidos pela
conferência foram a Carta da Terra, uma declaração de princípios fundamentais para
a construção de uma sociedade melhor para este século e a Agenda 21, documento
que busca apresentar e convocar os governos nacionais, regionais e locais pela
implementação de programas, atvidades e ações que visem o desenvolvimento
sustentável
1998 – Protocolo de Quioto: Um tratado assinado entre países com o objetvo
de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa a médio prazo, tendo
entrado em vigor a partr de 2005, com a adesão da Rússia, totalizando assim 55
nações signatárias correspondentes a 55% das emissões mundiais

2002 – Rio +10: Uma conferência realizada na África do Sul, que teve como
objetvo discutr as propostas apresentadas 10 anos antes na Rio-92 e
principalmente buscar implementar tanto junto aos governos quanto aos cidadãos
questões ligadas àr Agenda 21

2011 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climátcas: Realizada


em Durban, África do Sul, teve como principal objetvo a reunião de nações para se
rediscutr novas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa no meio
ambiente

2012 – Rio +20: Realizada em Rio de Janeiro, teve como objetvo iniciar e
desenvolver novas discussões sobre o compromisso de nações mundiais com o
desenvolvimento sustentável

2015 – Acordo de Paris: Ao contrário do Protocolo de Kyoto, que se baseava


na obrigatoriedade de redução das emissões de gases estufa aos países
desenvolvidos, o Acordo de Paris quer envolver todas as nações na redução de
emissões e incentvar as ações voluntárias e a transparência O início da vigência se
deu em 2016 Os EUA iniciaram o processo para deixar o Acordo de Paris em 2017
De acordo com o prazo estpulado pelo documento, a saída será concretzada em
novembro de 2020
2.2. A REALIDADE AMBIENTAL ATUAL

A realidade atual demonstra a persistente necessidade por mudanças


socioeconômicas em todo o planeta para que se possa falar efetvamente em
preservação ambiental e garanta da satsfatória qualidade de vida da atual e das
futuras gerações

Os problemas energétcos mundiais estão enraizados e, pelo que tudo indica,


em pouco tempo se manifestarão de forma acentuada Apesar de buscas
alternatvas e especulações, o petróleo contnua sendo o meio energétco com maior
demanda e principal fonte do desenvolvimento Trata-se de um recurso fnito e que
a cada dia menos se tem

Apesar de muito se falar sobre meios energétcos alternatvos e renováveis, o


petróleo contnua sendo a força motriz da economia mundial Sem ele, hoje, o
mundo pratcamente estagnaria

Nos últmos anos, algumas formas alternatvas de energia tem se destacado


no mercado, como possíveis e fortes candidatas com potencial a substtuir o
petróleo em um futuro próximo, não por opção, mas por necessidade, tendo em
vista a fnitude do meio fóssil e seu alto impacto ambiental

Vale o destaque em solo brasileiro para a energia solar fotovoltaica O Brasil é


uma nação com um sólido potencial em geração deste tpo de energia, tendo em
vista sua localização no globo e as grandes taxas de incidência da luz solar ao longo
do ano

Segundo os dados da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA),


o mundo já possui mais capacidade instalada de energia solar e eólica,
juntas, que de hidrelétricas A geração elétrica é uma necessidade da
civilização humana e, dentre as tecnologias movidas por fontes de energia
renováveis, a geração hídrica sempre manteve a liderança do segmento Em
2019, 47% de toda a energia renovável consumida no mundo foi produzida
pela força das águas, quase o dobro da segunda colocada, a eólica, com
25% (FONTES, 2021)

A pobreza é outro fator que gera um ciclo degeneratvo frente ao meio


ambiente Uma sociedade com alto índice de pobreza poluí e danifca mais e,
consequentemente, torna-se mais pobre e com menos recursos para sua saudável
qualidade de vida

Segundo a ONU (NAÇÕES UNIDAS, 2019):

Após décadas de declínio constante, a tendência da fome no mundo, que é


medida pela prevalência da desnutrição, foi revertda em 2015 Nos últmos
três anos, as taxas permaneceram pratcamente inalteradas em um nível
ligeiramente abaixo de 11% No entanto, o número de pessoas atngidas
pela fome aumentou lentamente Como resultado, mais de 820 milhões de
pessoas no mundo ainda passavam fome em 2018, ressaltando o imenso
desafo de atngir a meta do Fome eero até 2030

(…)

Número de pessoas com fome no mundo em 2018: 821,6 milhões (ou uma
em 9 pessoas) Na Ásia: 513,9 milhões Na África: 256,1 milhões Na
América Latna e no Caribe: 42,5 milhões

Número de insegurança alimentar moderada ou grave: 2 bilhões (26,4%)


Bebês que nasceram abaixo do peso: 20,5 milhões (um em sete) Crianças
menores de cinco anos afetadas por estatura baixa (baixa estatura para
idade): 148,9 milhões (21,9%)

Crianças menores de 5 anos afetadas por “desperdício” (peso baixo em


relação àr altura): 49,5 milhões (7,3%)

