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DILEMA DO TREM – A Ética de Kant e o Utilitarismo.

Gabriel: Bom dia. O dilema moral escolhido pelo nosso grupo foi o dilema do trem.
Esse teste de moralidade, proposto pela primeira vez em 1967 por Phillipa Foot, uma
filósofa britânica, consiste em: um trem está desgovernado. Esse trem está em uma
pista, onde 5 pessoas se encontram amarradas ao trilho. Na outra pista há apenas uma
pessoa, pessoa essa que também se encontra amarrada aos trilhos. Você tem duas
opções: deixar o trem seguir seu curso natural e passar por cima dessas 5 pessoas, ou
puxar uma alavanca, fazendo com que o trem passe por cima de uma única pessoa.
Lucas: Para algumas pessoas a resposta parece ser óbvia: 5 pessoas mortas é uma coisa
muito pior que 1 pessoa morta. 1 família sofrendo com certeza é melhor que 5, correto?
É o que parece ser moralmente correto. Já para algumas outras pessoas a resposta é
diferente, afinal, que culpa eu tenho se o trem perdeu o controle? Que ele tome seu
curso natural e mate essas 5 pessoas, se existe algum culpado, esse culpado é a empresa
responsável pelo trem. Uma pena, mas fatalidades acontecem.
Débora: Estudos mostram que a maioria das pessoas hoje, pelo menos nas sociedades
ocidentais modernas, dizem que puxariam a alavanca. No entanto, elas respondem de
forma diferente quando a situação é ajustada. Por exemplo, 5 pessoas aleatórias em um
trilho e no outro a sua mãe, seu pai ou qualquer familiar com que você se importe e
ame. Se você foi uma das pessoas que escolheu matar uma única pessoa, você mantém
essa opinião? Seria um “adeus, mãe”?

Caio: Lamentar a morte de 5 desconhecidos é mais fácil que lamentar a morte de um


ente querido. Os seres humanos tendem a dar mais importância para aqueles que os
rodeiam, sendo assim parece ser moralmente legítimo dar maior importância à sua
família. Mas agora imagine o oposto disso, imagine alguém desprezível amarrado aos
trilhos. Talvez um assassino, talvez um estuprador, talvez alguém que seja as duas
coisas. Imagine que aquela pessoa amarrada é quem amarrou as outras cinco.

Naila: Para o último caso, o cenário precisa ser levemente alterado. Não há mais só dois
trilhos, mas somente um. Sob o trilho e existe uma ponta, onde se encontra um homem
grande o suficiente para interromper o curso do trem, e você está logo atrás desse
homem. Tem uma maneira de salvar as cinco pessoas, sim, mas para isso seria
necessário que você empurrasse o homem da ponte. A morte de uma pessoa não seria
mais consequência de um ato que você tomou, aqui você seria a causa ativa da morte de
uma pessoa.

Gabriel: Nesse dilema nós entramos nos campos do utilitarismo e da ética kantiana. Para
o filósofo Immanuel Kant em seu imperativo categórico, não desviar o trem ou não
empurrar o homem seria o certo a se fazer, você não poderia ser responsabilizado. Usar
essa outra pessoa para salvar outras cinco seria, para Kant, usar alguém como um fim
para outro meio.

Lucas: Na ética de Kant, por outro lado, os desejos não têm essa função, pois para
agirmos moralmente não devemos seguir nossos desejos ou procurar satisfazer os
desejos das pessoas.
Para os utilitaristas, uma ação é correta se gera mais felicidade para as pessoas afetadas,
mas é errada se gera sofrimento.

Débora: Aos olhos de muitas pessoas, lealdade é uma virtude e sacrificar nossa família
iria contra isso. Sendo assim, sacrificar os que amamos por desconhecidos vai contra
nossos instintos naturais e nossas intuições morais mais fundamentais.

Caio: Os utilitaristas também argumentarão que não há diferença significativa entre


causar uma morte, puxando a alavanca e não impedindo uma morte, recusando-se a
puxar a alavanca. Uma pessoa é igualmente responsável pelas consequências em ambos
os casos.

Naila: Neste cenário, o utilitarismo e a ética de Kant apresentam a profunda


complexidade das escolhas morais. Enquanto Kant enfatiza o dever e a dignidade
individual, o utilitarismo direciona o foco para o bem-estar coletivo. A decisão, nesse
contexto, nos faz refletir sobre nossas convicções mais intrínsecas.

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