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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DO RECIFE

- PE

SHIRLEY MYRIAM CORDEIRO, brasileira, casada, empresária, inscrita no CPF/MF

sob o nº 793.991.934-20, com endereço na Rua Izabel de Souza, 190A, Imbiribeira,

Recife - PE, CEP 51.200-010, por seu advogado abaixo assinado, com procuração

em anexo e endereço profissional na Rua: Izabel de Souza, 190-A, Imbiribeira,

Recife-PE, CEP: 51200-010, onde recebe notificações e intimações, vem à V. Exa.,

interpor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C PEDIDO DE LIMINAR

INAUDITA ALTERA PARS EM SEDE DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA E

PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.

Contra, CELPE - COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO S/A, com

endereço na Rua João de Barros, 11, Boa Vista, Recife/PE, inscrita no CNPJ/MF

sob o nº 10.835.932/0001-08, de acordo com os fatos e fundamentos a seguir

adunados:

DOS FATOS.

A Requerente, conforme se denota dos documentos, é consumidora de energia

elétrica fornecida pela parte demandada.


O imóvel trata-se de uma casa de veraneio, situada na Rua Elizabete Regina, 116,

Enseada dos Golfinhos/Jaguaribe, Itamaracá-PE, CEP 53.900-000, sendo

raramente utilizada pela autora.

A casa encontra-se com todos os eletrodomésticos desligados quando está

fechada, a requerente acessa as contas pela internet e, por vezes, atrasa o

pagamento, porém, nunca houve desligamento por atraso, conforme pode-se

observar na documentação em anexo.

As faturas sempre vieram com valor que subentende-se como justo de acordo com

o uso do imóvel, acontece que no mês de Março de 2023 a fatura chegou com o

valor de R$1.461,22 (Um mil, quatrocentos e sessenta e um reais e vinte e dois

centavos), tendo a autora apenas dado conta desse valor quando foi retirar pela

internet juntamente com a fatura de abril de 2023 para pagar as duas contas juntas.

O que mais lhe causou espanto é que, assim como a de março, a fatura de abril

veio com o valor também exorbitante de R$1.324,09 (Um mil trezentos e vinte e

quatro reais e nove centavos),voltando nos meses subsequentes de maio e junho a

cobrar os valores da média considerada normal para um imóvel de pouca utilização,

assim como eram cobrados nos meses anteriores a Março de 2023, conforme

documentos anexados ao processo.

Inconformada com os valores, a requerente abriu um protocolo solicitando uma

vistoria e obteve como resposta (que se encontra em anexo) da Reclamada que a

fatura estava correta e o valor era devido, visto que fizeram uma aferição no
medidor e que ele se encontrava funcionando normalmente e sem erros. Enfatizo

que essa vistoria foi feita sem um prévio aviso ao consumidor.

Existe norma sobre a necessidade da notificação prévia do consumidores na

Resolução 414, art. 129,§ 7º, vejam abaixo:

"§ 7o Na hipótese do § 6o, a distribuidora deve comunicar ao consumidor, por

escrito, mediante comprovação, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência, o

local, data e hora da realização da avaliação técnica, para que ele possa, caso

deseje, acompanhá-la pessoalmente ou por meio de representante nomeado".

Ocorre que esta norma nunca é respeitada, assim como não foi respeitada pela

demandada.

A autora mantém um caseiro para cuidados do imóvel já que pouco vai ao local.

Segundo o empregado, a ré enviou um técnico que pertencia a uma empresa

terceirizada, que nem saiu do carro, tampouco falou com ele, apenas apontou uma

máquina para o medidor.

Diante do ocorrido, a reclamante ingressou com uma ação contra a reclamada no 1º

Juizado Especial Cível e das Relações de Consumo da Capital (Processo nº

0024193-66.2023.8.17.8201), entendendo o Juizado pela incompetência para

conhecer da demanda, uma vez que se faz necessária uma prova pericial para

análise da questão, extinguindo o processo sem resolução do mérito.


Dias depois, para agravar o quadro, para surpresa e desespero do autor, o preposto

da Celpe foi até o imóvel e, de maneira arbitrária e ilegal realizou o corte no

fornecimento de energia da unidade consumidora de responsbilidade da

autora,com base num débito ilegal, sem notificação prévia alguma, deixando a casa

sem condições de uso por parte da autora e sem manutenção da jardinagem que

também precisa se utilizar do serviço, fato que mostra a condição de vulnerabilidade

do consumidor que vem sendo lesado em seu direito e tentava como cidadão uma

solução administrativa para os erros verificados.

