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3 Dpoc
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me/resimed
@ casalmedresumos
- DPOC
1. Conceitos Iniciais
DEFINIÇÃO:
FISIOPATOLOGIA:
A bronquite crônica por si só não constitui uma DPOC e pode ser totalmente reversível com a suspensão do tabagismo.
E cuidado para não confundir isso... Ah, são duas doenças na DPOC... O enfisema e o bronquítico crônico! Elas não são doenças diferentes, tanto é que se trata da
mesma forma! Fazem parte da mesma doença... Mostram que o paciente chegou ao extremo da patologia! São os extremos da doença! São os extremos, mas
entenda: todo paciente enfisematoso tem um pouco do bronquítico e todo bronquítico tem um pouco do enfisematoso... E mais: na maioria das vezes o paciente
está ‘no meio’ dessas duas situações, escondido... Por isso, DPOC é uma doença extremamente SUBDIAGNOSTICADA! É o paciente que fuma e nem se sabe que ele
é DPOC... Até porque, normalmente, a pessoa precisa fumar em média 20 anos para evoluir para DPOC e se tornar sintomático.
D-DPC Desenvolvimento anormal PRISm VEF1/CVF > 0,7 e CVF ou VEF1 reduzidos
C-DPOC Cigarro, vape e cannabis Fator de risco, alt. espirométrica, enfisema, porém com
VEF1/CVF > 0,7
Pré-DPOC
P-DPOC Poluição e biomassa
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FATORES DE RISCO:
- OUTROS: PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA, SEXO FEMININO, IDADE AVANÇADA, BAIXA CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA, ASMA, TUBERCULOSE, IVAS DE REPETIÇÃO.
ENFISEMA EM JOVEM SEM RISCO CONHECIDO. O paciente que tem o enfisema da DPOC causado pela deficiência de alfa-1
geralmente é aquele paciente jovem e que não tem fator de risco conhecido! É o inverso do ‘normal’... Normalmente se precisa de 20 anos fumando para
desenvolver a doença e o tabagismo é um fator de risco muito bem estabelecido... Resumindo, é o jovem que não fuma!
ENFISEMA EM REGIÃO BASAL (tabagismo = centroacinar). Quando se olha um enfisema pulmonar por tabagismo e radiografa o tórax do
paciente, o pulmão está todo hiperinsuflado... O enfisema, portanto, pega todo o tórax! Na deficiência de alfa-1, a área mais hiperinsuflada é mais
localizada: fica em regiões basais do pulmão! E aí tem que começar a desconfiar... Enfisema em paciente que não fuma? Enfisema em paciente jovem?
Enfisema só em região basal?
HEPATOPATIA INEXPLICADA/VASCULITE C-ANCA +. São as outras manifestações que são decorrentes da deficiência de alfa-1!
Por exemplo, hepatopatia... Uma hepatopatia inexplicada... O paciente não bebe! O paciente começa a apresentar vasculites... Vasculite C-ANCA positivo.
É a vasculite que tem um ANCA para chamar de Ceu: Wegener!
HISTÓRIA FAMILIAR. Esses pacientes normalmente têm uma história familiar envolvida.
ENFISEMA PANACINAR. É aqui que está o “pulo do gato”... A biópsia do enfisema desse paciente é diferente do enfisema do tabagismo!
Quando biopsiamos a região basal do pulmão, que é onde tem mais lesão, vamos encontrar um enfisema do tipo panacinar! No enfisema do tabagismo,
ele é centroacinar! Atenção para isso... Como guardar? O tabagismo é o CENTRO da doença! Sem tabagismo não tem enfisema!
2. Manifestações Clínicas
QUAIS?
- DISPNEIA, CIANOSE,
COR PULMONALE, TOSSE CRÔNICA E PRODUTIVA
- AUMENTO DO DIÂMETRO ANTERO-POSTERIOR DO TÓRAX, REBAIXAMENTO
DO DIAFRAGMA, RETENÇÃO CRÔNICA DE CO2
- ORTOPNEIA, HIPERFONOSE DE P2/B2 SECUNDÁRIA A HAP, EDEMA MMII
COMO?
- A retenção crônica de CO2 torna o bulbo resistente a ele! Consequência: A HIPOXEMIA PASSA A SER O FATOR
ESTIMULADOR DO BULBO! Muito cuidado ao oxigenar o paciente! Você tem que apenas “atenuar” a hipoxemia, e não
a corrigir por completo!
