You are on page 1of 117
SER E 0 TEMPO DA POESIA Alfred Bost As palaoras “er” € “temps nem as tinicas dos sels ensai que 0 condlituems, Sao enscios to sentido mais nobre do género: jogo eriatvo da intligencia 4 moverse, alerta ¢ sence, no espaco que vat do geal 0 particular; dos pardmetros da eseénoa be formas de sua dlua- lizacdo histévica; do ser ao tempo da poesia. ter da poesia = 2 imagem que "busca eprctonar @ alterdade estranhe das coisas ¢ dos homens; 0 som no signe, “t figura do mundo ¢ 4 misica dos sentimentos” recuperadat via linguagem: o ritmo a frase no. dscurso postic, “imagem das coisas movimento {0 espirto. © tempo da poesia a resposte dos poctas 4 ‘estilo capitaita e burguds de over, desde “0 automo altivo" do “simbolo fechado® a parddia negativsta que “brince ‘com 0 fogo da tnteligincia; o¢ valores religious, Sicos € po. liticos da ideologia a fudarem a unidade de perspection na Divina Comédia; Giambattista View, “mente postica em tem 7° que investigou “o ser da Poesia, em termos de na abordagem antecipadoramente etrutual. i € obras ia terra, entre as quais Tistvia Concise da Literatwra Brasileira EDITORA CULTRIX EDITORA DA UNIVERSIDADE, DE SAO PAULO Opedsiv | iSO: Outras obras de interesse: HISTORIA CONCISA DA LITERATURA BRASILEIRA — Aledo Bos (© PREMODERNISMO (wal. V de ‘A Lareyrona Brasiattn) — Aledo Bos © cONTO BRasiLEIRO CONTEMPORINED" — Alea Bos (oe) " O SER E O TEMPO DA POESIA ‘A ARTE DA POESIA* — Bure Pound [ABC DA LITERATURA — Fe Pound ESTRUTURALISNO E POETICA — Tracer Todor [ESTRUTURA DA LINGUAGEM POETICAY Jews Cober ESTRUTURAS LINGOISTICAS EM OESIAY =~ Samael R. Levin persona oe cowana LINGOISTICA E POETICA® — D. Dele € an — CO METALINGUAGEM — Harldo de Compot (Cont srs dors) Obra publics com 2 colaborato ds UNIVERSIDADE DE SAO PAULO Reior: Po Br Orlando Marques de Pave IDITORA DA UNVERSIDADE DE SKO PAULO Presidente: Prof, Dr. Miro Guiaries Fer Comissio Edna: Presidente: Prof Dr Mito Guimaries Fert dst de Boccia. Membres: Pol. Dr Antonio Bito de Cunha sito de Biciénias| Prof Dr. Carlos da Sih Lacaz Faculdade de Medicina, Pro. Dr. Peso Souza Santos aco Polder «Prot. Dr Roque Spencer Maciel de Baros (Faculdade de tducagso FICHA CATALOGRAFICA ALFREDO BOSI O SER E O TEMPO DA POESIA EDITORA CULTRIX EDITORA DA UNIVERSIDADE DE $40 PAULO Lea Fron Pera Nomxxvit Dore e José Paulo Pact Dinitor soerdor dam exile pla EDITORA CULTRIX LTDA. Rus Gomathcno Furado, 648, fone 2784811, O51 Sho Pal, SP SUMARIO Ince, Dscorso " 0 som wo stono ” Fuss: wostca sus 6 © evconrto os Tenros 109 ors, Resrtvcia be Lesrura ne Vieo 193 IMAGEM, DISCURSO. ‘A ida, wa image, permenece infiitmence Goer ‘A experincia da imagem, antri & da palavea, vem ental arse no corpo. A imagem € afim a sensapio visu, O set vivo tem, a parts dg ol, as formas do so, do mae, do a, © peti, 1 dimensio,a cor. A imagem € um modo da presenga que tende 8 suprir o contacto direto ea manter, juntas, arealidade do objeto fem sean exsténia em nds. ato de ver apanha nio 36.4 spardncin de coisa, mas alguna relago entre née e esta spaténca Primeiro, fatal interval. Patel: “Figure. povte absence. et présence,” ‘A imagem pode ser tetida € depois ruscada pela reinis- «éncia ou pelo soaho. Com a retcntva comega a correr aquele process de co-xistdaca de tempos que marca a ago da memoria ‘agora tela2 passado e convive com dle Pode falar em deformario ox em obscuresimento da ima gem pea aio do tempo, Na verdade, "le temp ne fait rien 8a fire": O eitido ou esfumado,o fel ov o datrcido da imager ddevenise menos aos anos pussados que 3 forge 2 qualidade dos afetos que secundaram o momento da sus fixagio. A imagem lamada, © tomida, tende a perpetuarse: vita flo ou tabu Ea son forma nos ronda eomo doce os pungent obsessso, As antes da figura supiem esse momento de quiseidlati, [As rcligdes que vetatnm #representagio “dizeta” do sageado, de B Ise] a0 Isl, dos iconoclastas de Bisincio aos calvinistas de Genebra,sabitm o-que femiam a0 mover gucta 2 