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Renato Antonio de Souza DIFUSAO CULTURAL NOS MEIOS FERROVIARIOS DE RIO CLARO 9) : S VETHEMA TEATRO DOF ERRON Rio Claro Arquivo do Municipio de Rio Claro 1986 tow DIFUSAO CULTURAL NOS WEIOS FERROVIARTOS DE RIO CLARO Renato Antonio de Souza ‘Quando en 1876 os trilhos da Companhia Paulista de Estradas de Ferro (vito. 1a 1,60 m) atingiram Rio Claro, aqui se entroncaram con os da jé existente Ric Claro Railway (bitols 1,00 m), que ligava Alo Claro a Araraquara, com ramificacso para Ttirepine-Jad. En 1892 @ Companhia Paulista adquiriu @ Rio Claro Railway, que aqui possufa 'su2s ofiicinas de manuteng3o, as quais foram renodeladas, anpliadas e adaptadas as condigdes prdprias para manutengo de seu material rodante. Esse fato determinou 8 grande concentrag3o de fanflias ferrovidrias em nossa cidade. Consegiientemente, luna das preocupagdes prioritérias da adninistrag¥o foi a de desenvolver entre os ferroviérios o aprimoranento técnico e cultural da classe. Assim é que foram sur- gindo diversos métodos, tais coma reunites, palestras, prética de esportes, misi- ca, etc., fatores bésicos t8o sablanente conduzidos, que deram origem & fundaglo do Grémio Recreativo dos Empregados da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, fen fusio com a Jé existente Banda Musical Unido dos Artistas no ano de 1896. En 1934 foi criado nas Oficinas 0 Curso de Ferrovidrlos da Escola Profissio nel Secundéria Masculina de Rio Claro, mantido em colaborago con a Companhia Pay lista de Estradas de Ferro, cuja finalidade era a formagtio do seu prépric pessoal téonico especializado, dando assim oportunidade a filhos de ferroviérios de in- fgressar no quadro de funcionérios da enpresa, apés quatro anos de aprendizado in- tensivo. Tal fol o sucesso alcangada com os métodos aplicados que miitos deles fo, am utilizados nas escolas do SENAT 0 desejo de aprinorar cada vez mals a cultura no seio da fanflia ferrovié- ria jamais cessou ou se restringiu até a exting3o da Companhia Paulista. Centenas de outros cursos de aperfeicoanento foram uma constante, ben como, por iniciativa {do saudoso Engenheiro Peldgio Rodrigues dos Santos, una anpla eben mantada Bi bLioteca com mithares de Livros de todos 0s géneros, revistas especializadas © Jornais, foi criada com a inestimivel colaborag3o do Sr. Rafael Raya e por muitos ‘anos permaneceu & disposigao dos ferrovidrios. Posterlormente, esse acervo passou 05 cuidados da Escola SENAI Ferroviérla (sucessora do Curso de Ferrovidrios) Foi assim que @ administracdo da Companhia Paulista, cénscia da responsabilidade de bem servir, jamais poupou esforgos para por en prética a célebre Filosofia de Hen ry Ford: "Se flo fornarmos honens, a0 mesno tenpo que fabricarmos miquinas, fracas, sarenos na nossa principal tarefa". Com esse mesmo espirito foi que o Engenheiro Fernanda Betin Paes Lene, en- tho Chefe das Oficinas da Companhia Paulista de Rio Claro, adquiriu en 1947 un a- parelho projetor de filmes 16 mm para exibigio de peliculas técnicas, educativas, docwmentérias, etc. de curta duracéo, a fim de ilustrar palestras, debates e mes no conplementar cursos. Para organizar ¢ desenvolver o sistema, nomcou uma comls— 80 constitufda dus seguintes ferrovidrios: Virgilio Fontana + Coordenador Waldemar Weygand e Orlando Walter ...eseseeee - Responsdvels pelas projegdes ¢ conser vvag30 do equipanento = Waldemar Koch, Dolival Ortiz Camargo Joo Milank _ Auxiiares responsdveis pela organiza 80 das exibigies No decorrer dessa nova experiéncia, J em 1948, con a permissio do Engenhei ro Getim, foi dirigido um convite especial aos ferrovidrios e