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INTRODUGAO Para Eugénia, paulisiana por opgao,. quem primetro me evou pela mao para andar pela cidade uucm dela se aproxima, € impactado por seu tamanho: quilémetros de avenidas, com suas casas ¢ galpdes ¢ blocos de edi- ficios, uma profusio de letreitose imagens publicitirias. © movimento das pessoas e objetos que Gireulam 24 horas por dia esta presente em tudo, até nas telas dos painéis coloridos que projetam o mundo eletrénico sobre a geografia construida da cidade: A serra, com seu pico do arigus, & um dos pou cos testemmunhos contemporineos de sua geografia original: Sio Paulo de vales, colinas e virzeas, beira de um planalto coberto pela Mata Atlintica e pela tumidade que vem da Serra do Mar. Em 2054, quando a cidade estiver completanda 500 anos, essa paisagem terd sido transformada sucessivas vezes. Seu ponto mais alto ~ 0 espigio da Paulista ~ foi escolhido pelos bardes do café e capities da indistria nascente da Sio Paulo no inicio do século 20 para sua moradia, Meio século depois, sobre ela se instalaram uy10s envidiacadas dos anos do milagre econdmi- Jevonslo o espigsio para uma altura ainda mais ele~ ‘Wale Finalicntc,a emissio eletronica de sinais constr, “Shien torres aleas,ancenas ilurinadas anunciando “in niova tansformagio. Pinquanto isso, 05 rios, como 0 Tiet® ¢ © Pinhei- Jon que antiamente se espalhavam por lags virzeas, Woansformarani-se em canais de esgoto espremidos file vine expressas, onde carros, Gnibus, caminhées,, Janets ¢ movocicletas disputam o expago a qualquer Jhon do dia, noite, madrugada. Em certos pontos de “jus margens se vem, sob amncios ikiminados, bar Jose madeira e tjolo com varais de roupas pendu- Joudove anancios de borracheiros, manicures e“vendde-se uelilinhos"sem outros, esqueletos de construpoes ima- iw ou falidas, rufnas totalmente cobertas por ins~ “rivbes em grafias incompreensiveis a0 lado de edificios pprofisamente pintados e iluminados. Mais adiante Fonjuntos de torres inteligentes, brithando em ago € vito, refletem a paisegem marcada pela crueza desses, consteastes. Com 17 milhies de habitantes,a Regio Metro ppolitana de Sio Paulo & hoje uma das cidades-mundo Ho planeta. Iso significa que, ultrapassando seus pro jpros limites fsicos ~ $00 quilémectros quadrados de {hea urbanizada, em 39 municipios ~, a aglomeragio urbana octpa hoje uma dea que vai muito além disso, ‘uingindo pontos distantes do pats, do continente, do Inunxdo. Centro de produgio, distribuicia, gestio € Jogistica de uma rede de empresas que atuam em mer- cedos regionais e internacionais, Sio Paulo é também tum imenso mercado, alimentado pela quantidade de pes- soas que concentra: moradores, vistantes ¢ “circulates”. (O tamanho dessa cidade e a vastickio dos territé- rios por ela atingidos demarcam a heterogencidade 2 sterule dos circuitos ¢ redes habitados por diversas tibos: ci dade de mil povos, capital financeira,cidade conectada ‘no mundo virtual e real das trocas, poténcia econ mica do pais, bergo de movimentos sociais e lideran- «as politicas. No entanto, é uma cidade partida, cravada por muros visiveis e invisiveis que a esgaream em guetos ¢ fortalezas,sitiando-a e transformando seus espacos piiblicos em pragas de guerra Entrar na cidade ¢ estar permanentemente ex- posto & sua imagem contraditéria de grandeza, opu- Kéncia e miséria, carroga © caminhonete blindada, mansio e buraco, shopping center e barraca de came- 16. Cidade fragmentada, que aparenta nao ser fruto da ‘ordem, mas sim filha do caos, da competi¢ao mais sel~ vagem e desgovernada de projetos individuais de as- censio ou sobrevivncia,do sonho de geragSessucessivas de imigrantes que vieram em busca das oportunida- des distantes e da poténcia da grande cidade, Em Si0 Paulo hoje, o faturo da megacidade parece incerto: sobreviveri ao congestionamento ¢ a poluigio? Rea parecerio os empregos industriais perdidos? Voltars a reinar a pag mas ruas? Paea centar responder a essas quests, & preciso entender como se chegou a esse ponto, reconhecendo que a cidade hoje & produto de milhdes de acSes indi- Viduais € coletivas das geragdes que nelainvestiram seus projetos. Longe de ser castico, esse processo foi direta- ‘mente inflaenciado por opsées de politica urbana, ¢o- ‘madas em periodos fundamentais de sua hist6ria, E sobre esses momentos ¢ essas decisdes que vamos nos debrugar nas préximas paginas, mostran- do que o que parece ser uma nau desgovernada cor- responde na verdade aos sucessivos modelos de cidade nnd 8 jo vrbana construidos para administrar um Mi encom anos (ene 1854 1988, dan de Aiuto centenarie) passou de 30 mil para mais Uf qnilhoes de Habitantes, chegando a 10 milhdes socudis seguintes ¢ transformando-se na princi- lUilade deni pais marcado pela extrema con- fagio de rend: ; © livio se organiza em ordem cronolégica, ilu “yin en cack capitalo miomentes decisivos da his- “fii di cidade, que definiram configuragSes presentes is os nosios dias. percarso que vai desde a implan~ iclo dh vila em seu sitio original até a construgio da ‘ilude cosmopolita, impulsionada pela miquina da ca- Juicultura © do Partido Republicano Paulista, seri 0 hljoto do primeira capitulo. © segundo reconstrdi a Jiytca politica ~e urbantstica — da administragio me~ frnpolitana, abordando © momento em que a cidade se falta dos tills, espalhando-se em periferias precirias © capitulo seguinte focaliza a construgio da mett6po- Je, com suas novas pautas de escala ¢ sua recomposi¢ao ica c cultural. A série cronologica se completa com fp murto eapitulo, que aborch os dilemas da Sio Paulo ‘concemporinea. Finalmente, 0 capitulo 5 é um. breve ‘exercicio de futurologia, apresentando como as teorias: “obe a cidade contemporinea desenham censries para 1 Sio Paulo do novo milnio. Grove gororémica da Vireo do Carmo, de Ender (1817) yeetomer |. DA VILA BANDEIRANTE A CIDADE DO CAFE or padres jewitas que, a partir de Si Viet in oD sac um ean lcnsamente recoberta pela Mata Atlints, ca—a Serra do Mar-, guiad it ~t 10s por indios tupi- No plnaltofundiram um colegio sabre os en colinas, de onde se vislumbrava o vasto Panorama ah itzea do rio Tamanduatehy, uente do Tiet®, exjas cabeceiras se situam no Caminho do Mar. & | Até meados do século 19 cidade nio tinha gran— importincia para a economia do pais centrads Nordeste (desde o descobrimento até 0 século 18) Bae ~~ Rio de Janeiro—Minas Gerais {até meados do séeu- 19). Entretanto, foi