toda imager deeulto, A ertitna do deus ¢ uma apropdasio de algo que nos ‘eve transceader” Pode abt « pore pats © ‘eich Formada, a imagem busce aprsionar. aleridade esranha as coies¢ dos homens. O desenho mental jé € um modo inc plant de spreender o mundo, O desenho isco fax com o ins frente dl; fate de set, a clans no agen, uh esquema, pura linha, abstagio, nio significa menor poder sobre objeto; antes, & sisal de urna forga capaz de ating» estuturs fue sustém a cuss, e basare com ela ime men oy in, ene com, vie em lupla elagdo que os verbor apareer © parccerilstam cabal mente. Oabjeto dee, sprece,abtese (lat: apparet) i iti, feniregise a nés enquaato apurdncia: ext € a image primordial que temor dele. Em seguida, com a reprodgio de aparecia, estas parece com 0 que os aparece, Di apatécia& preceng Imomeatos coatiguor que a lngagem manteen provios, Que stja este © proceso, prove « hisra semintin do termo_semblonte, que jf designoa pareengs (0. nossoatcico “semblar”), e hoje quer dizer, valendo-se daquela contigidade, spartncia, isionomia. Imagem e setelhanga do rosto human © ‘Toda imagem pode fascinst como uina aparigio eapaz de perseguir. O enlevo ou 0 mal-estar susciado pelo oto, de in poe sua presena, deixa a posibilidade, sempre zeabeta, da vocagéo. Pasa nossa experénea, o que di o eri inagem sche se necestariamente mediado pela finitde do corpo gue alba. A imagem do objetoemsi ¢inaerrével; «quer quee spankat pra sempre o que trascende 0 seu corpo acaba crando um nove ‘corpo: s imagem inerma,ou © desenho, ofcone, «estén, ‘Que se pode adorar ou esconjnut. Mas que ssuine, nem bem acabado posto nossa frente, o mesmo extatuto desesprante da tans cendéncia. Assim, nos percusor da imagem, por mais que sc cite distinca no se consegue nuts waprimila. A fusio, que (1) Ei utrstinguas eonvvem ankos om signifeadon dn Fir fie ou) «sone gece). im Ings semblance (apart ¢ tela) En Iino: owbunet (ape) © lombras (pace) “4 se desejae nfo se aleanga, produs um desconforto que semelha a fngistia do clo mal amado pelo dono que, no entanto,nio sa fonés de sua frente. ‘A imagem, fantsma, oa dé ore consol, pessegue sempre, alo se dé jamais de todo. A aparéacia, desde ue vita semelhiogs, sola a morte da unidade, ‘Mas 0 convivio com a imagem déthe um ar de consisténia, Lucréio, materialist, falava em figuras e imagens sis emis pelos objetos,« que jortavamm da sua superficie Dic ii rerum effin, tounge fg ‘ter ahs mn de cope re ‘ge gat‘ meniam vel cee nana anda, ‘fod Specie a fra sen est cs tng tkuintoe duct pore fast wpa (De Rory Nats, 1V, 4650) (igo, poi ae ise ingens soue dat ci 0 ei ‘ids pelen cea c scm Gu superindex et tno ue ‘lec uparse ar embnsou ccs ea oe ea spec ema deja, guar ee, coms ‘A Teoria da Forma ensina que « imagem tende (para née) 10 estado de sedimento, de quate mati posta no espago da pe ‘epeio, inten asf mesma, Cremor “fiat” © imagnario de um sguadro, de'um poems, de um romance. Quer dizer: € possivel pensar em rermos de ima constelaao, se no de um sistema de Imagens, como se pensa em um conjunto de astros, Como s¢ ‘objeto imagem fossem entesdotados de propiedades homloges. ‘Mas €a mesma ctncia que nos adverte da engano (parcial) (que 2 identficaedo supse. A imagem no dealca 9 mode de set do objeto, sinds que de alguma forma o apreenda, Porque © limaginado 6, a um #6 rempo, dado e consul, Dado, enquante tris. Mas coastrfdo, enquanto lormapary 0 sjeita, Dado: ilo depende da nossa vootade receber as semnages de lar © or ‘que o mundo provoca. Mas coastraldo: a imagem resulta de tum complicado proceso de organizagio pereptva que se desen- wolve desde a primeisa infdnce, ‘As spartocias mais “superticas” jf so efito de um alto frau de estruturacio que supde + existéncn de forges Betero- ‘ginecsc em equilbro. A imagem nunca ¢ um “elemento”: tem tim passado que constitis; wm presente que t mantém viva ra ‘© que permite « sun recorrinda, Os grandes teéreos da per epuio procirram entender 0 movimento quc