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‘errcees bara BRASIL. Lel 9394/96, Le/ de Diretrizes e Bases da Educacio ‘Nacional Da Educacdo infant Brasilia, dez/1996. CCONARCFE. Document Final dol Encontro Nacionalda Comisi0 Nacional de Reformulagio des Cursos de Formagao dos Educa dores Brasilia, 1988, in Coleti-nea de Documentos, 1988 _— Documento Final, IV Encontro Nacional, Comissio Nacionalde Reformulagio dos Cursos de Formacdo do Educador. Belo Horizon-te, 1989 — Documento Final, Encontro Nach-nal, Com/eso Nacional de FelormuatidesCusosdeFomagiodoti “ta Hoione, 90 DAHLERG, G.; MOSS, P. © PENCE, A. Qualidade na educaydo da erainfinca: perspecthaspés moderas Porto Alegre Ar, 56 DE COMO SER PROFESSOR SEM DAR AULAS NA ESCOLA DA INFANCIA! Danilo Russe ‘A quem me taz os flhos a fihas ‘A quem trabalha esta Escola da Infancia, ‘quem interessar, para que tome cncla CCumpro todos os anos um dever agradivel 20 ‘escrever este texto. um dever, na medida em que é umadas formas de prestar contas a voces de como ensino no corrente lano, dado o grupo concreto de meninos € meninas cujos pals depositaram conflanca em mim. Tem sido interessante © agradavel escrevé-lo desde quando decidi aprender a fazer Colncidir primeiramente os destinatarios e as destinatirias do discurso e, depols, a linguagem que uso para dizer as coisas de modo a parecerem claras, e de modo a fazer com {Que elas possam ser reconhecidas - espero na prética 1 que digo a voces fica para mim como 0 Unico ‘estemunho de reflexdo, através dos anos, sobre esse trabalho cos seus problemas (sempre a partir daqueles que me so Bropostos) aqui & 0 Gnico lugar onde deixo essa reflexao € hndo a escrevo para outras pessoas. 7 ‘eserémosa wives serdo os olhos de quem ja conheceu centers Neen eee tite ance fear trades « io tabla dome nese eee ea wont deal cata ‘temic staat com alacteato eo ea ‘fragile isso em nada me desagrada, es cn 38 ‘Tene 610504 WANG Perdoem-me por esta recapitulacdo de temas talvez previsives, ou importantes somente para mim. Mas € que, este: ano, ha um grande numero de interlocutores novos € Interlocutoras novas entre aqueles aquem este texto ¢dirigido. Fazem parte da minha turma 14 criancas que ndoa frequentavam antes?. Outras 3 frequentam desde janeiro? Somente 5, todos meninos, sao veteranas. Esta turma tem uma caracteristica peculiar em razo do riimero de meninos novos fede meninas novas que a freqdentam. Quando tenho, como este ano, uma turma substancialmente renovada e além disso, Jovem’ (mais da metade tem 3 anos) e masculin,o desafio de encontrar uma postura comum me aparece de forma mais fevidente, Assumo que, principalmente para as crancas reckm chegadas, pode valer desde logo um primeirocrittio {Que procuro seguir igo assim: um meni ou uma menina {ue entiaratutna deve aprendercomigoa sero responsive Delo seu tempo, porque eu, de um modo geal, no deco 0 Uso que cada crianca Tard dele. Com duas excecdes Signfcatvas-aprimetra €organizr no final odio material Sue fol usado. €a unica atvidade que chamo de trabalho. A Segunda & estar mesmo que #8 escutando) na Unica stuagao de grupo que eu dijo =e que no momento uso para una Astoria, Aida que cltwo & ade nao usar o dever como terreno de confronto que tenho com a crangada. De modo mals realist, aden concentra odeverfazeralgumacoisa {Pama part limitada du jornads das criangas © 68 relacS0 elas comigo, o que €esperado tambem pels menores. “ko mesmo tempo, procure minimizar os culdados comas necessiades fsclogicasContnuare todos 05 das, Smarr sapatos ea limpar nar. Mas, jadesde oprimelr dia ‘lo ico andando com ajarra de 4gua'na mao quem tem sede ‘io precisa me pedir agua, tem como pega e eu the ensino Como Nd colaco ameendacomo ita colt Tendo eu Como celebrane, dando a permissdo para comeca” afore” estas pouas horas, nd lem das 11 eexplic eas o porque ib eianeas escolhem see quando sata e junto com quem Jo banner nio vto em hori fixos poraue, para lor parte das cosas; € necessriosomente saber 9 caminho © eu Somente preciso saber quando tenho de providenciar thes 599 Tepe CRI DS ANCA aves : Agindo assim acredito liberar ndo somente tempo. Fenso que pate haver um ganho de qualidade cada ver ue hmenings eas menitas experimentam, pela auseaca Ge ua fidade cbrigntraIndcada por mim, a escolha entre as Cotsas possiveis Ge serem fete, Penso Que essa escola e todas a2 outas que el incl, que todos os dias preenche 3 2 4horas dav escolar de cada uma das cangos 6 alonge prazo,ormatva «especialmente no inicio quando case Interesse delas, cada “agdo™ cada pausa dure pouco, ov pouguissimo.