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A Influéncia de Fatores Metajuridicos no Sistema de Direito Privado “Modelo Aberto Externo” RowerTo SCHAAN FERREMA SUMARIO 1. © Diretto ¢ 0 homem. 1.1 Momento inconsciente. 1.2 Momento instrumental, 1.3 Momento cientifico. Pri- ‘meiras conelus6es. If. Sistema, abertura e metajuridici- dade, 11.1 Sistema, 11.2 Abertura. 11.3 Metajuridict- dade, Segundas conclusbes, Conclusdo. A indagacdo fundamental proposta no presente trabalho diz respeito & influéncia de fatores estranhos ao direito — metajurfdicos — em sua Srbita; um pouco mais: respeita A valorizacéo (ou consideragaio, ou quali- ficagéo) juridica daquilo que, antes, era juridicamente irrelevante; mais ainda, e por fim: atine & propriedade estrutural de um sistema juridico (limitado, aqui, 4 esfera privada) de transformar-se, de ser transformdvel. Esta tarefa pode ser pensada em dois planos. © primeiro visa a caracterizar o relacionamento entre o direito © 0 homem. Disso se ocuparé # primeira parte do presente. No segundo plano — que seré a segunda parte —, esquecese o em — se isso é possivel — e olha-se o direito privado como estrutura (ou sistema, ou ordenamento), a fim de delimité-lo e, dai, definir o que The € externo, bem como os seus mecanismos de internacio. De cada uma das duas partes, porque planos, derivatiio conclusies proprias (primeiras ¢ segundas conclusées, respectivamente). © tema sugere, ao ser proposto, uma dit “original” entre o j dico © nao-juridico. A abordagem aqui desenvolvida subverte essa idéia, R. Inf. legitl. Brosilic @. 29 om. 194 abr. /jon. 1992 aa partindo da humanidade intrinseca do dircito e da unidade do homem. Por isso, primeiro estuda-se a relagdo entre o homem e o que se chama de “direito”, para depois catacterizar o que € predominantemente jur{dico, aparté-lo de outros produtos humanos (e, portanto, de certa forma, do proprio homem, o que jf € um falseamento) ¢, daf, estudar @ penetragio destes outros produtos naquele antes apartado, o direito. O método € circular: parte-se da unidade, procede-se a diviséo e¢, depois, 4 re-unido, Mas essa “re-uniio” é vista sob o prisma do direito, portanto, parcialmente. Noutra tentativa de explicagdo, 6 como se partisse de uma esfera, divi- de-se-a conforme caracteristicas suas; depois, estuda-se como as outras caracteristicas influenciam e penetram uma delas. Nunca, porém, a esfera deixou de ser esfera e a matéria que a forma deixou de ser nica. Mais: a prépria esfera € que se divide ¢ se estuda, Entao, esse dividir-se e estudar- se existe na propria esfera, Face & amplitude do tema, a bibliografia consultada é diversa, com- preendendo obras sobre sociologia, sociologia juridica, filosofia do diteito, teoria geral do direito e sobre a parte geral do direito privado. Especial atengo, por respeitarem ao objetivo dltimo, merecem as obras que estu- dam © direito privado como sistema (ou como ordenamento). Também merecem uma palavta, aquelas que abordam, de alguma forma, a producto de direito, seja quanto a fontes juridicas, seja quanto a integracao ¢ inter- Pretagdo normativa. Por tiltimo — o que nao termina —, é de referir aquelas que tratam da relagdo homem-direito sob 0 Angulo sociolégito, ¢, As vezes, antropoldgico, € que suportam a primeira parte do presente tra- balho. I— O Direito e 0 Homem 1.1. Momento inconsciente Muito jé se disse, © 08 adégios 0 repetem, que o homem é um animal social (politico, ou da “polis”, para Arist6teles; que vive em sociedade, pera a sociologia; cuja natureza — “humana” — 96 se desenvolve no convivio social, para a psicologia social). Igualmente, tanto j& se disse, © os adégios tanto o repetem, que so indissociéveis as entidades homem, sotiedade, direito (ubi societas, ubi jus; ex facto oritur jus, bem compre- endido; direito € produto cultural, no jargio antropolégico) *. © direito, para existir, prescinde da consciéncia humana, Desneces- sério € que o homem pense em produzir direito, ou, menos, pense que ele existe, para que exista, 1 LUMANN, Niklas, Sociologia do Direito I, pp. 7 = 9: onipresencs ¢ carh- ter basilar do direito. 