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of | 7 OBJETIVOS DO ENSINO DE LINGUA MATERNA | 2.- CONCEPGOES DE LINGUAGEM 3—CONCEPGAO DE GRAMATICA 4-TIPOS DE ENSINO DE LINGUA [PAG 17-40 02-5176, gus Estado eensino 2, Portugués ~Gramitica Esta cops indices para catslogo sistemstico: 1. Giamiica: Porsuguts: Esto ¢ensino 469.507 Luiz Carlos Travaglia GRAMATICA E INTERACAO: uma proposta para o ensino de gramatica 9? edigdo revista SESSA 3. CONCEPGAO DE GRAMATICA 3.1. Conceito de gramética Se a nossa questio é o ensino de gramética, é preciso dizer também fo que se entende por gramdtica ¢, de acordo com cada conceps%0, 0 que seria saber gramética e 0 que € ser gramatical. Hié basicamente trés sentidos para essas expressdes, que apresentamos a seguir No primeiro, a gramtica 6 concebida como um manual com regras de bom uso da lingua a serem seguidas por aq malmente & rotulada de gramética normativa, “gramética temdtico de normas para bem falar ¢ escrever, estabelecidas was, com base no uso da lingua consagrado pelos bons ‘dizer que alguém ‘sabe gramética’ significa normas ¢ as domina tanto 1 ‘quanto oper (grifos do autor). Dessa forma, gramatical aqui seré aquilo que obedece, que segue as normas de bom uso da lingua, configurando o falar e 0 escrever bem. [Nesse primeiro sentido afirma-se que a lingua é s6 a vari padriio ou culta ¢ que todas as outras formas de uso da desvios. erros, deformagGes, degeneragées da lingua © que, por isso, a lta padrio deve ser seguida por todos os cidadios falantes para nfo contribuir com a degeneragio da lingua de seu pais. A graméitica s6 trata da variedade de lingua que se considerou ‘como a norma culta, fazendo uma descrigo dessa variedade e considerando ferro tudo 0 que nio esté de acordo com o que é usado nessa variedade dda lingua. Tudo 0 que foge a esse padi € “errado” (agramatical, ou 24 jo (de natureza econdmica, poltica, autoridade (graméticos, bons escritores), légica e histéria (tradigio). Portanto, estio embutides nessa concepgo de gramética vitios modos de perceber © definir a chamada norma culta® que mobilizam argumentos de diferentes ordens para incluir na norma culta ov ela formas e usos e, assim, fundamentar © exercer seu papel prescritivo Os argumentos so sobretudo de natureza a) estétiea: as formas ¢ usos so inclufdos ou excluidos da norma por critérios tais como: eleginci idade, eufonia, harmonia; devendo-se de estraifieagdo social, e sobretudo de ‘difer {gramticas registram que eertos usos so da linguagem popular, mas nao como um registro de diferengas objetivas entte variedades, mas como uma condenagio, O motivo pars prescrever formas como, por exemplo, ile — quase sempre econdmica, le). Decore também dessa de bom uso da lingua; ©) politiea: nesse caso os critérios sio basicamente © purismo © a vernaculidade. Hé a pretensio e a necessidade de excluir da lingua tudo 8. CE Casio (1988: $5.56), quando fala de “sorma e idologa” 25 (Formas do inglés), germanismos reocupagao. & com a dominacio cul nagio no mantém a sua lingua, que é a principal marca de sua identidade, rf facilmente dominada. E preciso muito critério para equi julgamento do estrangeirismo como necessério ¢ bem-vindo ou como 4) comunica se teferem ao efeito ‘comunicacional, &facilidade de compreensio. Exige-se que as construgées ido resultem na “expressio do pensamento”” com clateza, precisio e concisio) Na verdade, esses sio requisits deseiéveis lequada expressio do pensamento”; ©) hiistériea: com freqiiéncia, o critério para excluir formas ¢ usos da norma ligfo. Esse um critério bastante problematic pode levar a exigéncias absurdas, uma vez que 13. Inclui-se também nesse caso a concepcao naturalista de lingua, que 4 considera um organismo vivo que nasce, se desenvolve © pode entrar em decadéncia, juntamente com a sociedade que dele nfo cuida adequa- damente, no atende & tradigdo, comete 0 pecado do erro e juntamente com sua linguagem se deteriora, definha, acaba. Para essa concepgio a. gramét © absoluto e para ela seriam agramat ta como algo def perfeitamente permitidas pela gramética de variedades néo cultas da lingua. 