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Copyright © 2023 Daia Studzinski & Sam Mistrycze

Todos os direitos reservados.


Capa e diagramação: Daia Studzinski
1ª edição

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou


por qualquer meio, mecânico ou eletrônico, incluindo fotocópia e gravação, sema permissão da
autora. A violação dos direitos autorais é crime estabelecendo na lei nº9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do Código Penal.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são
produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos
reais é mera coincidência.
NOTA DOS AUTORES
AVISO
PRÓLOGO
CAPITULO 1: CHRISTABEL
CAPITULO 2 – KLAUS
CAPITULO 3 – CHRISTABEL
CAPÍTULO 4 – KLAUS
CAPÍTULO 5 – CHRISTABEL
CAPITULO 6 – KLAUS
CAPÍTULO 7 – CHRISTABEL
CAPÍTULO 8 – KLAUS
CAPÍTULO 9 – CHRISTABEL
CAPÍTULO 10 – KLAUS
CAPÍTULO 11 – CHRISTABEL
CAPÍTULO 12 – KLAUS
CAPÍTULO 13 – CHRISTABEL
CAPÍTULO 14 – KLAUS
CAPÍTULO 15 – CHRISTABEL
CAPÍTULO 16 – KLAUS
CAPÍTULO 17 – CHRISTABEL
NOTA DOS AUTORES
Pela visão de Daia Studzinski

Dois autores.
Dois mundos diferentes.
Uma história em comum.

Em outubro de 2022, eu Daia, me aventurei a criar contos dentro da temática sobrenatural,


foi quando surgiu Dom Lúcio, um Lycan, e Lord Klaus, um vampiro. Focar-me em apenas uma
história curta foi “fácil”, o difícil foi o momento de pensar em desenvolvê-la quando surgiram os
pedidos de seus livros. Então, como se os escritores do sobrenatural tivessem ouvido minhas
preces trouxeram-me um leitor muito curioso e peculiar.
Sam ficou encantado com as histórias, mas em particular por de Lord Klaus e Christabel, a
sua mente virou um turbilhão de ideias de como seria a história dos dois e foi quando percebi que
ele não era apenas um leitor, era um escritor que estava prestes a ser libertado. Por um tempo
conversamos e como havia desconfiado Sam falou que já escrevia, porém não tinha coragem de
mostrar seus textos e tão pouco publicar, o que acontece com a maioria dos autores iniciantes.
Vendo que ali tinha um grande potencial para a literatura de fantasia e doses de hot, autorizei que
Sam criasse a história de Chris e Lord Klaus.
Naquele momento eu não estava pronta e nem segura para explorar ideias mais sombrias,
mas Sam estava, ele queria libertar toda a escuridão e sadismo que Lord Klaus demonstrava ter.
E cá estamos. Após ter iniciado uma série de novelas, Sam decidiu que não estava bom sua
escrita e removeu os livros da Amazon e nos juntamos para reescrever.
É meus caros leitores, posso dizer que meu parceiro de escrita me deixou bem a vontade
com meu lado sombrio e sádico. Não foi nada fácil escrever esse livro, não é fácil duas mentes
trabalharem em uma mesma história, é necessária uma maturidade muito grande de ambas as
partes, porque ambas em um ponto da história precisam ceder para que ela siga da melhor forma,
mas foi uma experiência inesquecível e que provavelmente vamos adorar repetir.
Esperamos que gostem dessa história, que se apaixonem por esses personagens e fiquem
curiosos pelas pequenas participações, pois é um mundo vasto e devasso.
AVISO
Este livro é classificado como Monster Romance, porém contém pinceladas de Dark
Romance, ou seja, contém temas sensíveis que podem gerar gatilhos emocionais. Possui cenas de
sexo explícito, tortura, violência, abuso, relacionamento tóxico, práticas BDSM, linguagem
adulta, entre outros temas que podem gerar gatilhos conforme sua bagagem emocional.
Todos os temas abordados na trama não são romantizados, deixamos claro que o BDSM
mostrado é um pano de fundo e não condiz com o mundo real, foi adequado para a trama.
Como sempre, qualquer indicio de desconforto, favor parar a leitura imediatamente. Cuide
da sua saúde mental, não se force a ir além. Nos preocupamos com vocês.
Os autores Daia Studzinski e Sam Mistrycze não serão responsáveis por qualquer perda,
dano, ferimento ou morte resultantes da tentativa de utilização das informações contidas em
qualquer um dos seus livros. Se você tiver interesse por novas práticas sexuais, deve procurar
aconselhamento e orientação de pessoas experientes do meio.

Com carinho,
Daia Studzinski & Sam Mistrycze
PLAYLIST
Escolha o play da sua preferência e fique ainda mais imerso no mundo de Lord Klaus e
Christabel.

SPOTIFY
DEEZER
Para você que sonha com o moreno misterioso de sorriso sarcástico,
caráter duvidoso que não pensaria duas vezes em arrancar o coração de um homem pelo
simples fato de se aproximar de você.
PRÓLOGO
Estamos no ano mil e oitocentos do Nosso Senhor, meu nome é Krauzer Vanlender e sou
descendente de uma família nobre da Escandinávia, vivemos tempos difíceis com doenças,
miséria e uma possível guerra civil a caminho. Por ser um dos nobres da região é minha
obrigação cuidar desses assuntos, cuidar do povo e dos meus entes queridos, por isso terei que
deixar minha esposa Christina e meu filho recém-nascido Samuel e ir para o campo de batalha.
Por meses luto incansavelmente, mas acabo ferido e internado em um hospital de campanha, os
dias se tornam semanas, meses e quando me dou por conta quase um ano. Depois de tanto tempo
longe de casa retorno às minhas terras e ao chegar descubro que minha esposa e meu filho
partiram.
Todas as minhas posses não me pertenciam mais e sim a uma mulher, tentei reaver tudo o
que era meu, mas não consegui, aquela mulher era muito poderosa e quando fui a fundo em
descobrir quem era de verdade, soube que era uma condessa vampira ancestral com mais de mil
anos, incrédulo tentei lutar contra, fui tolo e minha atitude transformou-me em um prisioneiro,
prendeu-me no porão da casa principal e usou-me como bolsa de sangue particular por anos até
que finalmente abraçou-me como seu servo concedendo-me a vida eterna. A sede de sangue era
incontrolável, o prazer em beber sangue fresco de minhas vítimas era indescritível, porém ainda
me restava uma dose da essência humana que me mantinha vivo.
Durante o tempo em que vivi como servo da condessa, adorava me alimentar de virgens e
até mesmo crianças por terem o sangue mais doce, a vida humana não tinha mais importância
para mim, era como se cada pessoa só existisse para saciar meus desejos e prazeres e por isso
não continha minha sede e por um tempo fui conhecido como Krauzer, O Carrasco. Só existia o
prazer em matar e dominar através do medo e era leal a condessa que me transformou, sempre
expandindo seu território.
Uma noite a condessa me ordenou ir até uma fazenda e matar todos na casa principal, fui
até o local e seduzi uma das empregadas da casa para me convidar a entrar, assim que entrei o
massacre iniciou, matei e bebi todos que encontrei pela frente até chegar no andar superior da
casa e entrar no quarto de uma criança de mais ou menos uns dez anos, adoro o sangue de um
inocente e sem hesitação cravo os dentes naquele pescoço pequeno, o seu sangue doce e quente
descia pela minha garganta como um néctar divino e delicioso, esse é o sangue mais saboroso
que já provei em toda minha vida, sinto a vida do inocente se esvaindo em meus braços e isso me
deixa extasiado.
Assim que termino de beber o sangue daquela criança escuto um grito vindo da porta e ao
virar-me vejo a silhueta de uma mulher, seu olhar sobre cai sobre mim e a criança,
provavelmente a mãe e dona das terras, já que exterminei todos os empregados, avanço na
mulher com força e brutalidade, a seguro contra a parede do corredor onde as luzes das
lamparinas iluminam seu rosto. Suas feições são conhecidas, é como se estivem pregando uma
peça em mim, um rosto que conheço muito bem, o rosto de minha esposa Christina, seu olhar
assustado, seu corpo estremece de horror, fico paralisado, não consigo raciocinar.
— É... é vo... voc... você Krauzer? — sua voz trêmula e chorosa ressoa dentro de mim. —
É você m... mes...mo?
— Chris?
— Sim meu am... mor, sou eu.
— O que você está fazendo aqui? Por que você foi embora sem me falar nada?
— Essa é minha casa, eu conheci um conde e me casei com ele depois que você nos
abandonou.
— Eu não te abandonei. Do que está falando?
— Nós recebemos as notícias que a guerra havia acabado e por um ano não tivemos
notícias suas. — o medo foi substituído por raiva em sua fala. — Fomos até a cidade e não tinha
registros de sua morte, então você só poderia ter abandonado sua família!
— Eu nunca os abandonaria. Durante uma das campanhas fui ferido e acabei ficando em
um hospital todo esse tempo lutando para ficar vivo, mas quando eu voltei tudo que me pertencia
fora tomado por aquela mulher.
— Ela ainda estava lá?
— Você sabe de quem estou falando?
— Quando você partiu para batalha fui até a igreja pedir para que voltasse para casa em
segurança, na saída encontrei essa mulher que apresentou-se como uma bruxa e disse poder
realizar meu pedido e fizemos um pacto.
— Que pacto?
— Ela falou que ia te proteger e trazer são e salvo para mim em troca de dinheiro, mas
quando você não voltou, pedi que te amaldiçoasse por toda eternidade e falei que poderia ficar
com tudo que lhe pertencia.
— Aquela mulher não é uma bruxa, ela é uma vampira que me torturou por anos e depois
me concedeu a vida eterna e agora sou servo dela por toda eternidade. — cuspo as palavras com
raiva. — Olhe para mim e para os corpos de seus empregados, você fez isso comigo e com eles.
— Não, não, não, não...
— Agora onde está meu filho? — vejo ela ajoelhar no chão em desespero e apontar para o
quanto. — Não pode ser, não é possível que eu tenha feito isso. — levanto ela do chão. — ME
DIGA QUE ISSO É MENTIRAAA!!!
Nesse momento angustia, raiva, mágoa, fúria, melancolia, dor e trevas começaram a me
dominar, senti que estava perdendo a razão e comecei a socar a parede e destruir tudo que estava
na minha frente em uma fúria desenfreada. Christina corre para o quarto e tranca as portas, vou
atrás dela e arranco a porta com minhas mãos, assim que entro vejo ela segurando uma faca de
prata em forma de crucifixo.
— O que pretende fazer com isso?
— Me perdoe meu amor, eu trouxe essa desgraça para nossa família, é tudo minha culpa.
Assim que termina de falar, vejo ela apunhalar a própria barriga para tirar sua vida por não
aguentar tamanha dor. Não pude impedi-la de tirar a própria vida, minha dor ficou insuportável e
não conseguiria viver sabendo que causei a morte do meu filho e minha esposa, então removi a
faca do corpo da minha esposa e cravei em meu coração. Quando recupero a consciência, não
consigo determinar por quanto tempo estive desacordado. Ao abrir os olhos, percebo que estou
preso a uma parede em um calabouço, meus pulsos envoltos a correntes grossas e um padre
diante de mim, lançando um olhar de desagrado.
— Onde estou? Quem é você?
— Meu nome é Padre Inácio e você está debaixo da Catedral de Trondheim.
— Por que não estou morto?
— Porque você é uma criatura profana, um morto vivo.
— Perfurei meu coração com uma faca de prata.
— Vampiros não são vulneráveis a prata e você foi amaldiçoado com a vida eterna, então
não pode tirar sua própria vida, você não é capaz de tal feito.
— Você é um servo de Deus, é seu dever expurgar minha existência, então o faça.
— Eu até iria fazer isso, mas após entender o que aconteceu com você acho melhor deixar
a sua existência assim, um ser profano merece sofrer por toda eternidade.
Após ser excomungado pela Igreja, fui colocado em uma caixa de madeira e fiquei nela por
vários dias até que uma noite algo me libertou, mas não pude ver quem ou o que quebrou a
tampa da caixa. Assim que consegui me levantar vi vários cadáveres de padres pelo caminho até
a saída e na porta da Igreja vi um homem sujo de sangue me esperando, no fundo, eu sabia que
se tratava de outro servo vampiro da condessa querendo me levar para minha vida de escravidão,
assim que cheguei perto ele se virou para que o acompanhasse, mas antes de qualquer coisa
peguei uma estaca que estava na mão de um padre morto por ele e cravei em seu coração, seu
corpo enrijecei na hora e ele caiu no chão com uma expressão de dor congelada em seu rosto.
Decidi que não ia mais ser controlado por ninguém e alcançaria minha liberdade, juntei
todo o dinheiro que me restou, um punhado de terra da minha casa e fugi para o novo mundo em
busca da minha ambição. Com o crepúsculo de minha terra natal nas costas e as correntes da
minha servidão rompida, parti para um novo mundo, buscando a liberdade que me fora negada,
deixando para trás as sombras de uma vida de servidão, arrependimentos e melancolia.
CAPITULO 1: CHRISTABEL
MINHA TEDIOSA VIDA
Olho para o teto e suspiro alto. Mais um dia presa nessa vida monótona, a qual achei que
mudaria drasticamente quando fosse para a faculdade. Que besteira! Levanto e sento na cama e
jogo o cabelo embaraçado para o lado esquerdo. Nos últimos dias a voz da minha mãe ronda
minha mente, a frase que disse desde que comuniquei que desejava sair de casa e vir para a
capital cursar Cinema e Vídeo nunca saiu da minha cabeça. É engraçado, nunca imaginei que era
tão protetora com os filhos, muitas vezes achei que era coisa de qualquer mãe, mas ao observar
as mães de meus colegas no ensino médio foi que percebi que Dona Ivonete tinha criado os
filhos para si e não para o mundo.
Sempre tive uma mente muito criativa e quando me refiro a isso, é sobre sonhar com um
apocalipse zumbi, o fim do mundo se aproximando, descobrir que eu tenho algum super poder,
qualquer coisa extraordinária que me levaria para longe da minha pacata vida. A fascinação pelos
filmes me levou a ter os pensamentos mais loucos e desejar que a fantasia não fosse apenas algo
fictício e sim real. Quantas vezes li e reli “Entrevista com Vampiro” de Anne Rice[1] pensando se
era possível a existência de um vampiro que poderia me resgatar e dar a vida eterna? Inúmeras
vezes.
Assim como me imaginei num dos filmes de George A. Romero[2] lutando contra zumbis,
afinal, seria muito melhor lutar contra zumbis lentos do que os de “Guerra Mundial Z”[3] ou
como seria um máximo sair por aí com um grupo de amigos em uma caça ao tesouro após
descobrirmos um misterioso mapa que nos levaria desbravar as terras de Minas Gerais. Parece
tolo, não é? Mas isso era o que me mantinha viva, os sonhos de que a ficção um dia se tornaria
realidade.
Os livros e filmes foram e continuam sendo grandes aliados para que eu sobreviva, sonhar
em esbarrar em um moreno misterioso, ter a melhor noite de sexo da minha vida onde não
haveria egoísmo da parte masculina, afinal, ele teria tesão em ver-me gozar inúmeras vezes, até
me ver de pernas bambas e um corpo desfalecido em sua cama. Quem nunca sonhou com todas
essas possibilidades? Não posso ser a única. Talvez eu seja uma grande sonhadora que só
sobrevive por conta disso.
Jurava que ao vir para a faculdade e cursar algo que amo, que antes era apenas um lazer,
me traria mais adrenalina e viraria a chave para um novo mundo. Sim, um novo mundo onde eu
veria mais cores, conheceria novas pessoas e criaria um círculo de amigos incríveis, mas o que
encontrei? Apenas uma nova rotina. O pequeno cômodo que vivo tem apenas sala/cozinha e um
banheiro, era o que meus pais podem pagar até o momento. Para manter a palavra que eu pagaria
o empréstimo estudantil, uma das condições de me permitirem vir para Belo Horizonte, fui atrás
de um trabalho e acabei conseguindo após muita insistência um estágio em uma pequena
produtora de vídeos publicitários, mesmo sem ter nenhuma experiência. Obviamente não estava
em meus planos trabalhar com publicidade, eu ansiava em produzir cinema, mas a necessidade
de dinheiro era maior no momento, afinal, estava indo apenas para o terceiro semestre, ou seja,
eu tinha ainda mais cinco semestres pela frente.
Vou para o pequeno banheiro e abro o chuveiro, por estarmos em março o calor continua
grande, deixo a temperatura bem baixa para que eu me refresque. Tive sonhos intensos essa
noite, acordei diversas vezes durante a madrugada e jurava estar sendo observada. O suor tomou
conta do meu corpo como se eu tivesse corrido uma maratona de San Silvestre. Não me
importava de ter sonhos agitados, muito deles eu acabava esquecendo e aos poucos que lembrava
era um combustível para a criação de minhas histórias.
Fico embaixo da água gelada e meu cabelo longo loiro escurece, passo o sabonete pela pele
de porcelana e fico imaginando o que meus pais diriam se eu a cobrisse de tatuagens. Certamente
haveria um grande descontentamento ou poderia estar errada, não diriam nada por eu ser maior
de idade e estar cumprindo com nosso acordo. Ainda quero poder ser capaz de pagar por tudo e
os livrar dessa dívida, me sentia ainda um tanto presa a eles e acredito que isso faça minha vida
do jeito que é. A ânsia e desejo para viver algo grandioso e surreal sempre esteve em minhas
veias, mas ainda estou presa nessa vidinha suburbana, sem perspectiva ou um mero vislumbre de
viver algo extraordinário. POR FAVOR, ALGUÉM ME LIBERTA DESSA AGONIA.

Hoje eu teria uma das minhas aulas favoritas, como sempre, sai da produtora e fui direto
para a faculdade, no caminho comprei alguns pães de queijo e um café para saciar a minha fome.
Acomodei-me no meu lugar de sempre, ao lado de Fernanda, conversamos um pouco sobre a
rotina e as peripécias que eu tinha volta e meia ao criar os roteiros publicitários. Os clientes
achavam que eu era bem criativa, fora da caixa, mas em excesso, por isso, meu chefe sempre
pedia para eu segurar a mão na fantasia.
Assim que o professor Fábio entrou, calei minha boca e prestei atenção em cada uma de
suas palavras, ele era um excelente professor. Uma das nossas tarefas de hoje era buscar por
roteiros de filmes underground, fora do circuito comercial e claro, filmes polêmicos que atraíram
a plateia para as salas de cinema. Comecei a pesquisa pelo computador da faculdade, encontrei
alguns de terror trash que eu adoro, alguns polêmicos e entre toda essa pesquisa um chamou
minha atenção: “Salô ou Os 120 dias de Sodoma”[4].
O filme de Pier Paolo Pasolini é inspirado na obra de Marquês de Sade e como uma
aficionada por cinema, já o conhecia, porém, não tinha o assistido por questões básicas de
privacidade em casa, afinal, eu não tinha nem porta em meu quarto. Agora eu poderia finalmente
assistir à obra polêmica, mas em uma das matérias que cliquei algo chamou a minha atenção,
havia um grupo de pessoas no fórum discutindo se o filme podia ou não ser indicado como
BDSM[5]. Olhei fixamente para as quatro letras garrafais e algo dentro de mim despertou. Eu
precisava saber qual era o significado daquilo.
O assunto era empolgante e muito intrigante o que despertou minha curiosidade, meu foco
foi direto para ela, cai de cabeça e comecei a pesquisar por outros filmes que abordavam o
assunto e me deparei com diversos, entrei nos fóruns e muitos deles tinham uma grande
discussão se deveriam ou não se enquadrar dentro da sigla. Pela primeira vez, com quase um ano
e meio fora da casa dos meus pais, finalmente algo tomou a minha atenção e me levaria a sonhar
ainda mais longe.
Ao fim da aula o professor solicitou que escolhêssemos um assunto e criasse um roteiro
para um curta-metragem, os melhores roteiros seriam produzidos no fim do ano e eu não podia
estar mais radiante. Alguns alunos questionaram se podia ser algo bem grotesco, enquanto alguns
questionavam se podia ter cenas mais quentes, para felicidade geral da sala de aula, o professor
disse que a criatividade não seria limitada, mas para que fosse produzido o curta, haveria
algumas ressalvas, pediu que tomássemos cuidado aos exageros e não esquecer da mensagem
que a história queria passar. Ficou aberto para discutir as histórias e nos dispensou. Fui para casa
eufórica, era como se finalmente um novo mundo estivesse se apresentado a mim.

Após alguns dias estava completamente inerte ao assunto do BDSM, estava estudando
sobre as práticas, a liturgia e seus conceitos. Comecei a interagir com praticantes para me
aprofundar ainda mais nesse universo, muitos deles, para não dizer todos, levavam a sigla como
um estilo de vida, o que despertou ainda mais a minha curiosidade. Todo o conhecimento que
estava adquirindo fez minha visão de mundo se expandir ao infinito.
Encontrei uma pessoa em uma rede social que se apresentou como Sebastian, sendo
extremamente educado e cordial, ele tirou minhas dúvidas e me deu vários conselhos sobre as
práticas, indicou materiais para estudar como livros que abordam o assunto e filmes que retratam
bem como é uma relação BDSM, justamente o que precisava. Ele se tornou um mentor nesse
novo mundo me explicando os termos e sua filosofia. Sebastian se identifica como um switcher,
uma pessoa que assume a posição de top e bottom, ao ouvir essas palavras questionei seus
significados e ele esclareceu: top é a pessoa que está no controle da relação e o bottom é aquele
que obedece a suas vontades. Dessa forma se estabelece uma hierarquia na relação, a cada sessão
um switcher pode assumir um dos lados.
Na troca de conhecimento me descobri como uma submissa e estava ávida para ter meu
top, um belo Dom que me conduzisse e ensinasse a arte do BDSM, mas fui imediatamente
desencorajada pelo meu mentor que me mandou ter muito cuidado devido â existência de falsos
dominadores, esse tipo de pessoa enxerga no modo de vida dos praticantes uma forma de
conseguir sexo fácil, eles buscam saciar seus fetiches com novatos desavisados que não
conhecem esse mundo e estão muito ansiosos para ter suas próprias experiências.
Segui o conselho de Sebastian e passei os próximos meses adquirindo conhecimento,
sempre consultando e importunando o meu mentor que foi carinhoso, paciente e atencioso
comigo, até perguntei se ele não me aceitaria como sua submissa, mas já estava em negociação
com alguém, porém continuaria sendo meu mentor e auxiliando-me. Criei um roteiro baseado no
BDSM para a aula, mas devido ao alto teor erótico, não seria possível filmá-lo na faculdade,
apenas fui parabenizada pela criatividade e excelente pesquisa.
Com o passar do tempo uma forte amizade foi criada entre mim e meu mentor, dando mais
segurança para dividirmos mais informações sobre nossa vida pessoal, foi quando descobri que
Sebastian mora em Porto Alegre. Falou-me sobre um lugar incrível que frequenta, uma confraria
onde praticantes se encontram para conversar e trocar experiências, até mesmo tem sessões
públicas que os associados e convidados podem assistir. “Meu deus, eu preciso conhecer esse
lugar”, era o que passava em minha cabeça sempre que ele contava suas histórias. Minha vida
estava completamente envolvida no BDSM e eu não podia mais esperar para viver minhas
próprias experiências, então tomei a decisão de procurar um Dom para mim.
Em minha busca encontrei vários falsos praticantes que sempre agiam da mesma forma,
me pedindo fotos antes de qualquer coisa e quando eu recusava, eles me destratavam, me
diminuíam como praticante dizendo “você não é uma submissa se não me obedecer”, “você tem
a obrigação de fazer o que eu mando” e o que eu mais ouvi foi: “se não pode obedecer devia
desistir. Você não serve para ser uma submissa”. Não me deixei abalar por essas palavras e
continuei a minha busca que me levou até Dom Santino.
Um homem que se mostrou culto e muito educado, não chegou dando ordens, muito menos
exigindo fotos, ele só queria conversar comigo e me conhecer melhor, sua forma elegante de
falar e seu tom carinhoso me ganharam de início, fiquei completamente derretida por ele e
pensei, “Talvez eu tenha encontrado meu Dom”, fomos nos conhecendo melhor e depois de
algumas semanas conversando ele propôs que entrássemos em uma negociação e sem pestanejar
aceitei.
Minha negociação com Dom Santino começou com ele enviando uma foto dele, vestindo
apenas calças jeans. Ele era um homem incrivelmente atraente, com cabelo castanho escuro
penteado para trás e um corpo muito bem cuidado. Embora não fosse extremamente musculoso,
estava definitivamente em boa forma. Em resposta, enviei uma foto minha de biquíni à beira de
uma piscina, escolhi uma foto que me sentia confiante para causar uma boa impressão. Recebi
vários elogios, sendo chamada de atraente, gostosa e deslumbrante, o que me deixou feliz em
saber que ele estava interessado. É ótimo se sentir deseja, ainda mais por alguém que você
também deseja.
Ele explicou que não haveria um contrato pré-estabelecido devido à minha inexperiência e
falta de experiência prática. Isso fazia sentido, já que eu não tinha ideia do que gostaria ou não
gostaria. Concordar com isso foi uma decisão lógica. Além disso, ele mencionou que, se eu o
escolhesse, a obediência seria essencial, e que meu corpo e prazer estariam sob a sua orientação.
A simples ideia de ouvir essas palavras sussurradas ao meu ouvido me deixou empolgada, a
excitação já tomava meu corpo por completo e a ânsia em vê-lo só aumentava a cada segundo
que interagíamos.
Começamos a nossa relação Ds a distância com ele me enviando tarefas como ir com plug
anal para a faculdade e enviar fotos, tínhamos sessões de sexo online por chamada de vídeo,
precisei aprender algumas práticas e mostrar para ele, tudo estava indo muito bem e combinamos
de nos encontrar para nossa primeira sessão presencial, eu estava ansiosa e nervosa, não sabia
como seria, então decidi falar com Sebastian:
— Oi, Sebastian, tudo bem? Pode falar?
— Olá, minha pequena e ávida aprendiz, estou ótimo e sempre tenho tempo pra você.
— Então, eu conheci um Dom e tivemos nossa negociação.
— Olha que bom, fico feliz por você.
— Estava sendo algo a distância, já que ele mora longe, mas surgiu a oportunidade de
estarmos juntos e queria uns conselhos do meu mentor.
— Entendo, pode perguntar o que você quiser.
— Eu estou muito nervosa e não sei como agir, o que eu devo fazer?
— Isso é muito simples, é só seguir o que foi acordado na sua negociação e seguir sua
intuição.
— O problema é que não tivemos um contrato, ele falou que devido eu ser novata não
tinha como estabelecer regras por não ter praticado antes, por isso não podemos de termos um.
— Não vou mentir, isso é bem suspeito. E o que exatamente ele negociou?
— Disse que se eu o escolhesse devia apenas obedecer ao que ele quisesse fazer.
— Isso é papo de redflag, meu conselho é pular fora dessa relação.
— Mas ele sempre foi muito educado e nunca exigiu de mim o que eu não queria fazer.
— Isso só mostra que ele tem prática em enganar novatas, tenha muito cuidado.
— Ok e muito obrigado pelos conselhos e sua amizade.
— Estarei sempre aqui para você, minha aprendiz.
Mesmo com o que Sebastian me contou resolvi dar uma chance para Dom Santino, não
tinha como aquele homem que passei semanas tendo interações tão gostosas ser um falso
dominador. Estava ansiosa para nosso encontro que aconteceria em poucos dias.
CAPITULO 2 – KLAUS
AS TREVAS NA NOITE
A noite pode ser bela e até mesmo romântica para alguns, mas nas sombras se escondem
temores que muitos não fazem ideia de sua existência ou preferem fingir que não existem. Há
muito tempo vivo às margens da sociedade, sempre buscando poder para alcançar minha
ambição, anseio pela verdadeira liberdade, desprender-me das regras e não ser subjugado por
nada e nem ninguém. Todos somos limitados por algo, sejam as leis, normas de conduta,
opressão dos poderosos, entre outras amarras que nos impede de vivenciar os desejos mais
sórdidos das nossas mentes, meu objetivo é conseguir me livrar de todas as correntes que me
prendem.
Quando vim para esse país tinha fugido de uma vida de servidão, sem rumo e nem
objetivo, vaguei por vários lugares e tive que fazer o que era necessário para sobreviver, através
dos anos andei por essas terras como um nômade até chegar no Rio Grande do Sul. Onde conheci
um jovem vampiro que me convidou para fazer parte de seu grupo estabelecido na capital do
estado, Porto Alegre, era uma família pequena e sem nome que estava recrutando o máximo de
exilados para aumentar sua influência.
O líder da família apresentou-se ao Monarca[6] regente da região para solicitar minha
entrada na congregação, mas só pensava: “Mais amarras e regras que me impedem de fazer
aquilo que desejo. Isso não é liberdade!”. Após conseguir a permissão fui levado até um casarão
antigo que ficava em uma viela na entrada do centro da cidade, ali comecei a construir uma nova
vida seguindo os dizeres e conceitos do líder do clã, só que essas não eram regras que eu
aceitaria de bom grado, tornei-me o deslocado naquele pequeno grupo. “Quero fazer as coisas
do meu jeito.” Não consigo ficar limitado a visão de outra pessoa, sou ambicioso e preciso
chegar ao topo.
Houve uma época em que nós vampiros dominávamos países inteiros pelas sombras,
éramos temidos e até mesmo venerados por alguns, mas depois que a Igreja fundou a Ordem dos
Cruzados, uma ramificação da inquisição voltada para nos caçar, fomos massacrados e
atualmente existem poucos de nós que se juntam em famílias para conseguir sobreviver, algumas
adquirem influência e poder no mundo mortal e assim controlam as famílias menores que se não
os obedecerem são destruídas.
O líder da família é um homem chamado Paulo Henrique, uma pessoa sem grandes
ambições que deseja viver sossegado ganhando prestígio com esforço e trabalho duro em prol do
Monarca, isso não é o que busco, sei que meus objetivos não serão alcançados seguindo um líder
fraco como ele, preciso assumir a liderança da família a força. Discretamente consigo persuadir
alguns membros da nossa família para tirar Paulo Henrique de sua posição sem alertar o
Monarca para não criar atrito já que sou recém-chegado. Prefiro apenas manipular os outros e
manter-me nas sombras.
Assim que entrei na família fui designado como “lixeiro”, os responsáveis por policiar a
região e perseguir aqueles que descumprem as ordens do líder, é um trabalho indigno que
consiste em eliminar os familiares que descumprem o acordo com a família ou usam as drogas
que deveriam vender. Nessa era as famílias se transformaram em uma máfia que controla o
mundo humano indiretamente, reunindo dinheiro de todo lugar possível como o tráfico de
drogas, armas, prostituição, falsificação, extorsão, promessas de vida eterna, entre outras coisas.
Esse é o trabalho das famílias consideradas fracas e inúteis, já que as poderosas lidam com a
política e grandes corporações empresariais.
Meu parceiro para esse serviço era uma criança da noite[7] chamado Samuel que se apegou
a mim quando entrei no clã e o acolhi como meu protegido, via muito potencial nele, o ensinei
sobre meus caminhos e minha arte e ele abraçou tudo de forma muito natural. Ele me contou
toda a sua história de como cresceu no interior e se mudou para a capital para tentar uma vida
nova e lá descobriu maravilhas e viveu experiências incríveis, até se relacionar com uma mulher
que acabou o transformando, então ele começou a seguir um caminho degradante e não que não
almejava, ele sempre dizia: “Fiz coisas horríveis das quais não me orgulho e não quero
lembrar”.
— Klaus, qual é sua ambição? — Samuel me questiona durante nossa patrulha.
— Pequeno, a minha ambição é me livrar de qualquer amarra que me prenda e ser
verdadeiramente livre.
— Então você pretende assumir o nosso clã?
— Não, almejo algo ainda mais grandioso, terei meu próprio território.
— Mas isso é impossível!
— O impossível só é inalcançável devido aos limites de nossa criatividade.
Naquele momento vi seus olhos se iluminarem e entendi que ele poderia ser uma
ferramenta na minha ascensão, comecei a tramar um plano para assumir a família, esse seria o
primeiro degrau para chegar ao topo. Reuni todos que tinham algum problema, por menor que
fosse com o líder e começamos a arruinar a sua influência disseminando descontentamento entre
aqueles que concordavam com sua filosofia, criamos empecilhos para que eles não pudessem
seguir suas ambições.
Eliminamos um dos integrantes que não se dobrou as nossas afirmações e somente o fato
dessa morte acontecer já foi o suficiente para gerar caos e desconfiança dentro da família e
naturalmente todos começaram a questionar a liderança de Paulo Henrique, mas uma
insurreição[8] era contra a lei do Monarca, então precisávamos de algo mais cauteloso para
instigar a mudança. Acabei chegando no limite do que poderia fazer sozinho e precisava contar
com alguém para continuar meus planos, sei como manipular as pessoas ao meu favor, só que
apenas isso não seria o suficiente.
Recorri a um integrante do nosso grupo que tinha ambições parecidas com as minhas e
também almejava a grandeza, Saulo era uma pessoa muito inteligente e um excelente
estrategista, sabia que se ele estivesse ao meu lado teríamos uma chance muito maior de atingir
meus objetivos, ele criou um plano para que entrássemos em conflito com outra família da região
para fazer o Monarca interferir e acabar colocando a culpa sobre o nosso líder.
Usei Samuel para invadir o território de uma família responsável por caçar aqueles que
expuseram o véu[9], meu protegido iria beber o sangue de um mortal para ser visto, assim
quebrando a maior das regras dos vampiros: não revelar nossa existência. Porém, ele não iria
realmente se expor, afinal aquele que o veria se alimentando seria um de meus familiares. Como
esperado Samuel conseguiu cumprir a sua parte do plano e meu familiar viu o ocorrido e alertou
a família Ritter, imediatamente se iniciou a caçada ao meu protegido que veio se refugiar em
nossa casa, meu familiar foi capturado durante a fuga, para manter o sigilo do véu, foi eliminado
imediatamente, uma perda calculada.
Os integrantes da família Ritter invadiram a nossa casa com extrema violência procurando
aquele que expôs o véu, nosso líder discordou dizendo que ninguém ali seria capaz de tal
atrocidade, sabendo que essa justificativa seria pouco para impedi-los, puxei Samuel para trás de
mim e então uma batalha feroz começou entre nós, sangue estava sendo derramado e nosso líder
sem opções acabou entrando no combate que se desenrolava.
A batalha durou alguns minutos, Samuel estava se digladiando com um vampiro bem
maior do que ele e mesmo assim não ficou em desvantagem, os outros membros da família
tentavam segurar o outro vampiro da família Ritter, a luta era feroz e sangrenta. Os arautos[10]
não demoraram muito pra chegar e assim que entraram na casa dispararam uma arma para o alto
e a luta cessou de imediato, um deles parou ao centro da sala.
— Meu nome é Hector e sou arauto do Monarca, o que está acontecendo?
Em disparate aproximei-me.
— Somos uma família sem nome acolhida pelo Monarca e atuamos como lixeiros. Sem
nenhum aviso ou motivo fomos atacados pela família Ritter.
— E qual é a justificativa da família Ritter para essa ação? — ele questiona e um dos
soldados que nos atacou se pronuncia.
— Meu nome é Samir e nós estamos realizando uma caçada de sangue para encontrar o
contraventor que expôs o véu.
— E quais provas você tem que o véu foi exposto?
Nesse momento tive que conter a alegria por saber que todas as pontas foram amarradas e
que não teria como comprovar que tal crime realmente aconteceu, mas algo que eu não poderia
ter previsto me surpreendeu, o soldado da família Ritter disse ter capturado uma das duas pessoas
que haviam presenciado o crime. Quem foi a outra pessoa? E como Saulo conseguiu deixar isso
acontecer? O arauto comunicou que ia assumir a custódia da testemunha e fazer uma
investigação sobre o ocorrido, eu não podia deixar isso acontecer de forma alguma.
Logo após todos irem embora chamei Saulo para conversar e tentar descobrir o que tinha
acontecido, como poderíamos resolver esse problema.
— Como você deixou isso acontecer, Saulo? Esse é o pior resultado que poderíamos ter
conseguido. Se descobrirem que tudo foi armação, com sorte, seremos exilados.
— Acalme-se Klaus, não sei como aconteceu, mas vou tomar as providências para
resolver.
— Seja rápido.