32 'R. Inf. legit. Beastia 0, 29m. 114 aby. /jom. 1992 O direito sé existe com o homem, e, também, o direito existe com o homem, ¢ isso basta *. Em certo momento histérico-intelectual, 0 homem percebe 0 direito e (em nome de uma autoridade mitolégica, divina ou propria) utiliza-o. Instrumentaliza-o. Antes, 0 dircito existia, mas no era usado como instru- mento humano consciente. Agora o €. Sobrevém outro momento, ¢ o direito passa a ser estudado com vistas ao seu conhecimento e aperfeigoamento. Agora € objeto. & ciéncia®, A_existéncia desses dois “momentos” recém-referidos nao extingue, no elimina o ptimeiro — momento inconsciente. A apropriagio, seja como instrumento, seja como ciéncia, nunca é completa. H4 um direito sendo continua, eterna e inconscientemente produzido *. Por sua prioridade histérica, o costume ¢ 0 exemplo claro de parturi- go inconsciente de direito. Talvez mais claro do que devesse, j4 que decorrente da idéia (sedutora, quase sempre imperceptivel, mas que, per- cebida, € de se afastar) de que o que ignoramos sobre o passado, também nele eta ignorado. Mas, se se abdicar desse recurso hist6rico, nem por isso deixa de ser claro o exemplo. A resposta que certa sociedade (povo, etnia), num perfodo histérico e num espago geogréfico, dé a certo proble- ma (obst4culo ou estimulo) tende a ser uniforme. Isso, néo s6 pela facilidade e seguranga que a repeticao propicia, mas e principalmente, porque os fatores concorrentes so os mesmos (lugar, tempo, etnia — cultura —, problema). Hé um momento, de apuragdo impossivel, em que a repetigfo deixa de se dar por si mesma para set obrigatéria. H4 um outro momento, € posterior, em que se perceberd a obrigatoriedade, seja em face da co vidade de certo comportamento, seja pela punig&o ao néo-comportamento. Agora, © s6 agora, a consciéncia instrumentaliza a regra juridica. Esta, entretanto, j& havia*, Mas a produgo juridica nfo consciente tem Ambito mais largo. A sociedade (onde, e s6 onde, o direito existe) toma as regras j6 juridicas (direito existente) e as deforma. Forma regras que no eram juridicas. Esvazia ou enche (ts vezes de conteido deformante) regras 2 MIRANDA, Pontes de. A margem do Direito, p. %4: 0 direlto como efeito © causa dos processos naturais da sociedade. 3 Aqui um parénteses. A palavra ‘momento’ utilizada no titulo do presente espaco e dos dois seguintes, carrega, menos, uma nogéo temporal ou cronologica e, mais, a de estéigio ou plano. 4 MIRANDA Pontes de, A margem do Direito, pp. 111 @ 112: incansciéncia a formacéo Juridica. 5 MIRANDA, Pontes de. Introduedo & Sociologia Geral, pp. 167 « 111. a. 114 ebr./jun. 1992 383 tegisl. Bros que pretendem formalmente ser juridicas*. Isso inconscientemente, pois a “consciéncia instrumental”, no primeiro e no terceiro casos, indicaria outro sentido; no segundo, inexiste. Se hé uma relagio de implicagio entre homem e direito (ou socie- dade ¢ direito), basta uma compreensio histérica daquele (ou da socie- dade) para se deduzir, por implicagio, a mudanga no consciente do direi- to. Podie-se afirmar, também, que o direito, ao se alterar, altera 0 homem: © homem forma e deforma o direito; o direito forma e deforma o homem. Isso, infinita e inconscientemente. Mas jé se vai longe demais para este t6pico. 1.2, Momento instrumental Acontece, porém, que nem tudo (e pode-se afitmar, até, que cada ver menos fenémenos) foge a percep¢éo humana. Correlatamente, cada vez mais © homem quer mais comandar as coisas, @ vida e a si mesmo’. Nesse momento, 0 direito é percebido e utilizado como um vigoroso instrumento de ordenagéo. & vital & sociedade que a lei {palavra cujo sentido muitas vezes s¢ confunde com o de direito) seja cumprida. Hé a consciéncia de que existe e de que deve ser observada. Importa menos, aqui, que esse direito (ou essas regras) provenha de um Deus que zela pela sociedade, ou dos costumes dos antepassados, ou de uma instituicfo humans. Importa, sim, que ele existe num plano de consciéncia social e é, assim, respeitado. Para cada caso € preciso descobrir o direito que o rege (dizer 0 di- reito); para as situagSes novas é preciso criar direito novo. O fendmeno da positivagéo do direito,* com a variabilidade © sele- tividade que the imprime, pée as claras o seu cardter instrumental, a sua funcionalidade. Nao se trata de uma entidade pré-existente, pré-formada, mas de um instrumento humanamente moldével. 