2) Eu vi ele ontem. by Os menino sai cortend. ©) Me empresta seu livro. 4) Vende-se franges. ©) © homem que eu sai com ele. 1) Néis trabaia pros homi 8) © chefe pediu para mim dizer a voeés que exté tudo bem, ‘A segunda concepcao de gramitica é a que tem sido chamada de deseritiva, porque faz, na verdade, uma descti¢ao da estrutura ua, de sua forma e fungio. A gramétiea seria {es na construcao real de enunciados” (Neder, 1992: 1991: 52-53), gramatica nessa concepgio “é um iante as quais se descrevem os fatos de uma lingua, permitindo associar a cada expressio dessa lingua, uma descrigao. estabelecer suas regras de uso, de modo a separat o que & gramatical do que nio & gramat iatical seré ento tudo 0 que iguistica. © critério € propriamente linglistico e objetivo, ois mio se diz que no pertencem a lingua formas ¢ usos presentes no dizer dos usuarios da lingua © aceitas por estes como proprias da lingua que estio usando. Assim, frases como as de (2) serdo consideradas como gramaticsis, porque atendem as regras de funcionamento da lingua em fica, no caso, ser capaz , as categorias, as fungdes e ages que entram em sua construgio, descrevendo com elas sua interna e avaliando sua gramaticalidade. O cientista pode fazer graméticas de todas as variedades da lingua, propondo de acordo com lum modelo te6rico quais as unidades ¢ categorias da lingua, bem como as relagdes que podem ser estabelecidas entre elas as suas fungées, 0 sew funcionamento, ‘Sio representantes dessa concepgio as graméticas feitas de acordo com as teorias estruturalistas que privilegiam a descri¢lo da lingua oral © as graméticas feitas segundo a teoria gerativa-transformacional que trabatha com enunciados ideais, ou seja, produzidos por um falante-ouvinte 2 ideal. As correntes linguisticas que dio base a esse tipo de gramiética tm em comam o fato de proporem uma homogeneidade do. sistema lingistico, abstraindo a lingua de seu contexto, ou seja, elas trabalham com um sistema formal abstrato que regularia 0 uso que se tem em cada variedade Linguistica. Na verdade, essas duas correntes bisicas da gramitica descritiva fazem 0 que se pode chamar (considerando a dicotomia langue/parole proposta pelo linglista Saussure) de uma lingUistica da langue, do sistema ua, visto como algo uniforme que regula as a insergdo ¢ relagio da lingua com a situagdo de comunicago como tum todo e com cada um dos seus componentes (quem diz — fals/escreve A terceira concepgao de gramitica € aquela que, considerando a lingua como um conjunto de variedades utilizadas por uma sociedade de em que lo, percebe a gramdtica como 0 conjunto das regras que o falante de fato aprendeu e das quais langa mio a0 falar. Ou, como diz. Franchi (1991: 54), “Gramdtica corresponde a0 saber lingustico que 0 falante de uma I{ngua desenvolve dentro de certos ‘gramética no depende, pois, em pr eess0s de aprendizado sist a, de hipdteses sobre 0 que seja a ". Nio existem livros dessa. gram: 28 1 pois ela é 0 objeto da descricdo, dai porque normalmente essa gramética € chamada de gramitica internalizada. Nessa concepsio de gramética nio ha 0 erro lingiifstico, mas a inadequagio da variedade linglistica utlizada em uma determinada situagio de interagao comunicativa, por no atendimento das normas sociais de uso da lingua, ou a inadequagio