Com o passar dos dias foquei em ocupar minha mente com a busca de uma nova mortal
para me servir, se eu ficar só pensando na investigação vou ficar louco. Minha filosofia sempre
foi explorar os prazeres da carne e a libertação dos desejos, seguindo esses conceitos encontrei a
mais prazerosa criação mortal, o BDSM, que se tornou minha paixão e minha arte por ser algo
extremamente belo, excitante, empolgante, libertador e sensual aos meus olhos, me tornei um
praticante há algumas décadas utilizando redes sociais para encontrar minhas vítimas e usá-las
para saciar meus desejos.
Comecei a buscar uma nova submissa para substituir a anterior, encontrei o perfil de uma
exibicionista, masoquista que se identificava como FoxLady, suas fotos provocantes chamaram
minha atenção e comecei a conversar com ela. Nossa conversa se desenrolou por um tempo e ela
mostrou-se muito interessada em se entregar a mim devido a ter gostado das fotos que mandei
para ela, seu corpo era mais robusto, o que eu adoro devido as minhas experiências com
mulheres magras terem sido um tanto frustrantes, pois elas nunca conseguiram suportar toda a
minha intensidade. Seus cabelos eram castanhos levemente anelados, seios medianos e
empinados, só de olhar suas fotos se exibindo era nítida a sua sensualidade, não conseguia conter
a vontade de consumi-la, então, perguntei se ela gostaria de ser minha partner[11], imediatamente
ela aceitou e redigi um contrato para termos nossa primeira sessão.
Há um bom tempo que sigo essa linha de atuação, não procuro uma submissa para se
entregar totalmente a mim, sempre início a relação com uma playpartner[12] para saboreá-la e
decidir se ela tem o sabor correto para podermos cultivar uma D/s e torná-la meu familiar.
Combinamos de nos encontrar em uma boate na cidade depois dela ter aceito a negociação, os
termos foram bem padrões abordando práticas clássicas e leves já que seria a nossa primeira vez
juntos, mas eu insisti na prática do BloodPlay[13] na primeira sessão, mesmo relutante ela aceitou
desde que seja em locais onde a pele é mais resistente e de forma bem superficial. Dessa forma
conseguimos estabelecer nosso acordo e marcamos o nosso encontro para essa sexta-feira.
CAPITULO 3 – CHRISTABEL
O PESADELO DE UM DESEJO
Uma mistura de ansiedade e excitação tomava meu corpo a cada passo que dava até chegar
ao apartamento que aluguei para ter a minha primeira sessão com Dom Santino, fiquei
encarregada de encontrar um lugar confortável e que nos daria privacidade, afinal eu moro em
um pequeno cômodo. Consegui por um bom preço e boa localização um apartamento com uma
suíte e uma sala conjugada com a cozinha, nada muito glamouroso, mas era bem aconchegante e
o ideal já que só iriamos o usufruir por algumas horas. Como combinado cheguei primeiro para
preparar o lugar para receber meu Dom, escolhi um vestido curto preto com pequenas alças que
se amaravam no pescoço, por baixo uma bela cinta liga que valorizava muito meu corpo,
principalmente meus quadris largos.
As horas passam e quando percebo a noite cai e ouço três batidas me alertando de sua
chegada, levanto e arrumo o vestido, passo a mão para desfazer as ondas que formaram ao me
sentar, respiro fundo e abro a porta. Diante de mim toda a imponência, sensualidade e um ar
amedrontador, Dom Santino me olha de cima a baixo examinando meu corpo, deixando-me
excitada na hora. Afasto-me para que ele entre, em sua mão esquerda uma pequena bolsa de
couro que simplesmente solta no chão, retira o terno preto, joga no sofá e senta-se, fecho a porta
e ao virar-me o vejo dobrando as mangas até a altura do cotovelo e seus olhos continuam em
mim.
Me observa sem dizer nada, uma tensão começa a ser criada, meu centro começa a
formigar em desespero por seu toque, a ansiedade vai às alturas e fico apreensiva para ouvir sua
voz, afinal, só trocamos mensagens de texto e por último a foto. Sonhava se o tom de sua voz
combinaria com sua postura autoritária. Ele fica em uma postura relaxada no sofá e continua me
olhando como um predador e eu não suportando mais todo esse silêncio, não penso duas vezes e
resolvo o questionar.
— O senhor gostaria de algo Dom Santino?
Uma voz grave e pesada toma o recinto, arrepiando os pelos da minha nuca e umedecendo
ainda mais minha boceta necessitada por ele.
— Me chame de Meu Senhor.
— Sim, Meu Senhor.
— Sente-se ao meu lado.
De cabeça baixa, cumpro sua ordem e sento-me ao seu lado, comandada como uma
pequena boneca de ventríloquo em suas mãos, deixo-me envolver nessa névoa de sedução e
conto os segundos para me entregar a ele. A ponta de seus dedos passeia despretensiosamente
por minha coxa, o toque é quente, sua mão agarra meu quadril e me causa um pequeno gemido
de dor e prazer. Sou envolvida aos poucos por sua dominação, meu seio é envolto por sua mão e
fecho os olhos para intensificar as sensações. Sou puxada com brutalidade para seu colo, meu
pescoço é agarrado por uma de suas mãos enquanto o outro braço envolve minha cintura para
manter-me grudada ao seu corpo. É a primeira vez que sinto como é ser apreciada, meu corpo
merece ser idolatrado, diferente do que os padrões da sociedade tentam nos vender, uma mulher
gorda merece sentir tanto prazer quanto as outras.
Dom Santino faz meu corpo estremecer em suas mãos e meu centro pulsa, baixa as alças
do meu vestido e expõe meus seios fartos para serem torturados, mas dura muito pouco. Ele
ordena que eu levante e termine de me despir, quando penso em tirar a cinta-liga ele me impede.
Ordena que eu vá para o quarto, quando estou passando pela porta o sinto atrás de mim e como
num piscar de olhos, meus cabelos são agarrados na altura da nuca me causando uma dor
agonizante, porém gostosa. Sinto sua língua quente pelo meu pescoço e em seguida beija meus
lábios com força, sou jogada a cama.
A mudança de seu comportamento me deixa um pouco assustada, mas não quero que note.
A sua suavidade de antes se torna brutal. Engatinho na cama e quando olho para trás, ele me
observa como um predador, suas pupilas estão dilatas e possuem um brilho demoníaco. Ele abre
a bolsa de couro que trouxe e começa a tirar alguns acessórios dela como algemas, tornozeleiras
e um flogger[14].
— Vamos começar a brincar! — diz com sua voz imponente.
— Sim, Meu Senhor.
— Não foi uma pergunta.
Sua autoridade estava me causando dois sentimentos opostos, de um lado estava adorando
sua presença autoritária, ela causava formigamento em minha boceta, um calor, uma excitação
que eu jamais tinha sentido antes e do outro lado eu sentia medo do que estava por vir, imagino
que seja normal para a primeira sessão, esse medo seria dissipado aos poucos. Dom Santino se
aproxima e acaricia meus braços, como estou sentada na cabeceira da cama, ele faz com que eu
me incline para frente, puxa meus braços para trás e prende meus pulsos em uma algema de
couro com pelúcias que tocam minha pele de forma deliciosa.
A suavidade retorna quando puxa minhas pernas e fico deitada de barriga para cima, Dom
Santino fica sobre mim e começa a beijar meu corpo, dá uma atenção aos meus mamilos
entumecidos os chupando e mordiscando. Gemo de prazer, meus quadris se elevam, meu centro
de nervos pulsa e quase chego ao orgasmo. Seus lábios descem por minha barriga e ao chegar a
minha boceta, passa seu nariz e inspira meu aroma, passa a língua por cima do tecido e em
seguida o afasta e começa a devorá-la. Lambe minha boceta como um animal, sua língua é
deliciosa passando por toda minha excitação, quando sobe até meu clitóris o estimulando, gemo
com vontade, não suporto e gozo em sua boca.
Ele se levanta e tira a camisa social branca, botão por botão e exibe aquele corpo sensual.
Quando começa a abrir as calças meus olhos descem e vejo seu pau grande, grosso e duro surgir
em minha frente. Como se ele me chamasse, meus quadris se elevam, ele coloca a camisinha,
mas antes de o sentir, prende meus tornozelos com o mesmo tipo de algema que meus pulsos,
coloca-me de bruços e com a bunda empinada, sem demora ou cerimônia começa a me violar
com gosto. Não demora para o sentir gozar, o que me deixa um pouco frustrada, em minha mente
surge a possibilidade por ele ter esperada por semanas para se aliviar e mesmo assim um
desconforto se instala em meu peito. Sem dar explicações ele sai de cima de mim e com o canto
do olho o vejo indo até a cozinha, deixando-me amarrada e exposta. Esses poucos minutos foram
o suficiente para que minha mente trabalhasse, o desconforto e a frustação começam a crescer
dentro de mim.
Tento me movimentar na cama para poder levantar e tentar me soltar. Queria ser usada
como um objeto, mas não dessa forma, isso não é nada do que eu tinha imaginado. Ser amarrada
e simplesmente ser fodida? Não, tem algo de errado aqui. Assim que consigo ficar de joelhos
sinto um puxão nas algemas que causa uma dor em meus pulsos e em seguida ouço sua voz ao pé
do meu ouvido.
— Não, não, não, ainda não terminamos nossa brincadeira. A noite apenas começou.
Meu corpo tensiona, minha respiração acelera e sinto que realmente há algo de errado.
Tento manter a calma e peço se posso me sentar por um momento, prontamente ele me ajuda, ao
ficarmos frente a frente o observo bebendo a água em pé ao lado da cama. Tento repassar tudo
que estudei e tudo que conversei com Sebastian, há muitas inconsistências e resolvo o questionar
com o mais básico.
— Qual é nossa palavra de segurança?
— Não temos palavra de segurança, você só precisa me obedecer e fazer o que eu mando.
Um alerta soa em minha mente, estou com um enorme problema e sem saber como reagir
sinto vontade de chorar, mas me contenho, o que começou delicioso e parecia a realização de um
desejo se torna um pesadelo. Como se ele lesse meus pensamentos ao tentar sair da cama sou
imobilizada, por estar meio de lado, ele segura as algemas e puxa meus braços para cima
causando uma dor excruciante e um grito sai de minha garganta, sua voz que antes parecia
deliciosa se torna repugnante ao soar ao pé do meu ouvido.
— Shhh.. Prometo que serei carinhoso. Vou cuidar você.
Junto toda minha força restante e o chuto, ao soltar minhas mãos rolo da cama para o chão
do lado oposto que ele está. Arrasto-me até a parede enquanto ele dá a volta na cama e para na
minha frente.
— O que você está fazendo? — sua voz transmite raiva.
— Saia de perto de mim, senão eu grito e todos do prédio vão ouvir.
— Acho melhor não fazer isso, só estamos realizando nossos desejos mais íntimos, não foi
você que me escolheu? Não era exatamente isso que você queria?
— Não era isso que eu queria, você não é um dominador, você é um agressor e se não me
deixar ir, juro que vou gritar até alguém chegar aqui!
Ele é rápido e me puxa do chão, me debato, mas é em vão, sou jogada na cama e
encurralada quando deita sobre mim, impedindo-me de qualquer movimento, um pânico começa
a tomar conta do meu corpo, minha respiração fica descompassada e sinto que posso desmaiar a
qualquer momento, sua voz e seu olhar me mantém no lugar assim que começa a pronunciar suas
próximas palavras.
— Você é minha, você me pertence e aceitou que fosse assim, para de agir como se não
quisesse isso! — sua mão segura meu pescoço firme.
— Eu queria viver algo profundo e verdadeiro, não queria ser usada como objeto para
saciar suas fantasias doentias, ordeno que me deixe ir!
— Você não manda nada aqui, apenas me obedeça e fique quieta!
Preciso reunir até as forças que não tenho e sair daqui antes que algo muito pior aconteça.
Consigo me debater, minha mente me questiona senão estou exagerando já que a noite começou
tão bem.
— Por favor, me solte. — digo firme e ele sorri.
— Só estávamos brincando, meu anjo. — ele sai de cima de mim e começa a me libertar.
— As coisas funcionam dessa forma, comece suave e termine bruto, do contrário não tem graça.
Ele retira as algemas, acaricio meus pulsos e levanto da cama, vou até a sala e começo a
me vestir, Santino vem atrás e fica encostado no batente da porta me observando.
— Menina, se você não pode obedecer, deveria desistir dessa vida. Você não serve pra ser
uma submissa!
Aquela frase, aquela maldita frase, escutei isso de todo falso praticante que tive contato e
então confirmo que ele era só mais um deles, mas com muito mais experiência em enganar e
manipular, bem como meu mentor me alertou. Fui envolvida por sua névoa de sedução e
caricias, sua fala mansa e cordial foi a chave para confundir-me. O medo e a insegurança se
tornaram ódio e desprezo, não consigo mais me segurar.
— Você não passa de lixo em uma embalagem bonita, não tem a menor capacidade de
conduzir e guiar uma submissa de verdade, só consegue enganar pessoas ingênuas, iniciantes e
desinformadas. VOCÊ É APENAS ESCÓRIA! NUNCA SERÁ UM DOMINADOR!
Ele avança em minha direção e segura meu braço esquerdo com força.
— Vou te mostrar o que é ser um dominador de verdade. Você é minha!
Usando toda a minha força e canalizando o ódio que estou sentindo, cerro meu punho
direito e defiro um cruzado direto bem no meio da cara dele quebrando seu nariz e fazendo-o me
largar ao cair no chão.
— Eu não sou sua!
Obrigada pai pelas lições de auto defesa. Sentindo-me muito satisfeita em ver aquele lixo
no chão, se contorcendo de dor e não de uma forma boa, junto as minhas coisas e vou embora,
mas antes de sair o escuto gritando.
— Você é minha, você pertence a mim e a mais ninguém.
Abro a porta e antes de sair dou uma última olhada para ele e seu estado deplorável.
— Eu nunca serei sua. A única lembrança que terá de mim, será esse nariz torto.
Vou embora sem olhar para trás e assim que chego em casa ainda com a adrenalina do ódio
pulsando em minhas veias, troco meu número de celular e as minhas redes sociais de praticante
de BDSM. Por sorte nunca troquei informações de endereço ou perfis pessoais, então, ele não
conseguirá me encontrar novamente. Sento na minha cama de solteiro e sinto a adrenalina sair do
meu corpo, o pânico começa a tomar conta e minhas mãos tremem, me sinto uma idiota por ter
caído no papo dele. Sebastian é o único que posso compartilhar o que aconteceu, envio uma
mensagem com meu perfil novo e converso sobre o que aconteceu. Sou consolada por meu
mentor, que me diz doces palavras, pede para que não me culpe, pois eu não tinha culpa de nada.
Sebastian é muito atencioso, fala que infelizmente eu não fui a única e muito menos serei a
última a cair nas garras de um cara como ele, por isso os praticantes de BDSM sérios procuram
aconselhar os iniciantes a tomarem um fôlego, estudar e buscar com paciência, o anseio de
buscar por alguém que irá realizar nossos desejos mais profundos pode nos cegar, que foi
exatamente o que aconteceu comigo. Ele me disse que ninguém está isento de se perder em uma
relação BDSM séria também, ouviu a história de uma submissa que se entregou com muita força
a sua primeira relação, mas confundiu um pouco as coisas, não estava cem por cento claro em
sua mente como funcionava as questões e por isso a relação não deu certo, depois do término
mesmo não estando cem por cento sã para uma nova relação, ela se afogou novamente em outra
Ds, mas felizmente colocou a cabeça no lugar e hoje vive muito bem sua vida.
Essa história me deu forças para continuar, porém com muito mais cautela, meu mentor
disse para que eu continuasse estudando, conversando com ele e que um dia eu irei me sentir
pronta para tentar novamente, até mesmo me convidou para passar uns dias com ele em sua casa,
mas Porto Alegre é longe, mesmo para um logo ali de mineiro. Agradeci e disse que irei pensar,
por enquanto eu pretendo ficar por aqui, manter minha mente na faculdade e nos estudos sobre o
estilo de vida que me encantou e conquistou. Despedi-me dele e fui tomar um banho, esfreguei
minha pele tentando me livrar do aroma daquele homem horrível que ainda sentia em mim.
Não sei quanto tempo fiquei no chuveiro, só sai dele quando senti o cheiro de lírio-do-vale
impregnado na minha pele. Enrolei uma toalha no meu corpo e peguei outra para secar meus
cabelos, sentei-me na cama e enquanto os secava, liberei as lágrimas que tinha segurado desde
que sai de lá, flashes do que aconteceu surgiam em minha mente, nunca irei esquecer a sua voz e
tão pouco o poder de seu olhar, ele era sombrio e tomado pela ira. Fico em posição fetal e choro
baixinho, tenho medo de fechar os olhos e apenas ver seu rosto, mas o cansaço toma todo o meu
ser e quando percebo já é manhã.
CAPÍTULO 4 – KLAUS
A MÁSCARA DA LEALDADE
Encontrei com Foxy ao cair da noite na entrada do bar, um local agradável que oferece
diversos ambientes, a seleção de músicas é de acordo com o local e tem áreas aconchegantes para
beber e conversar, mantendo uma trilha de fundo para não atrapalhar. Há uma pista de dança que
está cheia e muitas mulheres tentam chamar a atenção de suas presas. Decidimos ir direto para o
bar nesse primeiro momento.
— Foxy você está deslumbrante essa noite!
A olho de baixo pra cima, um short jeans curto que mal cobre sua bunda deliciosa e um top
preto com uma jaqueta vinho que ressalta bastante suas curvas e seu seios, um a bela escolha a
deixando realmente muito bonita e sexy.
— Obrigado Dom Klaus, o senhor também está um espetáculo, adoro esse estilo social
esportivo. É muito sexy!
Nossa conversa é descontraída e ela me conta sobre sua iniciação como praticante e suas
experiências com outros Tops, também compartilhou sua vivência por um breve momento como
uma Domme, mas não a agradou, não se sentiu confortável dando ordens e foi quando confirmou
que sua natureza era puramente submissa no BDSM. A convido para dançarmos e ela aceita na
hora, assim que seus pés tocaram a pista ela se envolve com a música, a observo e seu lado
sensual se liberta a cada batida da música. Seu corpo se movimenta de uma forma que faz meu
sangue ferver, o tesão penetra em minhas veias, afim de acalmar-me, colo nossos corpos e ela se
esfrega em mim sem pudor.
Foxy percorre a mão pelo meu corpo acariciando, sinto sua mão apalpar meu membro por
cima da calça que está extremamente ereto, ela se vira e fica na ponta dos pés para chegar ao
meu ouvido e sussurrar.
— Vamos sair daqui e ir para um lugar mais reservado, Meu Dom?
— Claro.

Saímos do bar e vamos para um motel que fica no centro, um dos mais luxuosos da cidade,
afinal não me contento com menos do que mereço. O quarto que alugo é um dos principais e
mais caros, as cores douradas e vermelho dão ênfase ao espaço. Sem demora jogo a garota na
cama e tiro suas roupas, a calcinha de renda roxa minúscula decido deixar, os seios estão
expostos pela ausência do uso do sutiã, ela me olha maliciosamente. Acaricio seu corpo enquanto
ela faz o mesmo com o meu por cima da minha roupa. Me afasto e fico ajoelhado sobre ela, suas
mãos acariciam minhas coxas enquanto desabotoo minha camisa, seu olhar sobre cai em minhas
tatuagens, um detalhe que agradava a maioria das mulheres que passava por minha cama.
Começo a provocar seus pequenos e avermelhados mamilos com a minha língua fazendo
movimentos circulares os sentindo ficar mais entumecidos, ao mesmo tempo conseguia perceber
suas mãos entrando em meus cabelos e massageando minha cabeça fazendo provocá-la ainda
mais, seus gemidos contidos entre os lábios são deliciosos, escorrego minha mão pelo seu
abdômen descendo até sua boceta, sua calcinha entrega seu tesão, está encharcada. A provoco
por cima da lingerie de renda e sinto o calor do seu corpo, a cada toque ele fica mais quente, se
contorce e me agarra com força até que ouço um sussurro trêmulo cheio de excitação.
— Eu voouuu gozaaaar. — a sinto se contrair e apertar minha mão entre suas pernas
explodindo em excitação com força, me deito sobre ela e sussurro em seu ouvido.
— Você gozou somente com o meu toque?
— O senhor é muito gostoso Dom Klaus.
— Agora vou brincar com seu corpo usando minha lâmina.
— Estou com medo, nunca fiz essa prática antes. — acaricio seu rosto e deposito um beijo
em seus lábios.
— Não precisa ter medo, pequena, se você se sentir desconfortável ou com dor, é só dizer
nossa palavra de segurança, lembra qual é?
— Prata, Meu Senhor.
— Exatamente. Posso começar?
— Sim Senhor, me entrego em suas habilidosas mãos.
Coloco Foxy sentada na cama e ajoelho atrás dela, pego uma pequena lâmina que fica
presa na fivela do meu cinto e começo a fazer pequenos cortes superficiais em seu ombro, o
sangue escorre pelas suas costas e braço, escuto Foxy chiar de dor quando a lâmina corta sua
pele, lambo a pequena ferida e ao sentir minha língua seu gemido muda para puro prazer, depois
de algumas escarificações ela se vira para mim.
— Dom Klaus, o senhor está lambendo meu sangue?
— Sim, mas só para não deixar o machucado aberto, é como chupar o dedo depois de se
cortar com a faca. — dou mais uma lambida em um dos cortes e ouço um gemido longo e
delicioso. — Não está gostando?
— Não é isso, pelo contrário, primeiro pensei ser nojent...aaaaiiii — enquanto ela fala faço
mais um corte em suas costas e novamente lambo o sangue da ferida. — hummm... mas quando
o senhor passa a língua é delicioso e muito prazeroso então...
— Então?
— Por favor, não pare.
Continuo fazendo mais cortes e lambendo o sangue, a cada nova escarificação enfio a
lâmina mais fundo, os chiados se tornaram gritos e os gemidos aumentam ecoando por todo o
quarto. Não consigo mais conter a minha excitação, meu pau dentro doí de tão duro e sedento.
Coloco Foxy ajoelhada na cama e noto que o colchão está ensopado com sua excitação, a
pequena raposa começa a rebolar sua bunda maravilhosa como havia feito na boate, busca por
minha virilha para esfregar-se enquanto abaixo a calça junto com a cueca e repouso meu membro
sobre sua bunda. O rebolado continua sem pudor e meu pau é envolvido por um movimento
delicioso me deixando ainda mais excitado.
Ela vira para trás seduzindo-me com seu olhar safado, a visão do meu membro no meio de
sua bunda é o meu limite, afasto sua calcinha de renda e penetro sua boceta quente e que escorre
de puro tesão, ouço um gemido alto e delicioso, começo a estocar mais rápido e a devoro, ela se
joga para trás colando suas costas ao meu peito e passa a mão por trás da minha cabeça, segura
minha nuca e leva minha boca até seu pescoço, o qual mordisco sem cravar minhas presas, gosto
de provocá-la e por isso levo minha mão até sua boceta e acaricio seu monte de nervos enquanto
fodo sua boceta suculenta com força.
Foxy se contorce novamente enquanto puxa meus cabelos e aperta meu pau com força,
sinto que está prestes a gozar, mordo seu pescoço com vontade, cravo minhas presas e dou um
chupão delicioso, nesse momento ela solta um grito rouco misturando dor e um prazer enorme, a
sinto gozando no meu membro e não aguento, explodo com força. Foxy cai mole no colchão e
vai se aconchegando, com os olhos pequenos e bem sonolenta com uma cara de satisfação, olha
para mim que continuo ajoelhado na cama. Vejo um pouco de sangue escorrendo do seu pescoço
e lentamente me debruço sobre ela e passo a língua por ele até a ferida ao som de sua última
lamúria de prazer. Deito ao seu lado e acaricio seus cabelos vendo um leve sorriso em seu rosto:
— Dom Klaus, o senhor foi delicioso.
— Que bom que gostou linda raposinha.
— Eu nem consigo me mexer, o senhor foi bem intenso e adorei o que fez.
— Fico lisonjeado com suas palavras, agora descanse.
— Uhumm! Obrigada, Meu Senhor.
— Disponha, delicia.
Deixo Foxy descansar, mas não fico com ela, retorno para a casa da minha família, afinal,
apesar dela ser uma delícia não tinha o sabor que eu procurava para minha nova submissa. O
breve momento que tive com a Foxy ajudou-me a distrair da investigação dos arautos do
Monarca, mas agora minha mente retorna aos últimos eventos e não consigo falar com Saulo,
ninguém da família tem notícia dele e estão me impedindo de falar com nosso líder. Uma
situação estranha e que me deixa preocupado.

Depois de uma semana de investigação eu e Samuel fomos chamados até a casa do


Monarca para sabermos qual era a decisão sobre o caso. Minha maior preocupação era não ter
conseguido falar com Saulo durante toda a investigação, algo não cheirava bem, um mal
pressentimento sobre o caso me tomou. Ao chegarmos à casa do Monarca fomos separados e
disseram que uma audiência seria feita para apurar os fatos e decidir quem estava com a razão
sobre o ocorrido, perguntei sobre Saulo e disseram que ele estava ajudando nas investigações.
Espero ansioso e finalmente um soldado me leva até o Monarca, adentro na sala e o vejo
sentado em um trono ao fundo e seus dois arautos ao seu lado, sentados em cadeiras, em um dos
lados da sala os integrantes da família Ritter que invadiram a nossa casa e do outro lado nosso
líder junto a Saulo. Quando me aproximo consigo ver Samuel ajoelhado no chão de cabeça
baixa, foi rendido por dois soldados da família do Monarca o que me dá a certeza que nosso
plano deu errado. Com um sinal do Monarca me aproximo, assumo minha posição e o silencia
toma conta do lugar, a quietude e a tensão no ar são sufocantes, diria até mesmo palpável. O
silencia é interrompido pelo pronunciamento de um dos arautos.
— Todos sabem o motivo de estarmos aqui. O acusado Samuel de uma família sem nome
está sendo julgado por expor o véu.
Olho para Saulo imediatamente, mas seu olhar se mantém baixo e sem expressão, Samuel
olha fixo para o chão, derrotado e inconsolado com os rumos que nossa história está tomando.
— Chamo afrente o membro da família Ritter que fez a abordagem. — diz o arauto.
Um dos homens que invadiram nossa casa se aproxima.
— Fomos alertados que o acusado tinha exposto o véu e estava em fuga, então,
começamos a caça de sangue para puni-lo. Uma das testemunhas foi encontrada morta nas
proximidades, mas a segunda foi encontrada com vida e capturada confirmando ter visto o
acusado, por sorte ela era a familiar de alguém e cooperou conosco.
Um familiar? Como isso é possível? Olho novamente para o Saulo e entendo tudo, em seu
rosto um pequeno e discreto sorriso de vitória. Desgraçado! Me traiu! Ele não queria me ajudar
a ascender ao poder, ele sempre quis estar no poder. O arauto volta a se pronunciar.
— A familiar em questão já foi interrogada e confirmou a história, também identificou o
acusado. As investigações que se decorreram mostraram que tudo foi um plano para incitar uma
insurreição e tomar o poder da família, por sorte não fomos expostos e por isso o crime será
considerado leve.
O Monarca levanta a mão e cochicha algo no ouvido do arauto que em seguida volta a
falar.
— A punição do líder da família sem nome será ser destituído de seu posto. O crime do
homem apontado como mandante do plano será o exílio e receberá a marca de exilado e por
último, o acusado será executado imediatamente.
Ao ouvir a sentença olho para o Samuel e o vejo ser arrastado até uma porta logo atrás dos
guardas que o rendiam.
— NÃÃÃÃÃOOOOOO! — grito em fúria e sou segurado por outros soldados. O arauto
continua.
— O dono do familiar que foi testemunha do ocorrido poderia se manifestar e dizer quem
foi o mandante do ocorrido? — escuto a voz de Saulo falar em alto e bom som.
— Klaus foi identificado como o verdadeiro responsável pelo ocorrido.
Olho para ele e sou consumido pela raiva, não ouço nada além de um zumbido agudo em
meus ouvidos, vi o arauto falar alguma coisa e sou arrastado para fora do salão até uma sala
lateral que estava toda coberta por símbolos ritualísticos. Sou amarrado em uma mesa de madeira
que fica ao centro da sala e minha camisa é arrancada, um dos arautos entra com um marcador de
ferro em brasa e o pressiona contra o lado esquerdo do meu peito.
A dor é lacerante e ardente, meus gritos estridentes ecoam por toda a sala a ponto de um
dos soldados tapar os ouvidos pelo incomodo. O pior de tudo era o cheiro da minha carne
queimando e quando o arauto se deu por satisfeito pela marcação sou levado para fora da casa,
mas não antes de receber o recado de que não poderia ficar mais na cidade, assim me tornando
mais uma vez um andarilho sem lar e sem família, um ser vagando a esmo esperando
encontrando seu lugar.
Traído e sem rumo decido me vingar de cada pessoa que estava naquele salão, todos teriam
seu fim da maneira mais dolorosa possível, vão se arrepender de terem me marcado e
sentenciado Samuel a morte. Decido ficar na cidade em uma região longe dos territórios das
famílias, sem recursos e precisando de um tempo para me recuperar antes de sair da cidade era o
melhor a se fazer. Em alguns dias, assumo o controle de um pequeno pub em uma região
afastada do centro da cidade e o batizo de Sweet Demon. Com uma temática underground com
dois ambientes, onde o primeiro é um bar tradicional comum, com longo balcão de madeira e
mesas espalhadas pelo salão, o segundo tem uma decoração de masmorra com acessórios e
mobilhas para ambientar todo o clima, sentia-me em casa.
Início minha caçada por uma submissa e por esse caminho vou colecionando partners e
aperfeiçoando minha forma de arte para quando encontrar a minha escolhida poder aproveitar
cada momento como algo sublime. Crio contatos no submundo através de alguns trabalhos, me
apodero do comércio local de drogas e elimino toda minha concorrência, em pouco tempo as
ruas fora dos domínios do Monarca me pertencem e ampliam minha influência para captar
recursos para minha vingança. Nunca mais vou cometer o erro de deixar outros se aproximarem
demais de mim, já que aquele em quem mais confiei, apunhalou-me pelas costas e essa traição
não será esquecida.
CAPÍTULO 5 – CHRISTABEL
A LIBERTAÇÃO DAS MINHAS AMARRAS
Os dias foram arrastados e tensos, as lembranças daquela noite horrível ainda permeavam
meus pensamentos quando eu menos esperava, sem contar a constante sensação de estar sendo
perseguida, pensei diversas vezes que Santino descobriu onde eu morava e estudava, comentei
com Sebastian sobre essas suposições e ele disse que logo eu estaria de férias e poderia o visitar,
ficar longe de todo o estresse que o redflag me causou, além das minhas demandas de aula e
trabalho. Meu mentor tinha o dom de me deixar calma e colocar os pensamentos no lugar, mas
ele não conseguia afastar os pesadelos que eu continuava tendo, apesar de terem se tornado
menos frequentes, enquanto Fernanda não deixou passar despercebido minhas olheiras um dia na
faculdade.
— Nossa, Chris, parece que não dorme a dias, você está bem? — pergunta preocupada.
— Só não tenho dormido muito bem.
— Já pensou em tomar alguma medicação?
— Não gosto muito. Acredito que elas não farão meus pesadelos sumirem. — dou um
sorriso fraco para minha colega que aos poucos tem se mostrado uma boa amiga.
— Você acredita em energias? — franzo o cenho por sua pergunta. — Tenho uma irmã
que gosta muito de coisas ligada a sonhos, energias, bruxas, não sei te explicar muito bem, mas,
ela me presentou com um filtro dos sonhos, desde que o ganhei tive noite muito mais tranquilas.
— Sério? — já tinha ouvido falar do filtro dos sonhos, mas nunca pensei em ter.
— Vou te presentar com um. — fico surpresa com seu gesto. — Te ajudará a ter noites
mais tranquilas.
No dia seguinte em minhas mãos um lindo filtro dos sonhos todo preto com algumas penas
em tons de azul e rosa. Com os dias minhas noites ficaram mais tranquilas, não totalmente livre
dos pesadelos, mas o suficiente para perceber que pouco mais de dois meses se passaram e
estava de férias da faculdade e pronta para ir a Porto Alegre, comprei as passagens com
antecedência para garantir um bom desconto, fiz uma conexão em São Paulo, a viagem foi
tranquila e agradável, ao chegar no Aeroporto Salgado Filho sou recebida pelo meu amigo com
um sorriso radiante. Só o tinha visto através das fotos que trocamos, mas o ver presencialmente a
sensação era outra, Sebastian é um homem de estatura mediana com cabelos castanhos
avermelhados até o ombro, tem um corpo esguio e um rosto lindo com olhos verdes. Assim que
me vê se aproxima e me deu um abraço aconchegante e caloroso, se afasta e olha direto nos
meus olhos e ouço sua voz aveludada e macia.
— Estou feliz em te conhecer pessoalmente Chris, parece até que te conheço a minha vida
toda.
Inacreditavelmente a presença dele era ao mesmo tempo imponente e reconfortante, senti-
me bem em sua companhia, era como se fôssemos amigos de infância.
— Digo o mesmo.
— Bom, deixemos a conversa para quando chegar em casa, você deve estar louca para
descansar.
— Sim e também tô com fome. — dou um riso tímido e sem graça.
— Ótimo, tem um belo lanche te esperando.
Pedimos um carro por aplicativo e vamos para a casa de Sebastian, durante o caminho ele
me fala dos planos para minhas férias, mesmo com o clima frio do inverno gaúcho, quer me
levar a praia, também iremos a festas, pontos turísticos e vários outros eventos durante minha
estadia, disse que vou aproveitar tanto que não vou querer voltar para casa e sim desejar morar
com ele, fico empolgada. Rio de tudo que ele diz com tanto entusiasmo, sinto-me longe de tudo
que passei nos últimos meses e pronta para me divertir. Chegando em sua casa deixo minhas
coisas no quarto de hóspedes, mas não tiro nada da mala e o sigo até a cozinha onde me
surpreendo com um pequeno banquete.
Sebastian havia preparado um apetitoso sanduiche, suco e também um doce típico do Sul,
cuca. Não faço cerimônia alguma por estar com fome e devoro tudo mesmo, que a primeira vista
parecia ser muita coisa, a comida está realmente muito saborosa e minha fome maior do que
tinha imaginado. Depois de comer vamos para a sala conversar mais um pouco, apesar do
cansaço por te acordado as cinco da manhã para chegar aqui as duas da tarde, quero poder falar
mais com meu amigo.
— Como foi o fim do semestre, minha querida Chris?
— Nossa foi uma loucura desenfreada. — dou um suspiro de cansaço. — Tivemos uma
enxurrada de trabalhos e criação de roteiro. Próximo semestre terei algumas disciplinas mais
interessantes e quero iniciar um projeto pessoal.
— E pode me dizer que projeto é?
— Tive uma ideia que pode se tornar meu trabalho de conclusão de curso e quero iniciar
agora.
— Interessante, fale mais.
— O TCC você pode fazer em grupo ou individual, vou optar pela segunda opção devido a
minha ideia ser um tanto fora da caixa. Basicamente irei roteirizar e dirigir um média-metragem,
já que um longo seria trabalhoso demais sozinha, afinal, ainda tenho todos os outros processos de
seleção de elenco, filmagem, edição...
— Isso parece complicado e muito trabalhoso.
— É sim, iremos receber uma bolsa para usar como fundo e conseguir tudo, mas nunca é
suficiente para cobrir todos os gastos.
— Bom se precisar de um ator bem meia boca, mas bastante fotogênico eu me candidato.
— sua gargalhada é contagiante e o acompanho. — Não sou bom ator, mas fico ótimo na
câmera.
— Pode deixar que vou ter isso em mente. — rimos muito juntos e continuamos
conversando por horas.
Depois de um tempo Sebastian me olha com um semblante sério, é o suficiente pra saber
que vamos ter a conversa que no fundo queria evitar, mas sei que não teria como escapar dessa
situação, até mesmo por ele ser meu mentor.
— Chris preciso conversar com você sobre o que aconteceu e sobre como você pretende
seguir.
— Certo. — respiro fundo para criar coragem. — Como você sabe, encontrei essa pessoa
que parecia estar conectada comigo, senti que podíamos ter algo, realmente algo verdadeiro, mas
eu fui ingênua, cega e hoje percebo que ele aceitou rápido demais a minha impaciência e ânsia
em fechar a negociação, a ponto de não perceber que muitos detalhes não tinham sido discutidos,
como o mais básico que era a palavra de segurança.
— Não fale isso, entenda uma coisa, nada e eu reforço, absolutamente nada do que
aconteceu foi culpa sua, está me entendendo? Ele é um criminoso que usa dos nossos conceitos
para enganar e conseguir o que quer. — meus olhos se enchem de água ao ouvir as suas palavras.
— E o que você decidiu? Vai continuar no BDSM ou voltar a vida baunilha?
— Sinceramente eu não sei, não me sinto confortável em tentar encontrar outro Top, mas
ao mesmo tempo não quero desistir porque me senti realizada e empolgada durante meus
estudos, só que quando penso em práticas vejo a imagem dele na minha frente e me sinto
enojada. — por uns instantes Sebastian fica em silêncio e então abre um sorriso terno.
— Eu tive uma ideia, quanto tempo você vai ficar de férias?
— Terei um mês.
— Vou te fazer uma proposta, sei que se planejou para ficar apenas dez dias, mas que tal
ficar até o fim do mês? Assim posso te mostrar a confraria e você pode ver como é o verdadeiro
BDSM.
— Aí Sebastian, eu não sei se posso, tem minha família e eu não vim preparada para ficar
tanto tempo.
— Olha minha linda, não vou te obrigar a nada, se você não quiser ficar não vou insistir,
mas em questão de lugar pra ficar não precisa se preocupar. Você pode lavar suas roupas e se
precisar de alguma coisa que não tem com você pode deixar que eu providencio.
— Deixa eu pensar, passar os primeiros dias para eu me programar e falar com a minha
família.
— Tudo bem minha querida, tome seu tempo e me fale o que decidir.
Aceno com a cabeça em afirmação e continuamos conversando por um tempo, depois vou
para o quarto ajeitar minhas coisas e trocar minha roupa para algo mais confortável. O primeiro
dia foi para descansar e planejar toda a estadia, fico feliz que Sebastian estava sendo muito
educado e me tratando com muito zelo, ficamos falando sobre cinema, festas, contando casos
que aconteceram conosco e descobrindo interesses em comum, tudo isso foi aprofundando nossa
amizade de uma forma tão natural que conversamos até altas horas da madrugada e senti uma
forte conexão com ele. Ao fim da conversa já passava de três da manhã e decidimos ir dormir, já
que de acordo com ele o dia ia ser cheio.

