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PRIMBIRA PARTE: A ANTROPOLOGIA NO QUADRO DAS CIENCIAS 1. Cigneias Naturals ¢ Ciéneias Sociais [Nenhum fil6sofo ou teético da eléncia delxou de se precupar com az semethangas e diferencas entre as chamailas e da ‘ciGueia naturals. Aasim, um clentiata natural pode preson- ‘ar os modos de reprodugao de formigat (J& que pode ter ‘um formigueiro no seu laboratério), pode estudar os efeitos de um dado conjunto de anticorpos’ em ratos e pode, ainda, fnalisar o quanto quiser a compasigio de um dado raio luminoso, Em contraste com isso, as chamadas : para demonstrar solidaviedade 2 uma pessoa ou rupo, pare comemorar uma eerta data (como ocorre num aniversdrio), para revelar que © bolo feito por mamie 6 relhor do que o bolo feito por D, Yolanda, para indiear que se conhecem bolos, para justificar uma certa atitude e, ainda, Dor todos esses motivos juntas, Para que se tenha uma prova lara destas eomplicagées, basta parar de ler esse trecho perguntar a uma pastoa préixima: . A at antee com quem cable facieente oe wick weetidates, Nae" pos agimer univer interior de uma baleia, embora possa tomar as baleias para realizar com elas um exereicio humanizador, situando-as como 2 corre nos desenhos animados e nos eontas de fades, como lama répliea da sociedade humana, Embora passa ineorporar 8 haleias a0 reino do bumano, poderei imaginar 0 que entem rualments eases cetfeees? claro que no,” Essa distancia irremedidvel dada ao fato de que Jamals.poderei fornar-me uma baleia € que permite jogar ‘cam a. dicoto- mia cléssica da ciencia: aquela entre sujelto (que eannece ou buses conhecer) © objeto (a chamada realidade ow fenémeno sob escrutinio do elentista), As teorias eos mé- todos cientificos si0, nesta perspectiva, os mediadores que Dermitem operar esta aproximagao, conatruindo uma ponte entre née oo mundo das baleiaa Mas, ao lado disso, hé um outro dado crucial. & que eu osso dizer tudo o que quiser em relagko $a balcias saben do que elas jamais indo me contestar, Poderei, & claro, ser ntestado por um outro. estudiogo de baleias, mas jamals elas baleias mesmas. Estas eontinuaro a viver no imenso oeeano de aguas friac, nadando em grupos e borritande tespuma independentemente das mintias dedugées e. teins. Isso significa simplesmente que 0 med oonheelmento sobre 8 baleiaa nfo serd jamais lido pelas baleiae que jamais info modificar © seu ‘comportamento por eausa das minhas ‘eorias de modo direto, Minhae teorias poderdo ser usadas or mim mesmo ou por toresires para modifica 0 compor- ‘tamento das baleias, mas elat nunea. serio usadas.direta- ‘mente pelas baleias. Em outras palavras, nunea me torna rei um edticeo, do mesmo modo que um’ eeldcen nunca. por deré virar um merabro da especie humana, # por cits disso Aue teorias sobre balelas sapos slo teorias, isto é, eomhe- timento objetivo, externo, independente de baleias, ‘sapos © investigadores. Mas como se passam as coisus no caso das «cidacias Ors, aqui 6 tudo muito mals complexo, ‘Temos, em pet- ‘meiro ligar, a interagio comploxa entre o investigador © 0 sujeito investigado, ambos — como disse Lévi-Strauss — situados mma mesma escala, Ou seja, tanto 0 pestulsadr ‘quanto sua vitima compartilham, embora muitasvezes no © comuniquem, de um mesmo universo das experiéncias hi Janas, Se entre nds e os ratos as diferengas so. irreduti. veis, homens ¢ rates pertencem « eapéeies diferentes, sabe. a ‘mos que ot homens mio se separam por meio de espécies, tas pela crganieagio de quas experiézcias, por sua historia, @ pelo. modo com que elassificam suas realidades interns 6 externas, Por causa disso ninguém pode virar baleia, rato fou ledo, mas todos podemoa nos tranformar em membros de outras eeciedades, adotando sous costumes, eategorias de Densamento e classificagio eocial, easando com suas mulhe- es ¢ sovialisando seus fithor, Rezando