6 LIMA LOPES, José Reinaldo de. “Mudanga Socisl e Mudanca Legal: os 1, Tmo porque “o Bomem ¢ um snimal nfo definkio’. (NTETZCHE) ou por- que “o homem parece lembrar-se de alguma colsa vista antes de qualquer existir Universal”, (PLATAQ). 4ped. NOBEGA DE ARAOIO, Vandye, 1dcla ee Sistema € Ordenamento no Diretto, pp. 13 e 14. 8 LOHMANN, Niklas, OD. oft, P. 238; HABEEMER, Winfried. © Sistema do Direlio ¢ 2 Codileagto: « vineulugto, do ‘gat a Deli Dielto Comparsda I Estudos de Direlto Brasileiro — AlemSo, pp. 196 € 107. ae R. inf, lepiel, Brecie a. 29 =. 114 abe. /jen. 1992 HE legistadores para criar, alterar e revogar normas; hé jutzes ¢ tri- bunais para aplicar,® interpretar ¢ ctié-las; 7 hé o movimento, mais ou menos consciente, da sociedade (sociedade civil, no jargio politico) a rebe- far-se contra as normas, agindo, as vezes, segundo normas Bem entendido: a existtncia do direito (como exposto no item I. 1) € inevitavel; seu conteddo, porém, néo o é. O homem o tem nas méos, mas no completamente. 1.3. Momento cientifico Por nio téJo completamente nas mos, persiste a humana neces- sidade de “dominar” o direito (ou de conhecé-lo, ou de apropriar-se dele), © que, de certa forma, equivale a dominar a si mesmo (ou conhecer-se, ou apropriar-se de si). Nesse momento, através de uma tentativa de ruptura com os momen- tos anteriores (inconsciente ¢ instrumental}, olha-se o direito como a um objeto a ser conhecido. A relacio é vetorial de um sujeito para um objeto. A preocupagéo dominante, agora, & conhecer o direito, classificéto, organizé-lo (0 direito e 0 seu conhecimento) #*, Mas nao se limita a essa descritividade. Nao para no olhar o real. Incumbe as ciénciss sociais (¢ como tal a do diteito) usar da espe- culagdo ¢ das projegées ¢ rumar para o ideal. £ preciso indicar o aperfei mento *. 9. Sobre esse verbo paira, « dar-lhe contetido carreto, a afirmacdo de Roberto José Vernenzo de que “a intervengo de um suJelto especitico & condicéo sufl- clente © necessiria de uma mudanga normativa”, apud, Antonio MARTINO, “Una Polémica a Buenos Aires” ..., in Rivista Internazionale di Filosofia del Diritto, 1971, vol. 3, p. 658. 10 Sobre a construefo jurisprudencial do direito anglo-sexfo, a técnica do Precedente e das “distinctions”, Mario G. LOSANO, Os Grandes Sistemas Juri- dicos, pp. 120 ¢ 88.; René DAVID, Os Grandes Sistemas do Direito Contemporaneo, Pp. 312 ¢ ss, Fundamental sobre o assunto, suportando-se tanto na experiéncia ‘&nglo-saxénica quanto na romans pretoriana, 9 obra de José Pulg BRUTAU, A Jurisprudéncia como Fonte do Direito, UM Aqui se est sobre uma zona Iimitrofe entre os momentos inconsclente © consclente (de que participa o instrumental). N&o cabe estender-se muito 0 Assunto, mas vale notar que hé ums producho consclente ‘clandestins’ de direito, que, mais ou menos, vale, mas niic, ou 36 mais tarde, é conduaide pelas fontes formats criadoras do mesmo. 13 Notar que no momento instrumental a ténica é reger a socledade, Angelo PALZEA, "Sistema Culturale e Sistema Gturidico”, Rivista di Diritto Civile, 1968, P. 10, ao distinguir o sistema ideal do sistema real, pie o direito neste ea citncia (onde a do direito) nequele. 13 Sobre o papel das clénciss socials, D. F. MOREIRA NETO e Ney PRADO, “Ums Anélise...", Revista de informaglo Legislativa, 96:124-125. R. Inf. fegist. Brasilia 29. 114 abe. sjun. 1992 385 ‘Nesse ponto jd se adentra os tertitérios da filosofia do diteito. Nio é de se descarté-la deste momento cientifico. No direito, os limites entre a ciéncia ¢ a filosofia so por demais nebulosos. Também no outro extremo deste momento hé indefini¢fo. A doutrina, com seus dogmas, com sua ortodoxia, situa-se numa zona intermediéria entre os momentos instrumental ¢ cient{fico, B, um pouco, forma (busca) de conhecimento; é, um pouco, forma de regulacao. E isso, enquanto presa a regra positiva e acs dogmas; é aquilo, quando alarga seus horizontes, desfaz-se do preconcebido, amplia o leque de fatores, con- sidera as conseqiiéncias possiveis, enfim, procura uma verdade juridica (@ nao mera decorréncie da aplicagéio de uma regra e um dogma) **, Antes