Crianças com menos de cinco anos que estão acima do peso (alto peso por
altura): 40 milhões (5,9%)

Desde que passou a atuar sobre a natureza, o homem tem agido cada vez
mais invasivamente sobre a vegetação Em decorrência do crescimento
populacional, as forestas são diariamente afetadas pela ação humana, seja para
assentar suas moradias, para o cultvo de alimentos ou para atvidades ligadas àr
pecuária Tanto a ocupação quanto o cultvo de alimentos e a pecuária foram e
contnuam sendo realizados sem o devido planejamento ambiental, causando
grandes impactos aos ecossistemas planetários
As queimadas, por exemplo, são grandes fatores não só de destruição de
forestas, mas também responsáveis pela emissão de gases em altssimas
quantdades, os quais prejudicam a saúde humana e também a existência biótca O
fogo afeta o ar, a água, os animais, e outros elementos, como os nutrientes contdos
no solo que a cada queimada são reduzidos drastcamente
A Amazônia e o Pantanal, por exemplo, são dois biomas localizados no Brasil
que sofrem ao longo dos anos com queimadas Gigantescas áreas sucumbem-se ao
fogo em decorrência de incêndios criminosos para liberação de terras, pastagens,
campos de mineração, etc
A água contda no planeta sempre esteve presente na mesma quantdade; a
questão é que o mesmo não ocorre com a água potável, garantdora da
sobrevivência humana Se atualmente o petróleo, fonte energétca, é objeto de
disputa polítca, econômica e até mesmo bélica, o que acontecerá com a água,
elemento sem o qual não há vida?
A maioria dos rios mundiais está diminuindo seu fuxo A quantdade de água
disponível para consumo humano está cada vez menor, tornando-se diminuta
devido ao mal planejamento e àr ausência de polítcas efetvas de gerenciamento de
recursos hídricos em todo o mundo
Some-se a isso o crescimento assustador da população mundial Até pouco
tempo o número era de seis bilhões, agora já ultrapassa a marca dos sete
aproximando-se aos oito bilhões de viventes 2
E, como se não bastasse, há o uso desordenado do solo, o que acarreta na
degradação dos reservatórios e aquíferos
Diariamente, o número de pessoas viventes no mundo cresce O mesmo não
ocorre com a oferta de alimentos, o acesso a hospitais, escolas, etc Há ainda, por
motvos culturais, étcos e religiosos, determinados “tabus” estabelecidos no que diz
respeito ao controle de natalidade, o que colabora efetvamente àr majoração
populacional
O crescimento populacional está intmamente ligado àrs possibilidades de
renda e aos níveis de pobreza da população O acesso a oportunidades garantdoras
de uma vida qualifcada, com possibilidades de acesso a serviços de saneamento
básico, saúde gratuita, educação e alimentação adequada, exerce fundamental
alteração na taxa de natalidade
Do ponto de vista pragmátco o grande problema futuro do crescimento
populacional frente ao meio ambiente será as faltas de alimentos e recursos
naturais, as quais serão ocasionadas pela má distribuição e por um sistema de
acesso defciente, culminando em pessoas com acesso a muito e outras com acesso
a nada, a exemplo do que já ocorre, porém em uma escala muito maior em uma
projeção futura

2 A informação tem como base sistema Worldometers, responsável por apresentar em tempo real as estimativas
acerca da população mundial em números. Os dados podem ser acessados através do site www.worldometers.info.
O lixo é outro grande problema Nas cidades brasileiras a maioria dos lixões é
a “céu aberto” Em termos de reaproveitamento e reciclagem de matéria-prima, o
alumínio é o que representa os melhores resultados no Brasil, com bons, porém
ainda não satsfatórios índices de reaproveitamento O mundo produz muito lixo
Tudo que seja descartado pelo homem como não sendo proveitoso é lixo Como a
maioria da população brasileira vive nas cidades, a destnação adequada do lixo se
torna um dos maiores problemas ambientais urbanos da atualidade
Saneamento básico também é fator determinante que incide diretamente na
vida humana e na qualidade do meio ambiente No Brasil, a grande maioria dos
dejetos são diretamente liberados em cursos d'água O não investmento em
saneamento básico por parte do Poder Público não tem respaldo, uma vez que a
cada parte investda em saneamento quatro outras partes são economizadas com a
prevenção de doenças que requerem internações
Há um grandioso número de localidades e pessoas que não possuem acesso a
serviços básicos de saneamento Embora possa parecer uma realidade distante dos
grandes centros, a falta de saneamento básico está presente em todo o território
nacional, seja em pontos isolados ou lugares singulares dentro de aglomerações
urbanas, como favelas, por exemplo, seja em cidades e povoados distantes das
capitais e grandes centros, no litoral ou interior
Dados do SNIS - 20193 apontam que 54,1% dos brasileiros têm acesso àr coleta
de esgoto, ou seja, 45,9% estão desassistdos, totalizando aproximadamente 100
milhões de brasileiros e cerca de 13 milhões de crianças e adolescentes não têm
acesso ao saneamento básico4
Quando o assunto são as grandes cidades, o IBGE informa que 36 municípios
nas 100 maiores cidades do país têm menos de 60% da população com coleta de
esgoto 5

3 Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS 2019.


