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N26 — 193-1994 ocupagdo dos tempos livres de uma parte da popu- lagdo da itha do Faial; ‘Assim, a Assembleia Legislativa Regional, nos ter- mos da alinea a) do n.° 1 do artigo 229.° da Consti- tuigdo € da alinea ¢) do n.° 1 do artigo 32.° do Esta- tuto Politico-Administrativo da Regio, decreta o seguinte: Artigo 1.2 Ambito © objective 1 —E desafectada do regime florestal parcial, a que foi sujeita por decreto publicado no Didrio do Go- verno, 2.* série, n.° 26, de 31 de Janeiro de 1961, uma parcela do terreno do perimetro do Faial, terrenos bal- dios da freguesia do Capelo, com uma area aproximada de 11 ha, conforme demarcacéo na planta em anexo 0 presente diploma do qual faz parte integrante, com a seguintes confrontacdes: a norte ¢ a oeste, com ter- ‘enos baldios submetidos ao regime florestal; a sul, com 4 estrada regional n.° 1-1.*, e a leste, com terreno bal- dio sujeito ao regime florestal e com Eduardo Rafael (artigo 2515.°).. 2—A parcela de terreno referida no mimero ante- rior é cedida, com cardcter de afectacdo temporaria, a0 Clube Desportivo de Caca e Golfe do Faial destina-se & implantagdo de instalagbes desportivas de tiro, a explorar pelo ‘mesmo Clube. 3'— Caso as instalag6es referidas no nimero ante- rior ndo sejam concluidas no prazo de cinco anos ou, verificada a sua conclusio, 0 Clube Desportivo de Caga © Golfe do Faial ndo thes d2 o uso a que se destinam, 4 parcela de terreno em causa serd novamente integrada no perimetro florestal do Faial. Artigo 2.° Demarcasto ¢ eniregs 1 — A Camara Municipal da Horta, sob a orien ‘glo da Direcgdo Regional dos Recursos Florestais, at vés da Administragdo Florestal do Faial, deverd pro- ceder & demarcacéo da referida parcela de terreno. 2 — A entrega da parcela de terreno identificada no n° 1 do artigo 1.° $6 sera efectivada apds a demar io jé citada no’ nimero anterior. Antigo 3.° Trabalhos complementares recline © corte de arvoredo, se necessdrio, bem como a eventual venda dos produtos dele resultantes, serio efectuados pela Direccdo Regional dos Recursos Flo- restais, através da Administragdo Florestal do Faial, e a sua receita serd distribuida nos termos da legislacio em vigor nessa matéria, Aprovado pela Assembleia Legislativa Regional gs Acores, na Horta, em 27 de Janeiro de Presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Acores, Alberto Romdo Madruga da Costa. Assinado em Angra do Herofsmo em 23 de Fe- vereiro de 1994. © Ministro da Repiiblica para a Regio Auténoma dos Acores, Mério Fernando de Campos Pinto. DIARIO DA REPUBLICA — 1 SERIE-A | joann poet wdc ‘SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTICA Assento n.° 3/94 ‘Acordam no Supremo Tribunal de Justica, em pleno: José de Sousa e mulher, Maria Tinoco da Costa, re- sidentes em Vila Nova de Famalicio, interpuseram re- curso para o tribunal pleno do Aeérdao proferido por este Supremo Tribunal datado de 1 de Marco de 1988, no processo n.° 75.474, da 1.* Sec¢do, por estar em oposigdo com 0 Acérdio do mesmo Supremo datado de 23 de Julho de 1986, proferido no proceso 1° 38 485, da 3.