de prosseguir, so necessérias duas anotagées. A primeira toca & interligagio dessa primeira parte do presente tra- balho com a segunda parte. £ que as idéias de cientficidade ¢ sistemati- zagao estio amarradas desde a origem'®, Daf que, quando se fala em sistema no direito, se esté neste plano (ou momento cientifico). A segunda anotagéo € de capital importancia daqui para a frente. £ impossivel um conhecimento objetivo do direito. Ou seja, a cisto (refe- rida ao inicio deste item 1.3) entre sujeito e objeto, entre cientista e fend- meno juridico, € impraticavel. E retativa. Assim como a pessoa do cientista participa, nao cientificamente, do fendmeno juridico (como do econémico, do moral, do psicolégico, do antropoldgico, do sociolégico, do religioso, do politico, etc.) também o produto cientifico, que, muitas vezes, pretende abarcar o fendmeno juridico, ¢ por ele abarcado fatalmente. O sujeito nfo percebe, mas, em muito, jé € objeto; o objeto (cuja funcdo nao € perceber) muito absorve do sujeito *, Note-se que, citcularmente, acabou-se voltando a um dos momentos anteriores (incdnsciente), como denota a frase “o sujeito no percebe” do pardgrafo anterior. E irénico que nem na ciéncia tudo seja consciéncia (com ciéncia). 14 Sobre cigncia e doutrina, pensamento ortodoxo e heterodoxo, Silvio “Doutrina Juridica e Ciencia Juridica” (dlstingées), Revista de ‘Direlto (Cioil, 96:119-11, 18 Sobre Lefbniz, Francisco dos SANTOS AMARAL NETO, “A Técnica Juri- dica na Obra do Telxelra de Freltas ...”, Revista de Direito Civil, 98, p, 21. Sobre Kant, Vandye Nobregs de Arajg’ op. cit, p. 12. 16 “Nés pertencemos ao direlto como o direito nos pertence, » nosso conhect- mento do direlto @ 0 indispensive! motor de sua constituicho.” (Traducho livre), J. L, VULLIERME, Les Anastomoses du Droit, Archives de Phitosofie du Drott, 27, D. 14. Sobre a relsefo sujelto-objeto, Miguel REALE, Teoria Tridémensional do Direito, pp. 81 ¢ ss. 6 R. inf. lepisl. Bresilie @. 29 on. 116 abe. /jun. 1992 Primeiras conclusdes £ o mesmo homem que participa, ¢ € agente, dos momentos incons- ciente, instrumental e cientifico. Homem que, por sua néo-especificidade joridica (*), esta sujeito & influéncia de fatores nao-juridicos de toda ordem (politicos, econémicos, morais, sociais, etc.), Agrava-se essa influéncia por- que, no plano cientifico, a neutralidade, ou objetividade, est4 mais distante, via de regra, no direito do que em outras ciéncias sociais. O produto cientifico juridico participa j4 do fendmeno juridico, ¢ altera-o, enquanto, por exemplo, uma obra sociolégica (ou antropoldgica, ou histérica) nao Participa ¢e nem altera; ou s6 indireta ¢ tenuamente poderd vir a alterar) do fenémeno sociolégico (ou antropoldgico, ou histérico). E note-se que nessas outras ciéncias é, modernamente, bastante enfatizada a impossibili- dade de objetividade, {4 que o homem (sujeito) é 0 objeto e o instrumento do conhecimento (mais ou menos). Iguaimente, os trés momentos de relacionamento entre hormem ¢ direi- to séo reciprocamente influentes. Sko interativos. A mudanga produzida em um deles, altera os demais. A relagdo € dinamica, processual **. Portanto, a mutabilidade € intrinseca ao direito (af inclufda a ciéncia do direito), © a propria compreensao dessa mutabilidade jf o altera, Também intrinseca a els é a influencia de fatores metajuridicos. O homem néo & (apenas) um animal juridico, e © direito € fendmeno humano. Il — Sistema, abertura e metajuridicidade IL.1 — Sistema “Saben que un sistema no es otra cosa que {a subordinacién de todos los aspectos del universo a uno cualquiera de ellos. Hasta la frase ‘todos los aspectos’ es rechazable, porque supone Ia imposible adicién det instante presente y de los pretéritos. Tampouco es licito el plural ‘los pretéritos’, porque supone otra operacién imposibie...” A aplicagio da idéia de sistema ao direito (e ao direito privado), pelo que se vé do exposto e conclufdo na primeira parte do presente trabalho, € de exeqiiibilidade relativa, A precariedade da compreensio sistémica, regis- trada na citagéo acima, agrava-the a relatividade. A historicidade (mutabi- lidade) do homem ** eleva-a (a relatividade) a niveis subvertedores. 