€-ceramente, pode se tabahar (mina atte Sbuamenterabato pars trméincomotal dan Imes mas sem negara sua essencla espetando' pr tal, ‘Teno dots problemas quando renunco a define pararuitos meninos novos emeninas nova ome seu em po Seve se usado. Hau problema com quem ene acha Aitelescalherc esta emfestlo poraus prefers ajuda Sut, natragdes precisa, uma ordem simples ua: coves € as relabes: ou porque vé mutts e muitasconcorrstes: ou porquetemnaeagso com os a6uos-no roubar Ines atercdo, homegoclacom eles, 42 vezes naira. os terrenos prefers Ge conduta socal THE problema oposto com aque que nao tem renhumma hestado em allzaraiberdade, faz com praser ‘tas est longe de comorgender como pode exercia nut Smblent che declangasda mesma dade helo Je materials bara os quls thes proponho alguns mods de utllzttos ¢ orgs nes pois outes, Dlante das cranes nvas, simultaneamente estdo como modefo-0s seus presque 380 de casanessa tur, «stioamiarlzads camigo, com a egrasjaconnecdas, om 6 atvidades habituals que ele j& dominam, aos veteranos, ome todo primogénit sabe, peo pactencla nfinta para com 8518 novos vemos e mds Mas nd srouo a essa Cangas "enhur papel em rl rect chegadas. el que aos sou thos, els tim esse papel tambern eu Ines recone 50 {Uo logo percebo essa elacto aos ones das menoresporaue so “tambim estes -habltos de nosso escurs. Dianve de todas, smultaneamente, tem este cara ue soueu, que gostartade empurrarauem &timido.e aueme 60 ese me ANAR tmida ou quem esté intimidado ¢ intimidada, mas gostaria também de segurarquem absolutamente nig 4. E, nadiferenca ddos tons que eu tenho de utilizar com cada uma delas, devo salvar uma coeréncia de mensagens e de regras, que deve oder ser compreendida tanto por aquelas eriangas como por AAs mensagens e regras que coloco como prova de coeréncia e compreensdo sdo fundamentalmente: '* Que as coisas com que brincamos no pertencem a rninguém, séo “de quem as usa”: quem vai busci-las ou comesa @ usé-las, quando jé estao circulando, decide se e ‘com quem dividi-las. Essa regra tem as suas vantagens: reconhece a importancia de uma escolha feita,“premia”~ ‘num certo sentido - ainicativa; ndo impde os companheiros ‘eas companhelras da brincadeira (senz0 que brincadeira €, them a5 amizades. Vejo o limite dessa regra quando ela se presta a atitudes de exclusio (um pouco "individualistas’), principalmente por parte de crianga que tm necessidade de Safiemar-se™. A regra € ‘Visivel, Isto €, podemos dizéla ‘ndicando as coisas. Ela pode ser auto-gerida, evitando que ‘eu tome decisdesantipaticas. Ela € praticvele eu areforco [8 conseguir garantir no espago da sala multasalternativas, para quem chegou depois efolexcluido, naquele momento, ‘daquela situagao. 1 Que as coisas tém regras de uso. Digo quais sio essas regras e as explico. Querendo, pode-se fazer outras coisas, caso contrario as regras devem ser respeitadas. Novamente é uma regra concreta e uma regra negativa do tipo “tudo aquilo que nao € proibido & permitido” Peque e Tela quantos livros quiser- e quanto mais, melhor - mas se voc 05 pegar nao 0s recorte, nio os rasgue, ndo desenhe eles, Sendo quiser pegar os livios para ler vocé poderé fazer alguma outra coisa". Qualquer coisa desse tipo pode ser dita para cada situacao e pode ser explicado 0 porque. Digo aos meninos es meninas que, se eles nao querem se ‘envolver com as regras, entao devem desistie da escolha e do prazer de fazer aguela brincadetra. Isso. & ‘Condicionamento, nfo debva de ser. Mas 20 menos me privo| ‘de impor brincadeira e regra juntas. Digo aos meninos e as Imeninas que, se eles ndo querem se envolver com as egras, a ‘exeT6MOSDA WEANCIA entdo devem desistir da escolha edo prazer de fazer aquela brincadeira Pegosthes para escolher: ou esta brincadeira com esta regra ou "uma outra coisa’ Essa regra funciona tem ‘um equilbrioconcreto de funcionamento no momento em que me mostra nao estar desencorajando as Iniciativas, as escolhas: quando.os meninos eas meninas arriseam, usam com prazer as