da Vila de Sao Paulo que desde séeulo 17 paricam“ entradas e handeirs” expedigdes de exploracio do territétio com o objetivo de esonviear indos tomar pose de temas ¢proiar minérox, io Paulo bandeirante:desde sua fundagle am da cidade & sua fonteis abort, por one noe Vila de Sio Paulo foi fandada em_1554,, ‘onde entram os, Devi rein dCaelocfl 15 tly pais © do mundo € de onde se sai para do século 19, S30 Paulo era pre- habitada pela mistura de por- © a Hingua mais comum era 0 Jou totalmente com a expansio do culti- «Ale na entio provincia de Sio Paulo. Intro- ix inicialmente no vale do Paraiba, por volta 1WS0, » caleicultura comecou a ocupar o oeste Nese perfodo, com a escravidio em eri- y importava toda mio-de-obra escrava ynivel no pats, de tal forma que, em 1870, dos |) il habitantes de Sio Paulo, um tergo era ne- fio 08 malate, Moré a chamada “questio dos bragos para a Jiyours’'s6 seria definitivamente resolvida coma im- Jwilagao subsidiada ~e depois espontinea — de cen- {eps de mithares de curopeus,sobretudo meridionais, {iuilianos © espanhéis), para trabalhar nas fazendas do Anterior da provincia ‘A cultura cafeeira —e sobretudo os capitais que ehh gerou = cransformou totalmente a cidade. Por ser © primeizo ponto no planalto a partir do porto dle Santos, a cidade estabelecia a conexao entre as oxides produtoras, © porto e a capital do pais. As- m, seus vales, a partir de 1867, ano em que foi implantada a primeira ferrovia na cidade, interli- jando Santos a Jondiai, foram sendo atravessados por ferrovias. Entroncamento ferrovidrio e sede de provincia em franca expansio econdmica no momento de instauracao do regime de trabalho as silariado e da Repalica, &ai que a cidade passa por’ ‘uma grande transformagio urbanistica, econdmica, étnica e politica 6 Ssohoals SAO PAULO, 1900 Sto Paulo, virada do século: uma cidade que rapida- mente acumula capitais ¢ atrai um intenso fluxo imigratbrio europen.O primeiro grande grupo estan- geiro a chegar, em fins do século 19, foi italiano: entre Ia85« 1900 pasaram por So Flo gue 3D mi imigrantes, dos quais 70% cram provenientes da Iti Tipe eas dic eget orrcas S00 cll we oe passaram pela capital, distribuindo-se quase talmente enre portuguese, espanhois ¢ italianos Entre 1908 ¢ 1930 se instalaram SS Sio Paulo cerca de 50 mil srios elibaneses¢ 35 mil judeus, oriundos principalmente da Europa oriental no pés-guerra, que Sesomarai 2am grande niimero de europe Acidade: na virada do século ja contava com uma populacio de 250 mil habitantes, dos quais mais de 350 mil cram org © iiltimo grande grupo ‘estrangeiro a entrar foi o japonés, principalmente partir da segunda década do século oe ‘Nesse momento de intensos fluxos imigrat6rios, a cidade viveu seu primeizo surto industrial, bascado principalmente nas indiistrias texteise alimenticias, que veuparam as varzeas por onde passavam as ferrovias, constituindo as grandes regides operirias de Sao Pav lo:as orl ferrovirias no leste, oestee sudeste. Nes ses bairtos ~ Lapa, Bom Retiro, Bris, Pari, Belém, Mooca, Ipiranga se formaram 2s primeira colonias dle imigrantes. Casa coletivas e pensdes, vila e sobra- dos de aluguel abrigavam os recémi-chegados € ofere ciam oportunidades de renda para aqueles que j haviam acumulaco pequenos captas, Entremeavan~ se ainda armazéns, lojs,oficinas ¢ Fibricas. No mes- 10 periodo, ¢ seguinde os mesos cixos ferrovisrios, ove Banka cid Co 97 io © primeito surto industrial do ABC, unicipio, da regio de Osasco,a oeste. TJs wyonerite carresporsteutambem a0 primmel= Ir nario e*“urbanidade” na cidade, quando se Harann os servigos de agua encanada, 0 trans- ut hones cltricos, » stuminacio pilin, 2 dinagie las vias.A politica de implantag3o des- Mjathiramentes” desde logo foi distinta em cada Mow espacos da cidade. » Historico,a colina original esruturada e ordens coloniais — Carmo, Sio Jiloco esi Bento e seus fangs ~ soffew urna Pri pes nes ome ‘bani stica, om a implantacio Min projet do faneés Bouvard, no vale do Anban- Ju Kee unpale sua esplanade sobre oe vo chy Chie oalargamento de ruas¢ vicls €O- [huis configararam 2"cidade do widngulo” (Sie Ben- Uipneita/ 5 de Novembro) e 0 principio da ocupagio Wii umundo Centro Novo (tegido em toro da Prat fh epittics) com boulevards, jane pablicos, cafes © Jinja clegantes e equipamentos cultaras, expresso da ton radical da identidade proposta para a por sua nova elite dirigente. Enquanto iso, n0s bairos populares a paisagem snisuuravs as chaminés de Fabrica & alta densidade das ee Morticos,¢ a infia-estrutura trbana se resomia yraticgmente 20 bonde- E nese momento que se constréi um dos pri- sciros fandamentos da ordem urbanistica que gover~ set eidade, presente em algama medida até nossor Aig aia regizo central investida pelo urbanismo, des- aonsty exclusivamncnte as elites, contraposta 2m &5 fra paramente foicional, neaalmente "em Tega vice oe desee centro, onde se misturam o anundo do trabalho e 0 da moradia dos pobres. a supe VARZEAS E COLINAS A cidade escravocrata era pouico segregada; 0 cen= tro era local de moracia e aabalho de todos, porcao pela presenga constame dos escravos ¢ do coméreie, desde a negra com seu tabuleiro até 0 grande ar, mazém. A periferia era o cinturdo caipini local de Teas chécaras. As ruas e pragas do centro mistura, vam grupos socinis © atividades; no entanto, os li. mites € fronteiras entre os grupos sociait ectavamn clara ¢ rigidamente definidos, j4 que as marcay de diferenca entre senhores ¢ esciavos prescindem de signos espaciais, A grande transformagio que ocorreu do café fr, sem divid, a configuragio de amr serezagio espacial mais clara territrios expecificos © Separados para cada atividade e cada grupo soctl lsso se dew por meio da consttnicio dos bairtos pro. leticios e dos loteamentos burgueses, da apropringio € reforma do centro urban pelas novas elites domi nantes e da aio discriminatoria dos investancntos pilose eulicio urbana fos bairzos populares. paisagem é feta de lo- tes superocupados horizonialmente, formas bor 0s e Vilas, ensremeados por galpdes industrais, ceupando a vérreas pantanos«inundaiveis no cn tomo ds ferrovias. Exigiiidade de expacos privados rofusio de espacos scmipablicos denarnente ‘ocupa- dos: corredores, ruas internas e patios. Getalmence, hd barro nas ruas, esgoto a céu aberto ¢ bonde na vig rincipll © buiwo dos ricos aquele-cujas manasen Se fecham em rmaros, exibinde sua impontncis ne avenidas larga