37 Conforme Giorgio DEL VECCHIO, © “homo juridicus” ¢ a insuficiéncia do direito como regra da vida, Boletim da Faculdade de Direlto de Coimbra, XVI, pp. 117 @ 58, 18 Conforme Emil LASK, cujo pensamento ¢ traduzido por Tércio FERRAZ BAMPAIO JUNIOR, Concelto do Sistema no Direito, p. 136. 19 Jorge Luis BORGES, Ficciones, conto denominado “Tién, Ugbar, Orbis ‘Tertius’, p. 24. 20 Conforme Miguel REALE, op. cit. ~ “O homem é enquanto deve ser”. R. Inf. legit. Brosilio Ziwn. 1992 387 Entretanto, modernamente, a compteensio sistémica do direito privado atende & propria relatividade, sendo por ela (relatividade ou mutabilidade) abrangda (a compreensio sitémica do), mas, imeditemente, abrangen- 2. (Comecou-se pelo fim. Volte-se). ‘A palavra ‘sistema’ ingressa no vocabulério dos pensadores no momento em que estes pretendem uma compreensdo cientifica do direito. Esta histori- camente ligada a0 método classificat6rio, objetivo, das ciéncias naturais, A onda de relatividade, que, no corrente século, abala mesmo as cién- cias ditas exatas,®* aliada ao desenvolvimento da compreensio dialética, nas ciéncias sociais, conferem uma nova ¢ propria dimenséo & palavra siste- ma no direito, ‘A amplitude do fenémeno a ser sistematizado, 0 que significa que os fatores que conduzem a sistematizagao variam de autor para autor. Falta, aqui, espaco ¢ interesse para anotar essas variagGes. Importa, sim, a partir do exposto na primeira parte, averiguar a possi- bilidade ¢ forma de um sistema juridico privado responder as determinantes Ié expostas sem prejuizo do proprio sistema. Idéia de todo, seguranca, coeréncia, previsibilidade, sfio expressies ligadas & concepgio sistemética. Emerge, pois, a palavra codificagao. Porém, os cédigos, que vieram para resolver todos, € para sempre, oS problemas, foram subvertidos pelas alteragdes sociais e, daf, pela protifera- go legal extravagante, Igualmente, os principios, antes claros ¢ poderosos, mostraram-se insuficientes. O dircito, € inevitével perceber, nao deriva apenas das leis, ou de si mesmo. “QO direito nfo é apenas o direito.” Dal, hé autores que negam a possibilidade de sistematizé-to. ™ ena nets al negasHo implica io ciéncia (conheciment), ie justign ve © nfo ordem (seguranga). Ou seja, € 2 negago de, pelo menos, uma dimensio (momento cientifice) do direito. 21 Conforme Norberto BOBBIO, Teoria dell Ordinamento Gturiaico, p. 78. Bebe s evatucto do método clissico ao sistémico, MOREIRA NETO e Ney PRADO, op. tt, D. 2 MOREIRA NETO e Ney PRADO, op. cit, p. 123. 23 Luis RECASENS SICHES, apud. Tothio MUKAI, “A Dogmitica Contem- Pordnea ¢ o Problema da Sistematizacho da Cléncia Juridica”, Revista de Direito Fry R. Inf. fogil. Brasilia @. 29 =. 114 abv. /jun. 1992 H& que se tomar a relatividade e a mutabilidade, para conceber um sistema relativo ¢ mutével, como sio o homem, o direito ¢ o conhecimento. # 0 que procede a concepgio problemética do direito. Hé uma inverséo de método, do dedutivo para o indutivo. A regta Positiva jf no ¢ uma impressora a deformer o fato, mas molde-se a ele, deformando-se, Logo, 0 fato contém valor e este tem poder deformante sobre @ norma, ‘Tal encontro reciprocamente deformante entre norma e fato € presidido: pelos princfpios juridicos orientadores do sistema (pertencentes a ele), mas que, concomitantemente, so dele (do sistema) extrafdos. 7* Nem norma, nem fato, nem princfpio (infinitesimalmente) saem indenes desse encontro. Dizer que em tomo desses principios se processa a sistematizacio™ é falsear a verdade. A compreensio do sistema hd que ser processual, de rele- cionamento dinamico, onde os principios so um dos elementos. 'E certo, por outro lado, que so o elemento mais geral e mais perene. Agora, do lado oposto, por essas caracteristicas mesmas, so, normalmente, o de menor forga determinante caso a caso. A sistematizagio €, justamente, a compreensiio global do fendmeno juridico privado e a percepsio dos elementos interativos. Nao poderia ser diferente. Compreensfo, que denota abrangéncia ¢ conhecimento, € 0 m4ximo que se pode alcancar, pois se esté, apenas, no “momento cientffico” (primeira parte, item 1.3). Quanto melhor se com- preender os outros ‘momentos’ (inconsciente e instrumental) e o préprio ‘momento’ (cientifico), mais verdadeira e justa a influ€ncia irradiada (sobre 0s outros momentos ¢ 0 préprio). Também, essa ‘compreensiio’ permite o equilibrio, a sintonia € os ajustes entre os momentos ¢ intetnamente a cles. 1.2 — Abertura Desnecessério ¢ redundante seria repetir, aqui, 0 desenvolyido, ¢ con- clufdo na primeira parte. £ de invocé-lo, porém, porque em muito participa deste ponto, % Theodor VIEHWEG, Tépica y Jurisprudencta; Joset ESSER, Principio y Norma en ta Elaboracton Jurisprudencial del Derecho Privado. 