leva 8 forma, © onclisnm gue on catscteres simetico/asimesreo, repolc/ine- ular, simplcs/complexo, cao eacur, das imagens depeadem da Etuagio de equlbrio ~~ ou nfo — de forgas teas © pelguiat gue ineragem em um dado campo perceptual ‘Constitudas, ax formas aparem ao olho como algo de fie sme, consistente. Meso as imagens ditas fuga, esgrge ‘aporosus, podem ser objeto de teengio e de evocacio. Sendo Finto 0 sistema de perceprio de que © corpo dispe, ws formas perebidas teio, necesarimente, tmargens, limites. "A inmagem teri reas (cent, petfein, bordos), ter figuea ¢ fondo, ted slimensdes: teri, enfim, um minim de contorno conc par subsist em nossa mente Os estudiosos da Gestalt chamaim a esse ponto final da ‘oapanizasio imagética “lei da pregniacia” (a expreato é de Max Wertheimer). Por ese piacpio, a forts em campo neabamse compondo em um miaimo ou em um mimo de sinplicidade (2). “Parese 4 cist mis simples do mundo ver ‘ume superficie la one‘ i'd ac ea een a Cae Se ni ee ia Bi meen oad eg png ge aes bs ee, SLD Marcin Es Ca sie un, Koti che + mpi ue uma abs hoe sca dln mc poe bel tl Sic cede er et oS © ak pene ay i, fem ogee Wie, ie ES SGee fee’ gander nutes fhm oe? ewan ut pene ey tats neta {ese ene go vine an annie Se bn cM Ste de oes at fSrolecme mom cra hentai eh Ges Ge he fom one, an de Pt € tate eae re SH un le Dag Fe ep rim, mira Pa cit ena a nm ie a jo Ce 8 pe 6 [No primeiro cato, a imagem aparece wniforme, No. segundo, rmostrise um todo que integra o miltplo, Es queer dos extremos, port, o efeito €0 da conisténcia quase material da imagem: 0 que os mesmos estudionon conhecem sob © nome de conttincia de Jorma As figuras des coisas distingueme © separamse was das curr, ¢ do seu priprio fundo; ¢ aparecem-nos como ormetos aque se destcim € que permanecem: podemse daceair, E uma slirmagio que vale tanto para a "imago” interna quanto part a fu inserigfo, a imagem pict, Pode considerar 0 imaginio em ai na sua camada ma: terial. Mas seni, sempre, cambém um duplo “espectal” do ene com que se relaiona Outro carter da imagem (est, exsencial para o desenvoli ‘mento do nosso discurso) ¢ 0 da simultane, que Ihe adem de set wim simulacro da Natures dada, ‘Naturd fo simul. A lage de um rio dada fides das 4gns, mas sob a6 splices da figura que 6 por fora de eonstrugio, um todo estivel. A finivade do qual, espailidade cerrada: da cena tém algo de slido que permite 4 meméria 0 ato da representatio, Finita € simultnes, consistente mesmo quando expectral, dada mas construfda, a natureza de imagem dena ver une comm plexidade tal, que 6 se tornon possvel ao longo de milenios ¢ milénios durante 0s quais 0 nero honteaambiente se veio aft rando no sentido de valoriza a perepeio do olho, ds vezes em Prejuizo de ouiros modos do conhecinento sensvl, 0 paler, 9 alfa, 0 tate. O resultado do proceso seria © triunfo da Informasio pela iznagem, Para Santo Agostino, olho 0 mis espititual dos sen- tides, E, por ir de Sato’ Agostinko, todo o patoniemo reporta 8 iia # iodo. Conhecendo por mimese, mas de loage, sm t sbrorgo imediata da matéra, 0 lho eapts © bjeto sem toch lo, degustélo, cheio, deglutio. Ineo e compresnde’sinteti mente, consirdi a imagem ado por sssinilaao, mas por simi ter nai’ Dal cet deh, ic rie mente presente as vezts, que « imagem detém, da, 6 fasinio ‘om que 0 homem procurs achegarse A sua engnnoss substan ilidade v Eppun si mvove Aparecendo como um todo finito ¢ simaltines, a imagem proce alnharse entre os fendmenos esitices, jf fits, per Feito, no sentido etiolépico do tempo. Serf assim, desde que rio eiquesames que o-ertitico se compée de forgs diferentes em equiliio. Em outro nivel, a psicandlise, que tanto se ocupoo com aginese do imapndro, tem dado sespostas madurse a0 problema Gas suas motivacces. "A vontade de praver,o medo dor, a rede de aleto que se tecem com of fior do. desjo vio saturando Imaginagio de um pesado Tarto que garante a consstacla © & peristéncs do sew produto, « imagem, Que o