4 Ranking do Saneamento 2019 – Instituto Trata Brasil.
5 Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2017 – IBGE.
O clima é fator de grande discussão Como conciliar a redução da emissão de
gases poluentes, responsáveis por sérias alterações climátcas, sem, contudo, frear
os motores da produção industrial? Trata-se de uma preocupação mundial que,
embora muito se discuta, pouco tem sido feito Ainda que a ideia e a ameaça já
tenha se fxado como uma verdade atual e com a certeza de uma maior gravidade no
futuro, muitos países, empresas e pessoas enfrentam o assunto pautando-se de
acordo com seus interesses privados, com vistas ao lucro e ao crescimento
econômico de forma irresponsável
Outro ponto a ser tocado é o desperdício A cultura popular brasileira,
independente de classe social, aborda o desperdício com certa normalidade,
tratando-o como decorrência do consumo
O desperdício de água no Brasil começa antes mesmo desta chegar àrs
instalações fsicas do consumidor fnal Em média 39,2% se perde entre a estação de
tratamento e o hidrômetro de cada casa, totalizando um prejuízo anual segundo o
Insttuto Trata Brasil, citando o SNIS 20196
O desperdício é uma constante presente em todos os níveis da sociedade e,
em muitos casos, é embasado por fatores culturais que, apesar de suas
característcas tradicionais, devem ser modifcados tendo em vista o bem comum
Como se não bastasse, o desperdício, quando aliado àr má distribuição, causa
problemas ainda maiores
O mundo consome atualmente recursos naturais além do limite de reposição
ambiental do planeta, ou seja, todo os anos o planeta está em prejuízo ambiental,
uma vez que se extrai mais que a sua capacidade de regeneração A sociedade
atngiu patamares de consumo e degradação ambiental que nem mesmo a natureza
consegue suportar
O estudo denominado “The importance of resource security for poverty
eradicaton” (WACKERNAGEL et al , 2021), em tradução literal “A importância da

6 Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS 2019.


segurança dos recursos para a erradicação da pobreza”, apresenta importantes
informações sobre a questão, como:

Descobrimos que um número crescente de pessoas vive em países com


défcits de biocapacidade e renda abaixo da média A baixa renda impede a
capacidade dessas economias de competr pelos recursos necessários no
mercado global Em 2017, 72% da humanidade vivia nesses países Esta
tendência não apenas corrói suas possibilidades de manter o progresso,
mas também elimina suas chances de erradicar a pobreza, uma situação
que chamamos de "armadilha da pobreza ecológica"

Alguns exemplos podem ser trazidos para apresentar os altos níveis de


consumo de recursos naturais nos dias atuais Os Estados Unidos da América
possuem um número de pessoas que corresponde aproximadamente a 4,2% da
população mundial, porém é responsável por um nível gigantesco de consumo de
recursos naturais
Segundo artgo publicado pela Revista IHU Online, do Insttuto Humanitas
Unisinos, inttulado “EUA Cinco planetas para um ano de consumo A partr de hoje,
a humanidade vive a crédito” (LANGER, 2019):

Se toda a população mundial vivesse como a dos Estados Unidos, seriam


necessários 5 planetas Terra para um ano de consumo, 3,2 para a Rússia, 3
para a Alemanha, 2,2 para a China, mas apenas 0,7 se a humanidade
vivesse sincronizada com a população da Índia Em média, estma-se que
seria necessário 1,75 planeta para satsfazer as necessidades anuais da
população mundial

(…)
Para a França, o cálculo mostra que seriam necessários 2,7 planetas se toda
a população mundial adotasse o nosso estlo de vida