aos sous ospiritos © feuses, aplacando a in ¢ agradocondo as béncies dos seas fancestrais, obedecendo ou modificando suas leis, falando bem ‘ou mal sua Hngua, Apesar das diferengas e por causa dels, nis sempre nor reconhecemos nos outres een estou incl nado este modk ‘gee aeabo reeonhecend ‘quando vejo um costume diferente pelo contraste, meu proprio costume. Quanto estudoi 0s nomes pessoais entre os Apinayé do Norte do Estado de Goigs evi que, entre eles, os nomes ‘cram mecanismos para estabelecor relagées sociais, foi ave Dude reconhecer imediatamente 0 papel dos nomes entre 6s ‘aul, Dereebi, of momes gervem para individualizar, para fsolat tima patna das outras e, assim farendo, individuali- tur um grupo (Uma famBla) de outro, O nome caracteriza © individuo, pois os nomes ako Guieca © exclusives, com 0 termo cera’ demonstrando a sUrpresa que dois oa mais no~ mes ideatieos podem eausar, Lembro que a palavra xara é de origem ‘pi e algnificava originalmente para a Antropologia. Social, € preciso nia esquecer as relagdes da Antropologia com seus a vind Oe Un BIBLIOTECA coulros ramos, Sabemos que nossa disciplina tem pelo menos {es cetera, ‘de.intoresto claramente definidas. dstinias Uma delas é 0 extudo do homem enquanto ser bioligicn, Uolade de um aparata fiseo e ama carga genética, eam um pereurso evolutivo definido e Telagies espociticas com outras Gniens especies de seres vivoe, Base go domino ou 0 tampo da chamada Antropologla Bilégica, outrora eonfina- fie tomo Antropclogia. Fisica, as famosas modigoes de erie Siac eaguceton, mutes voses no aft de estabelecer sinais larson “que, pudessem ‘servir como éiferonciadores das royasr, humanas, Felirmente, como iremos ver com mais ‘Veen adlante, a nogéo de «raga» come um tipo acabado esté Tolatmente superada, de modo qos é wm absurdo prevander tirar do concelto quaiquer impliengio de cerdter sociocultural como se fanin antigamente, Hoje, 0 csbeialista em Antro- Pologia Biligica detica-se a andlie das diferenciagtes hu Thangs utillzando euomas etataticos, dando muito mais ‘ene uo eatudo das sociedades de primatas superior {como oe babuinos eu. yori), eapecilagio sobre. a evo Igo bioligiea do homem em geral — apreciando, yor exem pla, a evolugio. Go cérebro oto aparalp nervoso Gste0 Uliaado e mobilizdo para andar ol eta dedieado 20 enten- dimento dos mecaniomoe combinagSes genétias fundamen- fais que permitam explicar diferenciacses de popilagiee ¢ ‘io mais do ragast Claro esté que a Antropologie Bioligiea tanga mio de iétogos ¢ técniess comuns 202 outros ramos da Biologia dia Genttica e da Zoologia, alem da Paleontologia, de mode five 0 cientinta a ea dedieado deve ter fomiiaridade com indus’ eseas cutras disciplinas, sendo um bidlogo espocalza- Ao no estudo do homers, Na histori da Antropologi, grande parte da popularidade da disciplina deeorre de achados clen- Titeos vindos desta exfora de estud. "A segunda esfera do trabalho da Antropologia. Geral dit reapelto ao estudo do homem no tempo, alraves dos mone Inentos, restos de moradas, docomentoe, armas, obras de arte © realzagdes teeniens que for delvando no-te0 caminho en Cunato civlizagies davam Iigar a putas no cureo_ da. His {ria. Essa enfore de trabalho antropolgeo ¢ conhecida como “Anguedlogia e, como tay 6 uma subiscipins da Antropologia Geral e, mais expecfieamente, d4 Antropologia Cultural (01 28 De fay ¢ Artes a ea fm pedagos de cerdmica, cemitérios mllenares, cacos de petra f resios de animais, enquanto tals res{duos permitem xlv2it ‘orlos coneretos de relacdes socinis ali existentes, A Areueo- Jogia, assim, & uma Antropologia Social, a6 que esté. debra fgada em lima do. estudo de um sistema de_agio social i Aesaparecido, Para chegar aif ele, a. diseiplina desenvolvea Gime série de métodor téenicas destinadas wo estado. pre @ detalhado dos restot de uma sociaiade ou cultura lo que foi etistalizado