- COR PULMONALE PELA HIPOXEMIA CRÔNICA (falência de VD com turgência jugular, hepatomegalia, edema em
MMII)
3. Achados Radiológicos
- HIPERINSUFLAÇÃO PULMONAR
- AUMENTO DOS ESPAÇOS INTERCOSTAIS
- VISUALIZAÇÃO DE > ARCOS COSTAIS ANTERIORES
- RETIFICAÇÃO DAS HEMICÚPULAS DIAFRAGMÁTICAS
- MAIOR HIPERTRANSPARÊNCIA
- CORAÇÃO EM “GOTA”
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4. Diagnóstico
- NOS CASOS DUVIDOSOS, com resultado entre 0,6-0,8, RECOMENDA-SE QUE A ESPIROMETRIA SEJA REPETIDA
em outra ocasião antes de fechar ou descartar o diagnóstico. PEGADINHA DE PROVA!
- Cabe lembrar também que, outro parâmetro que pode aparecer nas provas (considerado o PRIMEIRO A SE ALTERAR NAS OBSTRUÇÕES) é a FEF
25-75%.
AVALIAÇÃO DO PACIENTE COM DPOC:
De acordo com o GOLD, o paciente deve ser estadiado de acordo com parâmetros espirométricos específicos, obtidos após a administração de broncodilatador.
O GOLD prioriza 2 scores: MMRC, que avalia apenas a dispneia; e CAT, preferencial, com uma avaliação mais abrangente. Ambos podem ser respondidos pelo próprio
paciente. Aqueles com CAT > 10 ou MMRC > 2 são considerados os mais sintomáticos.
CAT MMRC
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CLASSIFICAÇÃO INTEGRADA:
Após avaliada a sintomatologia pelo CAT ou MMRC, iremos conjugá-la ao risco de exacerbações e dividir os pacientes em 3 grupos de gravidade crescente.
E GOLD 1 ou 2 = A ou B; GOLD 3 ou 4 = E
E como colocar essa paciente no andar de cima ou no andar de baixo? Usando,
por exemplo, a classificação da GOLD de acordo com o estágio (I, II, III, IV, via
VEF1). O melhor VEF1 era do estágio I (> 80) e o pior VEF1 era do estágio IV (<
30). Portanto, se temos 4 estágios, ficam dois para o andar de baixo e dois para
o andar de cima. Os dois do andar de baixo são os melhores VEF1 (I e II) e os dois
do andar de cima são os piores (III e IV).
CAT < 10 OU MMRC 0-1 (POUCO SINTOMÁTICO) = A ou E; CAT > 10 ou MMRC > (MUITO SINTOMÁTICO) = B
ou E
Certo... Já sabemos dizer se o nosso paciente está no andar de cima ou no andar de baixo... O problema agora é saber se, no andar de baixo, ele é ‘A’ ou ‘B’, visto
que no andar de cima só tem “E” (independe dos sintomas). Essa separação se faz através da classificação de sintomas do paciente! Existem dois questionários (CAT
e MMRC) que podemos utilizar (ou um, ou outro) para saber se o paciente está muito sintomático ou pouco sintomático. O paciente mais ‘do bem’ que existe na
DPOC é o do grupo A. É aquele paciente que através dos questionários é pouco sintomático! Entenda: se o paciente é do andar do bem (tem um VEF1 de 75), nunca
teve exacerbação e é pouco sintomático, ele é ‘A’! Agora... Se ele tem um VEF1 de 75, nunca teve exacerbação, mas é muito sintomático, ele é do ‘B’!
5. Tratamento
↓Sintoma ↑Sintoma
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(**) Quando considerar CORTICOIDE INALATÓRIO na DPOC?
- Programas de REABILITAÇÃO PULMONAR (baseados em FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA) estão indicados para pacientes nos
GRUPOS B/E.
UM ALGO A MAIS...
- A teofilina de liberação longa, broncodilatador de uso oral da classe das metilxantinas, deve ser evitada no tratamento de manutenção da DPOC (o mesmo vale
para exacerbação) devido a sua elevada incidência de efeitos adversos (ex: arritmias cardíacas), A MENOS QUE outras formas de tratamento não estejam disponíveis
ou não sejam praticáveis (por questão de custo ou impossibilidade de uso de medicação inalatória, por exemplo).
E O CTC INALATÓRIO?
- As evidências de benefício são para a combinação de LABA + CI em pacientes que continuam tendo exacerbações a despeito do uso de broncodilatador inalatório
de longa ação, ESPECIALMENTE NAQUELES QUE APRESENTAM CONTAGENS ELEVADAS DE EOSINÓFILOS NO SANGUE PERIFÉRICO (> 300/microlitro). No grupo de
pacientes com contagem de eosinófilos < 100/microlitro, a eficácia do CI é expressivamente menor. Também é possível combinar LAMA + LABA + CI em casos
refratários.
E O ROFLUMILASTE?