São dados e informações assustadoras e que demonstram o tamanho das


desigualdades presentes no planeta, seja de disponibilidade de recursos, seja dos
meios para se ter acesso a tais recursos A média mundial, como referido, é de 1,75
planeta Em outras palavras, o planeta todo ano perde recursos naturais mesmo em
seu nível máximo de regeneração natural e com as atuais tmidas prátcas visando a
preservação e o desenvolvimento sustentável
Com a industrialização e a concentração dos fatores industriais e produtvos
nos centros urbanos, as pessoas – tanto do meio rural quanto de regiões pouco
desenvolvidas – passaram a migrar para os grandes centros Uma grande
aglomeração em um curto espaço de tempo impossibilita ao Poder Público a
execução do planejamento necessário nas áreas a serem ocupadas, ocasionando a
formação de bairros subdesenvolvidos e comunidades sem qualquer planejamento
urbano e social, os quais contribuem signifcatvamente àr degradação ambiental
urbana
A falta de planejamento resulta no pior Muitas áreas inabitáveis são
ocupadas, como encostas de grandes desfladeiros, planícies de inundação e áreas
de preservação permanente, o que torna tais ocupações totalmente sujeitas a
catástrofes e em desconformidade com a lei
O solo das cidades torna-se cada vez menos permeável devido a sua
compactação e àrs formas de pavimentação, uma barreira defnitva ao ciclo natural
das águas pluviais, impedindo que estas atnjam os lençóis freátcos, reduzindo
assim a quantdade das reservas de água doce subterrânea, aumentando a
quantdade de água sobre o solo, gerando grandes inundações
A poluição sonora em grandes centros é tão evidente que muitas vezes a
tranquilidade torna-se inviável
Outro tpo de poluição pouco difundida é a visual Esta também contribuí àr
deterioração da saúde humana por meio de anúncios, placas, avisos, etc, sendo
responsável, por exemplo, pelo aumento do estresse nas pessoas
A realidade ambiental no mundo como um todo é crítca Cada região do
globo possuí seus problemas ambientais que, dado o dinamismo das relações
biótcas e abiótcas e a integração dos ecossistemas e da vida como um todo, se
apresentam como problemas globais e se encontram interligados
Diariamente a demanda por recursos naturais cresce A expansão da
economia mundial de forma irresponsável, aliada ao crescimento populacional
desenfreado, traduz-se em sérias ameaças ao meio ambiente e consequentemente àr
humanidade Enquanto a demanda cresce, a distribuição de recursos se torna cada
dia mais inadequada e desigual, privando muitos do básico e necessário
O clima, o solo, as forestas, a fora, a fauna, as águas, dentre outros
elementos, são constantemente objetos de discussão em eventos por todo o
mundo, promovidos ora por organizações internacionais, ora por governos e até
mesmo entdades privadas, buscando-se chegar a denominadores comuns e meios
viáveis de ajustamento de conduta para evitar que uma crise ambiental sem
precedentes se instaure
Todavia, na grande maioria dos casos, os resultados sequer chegam a tocar os
patamares necessários àr redução dos danos ao meio ambiente ou àr melhoria da
qualidade ambiental atual Algumas metas jamais são atngidas Quando alguns
países, tdos como grandes poluidores, frmam determinados acordos ambientais
internacionais, tais acordos são relegados a um patamar secundário e até mesmo
terciário dentro de suas polítcas econômicas e sociais

2.3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


As últmas décadas mostraram um ritmo desenvolvimentsta distorcido Tanto
o crescimento quanto o desenvolvimento econômico se pautaram por fatores
estritamente fnanceiros, produtvos e de mercado, não levando em consideração o
ambiental
Todavia, como já visto anteriormente, em certo momento a consciência
humana se deparou com uma assombrosa constatação: Os rumos produtvos e
econômicos que o mundo tomara prescreviam ao meio ambiente um futuro caótco
a médio e a longo prazos
Claro estava a necessidade de uma forma diferente de desenvolvimento
econômico em todo o planeta Não bastava apenas crescer economicamente, mas
sim garantr que crescimento e desenvolvimento se dessem com compromisso
ambiental Neste contexto o conceito de desenvolvimento sustentável foi defnido e
apresentado pelo Relatório Brundtland
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também
conhecida como Comissão Brundtland, foi criada pela ONU e responsável, em 1987,
pela elaboração de um documento inttulado “Nosso Futuro Comum”

Quanto ao cenário internacional, em 1983, a Assembleia Geral das Nações


Unidas aprovou a criação da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento Humano, tendo sido designada como presidente a então
a Primeira Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland

O relatório elaborado pela Comissão, denominado “Nosso Futuro Comum”,


forneceu os lineamentos e os indicadores preparatórios para a Conferência
de Cúpula de 1992, realizada no Rio de Janeiro, de forma que trazia as
bases para a inserção do desenvolvimento sustentável na construção dos
textos dos diversos documentos frmados e compromissos assumidos pelos
Estados que partciparam da reunião de Cúpula e para aqueles que
assinaram os acordos nos tratados aprovados (JAPIASSÚ; GUERRA 2017,
p 1889)
O documento apresentou a proposta de integrar a questão ambiental no
desenvolvimento econômico, surgindo não apenas um novo termo, mas uma nova
forma de progredir O Relatório Brundtland, como é conhecido, indicou algumas
medidas a serem tomadas pelos governos nacionais:

a) Limitar do crescimento populacional;


b) Garanta de alimentação em longo prazo;
c) Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
d) Diminuir o consumo de energia e promover o desenvolvimento de
tecnologias que admitam o uso de fontes energétcas renováveis;
e) Aumentar a produção industrial nos países não-industrializados àr base de
tecnologias ecologicamente adaptadas;
f) Controlar a urbanização selvagem e integração entre campo e cidades
menores
Indicou também algumas medidas a serem implementadas no âmbito
internacional:
g) As organizações de desenvolvimento devem adaptar uma estratégia de
desenvolvimento sustentável;
h) A comunidade internacional deve proteger os ecossistemas supranacionais
como a Antárctca, os oceanos e o espaço;
i) Que as guerras devem ser banidas e que a ONU deve implantar um
programa de desenvolvimento sustentável