eiluminadas,amplos espagos paca um. selea tina vida social.) RO ee De apenas Cilled Cog Finn 1879, dois alemies, Glete e Nothman, com- yn) una chicara e albrem ali ruas espacosas e alame~ Hs aiborizadas e grandes lotes. Assim nascia 0 baitro shy Campos Eliseos: um Champs-Elysées paulistano. i lefimiris o modelo de baitro aristocritico, exeh= siyninente residencial e de alta renda, Em 1890, é a vez dlp: fecémn-aberto bairro de Higiendpolis concentrar 1 palacetes mais elegantes da cidade, Em seguida, a ‘yeni Paulista, imaugurada cm 1891, Alastada do niicleo urbanizado, a avenida Pyulista contava com rede de agua ¢ esgoto,ilumina- 40 € piso macadamizado com pedregulhos brancos.. Jiiw 1894, Joaquim Eugenio de Lima, incorporador «ly Paulista, consegue aprovar uma lei exclusivamen- {e para a avenida, obrigando as futuras construgies a \locer a um afastamento de dez metros em rela- 1. bem como dois metros de cada lado, a ‘ocupados porjardins e arvoredos”..Dessa for~ . por meio de leis que definem um modo de cons- 0 qual corresponde clara e exclasivamente um. segmeento social, garantiu-se ao longo da histéria da ctdade que os espagos com melhores qualidades ur Inanisticasfossem destinados a esses grupos, apesar da inicnsa presséo representada permanentemente pelo crescimento populacional das massas imigrantes. Nesse episédio se esboga o findamento de uma ografia social da cidade, da qual até hoje nao se conse it escapar. © setor sudoeste, que foi cesenhado 2 par do percurso Campos Eliscos/Hligien6polis/Panlista e depois se completaria com os loteamentos da Compa- ia City nos Jardins, configura uma centralidade da eli- te da cidade, 0 expago que historicamente concentra valores imobilirios altos, 0 comércio mais elegante, as nsbes apartamentos mais opulentos,o consumo cal tural da moda e a maior concentracio de investimentos 2 Steno piblicos. Na Primeira Repablica, a imagem desa fgaiasocial ita de cobinassecas ace lunacy dle palacetes que olham para as baixades imide panta, nosss,onde se aglomers a pobreza A COMPANHIA LIGHT Polio do fornecimento de energia, telefonia c ans. ecu Ce Mine ca simultaneo dos servigos mais essenciais dotars s crm. presa de um grande poder de gerar vilorizagdes urba 1s. Associando-sc a empreendedores imobilidvion Light corrompis autoridades e insticuigdes para ver aprovados seus projetos. Em 1908, por exemplo, quando deveria ser re- novado 0 contrato da empresa com a prefeitura, 0 Gatto petit Antti Frade, rsitindo 20 aco a companhia, deu parecer contritio 4 prorrosa, {io Ess decisio foi fetejadn como uma rhevinne Pola, descontente Coma taf alas eps sima qualidade do servico da empresa, No entaven 4 Comissio de Justiga da Cimnams dervubogs che cet do prefeito, reconfirmando © monopdlior Ex. plodiu, entio, um motim populir, que ocupou 6 centro 20s gritos de “Abaixo a Light! Absive o monopélio! Viva Anténio Prado!”. Apesar da revel, £8 condicdes contratuais foram mantidas ea Light continuou ditando as regras de indexaio dos pre $08 de terrenos, gerando eixos de expansio « defhe Davie andaned Cade doa: hindo,« partir de critérios de mercado, quem deve Fis sor beneficiado e quem seria excluido da provi- ‘ip de infra-estruturas, UM PRIMEIRO MODELO LIBERAL urnnte toda a Repiblica Velha (1890-1930), as de- ‘shes politieas sobre a gestio municipal tinham ‘om interlocutores apenas a elite paulistana, di- ita parcela da populagio que vorava para eleger 4 Cimara Municipal e, a partir de 1911, 0 prefeito «ha cidade, De acordo com as regras da Constituigao ‘epublicana,s6 votavam 6s homens, brasleiros, maio- tes de 21 anos e alfabetizados, € 0 voto mio era se- to, Numa cidade onde a maior parte da populagio 1 estrangeira e analfabeta,a vor das maiorias con Lava muito pouco no jogo eleitoral. O que earact: rizaya a relagdo entre eleitores ¢ governantes nio ussim, propriamente, a representagio de grupos dle imteresse j4 que, dados a restrigao do néimero de leitores, 0 voto aberto e a seletividade econdmica © social, os dnicos grupos de interesse efetivamente representados pertenciam 4 elite paulistana Pertencer a essa elite era participar de um cir~ ‘culo de grandes proprietirios raras, icos negocian- tes © bangueitos, a0s quais se somavam profissionai liberais ~ sobretudo advogados, médicos e engenhei- ros ~,vinculados a esse grupo por lacos familiares ou cempregaticios. © voto popular, quando existia, era mediado por uma relagio hierdirquica baseada em vi culos de obediéncia, ealdade-e protecio, Assim, 1 cexistia propriamente uma relagio com demandas populares;a participago popular nas eleigGes era atra~ 2 Seals vessada no por direitos, mas por redes de relacio- nnamentos pessoais, das quais se poderiam obter favo- res € oportunidades, Finalmente, a garantia de sucesso de uma el gio jA definida nos gabinetes se dava por meio do processo de reconhecimento dos resultados do plei- {0, que deveria ser feito pelo Senado e pela Camara Eram cleitos, diplomados e reconhecidos os candi~’ datos que as comissbes executivas dos partidos hou- vvessem indicado em seus boletins. No dia das eleigBes, sees eleitorais inteitas poderiam nao funcionar, 0s livros e as atas ficavam na mio de juizes ligados 10 grupo que dirigia a politica municipal. Mortos usentes is vezes votavarn. Com esses procedimentos se garantia a entio chamada “degol:”*de eleitos inde- sejados, As eleigdes eram o preenchimento de uma formalidade com a qual se mantinha a ilusio de que se cumpria a Constituigio. Prescindia de um debate sobre as questées da cidade, do estado ou do pais € girava em torno de figuras politicas ~ ou melhor, de figures e seus citculos, ‘Ao mesmo tempo que a concentragdo de investi- mentos em" melhoramentos” ealegislagi0 vaialinhando fs teeritérios da riqueza ela vai também delimitando aqueles onde deveri se instalara pobreza. movimen- to, desde seu nascimento,€ centrfiigo,ou seja, delimita as bordas da zona urbana ow mesmo a zona rural como local destinado para os mais pobres. Diga-se de passa~ ‘gem que a légica de destinar as lonjuras para os pobres atravessou, incdlume,o século 20. Comega coma proi- bicio da instalacao de corticos na zona central, definida pelos cédigos de posturas € sinitirios a partir de 1886, que também permitem que vilas operirias“higitnicas” sejam construdas fora da aglomeracio urbana. conti- rua com a delimitagio do chamado perimetro urbano, evant idea 28 Wyo ji inteiramente habitados na epoca, comoVila “emo