25 MOREIRA NETO e Ney PRADO, op. cit,, pp. 122 © 123; Toshlo MUKAI, op. ctt,, p. 80. 26“... 08 axlomas aflo sempre igualmente conseqiténcias de suas proprias con- seqiléncias; eles so justificados por suas préprias consegiléncias do mesmo modo que eles as justificam.” J. L. VULLIERME, op. eit, p. 12. 27 Toshio MUKAI, op. cit, p. 90. R. inf, tegist, Bresitia a. 29 om. 118 obr./jun. 1992 my J4 se demonstrou que o direito (fendmeno juridico) vive em osmose com es femal fendmenos sociais ¢ humanos. Alids, aparté-lo, ou aparté-los 8 € falsear, No item anterior (I1.1), pds-se claro que a sistematizagéo hé que com- preender (conhecer e abranger) os trés momentos da relagdo homem-direito. A mutabilidade desses momentos nfo ocorre apenas pela interagéo entre eles. Decorre, também, da influéncia, da insinuagao de outros f sociais e humanos, no jurfdicos (ao menos até o momento em que se insinuam), nas fronteiras do direito (osmose antes referida). Ora, o ingresso de valores nao juridicos no momento inconsciente & claro como a agua. Dito momento é 2 propria valoragao juridica inconsciente do que antes nao era juridico. Igualmente, no momento cientifico, os fatores no juridicos agem mais ‘cou menos fivremente, de acardo com a concepgéo valorativa do agente (doutrinador, cientista). A questio se pde, portanto, no momento instrumental, e na vigorosa influéncia que exerce sobre os outros, No direito continental, a idealogia codificadora desenvolve a idéia de completude e imutabilidade do sistema (que se confunde com o cédigo). Essa concepsio, no inicio deste século, entra em crise. Substitui-se 2 idéia pela de seletividade legistativa. E claro que a substituigéo néo é plena, pois as lacunas e insuficiéncias legislativas perdutam, e o legislador nfo esté sempre atualizado, nem sempre presente. © juiz, 20 contrério, nfo pode negar sua presenca. Interrompe-se, agora, 0 raciocfnio acima, para incrustar algumas ano- tagdes sobre o sistema common law. Generalizando (0 que implica simplificagio e, daf, deformagao), 0 ca- minho € inverso. Sob 0 pretexto de aplicagio do costume, forma-se a lei comum (common law) jurisprudencialmente ™, Softe o influxo da equity, que emana de origem diversa e tem cardter revisional da common law ™. ‘Modernamente hé um conjunto organizado de precedentes a indicar, prévia € rigidamente, a solugfo de cada caso *. Retoma-se o raciocinio retativo ao direito continental, sem perder a linha do common law. E que ambos, por vias opostas, enfrentam 0 mesmo problema. Pode-se adiantar que as solugdes também tém faces contrérias. 28 Mérlo G, LOSANO, Os Grandes Sistemas Juridicos, p. 120; René DAVID, Os Grandes Sistemas do Diretto Contemportneo, p. 481. 29 René DAVID, op. cit., p. 375. 30 Marlo G. LOSANO, op. eit., p. 127; René DAVID, op. ett., p. 482. Fo 114 abr, /jun, 1992 Inf. lepiat. Brasilia © segundo (common law), até pelas determinantes hist6rias, vale-se da restriggo. Quanto & legal rule (regra legal), interpreta-a, o juiz, restri- tivamente, de forma a sobrar-lhe maior campo criativo. Do precedente es- quiva-se através da técnica das distinctions (distingdes), que repousa sobre a novidade do caso a ser julgado™. Assim renova-se. Ja o direito continental, por sua ética historicamente inversa, cumpre outros caminhos. Como a norma (legal) & tida como abstrata e geral, é mais féci] amplié-la, (enché-la de conteido ou atenuar-lhe o contetido) do que restringi-la, mesmo porque, sc a tOnica fosse a restrigdo, faltariam regras e o juiz no as pode criar (?). Evidente que, se algumas normas se alargam, outras se estreitam; se umas se deformam, outras se conformam. Ha elementos que catalisam e, ou orientam essa