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Relatoria - Julio Plaza
Relatoria - Julio Plaza
Julio Plaza discorre a respeito dos efeitos e formas que ocorrem o diálogo entre autor obra e
espectador, tendo sua recepção como pauta e objeto
O tema da "recepção" percorre a história e desde o século XX M. Duchamp já afirma que "é o
espectador que faz a obra. Segundo Plaza a abertura da obra a recepção se dá de três formas
quanto a sua fase produtiva: Artesanal como primeira geração, Industrial, como segunda
geração e Eletro-eletrônica. como terceira geração A obra aberta se dá também em três graus
sendo a primeira a partir da riqueza de sentidos e significados que o objeto gera à recepção, a
segunda tendo alterações estruturais que incorpora o espectador de maneira menos radical,
sendo uma arte de participação em que a manipulação física acrescenta os ditos atos de
liberdade sobre a obra e a terceira parte da intervenção da máquina como agente de
instauração estética.
Nos anos vinte e no campo dos estudos da linguagem a obra de Mikhail Bakhtin inaugura o
dialogismo. Para ele a primeira condição da intertextualidade é que as obras se deem por
inacabadas, sendo, assim, a abertura dialógica para que sejam prosseguidas. Segundo o autor
o que caracteriza a intertextualidade é um novo modo de leitura, “a intertextualidade fala uma
língua cujo vocabulário é a soma dos textos existentes.”
Na teoria da Obra Aberta, de Umberto Eco, o autor define a arte como “uma mensagem
fundamentalmente ambígua, uma pluralidade de significados em um só significante” e é este
conceito que inaugura a chamada abertura de primeiro grau em que os graus de abertura
permitem equacionar a participação.
Surge a “poesia de participação” onde uma chave verbal mínima encoraja e provoca uma
expressão do leitor:
Petróleo” de José Lino Grunewald (1957)
No final dos anos sessenta alguns teóricos criam a Estética da Recepção que indica que os
atos de leitura e recepção podem gerar interpretações diferenciadas e atos criativos diversos,
colocando o receptor na função de co-criador. Na Teoria de Recepção “nenhum texto diz
apenas aquilo que deseja dizer” assim como de acordo com a poética de tradução a obra é
recriada, o que significa que mesmo traduzir é transcriar.
O autor de uma obra é então instigador e não dono de um único significado, desta forma a obra
não está completa sem a participação do espectador, participação essa que é por si só uma
linguagem, não apenas ferramenta técnica. E ainda, elevar uma percepção, sugerir: por quanto
o que se sugere não se deve dizer, não se deve afirmar e limitar seus significados, Mallarme:
"Nomear um objeto é suprimir très quartas partes do gozo de um poema e Paul Valéry: "Não há
um verdadeiro sentido para um texto
Ao longo do texto. Julio Plaza evidencia algumas diferentes interpretações quanto ao “espaço”,
seja a visão geométrica ou poética, mas além do “espaço entre dois pontos” ou “espaço de
tempo entre dois fatos” o “intervalo” carrega um significado mais conciso em Estética: não
sendo um vazio, é a interpretação entre um texto e seu receptor.
Quanto a abertura de terceiro grau alguns críticos afirmam que "essa forma de expressão não
proporciona mais que uma sucessão de atos", mas a possibilidade de criação ampla com
interesse na exploração estética e não na obra acabada, não é o ápice da interatividade,
mutabilidade e intervisualidade de um objeto?
A materialidade da obra neste novo modo garante maior acesso e reprodutibilidade sem limites,
chamadas como artes da comunicação, produzem diferentes atuações de experimentação e
oferta possibilidades inéditas para recepção, situação que mais uma vez questiona as noções
de artista-autor
Segundo Plaza "uma obra de arte interativa é um espaço latente e suscetível a todos os
prolongamentos sonoros, visuais e textuais as transformações podem ocorrer de maneira
programada ou a depender de uma resposta do espectador, a interatividade não é então uma
comodidade funcional mas age como prática de transformação. Agora a fluidez entre o autor e
o co-autor demonstra a estrutura de transformação coletiva que traz liberdade e evidencia
aquilo que temos em comum ou não.
“A questão autoral é vista por Couchot da seguinte forma: num processo dialógico ou de troca
interativa, o estatuto da obra, do autor e do espaçador sofrem fortes alterações. Na metáfora
geométrica ou no triângulo delimitado pela obra, o autor e o espectador vêem a sua geometria
questionada, pois esse triângulo pode se tornar um círculo onde os três elementos não ocupam
posições definidas e estanques, mas trocam constantemente essas posições,cruzam-se,
opõem-se e se contaminam.”