imaginéio decors di coestensidade de corpo € natureat; que ele mergulbe rales go subsolo do Tnconscente, & ‘ hipotese central de um Gaston Bachelard, para quem € preciso tescer aos modos da Substincla— a tera, o ar, # gu, © foQ0 —, pura aferaro eixo natural de-um quadzo ou de wm simbolo podtico A imagem, caarse das pulses do Td, recebe no seu nase dour o dom da idetidade. Id, idem, O isco do eter retorno flo mesmo nto embaraga Bachlard nem a pscanlie. Buin ssco ‘aed, se nio desejado, no seio de teotia que at ecocam pa ‘xigéia de constantespscossomatics: vastas © sempitermat plat taformas de onde elas descolam para, percorido 0 ete, refor. ar segura, Das matraes materisis de macéria (matermatrix), do Td, resultam para Freud as andangas ¢ as formas. do. Imagintio, Uima pulsto (Trick) aflore, na vida da psiqu, como wma tepte- sentacio (Vorsellng). A imagem & transformagéo de forcas ings eas, pot su vex espana inc, pela sua génese” Nunca € detain insite? para Freud, forge © Sentido aimentamse ao Inconiclent, ‘Assim, x a geometzia da imagem se deve 20 trabalho da percepsio,a sun dindmica fane em termos de deseo. Mas, na Superiie ou na profundidade, o imapindrio € uma contexturs Seasivel, sistema em equilri, um constlagio de formas demar: ives 1B ‘A leitura que Paul Ricoeur fez da obra freudiana lumina ‘esse canter “feito” da representagio. Como Eros e instino de torte se dios conhecer — no expugo da consciéncla — no modo (Sr imagem, “a elaao entre expresto ¢ paleo nor aparece sexy pre como uma flag instiuid, sedimentada, fsada; ers pre- ho temontar alm do recaleamento prime para angle uma xpress imediats”®, Eo que seria essa ialeanpvel “expressio Jimediata"? Algo que fundisse imagem e pusio? Algo que ope sasse, num timo, o milagre de set foriante« formado? A por ‘anise, tomando 0 formado, a representa, como. 0 nico font acessivel de putida, d por desspersda a trea de apreem- ‘ker ae pulses em si Estamos condenados aver apenas a medie- tieagio formal, 2s apaigSescaplares, af imagens. Ricoeur cout pars o Toconscente, ugar das pulsies, uma rede ramifiada, {eit de arborescncias indefinida evoerebontos se nos dio sob & forma de representaptes ‘A rigor, porém, a pulsfo no se comha toda na imagen, Sobra a eneriaafetva que acompenba etranspasta musicalnente 4 representagio; e que encanta mods peculiaes de apareoe nis pasiagens de con e de timbre, na intensidade do gest, na ento- agio da voz, no sndamento da frase, Exes ultios fentmenos, pores, jf nio sio mais ¢ imagem Dela se distinguem como © bo dinamismo s© ding das Gigs erecta tow sat Epptr si muove. Mas como pensar que as imagens pessam “encerrarse nos seus confias” no interior do fluxo animice? As piginas da Tnterpretacio dos Sonbos que spontam a condensasio 0 deslocamento como procesor do. sonho representa um fsforgo para most que Imagem nio se redur a um sulco Hseado pelo desejo, mas que elt tabula com outeas imapens, perfazendo wm jogo de allangat © negagas que Ihe di apartaca Ge mobilidade. Aimagem assume fiionomins visas a0 cupric o,f de emacs o bead pee 9 dane Sio. A imaginacso ata, « imozination que’ Coleridge opunba 2 passion foney, € 9 nome dessa mablidade, Ea fant ‘rodugio de novos fantasmas. Freud realgow vit combin 4 devaneio como passo inicial da exagio potticn. ia) DF Pieroni a Frank. Pais, Sul, 1965, op. 1» Traumere, revere, daydreem, ensuefo: slo wodos termos wae dasignam o momento do sonhar scordado «zona creposclar Ti gts indo pars o sono. Em nosa lingua, 0 dado posto tem relevo € outro: devancio di-e de un pensamento vagamnindo gue se engendra no vio, no vazio, no nada, Devanear € com Prizerse em que 0 espiito ere ifoa e powoe de fantasmas un ‘Sor snd tao" © “oa” pas, nk nimo is vezes de “cismar”, desde que sobrevenhe & notaio de ‘stranbeza ou de reel, ms © devaneio seria s ponte a janela aberta toda feo Leopardi, que deizou piginas cristlinas sobre a fantasia cosolo Aico da dor de viver,associon 0 devanco 3 idéia dono fini, No vazio