do uso de um determinado recurso linglistico para a consecugio de uma determinada intencio comunicativa que seria melhor alcancada usando-se outro’ # o que terfamos se alguém numa situagio de velério di temos em (a © b), pois, considerando tudo 0 que estabelecido sobre 0 comportamento que se deve ter nes € desde que estejamos querendo demonstrar considerag mort © por seus familiares na dor da perda, seria utilizar algo parecido com o que temos em (3). ()_a~ Meus sentimentos porque sua mae bateu as botas. b - Entao eu as botas?! © ~ Meus sentimentos pela perda de sua mle. Evidentemente, se alguém quer demonstrar desaprego, talver.seja mais adequado e eficiente usar as formas de (3a ¢ b). Na verdade ninguém considera ruim 0 texto de (4) lido em um jomal sensaci popular, que trata com certo descaso a perda da vida humana, prin- cipalmente dos seres humanos tidos como maléficos ao restante da sociedade, (4) José S. V., conhecido traficante de drogas, com mais de 50 mortes has costas, aboioou ontem o paleté de madeira em um tiroteio com, polfcia, quando recebia mais um camegamento de cocafna Tudo isso € reflexo de um contexto séci ico-ideoldgico, ou seja, de um modo de nossa sociedade ver os fatos em determinado t6ria, que regula e afeta © uso da linguagem, como 6, Mudando isto, mudaré 0 texto © sua construgio ide da lingua e 0 efeito de sentido que ele poders le se considera que ¢ essa gramética intemalizada que forma a0 que chamamos no capitulo 1 de competéncia is € ela que permit Cconstruir um ndimero infinto de frases e julgar sua gramati- 2» calidade no sentido da gramética descritiva. Isso nio deixa de ser verdade, ‘mas é apenas parte dela, pois se considerarmos que a gramética intemalizada atua apenas no nivel da frase estaremos deixando de fora todos os elementos constitutives da gramatica da lingua em outros Ambitos que no 0 da frase, como todos os principios que nos permitern fazer uso ; de construgio, O que queremos 6 que fique claro que 0 usuario da lingua as regras de construcio a, muito mais do que a 20 estudar os elementos da fonologia e foniica, da mor xe. O professor doveré perceber que a gramitica da por bem mais do que iss0 para consegui We pertinente © produtivo no ensino de Hingua materna capitulos Lc 6) e, portanto, a que possibilita sua competéncia comunicativa. 3.2. Tipos de gramética Ao detenvol com 0 ensino de gr: Vétios tipos de gramética e que 0 trabalho com cada um desses tipos pode resutar em trabalhos (atividades) completamente distintos em sala e aula para o atendimento de objetivos bem diversos ino de lingua matema e trabalhar especificamente Os tr8s conceitos, de gramética vistos anteriormente j4 deixam clara 4 existéncia de trés tipos de gramética, que apresentamos a seguir. ‘A gramética normativa, que 6 aquela que estuda apenas os fatos da lingua padro, da norma culia de uma lingua, norma essa que se tomou oficial. Bascia-se, em geral, mais nos fatos da lingua escrita € di pouca importincia a variedade oral da norma culta, que é vists, conscientemente ou no, como idéntica 2 escrita. Ao lado da descrigio da norms ou vatiedade culla da lingua (andlise de estruturas, uma classificagdo de formas morfolégicas e léxicas), a gramitica normativa apresenta e dita normas de bem falar € escrever, normas para a correta 30 ica, € conveniente fer sempre em mente que hi > utilizagio oral ¢ escrita do idioma, prescreve 0 que se deve e © que nio se deve usar na lingua. Essa gramitica considera apenas uma variedade a lingua como vilida, como sendo a lingua verdadeira normativa é mais uma espécie de lei q dda lingua em uma sociedade. A parte de desctiga dito que a lingua s6 € daquela forma, sé pode aparecer e ser usada