Extraiu-se, a partr de todo o relatado e todas as informações discutdas, a


defnição de desenvolvimento sustentável como sendo o modelo de
desenvolvimento que procura satsfazer as necessidades da geração atual, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satsfazerem as suas próprias
necessidades
Em outras palavras, tanto as pessoas da atual geração quanto aquelas das
próximas gerações, possam fazer uso de recursos naturais de modo a satsfazer suas
necessidades nos diversos campos do cotdiano, como saúde, alimentação,
transportes, bem-estar, etc, sem, comprometer a disponibilidade dos recursos
essenciais a este modo de vida
Não podemos falar em desenvolvimento sustentável, em sustentabilidade,
apeanas recebendo o conceito como sendo um conceito ligado ao meio ambiente, e
nada mais Desenvolvimento sustentável é um leque que abrange diversas e
pratcamente todas as áreas do cotdiano Apresentamos os principais enfoques:

a. Sustentabilidade ambiental: Consiste na manutenção da qualidade do meio


ambiente em seu estado de equilíbrio, sem causar prejuízos a todos os elementos
que, de forma conjunta ou singular, formam o meio natural Biomas, fauna, fora,
solo, ar, água, são exemplos de elementos que devem ser preservados e ter sua
qualidade mantda em níveis essenciais àr qualidade de vida sadia das pessoas
Assim, falar em sustentabilidade ambiental é falar em preservação do meio
ambiente, em suas mais diversas formas, desde evitando o corte ilegal de madeira
ou a ocorrência de queimadas em matas, até o desenvolvimento de prátcas e
processos produtvos dentro de empresas e corporações visando o menor consumo
de recursos e a correta destnação dos resíduos provenientes de suas atvidades

b. Sustentabilidade econômica: É a abordagem em que o fator econômico


entra em consideração quando busca-se o desenvolvimento A sustentabilidade
econômica diz respeito àr abordagem da economia e dos fatores que a integram,
como lucro e custos, sob um enfoque que leva-se em consideração a questão
ambiental e a questão sustentável
A sustentabilidade econômica busca proporcionar àrs organizações que atuam
na sociedade, principalmente empresárias e que movimentam fatores de produção,
serviços, etc, garantas de permanência e sobrevivência no mercado e em seu meio
de atuação, aproveitando-se os inúmeros benefcios econômicos que o correto
relacionamento com o meio ambiente e a abordagem responsável frente aos
recursos naturais proporcionam

c. Sustentabilidade sociopolítca: A sustentabilidade sociopolítca busca uma


sociedade e seus meios existenciais em plenitude, buscando-se humanizar a
economia, maximizando os benefcios das atvidades econômicas e de mercado ao
meio social, desenvolvendo-se métodos, meios e programas que impactem de forma
positva e desenvolvimentsta as pessoas
Neste aspecto, podemos trazer a sustentabilidade ambiental como um fator
inerente também àr sociopolítca, uma vez que a preservação ambiental pode
impactar de forma direta na qualidade de vida das pessoas, como, por exemplo,
gerando emprego e renda e novas oportunidades de mercado
Faz-se necessário mencionar dois documentos programátcos e importantes
nesta nova realidade econômica que se busca e se demonstra cogente A Agenda 21
e os Objetvos do Desenvolvimento Sustentável
O primeiro programa, um documento/declaração denominado Agenda 21, é
um projeto de ação, um plano de empreitada desenvolvido nos níveis global,
nacional e local visando a adoção de prátcas ambientais, econômicas, humanas e
sociais que visem a garanta da melhoria e manutenção da qualidade de vida das
pessoas de todo o mundo
Trata-se de um documento ambicioso e que, em sua publicação original, traça
metas globais Sua origem se deu em um evento da ONU realizado no Rio de Janeiro
em 1992 Este evento fcou conhecido como Rio-92 ou Eco-92
O evento proporcionou a aprovação de cinco documentos visando se
tornarem um norte, um paradigma de atuação nos campos da sociedade como
polítco, de governo, empresarial, econômico, organizações da sociedade, etc Estes
cinco documentos foram: A) Convenção sobre Diversidade Biológica B) Convenção
Quadro sobre Mudança de Clima C) Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento D) Declaração sobre Conservação e Uso Sustentável
de todos os tpos de Florestas e E) Agenda 21

Um grande resultado da Rio-92 foi o de disseminar as noções de


sustentabilidade e de diversidade, entre outros valores necessários àr
construção de sociedades justas e responsáveis, do ponto de vista
ambiental e social Um refexo dessa disseminação é, sem dúvida, a
apropriação de expressões, por variados segmentos e lideranças
considerando que os instrumentos da Rio-92, especialmente as convenções
e a Agenda 21, não são "produtos" estátcos, mas devem ser vistos como
processos ou regimes para a sustentabilidade, e, portanto, devem evoluir
ao longo dos anos Eles estão infuenciando, e infuenciarão ainda mais,
outros processos e documentos de polítcas e programas públicos e
privados, globais, nacionais e locais (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,
200?)