perpetuado pelos seus membros, jnanto atualizavam eertos padroes de comportamento «pe. 8 daquele sistema. Todo sistema soelal humano preci instrumentos ¢ artefatos materisis para sobreviver, Na artefatos, instrumentos © objetos ‘materiais aio ‘Mas esses instromentos, embora tendo o objetivo ermitir a exploracio da natureas, moltiplicasio da fora edo poderio do homem ou a realizneko de. alguma fareia especial, ectio detorminados pelos moos através das fais © grupo re autedsfine e conesbe, Daf a sua yarlabi= fieade, Assim, embora a agriculture seja uma téenica eo jgum a muitas socledades, nem todas a prsticam do mesmo ‘modo, ulilisando os meamos instramentos, dentro do mesmo ritmo, ou plantando os mesmos produtor, Mesmo em areas Jogrificas comuns, como 0 Brasil Central, por exemple, @ncontramos grupos de lingua Tupi, como os ‘Tenetehara, yaticando uma agricultura fundada na mandioea © baseada Ten téenicas avancadas; a0 passo que ax populagies de fala Jé, ‘mesma regitio, operavam (e sinda operam) técnicas agri. golas diferentes, com o seu produto culivado prineipal sendo fama grande variedade de Inhames. 0 arquedlogo estuda esses esiduos deixados por uma soeiedate, depois que seus mem- Dros pereceram, F sua tarefa & a do reconsiruir 0 sistema ‘qe ele somente existe por meio de algumas de suas Cerstalzagieg. = Quando! pensaines om Arquoologia, pensamos freqiente imente nos especialistas dedicaos ao estudo das chamadas Ugrandes clvilisagies (Exito, india, Mesopotamia, Grécla Roma), estudiosos que tém como material de ertudos, no 2» 6 insteumentos de exploragio da naturora, mas formas del ociedade bem eristalizadas como o8 monumentos ¢ 08 pa- leies. Mas & preciso nflo eaquecer o arquedlogo devotado ao} festudo de pequenos grupos de peseoas que também doixaram sua marca em algum ambiente geogritico, euja reconstru- Ho correta ¢ muito mais dificll mas igualmente bisiea para tama visio. completa da histéria do homem na terra, E é urine impmrtani aber come pe fae falas ech residue pela téenica arquecligica, Assim, ume aldeia anti fa, cjas casas. Ja foram consumidas pelo tempo e pelas intempéries, pode fornecer um padrio de habitabiidadte que ‘denota um tipo especial de aldaamento, pols as easas. poder fer grandes on pequenat; estar dispostas de modo aleatério ‘ou eeguindo um detenho geométrico preciso, como um qua- ‘drado ou um eirculo, Ea informagao é basica porque exister feciedades, com> as de lingua J do Brasil Central (ef Melatti, 1978; Da Matta, 1976), que constroem aldelus te dondas; com tim patio no centro © a8 casus situadas a0 redor, Tal diviako representa um esquema bisieo e revela como a Aisposigio em circulo pode indicar algum aspecto hisico da ‘mundivisio daquela socledade, Além disso, toda a aldein pode ‘er um depésito comum de lixo e isto permitiré descobrir © tipo de alimentagio da populagio, bem como o tipo de ‘material que era mais usado por ela noa_seus afazeres. co- ‘dlanos. Restos de alimeatos podem significar exqucletor de animais e isso permitirg doscobrir as espécies mals consi ‘midas e até mesmo a quantidade da alimentagio ¢ © modo como 06 animais foram mortos, Por outze lado, esta infor magio poder ser critica no equilrio da dieta alimentar da aldela e no peso que a cara, a coleta e a agricultura teriam tido na sua vida econémica e social, Ao lado destes vesiduos de snimais, pode o arqueéiogo deduxir muito sobre ‘2 estrutura soclal se deseobrir planos de casas intactos com © que restou de suas divisdes internas e externas. ‘Tipas de familia poderko vir a tur destee dados e a populagio da aldeia. poder ser até mesmo calculada por melo’ dele. Ce- ‘mitérios que fazem parte da imagem popular do arquedlogo fom sua reupa edge ehapéa de explorador sho bisicos, Um comitério relativamente intocado. pole indicar muito so bore populagie, distribuigio sexual desta populagka, forne cer dados sobre tipos