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A Educação Do Olhar No Ensino Das Artes - Resumo Seminário
A Educação Do Olhar No Ensino Das Artes - Resumo Seminário
p.39 e 40
Imaterialidade dos territórios digitais:
ARTE DA INTERAÇÃO
Arte deste final de século, que utiliza tecnologias
Arte da participação, da partilha, que privilegia os estados emergentes, de um vir a ser,
em lugar de produtos acabados.
Reorganizações profundas da sensibilidade
Amplia o campo da percepção em trocas e modos de circulação
Explora os recursos computacionais como uma linguagem própria e transcendem a arte
da pura aparência.
ROY ASCOTT – arte da aparição – arte como processo e não mais como obra/objeto ou
outro produto que não contém em si o gérmen da mutabilidade.
Intervenção do espectador- ativa e participativa. Resultados da participação em tempo
real.
A obra existe enquanto potencialidade e tudo ocorre quando é acordada pelo público.
Estamos diante da arte como um campo novo de possibilidades, de uma arte que
enfatiza a transformação, a metamorfose, o fluxo, o processo, o vir -a ser.
A produção artística articula elementos e conceitos científicos numa trama necessária
com áreas como a matemática, a física quântica, a automação industrial, a informática.
São necessários os conhecimentos das ciências cognitivas e das ciências biológicas que
nos levam a discussões próprias do corpo como aparato sensorial, do corpo como
sistema biológico que está amplificado pelas máquinas e seus softwares.
Nas interações inputs de sinais biológicos são recebidos pelas máquinas que os
transformam em paradigmas computacionais e os devolvem por outputs, em respostas
que carregam consigo as marcas de um diálogo mediado pela máquina.
Na arte tecnológica as ciências humanas não podem ser separadas das biológicas e se
fundem as ciências exatas para refletir e gerar novas formas de existir que incorporam
os efeitos das tecnologias
O sinais dos cosmos são elementos de criação para os artista da mesma forma que o são
a forma, as texturas, a cor, a linha, os sons, as palavras. Calor, magnetismo, repetições,
reverberações são fenômenos experenciados durante as interações.
As disciplinas que procuram dar conta dos processos mentais são interfaces necessárias
para se entender um novo campo sensório perceptivo.
Pesquisas em sintonia com uma mentalidade própria da era digital apontam novos
desenvolvimentos em arte, verificando que os dispositivos tecnológicos são mais do que
prolongamentos sensoriais. São próteses cerebrais que nos levam a processos cognitivos
e mentais permitindo propagações da auto imagem e da identidade, a partir de situações
vividas com máquinas.
CONSCIÊNCIA REENQUADRADA – O que está acontecendo com a arte deste século
a partir da presença marcante das tecnologias digitais?
ARTE TECNOCIENTÍFICA – partilhada por Edmond Couchot, Frank Popper e Pier
Luigi Capucci, encontrada nas manifestações dos anos 60 e 70. Diversa das produções
computadorizadas e da chamada arte interativa.
Utilizavam a luz, o movimento, o som
Propunham campos de criação entre a arte, a ciência no que se chamou arte
cinética.
Exploravam questões do movimento mecânico simples, térmicos, hidráulicos e
magnéticos, tendo a eletricidade como base maior das investigações
Diante de questões da técnica, ligada aos avanços da física e da mecânica
IMAGENS EM METAMORFOSE
Vídeo – imagens ópticas que são transformadas em ilhas de edição, onde o pensamento
do artista convive com os recursos das mesas de processamento.
Modelando formas e modelando o tempo. Corpos de carne se fundem, paisagens são
esboroadas, fumaças recobrem superfícies, figuras se estilhaçam numa poeira.
Através de comandos de botões, gestos são interrompidos, o corpo é suspenso no ar, o
andar se arrasta lentamente, rios se imobilizam, montanhas giram.
a) Imagens tratadas eletronicamente: fabricação das formas e a fabricação dos
tempos. (imagens captadas pela câmera se tornam bagagens que são
transformadas nos seus aspectos formais ou temporais). Qualidades formais
diferentes das figuras e quanto ao tempo de seu aparecimento, por tempos
diferentes que lhe são impostos.
a.1.Para as formas importam as fusões, colorizações, janelas, telas múltiplas e
outros efeitos visuais.
a.2 Para o tempo qualificar as formas nas suas aparições: ritmos lentos,
acelerados, congelamentos, multiplicidade de tempos em telas fragmentadas. O
tempo na sua imaterialidade é tocado, plasmado, ganhando materialidade.