que se abrealém do horionte de wma visio presente ¢ finite, € posse! magna ni EI at, de segundo gaa, nko comporaria os Segre co mf gut cole uti see he da ty pre ‘uns rise pd ela, A Seen mend ihcrinat Spot cd el, errant ‘lensi'¢ profondisins quiere fone fener mt five pee poco I cor acm a squnn. "cone {es Sip storie et gues pants, 0 gle fn “Sleno "Goce so rcompatin. © a sich Teen, Cie mae apne fe pete heared son On tr gueia fomens soonest penser to nT taper a delat uct re (tebe) ‘A/tnancins £0 TEMPO DA PALATRA Uma dvids, pordm, impede de concedes ao devancio, a ime sinago eradors de texos,todor os deadbramenosc as expan cs que s paluvin tem conhecdo nas estéias de dervagio t0 Imladiea e surreaisa, A. gerlo de novas cadeis imagetias ¢ 1 sua diferenciagio easinos na histvia da Poesia sto fenbinenos tind presos principulmente 2 percpcio vival? “Ou, mesmo, 20 fs andangas do devanciopréonirica? Por scaso, 0 dscurs pot to se Fes to ave Tbe, falda de incl, chunave "Num plipeire de imagent"? or acaso a ellgcs do quotidiano, as Hoge de vga € os fantasmas do soaho com todo’ se {esouro de'um saber scnfvel teria entrado para 0 pattiménio| dd experincia cultural, se ndo os trabalhate wm proceso 10¥0, tuansubjetivo, de expressio — a paler? “Sem 4 lingua” — disse Hegel —, as ativdades da reco. Adagio e da fantasia so somente extritiarierimeditas”« © fenbmeno verbal & uma conqusta na hist dos modos de franquear 0 intervalo que modela entre corpo e cbjeto Os estudiosos de préistéxia tém coafirmado a intigio ienal de Sto Gregério de Nyssa, que, no Tratalo du Criacio do Hlomere (379 di. associa 6 gest palavra: dexenvolvendo 6 mios ¢ os instrumentos que estendem 9 seu uso, os homens puderam execer mals eficumente a sua agso sobre © mando fxterior, © resltad foie liberaio doe 46 ocupados na preensdo dos alimentos) para 0 reviga da. pe Javea. Em posse ereta e com a face distncada do solo, 0 hhomem péde, mediante a voz, eiar uma nova fungio e codifica ‘A Semistice hoje tem esmiugado as diferengas ene 9 fone 0 proceso signico verbal. E preciso tira todas as conseghéncias ‘dessa distingdes quasdo se fala do dircuso. poetic, © que € uma imagem-n0-peema? Jé nto &, evidentemente, tum feone do gbjeto que se fitou na retina; sen um fantame produrido ma hora do devaneio: & una palavenartcaada, A superficie da pulaves & uma cade sonora, A. matéia verbal se enlaga com a matéza signifcada por meio de uma ste Ge articulages Gnicas que compsem um cédigo novo, a lin sagem, ‘esse eddigo podese dizer que & um sistema contrudo pars faa erent ss, pos os sage, nn rat 1s, orn tn ebro, a) Blt de Hiri (5), Cl ees Goatan, Le get te prt, Abin Mich, 1964, 1, 2 A ingugem indica 0 sees oof evs, Kal Bur, fee seodlogo efor cn am sede vigurno "as sqveas do {apo demontratvo da ingongem asus pela formas die ‘kar argo, demonstrates, eve de gr ede temps, tomo sttsion da uisae’ Maso que tort neces 2 ierenga copia do modos imapco © inglstee de Scaao a0 real diverade que te imple apa da Semenage fim: pesercar 0 mene, A seqitaca Grice atticulde nfo tem a natura de ue simult, mas de um sobre. "Un sro € algo gue eth fu alguém no lugar de agua outa cise sob algun weet. fu capaciade” (Perc, Coll Pap, 2228), Foxmandose com’ 9 tnoioertsivo dh eorese dea em cota com os tg de it's Tngages ve vale de ua ice ted su pes Teor tratiporesocleararpereptis co seninntos qu homes Capea de expetinetar, Der, como fr 0 poe laos c+ ch dees camper i cheat or Seber Con fi enguce Sant ov alco osc ar func serf 0 mesmo que transmit a outrem, por melo de cones aglomerados, » mensagem da sitasSo global vivida © das cogs imernas pensadas pelo (alate a0 sgnficr 0 periodo dado, O modo ncadeido de dizer a experiénda renunciow, por certo, ‘guela fisider,Aguela simultanedade, iquela forma dada imei Tumente do modo figural de conccbila. A frase desdobrese ¢ rejuntace, cadeia que € de antes © depois, de nda e jf mio mais. “Existeno tempo, no tempo subsist, Pata o-eissor que aprofere, para o