Existe norma sobre a necessidade da notificação prévia do consumidores na

Resolução 414, art. 129,§ 7º, vejam abaixo:

"§ 7o Na hipótese do § 6o, a distribuidora deve comunicar ao consumidor, por

escrito, mediante comprovação, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência, o

local, data e hora da realização da avaliação técnica, para que ele possa, caso

deseje, acompanhá-la pessoalmente ou por meio de representante nomeado".

Aí está mais uma norma que nunca é respeitada e que a CELPE também ignora.

Aqui ficam alguns questionamentos:

1- Se o medidor é externo, a responsabilidade da vistoria de forma

justa para analisar o funcionamento é da Demandada;


2- Como que a CELPE vai notar qualquer defeito do medidor na hora

da inspeção, sem ao menos descer do carro para analisar?;

3- Não há qualquer laudo pericial para demonstrar se há erro ou não

no medidor;

4- Os técnicos da CELPE não realizaram qualquer teste técnico ou

mesmo perícia para aferir se o medidor estaria realizando a leitura correta do

consumo e se o defeito apontado realizaria um consumo maior ou menor.

5- A CELPE, RATIFICOU OS VALORES COBRADOS sem qualquer

análise realizada ao medidor, mantendo um débito ALTO E INJUSTO, sem

fundamento, já que a cobrança deve se basear em prova do registro a menor, o

que não foi o caso, portanto, entendia excessiva a cobrança.

DAS ILEGALIDADES COMETIDAS PELA CELPE.

Como se pode notar do acima expendido a CELPE agiu de forma totalmente

ilegal, tanto na composição da dívida cobrada, quanto no que se refere a

responsabilização pelos supostos erros da aferição de consumo e muito mais no

que se refere ao corte, conforme passamos a discorrer.


Assim, impõe-se a prestação da medida antecipada, determinando à empresa ré

que faça o imediato restabelecimento do fornecimento de energia elétrica

interrompido de maneira ilegal, enquanto houver a presente discussão judicial.

Por fim, anote-se que os usuários dos serviços públicos em geral são titulares do

direito ao serviço adequado, assim entendido o que satisfaz as condições de

regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia

na prestação e modicidade das tarifas (arts. 5º, XXXII e 170, V, ambos da CF,

regulamentados pelo art. 6º, X da Lei 8078/0000).

Insta salientar que no caso em tela não houve qualquer razão de emergência nem

sequer prévio aviso, o que, por si só, afasta a aplicação do art. 6.º, § 3.º, II, da Lei

n.º 800087/0005.

Por amor à argumentação, cumpre esclarecer a inaplicabilidade do referido

dispositivo aos casos de serviços essenciais.

O Egrégio Superior Tribunal de Justiça, vem reiteradamente decidindo dentro de sua

jurisprudência dominante, verbis:

“A energia elétrica é, na atualidade, um bem essencial à população, constituindo-se

serviço público indispensável, subordinado ao princípio da continuidade de sua

prestação, pelo que se torna impossível a sua interrupção O art. 22, do Código de

Defesa do Consumidor, aplica-se às empresas concessionárias de serviço público.


O corte de energia extrapola os limites da legalidade. Não há que se prestigiar

atuação da Justiça privada no Brasil,

especialmente, quando exercida por credor econômica e financeiramente mais forte,

em largas proporções, do que o devedor. Afronta, se assim fosse admitido, aos

princípios constitucionais inocência presumida e da ampla defesa. O direito do

cidadão de se utilizar de serviços públicos essenciais para a sua vida em sociedade

deve ser interpretado com vistas a beneficiar a quem deles se utiliza.” (STJ, RO em

MS, nº 62447 Rel. Min, José Delgado, j. 12.05.10000008, DJU 17.08.10000008)

(grifos nossos)

“ENERGIA ELÉTRICA. CORTE. FORNECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O corte no

fornecimento de energia elétrica, como forma de compelir o usuário ao pagamento

de seu débito, é vedado pelo Código de Defesa do Consumidor ( Lei 8078/0000, art.

22 e 42)” (Noticiado no Informativo do STJ n.º 0004)

O Código de Defesa do Consumidor emana do direito fundamental inserto no inc.