Quando o artista manipula o tempo como substância plasmável, ele está
atingindo as ondas luminosas da imagem, pois as imagens de vídeo são feitas de
ondas, e onda é fluxo e fluxo é tempo.
IMAGENS CIENTÍFICAS
Imagens de satélite, tomografias computadorizadas, videoscopias, laparoscopias,
ressonâncias magnéticas e outros processos de geração de imagens científicas em visões
microscópicas, telescópicas e videoscópicas.
Instalação in fluxus
Ecografias cardíacas são projetadas em cinco telas transparentes e desenham o espaço
por onde o corpo do espectador se desloca. Um microfone amplifica a sua fala e a sua
voz é reverberada em eco, esculpindo efemeramente o espaço. Atualmente um projeto
recente - tecnologias interativas onde sensores de captação de sinais cardíacos
transmitem os sinais para o computador, modificando ecografias cardíacas.
Our Heart
As imagens são modificadas pelo som cardíaco dos visitantes capturado por uma sonda
tipo sonar. Os sinais do coração de quem participa da experiência transformam os
desenhos do coração, das ecografias projetadas no espaço, no diálogo dos dois corações,
o outro se faz em mim e eu me faço nele.
ARTIFICIAL LIFE
INTERAÇÃO E MEDIAÇÃO
A revolução numérica e o aparecimento das tecnologias interativas modificam o
conceito de contemplação próprio das artes anteriores para o de relação.
As representações fechadas, terminadas, próprias de um quadro, de uma escultura ou
mesmo das imagens de vídeo que não podem ser geradas de objetos gerando outros
objetos são superadas por um relacionamento do espectador com o que lhe é proposto.
Isso porque as tecnologias permitem o acesso do público ao tecido da obra.
Combinações de luz, som, imagem, textos colocam para o espectador perguntas para
responder podendo transformar situações que lhe são propostas.
As representações fechadas – (tela , muro) – substituídas por representações abertas,
mutantes, que trocam o diálogo ou interação do homem com a máquina.
Não somente os objetos que concentram o significado, mas o campo de relação que
pode existir entre eles (Forest, 1989)
Linhas telefônicas, trocas de imagens por teclados e outras formas de acesso permitem
contato e trocas de informações.
Versões mais recentes da arte – tecnologia propõem duas formas de interatividade:
a)durante o processo de criação – diálogo com as máquinas
a.1 Pensamento do artista:
Fusão do imaginário do artista com o imaginário da máquina (Hibridizações
com os circuitos eletrônicos que captam, transmitem e geram imagens)
Interfaces amigáveis – teclados, mouses e botões de controle colocam amigos
diante de amigos que podem conversar a partir de imagens, sons e textos.
Nessas situações a prática isolada, solitária do sujeito criador se modifica com a
contaminação com a máquina. Pensamento do artista se revitaliza por
informações de fora de sua mente. Seus pensamentos se exteriorizam em troca
imediata, mediadas com a tecnologia num diálogo com os sistemas.
Ideias que circulam na mente do artista e informações que estão em estado de
potencialidade no banco de dados eletrônicos.
Tela luminosa – registra ideias efêmeras do artista conectadas a dados
programados.
Imagens são chamadas, aumentadas, desprezadas, retomadas por opções de
menu. Cada opção é uma escolha, mas pode ser um desvio da ideia original do
artista, que ao conviver com a informação chamada no banco de dados, entre
muitas outras ofertas, decide andar por outros caminhos.
Variáveis de cores por passagens tonais, granulações, repetições de padrões, ou
outro padrão formal, colagens, giros espaciais, aparecem imediatamente na tela.
Exemplo de produções interessantes em imagens computadorizadas estão a dos
artistas: Michel Bret, Yoichiro Kawaguchi, Monique Nahas, Hervé Huitric
Interessantes trabalhos em computação gráfica: Toy Store (história
multifacetada, atenção para minúsculo detalhe da criação em imagem numérica,
Like a Rolling Stones, City of Lost Children
ARTE NA REDE
Troca de informações imediatas
Modificações nas instâncias de produção e recepção em escalas planetárias
Bases teóricas dessas manifestações: Mário Costa, Fred Forest em 1983 e por
artistas da comunicação como Roy Ascott ( Textos na publicação: A arte no
sec. XXI: a humanização das tecnologias, em 1997)
As transmissões de artistas por rede é fazer com que os participantes em contato
troquem pensamentos, ações em parcerias que diluem a autoria e fazem com que
mensagens se desdobrem em outras mensagens em limites que não podem ser
previstos, pois se colocam para qualquer pessoa que acesse o website.
