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Aso crac? dos Prcahges Morb guess APPEL (444) Ackioda = Stenreritic deonbBigic: prePerure? de prentays , Part: Aprant, 29 Avaliacao Psicolégica: Consideragées deontolégicas ma sua pratica(™) Leandro S. Almeida (Universidade Minho) & avaliagdo psicolégica surge como um dos dominios especificos de regulamentagao deontolégica na investigagao e prética da Psicologia, As associaghes de Psicologia ou de Psic6logos nos varios paises dedicam-Ihe um capitulo especifico nos seus e6digos de ética, outa dedicam-Ihe um regulamento proprio (f. “Standards for Educational and Psychological Tests" ciclicaments revistos pela APA), Em Portugal produzimos jé um texlo sobre o assunto (Almeida, 1993), procurando sistematizar as consideragbes mais relevantes ¢ mais gerais neste Gominio. Reiomaremos neste texto a proposta de c6digo apresentada nese documento, Justificando e fundamentando as principais ideias que the estio subjacentes. Julgamos caber ao préprin psicdlogo pane significative a da responsabil jade do cleniffico ¢ da qualidade deontoligica du sua pritica , neste caso concreto, da avaliugie Psigoligica que realiza, Esta margem de liberdade e decistio do psicdlogo nao pode. no entanto, contrariar valores ¢ prinefpios universuis ou profissionalmente ussumidas, Este texto, sem catr num discurso moralista ou legulista, procura sistematizar oriontagties deontolé Tespeitar a uulizagdo das provas psicoldyicas e nos procedimentos de avaliagio, Uma informagiio mais \Ecnivo-cientiica sobre avaliagio psicolégica sai fora do Ambito ¢ objectivos deste texto Ela terd GE Ser procurada nos manuais de observagio, de wvaliagio qu de diugndstico psicoligico, bem Sem Come nos manuais € livros \écnicos sobre determinadas provas ou testes. A formagao académica dos psicélogos tem. al . invidido mais nestes Gtimos aspectos compa ativamente 40S aspectos deontolégicos a atender. Por tltimo, tomaremos como ponto de referéncia neste texto a utilizagéo das provas \*) Comunicagéo apresentada no Seminétio “Deontologia Profissional do Psiedtogo” Porto: Reitorig da Universidade do Porte, APPORT, 16 ¢ 17 Dez.9s, 30 logicas, ¢ mais concretamente os testes. Muito embora a avaliagio psicolégica seja hoje um Conceito mais abrangente e abarque todo o comportamento inerente & apreciagdo (observa avaliag compreensio, classificagdo) das curucteristicas das pessoas, grupos e contextos. jul AMOS que as questbes de ordem deontolégica melhor se ilustram - ¢ sfio mais facilmente Justificdveis - quando nos reportamos ao uso de tais provas ou testes. Necessidade de principios deontolégicos na avaliagdo A avaliagdo psicolégica ndo tem recebido, nas dltimas décadas, as melhores referéncias Por parte do pablico e o melhor aprego por parte dos priprios psicslogos. Uma diferenga clara Se pode estabelecer entre 0 papel da avaliagdo psicoldgica, e dos testes em particular, nos anos 50/40 © nos anos 70/80. Nao s6 as provas psicoldgicas aparecem hoje menos usadas, como varius criticas so formuladas & sua cientificidade e utilizagto. A associagio dos testes psicolégicos a deci Ses discriminatsrias e nao respeitadoras dos direitos de minorias, a sua incid&neia nos comportamentos estritamente indiv ‘ais ou remetendo para varidveis intemas a Sud explicagao, ov o modelo médico de avaliagdo e intervengdo psicolégicu subjacemte explicam cin bus medida os recuns, as ddvidas, as criticas os \donos actuais Esta alteracdo, em parte explicads pelos "usos e abuso: © pelos avangos na propria investigaeao ¢ pritica da Psicol sia, justificw x definigio de aspecios deontolégices a respeitar na avaliagio psicoldgica uié como forma da mesma salvag ardar o sew justo papel na Jnvestiguedo ¢ na intervongio psicoligica. Esse papel € defendide maioritariamente pelos PsicSlogos em diversos paises (Poortinga ef ai.. 1982; Almeida & Cruz, 1985), Acresce, ainda, or speito por princfpios e valores universais dus sociedades mais avangadas des nossos dias Nem sempre os testes ¢ a avaliugio