coisas de cujas regras de uso eles nao tem © Que nao ha inimigos entre nos, nem mesmo n- faz-de conta, Nio imponho a amizade. Mas a ndo-inir=" ce sim ‘Todos tém o direto de ignorarse ent si, = pego “nada de uta armas, brincaderas de guerrayder, _acbes e orca’. De um lado, isso € uma opintao arbitra. sinha, sobres rico de micages' des esterestipos que 0: imeninos eas meninas coplam quando ‘combatem* ose fazem de modelos da TV. gue cutive esse imaginaro er fe lgars no sere eu a trarines da cabeca’ Rat hes betopara deka lado mesmossin nthe Tatars fue fazer. De outro lado, essa regra contem © mixime fotsivel de uma ttica complera que se possa Jaa ees Uma extens escola de da" de tes anos, onde grandes, equenose pequenas fem as suas escolhas-eom (oda Serena do mundo, mas com as mesmasrerasecom & probicio para os grandes de fazer valeraprepoténca or todo tipo deatca que segura para pode se referit tarda selaadiso-a como poderiam uncona as colses dbs grandes Ete em geal deas cancasedeseabrrem andesno grupo, depots de um ano ou dos deterer 380 tuteladas por essa egra€ importante ede enorme proves. Douas egrasna primera pessoado singular porque Ho me parece coieio derma escola da nf fe ae ou no sf). ais e assim’ Sou ev quem pede os motos, Belo guns posto responder sto meus: parece™me mals verdadero na relaho de edicato, Por exemmpo, no digo {uefa sejogarocita digo ‘ao uerole dar aft hake e 9 porgu se sso aconteceu Ga lena ves esse nee due ett me pedi sabe sso mlto bem) fasts egeas ibe rulas coisas concetas, multos comportarnestos Possiveis. Porém permitem muitos outros, * Prescrevo pouisimes costs a rang. Sint: bo me pat 62 Gpsbeianainatenns Se ‘TeRETCH0s Da NENA ‘me ja embaracado quando convoco a criangadsa ro fim do dia - ‘mesmo para no fazer nada, se assim quiserem - para que escutem aquilo que eu quis que escutassem, porque esse & ‘uma imposigéo que ndo€ palpavel, cujos motivo estao somente nna minha cabeca de professor: posso dizer a eles, mas nao hes possodemonstrar Essa @ a razdo pela qual, com o passar do tempo, 4eixei de programar atividades para as criangas, de colocs-/as fa minha agenda. Naturalmente nao deixo de pensar nas atividades para os meninos e as meninas, Tudo aquilo que ha na sala esta ld porque eu escoih, dentre aquilo que aescola da Infancia nos oferece, com uma idéia de como podemos fazer Uso delas: eu estou aqui paraensinar alguma coisa e a crianas para que a livre atividade thes ensine alguma coisa, a razdo pela qual néo multipico as oportunidades nas quais apareco na frente deles como aquele que Ihes manda fazer as coisas, individualmente ou em grupo (procure Justamente nao crié-las), para obter dai elementos de avallacio para si mesmo, para as proprias"programaces” Poraue, para ‘ada uma das minhas posigées, se praduzuma deles- de quem se dispde a receber e executar instrugoes para ser julgado, “Antigamente eu dizia que isso "rebaixa’ as criancas na sua relacdo com 0 adulto que ensina: coloca um teto em cima da «abega delas. Pdemos ser mais precisos e dizer que medida ue se faz acontecer estas coisas, se ensina alas uma posicao de objetiva passividade, de espera que o professor decidaaquilo para o qual chegou momento de aprender. Desse mode val se contra a autonomia, que &s vezesafirmamos “ensinar",como se fosse um conteido entre os outros, Cada vez que Se age assim, sem ser necessario (ou quando no se pode confessar a sua necessidade), se d4 espaco a uma dignidade estranha, fem meninos e meninas, que se conformam em obedecer a instrugées, até mesmo intimas (do tipo “me fala de voc#),cuja logica eles e elas ndo tém que entender. No posso falar de outros niveis de ensino, nao posso nem mesmo falar sobre uta turmas, Sobre mim, posso dizer que - por exemplo -n2o seria capaz de explicar a um menino e a uma menina por que, se Ihes conto uma historia, além de chamé-los e chamé-las a ‘ouvir, quero também que me facam um desenho... Dar-meia uma impressio de artiicialidade © modo come thes contel a 63 "ERETGRIOSDA NEANCIA historia, atentativa de fazt los emxergéla,o prazer que procurel provocar, Teta aimpressio de trair quando colocam a maozinha fa boca nos momentos crucais da historia, de rar as perguntas {que provoquel e que me fizeram. Posso me explicar com elas Sobre por que ache! importante contarthes