familias, para a a~ presentagdo de um filme de longa metragen nas dependéncias de um prédio que fora construfdo para refeitério (considerado desnecessério para tal fim), situsco & Rua 1 An? 436, e desta feita se convertendo en sala de projecio. Tratava-se do filme *Vive-se una s6 vez", estrelado por Henry Fonda, Sylvia Sydney € Leo Carril 1o, gentilmente cedido pela Professora Maria Aparecida Bilac. Tio satisfatério foi o &xite alcangado, que a conissio dirigente, contando com 0 apofo irrestrita do Engenheiro Betim, criou 0 "Cineninhs" ~ CINEMA DO FERRO, VIARIO (idealizado, organizado, e dirigido por ferrovidrios para ferroviérios) ~ tendo a partir dai sua diretoria assim constituida: + Virgflio Fontana - Presidente Dolival Ortiz Camargo - 18 Secretério Joo MILani 28 Secretério Waldenar Koch .... + Tesoureiro * Waldemar Weygand € Orlando Walter Operadores © téenicos responséveis Renato Antonio de Souza” + Progranador A sessBo inaugural foi a 13 de agosto de 1948, con o filme "0 drome de Shan ‘gay", estrelade por Charles Boyer. Estava dado 0 prineiro passo na grande Jornada do Cinena do Ferroviério, que foi gradativanente prosperando em todos os aspectos e apresentando senpre una progranaco de filnes selecionados, conplenentada de "shorts" educativos, docunen térios, Diogratias, noticidries naclonais e estrangelros. Isto é, CULTURA GERAL a través da Sétina Arte. Em 1949, © "Cineminha” J4 operava com dois projetores de 16 mm, no havendo nats necessidade de Interromper 0 espetéculo para troca de bobinas (rolos) conpo- nentes de cada filme 1 aceitacZo cada vez maior dos assoclades proporcicnou arrecadago de mensa, Lidades bem superior &5 exiglnctas de marutengo do cinema, permitingo assim con seus recursos a instalaglo de um ben equipado "Gabinete Dentério" para _atender aos ferrovidrios mais carentes, dentro das Oficinas e durante o préprio expedien- te de trabalho, 0 servigo edentolégico foi atendido con muita conpeténcia e cari- ho pelos profissionais José Hebling unlor, José Edvardo Leite e walter Marorim. En 6 de malo de 1950, mais una vez o dinamisno do Engenheiro Betim determi— ra a construgto de um nagnffico palco no "Cineninha", possibilitands as brilhan- tes atividades do ento recén-Formado "Teatro do Ferroviério", tendo por fundador Domingos Fernandes, que arrastou consigo, através da histéria do "Teatro", una pléfade de nones ilustres que, pela unissonante encenaco das pecas apresentadas fen Rio Claro © em muitas outras cidades a0 longo das linhas da Paulista, lengou u 2 na verdadeira torrente de alegrias e muita CULTURA. Foram eles: CérJio Mantovani, Belmiro de Almeida, Antonio Toffolo, Vanda Gol, Abigail Pereira, Edmundo G. Rosa, Albertina Marques, Irineo Trivilate, Adelina Mantovani, William Holland, Olga Leo hardo, Celso J. Rubin, Fétina de Almeida, Lidio Bertolini, Dirce Dias, Waldoniro Martins, Deolinda Pignatti, Reberto Kriigner, Sheila Epifénio, wilibaldo Ferraz de Barros, Eliza Goi, Antonio Carrera, Ana Trivelato, Armando Vidal, Yolanda Pignat- ti, Sylvie Canolla, fintonio Tanande, Wilma Schneider, Nair Canola, Wilma Eichen- berger, Roberto J. Guilherme, Maria Yvone Newauer, Marlene Margot, Arlindo Baur gartner, Fétina Aparecida Mantovani, Eliza A, Eichenberger, Francisco Epifanio, & acy Stein, Francisco Mazza, Jofo Morosini, Beraldo Padula, ULisses dos Santos, Oswaldo Gores Araujo, Gentil Goncalves, José Ceregatto. Para gfudio da famflia ferroviéria, foram tanbén trazidos para o palco do teatro do Ferrovidria" outros espetculos de alta categoria, tais como: Orques- tra Show Boliviana, Dalva de Oliveira, Orquestra Cassino de Sevilha, Orquestra Ga bor Radichs (hingata), Cecarelli (Ilusionisno) e Francisco Alves (0 Rei da Voz), varias apresentagies cléssicas do Coral da Escola SENAI Ferroviéria, sob a dire- Gio do Prof. José Guilherme, fundos de apoio musical a cargo de Mério Lopes © seu Conjunto, e Finalmente inineras apresentagtes do magnifico Coral Masculino Rio- Clarense, em sua maloria constitufdo de ferroviérios sob a direslo e regéncia do saudoso Dagnar Carnier e Fritz Eichenberger. E assim, alicergados rum harmontoso trabalho de mitua colaboragio entre es- sas forgas proporcionadoras de sadio lazer e fonte inesgotdvel de CULTURA, a orga nizagdo recebe seu definitive none: Cinema e Teatro do Ferroviario Em 1954 foi inaugurada a nova cabina de projeg@es para filmes de 35 mn equi pada con apazelhos de som e projegao da renonada marca “Zeiss Ikon", nova tela lu ininosa "Silk Screen" e a sala de espetéculos fol dotada de bancos estofados, ofe- recendo maior conforta aos espectadores. 0 filme escolhide, para inaugurer essa to alme jada inovago foi "0 cavaleiro de Sherwood", producBo da Columbia en Tech nfcolor, com John Derek @ George Macready. En 1957, par © par com a evolugto da técnica cinenatogréfica, 0 Engenheiro Betim, outa vez, rum hercdleo esforco, propicia todos os meios para doter 0 "Ci- neminta” do revoluctondrio proceso "Cinenascope", inaugurando-o con o filme " Principe Valente", da 20th. Century, em cor De Luxe, com Robert Wagner, Debra Pa- fget € Janes Masson. Exuberante noite de gala! ... Foi o climax. (0 "Cineninha" viveu vigorosamente pelo propisito a que se destinay até que, com 0 advento da televisto, & medida que os ferroviérios iam adquirindo seus tele Visores, 0 interesse pelo cinena foi diminuindo e, conseaiientenente, @ freqiéncia & sala de espetéculos decresceu. [Em agosto de 1969, com 21 anas de gloriosa existéncia, en virtude do acina exposto e tanbén pela prenéncia de @ Companhia Paulista utilizar 0 prédio para a- daptago do Centro de Treinanenta Engenheiro Jayme de Ulhda Cintra, ainda hoje en leno funcionanento, a Diretoria do Cinema e Teatro dos Ferrovidrios encerrou as 3 suas atividades. Todavia, um acordo entre @ Diretoria do Cinena e Teatro do Ferroviério © a Empresa Cinenatogrdfica Anténio Padula Neto permitiu aos sdcios remanescentes do "Cineninha" a continuidade do sistema, com sessdes cinenatograficas no Cine Taba- Jara e as mesmas regalias habituais. Outros ones que foram auténticos baluartes no quadro de funcionérios zelo- 0s pelo fiel cumprinento das normas e regulanentos do "Cineminha" no podem ser esquecides: Nilo Chabregas, Ari Correa Bueno, Mério Haachs, Oswaldo Casagrande, Jilfo Marques Filho, Sebastido Vitti, Alfredo Lopes de Abreu, Mauro Scheicher, Jo sé Carvalho, Jairo Cristofoletti, José Caldeirelli, Expedito Scheicher (na sector de projectes); © ainda Indalécio Marolla, Oswaldo Ganes Araujo, Jo80 Andrade, An— tonio Nelim Sobrinho, Afrodisio G. Batista, Raimundo Bonatt!, Oenétrio José Stec~ a, Antonio Nicoletti, Waldoniro Crott, Rafael Motta (no setor de fiscalizacto). Para encerrar aqui, outros nones que ocuparam cargos no quadro da Diretoria do Cinena e Teatro do Ferrovidrio com relevantes servigos prestados: - Waldemar Weygand @ Henrique F.R.E. Bergnann (Presidéncia) = Lidio Bertolini e Oscar N. Cestaro (Dires8o Técnica) = Eamndo G. Rosa, Paulo Raulino e Wiadenir P, Henrique (Oiretores Tesoured, 0s) Entretanto, o astro tutelar dessa fulgurante epopéia ten un nome adntrado, respeitado € muito querido, que vive perenenente reconhecido no coragao dos ferro vidrios rlo-clarenses: Fernando Betim Paes Lene Honra a0 Méritot Rio Claro, outubro de 1984, et

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