de morte e formas de doengs, explicar 30 es de casamento € migrasio (pelo estudo de osqueleton rentes). Bsqueletos enterrados em conjunto com ertaa tes © aparato Tuneririo langaria luz sobre a vide rel 8 politica de uma aldela, pois a0 lado de mortas enter- com, simples enfeies poler-e-lam encontrar tamben enterradas 6s ¢ com muita riquera de apatato fu ro, o que fax stspeltar de uma rociedade com hierar as © diferencingbos religious, plitiss ou econdmica © arquestogo trabala por roeio de expeculagies « ded uma base comparativa, ballzando sstematicamente m8 achados do passado com 0 conherimento oto Belo co cimento canlemporaneo de seciedades com aqule mesma ras de complexidade cova. Seu trabalho segue, enti, em Uohas rerais, o mesmo ritmo daquele. realizado’ pele cing. ‘ow antropilogo social (ou cultural), a6. que ele esta Sims populacio que somente exiate pelo que. fol capa de Fler eristalizado em materiain nio-peresivels," Gamo ¢ homer # 0 dnleo animal quo tem casa fantésticg capacldade pro- ists, pois ele efeivamente se. projeta(jrojeta seus Valo ese’ iologias) em tudo o que conereiza, materiamente, Gai sociedad humana deixa sempre gum vestige dae sus felis socials ¢ valores nagullo que tou, Negocio, aderou P# entesourou com gundnela, sabedoria ou generosidade. no Hongo dos tempos. porque os homens ‘alo asim quo a eae. 4 do eonhecimento arquealgico € postve Quando falamos em Arqueolonis, $4 tivemes que utilizar 4 ela de mecanismos sociis sntematizados “que chatmel de profetivos — para exprimir o campo de eatudes desta, Giscipina dadicada “A endlise das formas que’ 09 homens faventam, copiam e eonstroem de modo a yoderem operat fins vidas individual coleivamiente segundo eertos ale fe. Quando o tigre de denter-de-sabre desaparecey, fore om ele iodo 0 seu aparato adaptative, do. qual © dentece fabre era obviamente uma pega fondamental: Mas quando a tociedade Tupinamba dempareeeu, ela delzou atrég oat todo tum eonjunto' de cbjetos que havin laborado, copado, inven ado, construido e fabrieado, elementos que ram. sluysea para desufios universis, mais que iso, constitulam expres foes partiulares dos Tupi Teualveremy tis desi, at Agora que desejo definir a teresira esfora do conhect ‘mento Antropoligien, preciso conceituar melher esses meca- hismos projelives que’ permitem atuslizar valores. sociais. ‘Tradiclonalmente eles tm sido chamutos de cultura e & eles que precisaraos falar quando. protondemos localivar 0 campo da “Antropologia Social, Cultural ou Etmologia, De fato, o@ nomes (que eetio relacionados ii tradigdes de est {dog Jo eerlos paises) ‘n&o nos devem ofuscar, pols todos de- notam a memma coisa: 0 estudo do Homem enquanto produ tor e transformador da. notureea. E muito mais que isso: a visio do Homem enquanto mombro de uma sociedaie © de lam dado sistema de valores. A perspective da. sociadads humana enquanto wim conjumto de aqoes ordenadas de acordo com um plano e regras que ela prépria inveniou e que é capas de reproduzir e projetar em tudo uuilo que fabric ‘A estera daAntropologia Caltural (ou Social) 6, assim, 0 Plano complexo segundo o qual a cultura (e © sea irmio fgimeo a eoviedade) nio é somente uma tesposta especfica ‘8 cortos desafios; resposta que somente 0 Homem fol eapaz Ge articalar. Nao, Essa visio Instrumentalista da cultura oma um tipo de reacio de um certo animal a um dado fambbente fisleo deve ser aubstitutda por uma nogio muito ‘mals complexa e gonerosa, por uma visio realmente muito ‘ais dialitica © humana, A de que a cultwa e a consciencia ‘que a visio socioldgica tiela contida deve implicar situa o Romer muito mais do que um animal que inventa obje- tos, chamando atencio para o fato crition de que ele é um animal enpaz de pensar o seu préprio pensamento. Em outras palavras, somente o homem & eapas de criar uma linguagem 4 linguagem, uma regraderegras, Um plano de tal orem reflexivo