tempo que se configura, fora ier abana zona de cbscuresobee MIs olhar do poder municipal nao vigonssa Het les da edad dos rilhos a sala das i Vvonite a estagbes de trem definiam os limi ‘io nny urbanizagao densa e concentrad. Assim, Mi jin dos anos 20,apesar de designe dividida, a mee mantinha ainda algumas relacdes bitsicas com Mi peoyraGa naturale possua urna mala urbana re- Fre evunte continua e compacta, servida Por tans vine prblico na maior parte de sua extensio( Os ode rios — Tieté, Anbangabai, Tamanduatei ¢ Pi- Mies eomnesam a soferimervengdes de seific- vor meio. da construgao de_canais retline vevtndo sas curvas ¢ meandees © comegando axe! seas ceapmdal sri de um movimento an ees inevitavelmente, nas enchentes de cada “i iy cidade, onde a habitagio popular nio poderia “ Ma porimestocrbanoy ‘Esse modelo liberal © privatista, ¢ toda a_cons- A ticas que Ihe correspondia. waco de aes a Gs vrs death ‘Viaura uma cidade que-em.1920-chegs sos 600 mil fubieantes, densa e concentrada. como-vin-barrl-de polvora prestes a explodir- 2. A CRISE DOS ANOS 20 Zeppelin sobrevoa © edifcio Martinelli em 1928 décadas de expansio a cultura cafeeira nap: (cepa no estade), Sio Paulo foi 0 m deauatiod: opiate eae 's0, na década de 1930 de 1 mithio de habitan 1 \Cidade nos anos 20 vivia um momento especial: durante as roviincia (e depois a Cidade ultrapassaria a K€, tOPmando-se uma dav we A disseminacao da prati: va tm cidade de dveres mecinicn tere automivcis« aides e a emits dex grande nies conferiram um ritmo radicalmente no 0 a cic imagem fturita que smetiss os ne Zapinpesant ein sobs cle atte umeiro arranha-céu de uma cidade cujos edifici 2 “stoop del a nee a dos esportes,a entrada Acriedsamsio 27 J opiol di olizarquia do caf durante a Repiiblica Vella, o cidade abrigava a representacio do poder eco- Wnico e provia o governo federal com presidentes e Jwistios. Seu papel era, portanto, fundamental na ofinicio des rumos politicos do pats. No contesto da Primeira Grande Guerra (1914-8), 140 vide do colapso das linhas de comércio interna= Sao Paulo asistira a um grande surto de cresci- 0 undusral, iniciando © proceso de substiuigio de ayes, voltado para a produgio nacional de bens spital¢ consumo para o mercado interno, As inchs lesa industilizagdo em Inga escala foram, alm slo apatocimento de um proletariado urbano, um inten so crewimento demogrico que implicou aumento da loan por terrenos habitagdes € uma carestiageral, ‘jue maiplicava os press dos génerosalimenticios, ve=- {uurio ¢ alagués, em plena disparada inflacionira, 20 mesmo tempo que corstitaia a posibilidade de forma (io de novas fortuna, no diretamente dependentes da nodugio ¢ exporagio do cafe Ao findar a segunda década do século. 20,.0.qna- dio na cidade era de escassez. especulac2o. inlagio. Sobreveio ainda 4 epidemia de gripe espankola, que ‘natou milhares de paulistanos, asmentande 4 aflgo co descoBeentamento na cidade. Nesee contexto,acit= can-se todos os tipgs de tensio e conilite: social, _sornio Menie 49 Incanento industrial do Jaguaré € dos arredores de into Amaro, junto 3 virzea do rio Pinheiros. Porém fo apenas em 1972, quando a cidade jt se encontrava hhistince ocupaca com edificios, pincipalment= em seu 1o/sudoeste, havia comecado a se conurbar com ipios vizinhos ~ sobretudo com 0 ABC, Ihos e Osasco ~, que foi promualgado um zonea- to prevendo usos € formas de ocupagio para toda a «1 urbana do municipio. (© modelo adorado basicamente consagrava as Widades e formas de ocupacao ja implantadas: pre~ vendo verticalizagio nas regiGes onde esta se expan- slia (23, ZA ¢ Z5), inchuindo como categoria de zona nas prescritas para os loteamentos da City (21), ido como exclusiva ou predominantemente lusotiais as que j4 possufam essa atividade (Z6 € 27) permicindo a expansio da atividade comercial nos ¢i- ‘os miicleos ji ocupados com esse uso. Para o restan= te da cidade ~ mais de 70% de seu territ8rio ~, 4 predominantemente residenciais, de renda média e baixa, © zoneamento propunha uma zona mista, de baixa densidade, limitando os potenciais constrativos © possbilidades de instalagio de usos mais diversitica- dos (22). Desst forma, 0 zoneamento consigrou emt Tea estrunara de unva cidade em que os potenciais de uso ¢ edificabilidade sio concentrados em menos de 10% de seu territSrio,separado das periferias por uma barreira de zonas industria © modelo proposto pelo zoncamento se com- pletaria em 19ST, conraradociode umn dispositivorha lei destinando a primeira franja da zona rural (Z8- 100/1) como érea para constru¢io de conjuntos habitacionais populares. O objetivo deser destinagio era garantir uma reserva de terras baratas ~ porque situadas na zona rural a serem adquiridas pela Com- panhia Mewopoltana de Thiago de Sie Ui {Cobb/SP) era em 1 para cpr pa Cipio os recirsos do anco Nacional de Habla (BNR). * EXCLUSAO TERRITORIAL A politica habitacional praticada pela Cohab durante as éeadhs de 70 ¢ 80 fo: a construcio de ime tos nlf e exclusivamenté ‘mas periferias, marcando sua posicdo limitrofe ém relagio Palas omen ¢ payed & hence violenta a populacio ali residente\ftaquers 1,2,3 4 (35 mil moradias ¢ 165 mil habitantes), Cidade Tiradentes Gon miocdas ¢ 161) mil habitantes): no extremo leste a che, guetos habitacionais sem vatiedade social ou ‘Saar omame Racoon Conese se de uma urbanizagio feita de loteamentos irregulates e favelas, para aqueles que nio tiveram a “sorte” de residir ‘nos conjuntos.(Esa politica teve como conseqiiéneia a aceleragio da expansio horizontal da cidade, acompa nhada pelo agravamento das condi¢Ses de circulagio drenagem, dois dos principais flagelos que infernizam a vidi na metpole no comego do nove mini A maioria dos conjuntos foi implantada em ter- renos totalmente improprios do ponto de vista geo- morfolégico,|j@ que ess urbanizacio periférica apassou as dreas da bacia sedimentar\(onde os ter- renos tém baixo potencial de erosio) para atingir os solos do complexo cristalino, de maior declividade e akamente vulneriveis 4 erosiio. Com a remagao_da ‘vegetagio e as obras de terraplanayzem, os solos expos- tos sio sitematicament idos pekis chuvas, Slotade Meno st iworeando ties e e6r juando estes ja se encon- “ rlerias echadas ou canais,seu assoreamiento {ainda mais problemitieo,j que 05 dois fatores con luibiem para aumentar a velocidade de escoamento, yurivando a condicao dos rios principais. Em 196), 0_ servigo de dragagem do rio Tieté ja