Acordo e ao olhar para o celular percebo que é tarde, além de ter tido uma noite de sono
livre de pesadelos, o cansaço da viagem e o conforto que recebi de Sebastian devem ter sido os
contribuintes dessa bela noite de sono. Troco de roupa, passo no banheiro para lavar o rosto e
tenho o primeiro choque do inverno do Sul, a água gelada quase congela minhas mãos, porém é
efetiva para mandar o resquício de sono embora. Ao chegar à cozinha, Sebastian prepara o
almoço e o cheiro invade minhas narinas, um aroma absurdamente delicioso, não tinha dúvidas
que ele iria exibir seus dotes culinários que na noite anterior fez questão de mencionar mais de
uma vez, que era um excelente cozinheiro.
Durante o almoço decidimos o que vamos fazer, a praia eu recusei devido ao tempo frio,
durante nossa conversa até parecia boa ideia, nessa manhã, não mais. Optamos por passear pela
Orla do Guaíba, visitar a Usina do Gasômetro e mais alguns pontos turísticos. O fato de
Sebastian ser um designer gráfico que trabalhava em home office facilitou muito nossos passeios,
além dele ter adiantado muitas de suas demandas para passar o máximo de tempo comigo.
Depois de um dia maravilhoso retornamos para casa, meu amigo atacou novamente com seus
dotes culinários e preparou uma macarronada. O dia estava sendo muito bom, divertido e eu
estava cada vez mais leve das minhas preocupações, medos e receios pareciam ter sido levados
para longe pelo vento.
— E aí, o que achou do nosso dia?
— Maravilhoso, muito obrigada por tudo, me sinto a cada minuto renovada, Sebas.
— Fico muito feliz em saber. — sua expressão era de satisfação.
— Você pode me falar mais sobre a confraria? — desde seu convite estava louca para
perguntar.
— Posso sim. É um lugar que é preciso ser sócio ou convidado por um para ter acesso a
ele. O proprietário tenta mantê-lo o mais seguro possível para os frequentadores, você pode fazer
sessões públicas ou particulares.
— Públicas?
— Sim, muitos casais ou playparterns gostam de fazer sessões públicas por conta da
excitação do exibicionismo. Além de ser uma ótima oportunidade para iniciantes e curiosos
observarem as práticas.
Fico ainda mais tentada em aceitar o convite e ficar até o fim do mês para conhecer mais
esse mundo que agora se tornou muito intrigante e curioso para mim. Com isso, sinto segurança
em perguntar como suas sessões funcionam.
— E como switcher, como são as suas sessões?
— Depende muito, minha linda, após uma conversa com a pessoa, sinto qual dos meus
lados quer estar com essa pessoa.
— Você é bi?
— Pansexual. — sou surpreendida pela complexidade que é meu mentor e fico animada
por ele poder me ensinar tantas coisas. — Faço muitas sessões públicas, são através delas que
surgem os novos plays e eu gosto de manter os mesmos contatos por um período por questões de
segurança.
— Você pode me contar uma de suas sessões? — pergunto esperançosa.
— Me submetendo ou dominando?
— Adoraria ouvir uma de cada. — dou uma risada baixa e temerosa.
— Contarei uma de me submetendo a uma antiga amiga e a de dominação ficará para outra
oportunidade.
— Tudo bem.
— Lembro como se fosse ontem.

“Depois que fizemos nossa negociação como partner de Kamila combinamos uma sessão
particular na playroom dela, no dia marcado estava com um estilo social esporte bem despojado
por exigência dela, quando entrei em sua casa era um apartamento no décimo andar e muito
lindo com uma cozinha em conceito aberto junto a sala, um corredor paralelo que tinha um
banheiro no meio e um quarto em cada extremidade, a direita era o quarto da Kamila e a
esquerda era sua playroom. Ela me recebeu usando um modelo em látex que embalava todo o
seu corpo, menos a cabeça, me chamou para entrar e tomar um vinho que estava na ilha da
cozinha, durante o drink repassamos alguns termos do nosso contrato, assim como nossa
safeword que era magnésio, depois de bebermos metade da garrafa fomos para seu quarto
vermelho, um lugar lindo apesar de simples, tinha um espelho na parede, uma cruz de Santo
André, uma cama redonda no canto do quarto e uma estante com porta de vidro cheia de
acessórios, algo que me deixou arrepiado foi que ela tinha uma assistente virtual com comando
de voz e quando falou “quarto vermelho” as luzes ficaram com um tom escarlate fraco deixando
o ambiente bem sedutor e uma música muito sensual começou a tocar, minha pele arrepiou e
fiquei extremamente excitado.
Kamila arrancou a minha roupa deixando-me nu e me fez vestir um harness de corpo
inteiro, depois levou-me até a cruz e me prendeu com o rosto virado para a parede. Ela começou
a sessão colocando uma venda em meus olhos, depois senti um liquido quente escorrendo pelas
minhas costas queimando de leve minha pele, o que me fez lembrar de suas demonstrações de
waxplay e me fazer pensar que eu tinha sorte de poder sentir isso pessoalmente, logo após senti
ela massagear meu corpo com a cera derretida que se tornou um óleo de massagem e seu toque
era divino me deixando louco, sua forma de dominar causando dor e depois prazer era algo que
gerava sensações indescritíveis com palavras, ela sabia que tipo de dor causar e qual estimulo
intensificava o prazer, ficamos com essa dinâmica por algum tempo e depois ela me deu um
spanking com uma chibata e depois de marcar totalmente minhas costas, ela usou as mãos
envolta naquela roupa de látex e me masturbou até eu gozar “

— Confesso que foi uma sessão deliciosa que nunca vou esquecer.
Fiquei extremamente excitada com a história que tinha acabado de escutar, tenho uma
imaginação muito fértil e construir a imagem de cada momento como se fosse um filme na
minha mente, o clima, a excitação, a sensualidade, tudo era extremamente estimulante de uma
forma que não consegui conceber lendo livros e contos, e nitidamente foi completamente
diferente do que experimentei, então minha ficha caiu. Não podia levar a minha experiência com
Santino como uma sessão de BDSM, porque ela não foi. Usá-la como medida para as futuras
seria um grande erro, afinal, eu tinha sido abusada e foi quando um pequeno detalhe na história
de Sebastian me fez o questionar.
— Me explica uma coisa Sebastian. Vocês não fizeram sexo?
— Entenda uma coisa minha pequena pupila, uma sessão de BDSM nem sempre envolve
sexo, na maioria das vezes é sobre as sensações e aprofundar a conexão entre o Top e sua bottom.
Nosso objetivo é o prazer erótico e não o sexo.
Os pontos se ligaram e a confirmação que eu já tinha apenas se tornou mais forte, a chama
que estava fraca dentro de mim se acendeu novamente e com mais força. Estava em frente a um
verdadeiro praticante de BDSM e ele cuidaria de mim, além de que eu poderia aprender em um
lugar seguro, onde eu expandiria meus conhecimentos, melhorar meus filtros para não passar
pela mesma situação que vivi. Depois dessa conversa decidi ficar até o fim do mês e isso deixou
meu amigo radiante e eufórico, disse a ele que gostaria de conhecer a confraria e qualquer outro
lugar que ele conhecesse que fosse ligado ao mundo BDSM, eu estava curiosa e precisava ver
com meus olhos todo esse êxtase.
Finalizamos nossa conversa e fui para o quarto, mas estava muito empolgada e ansiosa
com a cabeça cheia de questionamentos e expectativas, repasso na minha cabeça tudo que
aprendi hoje, cada detalhe, cada pequena coisa que despertou meu interesse e então comecei a
lembrar da história que que ouvi.” Maldita imaginação fértil!”. Comecei a ficar muito excitada e
senti que estava ficando molhada. Não consigo me conter e recrio as imagens na minha cabeça
como se fosse um filme e me estimulo ao mesmo tempo, a excitação vai crescendo e o tesão
aumentando de forma que minha mente começa a ficar meio confusa por causa do prazer que
sinto. Meus dedos deslizam por minha boceta encharcada, imagino como seria comigo, como eu
me sentiria e nisso as imagens na minha cabeça ficam turvas e através de alguns flashes substituo
a imagem do Sebastian pela minha. Eu estou na cruz de Santo André recebendo a cera quente e a
massagem da Kamila.
O estimulo é enorme e me toco com mais intensidade, mordo uma das mãos para não soltar
um gemido muito alto. Quando visualizo as mãos de látex massageando meu corpo até chegar ao
meu centro, os movimentos da minha imaginação se mesclam com os meus, é como se eu
estivesse realmente naquela sessão. Como um sonho vivido, explodo em um puro êxtase, algo
que nunca senti antes, é transcendental e a única coisa que consigo pensar é: “Se foi assim só
com a minha imaginação, o que vou sentir em uma sessão de verdade?”.
Depois de satisfeita, com as pernas bambas, a cabeça rodando e sentindo meu corpo mole,
o sono começa a chegar e fico pensando se sonharei com a continuação do que poderia acontecer
se realmente fosse eu naquela história e ansiando pelos próximos dias cheia de expectativas
sobre o que iria descobrir de novo e vivenciar.
CAPITULO 6 – KLAUS
ABRAÇANDO MEU LADO SOMBRIO
Os negócios estão indo bem e já dominei toda a região ignorada pelas famílias maiores.
Criei uma pequena família e nos mantemos de cabeça baixa para não chamar atenção e estipulei
algumas regras para que tudo seguisse conforme o meu plano, se essas regras fossem quebradas
teriam punições severas. A primeira e mais importante é que aqueles sobre meu comando só
podem saciar seus desejos e sua sede dentro da nossa casa com seus familiares, caçadas estavam
proibidas. Segundo, que todos serão adeptos a minha arte, todos seguiriam a filosofia do BDSM
e seus familiares teriam que ser suas posses ou donos, por esse motivo eu era bem minucioso em
aceitar membros na minha família e se não fossem praticantes naturais, eu não aceitava como
meu seguidor, por último era terminantemente proibido transformar um familiar, a cerimônia do
laço não poderia ocorrer até eu atingir meu objetivo de ser um Monarca.
Durante esse período de calmaria em que estávamos nos estabelecendo, me dediquei muito
a minha arte, adotei algumas partners criando meu rebanho, mas nenhuma tinha o que eu
procurava, um sabor diferente que seja único e marcante. Em uma noite como qualquer outra o
pub estava movimentado e nesses dias gostava de ficar no balcão fazendo drinks e observando
meus seguidores caçando seus familiares, interagindo com as pessoas de fora da família e
perseguindo suas ambições ou saciando seus desejos, era algo que me dava prazer em ver, faria
qualquer coisa para preservar esse estilo de vida. Lembrei-me de Samuel e uma mágoa misturada
com rancor tomou meu peito por ele não poder desfrutar do que estava criando, virei de costas
para o salão e fui fazer preparativos para os drinks
Depois de algumas semanas consegui reunir recursos suficientes para iniciar a minha
vingança, mas ainda estava em desvantagem, fui até o meu quarto no andar superior do pub e
olhei para um quadro atrás da minha mesa, ali estavam todos os meus alvos e suas rotinas,
primeiro iria começar com os membros da família Ritter, Joshua e Alan, depois vou atrás do líder
da família, Dieter, mas não posso enfrentar dois vampiros de uma vez, preciso de uma vantagem.
Utilizando a rede de contatos que construí fiquei sabendo da existência de uma bruxa que talvez
poderia me conceder essa vantagem que procuro. Na noite seguinte vou ao seu encontro, ela
reside em uma cidade pequena, Passo Fundo fica a praticamente cinco horas de viagem da
capital, usei um carro com vidros escuros e cobertos por uma cortina do lado de dentro para
viajar durante o dia. A comunidade que a bruxa Diana vive, há vários imigrantes e ciganos, um
lugar bem propício para uma bruxa se instalar. Ao chegar em sua casa toco o interfone.
— Quem é? — uma voz jovial e melódica fala comigo.
— Me chamo Klaus e vim atrás dos serviços de uma certa bruxa.
— Você não é um mortal, vejo estar diante de um ser da noite.
— Então, é você mesma quem procuro.
— Sinto em dizer que o senhor não tem nada que me interesse, então, não posso atender
seu pedido.
— Espere, pelo menos escute a minha proposta.
Escuto o interfone desligar e fico frustrado, segundos depois vejo uma mulher de estatura
baixa na casa dos trinta anos com os cabelos tingidos de vermelho fogo, seios fartos e gorda, não
vou mentir, ela faz o meu tipo e fiquei pensando em tê-la em minha cama.
— Só para ficar bem claro, senhor Klaus, você não é bem-vindo a essa casa.
— Eu entendo, precisa se proteger.
— Então, o que você deseja? Tenho cinco minutos. — ela cruza os braços deixando ainda
mais os seios evidentes.
— Estou atrás de vingança sobre um vampiro da capital e gostaria de ter alguma vantagem
sobre ele.
— E o que me oferece em troca? — seu olhar é analítico, até parece desdenhar que sou
capaz de lhe oferecer algo que realmente valha a pena em troca da sua ajuda.
— Dinheiro, drogas, armas... o que você quiser.
— Nada disso me interessa, mas você pode conseguir algo para mim. — ela sorri e dá um
passo à frente. — Uma joia, atualmente está em posse do Monarca desse estado.
— Então, temos interesses em comum, porque é dele que quero me vingar.
— Deve ter sido o próprio destino que o trouxe a minha porta. — o sorri se torna mais
sombrio e ela dá as costas para mim. — Volte amanhã durante o crepúsculo que lhe darei a
vantagem que precisa para vencer essa batalha e me trazer a joia.
Passo a noite em um hotel no centro da cidade e no dia seguinte assim que o céu fica rubro
vou ao encontro da bruxa. Dessa vez ela me convida a entrar na casa, mas também vejo que ali
existia outra casa atrás da primeira, também noto que é protegida por algum encantamento que
me repele. Entro em sua cozinha e vejo um altar na janela cheio de ervas, incensos, cristais e um
anel que está sendo banhado pela luz avermelhada do céu crepuscular.
— Me dê um pouco do seu sangue. — ela estende um pequeno pires de cerâmica e faço
um corte no pulso para derramar algumas gotas.
— O que vai fazer? — pergunto e ela me ignora.
Ela derrama um pouco do sangue no anel e começa a proferir alguns encantamentos e o
céu rubro se torna escuro e a luz da lua entra pela janela fazendo meu sangue ser absorvido pelo
anel, como se ele o bebesse e logo em seguida, sinto um aperto no meu peito como se meu
coração fosse atravessado por uma estaca e caio no chão. Sinto-me fraco e como se a morte
estivesse próxima, a bruxa vem até mim e estende seu braço.
— Beba.
O sangue dado de bom grado me salvaria, cravo minhas presas em seu braço e começo a
beber seu sangue, depois de alguns goles, me sinto melhor. Percebo que a bruxa acaricia meus
cabelos enquanto geme de prazer pela mordida. Paro de beber seu sangue e lambo a ferida que se
fecha em seguida.
— O que você fez comigo? — pergunto levantando.
— Um ritual de ligação para que a magia do anel funcione, mas isso pode ser fatal para um
não humano, por isso o sangue ofertado de bom grado.
— Ele sacia mais a nós.
— Você é diferente de todos os vampiros, sua mordida causa um êxtase imenso, você com
certeza é o último dos Senitas.
— Isso é apenas uma lenda sem importância, agora me diga o que esse anel faz.
— Ele vai te dar a maior vantagem que um vampiro pode ter. — sorri o colocando na
palma da minha mão. — Com ele, você será capaz de andar a luz do sol, mas cuidado, existe um
limite de quanto você pode se expor a luz solar.
— Isso é mesmo possível? — pergunto incrédulo.
— Sim, mas o sol vai ser como um veneno para você, conseguirá andar a luz do dia ao
preço de ser lentamente envenenado, depois de uma longa exposição precisará descansar para
recuperar suas energias.
— Entendi. Agradeço pela ajuda e dou a minha palavra que vou trazer a sua joia.
Volto para o carro e pego a estrada, agora que tenho uma enorme vantagem sobre meus
inimigos e os recursos necessários para concretizar minha vingança, não vou esperar mais. Com
as informações que reuni, descobri que os membros da família Ritter usam um bordel durante o
dia para se alimentar e realizar seus desejos de deleitar-se em um harém de mulheres e homens.
Escolho um dia em que eles estarão na esbornia com muita luxúria, bebidas e drogas. Vampiros
são prepotentes por natureza e sempre acham que estão seguros em seus ninhos durante o dia.
Tendo a vantagem de andar sobre a luz do sol, consigo entrar na casa sem levantar
suspeitas, como em todo estabelecimento desse tipo, sou recebido com um “Seja bem-vindo a
nossa casa”, uso o meu “charme” para fazer o segurança me deixar entrar com minhas armas.
Vou até o bar para observar o lugar que tem um ambiente requintado, com um visual de casa de
show, um palco ao fundo com um enorme espelho, no centro um poste de pole dance, ao lado do
palco uma pequena escada que leva ao segundo andar onde ficamos quartos. De acordo com meu
informante, os irmãos Joshua e Alan estão em algum dos quartos, enquanto o senhor Ritter está
na suíte principal. Convenço uma das meninas da casa a me levar para um dos quartos,
inicialmente ela disse que não poderia porque todos estão reservados, mais uma vez uso do meu
“charme” e a convenço.
Entramos no primeiro quarto a esquerda do corredor e assim que a porta se fecha, ataco seu
pescoço, seu sangue tinha um gosto de água suja, provavelmente pelo uso de drogas, mal
consegui dar um gole e a solto, mas o choque é o suficiente para deixá-la desacordada. Empunho
minhas armas, que estavam em coldres debaixo do meu blazer, vou até a porta e verifico o
corredor que está vazio. Tento abrir a porta do quarto em frente, mas está trancado, não vou
conseguir fazer um serviço limpo e silencioso, então arrombo a porta com um chute.
Dentro do quarto tem dois homens fodendo uma mulher que está amarrada na cama, com o
barulho os dois se viram para mim, um deles tenta pegar um trinta e oito que está na mesa de
cabeceira, antes de obter sucesso, disparo acertando uma bala entre seus olhos, o sangue junto
com pedaços do seu cérebro se espalham na cama, sobre a mulher e o outro cara que levanta as
mãos.
— Não me mata por favor, sou só um funcionário da casa! — muito patético.
— Pega a mulher e cai fora se não quiserem morrer.
Enquanto ele desamarra a mulher, alguém dispara contra mim da porta e acerta nas minhas
costas duas vezes, rapidamente me viro e disparo duas vezes em seu peito e o vejo cair morto
com uma expressão de confusão, provavelmente um segurança da casa que não sabe de nada.
Um grito feminino vem do corredor e uma confusão generalizada começa, da porta vejo homens
e mulheres pelados saindo dos quartos tentando fugir e no fim do longo corredor vermelho, vejo
os dois irmãos de frente para a porta.
Alan que esta a esquerda puxa uma pistola nove milímetros e dispara em minha direção
várias vezes, a maioria dos tiros pega nas pessoas correndo, mas uma bala acerta meu ombro e
outra minha perna, o desgraçado está usando munição de madeira, sinto meus membros
perderem os movimentos, me jogo para dentro do quarto que arrombei, me arrasto até a janela
que está coberta por uma cortina blackout, encosto na parede e olho para o ferimento na minha
perna, enfio os dedos no buraco que a bala fez e abro mais a ferida, a dor parece um choque
elétrico que percorre todo meu corpo, usando os dedos como uma pinça, alcanço a bala e puxo
para fora. A falta de cuidado e a pressa deixaram a ferida ficar maior e na bala há pedaços da
minha carne impregnados e a jogo fora com raiva.
Antes que pudesse remover a segunda bala, vejo Joshua entrar no quarto com uma faca na
mão, ele avança em minha direção e agarra meu pescoço me levantando do chão.
— Olha só o que temos aqui, o verme que tentou tomar o poder a força, pensei que tinha
fugido com o rabinho entre as pernas
— Só vou embora depois de exterminar cada um de vocês.
— Que pena que vai morrer sem sequer conseguir ferir um de nós, você é mesmo um
inútil!
Agarrei a cortina com força e sorrio.
— Espera seu idiota, se fizer isso também vai morrer. — seus olhos vão da janela para
mim e vice versa.
— Isso é o que vamos ver!
Sinto a mão no meu pescoço se afrouxar demonstrando o medo do miserável, antes dele
poder fazer qualquer coisa, puxo a cortina arrancando-a dos trilhos e o sol entra. Seguro seu
braço o impedindo de correr e o torço para trás quebrando-o, o grito de dor preenche o espaço e
quando os raios de luz o atingem, ele começa a queimar. O derrubo e piso em seu peito o
impedindo de procurar abrigo, ele olha para mim sem entender por que não queimo. Ele tenta se
desprender, se soltar, mas está perdendo as forças e continuo o assistindo queimar até virar um
monte de ossos e cinzas embaixo dos meus pés.
Pego seu crânio, corte meu pulso e escrevo com meu próprio sangue uma pequena
mensagem ao seu irmão, “você é o próximo” e jogo no corredor em direção de Alan. Volto para
o quarto e o ouço gritando de raiva e díspar sua arma em minha direção, um ato desesperado e
idiota, aproveito seu acesso de fúria e removo a bala do meu ombro com a faca que Joshua
estava carregando. Quando os tiros cessam saio no corredor e vejo meu alvo recarregando sua
arma, arremesso a faca cravando-a em seu peito e enquanto ele se contrai de dor, descarrego uma
das minhas armas em sua direção, as balas acertam quase todo seu corpo.
Ao chegar perto, ele está se afogando em seu próprio sangue e com vários buracos em seu
peito, braços e pernas, evitei a cabeça para que ele pudesse ver e entender tudo que estava
acontecendo, piso na faca afundando-a vagarosamente em seu peito até que toda a lâmina
estivesse dentro dele, me abaixo e aproximo de seu rosto, saboreio a agonia e a dor que seu rosto
demonstra.
— Nem sempre ser um imortal é uma vantagem, não é? — digo saboreando ainda mais
esse momento.
— Va... argh... vai... se...argh, cof cof... foder!
— Pobre criatura moribunda, darei fim ao seu sofrimento.
Vou o arrastando pelo pé até o quarto mais próximo e o deixo deitado de frente para a
janela, puxo a faca de seu peito que lacerou ainda mais a ferida e quebrando alguns ossos no
processo, passo atrás da cortina blackout e abro, saio de trás da cortina sem deixar o sol entrar,
com a faca faço dois rasgos verticais na cortina do topo até o final.
— Você está com sorte, o dia hoje está fresco e ventando bastante. Hora de descansar,
assim como seu irmão.
Cada vez que o vento assopra a cortina, o sol entra e vai fritando-o pouco a pouco. Saio do
quarto escutando os gritos de dor e agonia, vou direto ao quarto do líder, sem demora derrubo a
porta e vejo um homem em cima da cama segurando uma menina de no máximo uns dezesseis
anos usando apenas um roupão de seda e no chão ao lado da cama, um menino de mesma idade
morto em uma poça do próprio sangue com várias marcas de mordida pelo corpo, meu estômago
chega a embrulhar com a cena.
— Que... quem é vo... vo... você?
— Seu carrasco. Você soltou os cachorros da coleira e vim trazer o seu fim por isso.
— Meu poupe ou eu mato essa garota, vo... você não quer isso.
— Essa garota já está morta, provavelmente overdose. Acha mesmo que isso me impediria
de te matar?
Ele olha para a garota e a joga no chão como se não fosse nada.
— Posso te dar dinheiro, sangue, mulheres, drogas, o que você quiser. — barganha
desesperado.
— Quero vê-lo sofrer!
Sem saída ele tenta me atacar, mas descarrego a outra arma que tenho nele, disparo mais de
dez vezes e ele cai na cama sangrando. A garota continua no chão aparentemente inconsciente,
subo na cama e usando apenas a força, começo a desmembrar o líder da família Ritter. Seus
gritos são altos, seriam perturbadores para os de mente franca, para mim, música. Arranco os
braços e as pernas, uso a coronha da arma para quebrar seus dentes e com a faca, que tenho na
fivela do meu cinto, corto sua garganta, ouço o gorgolejando e afogando-se no próprio sangue.
— Não vou matá-lo. Ficará nessa situação deplorável até os humanos chegarem e quando
eles te encontrarem você, será apenas uma casca seca e podre Irão te colocar um saco preto e
levado até o IML onde vai ser aberto e dissecado, depois vai ser jogado em um buraco, coberto
de terra e vai ficar a eternidade desse jeito.
Deixei-o no quarto e vou embora, na saída passo pelo quarto onde Alan estava e vejo um
corpo carbonizado, ele já não tinha forças para gritar e partes dele já tinham virado cinzas. Entro
no carro e volto para casa, agora só falta o Monarca e Saulo. O que acabei de fazer será um
passeio no parque considerando o que tenho planejado para o meu antigo parceiro.
CAPÍTULO 7 – CHRISTABEL
CONHECENDO O DEMÔNIO
Os dias ao lado de Sebastian tem sido maravilhoso, me sinto muito bem em ter decidido
ficar e poder estudar mais ao lado do meu mentor, além de estar adorando Porto Alegre que tem
uma atmosfera que beira o mistério quando a noite cai e também se torna mais barulhenta e
festiva, em alguns pontos da cidade. Adorei conhecer diversos lugares e a Cidade Baixa se
tornou um dos meus locais favoritos e claro, a Orla do Guaíba é absurdamente linda. A ansiedade
em poder seguir no BDSM fez-me criar muitas expectativas e mal podia esperar em mergulhar
nesse mundo da forma mais segura, dessa vez eu não pegaria atalhos, não deixaria que minha
ânsia em viver o desconhecido e o puro prazer cometer o mesmo erro duas vezes.
Sebastian diversas vezes incentivou que eu retornasse a falar em redes sociais que tinha
uma quantidade significativa de praticantes, só assim eu conseguiria pegar os macetes para
identificar os falsos dos sérios. Ele sabia que eu necessitava de orientação e de proteção, mas
também que precisava arriscar para aprender, quando o questionei sobre arriscar e encontrar
outro como Santino, me corrigiu, disse-me que o arriscar não precisava ser presencial nesse
momento, o online me daria a base necessária para poder evoluir o suficiente para voltar a tentar
e encontrar aquele que de fato era o certo para praticar. A cada dia eu percebia que o BDSM era
um território repleto de sensações intensas e emoções profundas, mas eu precisava adentrá-lo de
maneira segura.
Confirmo a reserva na minha passagem e vejo que está tudo dentro do prazo, em três dias
retorno a Belo Horizonte e a minha vida de estudante e já sinto falta de tudo. Assim que vejo
Sebastian entrando na sala, a confraria que tanto falou surge em minha mente, achei estranho ele
não me levar até lá ainda, sendo que disse que levaria. Desde que me contou sobre que os
praticantes compartilham experiências e realizam sessões públicas sentia um desejo inegável de
participar de tudo, então tomei coragem, respirei fundo e assim que ele se sentou ao meu lado no
sofá o questionei.
— Não vamos a confraria, Sebas? — ele me olha um pouco surpreso com a pergunta tão
repentina.
— Desculpe, Chris. Acabei fazendo com que tu criasse uma expectativa e não falei mais
nada sobre.
— Tá tudo bem. É que em três dias eu vou embora e ...
— A confraria é um lugar como te disse seguro, mas também é um local onde as emoções
fluem livremente, onde as fronteiras são testadas e a intensidade das experiências podem ser
avassaladoras para alguém inexperiente como você, Chris. — me remexo um pouco incomodada
e ele pega minha mão. — Não me entenda mal, adoraria te apresentar a esse lugar incrível, mas...
— Não acha que é o momento. — ele balança a cabeça negativamente. — Entendo, só
queria poder estar em um lugar como esse para sentir a atmosfera, Sebas. Tipo... ver com meus
olhos que é possível, que existe e não é apenas fruto da minha imaginação. Entende?
— Entendo perfeitamente e por isso eu tenho outra proposta para você. — suas palavras
reacendem minha curiosidade.
— Qual?
— Podemos começar de uma forma mais suave. — franzo o cenho confusa.
— Como assim? O que está pensando? — um pequeno sorriso surge em seus lábios
deixando-me cada vez mais curiosa.
— Uma amiga me indicou um lugar relativamente novo e que será perfeito para
começarmos. — um sorriso radiante se forma em meu rosto. — É um pub chamado “Sweet
Demon”, tem uma temática fetichista e também BDSM. Lá vamos mergulhar gradualmente sem
a intensidade da confraria, será uma experiência mais controlada e menos avassaladora para
você. Topa?
— É claro que sim! — pulo em seu pescoço para dar-lhe um abraço. — Muito obrigada,
muito obrigada mesmo.
Sebastian começa a rir e em seguida manda me vestir que sairemos em duas horas, quer
que eu use algo ousado e que me deixa confortável ao mesmo tempo. Corri para meu quarto e me
parabenizei por ter colocado o vestido com um espartilho na mala, só precisaria vestir um casaco
grosso por cima para suportar o frio, porém a empolgação estava me deixando quente e acredito
que nem faria tanta falta. Depois de escolher a roupa, tomei um banho rápido, o cabelo estava
limpo e dispensava uma nova lavagem, apenas usei o secador para tirar a umidade e deixá-lo
com uma aparência melhor.
A maquiagem opto por mais leve, não sou muito adepta a maquiagens fortes apesar de uma
vez ou outra arriscar, mas hoje algo me dizia que deveria ser mais natural, o vestido é solto e
preto, na parte do espartilho tem alguns detalhes em vermelho, o comprimento vai até o meio das
minhas coxas. o espartilho abraçou minhas curvas e deixam meus seios sensuais. Confiro meu
visual, passo um perfume suave, calço as botas cano médio com salto e para completar uma
jaqueta curta de couro. Ao chegar na sala vi Sebastian com um visual clássico social esportivo e
com um ar totalmente diferente, parecia até outra pessoa, acostumei com seu jeito descontraído e
vê-lo em roupas casuais, por isso o ver dessa forma se torna emocionante, é como se ele
estivesse libertando seu lado dominador.
Pedimos um carro por aplicativo e em poucos minutos chegamos ao estabelecimento,
desço do carro e espero por Sebastian, olho ao redor e sinto uma decepção ao olhar para a
fachada do lugar, ele é um pub comum, assim que meu amigo se aproxima vamos em direção
dele e entramos. Noto que realmente é um lugar normal, algumas mesas e poltronas, poucas
pessoas ocupam alguns dos espaços, a decoração é simples, iluminação baixa, neons verdes, com
uma cara demonstrando minha frustração ao meu amigo, ele apenas sorri e olha diretamente para
o barman que faz um sinal com a cabeça em direção a uma escada iluminada com neon roxo e
amarelo, na parede está escrito “Sweet Demon”. Acompanho Sebastian e começamos a subir,
meu coração começa a bater mais rápido e quando atravessamos a porta dando para o segundo
ambiente, eu perco o ar.
O ambiente emana uma aura de sedução e um perfume doce preenche o ar. As paredes são
adornadas com um luxuoso papel de parede estofado, revestido em veludo vermelho, que se
transforma em sofás junto às mesas de canto. Os lustres de cristal são deslumbrantes e pendem
do teto, uma variedade de instrumentos e móveis que são usados para sessões se integram
harmoniosamente à decoração. No fundo, um elegante balcão oferece uma seleção de bebidas,
completando a atmosfera encantadora do local. A música é envolvente, meu coração continua
palpitando como se fosse sair do meu peito e digo a mim mesma pra acalmar-me.
— Quer escolher onde vamos sentar? — a voz de Sebastian me tira do meu transe.
— Humm... no canto, parece mais confortável.
— Ótimo.
Seguimos para a única mesa disponível ao canto com sofá, ao sentar vejo que é realmente
confortável e tem uma visão privilegiada. O pub tem várias pessoas, mas não está completamente
lotado, deixando o ambiente muito agradável. Um garçom se aproxima, ele é um homem muito
bonito, alto, olhos azuis, cabelo escuro em um corte social, sua roupa é calça social e uma camisa
preta com as mangas dobradas até os cotovelos, provavelmente sob medida já que ela abraça
muito bem seus músculos definidos.
— Bem-vindos, drinks devem ser solicitados diretamente no balcão, só apresentar a
comanda ao nosso barman, posso anotar suas bebidas tradicionais e aperitivos.
— Então, vou até o balcão. — digo ao meu amigo.
— Certo, vou pedir um aperitivo para nós.
— Quer um drink?
— Não, vou ver o que ele pode me oferecer de tradicional.
Meu amigo dá um sorriso safado e sigo para o balcão, a figura de um homem alto, ombros
largos de costas para mim, instiga ainda mais curiosidade para ver seu rosto. Dou mais uma
olhada por seu corpo, é visível que cuida muito bem dele e um desejo de descobrir como ele fica
sem as roupas toma minha mente.
— Com licença, você é o barman?
Ao se virar, fico completamente congelada, ele pega um pano e seca as mãos do suco do
limão que estava cortando e olha para mim de uma forma imponente, sua postura é perfeita. E
como é alto, puta que pariu, tenho que erguer o rosto para olhar em seus olhos que são castanhos
com um brilho avermelhado, chuto que deve ter quase dois metros.
— Sim, o que você deseja?
Sua voz é sedutora, me arrepio toda, seu tom é grave e um pouco rouco, discretamente dou
mais uma olhada nele e me atento a todos os detalhes. Seu cabelo tem um corte estilo nórdico
com as laterais raspada e o topo um pouco comprido, mas não muito, sua roupa era do mesmo
estilo do garçom, mas diferente do outro estar com a camisa totalmente abotoada, ele estava com
ela aberta até o peito. Os braços eram tatuados como seu tórax e fico pensando onde mais há
tatuagens. Minha respiração falha e sinto minhas pernas perdendo a força, ainda bem que tem o
balcão, senão desabaria nesse instante.
— Sexo... na...na...não, não é isso. — olho um tanto apavorada para ele que sorri de leve.
— Quero um “Sex on the beach”.
— Seu desejo é uma ordem. — um sorriso malicioso surge em seus lábios e me derreto
toda.
— Posso... — limpo a garganta. — Posso saber seu nome? — seu olhar é penetrante e
sinto minhas calcinhas molhadas.
— Eu sou o demônio. Vou preparar seu drink.
Fico o observando preparando minha bebida escorada no balcão, cada movimento é
preciso e perfeito, o que se torna um verdadeiro espetáculo diante dos meus olhos e em pouco
tempo diante de mim, ele me entrega meu drink e pisca para mim. Volto para a mesa
cambaleando um pouco pela intensidade que foi nosso contato e ao sentar-me, Sebastian me olha
curioso.
— Está tudo bem, Chris?
— Só fiquei deslumbrada com o barman. Ele mexeu muito comigo. — meu mentor me
manda um olhar com um sorriso malicioso. — Ele disse ser o demônio.
Meu amigo olha em direção ao balcão e acompanho seu olhar, ele está olhando para mim
enquanto limpa um copo, é uma intensidade que nunca tinha presenciado antes. Meu transe mais
uma vez é quebrado por meu amigo.
— Ele é o dono do lugar, Chris. Ele é o “Sweet Demon”, o garçom disse que seu nome é
Klaus.
Olho novamente para o homem que despertou em mim diversas emoções, o demônio se
chamava Klaus e havia me hipnotizado.
Meus olhos se fixam mais uma vez no homem que desencadeou um turbilhão de emoções
em mim. O demônio se chama Klaus e tinha me envolvido com sua hipnotizante presença.
CAPÍTULO 8 – KLAUS
O CONTRASTE DA ESCURIDÃO E DA LUZ
Se passaram alguns dias desde que aniquilei a família Ritter e por causa disso as outras
famílias ficaram apavoradas, o Monarca redobrou suas defesas e Saulo sumiu do meu radar,
deixando-me às cegas. Meus informantes buscavam por notícias, mas nada de relevante se
apresentava a nós há dias e sem saber o paradeiro dos meus alvos, aproveitei e tomei os
territórios do Monarca como forma de chamar a sua atenção e pressioná-lo a baixar a guarda. As
oportunidades nesses dias foram utilizar meus associados para coletar informações e atacar em
pontos estratégicos durante o dia, paguei policiais mortais uma pequena fortuna para fazerem
vista grossa diante de minhas investidas e como esperado, a cada dia eu minava ainda mais a
influência do Monarca.
Depois de alguns dias, já domino metade do território do centro da cidade, e mesmo assim,
não tenho notícias dos meus alvos, é como se eles tivessem virado fumaça. O ódio começa a
tomar conta de mim e nestes momentos, prefiro ficar no balcão do “Sweet Demon” para me
acalmar. Manuseio a faca com maestria enquanto corto alguns limões e outras frutas para
preparar os drinks quando sinto uma presença atrás de mim, alguns segundos depois ouço uma
voz melodiosa me chamar e perguntar se sou o barman. Mesmo com sentimentos de ódio, não
posso descontar nas pessoas que frequentam meu pub, então respiro fundo para atender minha
cliente.
Ao virar-me tenho a imagem de uma mulher maravilhosa, seu rosto é lindo e tem um corpo
absurdamente fenomenal, só de colocar meus olhos nela, toda raiva, ódio, rancor e mágoa
desaparecem, diante de mim só consigo vê-la, ao puxar o ar mais uma vez, minhas narinas são
tomadas pelo seu cheiro, seu aroma natural se funde a de um perfume suave e fico hipnotizado.
Mesmo que deseje apenas olhar para ela e pensar coisas completamente perversas que faria com
ela, começo meu atendimento.
— Sim, o que você deseja?
Sua voz é meiga e melodiosa um pouco trêmula quando diz “sexo”, mas rapidamente
corrige pedindo um Sex on the beach. Sua timidez e constrangimento me ganham na mesma
hora, ela tem algo diferente, um tipo de inocência encantadora. Quando questiona meu nome, a
provoco ao dizer que sou o demônio e começo a preparar seu drink. Suas reações são deliciosas e
me fazem desejar a provocar cada vez mais. Entrego sua bebida e a observo voltar para sua mesa
cambaleando de leve. Ela se senta em uma mesa com outra pessoa. Vi um de meus afiliados está
atendendo sua mesa, assim que ele se afasta, o chamo para ter mais informações sobre os recém
chegados.
— Matheus, me fale sobre aquela mesa que está atendendo.
— São dois praticantes da nossa arte. A mulher é iniciante, ficaram sabendo da casa e
vieram conhecer.
— Ótimo, o que pode me falar sobre ela?
— Nada demais, meu senhor. Uma iniciante e pela forma que ficou deslumbrada ao entrar
nunca experimentou nada de nossas práticas.
— Ela me intrigou bastante, talvez seja quem procuro. — a observo conversar e gargalhar
com seu amigo.
— Ela, meu senhor? Mas ela não está a sua altura, já vi suas partners e ela não chega aos
pés delas. Não passa de uma mulher baixinha, gordinha e curiosa pela nossa arte.
— Você não entendeu nada do que te ensinei? A verdadeira beleza não está em ser magra,
esbelta, alta, peitos e bunda grandes e corpo malhado. — respiro fundo para recompor-me. —
Entenda, a beleza é mais profunda, uma mulher pode ter todos os atributos que a sociedade julga
como beleza e ser feia.
— Eu ainda não entendo, meu senhor?
— Deixa eu abrir sua mente. Aquela mulher tem algo diferente que me desperta desejo,
não serei hipócrita e dizer que sua aparência não foi a primeira coisa que vi, mas a sua beleza é
diferente. Como você disse, ela é inexperiente, é como uma tela em branco, enquanto eu, sou um
artista. — o sinto pensando em minhas palavras.
— A maioria da sociedade se preocupa com a aparência, julgamos a partir dela. — ele
respira fundo e olha-me um tanto arrependido. — O senhor me mostrou outra perspectiva, sei
que devo repensar minhas atitudes.
Matheus volta a servir as mesas e sinto que ele está imerso em seus pensamentos revendo
toda sua filosofia, isso me deixa orgulhoso, ele ainda está se desconstruindo para criar seu novo
eu. Aproveito que ele está atendendo outras mesas e vou substitui-lo atendendo a mulher que
despertou meu interesse.
— Boa noite meus mestres, meu nome é Klaus e serei seu servo essa noite.
A garota me devora com os olhos e sinceramente, não é difícil de imaginar o que se passa
em sua mente.
— O que posso fazer por vocês?
— Meu nome é Sebastian e essa é a Christabel. — um nome lindo e familiar. — Você é o
dono do lugar, certo?
— Sim, a casa é minha, mas vocês que são os donos.
— Adoraríamos uma rodada de drinks. — diz o homem.
— Será um prazer preparar suas bebidas.
As reações de Christabel me provocam, sua timidez na minha presença mexe comigo de
uma forma que não sei explicar. Por trás daquela timidez sentia que havia perversão. Ao
aproximar-me dela o desejo de consumi-la aqui e agora era instintivo. A noite transcorre
tranquila como de costume, sempre que vou a mesa dela, a provoco. Com o passar das horas e os
drinks ingeridos, Christabel se solta mais comigo e compartilha que está estudando o BDSM e
que Sebastian é seu mentor. Também fez questão de elogiar meu pub.
— Aprendi muito só pela decoração.
— Conseguiu identificar todos os acessórios e móveis? — a provoco.
— Não, mas meu mentor explicou tudinho. — diz sorrindo para ele e depois volta a olhar-
me de forma provocativa. — Despertou muito a minha curiosidade.
— Se quiser experimentar algum é só falar comigo.
Seu rosto ganha um tom rubro instantaneamente deixando-me excitado. Por que essa
mulher mexe tanto comigo? Retorno para meus afazeres, mas minha atenção é apenas para ela, a
sensação de já a conhecer permeava meus pensamentos, mas de onde não fazia ideia. A única
coisa que sei é que cada detalhe de Christabel deixa-me mais hipnotizado por ela e isso não é
algo comum para mim. Ouço um copo se quebrar e instintivamente viro-me em sua direção. Um
cheiro extremamente doce e ferroso toma conta do ar fazendo meus instintos aflorarem, sinto
minha pupila dilatar e a sede começa a tomar conta de mim, observo Christabel ir em direção ao
banheiro e inconscientemente vou atrás.
Ao chegar à porta do banheiro, o cheiro fica mais forte e suculento, minhas presas latejam
desejando-a. Sinto que preciso a consumir nesse exato momento, preciso prova-la agora e
quando vou entrar no banheiro trombo com ela saindo, olho para baixo e vejo-a segurando o
dedo indicador com um pedaço de papel higiênico, agarro sua mão e olho para ela.
— O que foi que aconteceu com sua mão? — acaricio suavemente sua mão.
— Isso? Não foi nada, estou um pouco bêbada e derrubei um copo, cortei o dedo em um
dos cacos de vidro. — diz um pouco sem jeito.
— Venha comigo, vou cuidar desse machucado.
— Não precisa, estou bem.
Dou um puxão em seu braço e fecho a cara para ela.
— Vem comigo e não reclame.
Ela me olha com uma expressão de surpresa, em seguida abaixa a cabeça e me acompanha.
Vamos para a cozinha que está vazia, já fechamos o serviço há algumas horas e o cozinheiro já
foi embora, a partir de certo horário só servimos bebidas. Pego um kit de primeiros socorros na
prateleira e coloco na ilha da cozinha, seguro Christabel pela cintura e a coloco sentada ao lado
do kit.
— Você é bem forte, senhor Klaus.
— Vamos dizer que treino há muitos anos. Agora deixe-me ver o machucado.
Ela tira o papel e mostra um pequeno corte superficial no dedo, o cheiro do seu sangue é
maravilhoso e deixa-me extasiado, é um aroma único, não lembro de sentir nada parecido em
toda minha existência, sem conseguir me controlar acabo chupando o dedo de Christabel que
começa a gemer e se segurar no balcão com a outra mão, o sabor de seu sangue é sublime, sinto
o liquido quente e viscoso preenchendo a minha boca fazendo-me ficar em êxtase. Sugo seu dedo
olhando diretamente pra ela que arfa de desejo, com a cabeça jogada para trás, vejo suas veias
pulsando, seu peito subir e descer e por um segundo perco a razão, mordo de leve seu dedo, ela
grita e puxa a mão, mas antes dela se desvencilhar de mim seguro forte seu braço e ela me olha
assustada. Pego um curativo no kit e gentilmente coloco em seu dedo, aproximo-me mais dela e
fico entre suas pernas.
— Pronto, agora está tudo bem.
A sinto ofegante e vejo seu rosto corado.
— O... obrigada.
— Mas infelizmente você quebrou um copo e vai ter que pagar o prejuízo.
— E o que eu posso fazer para pagar?
Ela corre a mão pelo meu braço e morde os lábios, o sabor do seu sangue não sai da minha
boca, todo meu corpo está estremecendo e gritando para consumi-la, quero mais, preciso de
mais, essa mulher tem que ser minha. Agarro seu pescoço e reivindico seus lábios em um beijo
ardente, a sinto se entregando a mim, suas pernas se entrelaçam na minha cintura, com a outra
mão agarro sua bunda firme e deliciosa levantando-a da ilha, seu corpo se gruda no meu e sinto
seus mamilos entumecidos esfregando-se no meu peito. A prenso na parede e esfrego meu pau
entre suas pernas, ela geme dentro da minha boca, suas mãos seguram firmes meus ombros,
abandono seus lábios e saboreio seu pescoço, sinto suas veias pulsando sobre minha língua, a
excitação chega ao limite e me preparo para morder seu pescoço, quando escuto: “Chris, você
está bem?”
Ela olha instintivamente para o lado e a solto, ajeita o cabelo e o vestido com as mãos,
quando começa a ir embora seguro seu braço a impedido, ela volta e deposita um beijo doce em
meus lábios, despertando ainda mais prazer em mim, e assim vai de encontro ao amigo, mas
escuto seus sussurros.
— Chris, tá tudo bem? Por que estava na cozinha?
— Em casa eu te conto.
Retorno ao salão e percebo que passam das três da manhã e sou chamado por Sebastian a
mesa.
— Pode fechar nossa mesa?
— Infelizmente posso meu mestre, gostaria que ficassem mais. — olho para Chris que
parece ter perdido a timidez, pois não tira os olhos de mim e mordisca aqueles deliciosos lábios
que tive o prazer de saborear.
— Adoramos a sua casa foi uma descoberta “deliciosa”. – ele diz com um sorriso no rosto
e entrego a conta. — E pode apostar que nos verá novamente!
— Será um prazer recebê-los, ficarei na expectativa do seu retorno.
Antes de saírem entrego um cartão de visita do pub para cada um para retornarem quando
desejarem, mas no cartão de Christabel deixo meu contato pessoal
— Espero falar mais com você em um futuro próximo, minha lady. — uma última
provocação e recebo a reação que ansiava.
— E...e...eu vou ado...adorar.
Os vejo ir embora e termino de fechar o pub. Vou para meu quarto e passo as próximas
horas com aquela mulher em minha mente.