Os Objetvos do Desenvolvimento Sustentável – ODS são um conjunto de


objetvos propostos pela Organização das Nações Unidas – ONU aclamatvos e que
buscam fomentar ações em todo o mundo, por países, governos, empresas,
organizações, etc, visando acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o
clima e garantr que as pessoas, de qualquer nacionalidade ou localidade do planeta,
possam desfrutar de paz e de prosperidade, com metas que se alongam até o ano de
2030
Essas ações deverão estar relacionadas àrs cinco áreas de importância (ou 5
Ps) indicadas pela Agenda 2030: Pessoas – erradicar a pobreza e a fome de
todas as maneiras e garantr a dignidade e a igualdade; Prosperidade –
garantr vidas prósperas e plenas, em harmonia com a natureza; Paz –
promover sociedades pacífcas, justas e inclusivas; Parcerias – implementar
a agenda por meio de parcerias sólidas; e Planeta – proteger os recursos
naturais e o clima do nosso planeta para as gerações futuras
(CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS - CNM, 2017)

Os referidos objetvos abordam temas essenciais e superlatvos àr realidade


atual São eles:

(…) pôr fm àr pobreza e àr fome, em todas as suas formas, e estmular uma


agricultura sustentável (ODS 1 e 2), garantr uma vida saudável e promover
bem-estar a todo(a)s (ODS 3), garantr uma educação que inclua a todo(a)s,
equitatva e de qualidade, e prover oportunidades de aprendizagem
durante toda a vida para todo(a)s (ODS 4), alcançar a igualdade entre
homens e mulheres (ODS 5), garantr acesso a água e saneamento para
todo(a)s (ODS 6), garantr acesso àr energia limpa (ODS 7), garantr trabalho
decente e crescimento econômico sustentável (ODS 8), promover o
desenvolvimento da indústria, fomentar a inovação e garantr
infraestrutura (ODS 9), reduzir as desigualdades no país (ODS 10), garantr
que as cidades e os assentamentos humanos sejam seguros, inclusivos,
sustentáveis (ODS 11), garantr modalidades de consumo e produção
sustentáveis (ODS 12), adotar medidas para combater as mudanças do
clima e seus efeitos (ODS 13), conservar e usar de forma sustentável os
oceanos, mares e recursos marinhos (ODS 14), proteger a vida sobre a terra
(ODS 15), promover sociedades pacífcas e inclusivas e garantr a justça
para todo(a)s (ODS 16) e, fnalmente, fortalecer os meios de
implementação, usar dados abertos e estatstcas e revitalizar alianças e
parcerias (ODS 17) (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS - CNM,
2017)
2.4. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CORPORATIVO

No ambiente corporatvo a sustentabilidade, muitas vezes confundida com


responsabilidade ambiental, tem se tornado uma realidade crescente Com o passar
do tempo, as empresas passaram a encarar investmentos na área não somente
como gastos visando o cumprimento da legislação vigente
De fato, com o aumento da conscientzação social sobre a importância de se
preservar o meio ambiente, as pessoas passaram a encarar tais prátcas como um
diferencial de mercado a ser levado em conta na hora da decisão em adquirir ou não
determinado produto ou serviço

Em um momento onde a problemátca ambiental ganhou enorme destaque


internacional e diversos eventos ocorreram para se discutr o futuro do
planeta, a década de 1990 foi marcada pela criação do World Business
Council for Sustainable Development (WDCSD) ou Conselho Empresarial
Mundial para o Desenvolvimento Sustentável A rede que, existe até hoje,
tem por objetvo discutr estratégias ligadas ao desenvolvimento
sustentável e é regida por um Conselho formado por empresas membros
do CEO e seus respectvos representantes Os membros do Comitê
Executvo, incluindo o Presidente e quatro Vice-Presidentes, são eleitos por
um período de dois anos pelo Conselho Já a responsabilidade pela gestão
do WBCSD encontra-se com o Presidente, com base na sede em Genebra, e
é assistda por um secretariado pessoal O comitê executvo e seus
respectvos líderes empresariais se reúnem três vezes no ano para analisar,
debater e trocar opiniões e experiências acerca do tão propagado
desenvolvimento sustentável (ROSA, 2013)