receptor que a ouve, slabs aps silaba A oragio nfo se df (oda, de vez: 0 morfema segue © mon fem o sintagina, 0 sintagma, -E entre « adele day frases ¢ a ‘adeia dos events, vase rdindo a tela dos significado, « ex Tidtde pacente do concsto, ‘Mediagio e temporaldade supsem-se e necesitamse, WG) Teoria de Leu, Model, Revie de Osi, $5 69. (7) Tage din, nse de Oren, SOO ‘A expresso socal do pensamento depende de posibilidade do dicursn. Nio pode’ lgnorar ‘ex barateot ee Aeds9\ © longo inetsio em diryio 49 sto simbolador gue o hocem ‘ea percorido desde que Ihe foi dado signifiar mediante art ‘ulgto sonora ‘A congista do sgno vel pode ser i como um pesto a sms na peta do dlerencagio. Todo qualquer pensament, fnsinaPitce,€ sempre um sno, e&essntlaense de atarent linguistics (Coll, Pep, 3420). Vimos como s imagem (nl cat onkcs) jd a6 apriava do conbertnentoawinitivo So pe inésr do ellno, do ute. © olho jf € mat lire do. que or dla sends’ sos qusis sempre se srbut malor cates de punivdade'e sentualidade. © ante, por sen turn, pode Ertsformaese ao Tongo do devaneo, ember, enlando ae sabre Si mesmo, costume preserat a mn ientdade. eave altura que Freud, Backlan! e-outtoe mictadores do Td se pita onstrir uma pote ente a maginayo"ativa” © peat Mat tao listo, epntemologiamente, salar da igen (mesmo se Claborada pelo devancio) a0 fexio sem attmesur 0 caso das flava, o's acs, A atvdade pot, enquanto linge, pressupte die rene A PALAVRA BUSCA A IMAGEN No entanto, pocsie, rode grande poesia, nos dé a sesocio de franqucar impetuoramente 0 novo intervlo aberfo entre a Jimagem 0 som. A difereng, que € 0 cédigo verbal, parce oversc, 20 poem, em funsio de apart paces Ee parecer €, a igor, um aparece constaldo, de segundo peau; € @ "emelhasp” de som e imagem resulta sempre de um encades mento de relages, de manos, no qual jf nao s© recophece «| rimeseinicial propria da imagem. ‘Karl Buble, falando da enomatoptia,c revendo com extrema agudez 0 velho problema da iconcidade da linguagem, com eee homem que aprendes a ler e interpretar © mundo wl banda vése, pelo instrmento mediador que € a linguagem ¢ seat leis pris, apurtado da plenivde imediata do que 08 albos 2B podem ver, of ouvdos esutr, milo “spreendr”, ¢ burr 0 amino de elt, tata de lograt wma spreensio plea do mundo opera, land o lbeo, no que €possvl” (grfo nosso)» Na posts enerstem as sombre da mais o discuso feito de tempbraidade © medigto, © discuro acha meios de txee& matte ons, de explorar as sus entranhas, de comunicila. Os meios (no cis, procede Imentos) visa a compensa ptda do media, porda fatal wo sto de fla. ‘A pergnta fandameatal é como a sxe temporal do dis curso persue © imedit,o simltine, a "ino dagen? Como se comport 0 tempo 1 procs dé tat atenport Por hipétse, «respon seria et: O curso tende a recuperate a figura medince um jogo slecnad de das © voles, abbas te relo}eontocan ‘A capresfo vebal em si mesa, ainda quando redwide 4 blocs nomination, €seilidde,"Tinpee sempre ut nim de expunao, de fen. Se asin no fe oa linguagem pores logo depo ds poferido “gro orginal" shred sonoma Mie sverige em ‘ocsia mais plies, do eaconuro 2 pie teal ¢2arago tc cube toda as estutuas fecal dé fonle fe, da mefologn da sntane (atu, predate, =) Faas Sigitcacobber«excober pots da experi, corto, tan Pblos, audios em una sghéncsfonosehaaten, ‘Agora que a Grands Racional retoma o seu prestiio, cplorr a sriaidade bisica do dicutso €aceder uma tora da predicagto. Dizer algo de alguém ou de alguma coisa supse tna ‘estrututa profunds que se atulia na série verbal.” Sem pred cacdo, o discurso empera. ‘Sem discurso, a predicaio perde 0 seu melhor apoio pare sustese. Sobrevciam 0 slénco ou @ esto quasefigurativo com todos ose limites. Pre(dic)a € admitr a existéacia de relagSer:atibuir o ser 8 coisa; dizer de suas qualdades reais ou fietcias, de seus tho: wimentos; de seus lames com as outtas coisas; refert 9 ut0 (8) Tears det Longue, ct, § 0. ds expzritncia. Predicar € exercer 4 