tal historia. N3o Saberia realmente como exemplificar se tivesse que Ihes tmanfestar a minha necessidade de uma perfomance delas Gu sela, que elas atuaram para que eu pudesse demonstrar {que contel uma historia tao bem, Ndo “ensino” as historias que onto, mesmo se quando as conto tenho a intencdo se falar tambémao intelecto e&razao de quem escuta.F sempr= revelo ato de que tem alguém que inventou as bisiGrias legal indo @ acreditar que sejam verdadelras, ma. |< que ‘0 selam. Nao ensino as historias que conto comu «is, ersino través daquilo que digo durante a situaglo contar/escutar Sinceramente nao desejo conseguir outta coisa senao que escutem, que desejem outros momentos ~ara escuta: lives, porém, sem convocaga0. Conto para obter essas coisas, para Torné-las provaveis, se contasse uma historia para obser um que velo as atividades com os objetos como pretex:o co uma deixa ppara alguma outra coisa e, de qu. iq. icrma, como modo de passar o tempo, o quotidiano. Exatamtente por isso escolho {esses objetos com precisio continua e a cada diae, durante 0 ‘ano, procuro garantir um certo equlibro entre tipos diferentes deles. Faco dos objétos materiais para brincadeiras um investimento "educativo-didatico", obviamente. Porém nio rego esse investimento em relagdo as erapas de progresso:para mim, os objetos que recolho, as atividades que proponho no sio “ferramentas" para se obter a aprendizagem de tmeninos e meninas. Isso val ocorrer de qualquer forma, porque as atividades que proponho para criancas escolherem ndo S40 estipidas, Mais do que isso, me interessa que passe (que . ors0. Entre nés, adultos, as palavras técnicas (da clénclae do direlto) ever ser precisas, devem querer dizer uma coisa <5, nao podem deixar dividas, todas as pessoas devem compreendé- las do mesmo modo. Se nao tém um tom, melhor, Se 380 scritas (sem corpos nem vozes),sdo perfeltas. Entre nos, adultos, as palavras que sao ditas entre amigos, ou as palavras da poesia e do teatro n8o dever ‘obedecer & precisdo: elas dizem, significam, sempre muito ‘Pouca, ou significam muito com relagdo a0 correta, Resta-nos Sempre interpretivlas. Elas nos fazem associar ideias, tem Sempre um tom e uma cor proprios. Dizem menos, mas também ‘mats, do que aquelas palavras precsas. corte sempre, na Escola da Infancia, que as criancas falem principalmente alavras ‘imprecisase no relacionadas &ativdade, Em cada caso, anos Festa levi-las a0 ponto em que estejam habituadas fs palavras Drecisas com as quais thes enSinamos aler, a escrever e a fazer nds que tensinamos, devemos ter, ao invés, a “devida ai. ngdo" ea tal coeréncia me adapto com prazer. . “Tenho por habito concluir este texto convidando (0 pais e mies das criangas a virem ar* a sala quando puderem fe quiserem, para ver aquilo que fazemos, passar 0 tempo ‘conosco, sem se colocar apenas o problema de ter agul um/a {iho/a para acudir.€ um convite que em geral cai no vazio, mas {que acho importante me colocar na condicdo de fazé-o - do meu ponto de vista. O que ocorre & que, até bem pouco tempo {rds era suficiente que eu estivesse de acordo com as visitas. ‘Agora, porém, elas s80 visas sob atica dos motivos justifiados. ‘O-que posso dizer aos pals € que, neste caso, procuraremos ‘entender juntos qua s8o 0s motivos considerados como tals fe quem devemas submeté-ios. Com esta ressalva, de minha parte o convite & sempre valido, Notas "DK escola da infancia, chamada att recentemente de escola materna, equvale dpré-escola brasileira (NT). Texto traduzido 4o italiano por Maria de Lourdes T. Menon com revisio ‘nica de Ana Lila Goulart de Fala e Danilo Russo. 82 ‘Testo oa wrANcln Em muitas escolas da infinclatallanas, a turmas sfo mistas¢, 2 Cada ano, © professor ou a professora perde as clangas de’ $ anos e recebe novas de crancas de 3 anos. (© anaetiva na tla tem inicio em Setembro. Na Escola da Infancia fs erlangas que cumprirem 3 anos em janeiro podem lniar em Janero 7) ‘agora eu era 0 herbi e © meu cavalo $6 falava inglts. como dina Chico Buaraue NT, (autor usa agul a palava incasnate, uma gira alana que tela © sentido de bagungadas” Na continuldade do texto fia caro © sentido 6 termo feferindo-se a atvdades em que ha uma Forma Gnia de uso dos cbjtos e materials, 83

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