XXXII, do art. 5º da Constituição da República e se propõe, em seu escopo maior, a

proteger os consumidores contra as abusividades que possam ser perpetradas por

pessoas jurídicas de direito privado ou mesmo pelo próprio poder público.

Sendo assim, o corte de energia elétrica viola o direito fundamental do indivíduo, ou

seja, direito do consumidor, regulado pela Lei 8.078/0000 e assegurado pela

Constituição da República.

A jurisprudência amplamente majoritária nos Tribunais Superiores informa que, em


decorrência da essencialidade do serviço e do princípio da continuidade da sua

prestação não se admite que os consumidores inadimplentes ou em situação

irregular sejam penalizados com a suspensão, sem que tenham assegurado, em

processo judicial, as garantias do contraditório e da ampla defesa.

Ora, o caso em tela, mostra claramente que o consumidor não teve seu direito

assegurado até que fosse realizada a perícia. Não bastasse o feito, negativou a

demandante no Serasa, conforme documento em anexo.

Ressalte-se que, admitir o corte da energia elétrica, pela prestadora de serviço

público, por inadimplemento, é admitir que entidade de direito privado utilize do

poder de polícia, que é privativo do Poder Público.

O Poder Público quando delega a particulares o serviço público essencial, não

delega, igualmente, o seu poder de polícia. Conforme noticiado no informativo n.º

163, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da AdinMC 1717-DF (Rel. Min.

Sydney Sanches) decidiu, por maioria, que o serviço de fiscalização constitui

atividade típica do Estado envolvendo, também, o poder de polícia e punição,

insuscetível de delegação a entidades privadas.

De acordo com os fatos narrados percebe-se, facilmente, que estão em jogo direitos

fundamentais, protegidos pelo art. 5º da CF/88. Desta forma, mister se faz a busca

do Poder Judiciário para que seja determinada a imediata religação da energia

elétrica diante da ilegalidade praticada pela Ré.


Assim, é vedado à ré se utilizar do poder de corte no fornecimento do serviço de

energia elétrica, bem de natureza essencial, para compelir o consumidor à

remuneração pelos serviços prestados, especialmente quando a cobrança diverge

de maneira notória diante dos documentos apresentados em anexo, mostrando que

não corresponde ao real consumo tanto que nos meses subsequentes, maio e

junho, o valor da fatura voltou ao valor médio que sempre foi cobrado anteriormente,

ante a violação do princípio da continuidade dos serviços públicos essenciais e a

vedação de submeter o consumidor a situação de constrangimento ou qualquer tipo

de ameaça na cobrança de débitos (artigos 22 e 42 do Código de Defesa do

Consumidor).

DO DANO MORAL

Os fatos mencionados falam por si sós, restando indubitáveis os danos

sofridos, estas no âmbito moral, JÁ QUE A COBRANÇA ILEGAL E

EXAGERADA e o corte de energia trouxe momentos de apreensão, e

sofrimento psicológico suportados pelo Demandante.

Não há dúvidas quanto ao constrangimento causado ao Autor que encontra-se sem

energia para desfrutar de sua casa conforme qualquer transeunte ou vizinho pode

evidenciar e negativado no Serasa indevidamente. Toda essa exposição ao

constrangimento ilegítimo, gera o dever de indenização, conforme preconiza o

Código Civil em seu Art.186.


Dessa forma vem requerer a devida reparação pelo que foi e está sendo

obrigado a passar. Momentos de verdadeiras dores e profundos sofrimentos,

dentre tantos outros.

Como nos ensina o insuperável Pontes de Miranda, em sua inigualável obra,

Tratado de Direito Privado, volume 22, ed. 1958, pág.191, assim discorre:

“Sempre que há dano, isto é, desvantagem no corpo, na psique,

na vida, na saúde, na honra, ao nome, no crédito, no bem-estar ou no

patrimônio, nasce o direito à indenização.”

O insígnie mestre Arnaldo Marmitt, no seu festejado livro PERDAS E

DANOS, 2ª Ed., pág.127, cita:

“Os atributos do ser humano, as virtudes que o adornam e

dignificam, são seus valores espirituais, os valores da honradez, do bom

nome, da personalidade, dos sentimentos de afeição, enfim, todo um

patrimônio moral e espiritual de valia inestimável. Qualquer atentado a esse

patrimônio deve ser ressarcido da melhor forma possível.