O dia nasce e não consigo parar de pensar nela e no sabor que ainda conseguia sentir em
minha boca. Era algo incomparável, sempre que busquei uma familiar fui extremamente seleto e
Christabel superou todas que já tive, a única coisa na minha cabeça é o pensamento de que
preciso que ela seja minha de qualquer jeito. Minhas divagações são interrompidas pela
informação que meus seguidores encontraram o lugar onde o Monarca lava dinheiro para
políticos, juízes, traficantes e todo o tipo de pessoa corrupta do estado, a principal fonte de renda
da família e se eu conseguir tomar o lugar tenho certeza que ele sairá do buraco que está se
escondendo, preciso completar minha vingança para perseguir minha nova presa.
O lugar é uma casa lotérica que possuí um cassino clandestino no subsolo. Durante o dia
serve de esconderijo para alguns membros da família e convidados, então me apresento como um
empresário que gostaria de contratar os serviços do Monarca, a recepcionista me direciona até
uma sala de espera, depois de alguns minutos um homem alto e forte com terno preto se
aproxima ao sair do elevador, questiona se estou portando alguma arma, noto em seu peito um
colar com uma pedra com um símbolo muito peculiar e um cheiro forte que me lembrava o
perfume de dama da noite.
— Não importa se estou portando alguma arma! — uso meu “charme” para persuadi-lo.
— Infelizmente importa, são as regras da casa, nada de armas.
Confirmo que o talismã impedia minha manipulação, o Monarca realmente tomou
providências para reforçar sua segurança, entrego duas pistolas para o brutamontes e deixo que
me reviste, sou liberado e acompanhado até um elevador que me leva ao subsolo. Quando as
portas se abrem me deparo com a estrutura de um cassino como os de Las Vegas, muitas luzes,
bebidas, mulheres e mesas de jogos, é impressionante pensar que tudo isso está no subsolo.
Caminho despretensiosamente pelo salão observando as mesas de jogos e os guardas,
consigo identificar dois vampiros fazendo a segurança e os outros são humanos, todos usando
aquela mesma runa que vi no cara que me revistou. Passo um tempo em uma mesa de poker
jogando enquanto observo a movimentação dos guardas e percebo que um dos vampiros não sai
da frente de uma porta dupla forrada com um acolchoado vermelho, algo muito importante está
sendo guardado ali. Vejo uma mulher passando com uma bandeja de bebidas e quando ela fica
próxima da porta me aproximo dela.
— Poderia me dar uma taça de champagne?
— Claro, cortesia da casa.
Assim que ela me estende a bebida aperto sua mão quebrando a taça que se estilhaça e
rasga a pele da mulher, o sangue começa a pingar no chão e vejo o guarda ficar incomodado,
como suspeitei ele estava com sede, devia estar aqui há algum tempo. Um dos seguranças
humanos apareceu para ajudá-la e insisti em ir junto, me faço de culpado e tento me redimir.
Chegamos na sala de segurança onde tem mais dois guardas humanos, assim que a porta fecha,
quebro o pescoço do segurança e a mulher começa a gritar. Os outros guardas levantam e puxam
suas armas, seguro a gola do terno do segurança morto e o faço de escudo, pego a arma que ele
carregava e assim que os dois descarregam suas armas, jogo o corpo na direção deles que o
seguram por reflexo e disparo um tiro na cabeça de cada.
A mulher não para de gritar e o cheiro do sangue desperta minha sede, agarro o braço dela
e puxo seu corpo para colar no meu e cravo minhas presas em seu pescoço, os gritos de pânico
mudam para gemidos de prazer, sinto seu corpo amolecer e as pernas ficam fracas, depois de
satisfeito solto-a que cai desfalecida no chão com uma feição de satisfação e a saia molhada de
excitação. Junto as armas e munições e volto para o salão. Tudo parece normal, então vou até o
segurança em frente a porta e sem pudor descarrego uma das armas em seu peito,
instantaneamente a confusão se instala no salão, gritos, correria e desespero tomam o recinto, no
meio de toda confusão aproveito e quebro os pés de uma cadeira e as transformo em estacas de
madeira.
Alguns seguranças humanos aparecem e os elimino desferindo tiros precisos e quando
outro guarda vampiro se aproxima começamos a lutar. A luta é intensa, seus socos são
poderosos, mas a minha agilidade me impede de ser atingido, desfiro golpes rápidos e precisos, o
deixando completamente atordoado e criando a brecha perfeita para pegar a estaca improvisada e
cravar em seu peito, avanço sobre ele para enfiar a estaca bem fundo em seu coração. Isso não
vai matá-lo, só vai deixá-lo completamente paralisado e esse é o mesmo destino que dou ao outro
segurança vampiro que aparece. Sigo para a porta e ao entrar não consigo acreditar no que vejo,
só consigo pensar que o destino está ao meu lado, o Monarca está diante dos meus olhos com
alguns políticos, empresários, policiais e outros corruptos jogando poker em uma mesa
exclusiva.
— Hoje é o meu dia de sorte, não esperava te encontrar aqui eminência.
O governador do estado se levanta achando que falei dele.
— Quem é você e o que quer aqui? Sabe com quem está lidando?
— Cala boca humano desgraçado, você não faz ideia de onde está. — o coronel da polícia
também se levanta e sem paciência mato ele com dois tiros no peito. — Vou dar uma única
chance para vocês, quem nunca viu meu rosto pode ir embora, quem ficar vai morrer!
Todos saem correndo da sala restando apenas eu e o Monarca.
— Você é bem ousado de dar as caras no meu território novamente, é melhor aproveitar
essa oportunidade para ir embora enquanto pode, você não tem ideia da minha influência.
— Pobre Monarca, você está mais perdido do que imagina. — caminho em sua direção
vagarosamente. — Sabia que eu nunca fiquei sabendo o seu nome? Não que isso importe, afinal,
a bota nunca pergunta o nome do inseto que esmaga.
— Quem é você de verdade? — cospe as palavras demonstrando medo e raiva.
— O Carrasco e você é minha vítima. Você tirou tudo de mim e me marcou para sempre,
então vim retribuir o favor. — paro a poucos metros dele já que a cada passo que dou ele recua
mais.
— Tenho poder... EU SOU A PORRA DO DONO DESSE ESTADO!
— VOCÊ NÃO É MAIS NADA! — a raiva que ele continha desaparece e só sinto cheiro
de medo. — Extirpei a existência da família Ritter e tomei parte do seu território.
— Foi você.
Com precisão acerto um tiro em seu ombro, cotovelo e joelho, fazendo-o cair e ficar
completamente debilitado para buscar ajuda e obviamente se movimentar para se defender.
— As lendas dizem que somos seres imortais, Monarca, que temos o poder de regenerar
qualquer parte do nosso corpo. — o verme treme conforme me aproximo. — Mas poucos sabem
que isso não é completamente verdade, nossas presas não se regeneram, engraçado, não é? A
parte que nos define e permite alimentar-nos não cresce novamente ao serem arrancadas.
Aproximo-me do corpo caído e o arrasto até os degraus que levam até o segundo ambiente
da sala que é um bar, viro o corpo e obrigo o Monarca a morder o degrau, assim que ele morde
chuto sua nuca arrebentando quase todos seus dentes, ele se revira no chão urrando de dor e
cuspindo os dentes e sangue, agacho-me e seguro sua mandíbula examinando e percebo que uma
das presas ainda está pendurada na gengiva e a arranco com minhas próprias mãos.
— Pronto, agora pode me agradecer por te livrar do fardo de carregar essas presas, agora
vou quebrar todos os ossos do seu corpo para que possa sentir a dor que sinto em meu peito por
sua causa.
Vagarosamente vou quebrando osso por osso e ouvindo os gritos de dor e agonia, às vezes,
ouço uma súplica desesperada para parar, mas isso só me motiva a continuar, é como música
para meus ouvidos. Quando termino, ele não pode se mexer e está em uma poça do próprio
sangue. Agora ele saberá o quanto me sinto quebrado, nunca mais se alimentará normalmente,
precisará matar alguém para ter o mínimo de sangue para sobreviver. Vou embora sem me
importar com seu destino, assim como ele não se importou com o meu e sabendo que ele nunca
mais vai ser um vampiro por completo.
CAPÍTULO 9 – CHRISTABEL
SONHOS DE UMA NOITE DE INVERNO
Retornar ao meu pequeno cômodo em Belo Horizonte foi mais difícil do que esperava.
Sento na cama e lembro da minha despedida com Sebastian, foi mais triste que poderia imaginar,
uma dor tomou meu peito por não saber quando retornarei a Porto Alegre. Não tenho condições
financeiras para ficar viajando e meu amigo disse que virá me visitar, também falou que sempre
que eu quiser visitar a capital gaúcha iremos dar um jeito juntos. É inegável que foi uma
experiência enriquecedora, cheia de aprendizado e reflexões. Levo um susto com meu celular
tocando, na tela a foto da minha adorável mãe, não era a chamada de vídeo que esperava receber
nesse momento. Respiro fundo e atendo.
— Oi mãe.
— Oi filha. Chegou bem?
— Sim. Acabei de chegar. Como a senhora está?
— Bem.
Não, não estava bem. Podia ver em seu rosto que ela estava querendo me dizer algo e ao
mesmo tempo evitando.
— O que foi, mãe?
— Pensei que viria passar uns dias aqui conosco nas férias.
— Eu sei, mãe. Mas, eu tive essa oportunidade de conhecer um novo lugar e ter essa
experiência única, não podia deixar passar.
— Sim, sabemos.
Era visível que ela estava magoada, triste por eu ter decidido passar as férias lá, mas
quando os questionei, disseram que tudo bem. A alegria que eu estava sentindo por tudo que
tinha vivido lá nos últimos dias começou a ser substituída por tristeza em ver os olhos de minha
mãe, mas eu precisava que ela compreendesse que preciso criar minha própria vida e identidade,
para que isso aconteça não posso viver sempre embaixo da sua asa.
— Mãe, eu amo muito vocês, muito mesmo, eu reconheço todo o esforço que você e o pai
fazem para me manterem aqui, por realizarem o meu sonho de estudar, assim como sei que
reconhecem que eu tenho me esforçado para cumprir minha parte. Vocês sabiam que no
momento que eu saísse de casa eu iria seguir meu próprio caminho e construir uma vida
independente.
— Eu sei filha. — lágrimas escorrem por seu rosto. — Sei que de certa forma é errado eu
ter lhe dito que você não ia sair debaixo da minha saia e que...
— Mãe.
— Eu só não tava...
— Pronta.
— Isso não significa que não quero que você seja feliz, filha. Pois é o que eu mais quero.
— Eu sei, mãe.
Conversamos por mais um tempo e finalizo a chamada com a promessa de ir passar o fim
de semana com eles. Sentindo o peito mais leve e sabendo que essa conversa deveria ter
acontecido há quase dois anos atrás, vou para o banho, relaxo com a água morna e desabo na
cama em seguida.

Passei o domingo organizando minhas coisas e percebi que a sensação de estar sendo
perseguida que sentis após o episódio de Santino estava se dissipando, não foi algo exclusivo de
minhas férias, eu realmente estava me libertando da sombra do passado e das memórias
dolorosas do que ele me causou. No lugar do medo, estava as lembranças de Klaus. Fecho os
olhos e a imagem do barman misterioso com cabelos escuros e tatuagens me beijando na cozinha
daquele pub arrepiam minha pele e aquecem meu centro. O encontro com Klaus se tornou um
divisor de águas em minha vida e não consigo esquecê-lo. Será que o verei novamente?
Olho pela milésima vez o cartão de visita que me entregou e tento criar coragem em lhe
enviar uma mensagem, é estranho, nunca fui tímida quando quis ficar com alguém, mas ele de
alguma forma me intimidava, me causava algo que não conseguia identificar, era como se eu
tomasse a iniciativa eu estivesse desrespeitando a hierarquia.
Segui meus dias como sempre, a rotina se instaurou mais uma vez, meus dias na produtora
continuavam os mesmos, minha criatividade cada dia mais sendo podada pelos clientes, apenas
nas aulas eu tinha a liberdade em a exercer. Não tinha mais certeza do que eu queria fazer até que
um novo colega surgiu em nossa turma, ele se chama Juliano e trabalha em uma pequena
produtora de cinema. Sim, cinema e não de publicidade como eu, isso me deixou eufórica e
comecei a revirá-lo do avesso.
— E vocês criam o que quiserem? — pergunto ansiosa e ele sorri.
— Sim, mas também temos as encomendas de roteiros publicitários, afinal não
conseguimos sobreviver apenas com o cinema atualmente. É uma pequena produtora, Christabel.
— Chris.
— Certo. Você trabalha onde? — andamos
— Em uma produtora de vídeos publicitários.
— Legal.
— Não tanto.
Conversamos até o início da aula e depois no intervalo, na saída da faculdade Juliano pede
que eu envie meu currículo para ele, vai ver se consegue algo para mim, questionou quanto eu
estava ganhando na produtora para garantir que eu não trocasse por algo pior e quando foi dizer
“seis por meia dúzia”, disse que quanto a isso não me importaria, porque trocaria publicidade por
cinema. Em uma semana as coisas estavam mudando mais uma vez e eu estava determinada a
enfrentar meus medos e abraçar as oportunidades que a vida estava me proporcionando. E enviar
uma mensagem a Klaus era uma delas.
Ao chegar em casa, não pensei duas vezes, peguei o cartão e salvei seu número, abri um
chat no aplicativo do celular e comecei a digitar, enviei uma pequena saudação. Aquele homem
tinha deixado uma marca profunda em mim, preciso descobrir mais sobre ele e desvendar seus
mistérios e se haverá a possibilidade de o ver mais uma vez. Quando pensei que ele não me
responderia, recebo sua resposta.

Klaus: Boa noite, minha Lady Christabel. Fico feliz que esteja preocupada comigo.

A forma que dizia “minha” era algo que mexia comigo, lembro de como pronunciou a
palavra quando nos conhecemos e meu centro formiga de desejo.

Klaus: Achei que não iria entrar em contato. Por aqui está tudo ótimo, tenho me mantido
ocupado com algumas coisas.
Chris: Desculpe, uns dias depois voltei para a casa, então, demorei para me reorganizar e a
primeira semana de aula começou e foi uma loucura.
Klaus: Voltou para casa?
Chris: Sim.

Droga! Ele não sabe que não moro em Porto Alegre.

Chris: Não sou daí, sou de Belo Horizonte.


Klaus: Interessante.
Chris: Conversamos sobre outras coisas e o básico acabou não sendo dito.

Ele demora um pouco para responder me deixando nervosa, mas a notificação logo chega.

Klaus: De fato. Então, me fale um pouco sobre quem é a Christabel.


Chris: Bom, como eu já disse, sou mineira, curso cinema na federal, trabalho com
publicidade e já estou louca de vontade de te ver novamente.
Klaus: Isso pode ser arranjado, eu só tenho alguns negócios inacabados aqui e podemos
combinar uma visita.

Quando leio sua mensagem fico em choque e meio anestesiada, parecia que ele sabia o que
eu estava pensando

Cris: Está falando sério?


Klaus: Claro que sim, minha Lady, estou sedento de vontade de saboreá-la.

Não existe sensação melhor do que a de ser desejada pela pessoa que desejamos.

Cris: Espero que resolva rápido seus negócios e possa vir me visitar, estarei te aguardando
ansiosamente.

Me jogo na cama e começo a espernear de alegria e euforia como uma adolescente, não
consigo controlar a emoção que estou sentindo, aquele homem perfeito disse que cruzaria metade
do país para me encontrar de novo. Já era tarde da noite e não conseguia tirar a imagem de Klaus
da minha cabeça, ficava revivendo nosso momento na cozinha repetidamente na minha cabeça,
tomo um banho para relaxar e me deito na cama tentando dormir, mas não parava de reviver
aquele momento, seus braços fortes me levantando do chão, sua boca quente chupando meu
dedo, me fazendo estremecer e aquele beijo.

Seus lábios são suaves e seus dentes arranham minha pele, a língua quente e macia
percorrem meu pescoço e aperto minhas coxas em busca de alivio, mas ele não vem. As mãos de
Klaus percorrem minhas pernas e as abrem, elas sobem, acariciam meus quadris e um aperto
forte faz com que eu deite sobre a bancada da cozinha, minhas costas arrepiam ao sentir a
superfície fria e arqueiam elevando meus seios. Os olhos castanhos avermelhados me devoram e
o sorriso é cheio de más intenções. Sou provocada de diversas formas, as sensações tomam meu
corpo, a ansiedade de ser toda sua amplia meus sentidos, minha boceta pulsa e sinto a excitação
escorrer por ela. Klaus com toda a sua imponência se afasta, se apoia na bancada e me observa,
mordo os lábios e observo o homem que desperta em mim desejos obscuros desde que sugou o
sangue de minha ferida.
É loucura eu ter pensamentos tão masoquistas? Lascivos? Sonhava em me entregar a ele,
a ser completamente dele e como se lesse meus pensamentos, como se soubesse que tinha
permissão para fazer o que quisesse comigo, ele pega uma faca e começa a rasgar meu vestido
ao meio. Os golpes são precisos e nada delicados, extremamente habilidoso e nem um pouco
delicado, sinto que posso ter a faca cravada em meu peito a qualquer momento, mas ao fim,
apenas um vestido partido ao meio caído ao lado do meu corpo, a lâmina passeia pelos meus
seios e barriga, desce até a minha boceta onde ele a pressiona no clitóris, gemo de surpresa e
excitação.
Klaus cai de boca em minha intimidade e devora sem pudor, a faca continua brincando em
minha virilha, pequenos cortes são feitos conforme suas chupadas são intensificadas, urro de
prazer, deixo que ele saiba o que sinto e que quero mais. Imploro para sua faca ir mais fundo,
imploro para me foda forte com seu pau, imploro que me viole, me abuse, me marque como sua,
somente sua e quando acredito que não tem como as coisas ficarem mais intensa sinto seus
dentes cravarem em mim e o líquido quente escorrer entre minhas pernas, grito de dor e prazer,
ao olhar para baixo, seus olhos estão tomados por um tom de vermelho muito mais intenso.