fingua, com a transformacao do resultado dessa descrigiio em ‘uso da lingua. Assim, por exemplo, o estudioso constata que na va cculta © formal da lingua: ) no se iniciam frases com pronome obliquo atono; e oxitona a palavra “ruim”. Até af temos simplesmente descrigo. A gramét quando os fatos da variedade culta da Ingua sao regras, em leis de uso tais como as dadas em “erro” as outras possibilidades existentes nas dem (5) ~ No se pode iniciar frases com © proname obliquo stono (0 que faz classticar a frase [2c] como errada ou agramatical); b= O verbo tem de concomdar em género © numero com 0 sev fear as frases [2b] e (2f]"" como erradas + so oxitonas as palavras: recém © ruim (com histo u (ui 6 1968: 66), tradicionalmente ‘em ensino de gramética, estio pensando apenas nesse poor forca da wadigio ow por desconhecimento da Lipos. 2) A gramiitica determinada variedade (portanto numa abordag é a que descreve © registra para uma tum dado momento de sua existéncia ‘© modo e as condigdes de uso dos mesmos. Portanto a gramtica descritiva trabalha com qualquer variedade da lingua e no apenas com a variedade culta e di preferéncia para a forma oral desta variedade. Podemos, entio, ter gramitica descritiva de qualquer variedade da lingua Essa gramitica seré 0 resultado do trabalho do linguista a partir da cbservagio do que se diz ou se escreve na realidade ¢ trata de explicitar construindo hipéteses que expliquem 0 seu 13. Os scents aqui ttm a fangbo precipua de marcar tea € por isso ner sempre seem as rgias de acenuago, 32 4) Gramitica implicita, que é a competéncia lingiistica internalizada do falante (incluindo os elementos — unidades, regras e principios — de todos os niveis de constituigéo ¢ funcionamento da lingua: fonolégico. diretamente relacionada com 0 que se chama no ensino de gramética, no trabalho escolar com a gramética, de gramdtica de uso. 5) A gramitica explicita ou tedriea é representada por todos os s¢ refere mais ao processo do que aos resultados: representa as 3s de observagio ¢ reflexfo sobre a lingua que buscam detectar, suas unidades, regras e ii funcionamento da lingua. Parte, poi tentar dizer como é a gramética implicta do falante, que € a gramética da ingua Esses trés tipos de gramética (explicita ou teérica, reflexiva © ‘implicita) representa uma distingio muito produtiva na questio do ensino de gramitica, como veremos mais adiante, e podem também ser diretamente relacionados a distingio entve atividades lingiisticas, atividades epilin ‘glisticas e atividades metalingiitsticas* As atividades lingilisticas sio aquelas que 0 usuério da lingua (falante, escritor/ouvinte, leitor) faz ao buscar estabelecer uma interagio ‘comunicativa por meio da lingua e que the permite ir construindo o seu texto de modo adequado A situagGo, aos seus objetivos comunicacionais, 14, Sobee esses ativdades, lei Gera (1993: item 12 ai p. 58) 33 20 desenvolvimento do t6pico discursive, que alguns chamam de ou tema (cf. capitulo 6). Neste caso, 0 falante faz uma refl a lingua, que se diria automiética, porque ele seleciona recursos fem um trabalho de construglo textual em que bisticos que domina sem um a, usuario da lingua utiliza de forma automtica a sua gramética internal ‘2 gramética da lingua que ele internalizou em sua histéria de vida. As atividades epilingilisticas so aquelas que suspendem o desen- volvimento do t6pico discursive (ou do tema ou do assunto), para, no ‘curso da interaglo comunica ‘que estdo sendo jos, ou de aspecios da interagdo. Segundo Geraldi (1993: 24-25) elas estio presentes nas hesitagGes, corresées (auto ou heteroiniciadas), pitisas longas, repetigées, antecipagtes, lapsos, ec. ou, por exemplo, quando um interlocutor questiona