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Instituto Federal Fluminense – Disciplina de Usinagem I

Curso EAD de Usinagem I


Curso Técnico em Mecânica
Professor Lucas Barbosa de Souza Martins
Introdução
 Definição de usinagem - segundo a DIN 8580, aplica-
se a todos os processos de fabricação onde ocorre a
remoção de material sob a forma de cavaco.
 Usinagem - operação que confere a peca: forma,
dimensões ou acabamento superficial, ou ainda uma
combinação destes, através da remoção de material
sob a forma de cavaco.
 Cavaco - porção de material da peca retirada pela
ferramenta, caracterizando-se por apresentar forma
irregular.
 Princípio – a remoção de material ocorre através da
interferência entre ferramenta e peça, sendo a
ferramenta constituída de um material de dureza e
resistência muito superior a do material da peça.
 A grande maioria dos processos de usinagem
convencionais usa o corte por cisalhamento como
forma de remover material e gerar cavaco.
 É necessário que a ferramenta tenha dureza superior à
peça, caso contrário, a peça irá cortar a ferramenta.
 Usinagem - O Estudo da usinagem é baseado na
mecânica (cinemática, atrito e deformação), na
termodinâmica (geração e propagação de calor) e nas
propriedades dos materiais.
 A dinâmica dos movimentos pode mudar segundo a geometria
da ferramenta e processo, porém a função continua sempre a
mesma
 O Movimento de corte consiste no deslocamento relativo da
ferramenta sobre a peça para gerar o cavaco
 O movimento de avanço consiste no deslocamento do conjunto
para uma nova superfície a ser cortada, estando ou não
concomitante ao movimento de corte
 Movimento de penetração: consiste no deslocamento relativo da
ferramenta para dentro da peça, no intuito de aumentar a área de
contato durante o corte, deslocando mais material na operação.
 Movimento efetivo: consiste na resultante combinada dos
movimentos de corte e avanço nos processos de corte por
revolução, indicando o vetor da direção efetiva que a frente de
corte se movimenta sobre a peça;
 Cada processo de corte, em cada equipamento, possui uma
particularidade e abordagem estrita e própria da dinâmica destes
movimentos.
 Como o corte por usinagem necessita transferir
energia sob a realização de trabalho de uma força
aplicada pela ferramenta à peça, é necessário a
movimentação relativa entre peça e ferramenta.
 Numa abordagem clássica a ferramenta executa todos
os movimentos enquanto a peça fica estática, contudo,
em alguns processos a peça pode e deve se
movimentar, de forma sincronizada ou não, com a
ferramenta;
 Os parâmetros de usinagem são obtidos através da
bibliografia, e representam um conjunto de variáveis que
servem como base para a especificação de uma usinagem
eficiente e rápida. Contudo, estes parâmetros costumam
ser dados em faixas, e devem ser interpretados e
freqüentemente acarretam experimentação. Cada operação
de usinagem se comporta diferente em relação aos
parâmetros, cabendo ao operador julgar quais valores
adotar segundo sua experiência e bom-senso.
 Cada processo de corte possui um conjunto de parâmetros
de corte específico, onde, alguns parâmetros são universais,
mas outros bem particulares do processo.
 Neste curso, iremos abordar cada conjunto deste conforme
formos estudando os processos de corte específicos.
 Os parâmetros são representados por faixas na bibliografia
devido à quatro fatores: à grande gama de materiais para
ferramentas; à grande gama de materiais a serem cortados,
à grande gama de geometrias das ferramentas; à grande
gama de opções de corte; e à dinâmica complexa de
distribuição de esforços e movimentação dentro da
estrutura do material conforme é cortado. Estes fatores
fazem com que seja impraticável se especificar estritamente
qual valor usar numa operação de usinagem.
 visto isto, se torna pertinente antes do início da usinagem,
se experimentar um conjunto de “testes de corte”, onde o
operador irá simular o corte com diferentes variáveis até
achar um conjunto que atenda melhor a particularidade do
processo. Isto respeitando os limites da ferramenta e
máquina, é claro.
Principais parâmetros de corte:
Para movimentos circulares:
 O parâmetro Velocidade de Corte está relacionado ao
movimento de corte;
 O parâmetro de corte Velocidade de Corte representa a
facilidade ou rapidez com que uma ferramenta pode
cortar um material, mantendo sua durabilidade e
eficiência .
 É considerado o parâmetro mais importante, visto que
faz menção direta à rapidez da operação, eficiência e
viabilidade da operação.