Acordo sobressaltada, ofegante e encharcada, não apenas de suor, minhas calcinhas estão
tomadas pelo gozo provocado pelo sonho vivido que tive. Se Klaus fez isso comigo apenas em
um sonho, o que fará quando finalmente estivermos juntos?
CAPÍTULO 10 – KLAUS
CAMINHOS CRUZADOS
Com o dinheiro do Monarca e a destruição de sua influência, só me restava encontrar o
desgraçado que me traiu e não medirei recursos para encontra-lo. Não demorou para que o cerco
fosse fechado e Saulo não tinha como se esconder ou se alimentar, era uma questão de tempo até
a sede ficar insuportável e ele cometer um deslize. Minha vingança estava pronta e farei se
arrepender de estar vivo. Meus seguidores seguem com uma caçada intensa enquanto fico em
casa, então sou informado de alguns desaparecimentos em um bairro do subúrbio da cidade;
mando vários dos meus afiliados investigarem o lugar e descobrirem se Saulo está por lá.
Enquanto isso vou até a casa onde ele se escondia, ao chegar me apresento como um
funcionário da empresa de esgoto e sou convidado para entrar por um dos vizinhos, quando entro
sinto um forte cheiro de morte no lugar, uma residência simples com três quartos, um escritório,
um banheiro, uma cozinha e uma sala de televisão, mas algo estava errado porque depois de
procurar em cada cômodo da casa não encontrei ninguém, porém o cheiro podre entregava que
ele está aqui, converso com os vizinhos e eles dizem que os donos da casa moram em um sitio na
saída da cidade e que o cheiro era problema de esgoto.
Continuo procurando e noto que na sala tem um armário, resolvo investigar e quando
removo tudo de dentro, percebo que há um fundo falso, desprendo, o cheiro se intensifica e vejo
que tem uma escada que provavelmente leva a um porão. Desço as escadas e encontro vários
cadáveres espalhados pelo espaço, ele está se alimentando aqui há tempos, olho ao redor e
começo a escutar grunhidos com alguns barulhos estranhos e ao olhar na direção dos sons vejo
uma pessoa agachada se alimentando de um humano, a vontade é tanto que nenhuma gota é
desperdiçada.
— Finalmente te encontrei!
Ao ouvir minha voz, o ser se vira em min há direção, mas não é Saulo e sim um vampiro
de pele pálida, olhos vermelhos, orelha alongada e presas nos dentes da frente como um rato. Ele
vem em minha direção tentando me atacar, mas facilmente consegui dominá-lo.
— Quem é você? — uma voz rouca e pesada me questiona.
— Calma amigo, não sou seu inimigo!
— Por que está aqui?
— Eu estava procurando alguém e achei que estaria aqui, mas parece que me enganei.
— Poderia sair de cima de mim? — o solto e ajudo a levantar. — Quem você está
procurando?
— Um antigo companheiro que me traiu.
— Aqui não tem ninguém além de mim, tomei essa casa como esconderijo durante o dia.
— Você é um Nodvato certo?
— Sim, nossa raça é deformada e não conseguimos nos misturar com os humanos, então
sempre procuramos um lugar mais afastado e com pouco movimento para caçar.
— Bom, como você não é quem estou procurando vou te deixar em paz.
— Espera, se eu te ajudar a encontrar essa pessoa, você pode me ajudar em troca?
— Como você sozinho pode achá-lo? Tenho inúmeros recursos e não consigo.
— Você está negligenciando algo na sua busca, vivemos na era da tecnologia e tudo pode
ser conseguido na internet, claro, se você não parece uma criatura asquerosa.
— E o que você quer?
— Quero viver. Estou cansado dessa sub existência que vivo, sempre me escondendo
dentro de buracos e sem poder usufruir de certos prazeres e você parece ser alguém com recursos
para me proporcionar isso.
— Se você for realmente capaz de encontrar meu alvo, te dou a vida que você almeja, luxo,
glamour, mulheres e sangue para saciar seus prazeres.
— Então, temos um acordo?
— Me chamo, Klaus. Qual é o seu nome?
— Kinski, mas pode me chamar de Kin.
— Muito bem, Kin, então temos um acordo.
Esperamos a noite cair e levo meu novo conhecido para procurar Saulo, deixo ele na casa
que tomei do Monarca para que tome banho, troque seus trapos por roupas descentes e se
alimente de forma decente e não em um buraco. Com Kin devidamente satisfeito, solicitou um
computador com acesso a internet e um notebook, dei a ele o que pediu e o deixei no escritório
para trabalhar. Em 24h ele estava diante de mim com a localização de Saulo.
— Como isso é possível?
— Na minha vida humana, era um analista de dados e especialista em segurança digital e
depois de ser transformado, isso se tornou minha ambição e como tenho muito tempo livre, me
especializei nisso e nessa era tudo deixa um rastro digital, com acesso ao banco de dados do
Monarca tive acesso a dados dele antes de sumir, então só tive que procurar seu rastro
atualmente.
— E onde ele está?
— Ele se escondeu em um prédio no centro onde fica um dos bunkers onde o Monarca
guardava coisas de valor e documentos de chantagem.
— O desgraçado deve estar usando essas informações para ter recursos.
— Também achei as contas com dinheiro do Monarca e tomei a liberdade de limpar tudo e
deixar em uma conta fria para que possa usar.
— Excelente. Você cumpriu a sua parte do acordo, então a partir de agora, você faz parte
da minha família e esse dinheiro é seu.
O sangue em minhas veias ferve com a ira, organizo minhas coisas, entre acessórios
algumas supressas para reencontrar meu amigo. Vou até o prédio aproveitando a luz do dia, a
qual se tornou a minha maior vantagem e aliada. O lugar era um prédio comercial com vários
negócios paralelos. Na entrada fui abordado pelo segurança que permitiu minha entrada até a
recepção para verificar o andar da sala que procuro. Usando o meu charme consigo um cartão de
acesso para a cobertura e ao sair do elevador me deparo com um pequeno hall de entrada com
uma enorme porta de aço sem fechadura. Tento forçar a porta, mas ela é muito pesada e não se
move nem um milímetro, de repente escuto a voz do Saulo saindo de um interfone.
— Ora, ora, ora, se não é meu antigo sócio. Como estão as coisas?
— Muito bem. E você? Se escondendo em um buraco já que seu protetor agora é só um
peso de papel?
— Na verdade, você me fez um favor já que eu tinha planos de acabar com ele, mas você
acelerou o processo, então obrigado.
— Só que eu fiquei com todos os recursos do Monarca e você como qualquer inseto,
apenas se apropriou de um lugar. — ele ri como se soubesse algo que não sei.
— O lugar que dava toda a influência ao Monarca é onde estou e é meu! — balanço a
cabeça e rio para mim mesmo.
— Pena que você não vai viver para conseguir fazer isso.
— Aí que você se engana, já que todo esse andar é uma armadilha para vampiros e você
teve a pior decisão de vir durante o dia.
Depois de se vangloriar, vejo as persianas se abrirem e a luz do sol entrar vagarosamente.
— Muito obrigado seu idiota, agora tenho toda informação que preciso. — gargalho.
— Você está prestes a queimar seu idiota, o medo te deixou insano.
Enquanto a luz entra, envio uma mensagem para o Kin mandando-o acessar o sistema do
terraço e abrir as portas, enquanto esperava o sol entrar na sala. Então, a voz de Saulo retorna a
preencher o espaço, seu tom é de incredulidade.
— Como isso é possível? Era pra você estar queimando.
De repente escuto um grito de agonia vindo do interfone, e em seguida a porta se abre,
sinto o celular vibrando e vejo uma mensagem de Kin, ele abriu as persianas de dentro do
apartamento. Ao entrar as janelas estão completamente abertas, o sol ilumina todo o espaço, ao
adentrar mais, encontro Saulo preso em um canto fazendo de tudo para evitar os raios de luz e
seu corpo está fumegando.
Ao vê-lo amedrontado e desesperado se encolhendo no canto, uma sensação de realização
me tomou e ter esse desgraçado a minha mercê era tudo que eu queria. Completamente indefeso
e fraco, vou aproveitar bastante esse momento. Puxo minha arma que está com balas de madeira
e disparo uma bala em seu peito o fazendo ficar completamente paralisado, envio uma mensagem
para Kin fechar as persianas, quando luz do sol é bloqueada por completo, pego o corpo
paralisado de Saulo e amarro em uma cadeira, atiro em seus braços e pernas fazendo com que as
balas de madeira se alojem neles, em seguida pego um kit cirúrgico em minha bolsa e retiro a
bala do seu coração com uma pinça fazendo com que ele recobre a consciência.
Assim que acorda começa a gemer de dor e tenta se soltar, mas a madeira em seu corpo o
deixa fraco impedindo que quebre a cadeira e arrebente as amarras. Puxo um móvel para usar de
mesa e começo a colocar todos os apetrechos que vou usar para “brincarmos”, além do kit com
bisturi, alicates, seringas e várias drogas, também tinha algumas estacas de madeira, longas
agulhas de aço, um martelo, sal, álcool e um jarro de sangue. Depois de arrumar a minha mesa de
diversões me volto para Saulo que me olha com ódio, o que me faz sorrir.
— Agora que está tudo pronto, podemos começar o nosso reencontro.
— Klaus, por favor...
Antes que ele conseguisse terminar a frase, seguro seu maxilar com força.
— Não, não, não, você não pode se fazer de vítima agora, eu perdi tudo por sua causa,
Samuel está morto e por sua culpa eu tenho uma marca no peito que dói constantemente, então
apenas aceite o que está por vir.
Quando o solto não escuto nenhuma súplica, mas em seu rosto era visível que ele sabia que
não tinha outra escolha a não ser aceitar a dor que está preste a sentir e ninguém viria ajudar.
Começo espancando-o com minhas mãos, quero sentir a carne de seu corpo amassando com meu
punho, quero ver o sangue escorrendo das feridas abertas. Depois de me sentir satisfeito com o
espancamento, pego o martelo e esmago dedo por dedo do pé, os gritos estridentes a cada
martelada me deixam vibrante e motivado a fazê-lo agonizar ainda mais. Quando acabam os
dedos do pé, vou para suas mãos.
Seguro as agulhas e uma por uma enfio vagarosamente por debaixo das suas unhas, os
gritos são excruciantes, para muitos insuportáveis, para mim, música, motivação assim como seu
corpo esperneando de dor, vez ou outra o ouço implorar para parar, Saulo se debate na cadeira e
sempre que tenta mexer as mãos a dor se intensifica por causa das agulhas que estão profundas e
fazem seu sangue escorrer sem parar.
— Sabia que o corpo humano entra em choque quando sente vários estímulos de dor de
uma vez? É um sistema de defesa do cérebro que apaga para o indivíduo não sentir toda aquela
agonia, mas para seres amaldiçoados como nós, isso não acontece, então sentimos tudo e até
mais devido a termos sentidos aguçados.
Sem dizer uma palavra Saulo olha para mim com desprezo babando de dor e ofegante. Sem
pausas para descansar, volto para mesa e pego um bisturi, retorno até meu companheiro e
começo a arrancar a pele de sua perna descascando como uma batata e nesse momento os gritos
dele eram tão altos que incomodou meus ouvidos. Sério, parecia um disco riscado. Junto uma das
meias que ele estava usando que estava cheia de pedaços dos seus dedos e sangue, fiz uma bola e
enfiei em sua boca para abafar os gritos.
Depois que deixei todo o músculo de sua perna exposto, fui a mesa pegar o sal e vi que
meu celular estava vibrando Deve ser o Kin com alguma informação. Quando vejo a tela do
celular me surpreendo com a notificação de mensagem de Christabel.

Chris: Espero que você não tenha esquecido daquela noite incrível que compartilhamos no
pub. Tenho pensado muito sobre os momentos provocantes que compartilhamos. Aquele
encontro inesperado deixou um gosto doce de desejo. Percebi que demorei um pouco para entrar
em contato. Como tem sido a sua vida desde então?

Enquanto jogava o sal no músculo exposto e me deleitava com a dor, o desespero e a


agonia de Saulo, respondi a mensagem. Enquanto conversava com minha Lady, continuei minha
sessão de tortura, jogando álcool em cima do sal, fazendo com que Saulo se desesperasse e
agonizasse suplicando que o matasse e para acabar com todo aquele sofrimento e mesmo com a
boca tampada pela meia, seus gritos de desespero eram altos. Parei momentaneamente minha
conversa com minha menina e voltei toda atenção para meu companheiro.
— Morrer? Você acha que tem o direito de morrer? Não se engane, estamos apenas
começando a nos divertir.
Voltei a responder minha menina, enquanto usava o alicate para arrancar dente por dente
de Saulo. Depois de muita tortura e gritaria meu companheiro estava tão exausto que não gritava
mais, apenas gemia, então minha brincadeira chegou ao fim, hora de acabar com o último alvo
da minha vingança. Busco uma bolsa de soro vazia e encho com o sangue que estava no jarro,
busco um cabide na casa e penduro em uma prateleira acima da cabeça dele, enfio a agulha no
braço dele e abro o sangue para entrar em seu corpo e retiro a meia de sua boca.
— O... que... está... fazendo? — uma voz arrastada e cansada mostrando sua exaustão. —
Se... arrepen... deu e... agora... vai me... salvar?
— Não meu amigo, isso é sangue de uma pessoa morta, esse sangue é o pior veneno para
nossa espécie e vai te matar de uma forma muito mais dolorosa e agoniante do que toda a nossa
pequena brincadeira. Você vai sentir uma dor irradiando em todo seu corpo conforme o sangue
entra em suas veias, em seguida você vai começar a expelir o seu sangue, fazendo você ficar com
muita sede e por último seu corpo vai começar a se decompor até que não sobre nada. Você vai
estar consciente até que a decomposição destrua todo seu corpo. Agora, vou embora e te deixar
aqui e não se preocupe por que esse lugar me pertence e é vigiado por mim, então ninguém vai
vir te incomodar.
— Não faz... isso... comigo... por... favor... me... mata.
— Esse desejo eu já concedi.
Junto as minhas coisas enquanto ele suplica por misericórdia e vou embora trancando a
enorme porta de aço concretizando a minha vingança. Volto para casa e me sinto vazio, releio as
mensagens trocadas com minha menina, percebo que preciso dela e nada mais me prende nesse
lugar maldito que só me trouxe desgraça. Não há mais razão para permanecer aqui, pois ela está
tão distante. O aroma e o sabor de Christabel são irresistivelmente envolventes. Mal a provei e
sinto-me como um maldito viciado e já estou em abstinência. Essa mulher me pertence e não
permitirei que ninguém a toque.
CAPÍTULO 11 – CHRISTABEL
DESTINOS REUNIDOS
Como todos os malditos dias, o despertou tocou às sete horas da manhã, bocejei e me
recusei a abrir os olhos. Mesmo tendo as manhãs livres, eu as usava para manter os trabalhos da
faculdade em dia, o curso era exigente e eu estava determinada a seguir meu sonho de tornar-me
roteirista de cinema, ainda mais com a possibilidade de estagiar ao lado de Juliano. Lavo o rosto,
escovo os dentes, arrumo o cabelo e coloco uma roupa básica e vou até a padaria pegar um café.
Com o básico pronto para dar inicio ao meu dia, começo a folhear as inúmeras ideias que
rabisquei de roteiro para a aula do professor Fábio e uma delas estava se mostrando muito
promissora para ser uma das filmadas no fim do ano, a separei para discutir a noite com ele e ver
se tenho a chance de concorrer.
A troca de mensagens com Klaus trouxe entusiasmo, só de imaginar que há possibilidade
de ele vir me visitar meu coração palpita, mas ao mesmo tempo me questiono se ele só disse
aquilo para deixar-me contente. Afasto os pensamentos que começam a se tornar negativos e
começo a me organizar para mais um dia na produtora, o dia parece correr velozmente e quando
percebo estou diante do professor Fabio assistido sua aula eufórica, ao fim da aula vou até ele e
converso sobre a história que estava construindo, mantive o BDSM só que optei em abordá-lo de
uma forma mais documental e ele achou sensacional, sugeriu que construir como um
mockumentary[15] e gostei de sua sugestão, só precisaria readaptar algumas coisas.
— Vamos marcar uma reunião para discutir a construção ou prefere seguir sozinha,
Christabel? — sou pega de surpresa com sua sugestão.
— Adoraria poder discutir, não conheço muito bem a estrutura desse roteiro em específico.
— Não tem muito mistério. Aos sábados tenho o projeto de cinema com os alunos, é uma
espécie de cine debate, se quiser pode participar e ao fim dele discutimos o que tiver pronto.
— Cine debate? Como eu não sabia disso? — ele ri.
— É relativamente novo, só tem sete meses que iniciei os trabalhos. Este sábado vamos
discutir “O Enigma de Outro Mundo”.
— Vou adorar participar.
O professor me passa os detalhes de horário e local, saio mais que satisfeita de nossa
conversa, sorrio como uma boba pelos corredores da faculdade. Esse projeto vai ser o primeiro
de muitos que se tornarão extraordinários e incríveis que vão abrir as portas pra minha tão
sonhada vida profissional. No caminho cruzo com Juliano e Fernanda que estão imersos em uma
discussão calorosa, aproximo-me vagarosamente para tentar escutar e fico surpresa com o que
ouço.
— John Carpenter é um deus e você não pode negar, Fernanda. — ele parece frustrado. —
Como vai falhar no clube por não gostar dele? É uma blasfêmia, como pode se dizer uma
estudante de cinema?
Aquela frase me deixou irritada, não é porque você é fã de cinema e muito por estudá-lo
que você é obrigado a gostar de tudo, muito menos dos clássicos, cada um deve gostar do que se
sente confortável e ele estava sendo um babaca com minha amiga e não fico quieta.
— E gostar apenas de clássicos e dos maiorais do cinema te faz melhor que ela, Juliano?
— ele se vira para mim e fica vermelho. — Nem todo mundo ama “Scarface”, sabia? Conheço
muita gente que é apaixonada pela sétima arte e acha o filme uma afronta ao original. Posso
passar a noite toda enumerando os filmes que são uma contradição entre os amantes de cinema,
quer começar essa discussão comigo?
— Não quis dizer isso, Chris. — ele tenta se justificar. — Só quero que ela dê uma chance,
afinal o clube é justamente pra isso.
— Claro que é, mas você não precisava ser babaca comigo. — Fernanda levanta e vem em
minha direção. — Como foi com o professor?
Fernanda não gosta de discussões, sempre procura mudar o foco, acredito que tem relação
com seus pais ou até mesmo com algum relacionamento que não deu certo que era movido a
discussões incansáveis e que podiam até mesmo terminar em alguma situação violenta. Resolvo
comentar que ele gostou e quer discutir mais após o clube do filme, minha deixa para brigar com
os dois por não terem me falada sobre antes, nenhum tenta se justificar, apenas se desculpam.
Juliano se despede e decido falar sobre o ocorrido com Fernanda.
— Não deve deixá-lo falar assim com você? — minha amiga fica surpresa.
— Você nem me deu a chance de me defender. — ela tinha razão.
— Desculpa.
— Tudo bem, vou levar como um castigo por não ter falado do clube. — vamos saindo da
faculdade e indo em direção ao ponto de ônibus.
— Vamos ver se vou gostar. Você vai?
— Não. Não vou sempre. — ela olha para baixo e como se tomasse uma injeção de
coragem me diz. — Você gosta do Juliano?
— O que? — me sinto no ensino médio com essa pergunta. — Tipo pra sair?
— É. Ele parece querer sair com você.
— Bem, eu não quero sair com ele, não faz meu tipo. — ela me olha como se fosse um
sacrilégio.
— E quem faz seu tipo?
— Moreno misterioso sarcástico, possessivo, que queimaria o mundo por mim. — sorrio
enquanto ela me olha confusa.
— Como nos livros?
— Exatamente.
— Qual é, Chris. Sabemos que 99% das leitoras desse tipo de livro, só gostam deles por
eles não existirem, porque se elas tiverem a oportunidade de ter, vão correr de um louco desses.
Não quis falar nada para Fernanda porque ela não entenderia. Eu fazia parte do 1%, aquela
pequena parcela que não sairia correndo para o lado oposto e sim em sua direção. Um cara como
esse, me faria sentir o sangue correndo nas minhas veias, eu me sentiria viva. Talvez nem ela ou
ninguém entenderia como minha mente funciona, e omitir meus desejos peculiares das pessoas
com pensamentos normativos funcionava muito bem para mim. Me despeço de Fernanda e sigo
para casa, o dia foi exaustivo e só quero minha cama. No caminho uma sensação de estar sendo
perseguida e vigiada começa a me assombrar novamente.
Subo rapidamente para meu apartamento e tranco tudo, apago as luzes e vou até a janela, a
rua está calma, não tem ninguém lá além de pessoas comuns caminhando, tomando o rumo de
suas casas. Tomo banho e me arrumo para dormir, fecho os olhos e anseio para que meus sonhos
sejam invadidos por Klaus, o dono dos meus desejos e sonhos. Só que essa noite, meus sonhos
foram tumultuados, volta e meia, a imagem de Klaus era substituída pelas lembranças de
Santino. Meus sonhos estavam se tornando pesadelos mais uma vez.

Ao chegar no campus da faculdade fiquei um pouco perdida de onde aconteceria o


encontro, pois não tinha explorado tanto assim, tinha o hábito de apenas ir as minhas aulas e a
biblioteca, nada mais. Combinei de encontrar com Juliano, já que Fernanda decidiu não vir, era
nítido em sua voz o quanto chateada estava pelo comentário de Juliano. Infelizmente, nós
mulheres, vivemos sendo testadas constantemente em tudo que gostamos, é como se fosse
necessário passarmos em um teste para vermos se tínhamos o mesmo nível mental masculino
para gostar de algo específico e não era diferente com o cinema. Juliano chegou logo em seguida
e fomos para o auditório da faculdade de direito, assim que pus meus pés dentro do espaço
percebi o motivo de Fernanda não vir. Não foi apenas o comentário babaca do cara ao meu lado,
eu estava diante da porra do Clube do Bolinha.
Desci as escadas sem me intimidar com os olhares, podiam olhar a vontade para mim e
após o filme, eu esmagaria cada um deles com meus argumentos, eu sou tão capaz quanto eles,
eu mereço ocupar uma dessas cadeiras e eles podem tentar me amedrontar o quanto quiserem,
mas quem vai sair com o rabo entre as pernas não será eu. O professor me apresenta e explica
rapidamente a dinâmica do clube, diferente do que pensei, ele apenas irá passar alguns trechos do
filme e iremos fazer a análise, o que se mostrou mais eficaz aos meus olhos. Sentei-me bem a
frente, enquanto Juliano sentou com outros dois garotos que não conhecia, pelo visto eram de
semestres mais avançados, a postura de ambos era como se fossem o novo Tarantino e
Rodriguez, típico.
O professor dá inicio as suas observações sobre a cena de transformação do cachorro em
um ser alienígena, algo grotesco, nojento e que para a época é completamente admirável em
questões de maquiagem, ouço alguns risinhos ao fundo e comentários da tosquice que é, porém
eu fico puta com eles e ergo a mão, o professor me concede a palavra e começo a falar sobre a
genialidade da maquiagem, o quão primoroso foi para a época em criar algo nojento, sem uma
forma perfeita, algo desfigurado, uma transformação grotesca que teve um resultado positivo no
público ao se referir a cenas assustadoras.
A cada cena eu dei meu parecer, mostrei que eu entendia tanta quanto eles e quando
tentavam fazer gracinha com minhas considerações, virava o jogo, não deixei que fizessem com
que eu me sentisse mal. Ao fim do debate, todos começaram a se retirar, abro minha bolsa e pego
meus esboços e vou até a mesa do professor para lhe mostrar o que construí, usei como base o
roteiro de “O Que Fazemos nas Sombras”[16]. Conversamos mais alguns detalhes do que eu
poderia adicionar e fui dispensada com o convite de retornar ao clube, o professor elogiou e
agradeceu minhas contribuições dizendo que era bom ter alguém com um novo olhar e sem a
presunção de “Querer ser o próximo bam bam bam de Hollywood”. Ao sair do auditório Juliano
está encostado na parede.
— Achei que você já tinha ido embora.
— Resolvi te esperar.
Vamos saindo do prédio enquanto conversamos sobre a tarde.
— Gostou do clube?
— Sim...
— Apesar de? — rio com sua suspeita.
— Você nunca vai entender por ser homem. — ele franze a testa. — É diferente você dizer
em meio a um grupo com o que? Dez homens e uma mulher, que a produção de Carpenter é de
baixa qualidade, a maquiagem é horrível e ter sua opinião validade apenas com isso. Enquanto
eu, a única mulher, se ousar dizer o mesmo, sou praticamente obrigada a escrever uma tese para
provar meu argumento. A hipocrisia reina entre vocês e nem percebem.
— Nem todos somos assim.
— Qual é. Na quinta você disse a Fernanda que era uma blasfêmia ela não curtir esse
filme, hoje quando o garoto que estava ao eu lado falou mal da maquiagem, você foi o primeiro a
concordar. Onde foi parar a sua admiração por Carpenter? Vocês medem as produções com a
tecnologia dos dias de hoje e não com a da época como deveriam fazer.
Juliano começa a rir e fico irritada com sua atitude.
— O que foi?
— Adoro ver a sua paixão pelo cinema, Chris. Você aí, gesticulando, defendendo as
produções. Aposto que você é uma das maiores defensoras de “Pink Flamingos”[17].
— Sou mesmo. — digo com orgulho. — Cada filme carrega o sonho de alguém, merece
ser respeitado, seja ele bom ou ruim, exceto os que são propositalmente feitos para arrancar
dinheiro do público. É como os livros. Por trás das telas do cinema e das páginas dos livros,
temos pessoas de carne e osso que colocam sua vida para construir essas histórias. Elas são
responsáveis para nos levar a diversos mundos, a nos transportar a lugares que jamais iremos um
dia, são eles que nos salvam diariamente de uma vida monótona. Devo minha vida a cada filme e
livro que vi, leio, verei e lerei ao longo de minha vida.
— Você é perfeita, sabia?
Olho espantada para Juliano, seu olhar é de admiração, mas tem algo mais. Não sou boba,
sei que ele não quer ser apenas um amigo, há dias tenta se aproximar mais de mim e eu me
esquivo dele. E agora que sei que Fernanda tem interesse nele, mesmo não dizendo com todas as
palavras, o quero bem longe. Agradeço por ter me acompanhado no clube e dou uma desculpa
que fiquei de encontrar com Fernanda, quando me convida para irmos ao cinema no dia seguinte,
falo que meus pais estão vindo me visitar, o que não é mentira. Finalmente após alguns meses
eles decidiram fazer um bate e volta. Retorno para o meu pequeno apartamento e começo a
trabalhar de forma incansável no meu roteiro. É impossível não pensar em Klaus e o uso como
referência em meu personagem principal. Penso se devo enviar-lhe uma mensagem, mas desisto,
espero que ele dê o próximo passo e sonho com o dia de nosso encontro.
A aula de crítica de cinema com a professora Priscila foi cansativa, minha cabeça estava
zonza e a de meus amigos não estava diferente. Para nossa felicidade, ela nos dispensou no
intervalo, quem quisesse iniciar o trabalho que tem o prazo de entrega de quinze dias poderia
usufruir dele, enquanto outros obviamente iria usufruir desse tempo de outra forma. Hoje foi um
dia particularmente tenso, senti-me perseguida o tempo todo, paro no corredor com Fernanda e
Juliano afim de discutir o que faremos em seguida, um frio percorre a minha coluna confirmando
a sensação de estar sendo vigiada, olho para os lados tentando identificar meu perseguidor.
— Vou pra casa, não consigo pensar em mais nada. — ela diz com a voz arrastada.
— Quero pesquisar mais um pouco sobre o que tivemos em aula pra decidir o rumo que
vou dar ao trabalho.
— Guerreira. Sinto que se eu ler mais alguma coisa sobre crítica cinematográfica, minha
cabeça vai explodir. — diz Juliano.
— Vão pra casa e descansem. Nos falamos amanhã.
— Não fique até tão tarde. — diz Fernanda.
— Pode deixar.
Despeço-me deles e vou em direção da biblioteca, a sensação se identifica a cada passo que
dou e entro na biblioteca. Vou até a seção de cinema e pego três livros que foram dados como
referência pela professora no início do semestre. Escolho uma mesa e me acomodo, me
concentro a cada página que leio e anoto as que possuem algo que irá me ajudar, o ambiente
aconchegante me abraça e me traz a sensação e segurança. Fico absorta nas páginas e abandono
as anotações, aos poucos a tranquilidade começa a ser tomada pelo pressentimento de estar sendo
observada. Um sussurro chega aos meus ouvidos “Christabel”, minha pele arrepia, um pavor
toma meu corpo, olho em volta em busca do responsável, ouço mais uma vez, “Christabel”, e ao
olhar em direção aos corredores dos livros, uma figura misteriosa está sorrindo para mim, não
pode ser, meus olhos estão pregando uma peça em mim. Será possível? Klaus, é você?
CAPÍTULO 12 – KLAUS
NA TRILHA DO DESEJO
Com todos os meus objetivos concretizados, minha dívida paga com a Bruxa Diana ao
entregar a joia, sinto que alcancei a minha ambição, tomei o poder e os recursos do Monarca
desse estado e agora estou em uma posição que ninguém pode me controlar, alcancei a minha
liberdade, mas ainda preciso de algo e nesse momento esse algo está longe, terei que deixar tudo
aqui e ir para uma terra que não me pertence, porém dessa vez não estarei sem recursos ou poder,
então Minas Gerais que se prepare porque estou de partida para começar minha caçada.
A administração do território ficou nas mãos de Kin que se mostrou muito útil e
agradecido com o nosso acordo e sabe muito bem respeitar a hierarquia, sem falar que ele
assistiu o que acontece com aqueles que me traem e tenho certeza que ele sabe dos riscos, já que
nem mesmo o Monarca conseguiu me evitar. Depois de tudo acertado peguei um jato direto para
Belo Horizonte e o aeroporto que pousamos era particular e pertencia ao Monarca dessa região,
um carro estava me esperando para levar até a casa dele para as devidas apresentações.
Depois de mais ou menos uma hora de carro chegamos em uma Igreja enorme que tem três
andares e fica no centro da cidade, o lugar parece com os templos antigos com colunas de
concreto na entrada e tem até um heliporto no telhado. Ao entrar no primeiro andar me deparei
com um salão enorme que devia ter uns dez metros do chão ao teto, o motorista que me guiava
disse que aquela igreja era a morada da Monarca.
Fui conduzido até a sala de espera do escritório da administração do templo e pediram para
esperar que alguém viria ao meu encontro. Depois de alguns minutos fui chamado e quando a
porta se abriu, diante dos meus olhos uma mulher sentada em uma mesa ao fundo do escritório
mexia no computador, atrás dela tinha uma enorme estante de livros, a sala tem um visual
requintado, glamouroso e esbanjando luxo. Fui convidado a me aproximar da mesa, a mulher
veste um terno vermelho sangue, seus cabelos escuros estão amarrados em um coque e quando
chego perto da mesa sou questionado.
— O que um exilado que causou tanta confusão no Sul veio fazer nos meus domínios?
— Sou Klaus Vanlender e me apresento a Monarca regente desse território.
— E porque eu deveria te aceitar? O que tem a acrescentar para mim exilado?
— Acho que tivemos um pequeno equívoco aqui, vim cordialmente me apresentar, mas
não estou aqui para pedir permissão. — cruzo os baços e a encaro de cima, não irei me abaixar
pra mais ninguém nesse mundo.
— Então, está disposto a sacrificar sua vida com esse desrespeito? — ela é firme em suas
palavras e não demonstra estar nem um pouco intimidada por mim.
— Não estou disposto a sacrificar nada e você devia tomar cuidado com suas palavras, não
sou um reles exilado, sou o atual detentor do título de Monarca no sul.
— O conselho não reconhece sua autoridade e você está marcado.
— Eu estou pouco me fodendo para esse tal conselho e não sou o tipo de pessoa que você
vai querer incomodar.
— O que aconteceu com o Edson?
— Quem é Edson?
— O Monarca do sul.
— Então, esse era o nome dele. — estalo os dedos. — Nunca me preocupei em saber. Ele
deve estar em algum buraco escondido tendo que estripar alguém para se alimentar e com muita
dificuldade de se locomover, já que quebrei todos os ossos de seu corpo.
— Você não é bem-vindo na minha cidade! — ela se levanta.
— Como já disse, não estou pedindo permissão.
— E quais são os seus objetivos aqui?
— Isso não te interessa, a única coisa que precisa saber é que não estou aqui para iniciar
uma guerra e se me deixar em paz, não serei um problema.
— Não posso te deixar solto assim depois de ouvir tudo que me disse
Nesse momento tirei o celular do bolso e entrei em contato com Kin pedindo informações
sobre o território de Minas Gerais e poucos segundos depois, recebi sua resposta. Aposto que ele
já tinha se adiantado e puxado essas informações.
— Morgana Ambrosius, líder da seita que prega a cura pelo sangue, tem fortes ligações
com empresários e políticos do estado e possui um patrimônio de mais de dez milhões de reais,
possui vários imóveis na cidade e está ligada a vários casos de desaparecimento e extorsão. Ah,
estou com acesso a seu banco de dados com todos os documentos de chantagem e seus livros
caixa, até mesmo as contas que está usando para lavar o seu dinheiro sujo.
— Isso não é possível, como tem acesso a essas informações? Quem é você? — agora sua
voz demonstra preocupação.
— Como já disse, sou alguém que você não vai querer incomodar. Agora tenho muito o
que fazer, então até um outro momento.
Saio de seu escritório acenando com a mão e vou embora. Resolvo andar pelos arredores
do lugar e a algumas quadras de distância do templo, encontro uma casa perfeita com uma placa
de vende-se. A casa é uma construção majestosa de dois andares, situada em um terreno
ligeiramente elevado. Seu exterior é imponente, com detalhes arquitetônicos encantadores. Uma
característica notável é o jardim que se estende desde a entrada até a porta principal e o caminho
que cruza o jardim é ladeado por uma fileira de arbustos bem cuidados.
A fachada da casa é protegida por grades de ferro trabalhadas, que permitiam que quem
estivesse do lado de fora visse parte da sua beleza interior. Ao lado da entrada principal, uma
pequena varanda se estendia para fora, com uma balaustrada de ferro forjado e um teto
abobadado que oferecia um local sombreado e acolhedor. Plantas trepadeiras sobem pela
estrutura, adicionando um toque natural à arquitetura. No segundo andar, um cômodo redondo
intrigante chamou minha atenção, este quarto em especifico era um verdadeiro enigma, com uma
enorme janela semelhante a um vitral que dominava a parede, um espaço único e cativante na
casa, um lugar que despertava a curiosidade e a imaginação de quem o visse.
Não pensei duas vezes e providenciei a aquisição do imóvel, nele vou abrir um novo
estabelecimento, mas dessa vez ele será ainda mais glamouroso e sofisticado, totalmente
dedicado à minha arte, terá vários ambientes e um bar onde poderei ter meus momentos de
contemplação fazendo os drinks, aqui constituirei o braço da minha família e será o lugar onde
realizarei os meus desejos assim como consumirei minha menina, o chamarei de Conclave
Melancolia.
Depois de adquirir a casa que foi um processo extremamente rápido, já que paguei um bom
dinheiro, estava devidamente estabelecido na cidade, notei que a Monarca deixava o submundo
livre de sua influência, ela se preocupava somente com empresas, política e sua seita, então
aproveitei sua negligência desse ramo e tomei conta de todo crime da cidade, me tornando o rei
do crime nas sombras, sem revelar quem sou controlei o tráfico de drogas e a venda de armas de
toda a cidade, deleguei poder para alguns e extirpei aqueles que não aceitara, a minha liderança e
tudo foi feito na luz do dia para não chamar a atenção da Monarca.
Assim que me tornei o comandante fantasma do submundo do crime, decidi procurar pela
minha vitima que era o que faltava, Christabel não era muito de usar redes sociais, mas com as
poucas postagens dela e ajuda de Kin, consegui descobrir os locais que ela frequentava e o
horário de suas aulas, fui até a faculdade e procurei por ela, pouco tempo andando pelo campus
senti um aroma muito familiar, aquele cheiro era inconfundível e quando o segui encontrei
minha menina com um grupo de pessoas, minha vontade era ir direto em sua direção e arrancar
ela do meio de todas aquelas pessoas, mas não devo chamar atenção.
Ela conversou por alguns minutos e depois se separou do grupo, a segui até a biblioteca do
campus, não conseguia entrar naquele lugar e tive que esperar um tempo até aparecer outro aluno
da faculdade, aproveitei a oportunidade para convencê-lo a me deixar entrar, do lado de dentro, a
biblioteca estava envolta em silêncio, as estantes de livros altas a cercando pareciam com
guardiões silenciosos. Uma lâmpada de leitura lançava uma luz suave sobre as páginas que ela
estava lendo, criando um ambiente íntimo e acolhedor. O suave sussurro das páginas sendo
viradas ecoava pelo ambiente se tornando uma trilha sonora discreta para o encontro que estava
prestes a acontecer.
Começo a sussurrar seu nome para chamar sua atenção, vejo sua cabeça se levantar e olhar
em volta procurando algo, nossos olhares se encontram, ela está elegantemente vestida, com uma
roupa que acentuava suas curvas, seus cabelos caíam em cascata sobre os ombros. Ela se levanta
e começa a caminhar em minha direção, cada passo se aproxima mais do seu destino inevitável.
— Klaus, é mesmo você? Você está mesmo aqui?
— É claro que estou aqui! Falei que viria te encontrar.
— Eu não consigo acreditar.
Em um gesto bruto seguro sua cintura e a puxo para mais perto, deixo nossos corpos
colados um no outro.
— Agora pode acreditar!
Seu cheiro, sua voz, o calor de seu corpo, tudo naquela mulher me chama, preciso
consumir-la aqui mesmo. Sem conseguir me controlar, começo a acariciar seu corpo, minha mão
agarra sua bunda suculenta me deixando extremamente excitado, minha ereção fica evidente para
ela que se envergonha e olha para os lados.
— Klaus, o que é isso? Não podemos fazer nada aqui, estamos em uma biblioteca.
— Nesse último mês, não consegui pensar em nada além de devorar você. Seja minha
vítima, me peça para possui-la.
Vejo seus olhos acenderem e seu corpo que estava tencionado, relaxa.
— Por favor, senhor Klaus, quero que me foda aqui mesmo e agora, quero ser vítima da
sua luxúria.
Devoro seus lábios com vontade e tiro suas pernas do chão, assim como fiz na cozinha do
meu pub, a encosto em uma das prateleiras e a sinto se entregando completamente aos meus
desejos. Nossas línguas dançam em um ritmo sensual, enquanto suas mãos exploram meus
ombros, costas e braços, acendendo o desejo que havia mantido em segredo por tanto tempo. Nos
entregamos ao desejo, desafiando o silêncio da biblioteca com suspiros abafados de prazer e
gemidos velados de desejo. Os livros ao redor testemunham nosso encontro proibido. Cada
toque, cada beijo, era uma expressão ardente de luxúria se tornando uma promessa de momentos
intensos que ainda estão por vir.
O desejo e o prazer estão no ápice, a seguro firme com um braço e levanto sua blusa e
abocanho seus peitos deliciosos, os gemidos que antes eram velados acabam ecoando pelos
corredores daquela biblioteca, sinto seu corpo estremecer e perder as forças quase de imediato,
com cuidado ajudo minha Chris a descer do meu colo e ficar de pé, vejo suas pernas tremendo
um pouco e entendo seus gemidos descontrolados, o que me faz sorrir.
— Vamos parar por aqui minha Lady, se continuarmos não poderei me controlar.
— Deveria ter se controlado mais cedo. Vou ter que trocar a minha calcinha. — rio da sua
confissão.
— Me desculpe, vou compensar, vamos sair amanhã à noite.
— Não sei.
— Não diga não para mim. Vou te levar em um lugar que acabou de inaugurar e sei que
você vai gostar.
— Onde você pretende me levar?
— Um clube BDSM, sei que tem interesse no assunto, então deixa eu te mostrar minha
arte.
— Você é praticante? Achei que era somente dono do pub.
— Há alguns anos sou um dominador. — acabo deixando uma ênfase na minha frase. —
Deixa eu te mostrar.
— Você tinha a minha curiosidade, mas agora chamou minha atenção.
— Ótimo, amanhã venho te buscar, assim que sua aula terminar. Irei te proporcionar a
noite mais inesquecível da sua vida.
Depois que ela concorda com nosso encontro no dia seguinte, vou embora a deixando com
um olhar de cadelinha abandonada querendo mais. De longe escuto seus batimentos acelerados e
a respiração ofegante, preciso preparar tudo para receber minha presa e finalmente consumi-la
por completo, me deleitando com o doce sabor de seu sangue.
CAPÍTULO 13 – CHRISTABEL
ENTRE O PASSADO E O FUTURO
Era Klaus esse tempo todo? Praticamente corro para casa de tanta euforia. As sensações de
estar sendo observada e perseguida foram causadas por ele. De repente o medo se tornou
excitante, será que fazia parte do seu lado dominador? Já havia lido sobe o primal play[18], o fear
play[19], será que Klaus era adepto a algum deles? Oh céus! Era bom demais para ser verdade,
Klaus é um dominador! Isso significava que o chamaria de Dom Klaus? Subo as escadas para
meu apartamento correndo, largo minhas coisas e me jogo na cama, a umidade entre minhas
pernas comprovam que o que aconteceu na biblioteca foi real, não fruto da minha imaginação.
Uma notificação soa no meu celular e ao pegá-lo abro um sorriso. A mensagem é simples e
direta sobre um anexo, Klaus enviou um contrato para nossa primeira sessão, o que me deixou
mais confiante e ansiosa, abri imediatamente o documento e comecei a ler com atenção cada
linha. Era muito semelhante a um que Sebastian havia me encaminhado um tempo depois do que
aconteceu, entre mim e Santino, o contrato de Klaus falava sobre que nesse primeiro momento
seria sua playpartner e que se eu alcançasse suas expectativas poderia ser que nossa relação se
tornasse uma Ds.
A segunda parte falava sobre ele ser dominador sádico, um apreciador da dor e do prazer
que ela causava. Havia uma lista de práticas que ele era adepto, porém que podiam ser discutidas
antes da sessão se iniciar, a única que não era discutível e que ele não abria mão era o blood play.
Minha pele se arrepiou, pois entre parênteses estava frisado que ela estava relacionada a outras
técnicas como cortes, mordidas e agulhas. Por um momento hesitei, mas então lembrei do básico
e enviei uma mensagem questionando se o blood play podíamos fazer de uma forma leve, se os
cortes poderiam ser feitos de maneira superficial, já que nunca tinha feito algo parecido e sentia
medo de me machucar.
A resposta foi imediata, Klaus disse que não precisava me preocupar que começaríamos
devagar e quando eu menos esperasse estaria implorando para que ele enfiasse sua faca mais
fundo. Como no meu sonho. A excitação pulsou em minha boceta que ainda estava lubrificada
pelo que ele me causou horas atrás. E ao fim do contrato uma parte extremamente importante, a
palavra de segurança: PRATA. Confirmei em seguida com Klaus que por mim estava tudo certo
e que mal esperava em revê-lo e ter uma sessão real com ele. Achei que questionaria o motivo de
ter usado a palavra “real”, mas não o fez. Despedi-me dele e fui escolher a roupa que marcaria o
dia mais importante da minha vida: a minha entrega a Dom Klaus.
Impaciência me define hoje, as horas passam vagarosamente, minha perna chacoalha sem
parar e com o canto do olho vejo Juliano me observar, mais cedo tentou me convidar para sair
mais uma vez e disse que não, que tinha outros planos. Então, resolveu partir para a ignorância e
falar que sabia que não tenho namorado, porque nunca me viu com ninguém. Olá? Algumas
pessoas gostam de privacidade, não curtem ficar postando suas vidas amorosas e muito menos
sexuais em todas as redes sociais. Agora isso é crime? Do outro lado, uma Fernanda com cara de
gol contra, era visto que ela gosta do babaca e ele nem percebe, ela devia é achar outro cara, isso
sim. Quando deu dez horas, juntei meus cadernos e sai em disparada da sala de aula, ouço meu
nome e ao virar para ver quem é, esbarro em alguém.
— Essa pressa toda é de tanta vontade de me dar, Chris? — olho para cima e o sorriso de
Klaus é o suficiente para molhar minhas calcinhas. — Sinto seu cheiro, sua pervertida.
Sou presa em seus braços e sinto sua ereção em minha barriga, ele não tem um pingo de
vergonha naquela cara linda de morrer. Sua mão acaricia meu rosto e mordo os lábios, gemo
baixinho e ele olha para atrás de mim.
— Quem é aquele filho da puta? — olho para a direção que seus olhos estão fixos e vejo
Juliano.
— Um colega de aula. Esquece ele.
— Ele quer comer você. — diz raivoso.
— Querer não é poder, Klaus.
— Nem querer ele pode. — suas palavras tem uma raiva contida, uma possessividade que
nunca presenciei antes. — Se eu o ver olhando outra vez para você, eu vou arrancar os olhos
dele.
— Você não seria capaz disso.
Ele apenas sorri e joga o braço por cima dos meus ombros direcionando-me para a saída do
prédio, digo a ele que preciso passar em casa antes para trocar de roupa, quando pergunta onde
moro, retira do bolso uma chave e aciona o alarme, meus olhos são atraídos para uma Land
Rover Discovery vermelho escuro fosco. A imponência do carro combina muito bem com Klaus
e me deixa desnorteada, tenho um choque em perceber que nossas realidades são diferentes, eu
era apenas uma pobre universitária tentando sobreviver em um pequeno cômodo, com um
estágio que cobria meu crédito estudantil enquanto meu ficante tinha um carro que poderia cobrir
todo o meu custo universitário provavelmente.
Como um cavalheiro abre a porta e me acomodo no acento de couro, em poucos segundos
ele está sentado em frente ao volante dando a partida, acelera e saímos em disparada do campus.
Os vidros tem insulfilm bem escuro, tenho até dificuldade de ver o lado de fora, mas para Klaus
não parece ser um incomodo. As mãos grandes envolvem o volante e minha pele arrepia, preciso
me controlar, mas é impossível, esse homem mexe comigo de uma forma que nunca pensei ser
possível. Em poucos minutos estamos entrando em minha casa, o convido para entrar que sorri
diabolicamente, observa todo o espaço enquanto pego a roupa que já tinha deixado separado.
— Vou me trocar rapidinho.
— Pode se trocar aqui. — ele morde os lábios enquanto me olha com desejo. — Prometo
não encostar em você.
— Tudo bem.
Conforme me troco, ele faz suas observações sobre como é pequeno meu apartamento, o
qual ele corrige para quarto, acabo rindo da sua troca de palavras, falo sobre ser de uma família
humilde e ser o que podemos pagar no momento, não entro em muito em detalhes. Com tudo
pronto, seguimos para nossa noite, conforme seguimos pelas ruas de BH, o carro é tomado pela
excitação, Klaus estaciona em frente a um belo lugar, diria que de primeira classe, olho para ele
que sorri diabolicamente.
— Bem-vinda ao Conclave Melancolia.