* Seopdo, relativamente & mesma ques- to fundamental de direito, que era a seguinte: no acor- io recorrido decidiu-se que, ocorrendo uma colisdo entre dois veiculos, um conduzido pelo seu proprieta- rio e outro por comissdrio, endo se tendo averiguado a culpa de qualquer deles, a responsabilidade devia ser repartida na proporgo do risco, ao passo que, naquele acérddo fundamento, se decidiu! que, nas mesmas con- digdes, a responsabilidade devia ser’atribui prietério do veiculo conduzido por comisséri ver uma presungdo legal de culpa contra este. ‘Apés 05 vistos legais, no julgamento da questo pre- liminar, reconheceu-se'a existéncia de oposigao entre 08 dois’ acérdios. ‘A seguir, 05 recorrentes apresentaram a sua alega- so e nela conclufram que se deve dar provimento ao DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A N.° 66 ~ 19-3-1994 recurso, revogando-se 0 acérdio recortido, ¢ lavrar-se assento em que se fixe que: ‘A primeira parte do n.° 3 do artigo 503.° do Cédigo Civil estabelece uma presuncdo de culpa do condutor do veiculo por conta de outrem pe- los danos que causar, aplicavel nas relagdes entre ele como lesado eo titular ou titulares do direito a indemnizacdo, ‘© que teré como consequéncia a condenagio dos réus, no pedido, o qual deverd ser actualizado, atenta a taxa de desvalorizagdo da moeda ¢ 0 decurso do tempo ‘(quase seis anos apds a propositura da acgo). ‘Os recorridos néo alegaram. Por seu turno, o digno agente do Ministério Piblico ‘exp6s 0 seu parecer, no qual concluit 1.° Deve revogar-se a decistio recorrida; 2.° Deve lavrar-se assento, com a seguinte formu- lagao: Ocorrendo uma coliso entre dois veiculos automéveis, um conduzido pelo sew proprie~ tdrio e outro por um comissério, na falta de possibilidade de averiguagdo da culpa, 1ndo sdo aplicdveis as regras da responsabi lidade pelo risco, mas antes as da culpa, por forga da presuncdo do artigo 503.°, n.° 3, do Cédigo Civil Colhidos 0s vistos legais, cumpre decidir. Antes de mais, tem de dizer-se que este tribunal pleno, ao contrério do pretendido pelos recorrentes, ‘ndo pode actualizar o montante da indemnizagdo pe- dida em consequéncia da desvalorizagéo da moeda, uma vez que 0 acdrdao recorrido 0 ndo fez. Os assentos destinam-se a fixar doutrina com forca obrigatéria e a resolver um conflito de jurisprudéncia, ‘optando por uma das decisdes em confronto (artigos 763.°, n.° 1, € 768.°, n.° 3, do Cédigo de Processo Civil) e nada m: ‘Assim, 0 objecto do recurso para o tribunal pleno & sanar a contradigdo existente entre decisdes sobre a ‘mesma questio de direito, a do acérdio recorrido ¢ a do acérdao fundamento, com vista a uniformizar a ju- risprudéncia e a garantir a certeza juridica conferindo a forca obrigatéria a interpretagdo dada a determinada norma por uma dessas decis6es ou até optando por uma interpretagdo diferente (Antunes Varela, Revista de Legislagao e Jurisprudéncia, ano 124.°, pp. 376 € seguintes; Palma Carlos, Direito Processual Civil dos Recursos, ed. da AAFDL de 1965, pp. 195 ¢ seguin- tes; Castro Mendes, Direito Processual Civil, Recursos, ed. da AAFDL de 1980, p. 99). E claro que os assentos também se pronunciam so- bbre as questdes concretas decididas pelos acérddos re- corridos, mantendo estes ou revogando-os, mas néo po- dem ampliar as correspondentes decisées, libertando-se delas € passando a decidir 0 que elas nao decidiram, ‘0 que, na hipdtese concreta, sucederia caso se atendesse © refetido pedido de indemnizacdo sem esta questdo ter sido considerada no acérdio recorrido. Posto isto, vejamos se a raziio estd do lado do acér- dio recorrido ou do lado do acérdio fundamento quanto a aplicagdo do artigo 503.