que’ ele pode ver-te a si proprio neste plane. Se ‘lguns animaie podem inventar objets, © homem € 0 nico ‘que inventa as rogras de inventar os objetos, Hf assim fa ‘endo pode definirse enquanto um ser que usa a. Hinguagem, ‘mas que também tem consciéneia da linguayem, Seja porque ‘8 lingua articulada permite uma multipliedade de. propési- ‘tos priticns, seja porque sabe que sua lingua é particular ‘2 por causa disso permite ume individualisagao diante de tutes sociedades, © ponto essenetal ¢ que o homer nso inven- ta uma eanoa a6 porque deseja eruzar 0 rio ow veneer 0 mar, ‘mas inventando a canoa ele toma consciéucia do mar, do 2 Ho, da canon e de si mosmo, Se o homem fuse al pri- Dro, € precio tambon nlp esquecer que ele aio proce Porgue pode verse a_sl-menmo em folos o¢ deaaiios noe Enfrenta em todos os tnstrumentos que fabita A Antropologia Social (oi Catural), ov Blnologta, pers site descobrir a dimensio a eulturn © Ga socodade, Tess faeando os sepuites plan: 2) Um sloao instrament, alo na medida om que um Aujelto reponde aunt defi Ge tnt ambiente Sen outro grupo. Se temperatura dn terra mony gre at aie apeansdeeenvalveram defeats pura eae ve fe Ss facelado sev préprio orate, sime Peles, garacre See pis. Sua reapasn & intetnenal dra, Sa seit te Muar contecimento refleseo du Tepocta meme’ Se gale ta, respona aio ao daraca Uo animal faved nao ‘MU proprio corpo e a elo stand Inimamentelgeie soa Fellexio a0 cima ii © ano intremerdel € um plano das cits titan o1 das @ 4 sun concepeio « ingoridacla etd malo gals t Deripctiva spine geal heme fo fe soe taste Brineiro 0 plano fac, depls © plano social (oa eteah Primer» 0 ano individual, depae o-oeivo. Primelco os sons gue fnitavam a nataresa, Seis Tinguage alae da Hoje tabemos que tal vino que Geer (0i8)chanes © cestruitiadan nip 6 rai vila, Motto uals importance €"tGrar contin de um pla Traneamente els 1) No plano cattarat ov sca, qve 8 Etaoin, Antro polgia Soll e Antropiogta ita pornstar’ nee oo hecineno, 0 mundo humane formae Hest de oe wise Giletico com a natures, Foi rspeatendo seta a homer meviicoe © atin vent um ple onde yo, Ainltareamente seformulirss, tformulande a porn ee fore Neste sive, estamos ta rete dee rerey etna [ox soca dling sort stalin mals rey ieee Bis tomes una. respon stats um ee deny ee sulci. Amin, ne a temerntra fa terre cou 8 het ens inventaram coer © argon, Mas fundamen hy sidrar de ama ver or ted eon {eu cbirtas'ecbrgee vari tudo, Pore Nin porque exiatisse alguna 8 raaho interna (de natureza genética ou Diolériea), mas por- fque a resposta foi pensada em termos de regras,’como algo. fexterno e pereebide como tal, Apenas podemos dizer que aj hhomem deverd responder, mas nio podemos prever efetiva- mente como seri essa resposta, O homem, assim, é 0 dnieo fnimal que fala de sua fala, que pensa seu pensamento, ‘ue responde a sua propria resposta, que reflete sew prdprio feflexo e due ¢ eapaz de se difereneiar mesmo quando est se igptando a cousas estimulos comuns, Realmente, pode-ve mesmo dizer que um tigre etd ficando coda vez mais tigre, fhe medida ext que s¢ adapta a um certo ambfente natural fe desenvolve certas caracteristicas biolégieas: Mas com 0 homem as coises séo muito diferentes, Aqui, a nosio de adaptagio ¢ muito complicada, porque ela mio indica um eaminho de mio tnles, indo apenas na diregio de wn mat hhimo de atrito com a naturera, eomo & 0 cas0 dos anima. No caso das sceledades, adaptages podem significar desta ques do ambiente, pelo’ uso de uma tecnologia avancnda © Que busca dominar e controlar natureza; 0 uso de um Eins heutralizador, quando uma sociedade busca integrar-se no arnbiente. ‘Vite, deste modo, que a resposta cultural & muito di forente da instrumental, Ela permite a superacio da neces Sunde c também o extabelecimento de uma diferenciagio por Guus memo de necessidade, Hesse ponto é critica, Os ho- Shows