retifava mais de “J, milhio de metros cébicos de terra do fundo do ‘Wo por ano Como se vé, as enchentes, calamidades viffidas pela cidade em todo janeiro chuvoso, longe {le serem produto da ira dos denses, io conseqiténcia «lo prdprio projeto urbanistico da cidade. Porém o impacto mais devastador desse modelo ,sem divida,a radical exclusio territorial a que fo- tam condenados 08 moradores da extrema periferia ~ tuetos de baixa renda, educagao preciria, desemprego so, servigos urbanos deficientes, radicalmente fora dos locais onde circulam as oportunidades. Nio hi dit dh de gue a bomba-reldgio da violéncia, que explo- tliw nos anos 90 na cidade, guarda um nexo forte com 4 estrutura urbana que acabamos de descrever. © impacto da implantagio desses conj zona sal do municipio foi ainda mais grave:a Go do Conjunto Borors, no Grajat, em 1976, levou tais de 13. mi] moradores para a érea recém-definida como de “protegi0 308. ma ",sinalizando wm processo que ao longo de trés décadas jf instalou qua- se | milho de moradores numa regiao que teorica- mente nfo poderia nem ser urbanizada, A lei de protecio aos mananciais, promulgada em 1976 com objetivo de evitar uma ocupagio urbana das bacias tributirias dos reservat6rios (Billings, Guarapiranga, Cantareira) que abastecem de Agua a regito metropo- Titana, proibiu a extensio de infra-estrutura urbana para a regio ¢ defini um padrio de ocupacio das mar gens de baixisima densidade. str Bomb Entretanto, no mesmo momento em que se de finiam as regras de protecio, a politica urbana e hhabitacional do municfpio apontava para o contxétio: consolidava o pélo industrial da zona sul e a expansio da centralidade a sudoeste (reforcada pela priorizacio dada a linha norte-sul do metr6, que iniciow suas ope rages em 1975), gerando uma demanda habitacional na periferia sul em fungio do aumento da oferta de empregos na regio. A resposta a essa demanda ~ a implantagio de grandes conjuntos habitacionais da Cohab na érea ~ teve como efeito a aceleragio de sua ocupacio irregular. Hoje, € na zona sul que se encon~ tra 0 maior niimero de favelas ¢ de loteamentos irre gulares da capital as represasassim como os rics, t2m qualidade de suas 4guas bastante comprometida POLUIGAO DA AGUA E DO AR Desde 0 inicio da implantacio do sistema de abasteci- mento de igua e coleta de esgoros na cidade (Final da s8aijo9),o ross congas em rece ae de da carga poluidora dos dejetos industriais e do- mésticos da cidade" Mas é das nce a percepsio dos efeitos da poluicio se fz sentir. Na- quele momento, 41% dos iméveis estavam ligados 3 reide coletora de esgotas;mas,do exgoto coletado,ape~ nas 10% passava pelas estagies de tratamento existen tesa cidada Esse era o mais baixo indice de cobertura do sécilojos efeitos do padrio periférice de cresci- ‘mento haviam reduzido a porcentagem de dome ligados 3 rede dg_Z1% em 1940 para 58% em 1970, aumentando em centenas de ve7es 6 Wate caletado ¢ jogado aos ries. _Em 1970,582% do valor de transforn trial do pats provinha do estado de So Paulo, “Uri di capil iNesse momento era enorme a ca aidora gerada plas inddstrias: das 350 toncladas/ le material particulado langado 3 atmosfera, 75% m produzidas por elas. Sob a pesada cortina da conta 7 0 peso ambiental da poluico das Sguas, da gestao da cidade o controled pol {ema aparece pela primeira vez no debate pablico por meio da voz dos trabalhadotes da fibrica de cimento Perus,um dos matores focos poluidores da cidade nos anos 70, Os" queixadas”, como ficaram sendo conbe~ ‘iklos 08 greviseas da fabrica, denunciaram essa condi~ ‘Go. incluindo-a em sua pauta de reivindicagies. Porém,justamente quando, pela primeira vez em sua historia, a face obscura e malcheiross de sua pu~ jamga econdmica emerge no debate piiblico, a cidade yrerde sua autonomia politica, financeira e administra~ tiva, que foi progressivamente concentrada na esfera tlo Exccutivo federal, partir do golpe de 1964 e da promulgacio dos atos institucionass. Com _prcisitos nomesdoe pelo _governador ds «stado, em comum acordo com as autoridades res.a cidade pretende enfrentar 0 Fema seu desenvolvimento por meio da moptagem de um aparato de planejamento tecnocritico, A GESTAO METROPOLITANA E AERA DOS PLANOS Durante a gestio do prefeito Figueiredo Ferrz2, no- meado pelo governadior em 1971, pely primeira ver nce si i een eee inetrizes para a totalidade das politicas municipais: desenvolvimento urbano, econémico ¢ social, organizacio administrativa da prefeituea, wo do solo, controle da poluicio ambiental, sistemas de cir culagio e transportes, reas verdes. O entio chamado Plano Diretor de Desenvolvimento Integrido (PDDI) revit que no futuro ano de 1990 Sio Paulo seria ‘uma megalépole de 20 milldes de habitantes,forman. do um continuo com as cidades vizinhas, cortad por ‘uma malha quadrangular de vias expressas,sem eruza ‘mentos, que permitiriam aos carros trafegara uma ve- locidade de 100 quilSmetros por hora no perimetto uurbano, Seu centro se multiplicaria em novos centros financeitos, comerciais ¢ de servigos. “Corrigir distor. ses do desenvolvimento” era o grande objetivo des se plano, o que seria obtido com a implementagio de tum estratégia racional de planejamento e com a pre definigo dos investimentos piblicos, Enquanto © PDDI sonhava com uma metré- pole harménica ¢ veloz, uma nova figura politica, a “Regio Metropolitana de Sio Paulo”, era criada por decreto federal, em 1973.No momento de sua cria 20, violenta expansio da periferia do municipio ji havia provocado 4 conurbagio ~ ou junclo de ireas Uurbanizadas — de Sio Paulo com vatios municipios vizinhos, A Regia Metropolitana de Sio Paulo, ou Gra de Sto Paulo, foi definida entio como um conglome ido de 37 municipios (hoje 39) ocupando uma rea de quise 8 mil quilémeiros quadrados com quase 8.5 ‘miles de habitantes— 10% da populagio do pals, etn apenas 0.5% do territbrio nacional. Além dh cidade de ‘io Paulo, as partes mais populosas da Regio Metro Politana s40 Guarulhos (a nordeste, com quase | mi Sistadonenigae 5s hie de habitantes em 2000), Oxasco (@ oeste, com 623 ‘nl jabitances) © o Grande ABC, conglomerado de 2.3 Inilhoes de habitantes a sudeste, composto pelos mun ‘pios de Santo Andsé, S30 Bernardo do Campo, S30 ‘Cyan do Sul, Diadema, Maui, Ribeirao Pires e Rio Grande da Sere A Regido Meiropolitana de Sio Pau Ip nio const anidade politic embora tenha’exis= {Gricis legal. Desde sua criagio, postu um drgio de planejumento (Empresa Metropolitana de Phin ih Grande Sio Paulo S.A.