Encontros na rede de comunicação, se servem de satélites, redes telemáticas,
somas de tecnologias da comunicação e informática. Contatos em tempo real por
transmissão de fax.
Nas redes a arte é totalmente processual, processo que se faz representar mais
por um sistema ou uma estrutura do que num motivo ou objeto.
A arte é um evento que permite trocas
Não existem mais as relações de um espectador diante de um quadro, escultura
ou mesmo na imaterialidade da holografia e da imagem eletrônica dos
computadores que não estejam conectados a rede.
Imagem imaterial feita somente de ondas, é explorado durante as conexões,
como trocas por imagens. Os acontecimentos que se fazem na efemeridade dos
instantes da transmissão e se constituem em pura qualidade perceptiva, através
de momentos vividos a distância, num domínio do mental.
Nas redes se fala de criação distribuída
A arte em rede está propondo em homepages que usam tecnologias e estruturas
narrativas em que o aspecto mais enfatizado é da interatividade, tendo por
slogan: o que importa é o contexto e não o conceito
O que importa é poder andar em vários lugares, numa arquitetura hipertextual,
de um site cheio de links, de natureza anarquista, contra toda e qualquer
linearidade.
A preocupação não é somente gerar imagens que são transmitidas pelo artista,
mas despertar um diálogo com participantes a distância.
O trabalho artístico não é mais a mera criatividade do artista, pois quando
distribuído na rede, cada indivíduo pode se conectar, agir e modificar a ideia
proposta.
Estes eventos em redes se referenciam em atitudes como os happenings dos
anos 60 nas ações do grupo Fluxus nas ideias de Ives Klein, todas de natureza
Duchampiana.
Endereços de sites artísticos podem ser encontrados em sites como do ISEA, Ars
eletrônica, e do Guide IDEA, Guide international des arts electroniques
(coordenação editorial de Annick Bureaud). No Brasil Gilberto Prado da
Unicamp é um especialista em arte em rede.
Internet – trabalhos de artistas, produções interativas, magazines, jornais,
museus virtuais, galerias planetárias
Entre as primeiras publicações de magazines está: Netmagazine (Pier luici
Capucci, Bolonha), Art Reseau (Paris), Programa de arte interativa de Mcluhan
(program de Toronto, dirigido por Graham Smith).
Bienal de Veneza, 1984 e 1986 – evento Electra (Frank Popper – no centro
George Pompidou de Paris)
Artista Stephen Wilson
Comunidades virtuais
Cibersociedade – ciberpisíquico espaço que os artistas tem um grande papel a
desempenhar.
O sistema telemático eleva a nossa sensibilidade psíquica (Roy Ascott)
Presença da máquina em simbiose com o corpo – dispositivos virtuais que
provocam novas sensações para o corpo. “É a obsolência do corpo”
Virilio – verdadeira prisão o mundo virtual e a alta sofisticação das
programações computadorizadas acabará por escapar do controle humano.
Stelarc realiza experiências anteriores com videoendoscopia, onde introduz
esculturas eletrônicas dentro do estômago, discutindo mapas alternados e
espaços operacionais que reconfiguram e redefinem o que vem a ser um corpo.
Uma arte pós biológica, pós humana, CORPO PÓS BIOLÓGICO ( O que aconte
quando o homem tem essa nova pele? A incorporação no organismo humano de
peças eletrônicas e dispositivos
Dispositivos virtuais ou não acoplados ao organismo humano permitem aos
órgãos sensoriais viver situações antes não experimentadas.
O artista pesquisador Norman White realiza experiência com eletrônica
aplicada a arte para imitar o sistema orgânico ou auto regulador.
Análises esclarecedoras de cientistas como: Hasn Moravec, Lúcia Santaella,
Pierre Levy, Derrick de Kerckhove, Pier Luigi Capucci que se detém em estudos
da relação homem e máquina.
SANTAELLA fala de 3 níveis da relação homem x máquina:
1.Muscular
2.Sensório
3.Cerebral
SIMBIOSE QUE SE ANUNCIA PARA O PRÓXIMO MILÊNIO:
A morfologia do corpo vai se modificar e se diversificar pelo uso prolongado
das tecnologias.
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