 Está relacionado à diferença de dureza entre a
ferramenta e a peça a ser cortada;
Velocidade de Avanço
 O parâmetro Velocidade de Avanço está relacionado ao
movimento de avanço;
 Representa a velocidade com que a ferramenta se
movimenta para tomar novas porções da peça, estando ou
não realizando corte sobre ela;
 Este movimento está relacionado ao movimento de corte
em processos de corte por revolução, pois neste caso, o
avanço altera o vetor do movimento de corte. Contudo, as
atribuições continuam diferentes entre os dois tipos de
corte, cada um com seus respectivos parâmetros.
 Cada processo de corte possui uma forma de calcular o
avanço da ferramenta sobre a peça.
Velocidade Efetiva de Corte
 O parâmetro Velocidade de Efetiva de Corte está
relacionado ao movimento efetivo de corte;
 Esta velocidade consiste na soma dos vetores velocidade de
corte e velocidade de avanço.
 Na prática, o movimento efetivo de corte representa o
caminho que a ferramenta percorre sobre o material, de
fato, durante o corte, para remover o cavaco, e tem
correlação direta com o perfil da superfície gerada pelo
corte.
 Este é um parâmetro de cunho mais teórico, ao contrário
dos demais, que são tabelados, pois depende inteiramente
dos demais.
•Feitas a partir de um bloco maciço do mesmo material
•O gume de corte tem a mesma composição que todo o corpo da ferramenta
• Consiste em um suporte metálico, que serve de
corpo rígido e tenaz, para suportar os esforços de
corte, onde se monta uma pastilha dura de
cerâmica que será responsável pelo corte
• Este conjunto é o preferido para corte
automatizado CNC, devido à facilidade de corte,
precisão e durabilidade.
• A pastilha é dura o suficiente para cortar muito
bem, porém é cara, pequena e frágil para tolerar a
reação dos esforços de corte, então se recorre a um
corpo metálico para fornecer a resiliência
necessária à ferramenta de corte
 As ferramentas de corte, via de regra, possuem arestas
extremamente afiadas responsáveis pelo corte, além de
ângulos precisos em seu corpo que possibilitam um
corte eficiente. Caso haja contato mecânico, impacto
ou atrito sobre estas arestas, a qualidade do corte ficará
comprometida, e a ferramenta se tornará obsoleta.
Sendo assim, é necessário se armazenar corretamente
as ferramentas de corte em estojos próprios.
Principais Materiais das
ferramentas de Usinagem:
 Aço-carbono:
 Aços-ligas médios:
 Aços rápidos:
 Ligas não-ferrosas:
 Metal duro (ou carboneto sinterizado):
 Cerâmicas
Aço-carbono:
 Usado em ferramentas pequenas para trabalhos em
baixas velocidades de corte e baixas temperaturas (até
200ºC), porque a temperabilidade é baixa.
Aços-ligas médios:
 São usados na fabricação de brocas, machos, tarraxas e
alargadores e não têm desempenho satisfatório para
torneamento ou fresagem de alta velocidade de corte
porque sua resistência a quente (até 400ºC) é
semelhante à do aço-carbono. Eles são diferentes dos
açoscarbonos porque contêm cromo e molibdênio, que
melhoram a temperabilidade. Apresentam também
teores de tungstênio, o que melhora a resistência ao
desgaste.
Aços rápidos:
 Apesar do nome, as ferramentas fabricadas com esse
material são indicadas para operações de baixa e média
velocidade de corte. Esses aços apresentam dureza a
quente (até 600ºC) e resistência ao desgaste. Para isso
recebem elementos de liga como o tungstênio, o
molibdênio, o cobalto e o vanádio.
Ligas não-ferrosas:
 Têm elevado teor de cobalto, são quebradiças e não são
tão duras quanto os aços especiais para ferramentas
quando em temperatura ambiente. Porém, mantêm a
dureza em temperaturas elevadas e são usadas quando
se necessita de grande resistência ao desgaste. Um
exemplo desse material é a estelite, que opera muito
bem até 900ºC e apresenta bom rendimento na
usinagem de ferro fundido.
Metal duro (ou carboneto sinterizado):
 compreende uma família de diversas composições de carbonetos
metálicos (de tungstênio, de titânio, de tântalo, ou uma
combinação dos três) aglomerados com cobalto e produzidos por
processo de sinterização. Esse material é muito duro e, portanto,
quebradiço. Por isso, a ferramenta precisa estar bem presa,
devendo-se evitar choques e vibrações durante seu manuseio. O
metal duro está presente na ferramenta em forma de pastilhas
que são soldadas ou grampeadas ao corpo da ferramenta que, por
sua vez, é feito de metal de baixa liga. Essas ferramentas são
empregadas para velocidades de corte elevadas e usadas para
usinar ferro fundido, ligas abrasivas não-ferrosas e materiais de
elevada dureza como o aço temperado. Opera bem em
temperaturas até 1300ºC.