psicologica em geral souberam atender e respeitar diferencas © os direitos individuais, aparecenda frequentemen ssociados a posigées soci mente discriminatérias ou fundamentands decistes contrdri igualdade de oportunidad Um outro aspecto quanto & nocessidade de parimetros deontolégicos na avaliagio tom u ver com os limites ¢ as imperfeigte desta mesma avaliagau. Varios pontes tis Limitagdes v reforgam a ideia que 0 psicélogo (avaliador) teré que ser sempre melhor que 0s instrumentos que utiliza. Em primeiro lugar algumas formas de avalia medidas indirectas das variéveis questionando-se o sentido inferencial dos indicadores usados (validade). Em segundo lugar a maior parte dos instrumentos assume um sentido linear € aditivo das escalas o que nem sempre € demonstrado (consisténcia). Em terceiro lugar a avaliagio psicolégica carece de unidades-padrao de medida na generalidade das varidveis consideradas recorrendo na maioria das vezes 2 pardmetros de frequéncia dos: comportamentos ou a resultados de grupos nas suas andlises. Por tiltimo, a avaliagao psicol6gica tem sido mais capaz de caracierizar sitagies latas de disfuncionamento do que sistematizar diagndsticos diferenciais ow apontar sugestes concretas de intervengao.. A concluir, em Portugal, ¢ certamente noutros paises, verificamos no presente algum “upctite” por parte de outros grupos profissionais em relagdo & area da avaliagdo psicoligica. Ainda recememente alguns jornais publicitavam cursos sobre avaliagdo de QI destinados a médicos © a professores. Esta incursio pode ter varios significadas, por exemplo a menor motivagao dos proprios psi logos pelas tarefas da avaliagio no presente, a diversificagao de compeiéncias ¢ éreas profissionais por pane de outros grupos profissionais, ¢ a buixa formagao Jo cietuddo comem em Postugal nests matéria ox falta de um organismo de direito péblico que defends simultancamente 0 exerescio da Psicologia e a melhor salvaguarda dos interesses ¢ du neces idades dos scus utentes. A situago relatada merece maior aten por parte dos psicél s, bem como por parte das suas estruturas de formagio e de representacio profissional, Al uma actuagdo de esclarecimento junto da opiniae publica e das diversas instituigdes parece-nos necesséria. Incidéncia dos pardmetros deontolégicos na avaliacio Para uma melhor sistematiz: deste texto, tomaremos wés nibricas na nossa undlise: (1) os procedimentos, 0 material ¢ us condi de avaliagio: (11) os sujeitos/individuos envalvidos io; ¢ (IMI) a inter retagiia dos resultados ¢ conclu: 1. Procedimentos, material ¢ condigdes da avaliagao A avuliagio psicelégice nac pode ser um acte isolado. Nao define, x 1 pode encerrar prética psicoldgica, Ela deve estar ao servigo de objectives determinados. deve responder & —quest0es, a hipdteses ¢ a necessidades especificas. Seja uma situagao de ajuda psicolégica ou ume situagdo de seleegao profissional, a avaliagdo psicoldgica € necesséria como diagndstico ou prognéstico cabendo ao sujeito, ou seu legitimo representante, 0 direito de participar nos aspectos que justificam a avaliacdo psicoldgica a realizar. Aspecto essencial na avaliugio psicolgica tem a ver com os meios e as condigdes em que a mesma se efectua. Nao sendo possivel a observacio directa de algumas varidiveis psicolégicas, antes a sua inferéncia ¢ estimativa através dos comportamentos manifestos (por exemplo a resposta a itens ov questdes), 2 avaliagao psicoligica requer procedimentos que salvaguardem 0 rigor e a validade du informagao obtida, Nestes procedimentos incluem-se, por norma, os instrumentos estandardizados de avaliago (testes, escalas, auto-registos e listas de comportamentos), soja uma atengao uv contexto adequado de prussecugio da propria aval cdo. Neste sentido, e sob 0 ponto de vista ético, deve psicélogo procurar na avaliugdo que reuliza atingir o duplo objectivo do rigor e da significincia da informagao recolhida. Uma atencao Particular deve sor duda & investivagau que vem sendo realizado. nomeadamente a que questiona ¢ reformula a teorizagao em torno dos construtos psicoldgicos. Deve ainda dar atengio A inv: sti lo que releva as condigéi-< do “testing” e a influgnci: de doterminedos desempenho maximo ou tipico dos individuos. Deontologicamente no s6 € reprovavel que se mantenham situzgdes de avaliagio psicoldgica pouco controladas em termos de varidveis em presenga. como é reprovavel 0 uso de certos ii strumentos quando a investigagio poe em causa o fundamento tedrico dos Fespectivos constructos sua operacionalizagdo nos itens das provas ou a validade empfrica dos seus resultados. Procedimentos e instrumentos menos fieis € vilidus coniprometem a qualidade da avaliayo e as decisbes que se Ihe seguem. Procedimentos (por cxemplo as condigbes do sujeito ho momento da avaliagiio, as instrugdes empregues, 0 us de computador como gerador e administrador dos estimulos....). baixo esclarecimenta ¢ envalvimento dos sujcitos na 2valiagdo, instrumentos nao devidamente aferidos para os grupos ou os individuos com especificidades sovio-culturais di ficuliam a evaliagdo © RValidain as interpretagbes mais ou menos directas dos desempenhos. Os resultados obtides em tais circunstincias. reflectindo uma ‘nleraceao complexa de varidveis, poem em causa a objectividade da avaliagéo, Um psic logo Consciente, ¢ istq independemente das solicitagbes dos seus clientes directos ou indirectos Por uma det ‘nada avaliagao ou aplicugio de determinada prova, deve recusar uma avaliagzo Conduzida em circunstincias de objectividade duvidosa, Sobretudo quando estd em caus a ‘apreciagdo das caracteristicas e capacidades dos sujeitos por referéncia aos seus pares (norm: ‘referenced tests) maiox esforgo de estandardizagao da avaliagio deve ocorrer. Aqui, estudos Giferenciais em psicologia t8m-nos permitido isolar varidveis nao estritamente psicolégicas influenciando 0 desempenho dos sujeitos (cf. idade, sexo, grupo étnico, classe social, habilitagbes académicas, cardcter urbano ou rural das comunidades, etc.). O rigor e a validade da informagao recolhida nao sio conseguidos sem a ponderagio de tais influéncias B mente. © psicblogo deve estar capa de ir para ulém dos instruments que usa na avaliagio psicolégica. Os editores dos testes e outras provas psicolégicas devem proporcionar aos psicélogos a informagao técnica neces ia 8 sua utilizagio. Assim o manual que acompanha uma prova Psicoldgica deve primar pela seriedade e sobriedade da informagdo, e de forma alguma deve induxir em erros an c falsas expectativas. A terminologia empregue dove minimiz . caviezamentos de interpreted ¢ nunca provocar imprecisbes nos seus ullizadores, Importa cstarem clarumente explicitados 0 racional das provas, as suas caracteristicas tcnicas, ¢ os Parametros de administragio e interpretacio dos resultados, Esta informagdo serve néo apenas 80 psicGlogo para analisar € interpretar um desempenho, mas também pura numa fase prévia decidir da sua aplicacao ou ndo. Sabemos que as estandardizagées sio sempre relativas a urn determinado grupo ¢ & um determinado abjectivo e, quanto mais pormenorizados estiverem Geseritos estes aspectos, maior seguranga pode 0 psicélogo ter no seu uso M1. Sujeitostindividuos envelvides na avatiagée Podemos diferenciar quatro intervenientes na avaliagdo psicol6gica: quem u solicita, quem realize, quem aela se submete ¢ quem vai utilizar os seus resullados. Se em relagdo a quem a Fealiza, et sec! © de "avaliagio psicold; - RUo nos restam davidas de que que ser psicdlogo, imtervenienies diversos podem estar por detris da solicitacdo da 34 ‘walingdo © do uso que da mesma vai ser feito, Grande parte das Questhes deontolégicas incidem Hesie ponto, precisamente quando a avaliacdo € pedida ¢ usada por outrém que no o sujeito que ‘ela se submete, Médicas, professores e gestores de pessoal, Tespectivamente nos campos da ess psicdlogos para as tarefas de avaliagio psicol6gica dos seus cliemtes e sujeitos, Por horma, so também estes os Profissionais que mais directamente irdo utilizar a informagdo' af