— Emplasa) que faz parte da estrutara do governo estadual de Sio Paulo. Possui an «1s una empresa de transportes metropolitanos,respon~ sivel por parte do transporte pablico sobre rodas (Empresa Metropolizana de Transportes Usbanos),tan~ iis gerida pelo governo estadual. Em nenhum momento, nem mesmo durante © perfodo da ditadura militar, quando um aparato me~ ‘wopolitano subordinado 4 estrutura do governo esta- is ala do cent define am reposicion proton pag areas em elagio, 30 conju sopoe, Porém mio se tata de descertiaingt® ’ “joa cidade nunca esteve tio concentracs tice le re « Bctos empresiis — + robes ueigenes Pe dade, O nove pelo empresarial, conse So da avenidh Lats Catlos Bertini e da hei édo. eines, nada mais € wetor sudoeste. Pode-se afar, iscorico 3 regido da P Berrini, trata-se de wm ‘marginal Pi craliando, que, do Cen ulstae dali para a Faria Lima 3 hstna de pds rere’ de qualidade urbanstica. Dos jardins¢ bowie ‘Bouvard, ou calcadas de 15 metros mistura © Et {dr Paulista aos 90 centimetros de calgada ¢ MONT Gonslidade da Berriniganharam oastomove © 10 Srazia do privado, perderam 0 pedestre € pblica do espare urbano. © suds danga no processo de cresci i ‘ erescimento kidade de Sio Paulo. 0 minicipiy topes See segundo a contagcm de populagio de 1996, pos. Sun 2.84 milhies de habieantes, pass a registry bot, Tpakss de sescimento populacional, que cai de 16% 20 ano na década de 80 para 0,40% 20 ane Ente 1991 © 1996, Cerca de 514 mil pessoas abanden Panta yg Slade nese periodo. O municipio de Sso rio viu sua populicio diminuir em termos Exariamos entio, finalmente, di , . inalmente, diante de uma es- tpena¢io do crescimento populacional? Uma staan Yacto mais detida das taxas revela que ests nso ato iunformes para 0 conjunto da cidade; enquanto a siicra, no noroeste, ¢ Cidade Tiradentes, 1 Fete,ersceram mais de 3% a9 ano. “uriosamente, os distritos do centr expandi aie perdem residentes cio aqucles mais console ‘$Me Possicm maior coberturs de servigos e equipa Sopa tae 6 {\\0s urbanos. S20 bairros onde vivem tanto a popu- Wi de renda mais aka (arcim Paulista, Moema, Alto “iy Pinheiros) como a de menor rendh (distritos Sé,Li- Notthide, Bris e Pari). E mais: nos bairros que se sorticalizaram, substicuindo casas ¢ sobrados por edi ‘jose apartamentos (como Vila Madaleaa ouTatuapé, or exemple), 2 poptlagio moradors diminuit a6 in ‘és de aumentar, reduzindo a densidade e “exportan- sho" populagses para periferias mais distances, no proprio ‘pio € no entorno metropolitano. Iso significa que a miquina de producio da ex- ‘Justo territorial continua em plena operacio. Na Gltima década, acelerou-se 0 motor da ex- «lusio, Hoje sio 2 milhSes os favelados na cidade, representando um recorde hist6rico de 20% da po- mais de 1 milhgo de pessoas na faixa eviria 18 aos 24 anos esté sem estudo ¢ sem trabalho na cidade. (Um a um, todos os indicadores apontam a sobre- pesigio de fatores de exclusio nas periferias ~ a baixa «scolaridade, a precariedade das condigdes habitacion 2 alta mortalidade infantil, os akos indices de hori slios. Alguns setores da populagdo encontramn-se em si- tuagio de especial vulncrabilidade, como a populigio idosa,os jovens,o: negros e as familias incompletas,em eral sustentadas pela mie 1B evidente que, numa cidade dividida entre a pporgio legal, rica ¢ com infra-estrutura,¢ a ilegal, po- bre e preciria, a populagio que esta em situagio des- favorivel acaba tendo muito mais dificuldades no acesso a oportunidades de trabalho, cultura ou lazer Simetei- ‘amente, oportunidades de crescimento sio bem maiores para aqueles que 4 vivem melhor, pois a sobreposicio dhs diversas dimensdes da exclusio que incidem sobre s mesma populagio faz com que sejarn Sashes Sipps extremamente limitadas as posibilidades reais de sy Petacio dessas vulnerabilidades, VIOLENCIA {fe Paulo passou, ma década de 1990, uma condican dle sanguacda entre as cidades mss viokentas do pals A violéncia vai além ch criminalidade-0 medo constants ¢apopulagio,asimagens repetidasad naan pela midi a tenslo nas relages coma policia io wmbérn dimen. ‘Ses de uma espécie de maquina de violéncia que toma conta da cidece.O niimero de homicidios creseeu 960 10 periodo 1990-9, ¢ 0 de roubos, 112% A violencia, além de ser efcito, & também causa do aumento das tenses e desigualdaides da cidade, Por tum lado cla cide e desqualifica resi dstavoneciday Principalmente as periferias, O risco de motrer sae, Sinado no Jardim Angela (94 homicidios para cada gra po de 100 mil habitantes) 634 vezes maior do que em ‘Mocma (2,8 para cida 100 mil habitanes), 'A percepeio da violencia pela populagio um dos mais importantes de seus efeitos de acorde corn Besquisa recente publicada no jornal Folha de S Palo 37%6 dos paulistanos sentem que a violencia afeta g Cidade como um todo, enquanto 19% acreditam: que cla exerce impacto sobre 0 bairro onde moran 13% sobre suas familias. Ou scja,o fantasina da vio. {encia afeta principalmente a corvivencia urban impessoal: produz,assim,o enclausaramento das clas, Ses média ¢ alta em seus condominios fechados o shopping centers, abandonando progressivamente sghago das ruas ou privatieando-as por meio de vigi lincia ostensiva ora 6 a ago cada © eco iio signa populace sais espago da bandidagem, do perigo, do aban- By fice olin aes seks conedocds jis o cxsirgamento do tecido uxbano-tocial. TRANSPORTE: O PARADOXO DA PARALISIA NA CIDADE DA VELOCIDADE ‘opvie pelo transporte sobre pncus ¢ a priorizagio Bs eca ae eae Sasa A at individual tém sido, salvo Jagio para © transporte Poulos intereapees a pole daminante dese (pvanos 40.A rede de metrS, hoje com 44 quilbmetros, © absolutamente insaficiente ante a demanda de trans- pre de alta capacidade.Jé os wills de trem, que per- rorrem nada menos do que 122 quilémetros em ‘crtitério municipal, foram durante décadas abandona- dos © sucateados, sem terem sido considerados como here depangporn wbanokx sine de Gib, rindao modo de coletivo predominance, Perpetua yeni engi a ead cn A er ema de tampons cole candeiso em var o omnis A mals een hoje mei bribe keno ¢ intermunicipal ~ estio muito poco integradas, pergoesiiimabm rife) 9D wenbado, expen a leas essai "Or sgen/Dastin a Corners do Metropatne dio Paulo (Metta), de 1997, & uma distribuigio modal su «ida, porque aamente dependente do uso do sistema Viirlo, i congestionado:Sio Paulo tem hoje um ergo do