O movimento pró-desenvolvimento sustentável ganhou força nos últmos anos


dentro das organizações empresariais do mundo todo, porém não por uma iniciatva
altruísta ou como um sinal de mudança por questões de flosofa da própria
empresa
Tal movimento, embora ainda incipiente, teve como força impulsionadora,
primeiramente, e de uma forma mais tmida, a mudança na legislação de muitas
nações e, de uma forma mais robusta o surgimento de uma crescente demanda pela
social esperando e até mesmo exigindo que as empresas se pautassem de uma
forma minimamente responsável para com os meios social e ambiental, tanto na
disponibilização e no oferecimento de produtos e serviços de baixo impacto
ambiental, quanto na adoção de procedimentos e prátcas ambientalmente
responsáveis internamente na produção, gestão, etc, e também na busca por
fornecedores e relacionamentos de igual forma ambientalmente responsáveis
Ao longo dos anos, as empresas passaram a buscar, de uma forma tmida,
algum destaque no mercado como sendo empresas com prátcas ambientalmente
responsáveis, tendo em tal o único fundamento de se buscar uma nova fata do
mercado, abracar aquelas pessoas que já visualizavam a necessidade em se buscar
um consumo consciente
Porém, o mercado gradatvamente iniciou uma mudança, com um grandioso
aumento ao longo das décadas e anos, da busca por soluções sustentáveis no
mercado e também na exigência, mesmo que tácita, por empresas e organizações
frmes e proatvas na preservação ambiental
Sustentabilidade, por ser uma temátca tão ampla e multdisciplinar, tornou-se
um universo disperso e, em muitos casos, impreciso As organizações buscavam ser
ou se declaravam sustentáveis acreditando que pequenas prátcas ou ações fossem
sufcientes, ou então não haviam certezas sobre como adotar e o que adotar para
ser uma organização sustentável, ou então ter um setor ou produto sustentáveis
Assim, na seara internacional surgiram e foram propostos padrões e métodos
visando uniformizar e otmizar processos internos de empresas e organizações tendo
em vista o atendimento aos princípios e objetvos pró-sustentabilidade
Um exemplo são as normas ISO diretamente relacionadas a prátcas
ambientais, como a ISO 14 001 e a ISO 26 000 Tais normas, a primeira certfcável, a
segunda não, são responsáveis por apresentar e sugerir formas de se desenvolver
sistemas internos de gestão ambiental e de responsabilidade social,
respectvamente
O futuro da economia sustentável e do ambienta corporatvo é incerto e, para
um painel otmista, faz-se necessário o aumento do nível de implementação de
prátcas sustentáveis realmente efetvas dentro das empresas
Já, nos últmos anos, as bolsas de valores ao redor do mundo desenvolveram
índices para empresas sustentáveis, ou seja, empresas que implementassem de
forma efetva e com resultados mensuráveis prátcas sustentáveis
Neste mesmo sentdo, grandes fundos de investmentos passaram a incentvar
e aconselhar investmentos responsáveis, ou seja, que o dinheiro dos investdores
fosse “colocado” preferencialmente em empresas com reais prátcas ambientais e de
sustentabilidade, em detrimento àrquelas com prátcas danosas àr natureza
Um exemplo paradigmátco foi o posicionamento da BlackRock, a maior
empresa gestora de investmentos do mundo, sendo responsável por trilhões de
dólares sob sua custódia, líder mundial no setor, em sua carta aberta aos
investdores e àr sociedade, por meio de seu líder Lary Fink (FINK, 2021):

Este é o motvo por que eu escrevo para vocês todos os anos, procurando
destacar os temas que são fundamentais para a criação de valor de forma
duradoura; temas como gestão de capital, estratégias de longo prazo,
propósito e mudanças climátcas Há muito, acreditamos que nossos
clientes, na qualidade de acionistas de sua empresa, serão benefciados se
vocês conseguirem criar valor duradouro e sustentável para todos os seus
stakeholders

(…)
De janeiro a novembro de 2020, os investdores em fundos mútuos e ETFs
investram US$ 288 bilhões globalmente em atvos sustentáveis, um
aumento de 96% em relação ao ano todo de 2019 1 Creio que este é o
início de uma transição longa, mas que deve se acelerar rapidamente –
uma que irá se desenrolar durante muitos anos e reconfgurar os preços
dos atvos de todos os tpos Sabemos que o risco climátco é um risco de
investmento Mas também acreditamos que a transição climátca
representa uma oportunidade histórica de investmento

(…)

Um elemento essencial para esta transição tem sido a crescente


disponibilidade e acessibilidade das opções de investmento sustentáveis
Não faz muito tempo, a construção de um portólio com consciência
climátca era um processo extremamente penoso, acessível apenas aos
maiores investdores Mas a criação de investmentos em índices
sustentáveis permitu uma massiva aceleração de capitais em direção àrs
empresas melhor preparadas para endereçar o risco climátco

(…)

Hoje, estamos no limiar de outra transformação Tecnologias e dados


melhores estão permitndo aos gestores de recursos oferecer portólios
personalizados com índices para um grupo muito mais amplo de pessoas -
outro recurso ora reservado aos grandes investdores À medida que mais e
mais investdores optem por direcionar seus investmentos a empresas
focadas na sustentabilidade, isso vai acelerar ainda mais os movimentos
tectônicos que estamos presenciando E porque isso terá um impacto tão
drástco na maneira como capitais são alocados, cada gestor e conselho de
administração irá precisar considerar como isso impactará as ações da sua
empresa
A bolsa brasileira B3 possuí seu índice de sustentabilidade, onde são listadas
empresas com consideradas sólidas ações e programas de sustentabilidade no
mercado Em seu site, a organização apresenta o objetvo do índice como:

Apoiar os investdores na tomada de decisão de investmento e induzir as


empresas a adotarem as melhores prátcas de sustentabilidade, uma vez
que as prátcas ESG (Ambiental, Social e de Governança Corporatva, na
sigla em inglês) contribuem para a perenidade dos negócios (B3, 201?)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRUNDTLAN, G H Report of the World Commission on Environment and Development: Our Common Future
United Natons, 1987 Disponível em: <htps://sustainabledevelopment un org/content/documents/5987our-common-
future pdf> Acesso em: 12 jul 2021