A dificuldade em encontrar em muitos casos uma estimativa

adequada ao dano moral, ao sentimento íntimo de pesar, não deve jamais


impedir a fixação de uma quantia compensatória, que mais se aproxime do

justo, ao menos para abrandar a dor e para servir de lenitivo à prostração

sofrida. Não se exige uma exata e equitativa reparação, mas que

simplesmente pareça justa e razoável para cada caso. O problema da

dificuldade na determinação do quantum debeatur não poderá vulnerar o

direito em si, existente e indenizável.”(sem grifos e destaques, no original).

Como demonstrado, houve um dano moral para o Suplicante, que sofreu

verdadeiros vexames por parte e culpa EXCLUSIVA do Réu, que agiu de forma

dolosa para prejudicar o Autor em sua moral e na sua imagem, sendo o Suplicante

obrigado a arcar, unilateralmente, em todos os prejuízos que não deu causa.

A respeito da indenização pelo dano moral causado, o mestre Yussef

Sahid Cahali discorre:

“Dizer-se que repugna à moral reparar-se a dor alheia com o

dinheiro, é deslocar a questão, pois não se está pretendendo vender um bem

moral, mas simplesmente se está sustentando que esse bem, como todos os

outros, deve ser respeitado. Quando a vítima reclama a reparação pecuniária

do dano moral, não pede um preço para sua dor, mas, apenas, que se lhe

outorgue um meio de atenuar em parte as consequências da lesão jurídica.

Por outro lado, mais imoral seria ainda proclamar-se a total idoneidade do

causador do dano.” (In Dano e Indenização, pág.13).


Temos ainda:

“No ensinar de AGUIAR DIAS, o dano moral tem a sua tônica na

dor, no espanto, na emoção, na vergonha, na injúria física ou moral, “em

geral, numa dolorosa sensação experimentada pela pessoa, atribuída à

palavra dor o mais largo significado. O dano moral é consequência

irrecusável do fato danoso.” (Da responsabilidade civil -2/721-725).

Para CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, além do patrimônio em

sentido técnico, o cidadão também titula “direitos integrantes de sua

personalidade, como o que atine à sua integridade física, sua liberdade, sua

honorabilidade, os quais não podem ser impunemente

atingidos.”(Instituições 2-285).

Na verdade, a boa fama, a honorabilidade, o nome respeitável,

etc., são valores espirituais de preço inestimável, merecedores de todo

resguardo.”

O Autor está desde o primeiro contato buscando solução para o problema e

esbarra na má fé da Ré em cumprir com sua obrigação. Indubitável o sofrimento


causado ao Autor por este corte irregular da luz. Trata-se de uma cidadã de bem

que busca honrar seus compromissos, tanto que não deixou de pagar os meses

de maio e junho, cujos valores voltaram a ser a média que era cobrada

anteriormente à março e abril, mas que merece a devida reparação, como autoriza

nossa Constituição Cidadã em seu artigo 5º.

Art.5º - (...) X - São invioláveis a intimidade, (...) a honra, assegurado o direito a

indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Na conformidade do Art. 186, da lei substantiva civil, a

reparação do dano que delas resulte aos ofendidos será indenizatória,

mesmo por que está cometendo ato ilícito. Assim, consubstanciado nos

demais permissivos do Código Civil requer que seja fixado, de logo, a

indenização por dano moral, em quantidade que deve ser arbitrada pelo

Ilustre Julgador, baseado no entendimento que já vem se consolidando em

nossa jurisprudência.

DA LIMINAR PRETENDIDA EM SEDE DE TUTELA DE URGÊNCIA.

Nos termos do art. 294 do CPC, a tutela provisória pode fundamentar-se em:

de urgência, e esta subdividir-se em antecipada ou cautelar, ou de evidência,

bem como ser requerida em caráter antecedente ou incidental.


Como é cediço, a tutela provisória ocorre quando o Órgão Julgador antecipa os

efeitos da tutela definitiva, ou seja, quando a pretensão jurisdicional é

concedida antes da decisão definitiva do mérito, de modo que se funda em

cognição sumária, no exame menos aprofundado da causa, exigindo-se, tão

somente, um juízo de probabilidade para sua concessão, e não um juízo de

certeza, ou após justificação prévia.