- O roflumilaste é um inibidor da fosfodiesterase-4 (PDE-4), aprovado como terapia de adição para pacientes com obstrução respiratória grave ou muito grave
(GOLD 3 ou 4) que apresentam bronquite crônica e exacerbações recorrentes a despeito do uso de LABA + CI ou LAMA + LABA + CI. Apesar de inibir a
fosfodiesterase, seu efeito é eminentemente anti-inflamatório, e não broncodilatador. Seus principais efeitos adversos são náusea, redução de apetite, diarreia, dor
abdominal, perda de peso e alteração do sono. Deve ser evitada em pacientes com baixo peso e depressão, e não deve ser administrada junto às xantinas.
E A AZITROMICINA?
- Os antibióticos macrolídeos possuem ação anti-inflamatória direta nas vias aéreas, aparentemente independente de seu efeito antimicrobiano. Isso é mais
proeminente com a azitromicina (250-500mg 3x/semana). A literatura mostra que EX-TABAGISTAS que continuam apresentando exacerbações apesar de terapia
inalatória otimizada, podem se beneficiar do uso de azitromicina oral por até 1 ano, reduzindo a frequência de exacerbações. Os principais efeitos adversos são a
seleção de cepas microbianas resistentes e o surgimento de disfunção auditiva.
OUTRAS MEDIDAS
- O uso regular de agentes antioxidantes e mucolíticos como erdosteína, carbocisteína e N-acetilcisteína também pode reduzir o risco de exacerbações em pacientes
que não estejam recebendo corticoides inalatórios. Os antileucotrienos ainda não foram testados adequadamente em pacientes com DPOC.
E AS VACINAS?
- Não esquecer de ANTI-INFLUENZA, PERTUSSIS, COVID-19, HERPES-ZOOSTER e ANTIPNEUMOCÓCICA. Um conceito interessante é o de que não há
indicação para vacinação de rotina contra hemófilo, uma vez que a vacina disponível é eficaz contra o H. influenzae tipo B, capsulado, e não contra o H. influenzae
não tipável (sem cápsula polissacarídea), o principal responsável pelas agudizações nos pacientes com DPOC.
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QUAIS MEDIDAS AUMENTAM SOBREVIDA?
CESSAÇÃO DO TABAGISMO
OXIGENIOTERAPIA DOMICILIAR
VACINA PARA VÍRUS INFLUENZA
CIRURGIA PNEUMORREDUTORA em pacientes selecionados
REABILITAÇÃO PULMONAR (acrescida no GOLD 2023)
BILEVEL DOMICILIAR (acrescida no GOLD 2023)
Tratamento com terapia TRIPLA: LABA + LAMA + CI em pacientes sintomáticos com exacerbações frequentes/grave, ou seja,
GOLD E + eosinofilia > 300 (acrescida no GOLD 2023)
Obs: até o momento não há dados conclusivos de que drogas como o CTC inalatório e broncodilatadores sejam capazes de aumentar a sobrevida!
6. Manejo da Exacerbação
Conceito (GOLD 2023): evento caracterizado por PIORA DA DISPNEIA E/OU TOSSE COM EXPECTORAÇÃO NOS ÚLTIMOS 14 DIAS, que pode ser
acompanhado por taquipneia e/ou taquicardia e, frequentemente, está associada com INFLAMAÇÃO LOCAL E SISTÊMICA causada por infecção, poluição ou
outro insulto à via aérea. Principais causas: INFECÇÃO VIRAL (rinovírus e influenza) > INFECÇÃO BACTERIANA (H. influenza, pneumococo, pseudomonas) >
OUTRAS (INFARTO, TEP, FA, IC, PNEUMOTÓRAX)
SINAIS CARDINAIS: (1) PIORA DA DISPNEIA; (2) VOLUME DO ESCARRO; (3) SECREÇÃO MAIS PURULENTA
- A: ANTIBIÓTICO (NA PRESENÇA DE ESCARRO PURULENTO + DISPNEIA E/OU AUMENTO DO VOLUME DO ESCARRO/VNI/INTUBAÇÃO)
- VNI se pH < 7,35 ou PaCO2 > 45mmHg ou refratário/hipoxemia persistente ou sinais de fadiga
DADO INTERESSANTE DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE VM: na DPOC descompensada, a presença de confusão mental ou redução do sensório, em grau leve, não
necessariamente contraindica o uso da VNI. A ideia é a de que as alterações do SNC estariam relacionadas a carbonarcose e poderiam ser rapidamente revertidas
com a melhora da ventilação alveolar e queda da PACO2.
Nebulizar com ar comprimido, e não com oxigênio! Lembre-se que o paciente DPOC é retentor crônico de CO2, logo seu drive respiratório depende da hipoxemia:
hiperóxia reduz ventilação.
- RINOVÍRUS, INFLUENZA | H. INFLUENZAE > S. PNEUMONIAE > M. CATARRHALIS > PSEUDOMONAS (pensar se quadro grave ou uso de ATB < 90 dias)
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO: EXACERBAÇÃO PRÉVIA > DIÂMETRO ARTÉRIA PULMONAR > DRGE