possbildade de ter um ponto de vist ‘Quanto A forma da predicago: ela se perfar € se “ve no desea da fase, nu sintaxe, cujo diagrma aponta pata uma fordem que 36 "inita™ o espaco do visual através da tempor Tidade. “A disposgdo dos sintagmas, sobre que tseata toda die ‘eats, diz o quanto a liaguagem humana €, a0 mesmo tempo, Scqiacia e esrutura, movimento ¢ forma, citto © recorténia, Asus estiatgia de ire vir 6, por forge, mais lena © mals Sinsosa do que a armada pea percepio visual ou pelo devanci, Nessa complesidade esté a forga © esd « fraqusa do dl curso. Ble € forte, &eapar de persegir, surpreender © sbrag ‘laces increntes 20 objeto e 40 acontecimento. que, de outro ‘modo, fcriam ocaltas a pereepio. Ele €eapaz de modaliar, de Or em ets, © até mesmo neger visio inical do objeto. Mas o discus € fri se comparado ao efeto do fcone que seca com a sua puta presengs, die sem tardanea 2 fruigo do tole, guardando embora « ranscendéacia do objeto. A imgem limpdese, arebats. O discurso pede a quem o profere, ea quert fo ercta,algum paciaciae a virtude da esperanca ‘A predicago vai dando 0 justo relevo is difeengss que se cstabelecem entze 0 antes 0 depois, 0 causal © 0 cansal, © por sfvel e 0 impostvel e, i yezes, 0 verdadeiro © 0 flso. Mas a imagem € 0 devaneo se formam aguém do jlzo de verdade. A tikima observagio vale por um sinal de alerta quando re lida com o poema, No momento em que o dsciso, fel sua Tei interna de contnuas diferenciagSes, atngr olimiar da Légica, staré ulttapassando © poato de unigo franca © amorosa com ¢ fantasia. Um passo adiante e esvaise a substincla mesina do proceso mitopodtco. io é, pois, nessa via empegada de re ‘ncas (a diferenga € sempre espinho) que devemos sega 0 discurso, mas pels sendas nas quais perseque 0 encanto da simultaneidade (Or, € forgoso volar & naturessprépta, ito ¢, lings, dessa perbeguigso. Nig se desmancham of rulcor qu a lteridade do signo verbal vem hf milénion tagando e retrgando n0 solo Aer do pensamento ciscurso€ sempre arranjo de enunciados que se comportam como procestosintegradores de afves diferente, cujos extemos 2 So simbélio © sonoro. Ji xe comparou a frmagio do enun lado a um trabalho de encabzament, mas e met wvoluméiic, tradi mal 0 carter «umn s6 tempo flido e sat do do discutso Roman Jekobson, grande mestze, denso, posto que ameno, lise colts fecundas « respelto do dizcteo postico, © abrayore om uma frmula conan, de lina: projesio’ do exe das semelhangas no eixo das contglidades. Teta & subordinagio do serial i leis daanaogia, E'uma definigio que dl conta das rete rapier: do metro, da via, das alteragter, das reglaridades mor. fosinetices, da sinonimia, da paronimis, das correspondéncay semantics. Nama palevs, & 0 triunfo do paradigma, de mattis, 8 deleitagio em un univeiso curvo que se fecha e sc bart nd seu cireulo de ressonincas. Et imitagio do Paraiso iin nfo smachucado pel dor da raprurae do contest, A orga de persuasio de que dispdem algumes leituras fo. aalstas, nas quas tudo € esplho de tudo, provém, quem sabe, de um desjointenso de eludir a medistidade do dncaro ¢gorar, em demoras, de spresséo do diferente, (Que a frmula de Jakbson sea lida em um registro ding ac, ¢ ao parla in compuliva esl, Um mod de ao ratintla 6 (ater certaandliseane-(pars /ipo-) gramtce que me lembra um techo das Visgens de Gulliver . Mayo én ne (ae db inemreuce de ete ‘Rtmadln pin ein sbi x's" SS iP i, dg Si Ka ‘Sle ‘io susoetoes de pntiorio pales AN maess Sgnficar‘uma conspiraio, B, um regaento de valine, Ewe Shr. Ona en sy Sige alae pr doce Asi, po tl Siler ae ee bem oem pect ate ‘mtd as pls sepa: "Ress... conoaio tne ars bora!" Ene €¢ mei “e (3). Teatan Swit, As Vierns de Gainer, Tein Pane (Vi 4 gp, Bad gga, Cbd eae tel, cap WE Tleso ae Jud Nass Mca, © Bua, Cube do Ler, 1588 26 ‘Ao pocma, engvant continue simbslicowerbal, nfo quadrs 4 estate simpler de coplbo de uma nature” ft sia. Es recorténcia, sonors, métin ov sntticn, nfo quer diner fas, synopsis. Se