recolhida. Neste semido importa clarificar alguns pontos, Em primeiro lugar, o psicélogo mantem a. responsabilidade \échica sobre a decisiio da avaliagdo, as condigdes em que a mesma se realiza e 0 uso gue € feito dos sens resultados Mesmo que em situagdes de avaliagao colective o psiedlogo se fagu substituir na uplicayao das buterias de provas por pessoa menos qualificada, certo que mesmo af ele deve supervisionar o trubulho (escolha das provas, aplicago ¢ comecgdo, anilise e interpretagio dos re-wtiados, Claboragia das relaisrios ¢ uso da informagio), Em segundo lugar importa que os psicslogos ¢ os outros profissionais tenham Consciéncia de que 0 primeiro proprietério dos resultados & g sujieto avaliado, Este tem direitos. Senda um deles 0 dircito a privncidacle. an respeitn, an sig dade. O psiediogo Stuns agai uma responsabilidade que nio de pertenga mas de ulilizagdo da informagae recolhida (Barberd 1988). Confusbes sio frequentes entre os direitos de Pertenga ¢ os direitos de utilizagio, por vezes acescidas pelo aparecimento de um tereciro clemento, ou seja a ‘mstltuizdo ou pessow que solicitow e "pagou" a avaliagso, Este é um dos Pontos a merecer maior Meneio em termos de cédigo deontolégico, justificanda-se assewurar nas avaliagdes por Solicitag © sujeito a avalize: (i) 0 conhecimento ¢ « wcordo do sujeito a AvSHar quanto aos objectivos, ambito v uilizagio da avaliugta: (i) o direito do sujeito avalindo a Conhecer os resultados e as conelusGes deles retiradas,Infelizmente estos aspectos nem sempre “pmiecem contemplados, ¢ nem sempre & dos psicdlogas wd responsabilidade Por esta fulha, Em relacio ao psicélogo, agente da avatiaedo, importa gue conhega tecnicaments os meios ‘4s ubliza, Este conhecimento integra mas vui para além dos procedimentos metodoligicos ¢ as condigdes da avalingho (materiais, instragies, tempe....). A andl eC u interpretugio dos resultados nas provas psicolGgicus requerem uma formugdo goral nas dimeny pyalindss a uma Tormasao especifica de cada prova. Defender que esta formagio especifica apenas se mostra necesséria para provas projectivas € no reconhecer que, mesmo em inventirios oPlectivos de personalidade ou em baterias multifactoriais de aptiddes, surgem diserepncias Hos resultados € perfis que s6 um saber aprofundado aliado & intuigo empirica do psicclogo Consegue interligar ¢ compreender. Assim, ninguém por ser psicélogo, se enconira auomaticamente legitimado a0 uso de qualquer prova de avaliugdo psicolégica, De novo importa um conhecimento aprofundado das diversas técnicas existentes e dos aspectos a Considerar na sua escolha, as condigdes gerais ¢ espectficas da sua aplicagao, os procedimentos & correegao e normalizagdo dos resultados, a imtegragio da informagao, sua interpretagio ¢ Produc de sfntese conclusiva (relatsrio), a apresemtaglo da informago a0 sujeito avaliado e a quem solicitow a avaliagéo. © sujeito, alvo da avaliacdo, deve estar nas suas normais condigbes ou, pelo menos, em Condigbes que nio distorgam os seus préprios desempenhos. Certo que 0 comportamento humano ¢ em parle determinado pelos estfmulos externos, contudo no podemos ignorar papel igualmente importante das suas condigdes psicofisiolégics ou dus suas representagdes sobre z propria avaliagdo. A situa Ge "testing" dove representar um compromisso entre uma Siuacko de experiéncia laboratorial (tentativa de objectividude maxima da informagio) ¢ uma Sitwacdo natural ou significativa para o sujeito (tentativa de significdneia para-a informagao recolhida). © PsicSlog deve, assim. conhecor os fuctores umbientais e pessoais du sujeito que podem interferir no seu desempenho, Pode inclusivé concluir que nem sempre o sujeito esti Preparado para a avaliagéo progrumada, No minimo, deve atender a esses aspoctos na anilise Posterior dos dudes obtidos. Aligs importa contrastar a maior preocupagio do psicélogo com adtudes ¢ comportamentos menos sinceros dos sujeitos nos testes © que methoram “indevidamente” o scu desempenho ou a sua imagem, do que a situaese