O local é bem discreto e central, olho ao redor e percebo que estamos nas redondezas do
Mercado Central, a casa é linda, tem dois andares e um jardim que faz o caminho até a porta,
Klaus anda com sua mão em minhas costas guiando-me, uma pequena varanda ao lado da
entrada principal chama minha atenção e meu olhar sobe ao segundo andar para uma janela
enorme. No portão um interfone, porém ao nos aproximar ouço o som dele sendo aberto, ao nos
aproximar da porta da casa, um homem alto e muito forte com um terno nos recebe.
— Senhor Klaus. Senhorita.
Quando penso em responde-lo sou praticamente jogada para dentro por meu
acompanhante.
— Senhor Klaus. — ele chama mais uma vez e eu olho para trás.
— O que foi, Leonardo?
— Quando o Senhor tiver um momento, precisamos conversar.
— Certo.
Klaus olha para mim e apenas sorri cordialmente, pega minha mão e me arrasta para o bar.
Olho em volta e sou tomada por um sentimento de nostalgia, é quase idêntico a decoração do
Sweet Demon só que em um lugar maior. Tudo é absurdamente lindo e glamouroso com um
toque de realeza, mas sem deixar de lado o clima do BDSM, móveis planejados para sessões e
acessórios nas paredes. Klaus apresenta o lugar dizendo que o primeiro andar é dividido em três
ambientes, por onde passamos era um hall de recepção com poltronas e mesas que incentivam a
conversa entre as pessoas e tem uma iluminação mais clara e branca. Viro-me para dar uma
atenção melhor ao pequeno espaço, mas logo sou atraída pela segunda informação, a esquerda
temos um pub com um grande balcão ao fundo com uma iluminação esverdeada e a direita um
pequeno palco. Toda a decoração foi pensada em sessões, mas de tudo isso o que chamou a
minha atenção foi a escada ao fundo da entrada depois do hall, tem uma escada caracol com uma
placa com as palavras “Área Restrita”.
— O que tem lá em cima? — questiono sem rodeios.
— Ah minha Lady, já está faminta, não é? — ele acaricia meu rosto e segura firme minha
nuca. — Também estou louco para sentir seu corpo em mim, sentir seu sabor, degustar cada
parte do seu corpo, cada gota do seu sangue e te foder como nunca te foderam na vida.
Suas palavras deixaram minha mente entorpecida, eu simplesmente daria para ele nesse
exato momento, na frente de todas essas pessoas e não me importaria nem um pouco, passo
minhas mãos por seus braços e me aproximo dele. Seu olhar é penetrante, um sorriso malicioso
se forma em seu rosto e seu perfume intensificam os sentimentos dentro de mim de uma maneira
conflitante. Preciso ser dele, preciso que ele me consuma, fico nas pontas dos pés e sussurro em
seu ouvido.
— Preciso de você agora. — ele puxa o ar. — Você sente o cheiro da minha excitação,
Dom Klaus?
— Lord Klaus. — ele rodeia minha cintura com um braço e sinto sua outra mão se infiltrar
por baixo da minha saia. — Você parece uma cadela no cio, todos aqui sentem seu cheiro e eu
não estou nem um pouco contente com isso.
— Por que? — seu dedo se infiltra entre os lábios de minha boceta e espalham minha
excitação.
— Você é minha. Ninguém pode se deleitar com seu cheiro, com sua beleza, com seu
prazer, apenas eu.
— Me tome como sua, agora.
Lord Klaus lambe o dedo tomado por minha excitação e me leva para o segundo andar,
tem diversas portas e me conduz para uma que fica ao fim do corredor. Ao entrar fico encantada
com o quarto diante dos meus olhos, tem uma cama enorme com cabeceira e armação de cortinas
entorno dela, parece até mesmo um cenário de filme, em frente da cama tem uma poltrona de
couro preta, o quarto todo era basicamente preto e vermelho com pouca decoração, Klaus me
joga na cama e começa a me acariciar com suas mãos, sabe muito bem como provocar e deixar-
me louca.
Reivindica meus lábios com bastante desejo e começa a me despir, retira minha saia e a
blusa, aprecia ainda mais minhas curvas, demonstra uma adoração pelo meu corpo que eu jamais
senti antes. Meus seios são atacados, sua língua circula os mamilos entumecidos de desejo, ele o
chupa com força e os morde, arrancando gritos e gemidos de dor e prazer de mim. Lord Klaus
parece se deliciar com minhas lamúrias de prazer que aumentam cada vez que sua língua desliza
por eles e seus dentes arranham, meu tesão vai as alturas, meu centro pulsa, minha boceta está
encharcada e quase gozo de tanto prazer.
Ele abandona meus seios e beija meu abdômen e continua descendo para a minha virilha,
começo a abrir levemente as pernas para recebê-lo, ele se deita na cama com o rosto bem na
minha boceta, sinto-o cheirar minha excitação, minha mente fica em branco e o tesão domina
meu corpo, elevo os quadris em busca de sua boca e sem cerimônias ele devora minha boceta
com vontade que chego a gritar de tanto prazer. Fico feliz por ele ter ordenado que não eu não
usasse nenhuma lingerie.
Sinto sua língua percorrer meus lábios subindo e descendo, às vezes a ponta dela me
penetra e arranca alguns gemidos, depois de me umedecer dá atenção ao meu clitóris e como é
gostoso a sensação, estou completamente entregue ao prazer que ele está me dando, ele chupa e
lambe com vontade sem parar, seguro seus cabelos e começo a esfregar minha boceta em sua
cara, sinto suas mãos me agarrarem com força a minha cintura, Klaus começa a grunhir e gemer
me deixando ainda mais excitada, parece um animal devorando sua presa, não aguento e gozo
em seu rosto com força, foi um orgasmo como nunca tive antes, sinto todo o meu corpo sensível
e mole.
— Vamos começar nossa sessão, Chris?
Fico confusa com sua pergunta, olho para ele e franzo a testa.
— Isso não foi nem o começo da sessão, minha Lady. — ele cerra os pulsos no colchão. —
Só um aperitivo por estar te desejando a tanto tempo. Pronta?
— Sim... Lord Klaus.
— Ótimo.
Em um movimento rápido me coloca de bruças e me dá um tapa na bunda, em seguida
sinto o colchão se movimentar e seu peso sobre mim, meus pulsos são puxados para trás e meu
corpo tensiona. Meus pulsos são presos por algemas frias de inox, enquanto uma das mãos
seguram as algemas, a outra mão segura meus cabelos pela base da nuca, meu rosto é virado um
pouco e sua voz surge em meu ouvido.
— Vou cuidar de você, não se preocupe.
Aquelas palavras me congelam, começo a me debater, a chorar e em poucos segundos,
meus pulsos estão livres, engatinho o mais rápido para a cabeceira da cama e fico encolhida,
Lord Klaus me observa de longe, não se aproxima, apenas me olha. Minha respiração está
descompassada, os flashes daquela noite tomam minha mente e as lágrimas escorrem por meu
rosto. Aos poucos o que parecia uma calmaria no rosto de Lord Klaus começa a se tornar fúria. O
que eu fiz? Por que ele está furioso? E a frase que eu jamais pensei que ouviria, sai de seus
lábios.
— Quem fez isso com você?
CAPÍTULO 14 – KLAUS
TORMENTA PRECIPITADA
Não posso aceitar o que aconteceu ontem, meu brinquedo está danificado e não consigo
brincar com ele nesse estado, vou caçar quem fez isso e faze-lo se arrepender do dia que cruzou o
caminho da minha Chris. Tentei fazê-la falar o que aconteceu, mas ela se recusou, disse que era
passado e queria esquecer. Por conta disso, tomei medidas drásticas e mandeí Kin hackear a vida
da minha Lady e descobrir tudo sobre sua vida, em algum momento vou encontrar alguma coisa
que a deixou traumatizada. Depois de uma busca minuciosa, Kin me falou de um perfil
desativado da minha Christabel onde trocou mensagens com um tal Dom Santino, mas o perfil
dele era fake criado com um e-mail temporário e sem nenhum rastro digital, mas posso criar uma
situação onde posso atrai-lo.
Tive a ideia de pegar as afiliadas mais atraentes e construir perfis de submissas, aproveitei
tanto para atrair Santino como novos clientes para o conclave, fizemos sessões em grupo
registrando sessões em vídeos e algumas fotos para serem postadas nas mídias sociais, criando
uma repercussão no meio e chegar até o verme que danificou minha Lady. Preciso o atrair até o
meu domínio e para manter minha Chris em segurança, coloquei algumas pessoas para vigiá-la e
protege-la.
Com a popularidade do Melancolia crescendo e minha influência no submundo
consolidada, me tornei um verdadeiro incomodo para Morgana que começou a esbarrar em
problemas, já que vários políticos e empresários corruptos estão envolvidos com milicias e
traficantes para concluírem seus projetos ou captar voto do povo, mas essas pessoas são
controladas por mim.
Ao cair da noite um homem alto e forte veio até meu conclave com um ar de superioridade
e em seu olhar é nítido o desdenho com o ambiente em que está. Caminhou até o balcão, onde
estou preparando alguns drinks.
— Você é o Klaus?
— Depende de quem pergunta.
— Se ponha no seu lugar exilado imundo, sou Damien, um dos subordinados da Monarca
desse território e estou aqui para dar uma mensagem.
— Me pôr no meu lugar? Acho que você não faz ideia de quem sou ou onde você está se
metendo. — mantenho meu olho no dele sem me intimidar. — Não adore a pílula, você não
passa de um garoto de recados.
Aquele brutamontes sem nenhum controle soca meu balcão com força fazendo ele quebrar.
— Escuta aqui seu desgraçado eu poderia acabar com você aqui mesmo, na frente de todos
esses puxa sacos seus.
— Engraçado você pensar assim, porque todos aqui são parte da minha família e apesar de
não sermos muitos, três dos meus seguranças estão armados com munição de madeira, acho que
você não conseguiria esquivar das balas e ainda acabar comigo então saia da minha casa e fale
para sua preciosa chefe que por sua culpa, não vou ficar quieto na minha.
Depois de me dar um olhar de ódio Damien sai do meu conclave espumando de raiva
deixando claro que esse não será nosso último encontro. Mesmo tendo meu anel como uma
enorme vantagem ainda não tenho os recursos suficientes para um confronto direto com a
Morgana, então preciso criar algumas alianças. Durante minha busca encontrei um bordel onde
vários seres vivenciavam suas fantasias e desejos, algo que para alguns era simplesmente
inconcebível como um vampiro ter uma relação com um lobisomem ou uma banshee, nesse local
era possível.

O dono do lugar era um vampiro chamado Erik que criou a casa para trabalhar sua ambição
de ter um harém com várias raças, ele é como um colecionador de espécies, para mim, sua
ambição era um verdadeiro deleite e merecia ser cultivada, vou ao bordel para trazer ele para o
meu lado. A casa fica em um bairro distante do centro em um mirante que proporcionava uma
vista de quase toda a cidade. Quando sou convidado a entrar por uma linda recepcionista,
vestindo apenas uma camisola transparente, me deparo com um ambiente de pura luxúria, o lugar
era extremamente luxuoso com um salão de festa e vários ambientes diferentes para atender
todos os tipos de fetiches, tinha até mesmo uma área BDSM muito bem equipada.
Ao ver o clima do lugar fico imaginando trazer Chris para experimentarmos todos os
prazeres que a casa pode nos proporcionar, a maioria das mulheres que trabalham na casa são
Banshees, criaturas que consomem a vida dos mortais e atraem suas vítimas com um canto
maravilhoso. Elas podem assumir a aparência que desejam, já que sua forma verdadeira é a de
uma mulher alta e extremamente magra com braços longos e uma boca alongada. Depois de me
deleitar com aquele clima sou chamado até o escritório de Erik e ao entrar vejo um homem
sentado em uma poltrona, sua presença é imponente e chama muito a atenção.
— Você é o tão falado Erik?
— Deus não, eu sou Ethan sócio da casa.
— Prazer em conhecê-lo, Ethan, meu nome é...
— Klaus, eu sei. Você está bem famoso nas ruas.
— Estou?
— O famoso rei do crime que controla tudo das sombras. Você não é o único com uma
excelente rede de informações, mas confesso que você me passou para trás. Estava prestes a
tomar esse terreno para mim.
— Sinto muito por ser mais esperto e preparado. — ele gargalha.
— Não sinta. Estava ocupado controlando todos os arredores do centro e as comunidades
que a cidade tem, esse território é muito grande e você só controla uma pequena fração dele.
Nesse momento um homem entra na sala arrumando um cabelo despenteado e
desamarrotando a roupa com as mãos.
— Senhor Klaus, vejo que conheceu meu sócio nada silencioso. — ele vem até mim e
estende a mão. — Sou Erik, dono desse estabelecimento, prazer em conhecê-lo.
— O prazer é todo meu, e já quero parabenizar seu estabelecimento, a ideia é realmente
muito boa e a execução foi sublime.
— Obrigado pela admiração do meu trabalho. Então, vamos aos negócios, você veio aqui
querendo algo de mim, certo? — ele faz sinal para que eu sente a poltrona ao lado de Ethan e ele
toma a posição e pé encostado a mesa.
— Certo, quero que seja meu aliado em uma briga que estou prestes a começar com a
Monarca.
Vejo Ethan se ajeitar na poltrona mostrando interesse.
— Entrar em conflito com a Monarca é algo muito sério e perigoso, você quer mesmo
comprar essa briga?
— Eu não comecei isso, mas não vou deixá-la impedir minha ambição.
Ethan entra na conversa.
— E como você pretende enfrentar a Monarca?
— Não tenho vontade de ter combates diretamente com ela e seus aliados, quero
demonstrar poder e recursos para suprimir suas ações.
— Esse foi o motivo para tomar o poder das ruas? — Ethan se mostra muito mais
interessado do que Erik.
— Não tinha intenções de criar essa briga e só tomei as ruas porque precisava de recursos e
contatos aqui para conseguir alcançar meu objetivo.
— E qual seria ele? — olho desconfiado para o sócio de Erik.
— Isso não interessa, só importa para mim e mais ninguém.
Erik entra na conversa.
— Lutar com a Monarca é cortejar a morte e só sua influência nas ruas não chega a ser
sequer uma ameaça para ela.
— Tenho recursos e uma rede de informações enorme, sem falar que um dos meus aliados
é um extraordinário hacker e isso é uma enorme vantagem.
— Mas você ainda tem contato com esses recursos mesmo fugindo do Sul depois de ser
exilado? — Erik questiona.
— Suas informações estão muito erradas, eu não fugi do Sul, assumi aquele território que
está sob meu controle desde que matei a família mais poderosa e influente que servia ao Monarca
do sul, que por acaso eu também tirei de circulação e agora sou o dono de seus recursos e
territórios.
Vejo o rosto de Erik ficar espantado com o que falei e Ethan abre um sorriso maligno
mostrando um enorme interesse na minha pessoa, o clima da conversa muda completamente e
Erik me questiona.
— E o que você tem para me oferecer?
— Quero ajudar você a cultivar sua ambição e deixar você cultivar mais a ideia da sua
casa. Acredito que está sendo podado pela Monarca que não deve gostar da ideia de relações
entre raças diferentes.
Ethan fica alterado e gesticulando em euforia.
— Isso é magnifico! Poderemos expandir e proporcionar experiências inimagináveis para
todos.
— Mas o que você tem a acrescentar para tudo isso? — o questiono intrigado com sua
atitude.
— Como já disse, além de ser o dono das comunidades em volta de toda a cidade, sou o
líder da minha matilha, o alpha se preferir.
— Ethan é um lycan e líder dos lobisomens que dominam as favelas e algumas cidades
menores que são distritos de Belo Horizonte.
Quando Erik me explica quem aquela pessoa é fico em completo êxtase.
— Isso é maravilhoso, ter os lobisomens do meu lado é toda a munição que preciso para
subjugar a Monarca.
— Mas não vou ajudar pela bondade do meu coração, é claro que quero algo em troca. —
claro que Ethan irá querer algo mais.
— O que seria?
— Acesso as ruas do centro que você controla, quero inserir minhas influências em toda
grande BH, o que me diz?
— Não tenho nenhuma intenção de ser o Monarca daqui, podemos fazer uma aliança
benéfica e bem lucrativa para ambos.
Continuamos as negociações por um tempo e definimos que trabalharemos juntos, Erik
será um intermediário entre nós e as banshee que trabalham em seu bordel, enquanto eu e Ethan
dividiremos a influência nas ruas e compartilharemos os lucros que a cidade nos proporcionasse.
Com tudo acertado eu tinha poder suficiente para sobrepujar a Morgana e agora só preciso
espalhar as minhas conexões para que ela me chame para uma negociação.
Volto para o Melancolia e passo o resto da noite servindo drinks no balcão. Alguns dias se
passam e mantenho contato diário com Chris que ainda anda meio estranha, verifico com meus
subordinados se algo de diferente aconteceu e eles não tem nada a relatar, olho com as meninas
sobre o tal Santino nas redes sociais, mas nenhum contato foi feito com elas, sinto a sede
crescendo e aproveito para chama-las para uma nova sessão para que tenhamos mais materiais
para postar e eu possa me alimentar.
As três meninas que escolhi como isca são maravilhosas e excelentes parthners, elas fazem
parte do meu rebanho particular que uso para me alimentar, nenhuma delas chega sequer aos pês
da minha Christabel, mas preciso de sangue e estou extremamente frustrado por não conseguir
consumir minha escolhida. As meninas entram no meu quarto vestindo espartilhos e mostrando
seus corpos sensuais que só aumenta a minha sede, estou sentado na minha poltrona e elas vem e
se sentam aos meus pés, um sentimento estranho começa a tomar meu corpo, uma sensação de
que estou fazendo algo errado e isso me incomoda muito.
Percebo que se tiver uma sessão com essas mulheres estarei traindo a minha arte, eu já
escolhi quem eu quero e não posso aceitar alguém que não seja ela, essas mulheres não são a
minha Christabel e não posso ter uma sessão com elas, a minha dominação é exclusivamente
para a mulher que eu escolhi como minha. Falo com as meninas que não teríamos mais a sessão,
elas ficam decepcionadas, mas não insistem, apenas tiro mais fotos para usar como chamariz
para o desgraçado do Santino.
Peço que elas se retirem do quarto, mas solicito que uma delas fique comigo para que
pudesse me alimentar de seu sangue, meu rebanho agora só saciará minha sede, todo meu desejo
e luxúria serão voltados apenas para minha Lady. Depois de satisfeito, uso meu charme para
fazê-la esquecer o que acabei de fazer, meus afiliados não sabem o que sou e não deixo ninguém
se aproximar o suficiente para descobrir.
Passo o resto do dia seguindo minha menina para ter certeza que ela está em segurança, ao
fim do dia começo a sentir os efeitos da exposição prolongada ao sol, sinto meu corpo ficando
fraco e um mal estar se instala em mim, preciso voltar ao Melancolia para descansar, o
movimento está bem fraco por ser meio da semana, então vou direto para o quarto e me deito em
minha cama. Não sei quanto tempo se passou desde que apaguei, mas algo me faz acordar e
quando abro os olhos vejo uma silhueta com uma estaca de madeira na mão bem em cima de
mim.
Quando a estaca vem direto para meu peito, por reflexo seguro suas mãos e giro meu corpo
jogando a pessoa para o chão. Levanto para ver onde está meu agressor, mas não vejo ninguém,
de repente sinto uma lâmina cortando meu braço e ao me virar vejo uma mulher com longos
cabelos negros e usando uma roupa de couro preto, parece uma motoqueira, ela vem para cima
de mim com voracidade e começamos a lutar, ela se mostra muito habilidosa e tem uma força
extraordinária, mas não o suficiente para me derrotar, consigo bloquear alguns de seus golpes e
acabo recebendo alguns socos e chutes, depois de um tempo sinto que meu corpo ainda não tinha
se recuperado da exposição ao sol.
Assim que abaixo a guarda minha agressora me ataca com a estaca de madeira em sua mão
e para não ser atingido no peito, viro meu corpo de lado, a estaca crava em meu braço, sentindo
que estava em desvantagem rapidamente puxo à estaca, mas como a ferida foi feita por madeira
vai demorar para conseguir recuperar, com o braço bom puxo a faca da fivela do meu cinto e me
preparo para atacar, assim que lanço a faca na direção da mulher, ela se desvia e me jogo na
cama para alcançar a arma que deixo debaixo do travesseiro, ao levantar e apontar a arma vejo
que minha agressora foi embora.
Devo ter cutucado a ferida de alguém e não confio em ninguém, vou seguir com extrema
cautela as alianças que estou fazendo e também tenho que redobrar o cuidado que tenho com
meus inimigos. Essa assassina pode ter sido enviada pela Monarca, mas também pode ser obra
de Erik ou Ethan que me veem como alguém perigoso. Mais uma vez estão me subestimando e
tentando me impedir de conseguir alcançar meus objetivos, talvez o Carrasco deva se mostrar
novamente.
CAPÍTULO 15 – CHRISTABEL
O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA
Um ódio estava tomando o meu corpo, não estava me reconhecendo e sabia muito bem o
motivo, ele tinha nome: Santino. Esse filha da puta não me deixa em paz, suas lembranças estão
empacando a minha vida, mais uma vez tenho que lidar com as marcas que ele deixou em mim
naquela noite. Sinto que nem mesmo a forte conexão que acreditava ter ao lado de Klaus era o
suficiente para me deixar longe desse pesadelo. Não dei detalhes do que realmente aconteceu e
não pretendia, queria ficar o mais distante possível de tudo que me lembrasse aquela noite. Será
que um dia serei capaz de ter uma sessão algemada? Respiro fundo e pego minhas coisas para
mais um dia.
A cada passo dado sentia-me... observada, como se um psicopata estive espreitado sua
presa, olho para todos os lados em busca de sua figura, mas não vejo nada, continuo meu
caminho, mas a sensação fica cada vez mais forte, tão forte que sinto falta de ar. Sobrevivo a
tarde em meio a reuniões e mais criações publicitárias, sigo direto para a faculdade como sempre
e sou abordada por Juliano, sem paciência para ninguém, tento me desvencilhar dele, mas não
tenho sucesso.
— Oi, Chris.
— Oi.
— Tudo bem? — pergunta preocupado e segura meu braço, em reflexo puxo de volta.
— Tô bem. Só cansada, não dormi bem nos últimos dias.
— Você tá usando drogas?
Olho para Juliano indignada com sua pergunta, como assim? Como me questiona sobre
algo horrível simplesmente do nada e sem base alguma? Quem ele pensa que é?
— Como é que é? — espumo pela boca e olha bem no fundo dos seus olhos. — Qual a
porra do seu problema?
— Você está estranha, só tem o que.... três, cinco dias que aquele cara apareceu e você tá
diferente, nem fala direito comigo.
— O teu problema é eu não ter aceito sair com você, esse é o problema.
Apenas saio, não tenho paciência para dramas juvenis, assisto as aulas no automático, não
registro nada em minha mente, é a primeira vez que nem mesmo o cinema é capaz de me salvar
de meus demônios. Dou graças quando a aula termina e sigo para casa. O pesadelo se instaura
quando sinto um arrepio em minha espinha, ao virar-me para trás vejo Santino me seguindo, não
penso duas vezes e começo a correr, não ouso olhar para trás, coração acelerado e a respiração
arfante começam a me impedir de correr mais rápido, mas não é necessário, pois avisto o prédio
que vivo e entro imediatamente.
Tento recuperar o fôlego enquanto ligo para Lord Klaus que atende na terceira chamada,
tento falar, mas as palavras não surgem, ele me pede calma, ordena que eu respire fundo e
explique o que aconteceu. Relato que nos últimos dias havia me sentido perseguida e que quando
o vi na biblioteca, suspeitei que era ele desde o início, após nosso reencontro, a sensação
continuou em alguns dias e relaxei por supor que era Lord Klaus a me perseguir por fazer parte
de nosso jogo e o medo desencadeou uma excitação, mas hoje eu tive a confirmação que sempre
foi Santino e que não passou de uma coincidência nosso encontro na biblioteca. Confesso que
estou cansada de fugir e desejo poder viver minha vida em paz, longe das sombras do meu
passado e poder finalmente me entregar aos meus desejos carnais.

Uma batida forte na porta me dá um susto, tremendo a passos leves vou me aproximando.
Outra batida e me encolho. Merda! Quando chego perto da porta, escuto uma voz familiar.
— Abre logo, Chris ou eu arrebento essa porta.
Rapidamente abro a porta e me jogo nos braços de Lord Klaus, ele me pega no colo e
entrelaço minhas pernas em sua cintura, com um pontapé ele fecha porta e senta na minha cama.
Roço meu nariz em sua pele em busca do seu cheiro, suas mãos acariciam minhas costas e sinto
uma calmaria tomar meu corpo, não sei por quanto tempo ficamos assim. Apesar dos
acontecimentos meu corpo parece ignorar meus traumas quando estou com ele e começo a ficar
excitada, a mão que sobe e desce começa a subir mais e para em minha nuca, em um agarre forte,
Lord Klaus me afasta e toma meus lábios. O beijo é esfomeado e cheio de segundas intenções.
Nossa relação era uma queima rápida, era como se soubéssemos desde o primeiro olhar
que nos entregaríamos um ao outro independente do que tivesse acontecido em nossos passados.
Eu não sabia absolutamente nada sobre esse homem que me consumia toda maldita vez que
ficava diante de mim, a única informação que eu tinha era sobre seu pub em Porto Alegre e agora
que estava aqui, ele não precisa dizer, porque era nítido que ele era o dono do Conclave
Melancolia e aquele lugar tinha uma aura diferente de todos os outros lugares, a mesa aura do
Sweet Demon. Preciso descobrir mais sobre ele, passo as mãos em seu peito, o afasto de mim e
sorrio.
— Você é dono do Sweet Demon e do Conclave Melancolia.
— Você já respondeu sua pergunta. — ele tenta voltar a me beijar e o impeço. — Está me
negando você?
— Só um pouquinho.
— Não deveria.
— Só quero saber mais sobre você, Lord Klaus.
— Saiba que jamais te machucarei, mas não posso garantir o mesmo sobre as pessoas que
podem vir a te prejudicar ou desejar. — o sorriso sarcástico e diabólico se misturam.
— Sério? — mordo os lábios imaginando o que ele faria.
— Você é uma coisinha curiosa, não é?
— O que você faria? — o provoco.
— Não queira saber. — acaricia meus cabelos.
O clima é cortado com meu estômago roncando, em segundos Lord Klaus está com o
celular em mãos perguntando o que quero comer, sem pestanejar peço minha pizza favorita no
Mama Maggioni, de pão de alho e um suco de laranja. Enquanto esperamos a comida chegar, ele
caminha pelo pequeno espaço como se buscasse por algo, olha para fora e se debruça no batente
como se quisesse se certificar de estar cobrindo todo o território. Lord Klaus é um homem alto,
muito alto e toda vez que nos encontramos fico assustada com nossa diferença de altura.
A sua presença pode ser sim interpretada como ameaçadora para alguns, as tatuagens
intimidantes pelo pescoço e algumas pequenas pelo rosto, o deixavam com um ar sombrio e
perigoso. As sobrancelhas grossas e volta e meia eram arqueadas dando um tom de zombaria,
sarcasmo e até mesmo intimidação dependendo o que ele desejava enfatizar. As mãos eram
tatuadas e nos nódulos dos dedos cruzes que me deixaram intrigadas. Ele transmitia toda a vibe
do moreno misterioso, possessivo e sarcástico que eu sonhava. Não demora para ele começar a
fuçar meus livros e tirar alguns da prateleira.
— Tá fazendo o que?
— Pelo visto temos uma aficionada por vampiros.
Em suas mãos alguns livros da minha coleção, um por um é colocado de forma respeitosa
ao meu lado na cama.
— Vampiro Lestat e Rainha dos Condenados não são os únicos Anne Rice que vi em sua
estante.
— Uma das minhas favoritas e que me introduziu ao mundo vampiresco. — sorrio
relembrando as primeiras leituras.
— Um clássico, Drácula de Bram Stoker. — ele se senta ao meu lado e folheia a minha
primorosa edição da Darkside Books.
— Uma belíssima história e eu ainda ganhei uma estaca quando a comprei. — Klaus me
olha com espanto e desdenho por eu possuir um objeto tão peculiar.
— Esse eu desconheço. — me mostra a capa de Vampiro, a Máscara.
— Minha maior obsessão. É um jogo onde as pessoas interpretam vampiros, o livro trás
um pouco da mitologia do mundo dos vampiros, das raças e os jogadores criam seu personagem.
A partir desse jogo, comecei a me aprofundar nesse mundo e... — rio baixinho e mordo os
lábios.
— E?
— E até mesmo desejar que fosse real.
— Real?
— Sim. Eu desejei que a fantasia do jogo fosse realmente algo real, que fosse possível
encontrar um vampiro e descobrir esse mundo que está ocultado pelas sombras.
— Por que desejou isso? Não acha que seria uma maldição? — sorrio com seu incentivo
enquanto ele folheia o livro.
— Maldição? Você acha realmente que eu pensaria que ter a imortalidade seria uma
maldição? Passei dias e noites sonhando em descobrir a vida eterna, sei que ninguém deseja
morrer, mas é tão injusto, Lord Klaus.
— Por que a morte é injusta, Chris? — sua voz não transmite nenhum sentimento. — Tem
tantas pessoas que merecem morrer diariamente pelo que fizeram e ainda fazem.
— Eu sei, mas é injusto com pessoas como eu. O mundo é tão grande, há tanta coisa pra se
ver, tanto pra se viver e tão pouco tempo. Viver nas fantasias dos filmes e livros me ajudam a
suportar essa vida medíocre que tenho. Me ajudam a suportar algo que sei que não irei alcançar.
— mordo os lábios com força impedindo as lágrimas. — É tolo, é infantil uma mulher como eu
pensar dessa forma? Para muitas pessoas é, mas o que elas não sabem é que só estou viva por
causa dessas fantasias.
Escuto um barulho alto que chama minha atenção e olho para Klaus, vejo que fechou o
livro e o ouço sussurrando.
— Algumas coisas nesse livro estão certas.
— O que você disse? — Klaus me olha e dá um sorriso malicioso.
— Não acho tolo e nem infantil, até mesmo eu em uma época muito distante sonhei com a
vida eterna, mas você precisa entender uma coisa. Ser imortal é uma maldição, você verá todos
seus entes queridos morrerem, sentirá medo em criar novos laços porque saberá que eles partirão
e em algum momento da sua existência, cansará de estar viva e desejará o doce abraço da morte.
Porém, os imortais não tem o direito de ceifar a própria existência.
Confusa e perplexa com sua fala fico olhando para ele que segue falando.
— Somos movidos por nossas ambições.
— Somos? Por que está falando desse jeito? Está zombando de mim? — levanto da cama.
— Desse jeito até parece que você é um... — antes que eu encerre a frase ele me interrompe.
— Vampiro.
O interfone toca e eu levo um susto, começo a rir e Lord Klaus apenas sai para abrir.
Quando menos espero ele retorna acompanhado do entregador.
— Esqueci a carteira. — enquanto pega a carteira retiro a pizza das mãos do entregador.
Quando saio de perto para Klaus dar o dinheiro ao entregador, ouço um grito, ao me virar
vejo uma cena que não jamais irei esquecer. Lord Klaus está segurando a cabeça do garoto
enquanto morde seu pescoço, fico em choque assistindo sem saber o que pensar, poucos
segundos depois ele solta o pescoço e passa a língua sobre os furos que desaparecem em seguida.
Lord Klaus o segura pelos ombros e olha bem no fundo dos seus olhos.
— Esqueça o que acabou de acontecer. Você só entregou a pizza e recebeu o dinheiro.
O entregador simplesmente sai como se nada tivesse acontecido e Lord Klaus fecha a
porta. Olha para mim e limpa o resquício de sangue da boca e sorri.
— Essa é a verdadeira face de um assassino, Chris.