assim fosse, como entender a fuider da frase? E. como entender os graus diferenciados, da sensrio, percepgdo € Atculseao simbalica que mazcam a histéra do inaividuo e © desenvolvimento do bomo loguens? Puro espahamento tant logia. Para deseabar a mais perfeta © mais "harmoniosa” das figuras, o ctculo, flo se superpdem no meso espago pontos a peo a as una na uve ge pore pores dif De qualquer modo, x6 por metforn rdutora se diré que & “raul” um poema onde hi resonincia retoro. Frases nfo so lnhas. Sa0 complexos de sgnos verbais que se vo expan- indo e desdobrando, opondo e telacionando, cada vez mais ls treados de somsignifiante. Se algum simile adete & nauteza da frase, 0 mais justo nto pare vi do den feta «és» comp ma de ac ‘que dio corpo go movimento, 4 ag80, Assim, + danga, ue, 1 sul descricao de Arh, peoduzo eeito figural mediante ama Legitncia dirgla de gestor:e om gesto r6 te df pot intro 2 nossa pereepelo quand jé pasou, e fl eguido de outros. Eo compat de serars de ma dan oo ¢ menos cel a cond om see Se nin Tad gue ff oorcn modifsdo pelo que ecore depos epi g oenacady secre cca te, ann, poet, en tetpo de endl, abel dieclo« ep SS gy aoe nce «Ce do uma Tinka qoe uo todas a ccorrnces de algun fie (quanto 0 som 4 fone, 1 pongo, 20 sige) A {a de evrorta epi! gaa, nest fare do tsblbo, ma sles impmpetiPuce, ail ge 0 pox fsa ara que tas a Hinguagem se sje a un certo eaquema de Dardigma;e que ea oe toeee, ae contase ese dabrase Sobre af mesma’ até se sobrepor stn soar o eta Goo dat TiO) Arte percepcién smal, B. Ais, Eudeba, 1962, p 305 7 Mas no foi bem isso 0 que sconecsu. O metro Tula or econ, ta, arsceeasdipersn se 0 interior {i um Ga yi que fr aden comm pesto aculada doe sinos, E engustto port pomepia,ivnos desvendande Seven pense nov tlagfes a exatncn, A imagem ial & Imagem prodecida,qve se tem do pon soa forma formad {eit congue do siscore sobre say lineata emia fen € figura, mas path das qulidades fora do fee ‘udo simulcro: procede de opera mediadors ¢ tempers Em outros termes: frase parece reultar de um proceso antropeliico nove design Como dis Witgcasca, i & tim model de reidade "ono née 4 Inegioanen" (Treat, 4101); como ad, sntaticment, podemos emcee, Tocese aqui um ponto exten: © da “imagem fesica como um momento de chegadh do dacuto pocico’ O que lot 0 sev do ne empeon rm de ngen des te dis onlin na dads: Mesos epic Seba ae ‘leona, oui 0 momento forte ¢0 momento fy, 10 So secchaamert etna Se aensaos pra ote ipl cates do so, ela © sssttice a um o tno, entendomts pt que 0 pete i trad € nner ct hngugem poe, tas © ne o- feome, alo So pelvas de B. Tomaches polis cm weno, em pesados de pxdaan compart ifn ina, Cevdenenea © usp opedics de lings sse_parcelamento. da i “ potica"* Hverd agi uma verde hipertofinds, um, expe 5 peo ta at orago epic ngs pon at don goo tgs pen Por owto Ido, fg gue se aplicn ao acentuar cenas sfabas debs umm denagee temporal Ay sabes acne dram, em geal, mai does dtoas “A ener erpais {6 pew: flee, ep) slags tam 4 vito da Gg. Porn dint do sto qlee a 98cm on eos fone/tnco, nas tb com ot adios let id, Do ftlego dependem a inteniade © eee do di “Tas cactts no fo absrages da Accn. No prcn vest «forge sompo seven moments de expres em Sorin ica ein ee srinda fen, ou cea pate dest ¢ exer sobre t mata ‘nora un dose deenetga gue necona esa ama atta. ‘hs exigtnchs de stusio em que age on sae 0 ate regen tumble ndenenio a Soca. © fend nc ‘ie modo, aatérioe clUina comes oral € dscontida ene dos cepa ato ofr go sino cerned go rl, nm fo samen ge de ume eps ‘A org eo tempo de polio do enanido so nds de sma sgl soen qe bp o endo de linn ian, hatte da mesegem €9 tipo do inerocwor No ceo perder da dso postin or rtmos de fla si santdore ptenador Excunso wist6nico: arrwo © aETRO Historicamente, 0 so poético do vitma devse de vias rmaneias, mas podemse descr, pelo menos, tf 1B), Hi, 'ur Je wer, reo ine mt There de le ltée, tox iden de Todo, Pi Seal 1965p. 13. 6

You might also like