Cerâmicas
 As ferramentas de cerâmica são constituídas de
pastilhas sinterizadas com aproximadamente 98% a
100% de óxido de alumínio. Possuem dureza maior que
a de metal duro e possuem uma velocidade de corte de
5 a 10 vezes maior. Seu gume de corte pode resistir ao
desgaste em uma temperatura de até 1.200°C, o que
favorece a aplicação na usinagem de materiais como
ferro fundido, ligas de aço, etc.
 As ferramentas de usinagem apresentam geometria e
movimentação de acordo com cada operação em
particular.
 As ferramentas com mais de uma superfície de corte
apresentam corte por revolução.
 Quanto mais superfícies de corte, mais material pode
ser removido durante o corte, o que faz o corte ser mais
rápido e eficiente, desgastando menos a ferramenta,
pois os esforços são distribuídos em maiores volumes
de material da ferramenta de corte.
 Há preferência por ferramentas multicortantes em
todos os processos de usinagem que elas se aplicam.
Classificação geral das etapas de
usinagem:
Desbaste:
 É a primeira etapa de usinagem de uma peça, onde o
objetivo é remover material de forma rápida, sem
preocupação com acabamento superficial ou precisão
geométrica
 Ocorre grande aporte de calor pela energia desprendida
pelo atrito, grande deformação plástica e deslocamento de
material
 Compreende a maior parte da usinagem, sendo aplicada em
passes sucessivos até que reste apenas 1 passe de pequenas
dimensões a ser feito na peça pela etapa final
(acabamento).
Acabamento:
 É a ultima etapa do processo de usinagem, onde se
retira pouco material, de forma a reduzir o aporte de
calor e deformação em ambas ferramenta e peça, para
se obter grande precisão geométrica no corte e baixa
rugosidade superficial (bom acabamento).
 Consiste na última operação de corte da usinagem de
um corpo, onde se obterá a geometria e rugosidade
final da peça.
 Nesta etapa o objetivo é remover o mínimo de material
possível, através do passe lento da ferramenta de corte,
com bastante contato entre as superfícies de corte da
ferramenta e a peça a ser cortada.
A espeçura de corte corresponde
À hipotenusa do corte, de
acordo com o ângulo de cunha e
profundidade de corte.
Lei da ação e reação na usinagem
 Como a usinagem envolve o contato mecânico entre a
ferramenta e a peça, sabe-se que todo o esforço de
corte que a ferramenta realiza na peça é igualmente
balanceado por um esforço de mesma magnitude no
sentido ferramenta-peça, ou seja: a peça faz na
ferramenta um esforço de mesma magnitude que a
ferramenta faz na peça.
 Isto evidencia 2 necessidades para que a usinagem seja
eficiente: a ferramenta não pode se desgastar durante a
operação; e a ferramenta/maquinário não pode se
deformar durante o corte.
 Para evitar o desgaste, usa-se ferramentas de dureza
superior à peça a ser usinada, onde quanto maior a
dureza, maior à durabilidade do conjunto de corte e
menor a perda de afiação nas arestas de corte.
 Para evitar a deformação durante o corte, é necessário
que se tenha volume de material no maquinário para
dispersar a energia (e tensão), de forma a não gerar
deformação significativa, dentro do limite de precisão
da operação; adicionalmente, o material da ferramenta
e equipamento deve ser suficientemente rígidos para
receber as tensões de reação sem se deformarem
significativamente, em relação à seu volume
 Por estas razões, as máquinas que realizam a usinagem
de metais são extremamente grandes e volumosas,
feitas de aço forjado e ferro fundido de alta resistência
mecânica e à vibrações.
 Quando se realiza a usinagem, os esforços de reação
não atuam apenas na ferramenta de corte, mas no
maquinário como um todo, onde o grande volume
deste consegue dispersar as tensões por grandes
volumes, tendo-se deformações insignificantes e
garantindo a rigidez do conjunto, que assegura a
precisão geométrica do corte,
Fluidos de Corte
Referências Bibliográficas
 CALLISTER, W. D., Ciência e Engenharia de Materiais: Uma
Introdução. John Wiley & Sons, Inc., 2002
 CARLOS A.G.de Moura Branco Mecânica dos Materiais.
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1985.
 VAN VLACK, L. H., Princípio de Ciência e Tecnologia dos Materiais,
4ª. ed. Dio de Janeiro, Campus, 1984.
 Diniz, A.E., Marcondes, F. C., Coppini, N. L.: - Tecnologia
da usinagem dos Materiais São Paulo: Artliber Editora
2001– Edição 5 -2006.
 Ferraresi, D. – Fundamentos da Usinagem dos Metais.
Volume I, São Paulo, Editora Edgard Blucher Ltda, 1982.

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