Assim, a tutela provisória de urgência poderá ser concedida inaudita altera

pars (sem ouvir a outra parte), sempre que, nos termos do art. 300 do CPC,

houver elementos que evidenciem: a) a probabilidade do direito (fumus boni

iuris) e b) o perigo de dano (periculum in mora).

No caso em apreço, um dos REQUISITOS para a concessão da a tutela

provisória de urgência inaudita altera pars está evidentemente presente.

A probabilidade do direito encontra-se bastante delineada, ao passo que a

legislação em vigor e a jurisprudência determinam a ilegalidade do Corte de

energia por débitos antigos ou pretéritos ou ainda por debitos constituídos de

forma unilateral.

Sendo assim, verossímil se apresenta a alegação do Autor, restando

demonstrado a probabilidade do direito a ensejar a concessão da liminar

pretendida.

Como se pode notar da documentação em anexo, vê-se que a Demandada

agiu em desconformidade com a legislação em vigor efetuando o corte da

energia elétrica do Autor.


Portanto, vem requerer ao juízo que determine em sede de liminar, inaudita

altera pars, que a Ré FAÇA O IMEDIATO RESTABELECIMENTO DO

FORNECIMENTO DA ENERGIA ELETRICA DO AUTOS, INTERROMPIDO

DE MANEIRA ILEGAL, enquanto, houver a presente discussão judicial se

existe o débito, qual o seu valor e de quem é a responsabilidade pelo

pagamento.

A suspensão no fornecimento de energia elétrica só é permitida quando se

tratar de falta de pagamento de conta relativa ao mês do consumo. Os débitos

antigos devem ser cobrados por outros meios.

Além disso, o suposto débito decorre de imposição unilateral de dívida, o que

também já se consagrou na jurisprudência com atitude totalmente ilegal.

O direito do Autor em não ter o fornecimento de energia cortado enquanto

estiver em dia com os pagamentos das faturas atuais está sobejamente

demonstrado nas decisões acima, portanto, presente o requisito da

probabilidade do reconhecimento da ilegalidade do corte de energia por débito

pretérito.

Também está demonstrado inequivocamente que o Autor encontra-se

adimplente com o pagamento de suas contas de energia, pois, junta com a

presente todas o histórico de pagamentos junto a CELPE das faturas de todo

o ano de 2023, estando em aberto apenas as faturas discutidas, conforme

documentos ora acostados.


Em conclusão, diante da impossibilidade da solução extrajudicial do conflito e em

virtude do corte no fornecimento de energia elétrica e de negativar a reclamante no

Serasa, como acima exposto, outro caminho não resta que não a busca da tutela

jurisdicional.

Diante do exposto, vem requerer a V. Exa.:

- a concessão de antecipação de tutela de urgência em sede de liminar

(inaudita altera pars) para que a Empresa Ré faça a imediata religação do

fornecimento de energia elétrica, no prazo de 24 horas, diante do relevante

fundamento da demanda, bem como da emergência da medida pleiteada,

conforme autoriza o art. 497 do CPC, impondo-se à mesma a obrigação de

fornecimento de serviço contínuo e adequado até a solução definitiva do

caso, com a cominação de multa diária para o caso de descumprimento;

- a citação da Ré para responder aos termos da presente;

- a procedência dos pedidos, para determinar o real valor devido pelo autor,

após perícia, confirmando-se os efeitos antecipados na tutela jurisdicional,

com a condenação da Ré a manter a prestação de serviço de energia elétrica

de forma eficiente, contínua e adequada, dado o caráter essencial, sob pena

de multa diária para o caso de não cumprimento;

- a condenação da Ré no valor de R$ 15,000,00 (quinze mil reais) a título de

danos morais, em razão do constrangimento causado ao autor quando do


corte indevido, expondo-o perante os vizinhos, impedindo-o de utilizar seu

imóvel e dos sofrimentos causados também por ter seu nome negativado de

forma indevida perante o Serasa;

- que a ré retire a negativação do autor do Serasa;

- Declarar ilegal o corte no fornecimento de energia, realizado pela Ré, pelos

débitos pretéritos supostamente encontrados de forma unilateral pela

Demandada.

- a condenação da Ré em custas e honorários advocatícios;

- Protesta pela produção de provas, documental, testemunhal, pericial, sob

pena de confissão.

- Atribui-se à causa o valor de R$20.000,00 (Vinte mil reais).

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Recife, 20 de dezembro de 2023.

MARIA HEMÍLIA AUTO

OAB/PE 55.597

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