inverse (por exemplo, existem escalas de “dcteceio de mentira" nalguns inguéritos de personalidade, ou recorre-se a 4/5 alternativas de resposta nos testes de aptidio para diminuir margem de acertos ocasionuis). A buses de objectividads nu avaliagao justific: di a nosso ver, estes cuidados, naa sendo de ‘Sprezar igualmente a presenga de outros Factores externos © que, om sentido contririo, 36 proporcionam imagens e res sultados menos positivos do sujeito. Aliso psicdloge deve Teconhecer que, na interpretago que faz dos resultados, podem interferir aspectos da relagio mantida com o sujeito ou factores como o sexo, a idade, as crengas ou o estatuto socio- econémico do sujeito avaliado, I Interpretagdo dos resultados e conclusses Por norma € nas fases de interpretacdo dos resultados ¢ na elaboragdo das conclusdes que mais reclama a formagio e a exporiéncia do psicdlogo, Se na aplicagio colectiva de provas ¢, sobretudo. na correceio mecanica outrem pode substituir, ¢ até co maior sucess © proprio psic6logo (veja-se um leitor éptico em itens de escolha miiltipla), 0 mesmo néo pode ocorrer na fase de imterpretago dos resultados. Situagbes andmalus de diagnvisticns ineon-lysivas ou contraditérios surgem quando essa competéncia do psicélogo € substitufda por um programa informa jc0 OU por um outro profissional, mesmo com alta formagio em "psicotecnia”, Um s vendo ponto de a cm a ver com 0 caricter ultumente sensfvel da interprctagio dos resultados © elahoragao das conclusées. Especial cuidado merecem as av: iaghes no Comexto elfnico, juridico ¢ escolar a pedido de outrens. Com alguma frequéncia tais avaliacdes mats no representam que o cristalizar de di sticos prévios ¢ onde se accntuam os aspectos mais mérbidos da personalidude ou as deficiéncias dos sujeitos, Frequentemente foi a pritica dos testes associads & etiquetagem dos sujcitos avaliados. Estes aspects remetem-nos para ouuos Lantos problemas deontoligicus na avaliagao psicoligica. Sem dtivida o mais importante € 0 significado que se utribui a um resultado num teste ou prova psicolégica. Um certo ificado e poder mitico tem envolvido esse resultado por parte dalguns psicdlogos, de largos sectores do piiblico ou de outros grupos profissionais. Importa olhé-lo, desde infcio, como’uma estimativa endo como a explicitagao da real capacidade ou da real estrutura da personalidade do sujcito. Como estimativa que é, esse resultado refelecte as cireunstin s de espago c de tempo. em que foi observado. Néo pode, em consondncia, ser tomado como ubsoluto ov assumir propriedades bem definidas ou marcuntes de estabilidade e de projecgdo no futuro dos sujeitos avaliados. Consideragées finais Algumas consideragies finais e complementares a este texto gostarfamos de reproduzir. Julgamos que és pontos merecem uma maior atengdo: a comercializagao abusiva que tem sido feita dos testes psicoldgicos. o surgimento da avaliagio psicolégica através do computador. ¢ 0 cnvolvimento por parte das escolas, das associacées eientificas e profissionais de psicologia neste campo, Em primeiro lugar, a comercializagio e a circulagao das provas psicalégicas devem ser adstritas aos psicSlogos (mediante apresentagdo de certificado profissional ov equivalente), Situagies de formago, nomeadamente de estudantes de psicologia, podem permitir a venda € SO POF OULTOS que NEO psicdlogos (o professor em causa serd responsiivel pelo uso que de tais Provas vier u ser feito). Problema frequente ayui € o da reprodugao do material, Para além dos direitos editorials, surgem desta pratica estudantil a vulgarizagio de algumas provas junto do publico retirando-lhe significagio (mais grave quando o psicélogo néo tem disso conhecimento). Em segundo lugar importa analisar « utilizagio de computadores na avaliugdo psicoldgica, Nao vemos particulares dificuldades quando essa utiliza co ocorre (1) na geracdio de itens ¢ sua apresentagao tailoristica em fungao das curacterfsticas dos sujeitos. ¢ (TT) na correegao escorizacao dos resultados. Em nossa opinidio, sendo