°, n.° 3, primeira parte, do Codigo Civil, na interpretacao do assento de 14 de Abril de 1983, a colisdo de vefculos prevista no artigo 506.°, n.° 1, do mesmo Cédigo, quando um dos veiculos ¢ conduzido pelo dono € 0 outro por um co- missério.. Houve sobre a questo larga divergéncia na doutrina ‘ena jurisprudéncia em época mais recuada, a qual, po- rém, se foi esbatendo a partir daquele assento de 14 de Abril de 1983 e do posterior Acérdio deste Supremo de 17 de Dezembro de 1985, tirado em reunigo con- junta das duas segdes civeis (Boletim do Ministério da Justica, n.° 352, p. 329). De facto, desde entdo, a ju- risprudéncia, sem divida largamente dominante, pas- sou a alinhar com a orientagdo seguida no acordao fun- damento, de acordo com a qual, ocorrendo uma colisio entre dois veiculos, um conduzido pelo seu dono ¢ 0 ‘outro por um comissério, endo se tendo apurado a culpa de qualquer deles, a responsabilidade deve ser atribuida ao segundo, por haver uma presuneao legal de culpa contra ele, na medida em que € aplicavel a0 artigo 506.°, n.° 1, a presungdo legal de culpa do at tigo 503.°, 'n.° 3,’ primeira parte, interpretado pelo mencionado Assento de 14 de Abril de 1983 (Acérdaos do Supremo Tribunal de Justiga de 22 de Fevereiro de 1986, 6 de Maio de 1986, 17 de Junho de 1986, 19 de Fevereiro de 1987, 18 de Maio de 1989, 20 de Junho de 1990, 14 de Janeiro de 1993 ¢ 17 de Margo de 1993, respectivamente, Boletim do Ministério da Justica, 1. 353, p, 422, 387, p. 385, 358, p. $06, 364, p. 845, 387, p. 553, e 3982, p. 488, e Colecténea de Jurispru- déncia do Supremo, 1993, 1. 1, p. 34, € t. Hl, p. 14). Por banda da doutrina, é conhecida a defesa acérrima que o Prof. Antunes Varela, com 0 aplauso do Prof. Almeida Costa (Direito das Obrigardes, 5.* ed., p. 509, n.° 2), vem fazendo da mesma orientacao do acérdao fundamento (Das Obrigaroes em Geral, vol. 1, 7.4 ed., p. 617, n.° 3; Revista de Legislardo e Juris: prudéncia, ano'124.°, ‘pp. 285 e seguintes, ano 122.°, . 181, € ano 121.°, pp. 31 ¢ seguintes, maxime pp. 58 e281, n° 2). © cemne da argumentaso destas doutrina ¢ jurispru- déncia pode sintetizar-se assim: 4a) Segundo 0 Assento de 14 de Abril de 1983, a primeira parte do n.° 3 do artigo 503.° estabe- lece uma presunigéo de culpa do condutor do veiculo por conta de outrem pelos danos que causar, aplicdvel nas relagdes entre ele como le- sante ¢ 0 titular ou titulares do direito a indem- nizagdo; 1b) Ha diversas razdes, como 0 afrouxamento da gildncia do veiculo e da sua manutencdo e bom funcionamento, a fadiga do condutor, o subes- timar do risco, 0 facilitar da conducdo, ete., que justificam se taga distingdo entre 0 dono que conduz préprio veiculo e o comissatio ou con- dutor por conta de outrem ¢ se considere este ‘timo mais perigoso, a ponto de se presumir cul- pado, salvo se provar que nio houve culpa da sua parte (Antunes Varela, Das Obrigacdes em Geral, vol. 1, 7.* ed.» p. 657, ¢ Revista de Le- ‘gislagdo e Jurisprudéncia, ano 122.°, pp. 178 € 179, € ano 121.°, pp. 52 e seguintes © primeiro dos elementos a ter em conta na re- constituigdo do pensamento legislativo é a uni- dade do sistema juridico (artigo 9.°, n.