atividade ajustadora. Os principios juridicos, orientadores importantes ¢ vagos, que se contrapdem dialeticamente, muitas vezes, com fronteira oscilante e indetermindvel. A interpretacdo, canal entre principio ¢ norma, que a esta estende ou enclau- sura. As cldusulas gerais, os tipos abertos, que, pressupondo a insuficiéncia estética do restrito, assentamse no relative. As lacunas, 0 nada normativo a ser normatizado. Todos esses elementos, esses mecanismos (além de outros), permitem: sintonizar, equilibrar, ajustar 0 momento instrumental aos outros, conforme referido ao fim do item anterior (11.1). Como estes outros momentos do relacionamento homem-direito (inconsciente ¢ cientifico) sAo abertos a fato- res metajuridicos, recebe-os, também, o momento instrumental. Falou-se da atividade do juiz instrumentalizando a norma. £ ébvio demais que a atividade formalmente criadora de direito (legislativa) e o uso privado deste (ou seja, a instrumentalidade reguladora genética e a instrumentalidade reguladora ptivada — pelos individuos — concreta) sofre influéncias metajuridicas (sociais, econémicas, emocionais, psicolé- gicas, culturais, etc.), 11.3 — Metajuridicidade © limite entre 9 juridico e 0 no juridico € de apuracio discutivel. Quando se trata de influéncia de fatores metajurfdicos no direito privado trabatha-se com um paradoxo: 0 que influi no direito alguma juridicidade possui. A concepeio positivista legalista tragou uma linha nftida separando 0 juridico do nao juridico. Para isso amputou boa parte do diteito A concepgio problemitica, como exposto, s6 valora juridicamente Guridiciza) os fatores no momento em que € necessério solucionar certo 31 René DAVID, op. ett, p. 397. R. Inf. legis, Brositia @. 29m. 114 aby. /jum. 1992 397 caso. Portanto, € avessa 2 distingo prévia entre o jurfdico e o nao juridice. © fato tem valor ¢ os fatores desse valor sero apreciados juridicamente. Nao obstante, 0 proprio conjunto de normas positivas tem “‘claros” cujo preenchimento se daré com material de origem no juridica™. © conceito de “fins sociais” ou de “bem comum” é passivel de enchi- mento com material eminentemente politico e de variagao equivalente & diferenga existente entre os programas e a ideologia dos partidos politicos de direita © 0s de esquerda, pois ambos visam ao bem comum e aos fins sociais. A palavra “eqiiidade” evoca emogo, bondade. As idéias de boa-f6, “bons costumes”, “bom pai de familia”, tem conotagao ¢tica, ¢ so varidveis do sul ao norte e do campo para a cidade. A “moral” tem contedido moral (e muito religioso). A “autonomia privada” ndo se desprende de sua origem econémica e filos6fica; a “ordem publica” denota o intervencionismo econd- mico ¢ social do Estado. Entre outros, esses conceitos (principios) transitam livremente pelo direito privado, nas leis, nas sentengas, nos contratos € convengées, etc. So poderosos, vagos ** ¢ nao juridicos. Segundas Conclusbes O direito moderno, tanto o continental quanto o ta common law, vive 0 impasse do “‘pré-juridico”. £ preciso desprender-se dele. Os caminhos que cumprem, pata isso, 80 inversos, mas a experiéncia do direito continental vale ao insular, e reciprocamente. Nagquele, a concepséo problemética pde fato e norma em plano de igualdade, e interagindo entre si e com os principios, para desvelar 0 direito caso a caso. Aqui, pois, a influéncia de common law. Nesta, restringe-se, a abrangéncia dos precedentes, como a da regra legal, ampliando o campo criativo, cujo preenchimento se dé com base em principios que se desenvolvem com finalidade organizadora (sistema- tizedora) *. Aqui, pois, # influéncie do direito continental. Em ambos, portanto, os princfpios tomam relevancia. Ambos, também, tendem a aproximar-se na descoberta do direito caso a caso. 82 Esse tipo de distincko, por todo o {4 explanedo, deve ser tomado com a devids relatividade. Como observa Lulg! LOMBARDI VALLAURI, Corto di Filosofia de Diritto, os critérios de integracho das normas afo multo menos completos do que integrar, of critérlos de determinagio sfo multo mais indeter- do que o que se quer determinar, Joaet ESSER, op. cit, p. 303. Hé autores que defendem 0 recurso & uma ‘new equity’, como afirma René