a gore 10 dos itens feita de uma forma criteriosa, © estando 0 sujeito em normais condi Bes face & mag 1, Nia decorrem dai problemas para a avaliacdo (alids aponta-se a melhor individualizaydo ¢ adeyuayao da avaliacio 3s particularidades do sujeito. A correcedo e escorizagio dos resultados por via informatica no nos merece comentitios negativos. Por norma u frequéneia de erro, comparativamente As mesmas turefas realizadas por via humana, € menor. Claro que é importante que estejam estandardizadas, as condigées de aplicugd ¢ que ern tais condigtes se atend ao sujeito, muitos deles uinda nfo fumiliarizadas com a miquina em virios paises Uma utilizacdio dos computadores na avaliacao psicolgicn, menos frequente mas também bastante mais "melindrosa”, prendo-se com a produgio de perfise, sobretudo. com a claboragao dos relatérios de sintese. Se a feits do perfil nus oferece jé algumas divides pois nem sempre © “software” produz uma andlise minuciosy da interacgdo necesséria entre us caracteristicus do 38 Suleito ¢ os resultados abtidas, certa que a interpretagao dos resultados, a interpretaggo do perfil ou * Produgio de: simeses informativo-imerpretativas (relatorias) nas merece, face aos clementos disponiveis. as maiores reservas. Até ao presente, podemos afirmar que o computador nao cons: ¢ imtegrar interligar os resultados obtidos, nem sempre convergentes ee ss avaliacdo requerem a formagio bésica e especifica do ps 80, & ya dy Seu saber p inmigto (veje-se a importincia da entrevista e da anamnese em qualquer avaliagio psicolégica), Finalmente, importa analisar © comportamento assumido pelas escolas = pelas associagdes cientificas ¢ profissionais de psicologia e de psicSlogos. Em nossa opinil elas deveriam ter Nims opinilo mais fundamentada ¢ difundida sobre os aspectos deontolégicos da avaliagio Psicolsgica, numa ligica de defesa quer da psicologia ¢ dos psicslogos quer do paiblico utente, Assim um aspecto que urge clarificar € 0 conceito de "prova psicoldgica", Vévios instrumentos de avaliagto clinica. edueacional e social so hoje usados indiseriminadamente Por psicdiogos ¢ outros tenicos, Ao mesmo tempo verific: © uma grande proximidade entre avaliagao Psicolgica © avaliagto educacional, por exemplo ao nivel da infancia ou no que respeita a0 desenvolvimento psicolégica, o que si fica em virios pafses 0 seu uso indiseriminado por PsicGlogos, conselheiros ¢ professores (refirs Se 08 standards da APA). Importaria aqui Gstinguir quais so ¢ quais no sdo provas psicolégicas pois que as primeiras, pelo que aprescntamos neste texto. s 0 psicéloga deveria Poder usar. As associugéies cientificas ¢ Profissionais devem assumir em reluglo & avaliagio psicolégiva atitudes de salvaguarda du sua Guilidade tecnica © deomtolégica, incluindo a penalizagio dos abusos ¢ assegurar estudos de Tevisto e validagio cfclicas das provas e dos procedimentos de avaliagdo A avaliagto psicolégica ¢ ainda um dos referenciais mais sensiveis ¢ importantes da investgasio ¢ da pritica psicalgica, Neste sentido no pode ser deixada a0 ahandono, Sem estudos de ontrolo de qualidade", como acontece noutras éreus da vida social, afectaese a Propria imagem da Psicologia ¢ dos Psicélogos em Portugal. Referéncias Almeida, L. S.& Cruz, M. ©. (1985). A utilizagio dos. testes Psicoldgicus: Resultados de um inguérito junto dos psicdlogos portugueses. Jonnat de Psicologia, 4, 13-17, 39 APA (1985). Standards for educational D.C: American Psychological Association. Barberé, V. P. (1988). Del psicodia Valencia: Ed, Alfaplus, Bersoff, D..N. (1981). Testing and the law. American Psychologist, 36, 1047- and psychological testing. Washington. gndstico cldsico al audlisis ecopsicalégico, 1058. Poortinga. Y. H.. Coetsier. P.. Meuris, G.. Miller, K. M., Samsonowitz, V.. Scismedos. N, & Schlegel. J. (1982). A survey of attitudes towards tests among Psychologists in six western european countries. International Revue of Applied Psychology, 31, 7-34.

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