total des viagens sendo fet ape um ergo por ‘tramsporte coletivo e um ergo por carros individuais. ro = 1 Slepady A comanicagio eletsSnica, a0 contririo das pre~ visOes que imaginaram uma cidade onde todos fea. riam dentro de suas casas trabalhando e vivendo an line, A ampliou tremendamente a neessidade de circulacao, 5. SAO PAULO, 2001 Veja-se 0 e-commene, por exemplo: depois de feita urns transasio,& necessirio enviar fisicamente a meteadoria 20 comprador. A vastidio do terrtGrio atingido pela rede mundial &z,na verdade, aumentarvertiginosamente (© mtimero de objetos ¢ pessoas em citculagao, Assim. instatmon-se 0 paradoxo de uma cidade que émareada pela velocidade de citculagio das informagbes € da comunicagio ¢ que se vé hoje quase paralisada: Stes Jordim Vista Alegre, foieamento clandestino entre a Via Brasiléndia e © Porque Estadual da Cantoreine adrugada, verio de janeiro, ano 2001 Um carro sai do estacionamento na subsolo de um prédio ¢, enquanto espe- I m0 sistema eletrdnico acionar grades € Portdes, seu motorista olha para cima ¢ vé ainda alguns andares iluminados pela luz dos computa ores Na calgada, cuss pessoas estio remexendo xo 4 procura de lates, comida e papelao. O carro acelera rapidamente, temendo a possivel abordagem de um adolescente, cabelo pixaim quase branco, que se aproxima " ,_,_ Dercorrendo as ruas estreitas do bairto,o carro € detido pela enorme fila de taxis e pelo movimen- to dos manobristas na saida de uma casa noturna, ‘As mulheres loiras com vestidos brilhantes justissi- ‘mos ¢ saltos agulha se misturam por um ‘timo aos homens rleses vestidos de Jeans e camisetae carregando sacolas de plistico que acabam de de~ sembarear do Gribus, Pn? SHE astbam de Sorade 01 7) Finalmente o carro atinge a avenida, Surpresa: congestionamento 4s seis € meia da manha? No ridio, © reporter no heliedptero avisa:caminhio tombado em tal lugar, érvores caidas © pontos de alagamento que sobraram da tempestade do dia anterior; evitar rua tal, ‘caminho tal, Da janela do carro, observa homens nulheres vestidos com rpupas esportivas, correndo ou ‘caminhando rapidamente pelo canteiro central. Naquele instante, parecem estar envoltos por sua utopia de sati- de, longevidade e beleza, uma especie de redoma que ‘os protege de perceber a paisagem onde estio. Sido sete ¢ meia da manha quando 9 motorista entra na estrada que 0 levari ao condominio onde mora. Do outro lado da pista, a fila de caminh&es © ros entrando na cidade & imensa e os vendedores de gua, stco, eletronicos e bonecos gigantes de plas- ‘ico jf instalaram seu drive-in comercial Quilimetro 30 ~o motorista pira no estaciona- mento de uma das megalojas do caminho ¢,atravessan- do corredores, chegs 3 padaria em estilo country. Entre cestinhas decoradas com renda € flores do eampo, ele escolhe baguettes e cissents.E lembra-se por um segun- do de sua avi materna, nascida em casa de chi batido no meio do sertio do agreste,¢ da avé de sua mulher, ‘que nunca esqueceu o porio do navio que a arrancou, ‘menina, da aldeia a beita-mar do Japao. Cito e meia, passa pela guarita, guarda o carro no estacionamento de casa. Ao lado de seu lugar na ‘mesa jé posta, 2 pilla de contas para pagar: luz, Agua, telefone, Internet, celular, bip, escola, escola de in- alés, academia, natacio, prestacio do carro, IPVA, seguro... Na TY, ja ligada pela empregada na cozi~ nha, vé a mesa arrumada do café da manhi e a fa~ iflia que acorda feliz por poder passar no pio aquela maravilhosa margarina. 14 Sinade Enguanto limpa o barro do sapato, a empr fie as cons de quanto vat preciar pans coves ‘hie para cobrir 0 cémodo que acaboti de levantar no a n Progreso. Fie al pert, do outro lado da pista a apenas 15 minutos de caminhada até 0 onde pasa 0 perueiro, eee ee Suburbia, Sprawiing City, Metts a bia, MeirSpole Poticéntrie Megametriple, Megilipole Megacrice base Cae Gillade Dispersa, Ccade Global, Cidade Mendis, Ce, de- Regio, Cicide-Mundo, Cidade Informacional, Ci dhide-Flaxo, Rede de Cilades, Cidade-Mossica, Cichde Caleidoseépica, Cidade Fracal, Cidade Fragmentada, Ci dade Neobarroca, Cidade Neogéeica, Cidade~Tea, Ci. de Puta, Cidade Fechads, Cidade Fortaleza, Cidade Sitiada, Cidade Vertical, Cidade Ps Moderna, Cidade Mutante, Generic City, Ciclide-Congestao, Cidade Ee. tale Den expe fsa nas teri do uo hnéris em qundinonnostmesintlatesieies ee, ove ¢fomanes para deiga 0 fesSmens turbano na virada do mailénio, ual se apjdia melhor Sto Paulo? eal separa malice Todas.A cidade de Sio Paulo hoje sei com todisas definigdes rtulos de cuiden sera, mente brains ou importa, presente ns dicur- sos de urbanisas, artists, politicos, pesquisa conmniieadores. Sio Paulo eontém as cancterteen, uantitauvas e qualtativas de todas esas defnicoes Sio Paulo € uma megacidade, participance das relesdes ccondmicas globalizadas, desempenhando ines de predic ¢ servis intermctonas, em conexio com a vasta rede de cidades ¢ repides conectadas 4 economia global. Sio Paulo uma SoPaiyice 3s Inegametrépole dispersa, que possui segmentos de ci- \lides mundiais globais, localizacos principelmeate hho vetor centro-sudoeste, Fazem parte de uma rede \uvbana planetiria,atravessada por faxosinformacionais ilo mereado financeiro e da rede mundializada de ser distribuiggo de mercadorias, Sio Paulo € ambém feita de edge cites, cidades ofes, que imaginam um novo mando urbane, Feito de unidades auténomas, homogéness ¢ auto-sti~ lictentes.A pioneira Alphaville, nosanos 70, inaygur— em plena era metropolitana, a utopia da cidade ulispersa, Hoje padece exatamente dos mesmos males insito, poluigio, violencia —da cidade de que pre- tendia escapar. Por outro lado, vastasextensdes do tetitcio paulistano sio parcamente conectadas a essas mes nas redes:sio locais por onde nio cruzam as infovias, a velocidade da Internet ¢ a multiplicidade da TV a cabo. $30 Paulo, portanto, no é uma, mas pelo me nos duas: & uma cidade partida entre incluidos exclufdos, conectados ¢ soltos, marcada em sua pré~ pria estrutura bisica de funcionamento pela apar- tagio socioterritorial. Critério utilizado pel ONU, a marca de 10 mi- Ides de habitantes serve para definir o “clube” das megacidades do planesa, duas delas no Brasil: Grinde Sio Paulo e Grande Rio, limitando-se 4 dimensio ‘meramente quantitativa. Contudo, a dimensGo “mega” de Sio Paulo produz determinadas qualidades na rela~ 40 entre a popuilagio e os territorios da cidade. Por ser megacidade partida ¢ excludente, com benesses concentradas e precariedades largamente distribuidas, Sio Paulo impse uma “ditadura do movimento” no cotidiano da popula¢io que urilira ou fui a cidade,a partir de nm ir-e-vir constante de carros, 6nibus, me vigos 7 Spas ts, van, ens, ps cara. Estar om Sio Paulo & ‘estar sempre indo oft volando para/de algam lugar. tsar urbana em movimento, qe quem ‘mora ali faz todos os dias quase sem se dar conta, tor= xa Sio Paulo uma cidade~tela, apreendia rapidarne te ema specie, Paige pesca horixontale vertical, onde se acumlam imagens e arquiteturas li- gacas a um mundo gigantesco de artefitos e elemen- fo depos dartoen, qo eens netarrce Sao Paulo da acurmulagao material, da 4 poder ¢ da subordinacao. ee Os padtdes urbanfsticos que se configuraram a spec Oe poten kasi de cscs sexrgail dex finiram uma cidade dualizada, express na imagem centro/periferia, Jardim Paulista ¢ Jardim Angela, Ci- dade Jardim e Cidade Tiradentes, Higiengpalis © Pacspliesh quer combo sade cnseane- nder como nomes tio parecidos podem designar territrios tio diferentes = ” scala menos, de fragmentos urbanos, que fazem da ideas toncee sum presen oles poe fiferenns mrants no aces 4 qualkade © quam le de empregos, servigos @ equipamentos, Oa mento vertiginoso das favelas, dos condominios fechados, shopping centers e centros empresariais 20 longo das décadas de 80 ¢ 90 revela ess fiagmentayao socioterritorial da cidade, que compartimentaliza 03 territécios, promovendo uma vida urbana confinada ‘em circunscrigdes controladas, protegidas ou vulne~ riveis, de alta ¢ baixa renda Na megacicade partida ¢ fragmentadla, 2s popu- Jaen de wits ash + tel tac ew oot soffem os impactos mais devestadores do confinamento, sioner 7 ‘A anilise dos dados gerais sobre as viagens realizadas tna Regio Metropolitana contidos na iltima pesquisy “Oigem/Destino” do Metro, de 1997, revela uma da geral da mobilidade, mais acentuada na perife- Fido que no centro expandido. iso significa que a ior parte da populagdo moradora em favelas, con- mntos e bairros precirios tem seu. Cotidiano restrito fo proprio bairro e vizinhancas. ‘No limite, trata-se da dissolugio da So Paulo de fronteiras abertas, que abria a possibilidade con~ ‘reta do desenvolvimento humano individual ¢ co- \etivo por meio da intensidade das erocas e interacoes sociais. As fronteiras internas, que agora assumiram \ materialidade fisica dos muros, grades € guaritas, Nidaram a cidade e confinaram os cidados a uma Vida apenas entre familiares e iguais, impedindo Inaior interagio. A cidade fractal ¢ fragmentada & tuma anticidade, que se debate para estabelecer ba Kes de novos padides de urbanidade, fundados na negagio do contato com © outro. ‘No contexto da Sio Paulo cidade-mosiico emer ge tunbém outra Sio Paulo-tela,no interior dos con- Gominios residenciais, dos apartamentos ¢ favelas, dos shopping centers e dos centros empresariis: 0 corp fantasmatico de uma cidade enquadrada nas intimeras telas de-TV, presentes nas mansGes e nos barracos. Por ah citculam flaxos de imagens da propria cidade, en- Yoltas pelas noticias dos telejornais, geralmente espe~ culos wzigicos, ow pelos melodramas das telenovelas. ‘A Sio Paulo fantasmética também aparece, ameaga~ oramente, nas telas dos circuitos fechados de vigilin- ia, wilizados para controlar 0s acessos de indesejados fe cvitar possiveis Toub9s € atagues do exterior, fazen- ‘do de cada fiagmento urbano uma anticidade-forta- leza, sitiada pela violéncia objesiva e subjeriva 38 sipPe “Tais designagSes de So Paulo, no entanto, nio ocam no dilema essencial de seu destino. Sua hist6ria, como pudemos apontar a0 longo deste livro, tem a marca dhs decisées de politica urbana tomadas em ‘momentos cruciais, com maior ou menor participa Gio de seus moradores. Desde a oligarquia que achninistrow a cidade & sua imagem e semelhanga até © pacto territorial que in cluiu as massas urbanas no poder, mas excluindo-as de uma condigio de cidadania plena, no hi “problema” turbano ou marca urbanistiea na cidade que nio esceja intimamente asociado a um modo de governar. ‘Cidades nao sao teatros, onde autores vio defi- niindo enredos, diretores vio escolhendo atores para representi-los € cendgrafos vao desenhando ambien~ tes sucessivos, a gosto das platéias. Na cidade, no hi enredo ou cenirio que independa da ago individual e coletiva de todos que a habitam. Por isso, querendo ‘ou niio, o destino de So Paulo esti nas maos de seus moradores: a sujeira e © abandono das ruas Sio res- ponsabilidide comum, 0 clientelismo ¢ 2 corrupgio definem mais a cidade do que os projetos de sistemas de saneamento e circulagio. A destruigao final ~ ou! a reconstrugio, em novas bases — de sua geografia socioambiental permanece, portanto, uma possibili- dade em aberto. BIBLIOGRAFIA E SITES | I | i L producio de estudos sobre Sio Paulo & A ‘asta, cobrindo trabalhos produzides no ‘campo de varias disciplinas. Apontamos J aqui apenas algumas obras de referéncia, «em virios campos. GEOGRAFIA Aroldo de Azevedo, Vilas ¢ Cidades do Brasil Colonial: Ensaio de Geografia Urbana Retrospective. Sio Paulo: FFLCH-USP, 1956, Aroldo de Azevedo (org.)..A Cidade de Sio Paulo. Sio Paulo: Nacional, 1958. Juergen Richard Langenbuch, A Estmitura da Grande ‘Sto Paulo ~ Estudo de Geografia Urbana. Bio de Ja neiro: IBGE, 1971, HISTORIA Paula Beiguelman, A Formayao do Pov no Complexe Cafccve. Sto Paulo: Pioneira, 1978. Eva Blay, Eu Ndo Tenho Onde Morar ~ Vilas Openirias tha Cidade de Si Paulo, Sio Paulo: Nobel. 1985. IN. Bonduki, Origens da Hobitarao Socal no Brasil Ar- 4quitetura Moderna, Lei do Ingulinato e Difusio da Casa Piipria.Sio Paulo: Estacio Liberdade/Fapesp, 1998. Exnani da Silva Bruno, Histéria e Tadiges da Cidade de ‘Séo Paulo. 2 edigio. Sio Paulo: Prefeitara do Mu- nicfpio de Sio Paulo/Hucitec, 1984. 3 v. Wilson Cano, Raizes da Concentraao Industrial em Sio Paulo. So Paulo: Difel, 1977. ‘Warten Dean, A Industralizagio de Sio Paulo. Sto Pau- lo: Dif, 1971. Maria Luiza Marcilio, A Cidade de Sto Paulo, Povoa- ‘mento e Populagao 1750-1850. Sa0 Paulo: Pioneira, 1974, Richard Morse, Formagio Histérica de Sto Paulo, Sio Paulo: Difusto Européia do Livto, 1970. Prefeitura Municipal de Si0 Paulo, © Poder em Sao Paulo — Histéria da Adminisiragao Piitlica da Cidade Sio Paulo: Cortez, 1992. Nicolau Seveenko, Orfew Extétco na Metripole. Sao Paulo: Companhia das Letra, 1992,

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