A euforia toma meu corpo por completo e começo a questionar Lord Klaus sem parar, no
momento que abro a pizza e pego uma fatia noto meu vacilo.
— Meus deuses, eu pedi pizza com alho. — ele gargalha. — Por que você está rindo? Vou
jogar uma fatia na sua cara.
— Calma, não fique brava, estou rindo por causa da sua reação. Não tenho nenhum
problema com alho, isso é coisa de filmes e histórias.
— Entendi, então se você comer alho não acontece nada?
— Na verdade nós temos uma espécie de reação alérgica a qualquer alimento humano.
— E o que aconteces?
— Se comermos alimentos humanos nosso corpo o expeli violentamente junto com muito
sangue, o que causa muito mal e faz com que precisemos nos alimentar de sague.
— Como em “O que fazemos nas Sombras”, um ponto pro cinema. — ele ri com minha
referência. — Você bebe somente sangue de humanos ou animais também? Tipo ratos?
— Podemos nos alimentar de sangue animal, mas o gosto é muito nojento e asqueroso,
quase intragável e também não é suficiente para saciar completamente, nós precisamos de sangue
humano.
— Aquele dia no pub... quando cortei meu dedo...
— O cheiro do seu sangue é irresistível para mim, assim que ele tomou o ar precisei ir ao
seu encontro e provar.
— Foi tão pouco.
— Sim, mas o suficiente para viciar-me.
— Sempre é assim? As pessoas se cortam e o cheiro o deixa sedento para provar? — sim,
eu estou com ciúmes dele querer beber sangue de outras pessoas, especialmente de outras
mulheres.
— Não, não é comum. E se não fosse seu amigo, eu teria cravado minhas presas em seu
lindo pescoço. — ele passa o dedo indicador sobre minha veia pulsante. — Degustaria seu
sangue e provavelmente perderia o controle, seu sangue tem um sabor doce e um cheiro
inebriante que me deixa arrebatado.
— Existem outros como você?
— Sim, há outros vampiros por aí, diferentes raças, mas atualmente somos poucos e nos
mantemos longe dos olhos humanos controlando a sociedade através das sombras. E acredite, eu
sou único.
Por horas conversamos sobre os mitos e as verdades sobre os vampiros, eu estava
abismada em descobrir que estava diante de um vampiro e que ele me desejava. A vida
extraordinária, completamente fora do comum estava se apresentando a mim em um formato
nada convencional. Lord Klaus aproveitou e contou como conheceu o BDSM e porque o
escolheu como uma forma de manter-se alimentado, segundo sua arte e filosofia o sangue
deveria lhe ser ofertado de bom grado, pois o sabor se intensifica, enquanto tomado a força se
torna amargo. Questionei-o sobre sua veia sádica e um grande sorriso estampou seu rosto, não
era preciso dizer nada, seu sadismo não era algo exclusivo no BDSM, algo me dizia que era
muito mais profundo. Por mais que eu seja uma iniciante, sentia que tudo o que passei nos
últimos meses foi necessário para chegar nesse momento e mal podia esperar para finalmente
entregar-me ao meu belo vampiro sádico.
CAPÍTULO 16 – KLAUS
NO LIMIAR DO CONFLITO
Apesar de toda turbulência que tenho passado nos últimos dias tive um excelente momento
de calmaria com minha Christabel, depois de ser traído e enganado decidi nunca mais deixar
alguém se aproximar de mim, minha Lady é a primeira pessoa que deixo me conhecer e com
quem eu realmente me importo, farei tudo para tê-la só para mim. Não imaginava que quando ela
descobrisse o que eu era iria aceitar tão facilmente toda informação, mas como ela sempre viveu
no mundo dos sonhos e desejava uma experiência extraordinária, acredito verdadeiramente que
ela ficou feliz de descobrir os segredos do mundo.
Com o passar dos dias via minha Lady cada vez mais empolgada e curiosa com o mundo
por detrás do véu, contei para ela sobre o bordel do Erik o que a deixou extremamente curiosa
com o lugar e desejando conhecer, discutimos sobre um dia fazer uma visita para ver as atrações.
Sinto que estou em um momento de tranquilidade, mas pressinto a tempestade chegando, algo
está me incomodando, não sei exatamente o que pode ser, mas uma tormenta está se
aproximando. Chris me mandou uma mensagem eufórica dizendo que a produtora onde trabalha
foi chamada para produzir uma série de propagandas e ela poderia ser a diretora e roteirista.
Fiquei feliz por essa notícia e combinamos de nos encontrar para comemorar sua conquista
e o reconhecimento de seu talento, em paralelo comecei a trabalhar com Ethan expandindo
alguns de meus negócios e passando outros para serem responsabilidade dele, ficou combinado
que eu controlaria as propinas e milicias, garantindo que os outros negócios possam acontecer
sem problemas, com isso alguns lobisomens se estabeleceram no centro da capital. Meus planos
para conter as investidas da Monarca estavam concretizados, agora era só esperar ela me
convidar para conversarmos e enquanto esperava algo acontecer tive algumas notícias do Kin.

Kin: Mestre Klaus, tenho notícias do homem que mandou eu investigar.


Klaus: Você sabe o paradeiro do Santino?
Kin: Uma das meninas que você usou como isca, teve contato com o perfil dele, ela
recebeu fotos dele e tendo um rosto consegui descobrir quem ele é.
Klaus: Me fale tudo que descobriu.
Kin: Seu nome é Ricardo Santino, um gerente de loja de eletro eletrônicos, pediu
transferência para uma filial da loja em Belo Horizonte a pouco mais de duas semanas, alugou
um apartamento no bairro Floresta e tem alguns usos do seu cartão de crédito em comércios
perto de uma faculdade.
Klaus: Muito obrigado, Kin, você realmente é uma enorme vantagem.
Kin: Só tenho a agradecer ao mestre por me proporcionar a vida confortável que tenho
hoje.
Agora sei onde o desgraçado que deixou uma cicatriz na minha Chris está ao meu alcance,
antes que posa decidir fazer alguma coisa recebo uma ligação da assistente da Monarca me
chamando para uma reunião. Minha cabeça fica a milhão sem saber o que devo priorizar, mas
respiro fundo e entendo que o desgraçado não sabe que estou no seu rastro e não vai desaparecer,
então tenho que encontrar a Morgana e encerrar essa briguinha irritante.
Ao cair da noite me dirijo até o templo para me reunir com a Monarca, quando chego na
ante sala do escritório dela vejo Erik o que me deixou espantado. O que ele estaria fazendo aqui?
A Monarca descobriu nossa aliança? Nesse instante Damien entra na sala.
— Ora, ora, ora, se não é o arrogante exilado — aquele brutamontes fala com um tom de
superioridade em sua voz.
— Não sabia que o garoto de recados iria participar da conversa dos adultos.
— Não quero conversar, na verdade eu quero é te partir ao meio.
— Estou bem aqui não precisa passar vontade.
— Seu desgraçado insolente!
Vejo aquela montanha de músculos e burrice avançar em minha direção, a cada passo o
chão parece tremer, mas antes dele me alcançar uma voz forte e poderosa o para.
— JÁ CHEGA!
Ao olhar para porta vejo Morgana na porta do escritório usando um vestido de gala
azulado com brilhantes que parecem o céu em uma noite estrelada.
— Essas brigas não ajudam na nossa situação atual, precisamos nos coordenar e saber
como vamos prosseguir. Vamos, todos entrem no meu escritório.
Quando entramos a Monarca se senta em sua mesa, me sento na poltrona a esquerda da
sala. Vejo um outro alguém sentado em uma mesa ao fundo, seu rosto está atrás de um monitor e
não consigo identificar quem é, mas sinto um cheiro muito familiar, Morgana começa a falar
chamando minha atenção.
— Reuni vocês aqui porque estamos com sérios problemas. O senhor Klaus veio até meus
domínios e começou a causar problemas, acabamos entrando em conflito devido a sua insolência
e falta de respeito, mas isso precisa acabar.
O brutamontes com uma fala arrogante interrompe a Monarca.
— Por que estamos perdendo tempo conversando com um lixo como ele, tudo que
precisamos fazer é matá-lo!
— Damien não me interrompa novamente. — com fúria em suas palavras ela o cala.
— Isso mesmo garoto de recados, já falei para não se meter na conversa dos adultos. — o
provoco ainda mais.
Fica nítido a fúria em seus olhos, mas ele se contém na frente de sua mestra que já está
descontente com suas atitudes, Morgana novamente toma a frente da conversa.
— Klaus, você me causou muita dor de cabeça e até mesmo tentou recrutar um membro da
minha família para o seu lado.
Olho para Erik que continua parado sem reações, sinto uma pontada em minha cabeça
assim como quando descobri a traição de Saulo, não existe a possibilidade de confiar em alguém,
todos são traidores. Nesse momento sinto que minha posição estava ameaçada, o plano original
era escutar as ameaças vazias da Monarca e depois me vangloriar dos meus trunfos.
— Parece que fui enganado, não esperava ser pego de calças justas dessa forma.
— Klaus entenda que eu tinha um dever a cumprir com a minha mestra. — Erik se justifica
olhando para mim. — O que estou fazendo aqui hoje é em prol da minha ambição e por isso me
pronuncio como seu aliado.
Vejo a cara de espanto no rosto de Morgana desacreditando completamente nas palavras
que acabou de ouvir, Damien se levanta enfurecido e apontando o dedo na cara do Erik.
— Seu traidor desgraçado, como se atreve a ficar do lado desse exilado?
— Todos somos movidos por nossas ambições e as minhas estão alinhadas com os
objetivos do senhor Klaus, nada além disso.
Com um brilho avermelhado em um olhar sanguinário Damien avança em direção de Erik
pronto para arrancar sua cabeça, mas assim que ele passa por mim, o domino jogando aquela
enorme massa de músculos no chão e com um movimento rápido quebro seu braço, o grito de
dor ecoa pelo escritório fazendo a pessoa ao fundo da sala se levantar e vejo que é minha
Christabel.
— O QUE CARALHOS ELA ESTÁ FAZENDO AQUI? — pergunto completamente
tomado por uma raiva insana.
— Ela é a mais nova contratada do meu templo, vai fazer a campanha de publicidade para
atrair novos adeptos. — fala com uma arrogância em sua voz que faz meu sangue ferver.
— É melhor você deixar ela ir embora antes que eu perca completamente meu decoro.
— Klaus, no momento você não está em posição de exigir nada, então por favor, fique
quieto e apenas escute. — seu tom arrogante faz com que eu saia do meu eixo.
— Eu não sei porque acha que está em uma posição de vantagem, mas deixa eu explicar
novamente algumas coisas, sozinho eu aniquilei duas famílias inteiras no sul e dominei todos os
seu territórios, agora me instalei no seu domínio e em pouco mais de um mês já domino as ruas e
me tornei uma preocupação para você. Agora um de seus braços direitos mudou de lado e não sei
se ele te contou, mas junto dele fiz um acordo com o alpha dos lobisomens que estão a cada dia
mais se infiltrando nas ruas e se estabelecendo em seus domínios com minha ajuda, então tira
esse tom de vitória da merda da sua boca e se ponha no seu devido lugar.
Um silêncio completo paira sobre o recinto e a única coisa que é audível é a respiração
pesada da minha Christabel. Completamente perplexa e sem chão Morgana olha para Erik e
começa a falar.
— Você ainda está envolvido com aquele cachorro imundo e ainda ajudou ele a se aliar
com alguém como o Klaus para me derrubar?
— Minha senhora, não temos vontade de iniciar uma guerra, só auxiliei a criar um impasse
de poder para que essa briga desnecessária acabe. Meu único desejo é servi-la e seguir minha
ambição
— Vampiros são superiores a todos, eu já te falei isso, abandone essa ambição idiota de ter
seu harém e volte para o meu lado que assim perdoarei sua traição.
— Se abandonar minha ambição serei apenas uma casca vazia e prefiro a morte do que
isso.
O clima está completamente tenso e apenas um pequeno deslize pode ocasionar a guerra
entre nós, quando de repente a porta do escritório se abre com violência e Ethan entra chamando
bastante atenção de todos.
— Senhoras e senhores podem ficar todos tranquilos, porque o motivo da festa acabou de
chegar.
— Ethan, o que veio fazer aqui? — pergunto confuso com a situação.
— Erik solicitou minha presença prevendo que a conversa poderia sair do controle, você é
muito cabeça quente Klaus, precisa relaxar.
Ele se senta em uma das poltronas de uma forma bem relaxada e domina toda a tensão do
ambiente, solto Damien que se levanta e ajeita o braço quebrado, o som de seus ossos faz minha
Lady se contorcer de agonia. Ethan toma a frente das negociações assim que se acomoda em seu
lugar.
— Então, vamos colocar os pratos na mesa, a Monarca tem toda a sua influência com
políticos, empresários e o alto escalão do estado sem falar que parece ter como refém alguém que
é importante para o Klaus, já ele tem o domínio das ruas da cidade e sua aliança comigo que por
sinal controlo as comunidades e tenho minha matilha, isso sim é um verdadeiro impasse. Caso
uma briga aconteça ninguém sai ileso, bom trabalho Erik, você realmente fez o que propôs.
— Libera a Christabel que podemos negociar como prosseguir. — falo diretamente para
Morgana.
— Ela é a garantia que você não vai simplesmente surtar, então ela fica! — impõe a
Monarca falando comigo.
— Então, esse será o acordo! — Ethan fala ao bater as mãos chamando novamente a
atenção para si. — Vamos fazer um acordo onde Klaus fica livre para seguir seus objetivos sem
atrapalhar a Monarca com seu território e ela o deixa em paz, e como ato de boa-fé, Klaus deixa
a sua namoradinha trabalhando para Morgana e em contra partida ela aceita a entrada da minha
matilha em seu território, assim ambos ficam em check e ninguém ganha nada mantendo um
equilíbrio de poder.
— Mas o que você ganha com isso? — questiona Morgana
— Ganho mais recursos e posso melhorar a vida da minha matilha, sair das comunidades e
ter uma vida de glamour e luxúria na capital, confesso que Erik me contaminou com sua ambição
e isso vai proporcionar que ele possa prosperar essa ideia, eu quero muito ver até onde podemos
chegar com essa ideologia. Guerra e extermínio ou harmonia?
Sem ter melhores opções aceito o acordo e concordo relutantemente com a ideia de
Christabel continuar trabalhando com a família da Monarca, mas tenho certeza que Morgana está
ciente de que se algo acontecer com minha Chris uma guerra sem precedentes vai engolir seus
domínios. Depois de acertarmos os termos e fecharmos o contrato combinamos que faríamos
uma comemoração no Dia dos Mortos para finalmente selar essa aliança. Após terminarmos toda
a negociação, pego minha Lady pelo braço e arrasto para fora do escritório da Monarca.
— Ai Klaus, tá me machucando.
— Você por acaso sabe o perigo em que se colocou hoje? Sabe o quão delicado foi a
situação lá dentro? Consegue entender que você se tornou uma refém para me manter na linha?
— Eu não fazia ideia de nada disso. Você não me contou sobre essa situação, como
poderia saber?
— Poderia ter me contado que ia trabalhar com a porra da Morgana Ambrosius.
— Me desculpa, não queria te deixar em uma situação tão ruim assim.
— A partir de agora quero saber cada passo seu, com quem está conversando, onde vai, o
que está fazendo, tudo. Quero receber notícias suas de hora em hora.
— Mas...
— Mas nada, isso é para sua proteção.
Vejo que minha Chris não ficou nada contente com o que pedi, mas ela sabe que isso é
para sua segurança. Assim que terminei de falar com minha Lady a porta se abre e Ethan
acompanhado de Erik saem em direção ao estacionamento e ao passar por nós fazem um convite
para o bordel, vejo o brilho retornar aos olhos da Chris, mas nego o convite dizendo que em
outra oportunidade iremos com prazer, Morgana aparece na porta e fala com minha menina.
— Christabel, peço desculpas por te envolver em tamanha confusão, mas espero que
entenda que você é alguém de suma importância para todos nós. Em relação ao trabalho com a
divulgação do templo você continuará trabalhando com minha assistente pessoal Ângela que vai
passar todo o material que necessitar.
— Muito obrigada pela oportunidade e vou fazer o meu melhor.
Ela responde com um sorriso no olhar, Morgana se vira e começa a falar com alguém no
escritório, a porta começa a se fechar e quando estou para me virar e ir embora vejo a mulher que
tentou me matar na minha própria casa passando e olhando diretamente para mim com um
sorriso debochado em seu rosto.
CAPÍTULO 17 – CHRISTABEL
O CHAMADO DO DESEJO SOMBRIO
Os eventos da noite passada foram calorosos e tensos, ver Lord Klaus em ação foi
aterrorizante e excitante ao mesmo tempo. Saber que poderia continuar a trabalhar com Morgana
me deixou feliz, afinal as ideias borbulham em minha mente na criação dos roteiros para os
vídeos sobre o templo, com cuidado analiso as palavras para transmitir a mensagem de forma
correta as pessoas, não podia simplesmente mostrar a verdade, dizer ao mundo que existia uma
cura pelo sangue. Opto pelo caminho mais seguro, passar a mensagem de como a fé pode
beneficiar os fiéis, oferecendo a promessa de encontrar a cura através dela. O desafio de criar um
vídeo inspirador e informativo é empolgante, percebo que é uma oportunidade para mostrar o
poder de histórias de superação e da crença inabalável.
Com essa ideia em mente, envio uma mensagem para Angela, que tem se mostrado muito
acessível quando preciso de algo. Questiono se é possível termos alguns depoimentos de fiéis
que foram curados para utilizarmos no vídeo, não demora para que me retorne, irá verificar nos
arquivos e assim que possível entra em contato. Com o expediente finalizado na produtora, junto
minhas coisas e sigo para a faculdade, ao chegar noto que Juliano e Fernanda mais uma vez
mantém distância de mim, não faço ideia do motivo da atitude deles. Até poderia imaginar os
motivos de Juliano, mas de Fernanda? Será que tomou as dores dele por eu o ter rejeitado?
Confesso que fiquei incomodada. Ao fim da aula do professor Fabio decido lhe entregar o roteiro
que estava desenvolvendo, ele me olhou um pouco surpreso e disse que até pensou que eu tinha
abandonado o projeto.
— Não mesmo, professor. Só que eu mudei algumas coisas nas histórias, quis deixar um
pouco mais fantasioso, adicionei algumas criaturas sobrenaturais na história.
— Tudo bem. Irei ler e dar minhas considerações até a próxima semana.
— Tudo bem.
— Desistiu do clube, Christabel? — questiona guardando suas coisas na pasta.
— Sim, professor. A produtora que trabalho pegou um cliente grande e fiquei responsável
pelo roteiro e direção.
— Isso é ótimo. — saímos da sala e continuamos nossa conversa lado a lado. — Algo
comercial?
— Institucional, é para um templo. Está sendo bem desafiador. A cliente quer algo
publicitário, porém ser ares publicitários se me entende.
— Claro que sim. Esses clientes são os melhores, nos desafiam para valer e quando mal
esperamos temos uma pequena obra prima diante dos olhos. Não esqueça que muitos diretores e
roteiristas de cinema fizeram grandes publicidades, Christabel. Já pensou que você está no
mesmo caminho que eles?
Com essa declaração ele acena e entra na sala dos professores, com um sorriso no rosto
sigo meu caminho e me deparo com um Lord Klaus com uma cara muito brava. A calça social
preta veste lindamente seu corpo, assim como a camisa púrpura e o blazer preto, Lord Klaus é
um vampiro elegante e sedutor, nunca o vi com roupas casuais e nem nu, o que me causava uma
frustração enorme. Já o senti pulsar entre minhas pernas, mas nunca o toquei e muito menos pus
minha boca nele, talvez hoje seja o dia perfeito para lhe dar esse belo agrado. Aproximo-me do
meu sádico que continua com uma fisionomia brava, passo a mão em seu peito e fico na ponta
dos pés para lhe dar um selinho.
— Oi gostosão.
— Quem é?
— De quem está falando? — me faço de desentendida.
— Você sabe. — diz entre dentes.
— Meu professor.
— Aposto que quer comer você. — seus olhos me encaram e me aquecem.
— Talvez.
— Todos querem comer você. — sua possessividade é inebriante e adorava a provocar
mais.
— Provavelmente, mas... — passo minha mão por seu peito. —... só penso em te chupar
aqui e agora. O que me diz?
Klaus pega meu braço e me puxa, sou arrastada pelo corredor e entramos em uma sala que
está vazia, ele fecha a porta e se encosta nela.
— Ajoelha.
Obedeço no mesmo instante, minha boca saliva ao ver o volume entre suas pernas marcar a
calça.
— Faça o que disse que ia fazer, minha menina, estou esperando.
Aproximo-me, passo as mãos por suas coxas e abro o cinto, sem seguida o zíper, a calça
cai e percebo que ele não está de cueca, seu pau está ereto diante dos meus olhos, fico de boca
aberta. O membro é longo e grosso, seguro na base e meu toque o faz gemer baixinho, seu pau
tem veias que pulsam e sua cabeça é rosada e adornada por um piercing apadravya que me deixa
muito excitada. Abocanho seu pau e o chupo vagarosamente, engulo o máximo que consigo e o
retiro da minha boca todo babado, olho para cima e Lord Klaus tem seus olhos em mim, seus
olhos estão com um tom mais forte de vermelho, passo a ponta da minha língua pela glande e ele
geme, sugo, mordisco e volto a engolir que pulsa cada vez mais dentro da minha boca. Sinto o
piercing no céu da minha boca e ele causa um frenesi jamais experimentado antes, a excitação
toma meu corpo e o chupo com voracidade, desejo e ele explode em minha boca. Sua porra
transborda por meus lábios e escorre por meu queixo, olho para cima e seu olhar está fixo em
mim, abro a boca e depois a fecho engolindo tudo. Passo os dedos pelo queixo recolhendo o
resto da porra e levanto lambendo os dedos.
— Delicioso. — o provoco que não demora a vestir suas calças.
— Minha vez. — entro em pânico.
— Não. — me afasto dele.
— Como assim não? — ele vem em minha direção como predador.
— Sabe... estou naqueles dias.
Quando percebo ele me coloca sentada em uma das mesas.
— Adoro o fato de você adorar saias e vestidos. Sempre acessível para mim.
— Lord Klaus, por favor...
— Um pouco de sangue, Chris, vai ser uma das experiências mais sublimes que terá na sua
vida.
Lord Klaus de ajoelha e retira minha calcinha, em seguida o sinto pegar a cordinha do meu
absorvente interno e a puxar, quero morrer, nunca na minha vida imaginei que um dia fariam
sexo oral em mim durante a menstruação. Seus dedos me estimulam, por causa da sensibilidade e
minha libido ficar ainda mais nas alturas, em pouco tempo estou me desmanchando e implorando
por sua língua. Como um maldito ritual, ele cheira minha excitação e lambe meus lábios, infiltra
sua língua e massageia meu clitóris, gemo alto, não ligo se alguém irá nos pegar, só quero gozar
enquanto ele me consome.
Ele chupa minha boceta lentamente, me tortura e suga o sangue, olho para baixo e nossos
olhares se cruzam, seus olhos tomam um tom vermelho vivido, passa a língua lentamente e
consigo ver a trilha de sangue nela, o que parecia que seria repugnante se torna extremamente
excitante, a minha ânsia em gozar surge fortemente, ele começa a sugar meu clitóris e o
mordisca, abandona minha boceta e morde minha coxa, mas não o suficiente para me perfurar
com suas presas, o que me deixa frustrada e cada vez mais desejosa em querer ser sua vitima. Em
poucos segundos, ele me leva um orgasmo forte, aperto as pernas com forte mantendo sua
cabeça entre elas e depois amoleço. Lord Klaus levanta e enxuga os lábios com o polegar e o
lambe.
— Foi tudo o que prometi?
— Muito mais.

O Conclave Melancolia estava se tornando minha segunda casa, sempre que podia ia para
lá, e hoje não era diferente. Saio da faculdade e decido ir direto, pego o ônibus e em quarentas
minutos estou entrando pelas portas do lugar que está cheio e conquistando os curiosos,
fetichistas e BDSMers da capital e cidades satélites. Procuro um espaço livre no balcão e sento, a
sensação que tive no ônibus de estar sendo observada continua, passo a mão na nuca a fim dela
se dissipar e por um momento ela passa. Dou uma olhada no lugar e como sempre não vejo
nenhum rosto amigo, apenas os habituais dos funcionários, Lord Klaus está tão absorto
conversando com um cliente que nem percebeu minha chegada.
— Deseja algo, Senhorita Christabel? — Nathan me pergunta.
— Quero provar sua especialidade. Qual é?
— Hanky Panky, senhorita.
— Vamos lá. Capricha.
Enquanto o observo preparando, finalmente Lord Klaus me vê, seus olhos e os meus se
encontram e o fogo entre nós se acendem. Um sorriso malicioso surge em meus lábios e
agradeço a Nathan pelo drink, o que não contenta, meu senhor, que vem direto enquanto bebo
um gole da minha bebida, Nathan aguarda ansioso por meu veredito e fica mais tenso com seu
chefe se aproxima.
— Colocou as proporções exatas? — questiona o pobre garoto.
— Sim, senhor.
— Se ela não gostar, você está despedido. — vejo o pobre garoto engolir em seco e eu
sorrio.
— Não se preocupe, Nathan, seu emprego está a salvo.
— Fico feliz que gostou, senhorita. Com licença, tenho algumas mesas para atender.
O garoto sai fora em segundos, Lord Klaus se debruça no balcão e com o dedo indicador
acaricia a lateral do meu rosto, um carinho suave para alguém que quebra um braço em poucos
segundos. Estou absorta no mundo dele, sua possessividade diante dos olhos da sociedade é
extremamente tóxica, mas para mim é apenas a forma dele dizer que me ama, sem dizer essas
palavras. Por muitas vezes na minha mente a palavra amor permeava, mas acho que ela jamais
será suficiente para descrever o que sentimos um pelo outro. A nossa forma de amor é feia diante
aos olhos de muitos, mas dos nossos, era puramente belo e sádico.
O nosso pequeno momento é interrompido pela figura do homem sentado no balcão do
lado oposto ao meu, seus olhos estão fixos em mim, fico imóvel, seguro firme a taça do drink e
em poucos segundos ela estilhaça em minhas mãos. Lord Klaus, pega um pano e enrola em
minha mão, mas meus olhos continuam em Santino. Um dor excruciante me atinge e preciso me
conter, consigo desviar meus olhos do homem que destruiu minha vida e olho para meu Dom.
— O que foi, Chris? — ele olha para trás. — É ele.
Não é uma pergunta e sim uma afirmação, Lord Klaus identifica meu agressor o que prova
todo o poder que ele possui e demonstrou naquela reunião que presenciei. Sou instruída a seguir
para o andar de cima, ele ficará de olho se Santino irá me seguir, tento questionar o que ele
pretende e só diz para eu fazer o que ele está mandando, ir para seu quarto. Desço do banco e tiro
o pano da mão, por um milagre eu diria, não tive nenhum corte, apenas pequenos arranhões.
Subo para o segundo andar e em poucos segundos sinto a presença de alguém me perseguindo, o
pânico me toma quando sinto as mãos de Santino me pegando e prensando na parede do
corredor.
— Eu disse que você era minha.
Suas palavras me enojam e ele me vira batendo minhas costas na parede, viro o rosto
quando tenta me beijar, segura meu maxilar e tenta puxar meu rosto para frente e eu travo para o
impedir de colocar sua boca imunda em mim,
— VOCÊ É MINHA!
— NÃO! — Lord Klaus se aproxima furioso. — ELA É MINHA e tira a porra das suas
mãos do que é meu, seu porco imundo.
Sem esperar por resposta, meu Dom avança pra cima de Santino que cai como um saco de
batatas no chão, Lord Klaus o pega pela gola da camisa e começa o arrastar até a porta ao final
do corredor e vira à esquerda, corro atrás e entro num lugar que nunca estive antes, parece um
lugar que se serve para interrogatórios, é frio, sem móveis, apenas uma cadeira e alguns ganchos
no teto e nas paredes. Santino é jogado ao chão e Lord Klaus caminha ao seu redor como um
predador prestes a destruir com sua presa, é como se ele estivesse degustando. O corpo de
Santino começa a estremecer, nem parece o “Dom Santino” que me intimidou e abusou de mim
há alguns meses.
— Fecha a porta, Chris. — faço o que ele manda. — Não tão intimidador, não é? Então,
Dom Santino... — diz em tom de deboche. — Quantas mais você destroçou como minha, Chris?
— ele o chuta bem no estômago o fazendo cuspir sangue. — Você se acha tão poderoso a ponto
de pensar que pode sair fazendo esse tipo de merda? Abusar? Estuprar? O que mais você fez
achando que o título de “Dom” iria te proteger, seu verme?
Lord Klaus começa uma série de espancamento, sangue por todo lado, Santino implora
dizendo que vai me deixar em paz, não irá mais abusar de outras mulheres e outras promessas
vagas, tudo em prol de ser libertado e continuar vivendo livre por aí. Uma angustia e um ódio me
consome só de pensar que ele pode continuar vivendo por aí, meu doce vampiro o segura pela
camisa e o coloca em pé.
— Você não merece viver. — olha para mim. — Ele merece viver, minha Lady? — sem
hesitar o respondo.
— Não.
— Minha Christabel sabe das coisas, Santino. — ele passa a mão no peito dele e para na
altura do coração. — Tum, tum, tum... o batimento de um abusador.
— Não...so...somos...di...diferen...diferentes. — ele diz cuspindo sangue.
— Ah somos. Veja bem, eu sou um assassino sádico, elimino quem me trai, quem está no
meu caminho e prometi aquela bela mulher que acabaria com que tivesse criado as cicatrizes que
ela carrega. VOCÊ... QUEBROU... O QUE... É MEU!
Lord Klaus grita as palavras e enfia a mão no peito de Santino me fazendo gritar de susto,
ele olha fundo nos olhos do desgraçado e puxa a mão para fora segurando o coração que ainda
pulsa. O corpo cai inerte e ele vem em minha direção.
— Mãos. — as estendo e ele coloca o coração nelas. — Sinta a vida do seu abusador esvair
entre seus dedos, Christabel. Só assim você vai estar livre de seus demônios.
Fico olhando para o coração que em poucos segundos para de pulsar, o deixo escorregar
por minhas mãos e ele cai no piso, meus olhos passam para o corpo de Santino e depois para
Lord Klaus que me observa cautelosamente, provavelmente esperando que eu surte. Meus
demônios foram exorcizados essa noite pelo homem que estava diante dos meus olhos. Um ser
sobrenatural que acabava de me dar a maior prova de amor que eu poderia pedir.
CAPÍTULO 18 – KLAUS
ALGEMAS DE SANGUE
Depois de tantas coisas que passamos finalmente terei a iniciação da minha Lady, hoje ela
se entregará por completo a mim e vou aceitar tudo que ela é, essa noite Christabel finalmente
vai se tornar minha familiar. Ao cair da noite me arrumo para ir buscar minha pequena, tudo está
preparado no conclave para nossa sessão, deixei toda responsabilidade nas mãos do Leonardo e
falei que não deveria ser incomodado por nada, sabia que não teria problemas, já que nos últimos
meses quase não tive que tratar nada por conta própria, ele se tornou um excelente aliado e um
ótimo administrador de certos negócios sórdidos.
Pego meu carro e vou buscar minha pequena, chego na faculdade e Christabel está com um
vestido vermelho longo com detalhes dourados, sua pele de porcelana está reluzindo na luz da
noite como se estivesse brilhando e um batom vermelho lindo deixam seus lábios ainda mais
irresistíveis, seu corpo envolto pelo vestido desenhava sua silhueta deixando seus atributos bem
destacados, isso me deixa completamente louco, ela acaba me lembrando alguém do meu
passado.
Chegando ao conclave vemos muitas pessoas entrando, o que significa uma casa lotada, o
Conclave Melancolia se tornou um clube extremamente famoso e cobiçado por praticantes se
tornando minha joia, meu submundo. Minha atração por Chris aumentou muito depois que ela
descobriu o que sou e até mesmo gostou de saber e se deslumbrar com o mundo por trás do véu,
ter ela ao meu lado sabendo o que estamos prestes a fazer me deixa louco, mal consigo conter o
desejo de consumi-la, tudo nela grita me chamando, seu corpo, seus olhos, sua boca, seu cheiro,
absolutamente tudo, nunca senti nada parecido com isso antes. Levo-a até o balcão para tomar
alguns drinks que vou preparar, ver a casa cheia deixa tudo mais gostoso, algumas cenas publicas
estão acontecendo, alguns minutos se passam e Chris tomou apenas um drink quando se vira para
mim e olha no fundo dos meus olhos.
— Não consigo mais esperar. Vamos para nosso quarto, Meu Lord?
— Como você desejar minha Lady, estou ansioso para sentir seu sabor.
Vamos para meu quarto e para essa ocasião tão especial acabei fazendo uma arrumação
sublime, todo o quarto tem aspecto de um calabouço para combinar com a noite e com uma
sessão extremamente carregada. Enquanto estava distraído arrumando os apetrechos que vamos
usar escuto uma voz melosa repleta de desejo me chamar.
— Meu Lord, não aguento mais, por favor, venha abusar da sua cadelinha.
Ao me virar para Chris tenho a visão mais deslumbrante da noite, ela está ajoelhada na
cama usando somente uma lingerie branca que acentuava seus seios volumosos e sua bunda
suculenta, quase não consegui me segurar para avançar nela como um animal sedento, todos os
meus extintos ordenam para devorar essa mulher. Me aproximo do pé da cama e começo a
acariciar seu corpo, sinto a maciez da sua pele, vejo ela arrepiar com meu toque, sua pele branca
e sedosa é extremamente excitante e seu aroma me deixa enebriado, escuto pequenos murmúrios
e sinto ela se derreter com meu toque.
Como previ, seus demônios foram exorcizados e ela está diante dos meus olhos pronta para
ser devorada, iniciada e consumida por mim. Suas mãos começam a desabotoar minha camisa,
alcanço uma algema de couro e prendo suas mãos nas costas, enfio minha mão dentro daqueles
lindos cabelos loiros para puxá-los com força e reivindicar seus lábios.
O sabor dela é demasiado bom, uma explosão de luxúria que me deixa sem fôlego e
desejando saborear mais, como se todo seu corpo fosse feito do mais puro mel, doce e suculento,
quanto mais eu tenho mais quero, minha outra mão acaricia suas costas e vagarosamente desliza
até sua bunda maravilhosa, aperto com toda força que tenho e escuto uma lamúria trêmula de dor
saindo de sua boca, seu corpo treme de excitação junto ao meu.
Não consigo mais conter minha excitação que já estava visível mesmo através da calça,
Chris se afasta mais para o centro da cama fazendo com que eu a solte, por alguns segundos a
admiro, sinto que com ela, como musa, minha arte estaria completa. Ela reclina o corpo em
minha direção ficando com o rosto no colchão e com a bunda empinada para a cabeceira da
cama, seguro seus cabelos deixando-a com o corpo suspenso como se estivesse de quatro só que
sem o apoio das mãos, esfrego minha ereção em seu lindo rostinho atrevido para provoca-la.
— Você deseja isso, minha Lady?
— Por favor Lord Klaus, deixe-me deliciar esse pau gostoso, quero muito chupá-lo.
Atendendo seu pedido abro o zíper da calça deixando minha ereção visível e sem demora
sinto sua boca o engolindo. Como se um veludo o envolvesse todo, sinto ela devorar meu
membro, a sensação é tão deliciosa que começo a tremer de excitação, nunca senti nada parecido
com isso, quanto mais me envolvo mais quero consumi-la por completo, é como um impulso
instintivo muito forte que estou lutando contra no momento. Sinto que não conseguirei me conter
se continuar assim, então tiro meu pau de sua boca e em seguida joguo-a na cama com as pernas
abertas, começo a beijar e lamber sua coxa, vou subindo vagarosamente até sua boceta que está
envolvida pela lingerie branca que está transparente por causa da sua excitação.
Puxo a calcinha de renda para o lado e vislumbro aquela linda buceta avermelhada
pulsando de excitação, vou passando a ponta da língua na lateral e acariciando seus lábios
gentilmente, o sabor doce de sua excitação escorre em minha boca, a sinto levantar o corpo
curvando as costas ao mesmo tempo que murmura.
— Por favor, devora minha boceta, quero explodir na sua boca.
Não me contenho, lambo e chupo com vontade passando a ponta da língua em seu clitóris
inchado e pulsante, ouço os gemidos ecoando em todo o quarto até que ela cruza suas pernas
envolta da minha cabeça e aperta com força enquanto goza na minha boca. O sabor, as reações, a
voz, o cheiro, tudo é muito mais suculento do que qualquer coisa que já provei em toda minha
existência, não aguentaria esperar mais um segundo sequer, pego a lâmina e tiro minhas calças
ficando completamente nu, desamarro suas mãos e deixo-a apreciar meu corpo.
— Lord Klaus, você tem um corpo maravilhoso.
— Não tanto quanto o seu, minha Lady, você é o ápice da perfeição e me enlouquece em
todos os sentidos.
— Não sou tudo isso, sou meio gordinha e baixa. — é a primeira vez que demonstra
insegurança em relação ao seu corpo, o que deixa um pouco surpreso.
— Você é maravilhosa, mais do que qualquer uma que já encontrei, não se diminua, você é
uma deusa!
Começo a apreciar seu corpo lambendo seus mamilos arrancando deliciosos gemidos, a
viro de costas pra mim e sinto sua bunda rebolar e procurar meu membro ereto, o encaixo entre
suas pernas e ela continua rebolando para me acariciar, vou até seu ouvido e sussurro.
— Vou começar a usar minha navalha, tudo bem?
— Sim Meu Lord, aproveite o sabor da sua cadelinha.
Faço pequenas incisões no seu ombro e escrevo meu nome em sua pele, escuto um gemido
de dor bem gostoso e sinto suas coxas apertarem meu pau, isso me deixa loucamente excitado,
quando vejo o sangue começar a brotar da ferida e um aroma adocicado e ao mesmo tempo
cítrico paira no ar, sinto minha boca ficar seca e minha excitação aumentar de forma espontânea.
— Nossa, meu Lord, você ficou enorme no meio das minhas pernas, quero sentir isso tudo
dentro de mim!
Sinto que estou prestes a apagar e ser tomado por um instinto devastador, seguro meu
membro com a mão e vagarosamente vou penetrando minha pequena que geme e grita de prazer.
— Que delicia de pau, enfia ele todo em mim, ai caralho!
Quando a penetro até o fundo, o sangue que escorria de seu ombro exala um cheiro floral
bem sutil, enquanto fodo sua boceta quente e apertada, não consigo tirar os olhos daquele liquido
escarlate escorrendo do corte com meu nome. Tremendo de puro prazer, coloco a língua pra fora
e lambo o sangue que escorre do ferimento, sinto todo meu corpo se aquecer e o sabor preenche
toda a minha boca.
Um néctar divino, um líquido carmesim que desliza suavemente pelo meu paladar,
acariciando cada centímetro da minha língua com uma doçura inigualável. Sua textura é sedosa e
aveludada e seu sabor é uma sinfonia de sensações exuberantes e frescos que dançam em perfeita
harmonia. Cada gole é como um deleite celestial que desperta os sentidos, inundando minha
mente com uma sensação de puro êxtase. Beber o sangue da minha Christabel é uma experiência
sensorial que faz o tempo parar, me deixando sedento por mais a cada inebriante gole.
Nunca tinha sentido tamanho prazer em toda minha existência e depois de provar tamanha
delicia não me contentaria apenas com aquilo, novamente sinto o impulso de consumi-la por
completo, mas dessa vez ele vem avassalador e sem controle, tento me conter, porém é em vão,
quando me dou por mim, agarro seu pescoço com minhas mãos e puxo seu corpo para mim, suas
costas colam em meu peito, puxo seu cabelo para o lado fazendo sua cabeça se virar e expor seu
pescoço, por um segundo hesito em cravar minhas presas em sua pele, mas entre lamúrias e
gemidos de dor, escuto uma voz trêmula e doce.
— Não pare, meu Lord, faça de mim sua serva para toda eternidade.
Depois de ouvir sua súplica não me seguro mais, em um movimento rápido inclino-me
para frente e deposito um beijo em seu lindo pescoço, uma promessa de eternidade, ouço seu
coração acelerar e seus olhos se fecham, entregando-se à paixão proibida que nos envolve. Em
um piscar de olhos cravo minhas presas em sua pele, ela suspirou em êxtase enquanto bebo seu
sangue, uma experiência de prazer e dor indescritível, passo por todas as sensações de quando
degustei o sangue de sua ferida, mas dessa vez a potência foi elevada ao infinito. Em meio a essa
dança sombria, nós estávamos ligados, destino e desejo entrelaçados, um elo de sangue foi
estabelecido e entendi naquele momento que estamos destinados a ficar juntos na noite eterna.
O prazer e a luxúria estão em seu clímax, minha pequena grita e geme como um animal,
nossos corpos estão conectados como um só, enquanto me deleito com o sabor primoroso de seu
sangue, sinto meu pau sendo engolido por sua buceta quente e melada que me aperta mais e mais
a cada segundo. Minha noção de tempo se perdeu completamente, naquele instante as únicas
coisas que existem eram nossos corpos enlouquecendo de prazer, incontáveis vezes minha
Christabel se contorce e geme com uma voz mais grave, as explosões de tesão me provocavam
mais prazer, não conseguia parar de beber seu sangue ou foder sua buceta e quando chego no
meu limite, solto seu pescoço e a deixo cair deitada na cama, gozo sobre seu corpo largado e sem
forças.
Aos poucos vou absorvendo toda a informação que acabei de receber e estava retornando
para meu corpo, olho para baixo e vejo minha menina estirada na cama com o corpo mole e
deitada de lado, seus cabelos estavam tampando seu rosto e a lingerie branca estava toda
manchada de seu sangue, começo a me vestir quando Christabel se revira na cama dando um
pequeno gemido, olho para ela e vejo que minha pequena adormeceu com um sorriso no rosto e
uma expressão de satisfação, sento ao seu lado e começo a acariciar seus cabelos, ela acorda e
me olha.
— Lord Klaus ... isso foi espe... tacular. Obrigada.
Depois de dizer essas palavras acabou apagando novamente. Ver ela dormindo, assim com
essa expressão no rosto, era um deleite para mim, essa é minha obra prima, depois de apreciar tal
visão cobri minha Lady com um cobertor e decido naquele momento que ela seria minha,
deposito um beijo em sua testa e sussurro em seu ouvido.
Adorarei ter você como a minha vítima!
CAPÍTULO DEZENOVE – CHRISTABEL
O DESPEDAÇAR DE UMA ILUSÃO
Depois da minha sessão, Lord Klaus preparou um banquete para que pudesse recuperar
minhas energias, tinha de tudo, abacaxi, bacon, mix de nozes com granola e iogurte, comi tudo
para repor minhas forças e no dia seguinte me despedi dele dizendo precisar estudar e terminar o
meu roteiro. Saio do Melancolia e vou direto para casa arrumar minhas coisas e planejar a
semana, quero adiantar tudo agora que ainda está cedo para que possa ter um fim de semana
especial com meu Lord na festa de conciliação com a Monarca, sinto que ele está sob muita
pressão e precisa se acalmar um pouco e eu vou dar a ele algo memorável.
Vou adiantar os trabalhos da produtora e assim terei tempo livre para trabalhar no roteiro
sobre o meu vampiro praticante de BDSM, gosto de compará-lo com obras famosas do cinema,
mas com uma pitada da minha realidade. No fim da tarde, vou a um sexshop que tem no centro
da cidade para fazer umas comprinhas e surpreender meu Lord durante a festa. Depois de mandar
os arquivos para a produtora começo a trabalhar no meu roteiro e confesso que às vezes me
perco entre a fantasia e minha realidade pois ambos se confundem nos meus desvaneios.
Fernanda voltou a falar comigo, disse que teve uma conversa com Juliano e decidiu que ali não
ia conseguir nada, fiquei feliz em saber que não iria insistir em um cara babaca como ele. Para
ter alguém de fora para me dar algumas impressões de como está ficando a história, perguntei se
ela poderia ler e me disse que está incrível e maravilhosa, completamente diferente do que já foi
criado até hoje, mas dessa vez ela diz algo que fica na minha mente.