ae diferenciaram porque tornarim-se homens, © torna- Tamese homens porque Fesponderam de modo. expecifico, fatimulos universais, Por isso é que 9 estudo da, Antropolo- Gin Social sera sempre 0 estudo das diferencas, plano efetivo e Concrelo em que & ehamada Humantdade se realiza ¢ torna- fe visivel ‘Tomar a cultura (e a sociedade) como sendo uma espé co de elaborada rosposta ao desafio natural 6 um modo muito omuma de coloear em for 0 objelo da Antropologia, Creio fue minha visio € mais complexa e, melhor que Isso, mais ‘Hequads ao conhecimenta moderno das sociedades © dos ho- hens. 'Dor eutro lado, ela abandona, como virios, s perspec- ta evolucionista ‘muito. simplifieatora, segundo & qual & feunténcla social fot realizada om etapas: primeizo 0 isco, ‘iepois o- social; primeiro o art, depois fala; primeiro Sindividue, depols o grupo. A visio aqui apresentads, nn 34 ida mesmo em que amas revelando os planos de atua- de cada antropologia, fol a de mostrar como a sociedade dle wma dialética complexa @, por isso mesmo, refle- onde o desaio da natresa engendrava uma. resposta por sua ver, permitia tomar eonseléneia da. conseiénel ‘suas possibilidades de responder), da natures © da ria rospesta dada. A plasticidade humana & que permite obrir sua variabiidade, jé que ela apenas indiea o ca~ inho de alguma reapio, mas no pode determinar com pre soe resposta. De fate, neste rentido, o homem ¢ realmente ire. Do quo fou eolozado asima, segue que temas em Ante Iowa pelo menos trex planor de cosskncia Ineuiriamon com ‘wistagso sm. quarto plano, o mais fundamental do ton, aso ee mio forse 860 especialsado e nosro cohciments fom cle to superficial. Quero mr referir ao plano da line flstca, do extudo da Tingua, stern te conictnca sbao- Iamente bisio na transmisidn, invengio.« prodasio. ee {odo o conhecnnento'e cultura, Blomento ou mir sm. tolee om outros nto poderiam existn, 34 qe sem uma lin- unger articslada sera impose! apreender mundo, tornde fp conhecdo « manipslavel por moo de nm estuoma Ge. ca- {veorinn oréonade. ‘Mas dentro dow ts plinos que estacamos ¢ noe aus incuimos indretaments linsuagem seri precio destacar | Heovintes poten: 0 estado da Antropologin Biokgica situa a quostio de ena consent fina no ertudo do Homer, Ela fenute ans oriretros biefuics de Tessa exisoren,reveando. como fstamos izaéos no mundo animal» aoe mecsnismon bsico, jp viin no planeta, Nevte plano, trebalhamoe mom. exe Flenvoral de ariter serdaicitamenie planetirio edomice, acca de ilies de anos, onde & pratieamente irapose fe dscotr com alguna recto 9 vurgimeno do events aroplon, No plano Gn commer que fx. porto da rope Blogleneapeuiamon sobre mudencay intrae fo co crpo e steehea tnusnon, npeelande or soa 36 ragio com os animais as congustas reslizadas por esse pri- fits superior que. acabon flo diferencia, O. fala de omen ter descido de umd drvore, de ter" desenvlvido 9 Bipeiiliamn pee sor 0 ponto. de persida para me sé fe iransformasies creat, todos oer mum espago de fempo interamente.inconcebvel para, nossa conincia freqlentemente confinada a uma experiéneia verdaderamen- te diminvta da duracho temporal. Assim, o bipedalismo est fesccludo e umn diferencagho entre ow pés ¢ a8 mom, e=e~ inteagto ‘erdadciramente nica, qoe of Pimalos supe- Sores fo deram um passo tio deisivo reste dire, cendo fat mies e pes rgfos com nn cemaeslrutura”anati- tric. Tal diferencia entre parte de cima do corpe € fa" parte de baixo (uma opoigio clara no homem entre Sto e batco) Tevou a sudangae ha estrutura do rosto (com a hos vido ura pouco mals a frente e 0 eeinio tomando time parie tem maior dq eabecs), com as modifies tpi as naz curvaturas da eolona vertcral (aio Ws no homer) © posigio do. foramen. magnon. (orf na_ parte inferior fa cage, na’ sou artcolugho com a expinhadorea), mas ftleulagies da cia e do femur, com es suas impliagies Hsia para todo o conjunto