a atuagio interativa de outrem (se ele nio fala, se fala demais) ov controla a tomada da palavra numa conversacio, indicando quem deve ov nio falar por diversos (como pergunta/resposta, solicitagi0 nominal, et. ingUistica pode ser ou no consciente. Se pensamos que incons: se relaciona com a gra se consciente parece se aproximar ‘mais da gramética reflexiva, todavia, de qualquer forma hé uma reflexao sobre 0s elementos da lingua e de seu uso relacionada ao processo de interagio. comuni Nos textos (6) temos exemplos de atividades epilinguisticas di ‘Achei © vestide de Maria lindo. Lindo no, maravilhoso, ~ Vamos fechar esta questio, pois 0 hordrio da reunito jé acabou ‘Agora quem vai dar sua opiniio & 0 Joio. = Nao creio que a palavra mansio dé uma boa idéia sobre como € a casa de Pedro, creio que palécio seria melhor, daria uma idéia mais exata da cealidade € = Nilo creio que ele seja um... um.. um... mentiroso, f+ Entio ele trouxe 0 toulo cavalo para o rodeio. 8 Me desculpe, mas voc no pode usar esta linguagem dentro dde uma igreja, b 4 As atividades para analisar a préy ifsticas so aquelas em que se usa a lingua Bua, construindo entio 0 que se chama de 34 ica de uso, pois ocorrem quando 0 * juagem, isto & um conjunto de elementos lingii apropriados para se falar sobre a lingua. Nesse caso yguagem, todas as iniversal ou de outros Podemos pois afirmar tamente com 0 que 7) Gramatica contrastiva ou transferencial é "a que descreve duas linguas 20 mesmo tempo, mostrando como os padrées de uma podem ser esperados na outra. E muito usada no ensino de linguas, pois define tureza das dificuldades, permitindo a0 professor selecioné-las ou :” (Borba, 1971: 80). No ensino de lingua materna, a gramética constrastiva sera part ccularmente itil quando mostrar as variedades da mesma ro formal e colcquial, etc.) 8) Gramética geral ¢ a que “compara 0 de linguas, com o fim de reconhecer todos os fatos © as condigdes em que se realizario. No se preocuj ‘mas com as possi de previsio de possi Busca, portanto, “formular certos linguas obedecem, e que fornecem a ¢) fe eniende que “or trace conmane’a'todas ax Kinguse homanar lo com 35 ee epee ' 1) Gramétiea comparada ¢ a que estuda uma seqiténcia de fases evolutivas de vérias Iinguas, normalmente buscando encontrar pontos Comuns, Os estudos comparativistas tiveram seu auge no final do século do século XX e foram os responsiveis pelo estabelecimento das fe de linguas, descobrindo parentescos entre linguas aparente- mente muito distanciadss como o Latim e 0 Snscrito, por exemplo. geral e universal, Veja-se em (7) alguns exemplos (a todas a5 Winguas tém vogais; bb ~ todas as linguas tém dupla articula cc = em frases declarativas com sujeito € order inguas tém categorias pronominais envolvenda pelo pessoas € dois imeros; gfo condicional precede a onelusio como a ordem normal em todas as linguas F se uma lingua tem @ categoria de género, ela sempre tem a categoria de adeno; {2 + se uma lingua tem flexio, cla sempre tem derivagao; ipstantivo), eles sempre aparecem ordem € ou a mesma ou cexatamente © oposto!”. 5 tipos 7, 8 © 9 supra sio graméticas de caréter sinerGnico. Os tipos 10 e 11 infra so graméticas de caréter diacronico, 10) Gramitica historica é a que estuda uma seqléncia de fases evolutivas de um idioma (Bechara, 1968). & a que estuda a origem ¢ a evolugio de uma lingua, acompanhando-lhe as fases desde 0 seu apare- cimento até © momento [Nogées hisicas de gramética histérica tém feito parte dos programas de ensino de Lingua Portuguesa no ensino médio, informando aos alunos sobre a origem do Portugués no Latim vulgar, suas fases (medieval cléssica, moderna); sobre elementos de sua evolugio fonol6gica (meta- pplasmos), morfol6gica e sintitica e sobre a formagio.do seu vocabulétio. 