Fernanda: Sua história é incrível e deliciosa, mal posso esperar para ver nas telonas.
Chris: Obrigada, estou me divertindo muito escrevendo e seus feedbacks só me motivam a
continuar.
Fernanda: A única coisa que me deixa triste é que até agora não teve nenhuma conversa
em transformar a protagonista em vampiro também, se houvesse a transformação eles poderão
viver isso para sempre.
Chris: Confesso que estava tão perdida na história que não pensei nisso.
Fernanda: Se ele não a transformar, o tempo vai passar, ela vai envelhecer e morrer,
enquanto ele vai continuar vivo. Pensar que o tempo pode separá-los é triste, mas também pode
ser um plot final interessante.
Chris: Não sei ainda que rumo isso vai tomar, vamos esperar para ver se algo me vem na
cabeça sobre isso.

A conversa martela em minha mente, uma das minhas maiores obsessões pelos vampiros
era a imortalidade, agora que eu estou diante dessa nova realidade, tão absorta em minhas novas
descobertas, percebo que um dos meus maiores desejos vou deixado de lado: ter a vida eterna.
Confesso, que agora não consigo parar de pensar sobre isso e a empolgação de saber que existe
essa possibilidade de viver para sempre ao lado de Lord Klaus, ter todo o tempo do mundo para
descobrir cada segredo e mistério que existe, explorar novos estados, países e ainda poder
vivenciar a história do mundo acontecer ficam impregnadas em minha mente.
Decido conversar com Lord Klaus mais tarde sobre o assunto e ver o que ele acha, estou
ficando empolgada e excitada, termino o meu roteiro e antes de ir para faculdade, que graças aos
deuses só terei uma prova hoje e estou liberada, vou até a sexshop escolher algo. Ao entrar na
loja me sinto um pouco tímida e acanhada por ser a primeira vez que entro em um lugar assim,
ando por entre as estantes e vejo os produtos até que sou abordada por uma atendente, uma
mulher de cabelos pretos lisos e um piercing no lábio, ela usa um espartilho de couro e uma mini
saia que faz ela parecer uma Domme.
— Olá, posso ajudar?
— Nossa você é linda.
— Muito obrigada, você também é!
Depois que ela me responde percebo que falei em voz alta e fico extremamente
envergonhada.
— Me desculpe, eu não sei o que deu em mim. — ela ri.
— Não se desculpe por me elogiar, está tudo bem.
Ela olha para mim e sorri de uma forma que o constrangimento vai embora e me sinto
confortável na presença dela.
— Qual seu nome?
— Christabel e você?
— Pode me chamar de Michelle, e o que você procura? Algo específico?
— Não tenho nada em mente, quero algo para agradar meu mes... namorado.
— Seu “mes... namorado” deve gostar de algumas coisas bem ousadas, já que você está na
sessão sadomasoquista da loja.
— Não, não, não, eu estava olhando de forma geral por toda loja.
— Calma, sei reconhecer uma praticante quando vejo, fique tranquila.
Ao ouvir suas palavras fico ainda mais reconfortada do que antes.
— Talvez seja algo recente que você ainda está aprendendo a lidar.
— De certa forma sim.
— Vou recomendar um dos meus kits para que você possa fazer uma bela surpresa pra ele.
Ela me mostra um kit que tem um harness que trança todo o corpo e possuí algemas feitas
de couro que se prendem nas costas, junto vem grampos de mamilo com guizos nas pontas, uma
orelha de raposa que faz conjunto com uma calda com plug anal e uma lingerie aberta na boceta
com cinta-liga que complementava tudo, amei o conjunto e também compro velas perfumadas
para deixar tudo perfeito, agradeço Michelle pela ajuda, pago e vou para minha prova.
A prova foi mais fácil que imaginava e em pouco tempo volto para casa e fico imaginando
as formas que posso usar meu kit com meu Dom, me sinto excitada só de imaginar as
possibilidades, então começo a pensar na possibilidade de ser uma vampira e nesse momento um
pensamento surge a minha mente de forma avassaladora. Se eu me transformar ainda serei a
mesma pessoa com os mesmos sentimentos? Esses pensamentos me tiram do clima que estava e
não consigo me concentrar em nada mais. Aproveito e envio mensagem para Sebastian contado
os últimos acontecimentos, ele estava louco atrás de mim, mas quando descobriu que o dono de
Sweet Demon estava em terras mineiras, fui desculpada pela ausência de notícias.
Os dias passam e decido confrontar Lord Klaus sobre meu desejo de me transformar, por
isso vou até o Melancolia após a aula para que possamos conversar. Minha mente está com mil
pensamentos, dúvidas e expectativas, assim que chego Leo me fala que meu Lord estava
ocupado e não poderia me atender no momento, uma raiva começa a me tomar e não consigo me
conter, afasto Leo com a mão e subo até o quarto do Klaus para ver o que ele está fazendo.
Quando abro a porta me deparo com uma cena que me deixa completamente descrente, Klaus
estava deitado bebendo sangue de uma mulher completamente amarrada por cordas e suspensa
acima da cama por ganchos cravados em sua pele.
Ela estava vestindo um maiô de banho preto e as cordas estavam amarradas em um estilo
de shibari que cobria grande parte de seu corpo, era visível o quão apertado as cordas estavam,
suas as mãos estão amarradas nas costas e as pernas presas de uma forma que ela ficava na
posição ajoelhada, em suas costas ganchos de aço enfiados em sua carne e na base cabos de se
prendiam em uma estrutura presa no teto, no pescoço dela tinha uma agulha enfiada com uma
mangueira que Klaus estava usando de canudo para beber seu sangue.
— O QUE CARALHOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI? — ele se sobressalta com
minha voz.
— Chris? O que você está fazendo aqui?
— O que você está fazendo? Quero que se explique agora! — entro quarto adentro furiosa
— Você pode ter entendido errado o que está vendo, vou explicar tudo.
— Eu não quero explicações. — seguro as lágrimas e me viro para ir embora. — Continue
o que estava fazendo.
Assim que começo a ir embora sinto meu braço ser agarrado.
— Espere, deixa eu falar o que está acontecendo.
— Eu não quero saber de nada, ME LARGA! — me debato.
— CHRITABEL. — a voz alta e imponente me congela. — Você vai entrar nesse quarto e
escutar o que eu tenho a dizer sem dar um pio até que eu acabe de falar.
Quando ouvi suas palavras senti que deveria obedecer e meu corpo começou a se
movimentar sozinho, entro no quarto e sento em uma poltrona enquanto Klaus desce a mulher e
retira os ganchos de seu corpo, depois que ela vai embora, ele se senta na cama e fala comigo.
— Aquela é uma das minhas bolsas de sangue, tenho um rebanho de pessoas que uso para
me alimentar.
— Mas você tem a mim. — vejo uma expressão de espanto em seu rosto. — Por que
precisa de outras pessoas para se alimentar?
— Vampiros se alimentam da vida dos mortais, isso significa que quando estou bebendo
seu sangue estou te matado, por isso me alimento de outras pessoas, para que você possa
recuperar sua vida e repor o sangue que bebi.
Essas palavras me deixam sem reação, ele está me protegendo, ele não quer me prejudicar,
mas a dor que sinto em meu peito não diminui e então resolvo o questionar.
— Então, por que você não me transforma em uma vampira?
— Você não entende o quão perigoso o meu mundo pode ser, tanto por conta da minha
função quanto da minha natureza, você está deslumbrada com um pesadelo disfarçado de sonho.
— Como isso pode ser um pesadelo? Você é praticamente imortal, sem falar que tem dons
incríveis e pode viver a vida como quiser.
— Entenda bem, sou amaldiçoado e privado de tudo que pode ser considerado algo bom,
não posso desfrutar de uma refeição deliciosa porque só consigo me alimentar de vidas humanas,
não posso aproveitar o dia porque sou uma criatura que habita somente na noite, para mim é
impossível ter uma vida normal.
— Mas você pode vivenciar experiências extraordinárias e ter sensações que nenhum
humano pode.
— A que preço? Você abriria mão de tudo que pode ter por uma vida miserável como um
parasita e sendo movido por uma ambição incontrolável?
— Só que você se tornou meu mundo, Lord Klaus! Você me mostrou o quanto eu pensava
pequeno e o quanto era ignorante vivendo minha vidinha procurando algo grandioso e
empolgante, mas fui cega a não ver que o que buscava sempre esteve ao meu alcance. As pessoas
são cegas por não verem a verdade que está em sua volta.
— Você não consegue enxergar a dor e o sofrimento de perder todos aqueles que ama, a
vida eterna é solitária e fria, um dia você acaba se cansando de viver, não desejo que passe por
isso.
— Se você não quer me perder, então me transforma, me faça parte do seu mundo e assim
poderei ficar do seu lado por toda a eternidade e você não se sentirá sozinho de novo.
— Não vou te transformar, Christabel. — ele diz decidido.
— Mas isso resolveria todos os nossos problemas e você me teria muito mais próxima.
— Não vou te condenar a essa existência amaldiçoada, você é alguém de luz, é uma
sonhadora, eu não serei o monstro que vai tirar isso de você.
— Não é nada disso. — explodo frustrada. — Você só quer me usar como mais uma bolsa
de sangue no seu rebanho, você não se importa comigo de verdade, eu não passo de um
lanchinho pra você!
— CALA A BOCA. — sua voz parece três vezes mais alta que o normal. — Não irei abrir
mão do que temos!
— Mas não vai abrir, nem depois de ser transformada, continuarei sendo sua posse, sua
sub, você vai poder usufruir o quanto quiser de mim.
— Só que não será o mesmo sabor e nada garante que você vai continuar sendo a mesma
pessoa de agora.
— Então, serei um objeto pra você até eu não ser mais saborosa?
— Eu não sei o que acontecerá no futuro, no momento preciso de você.
Decido não falar mais sobre o assunto e ir embora, quando chego em casa fico refletindo
sobre o ocorrido pensando no que fazer, já que não quero abrir mão de ser posse de Lord Klaus,
ele me despertou para o mundo e para o BDSM que recebeu um significado muito mais profundo
com a vivência que tive ao seu lado, sei que se eu pedisse um rompimento de contrato, ele não
negaria meu desejo, já que respeita muito sua arte, mas tenho certeza que não viverei isso sem
ele, então me sinto presa no momento. Se eu sair dessa relação vou perder tudo e voltar para
minha vida mundana e ignorante, porém ficar como estamos será frustrante, pois não poderei
realizar tudo que gostaria.
CAPÍTULO VINTE – KLAUS
RITUAL DA NOITE ETERNA
As coisas com Christabel não estão muito boas, depois que tivemos aquela discursão
fiquei alguns dias sem falar com ela, ontem tivemos uma conversa para nos acertarmos, já que
precisamos ir à festa para concretização do acordo entre Ethan, a Monarca e eu, mesmo não
estando muito feliz com a nossa situação ela aceitou de contra gosto me acompanhar até a
cerimônia, ainda não sei como lidar com essa situação, mas preciso resolver logo.
Me arrumo com um terno social esporte, opto em usar tudo preto com exceção da camisa
que escolho um vermelho escarlate e vou buscar Chris em casa, para minha surpresa está me
esperando em frente ao prédio, está com um vestido onde a parte de cima é preto com alças finas
e abaixo da cintura é uma saia vermelha com um tecido de renda preto com alguns desenhos.
Abro a porta do carro e ela entra sem falar uma palavra comigo, nitidamente ainda está com raiva
da nossa discussão, o caminho até o bordel de Erik é uma verdadeira tortura, ela está bela e
exuberante, seu perfume está delicioso e quero encostar o carro na estrada e devora-la.
Quando chegamos vemos que a casa está em um clima festivo, para nós, o dia dois de
novembro é a celebração da morte, vampiros comemoram sua transformação nesse dia
comumente com festas regadas a muita luxúria e sangue e agora que a aliança com os
lobisomens e as banshee estava concluída, escolhemos passar esse dia no bordel onde as relações
entre nossas espécies é possível. Assim que entramos um verdadeiro desfile de homens e
mulheres vestindo roupas provocantes passavam por nós, Ethan que estava na entrada usando
uma chaparreira de couro preto e um harness no peito nu e com muito pelo típico de um
lobisomem, ele se aproxima e estende a mão para Christabel.
— Boa noite senhorita Christabel, espero que esteja preparada para a nossa celebração.
— quando ele pega sua mão e vai depositar um beijo, puxo minha pequena. — Ah Klaus, não
tinha te visto aí, tudo pronto para hoje?
— Boa noite Ethan, estou pronto e você não se atreva a provocar minha posse.
— Não tinha essa intenção, só queria cumprimentar sua acompanhante.
— Onde está a sua acompanhante?
— Você acha mesmo que eu traria um bolo para a festa? Quero me deliciar com todas as
gostosuras que Erik irá nos proporcionar.
— Então, está aqui sozinho?
— Não mesmo, trouxe meu braço direito que esse sim está com sua dama, Lúcio é
literalmente uma cadelinha.
Vejo ele apontando para um homem alto e corpulento com cabelos cumpridos amarados
em um coque samurai e ao seu lado uma mulher baixa com cabelos cor de fogo. Quando volto os
olhos para Ethan, novamente ele está cortejando minha Chris dando o beijo na mão dela que
impedi antes.
— Você realmente quer provocar minha fúria.
— Só estava me despedindo dessa dama exuberante.
Ele então se vira e vai em direção dos seus companheiros, vejo minha menina rindo com
a situação o que me deixa possesso.
— O que houve Klaus?
— Percebi que você estava flertando com o Ethan, isso me deixa possesso.
— Não encorajei em nada o comportamento dele, mas confesso que ele é muito
charmoso, acho que todo vampiro é assim.
— Ele é um lobisomem.
— SÉRIO? Por isso aquele ar prepotente e dominante e esse visual primal, aposto que na
cama ele é um verdadeiro animal.
— Você não se atreva a sequer imaginar isso!
Ela dá uma gargalhada mostrando estar se divertindo, o que me deixa ainda mais puto
com a situação.
— Vou até o bar pegar algo pra beber ou você vai me privar disso também?
Fico sem falar nada e ela sai andando, a situação entre nós não está muito agradável e
preciso ajeitar as coisas o mais breve possível. Vejo Erik me chamando com a mão em uma
sacada no segundo andar, subo para encontrá-lo, nesse espaço as pessoas são mais desinibidas,
vampiros e banshees se alimentando juntos de humanos, enquanto fazem sexo, lobisomens
fodendo humanos juntos com vampiros e até mesmo com as banshees, uma grande orgia estava
acontecendo. Encontro com Erik em seu escritório para uma conversa particular.
— Como você está Klaus?
— Estou bem.
— Não é o que parece!
— Só um desentendimento com Christabel.
— Ela deve estar sentindo uma pressão enorme sendo a moeda de troca desse nosso
acordo, quando planejei isso não esperava que a Monarca a tomasse como garantia.
— Aquela mulher é fora da caixa, ela não se importa em ser quase uma refém, ela até
gosta, nossas discussões foi porque ela me viu me alimentando de outra pessoa e pediu para mim
transforma-la em vampira.
— E você disse não.
— Não posso condená-la a essa maldição, ela é especial.
— Você se importa com ela, sua atitude naquele dia deixou isso bem claro.
— Eu queimaria o mundo por ela.
— E como você se sentiria se a perde-se?
— Completamente vazio e desolado, não existe vida sem ela.
— Klaus, a cada dia ela envelhece mais e um dia vai morrer, todos os mortais são
destinados a isso. Nós somos imortais e décadas são como anos para nós, ela vai envelhecer
rápido e esse tempo vai passar para você como um piscar de olhos.
— O que você acha que devo fazer?
— Isso não posso dizer, mas se o que você me falou agora for verdade, sei que quer
passar a eternidade ao lado dela, estou certo?
— Sim.
— Mas para isso ela tem que viver eternamente.
Como um estalo em minha cabeça entendo o que preciso fazer, nesse momento Ethan e
Morgana entram na sala, ela está vestindo seu terno com saia vermelha, todos estávamos
reunidos e prontos para começar a celebração do nosso acordo.
— Estão todos preparados para se libertar de suas inibições e se entregar a luxúria? —
Ethan está muito empolgado.
— Vamos logo acabar com isso. — a Monarca não est nem um pouco satisfeita com a
situação.
— Só precisamos reafirmar os termos do nosso acordo para iniciarmos as celebrações. —
Erik sempre sendo o intermediário.
— Quero adicionar um termo ao nosso acordo. — Ethan surpreende a todos e começa a
impor condições. — Não é justo com meu companheiro Klaus que sua dama seja uma refém,
esse acordo deve ser em cima de uma conciliação em comum acordo e não em um impasse de
poder.
— Você é mesmo um lycan desgraçado. — a Monarca fica completamente possessa. —
Vocês não são nem um pouco de confiança.
— Veja bem senhorita Morgana, nossa atual situação está em um impasse e isso não é
um bom acordo para nós, vamos então selar um acordo de negócios de verdade, o que me diz?
— O que você propõe?
— Vou me retirar do seu território e não vou interferir em seus negócios, em troca você
deixa Klaus e sua dama em paz e o deixa continuar comandando as ruas, e claro Erik continua
aliado a ele e cultivando sua ambição.
— Ethan o que pretende com isso? — Erik intervém na conversa.
— Quero consolidar um acordo de verdade onde todos saem no lucro ao invés de cada
um esperar um deslize do outro para iniciar uma guerra.
— E o que você ganha com isso? — Erik questiona.
— Continuo podendo fazer negócios com Klaus e não quero nenhum sangue suga
invadindo meus domínios. Ah e claro, tenho livre acesso ao seu estabelecimento.
— O que me diz, minha senhora? — Erik pergunta a Morgana.
— Digo que é bom demais para ser verdade. Qual é o porém desse acordo?
Ethan faz uma expressão debochada e olha diretamente para Morgana.
— Minha cara Monarca não é assim que nós vamos fechar um acordo, lobos não apertam
as mãos e tudo está pronto, precisamos de algo mais... físico.
— O que você quer?
— Normalmente um líder de tribo oferece a esposa ou filha para selar o acordo, no seu
caso acredito que você se entregará a mim.
Erik perde o controle de raiva e avança em Ethan, mas antes de conseguir chegar nele
Morgana o impede com um simples acenar com as mãos, seus punhos ficam a centímetros do
rosto de Ethan que não move um músculo sequer, continua sentado com o pé sobre a coxa e a
cabeça recostada em sua mão que está com o cotovelo apoiado no braço da poltrona, sem
alcançá-lo ele começa a gritar.
— VOCÊ NUNCA A TERÁ SEU ANIMAL IMUNDO.
— ERIK CHEGA! — a Monarca grita calando-o. — E se eu não aceitar o seu acordo? —
ela questiona Ethan.
— Vou iniciar a guerra que esse impasse está segurando e muito sangue será derramado.
— Foi um enorme erro fazer um acordo com um lobisomem imundo, você não será mais
bem vindo a minha casa! — diz Erik espumando de raiva.
— Mesmo assim, sua ambição vai crescer e eu vou me deleitar dos frutos dela.
Nesse momento sinto que mexi em um vespeiro e que mais cedo ou mais tarde pode acabar
se tornando um caos, mas agora preciso que esse acordo aconteça para depois lidar com as
consequências.
— Tudo bem Ethan, se é isso que preciso fazer para fechar nosso acordo, me entrego a
você. — diz Morgana com um descontentamento no olhar.
— Minha soberana não faça isso. — Erik se sente culpado e tenta impedi-la.
— Eu preciso. — responde a Monarca com desdenho em suas palavras.
— Vamos aproveitar o tema da noite e se entregar a uma luxúria desenfreada.
Erik em muito contra gosto aceita iniciar o ritual que irá selar o nosso acordo, ele abre as
portas do escritório e se direciona a sacada, vejo minha Christabel do lado de fora observando a
orgia que acontece no primeiro andar, vou até ela e a seguro em meus braços, sua pele branca e
quente me envolve, olho no fundo de seus olhos.
— Minha Lady, desde o primeiro momento em que nossos olhares se cruzaram, minha vida
ganhou um novo significado. Você trouxe a luz para minha escuridão e a eternidade é vazia sem
você.
Sinto sua respiração ficar ofegante e seu coração acelerar.
— Você é a essência do meu ser, o que eu sempre desejei.
Sorrio revelando minhas presas, o brilho em seus olhos mostrava apenas ternura.
— Minha Christabel, aceite o que tenho a oferecer. Aceite minha eternidade e nunca mais
envelheça, nunca mais se separe de mim.
— Eu aceito, Meu Lord, escolho passar a eternidade ao seu lado.
Erik da sacada levanta o braço e diz
— Que o ritual da noite eterna se inicie!
Uma música alta começa a tocar e os irrigadores de incêndio são ligados, mas ao invés de
água eles derramam litros e mais litros de sangue em todos que estão no primeiro andar, ao
mesmo tempo mordo o meu pulso fazendo meu sangue se derramar.
— Se você beber isso irá morrer e renascer como minha semelhante.
Sem hesitar ela segura minha mão e começa a beber o meu sangue, quando olho para baixo
vejo uma orgia de sangue acontecendo no salão principal, vampiros se relacionando e bebendo o
sangue que cai como chuva, lambendo os corpos uns dos outros, entregando seus corpos aos
prazeres da carne completamente, sinto minha Lady soltar a minha mão e cair no chão, sangue de
um vampiro age como um veneno no corpo humano, aos poucos vou escutando sua respiração
cessar e seu coração parar de bater. A transformação pode demorar algum tempo, então a pego
no colo e quando estou a levando para um dos quartos, minha Lady acorda repentinamente como
se estivesse retomando o fôlego depois de sair de um longo mergulho.
Seus olhos estão vermelhos escarlates e em sua boca vejo as presas se ressaltarem, a coloco
no chão e ela olha ao redor absorvendo tudo que está acontecendo, todos os seus sentidos estão
aguçados e ela pode ficar levemente desorientada, mas começo a perceber que não é isso que está
acontecendo, ela está sobre total controle de seus sentidos. De repente ela para e olha dentro dos
meus olhos.
— Tenho fome.
— Vamos ao primeiro andar, tem um verdadeiro banquete sendo servido lá.
Descemos as escadas e começamos a ser banhados pela chuva de sangue, minha Lady abre
a boca e se delicia com a sua primeira refeição. Ela se vira para mim e começa a tirar sua roupa.
— Quero que me possua aqui e agora enquanto somos banhados por todo esse sangue.
Abro o zíper da minha calça deixando meu membro de fora, minha lady se ajoelha na
minha frente e começa a chupar meu pau, o sangue escorrendo era tanto que sentia ela me
chupando e bebendo ao mesmo tempo, também abro a boca e bebo o que cai em minha garganta,
a excitação e o êxtase estavam nos levando a loucura, para onde eu olho vejo pessoas transando,
do meu lado, na minha frente, de lado, de quatro, em pé, no chão, duas, três, quatro pessoas
juntas. O sangue para de cair, mas toda a casa já estava pintada de vermelho escarlate, minha
menina se levanta e apoia uma das mãos na parede e a outra aperta um lado de sua bunda.
— Venha Meu Lord, foda a sua posse agora e por toda eternidade.
Sem me conter avanço na minha Lady como um animal, o sangue que escorria em seu
corpo deixou sua buceta melada e fácil de penetrar, comecei a fode-la com vontade e sem
piedade, defiro tapas em sua bunda que ecoam pela casa e sobrepunham a música, começo a
perceber que algumas pessoas mudavam a posição para nos assistir enquanto transamos. Mudo
nossa posição virando minha pequena de frente para mim, ergo suas pernas do chão e ela as
cruza em volta da minha cintura, continuo a fodendo e em seguida sinto ela mordendo a base do
meu pescoço.
Sinto meu sangue sendo sugado e isso me deixa extasiado, o prazer é tanto que minha
cabeça fica em branco, não vejo ou ouço mais nada, somente sinto o corpo da minha Christabel
colado no meu e o tesão dominando todos os sentidos, em um impulso também cravo minhas
presas nela e seu sabor estava ainda mais sublime que antes. O prazer era tanto que não estava
mais aguentando e sinto minha Lady se contorcendo prestes a explodir, em uma sincronia
incrível nós gozamos ao mesmo tempo e noto várias pessoas ao nosso redor explodindo também.
Ainda com minha pequena no colo, olho em seus olhos e vejo um brilho diferente.
— Estou ansioso para vivenciar a eternidade ao seu lado, minha Condessa Vampira.
Os Autores

Daia teve seu primeiro lançamento em março de 2022, Dom Dante I, primeiro livro da
Série Dominadores, a qual retrata as relações B.D.S.M de uma forma mais realista, a autora quer
desmistificar o B.D.S.M através de seus livros. Se aventurou recentemente pelo clichê com um
sabor diferente, “Lembranças de um Amor Esquecido”. Além disso, é uma grande entusiasta do
B.D.S.M, a louca dos gatos, leitora não tão ativa no momento, cinéfila e está morando em BH ao
lado de Thiago. (não, ele não é o do livro).
Onde encontrar seus livros: AMAZON
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Sam é praticante de B.D.S.M e se identifica com o papel de switcher, porém, seu lado Top
é mais forte que o de bottom.
Amante da literatura de fantasia e de terror psicológico. Há muito tempo tinha interesse em
se tornar um escritor e foi através do conto “Requiem para um Desejo” de Daia Studzinski que
sua mente se inundou pela história de Klaus e Christibel. Com autorização da autora, chegou a
escrever três novelas sobre o casal, porém ficou insatisfeito com o resultado e agora ao lado de
Daia reescrevem essa história. Não é um frequentador assíduo das redes sociais, mas sempre está
disposto a responder seus leitores com toda a atenção e carinho.
Outros livros em parceria com Daia Studzinski: Sob o Olhar dos Tops
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[1]
Anne Rice (1941-2021) foi uma escritora norte-americana, autora de séries de terror e fantasia.
[2]
George Andrew Romero (1940-2017) foi um consagrado diretor e realizador de filmes de zumbis, com títulos como A
Noite dos Mortos Vivos, Despertar dos Mortos e Dia dos Mortos no seu currículo de escritor/realizador.
[3]
Uma história de terror fundada no tema Apocalipse zumbi, escrita por Max Brooks e lançada em 2006 e que ganhou
as telas dos cinemas em 2013 com Brad Pitt como um dos protagonistas.
[4]
Salò o le 120 giornate di Sodoma, comumente chamado simplesmente de Salò, é um filme artístico de 1975, dirigido
por Pier Paolo Pasolini. O filme é uma adaptação livre da obra Os 120 Dias de Sodoma, escrita em 1785 pelo Marquês de Sade, e
é ambientado durante a Segunda Guerra Mundial. Foi o filme final de Pasolini, sendo lançado três semanas após seu assassinato.
[5]
Bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo.
[6]
Líder do território.
[7]
Vampiros recém criados entre cinco e dez anos d sua transformação.
[8]
Ato de resistência, rebelião ou revolta contra uma autoridade estabelecida.
[9]
As mentiras criadas para encobrir o mundo sobrenatural.
[10]
Porta voz do Monarca.
[11]
Parceira.
[12]
Parceira de jogo, parceira de sessões.
[13]
Jogo de sangue, prática que envolve sangue verdadeiro ou falso, também é comum ser combinado como cutting que é
a arte de cortar.
[14]
Chicote de tiras.
[15]
Mockumentary, fake documentary ou, em português, pseudodocumentário: uma obra de ficção enunciada de forma a
emular um filme documentário.
[16]
Filme de 2014 com direção de Jemaine Clement e Taika Waititi, ganhou uma série em 2019. Fala sobre três vampiros
tentando sobreviver e se adaptar ao mundo moderno.
[17]
Filme americano de 1972, escrito e dirigido por John Waters.
[18]
O ato de descartar as normas sociais e agir de acordo com um instinto primitivo natural. Em alguns casos, pode haver
a interação de uma pessoa predadora com sua presa. Lutas e atitudes animalescas como rosnar, morder e arranhar também podem
ser elementos comuns nessa prática.
[19]
Qualquer atividade que utiliza o sentimento de medo para criar excitação sexual

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