DAVID, op. cit. p. 383. a2 38 P. 210, © que Py ‘int teghl. Brasilia o. 20 abe. /jun. 1992 Especificamente quanto ao direito continental, os princfpios e as cléu- sulas getais (como também as lacunas, ainda que estas nado contenham indicagao do préprio contetido), além do contetido aberto, evocam conceitos hiio juridicos, que tendem, pela interpretagio e analogia, a se esparramarem sobre o conjunto normativo. A propria concepsio problemitica € um “‘processo de juridicizagio”, supondo a influéncia metajuridica. Por fim, é preciso organizar 0 exposto. A solugao (problemética) dos casos passa-se ho momento instrumental. Porém desprende-se do diteito positive (momento instrumental) abrindo-se A influéncia dos momentos inconsciente e cientffico. Este, por seu turno, age (interpreta, preenche, organiza) sobre o momento instrumental (regras positivas). ‘Quanto mais azeitados esses canais, mais equilibrado v direito, porque em sintonia com a sociedade, sua origem e raz&o; mais moderno ¢ mais proximo de sua tarefa de reguléla e organizé-la de forma justa. A injustica € desequilfbrio, que € (ou tende 4) desordem. Concluséo Da justaposico das duss partes do presente trabalho e, principalmente, de suas conclusdes particulares resulta o que segue. A mutabilidade intrinseca do diseito e a nfo-especificidade juridica do homem so fatores que se implicam reciprocamente e, igualmente, implicam a metajuridicidade do direito (ou seja, a influéncia e a juridicizagio do que, antes, nao era juridico). “O direito nfo € s6 0 direito”. © pensamento “problemético” (aberto), que pde em interagdo reci- Procamente deformante fato, norma e principios, onde estes so orientado- res que, dialeticamente, sofrem a orientacdo de suas conseqiiéncias (esta palavra é excessiva, melhor seria “influéncias”), nfo basta, ou € insuficiente, Para caracterizar um “sistema aberto externo”. E necesséria a compreensio global, panormica, do direito, de modo a perceber ¢ promover a interagdo € 0 equilfbrio entre os trés momentos (inconsciente, instrumental e cient{- fico), o que implica diteito moderno, sociedade em ordem e justiga humana. Aquele (pensamento problemético) se dé no momento instrumental; esta (compreensdo sistémica processual), no cientifico. Ambos implicam-se. Destas duas conclusdes fundamentais (dois pardgrafos acima) deriva © que segue. A influéncia de fatores metajuridicos ocorre mesmo nos “sistemas fechados”, através dos principios, da interpretagio, das lacunas, e outros. Nestes, porém, vigora a idéia limitativa do direito as normas positivas, reduzindo-o a uma parte do momento instrumental. A idéia vigora no R. Inf. logit. Brositia @. 29 on. 194 abr. /iun. 1992 393 momento cientffico ¢ se imprime sobre o instrumental (jurisprudéncia, jurisdig&o). O direito nfo se submete e entra em dissintonia com essa ordem (que tende a ser apenss forga, nio direito). “© homem forma e¢ deforma o direito". Mas sua agao no momento instrumental tem elasticidade limitada, pois, também, “o direito forma e deforma o homem”. Por outro lado, a caracterizagdo de um sistema como fechado ou aberto é uma questio de grau, dependente dos homens que pensam, escrevem, pedem e aplicam o direito. Por tras disso, é claro, ha @ com- plexa realidade humana cultural e social. A aplicago (sirieto sensu) constantemente igual de uma regra perpé- tua se dé por fatores metajuridicos. “Eu vejo o vir a ser.” Bibliografia NETO, Francisco dos Santos. “A lberdade de inictativa econdmica. Fundamento, natureza e garantla constitucional”, Revista de Informa- eGo Legislativa, 92:221-40, 1986, ————.. A técnica juridica na obra de Teixeira de Freitas — “A criagho da dogmatica elvil brasileira”, Revista de Dtretto Civil, 38:21-35, 1986. ARADJO, Vandye Nobrega de. Idéia de sistema e de ordenamento no direito, Fabris, Porto Alegre, 1986. BOBBIO, Norberto. Teoria dell’ordinamento gturidico, G. Giapichelit Edi- tora, Torino, s/d. BORGES, Jorge Luis. Ficciones. Editora Allanza Bmece, Madrid/Buenos Aires, 9/4. BRUTAU, José Puig. A jurisprudéncia como jonte do direito. Tradugho de ‘Lenine Nequete, Ajuris, Porto Alegre, 1977. COELHO, Lulz Fernando, Teoria critica do Direito. 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