FONTES, R F H A Ascensão das Novas Fontes de Energia Renováveis mar 2021 Disponível em:
<htps://www inbs com br/a-ascensao-das-novas-fontes-de-energia-renovaveis> Acesso em: 11 jul 2021

_______ Brasil tem um dos mercados de energia solar mais atratvos maio 2021 Disponível em:
<htps://www inbs com br/brasil-tem-um-dos-mercados-de-energia-solar-mais-atratvos-aponta-relatorio/> Acesso
em: 12 jul 2021

INSTITUTO TRATA BRASIL Ranking do Saneamento, 2019 Disponível em:


<htp://www tratabrasil org br/estudos/estudos-itb/itb/ranking-do-saneamento-2019> Acesso em: 12 de julho de
2021

LAGO, A A C Estocolmo, Rio, Joanesburgo: O Brasil e as Três Conferências Ambientais das Nações Unidas
2006 Disponível em: <htp://funag gov br/loja/download/903-Estocolmo_Rio_Joanesburgo pdf> Acesso em: 12 jul
2021

LENGEL, E G Tsar Bomba: The Largest Atomic Test in World History ago 2020 Disponível em:
<htps://www natonalww2museum org/war/artcles/tsar-bomba-largest-atomic-test-world-history> Acesso em: 12
jul 2021

MCCRACKEN, Grant Cultura e Consumo: Uma Explicação Teórica Da Estrutura e do Movimento do Signifcado
Cultural dos Bens de Consumo mar 2007 Disponível em: <htps://www scielo br/j/rae/a/v4jhqtDxxrkmsrSkmKyjM8p>
Acesso em: 12 jul 2021

MEADOWS, Donella H [et ali] Limites do crescimento: um relatório para o Projeto do Clube de Roma sobre o
dilema da humanidade Tradução Inês M F Lito São Paulo: Perspectva, 1973

NAÇÕES UNIDAS ONU: fome atnge mais de 820 milhões de pessoas no mundo jul 2029 Disponível em:
<htps://news un org/pt/story/2019/07/1680101> Acesso em: 12 jul 2021

SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SANEAMENTO Painel de informações sobre saneamento,


2019 Disponível em: <htp://www tratabrasil org br/saneamento/principais-estatstcas/no-brasil/esgoto> Acesso em:
12 de julho de 2021
B3 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), 201? Disponível em:
<htp://www b3 com br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-sustentabilidade/indice-de-sustentabilidade-
empresarial-ise htm> Acesso em: 12 de julho de 2021

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS – CNM Guia para Integração dos Objetvos do Desenvolvimento
Sustentável nos Municípios Brasileiros, 2017 Disponível em: <htp://portalods com br/wp-
content/uploads/2018/06/guia-integracao-ods-2017_red pdf3> Acesso em: 12 de julho de 2021

FINK, L Carta do Larry Fink aos CEOs BlackRock, 2021 Disponível em: <htps://www blackrock com/br/2021-
larry-fnk-ceo-leter> Acesso em: 12 de julho de 2021

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA PNSB - Pesquisa Nacional de Saneamento


Básico, 2019 Disponível em: <htps://biblioteca ibge gov br/visualizacao/livros/liv101734 pdf> Acesso em: 12 de julho
de 2021

JAPIASSÚ, C E ; GUERRA,I F 30 Anos do Relatório Brundtland: Nosso futuro Comum e o desenvolvimento


sustentável como diretriz consttucional brasileira Revista de Direito da Cidade, vol 09, nº 4 2017 Disponível em:
<htps://www e-publicacoes uerj br/index php/rdc/artcle/view/30287> Acesso em: 12 de julho de 2021

LANGER, A EUA Cinco planetas para um ano de consumo A partr de hoje, a humanidade vive a crédito
Revista IHU On-Line, 2019 Disponível em: <htp://www ihu unisinos br/591179-a-partr-de-hoje-a-humanidade-vive-a-
credito> Acesso em: 12 de julho de 2021

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE Agenda 21 e biodiversidade Caderno de Debate Agenda 21 e


Sustentabilidade, 200? Disponível em:
<htps://antgo mma gov br/estruturas/agenda21/_arquivos/CadernodeDebates9 pdf> Acesso em: 12 de julho de
2021

ROSA, T F O desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade no meio empresarial: Uma análise do conselho


empresarial brasileiro para o desenvolvimento sustentável Revista Eletrônica História, Natureza e Espaço v 4, n 1
2015 Disponível em: <htps://www e-publicacoes uerj br/index php/niesbf/artcle/view/25707/18281> Acesso em:
12 de julho de 2021

WACKERNAGEL, M et al The importance of resource security for poverty eradicaton, 2021 Disponível em:
<htps://www nature com/artcles/s41893-021-00708-4#Sec4> Acesso em: 12 de julho de 2021

You might also like