funcional ¢ nnalimico relaco- nado a0 andar bipedal "als transformagies na etratora anstimien slo acom- panhadas de modangas na estrutira do eérebro, vis, ofato ee udied, midangas que, sabemos hoje, lac intimamente llzadas ao aso de istrumenton e do fog, mesmo quando se tetava de um préchomem (um homin(ie),vivendo na Africa tio Sul ha cove de tru mithoes de anos ates. 8, pol, impo tinte' cacutir tals modifleagoca em aus nesociagies dress com alguma forma de illura ov projesio no meio ambiente, Silvia ave esta acompanhada. do uma complexe. dite, Mas ¢ importante notar que aqut etamon observando © conhetendo residues de homens ancstrsi pesago de eat {uae cue estavam a meio camiabo entre uma forma. animal, Munda dentro. das determinagdes naturals e.geopraficas, © formas mais desenvovidas, com. uma capacidade. Gniea"de Teagir e tais determinagsen, De fat, fventano sae pre pris determinages soins e HstGrleas, pelo uso ¢ sb os Fistromentes. Estaroe, portato, situedes nem reino conge- Indo como olocod Lavt-Strauns (1970) no Peinado de 18 ehistria fein», onde of acontecimentos s6 aparecem em a8 de tempo extraordinariamente longos, Rntre a «det rta> do bipedalismo ou, digames, » perspectiva desta pos fhilidade © a descoberta da primeira arma ou instrumento, tos milhées de anoe go se terlam passado? E entre iticagio do fogo e dos animais, quantas outros milha- Hee de anos no teriam decorrido? Ou sera que tudo foi Wislumbrado num s6 momento, uma espécie de equeda do Paraiso bioligicos, quando 0 animal que viria a ser o homem sompeu com as cadeias que o preniiam as determinagoes bologicas e amblentais, construindo um primelro sto p20- {stivo: uma arma, uma alavance, um instrumento capaz de prolongar 0 brago, ou de multipliear « foreaT Sabemos que fis problemas nos colocam, por sua propria difieldade até ‘mesmo de verbalizaglo adeguacla, no limiar entre 0 elentifien ‘0 religioso (ou © filosifico), naquela fronteira onde 0 ‘tempo — por ter que ser contado na escala dot milhdes Ge anos — deixa de operar como uma categoria’ significa tiva, pendendo todo o seatida clasificatéri, A Antropologis Bioldgiea, assim, nos coloca diante dos espaces primerdias, fog gestos decisivos, do tempo que corre numa eicala fri, lente, infinita, Ela ‘nos permite especalar sobre aquele mo mento mégieo quando o milagre do. significado deve ter se realizado © todas as coisas se juntaram mum primeiro F sistema de classifica 0 estudo da Antropologia Cultural e/ou Social (ou Etno- login) “abre as portas de realidades diversas, A Anmeologia ‘pos romelo ao mundo de um tempo em escala de milhares de anos, mas onde og acontecimentos passim a ser decisivos ‘lp mals en eeala da xpi humsna como ma lalate mas como clementos que permitem diferenciar civilizagies, Sstemas produtives « regimes politices especfieos, Ela nos fevloca diante de uma espécie de arraneada posterior: depois fle uma diferenciagio ao nivel universal (e portanto da espe- ie), © homem realizou simultancamente 3 suns. variadas, diferenciagips internas, inventando formas soeinie diferentes, 0 movimento simultaneo, parece-me, embora sejn difiell coloelo aim, sobretudo wilizando um melo como a escrita ‘qe é, acima de tudo, linetr, De qualquer modo, 1 ceonscicn fa arqueoligieas 6 aquela que nos toea eam temporalidades Infinitas e com uma histria igualmente fra, onde os expagos 36 # entre os acontesimentos so enormes. Mas aqui a nogko de espago comega a se insinuar, 4 que o tempo por si 86 io ¢ sificlente para locaizar as. diferenses, No ano 8000 antes de Cristo, tinhemos eivlizagSes diferenciadas em algu- rmas regibes da Terra: a minoana, 2 egipela, a sumeria: ‘ua, a indiana a chineaa. Tals formagsea sociale J4 permi- tem vislumbrar especfieiiades verdadeiramento demareado- ras em varios dominios soctais, embora se possa, para Dro- pésites didéticog tornar todas ena sociedades semelhantes, De ‘qualquer modo, sabomos que ae esealas que nos remetem & Arqueslogia oA Antropologia Bioldgica so escalas de tempo nilenares, onde a biografia tom quo cedor lugar a histéria das téealeas que, por sua ver, ¢ mais significative do que ‘quulquer especulagho sobre 0 nascimento desenvolvimento ‘das inatituigdea socials, dominio intrinscoamente relacionado a histéria politica, econdmiea e social. Em outras.palavras, numa eseala de um mifhio de anos, apenas vejo mudangas rho nivel da estrutura anatomiea eo surgimento de alguns instrumentos essenciais, como 0 fogo, Mas, no nivel de-mi- Thares de anos, peresbo o nascimento © 9 aperfeicoamento de téenicas mais elaboradas como a domesticacso de animais, © uso téenieo do fogo, com a metalurria, as diferentes té- hicas de tecelagem com elas algumas ‘institugées socials, De Tato, na medida em que deixo 0 tempo Dioligleo e pe netro_no tempo arquecl6gico, eomego a vislumbrar s socio- dade ea cultura, Nums escala de mil anos, posto perceber nitidamente algumas instituictes gociais e st mesmo certas Diografias, Mas € visfvel a posstbidade de especular sabre Uumia chistoria instituelonals, sobretude quando se desein.pe- neirar no eampo das eonguistas, guerraa © otniaa, 0 que Te ‘mete 4 gucrra © ao comércio: a uma hiatéria econtmica © politica das sociedades, Finalmente, na etcala secular, estou tno tempo da histéria propriamente dita, quando minha eons- Cidneia deve desenvolver uma nogio muito mais complexa Glaléticn das determinagSes.miltipias dos eventos sobre of homens us sociadades. Mas cate tipo de conselénela }é perience A nossa Antropologia: a Antropologia. Social (ov Cuttural). 0 Biotigico © 0 Social claro que as diferengas entro as Antropologias © a Antro- ygia Social dizem respeito fandamentalmente. A. descober- ido social (e do cultural) como um plano dotado de rea” i, regras_e de uma dinimicn pripria, Im outras wvEas, @ como j4 eolocow Durkheim no acu eldasico As sarax to Método Sootalégieo (em 1895), como uma xcoisa>, 6, um fato capaz de exercer coorgio exierna (de fora {Bara dentro) como qualquer outra do mundo ior. Como, por exemplo, a ehava ou esta mesa, le. fos que no nosso sistema elassificatérlo tam mais reat je que as outras coisas. Curioso, como veremos em todo decorrer deste livro, que © aocial tenha sido formulade de modo tio tardic eats hoje nso nbs side’ ainda bem ‘pereebido como tal em sauitas discussoes a respeito da. s0- ‘iedade, Mas & possivel interpretar este fato ¢, interpre fando-o, certamento langar luz sabre os nossos modos de con ‘ceber 0 mundo e nele ordenar of fendmenoe, perspectiva que ‘permitiré apreciar a importineia da consideragio do soctal fomo «coisa» no sew sentido correto e, paralelamente, a im- portdncia da formidével descoberta que foi a formulagto de Durkheim ¢ seus coluboradores Nesta parte, desejo apenas chamar alengio para alqu- inas das especificidades correntes dos chamados fatores bio- gicos em oposigio aos socials, no intuito de demarcar um pouco melhor © objeto de estudo da Antropologia Social fou Cultural). Crelo que este discussio 6 nectsairin, ainda ‘we venha a correr ¢ Tlseo da repetisao, poraue entendo que -esoelels ¢ 9 «eultaral> sejam eonceltoe-chaves na perspec: tiva socioligica do conhesimento socal, mas que estio tor endo sempre o risco de esvasiamento e da reificagao pelo seu so inapropriado. Por outro lado, esta primeira formolacio as oposicdes entre 0 Biolégico eo socal/eultural permitira larificar discussto seguinte, devotada a0 entendimento da Antropologin no. Brasil Nas péinas anteriores, vimos que tudo que 6 biolégies fra intrinseeo, isto é, faria parte da natureza oU, no caso Ge um animal conereéo, de ews aturesa, do. seu organisme, © bielogico, entao, tem seu lugar em transformagces inter. rag de uma estratura organles, sofrendo por cause Gisto 39

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