° 1, do Cédigo Civil), o”que pressupde coeréncia ¢ 15- ‘gica no pensamento do legislador, que hi-de traduzir-se na uniformidade de critérios dentro N° 66 — 19-3-1994 de toda a ordem juridica, pelo que & de todo razodvel transportar para a interpretagdo e apli- ‘cagdo do disposto no artigo 506.°, n.° 1, a pre~ sungdo legal de culpa do comissério estabele- ida no artigo 503.°, n.° 3, primeira parte, devendo entender-se que este ultimo texto pro clama a presungio legal de culpa do condutor por conta de outrem em termos gerais, que tanto valem para os danos causados pelo sim- ples atropelamento como para os danos prove- nientes da colisio de vefculos, 4) As razdes supra-referidas na alinea b), justifi- ‘ativas da distingdo entre 0 condutor por conta de outrem € 0 condutor do seu préprio veiculo, também valem para 0 caso da coliso de vei- culos prevista no artigo $06.°, n.° 1; Este artigo $06.°, n.° 1, ndo’distingue entre culpa efectivamente provada e culpa presumida no ilidida pelo condutor por conta de ou- trem, e, como ja se disse, ndo se justifica que se faga tal distingdo, porquanto as razdes da justiga em que assenta a presung&o legal de culpa do artigo 503.°, n.° 3, primeira parte, também colhem para a hipétese da colisio de veiculos em que intervenha um condutor por conta de outrem e por isso a culpa referida no artigo $06.°, n.° 1, tanto abrange a culpa efec- tivamente provada como a culpa apenas presu- mida; J Tanto € culpa a efectivamente provada como 2 presumida, apenas se diferencando pelo facto de aquela resultar de todos os elementos con- cretos de prova e de esta ultima derivar de uma presungo, mas claro é que as presungdes so ‘um meio de prova (artigos 344.°, 349.° ¢ 350.° do Cédigo de Processo Civil). Todo este acervo de razdes € deveras conveniente merece 0 nosso apoio, pelo que se impde a revogacéo do acérdao recorrido ¢ a formulagio de assento a con- sagrar a orientagao do acérdao fundamento. elo exposto, revoga-se 0 acérdao recorrido, para car a valer 0 acérdao proferido pelo Tribunal da Re- lagdo e formula-se o seguinte assento: AA responsabilidade por culpa presumida do co- missdrio, estabelecida no artigo 503.°, n.° 3, pri meira parte, do Cédigo Civil, é aplicdvel no'caso de colisdo de veiculos prevista no artigo 506. 1." 1, do mesmo Cédigo. Custas pelos recorridos. Lisboa, 26 de Janeiro de 1994. — Fernando Fa- ido — Silva Reis — Ferreira Dias — Pais de Sousa — Miranda Gusmio — Raul Mateus — Sé Couto — Dias Simao — Costa Pereira — Sousa Guedes — José Ma- ‘galhdes — Mora do Vale — Santos Monteiro — Ramos dos Santos — Cardoso Bastos — Guerra Pires — ‘Abranches Martins — Pereira Cardigos — Zeferino Fa- ria — Chichorro Rodrigues — Sd Ferreira — Silva Cancela — Teixeira do Carmo — Calixto Pires — Car- dona Ferreira — Folque Gouveia — Machado Soa- res — Amado Gomes — Correia de Sousa — Cura Ma- riano — Ferreira da Silva — Sousa Macedo — Ferreira Vidigal — Miguel Montenegro — Figueiredo de Sousa — Martins da Fonseca — Mério Noronha — Cé- sar Marques — Sampaio da Silva — Roger Lopes — DIARIO DA REPUBLICA — I SERIE-A 1401 Ramiro Vidigal — Coelho Ventura — Costa Ré paso — Lopes de Melo — Oliveira Branguinko — Sd ‘Nogueira (vencido. Pelos fundamentos invocados no acérdio recorrido, que confirmaria, entendi que ndo

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