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CAPITULO ul O NOSSO GRAU DE INTEGRACAO SOCIAL Touata Aras (w203)- A Souolos rx O ESTUDO DAS CARACTERISTICAS d ee ‘ SOCIAIS DOS INDIVIDUOS 0 Cmivtiemento de $i. Wsboa : Teall Pagt. Examinar 0 nosso grau de integracao na sociedade e nos di- versos grupos que a compdem é uma abordagem da sociologia que permite esclarecer © nosso comportamento, Alias, para gundo ele, as sociedades enquadram neira branda ou rigida. Ora nenhum métodos de enqua- dramento parece desejével, pois uma sociedade que restringe os de, a0 paso risco de perder a sua esséncia. Durkheim debrugou-se sobre uma questo concreta, 0 problema do suicidio, a fim d afirmagées que, numa primeira andlise, podem parecer abstractas, OSUICIDIO NAO E APENAS UM PROBLEMA PESSOAL A primeira vista, o problema do suicidio pode parecer mais pessoal que social. Ora € justamente nesta mudanga de pers- pectiva que reside o interesse do estude de Durkheim sobre 0 suicfdio, Quando nos debrucamos sobre o efeito da sociedade 15 no individuo, quando estucdames as taxas de sui dade no tarda a evidenciar-se. Contudo, atentar contra a propria vida 6, efectivamente, uma deliberacéo pessoal, cuja compo- nente principal parece ser, sobretudo, uma vontade de se desli- gar da sociedade. ‘Na sua qualidade de investigador cie ressa-se pela origem do fenémeno antes de ct ‘sao para o problema. Na segunda metade do século xx, precisa- lente no momento em que ele se debruga sobre esse flagelo, © aumento vertiginoso dos suicidios na Europa é mais do que alarmante. Até esse momento, os especialistas atribuiam a ori- gem dos gestos autodestrutivos quase exclusivamente a factores individuais. Durkheim, porém, rompe com a tradigio pois vé no uum fenémeno de ordem colectiva, causado por factores sociais. Desde 0 infcio das investigacées, os dados que Ihe che- gam de varios pafses da Europa e que ele vai acumulando de- monstram claramente que 05 suicidios nfo se repartem aleato- riamente, variando, antes, segundo factores sociais identificéve Durkheim fez essa descoberta ao organizar as estatisticas dis- or um lado, construiu uma taxa social do fes, consoante os casos) €, por outro, cruzou essa taxa com dos proprios suicidas, recorrendo a rela- trios policiais de diversos pafses. Ao cruzar esses ntimeros, Durkheim também se assegurou de que os factores extra-sociais comummente enunciados na época nao podiam explicar a am- plitude © a variagao das taxas de suicidio. Estudou e infirmou, desse modo, a hereditariedade ou a transmissio pela familia, a loucura, a imitacdo, o clima ea raga (advertindo logo que é im- possivel definir tal coisa na realidade, dado o grande ntime de cruzamentos entre 05 seres humanos ao longo da histéria). Poupo-vos as estatisticas, limitando-me a sublinhar simples- mente o sentido das variacdes, entre um periodo e outro ou um pais e outro, nos aspectos que se revelaram signi 08: 08 fac~ tores sociais. A titulo de referencia, o livro de Durkheim apresenta muitos quadros estatisticos bem como as suas interpretacées. 16 DEFINIGAO. CARACTERISTICA SOCIAL classe O QUE AS IGREJAS, A FAMILIA EO POLITICO TEM EM COMUM A fim de compreender a origem dos suicidios, Durkheim pro- identificar os factores que podem fazer variar a taxa de sui- cidio. A sua primeira observagio incide na religido de pertenca, Ao anallisar este factor, revelarei ao mesmo tempo o seu método de andlise, rigoroso e minucioso, que nao voltarei a abordar. Durkheim comeca por comparar os Estados onde domina a religiao catslica com outros onde domina a religiao protestante e, depois, com outros de religioes mistas. Segundo as estatis- cas, hd mais suicidios nos pafses protestantes, mas, antes de srrOga-se se esse facto também pode ser atribuido ao meio social, diferente em cada pais, além de a reli- giao dominante. Por conseguinte, Durkheim analisa a taxa de suicidio num mesmo pais, entre regides com religides diferen- tes. Verifica, mais uma vez, que a taxa é mais elevada nas protestantes. A fim de confirmar escas tendéncias, t mente em

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