15. Os exerplos de uriverais de © a h form reads de Greenberg (1966: 110-13), 36 7 4, TIPOS DE ENSINO DE LINGUA Ao ensinar uma lingua, podemos, segundo Halliday, Melntosh © Strevens (1974: 257-287) realizar és tipos de ensino: 0 prescritivo, 0 descritivo © © produtivo, © ensino prescritivo objetiva levar 0 aluno a sul padres de_ativic seus préprios petant, um en ente. E a0 meso tempo proscitvo, corresponde um “nfo faga aqulo™ Esse tipo de sasino esti diretamente ligado & primeira concepgio de linguagem c sramética normativa © 56 privilegi, em sala de aula, 0 trabalho com 4 variedade escrita. cu comeg0 formal da pos dados em (3) podem ser tomados como exerplos do que fe ensina em um ensino preserva nos nlveis fonolégico (prondncia das (Colocacto de palavias e concordanca). Ei (8) exemples de elementos que sio taba respectivamente nos niveis morflégico e semantco. wal de cidadio € cidadtas no cidadoes, b = O plural de chapéa & chapéus ¢ © = © subjuntivo do ver “Que vocé seja feliz © milo “Que vood seje (©) Deve-se evitar consinusses que apresentem* sentidos diversos. stim, deve-s "em que 0 objeto do verbo ama ‘mesmo verbo! se confunde com 0 sujeito 16. Bxemplo exraldo de Almeida (1978: 516) 38 ensino prescritivo s6 é capaz de atender aos objetivos de ensino de Hingua materna citados no capitulo 1 como segunda resposta 20, para que se di aulas de lingua materna 4 levar 0 aluno a dominar a norma culta ou lingua padtio; ) ensinar @ variedade escrita da lingua. © ensino deseritive objetiva mostrar como a linguagem funciona ¢ como determinada lingua em par funciona. Fala de habilidades jé adquiridas sem procurar alteré-las, porém mostrando como podem ser lizadas. Nesse tipo de ensino, a lingua materna tem papel relevante luno mais conhece. ‘Trata de todas as variedades a de que se utiliza, do mesmo modo que precisa saber de outras instituigees sociais, para methor atuar em sociedade, © ensino descritivo existe nio 36 a partir das graméticas descritivas, ‘mas também no trabalho com as gramsticas normativas; todavia, nestay a descrigfo feita € s6 da lingua padrio, da norma i guns elementos da prosédia da lingua oral, enquanto se com todas as variedades da Ii € assim” 0 que foge disso é erro, & degeneracao, lingua. Assim, quando trabalha com gramética norm com frequen: lingua ¢ trans em tinica possi © professor, esté fazendo descrigio da variedade culta e form: mando os fatos nela observados em leis de uso da idade de uso da lingua. ensino descrtivo atende basicamente aos objetivos que, no capitulo ‘a terceira © quarta respostas 4 questio de para que se dé ingua materna: ‘ar a0 conhecimento da instituigo social que a lingua representa, sua estrutura © funcionamento, sua forma e fungao; ») ensinar o aluno a pensar, a raciocinar, a desenvolver o raciocinio ciemifico, a capacidade de andlise sistemstica dos fatos e fendmenos que fencontra na natureza e na sociedade © ensino produtivo objetiva ensinar novs Quer ajudar 0 aluno a estender 0 uso de sua ‘mais eficiente; dessa forma, nio quer “ Padres que 0 aluno jé |, Mas aumentar Os recursos que e fazer isso de modo tal que tenha a seu dispor, para uso adequado, a maior escala possfvel de 39 habilidades lingusticas. ua materna de maneira a potencialidades dé tem necessidade 1, em todas as diversas situagdes em que iday, Mclntosh e Strevens, 1974: 276). ia 0 mais adequado consecugiio aulas de lingua materna em detrimento dos outros dois tipos, causando prejuizos na formagao do aluno, em termos do conhecimento linguistico de que disporé em sua vida, sobretudo no que diz respeito & obtengi0 de uma competéncia comunicativa mai ‘que € fundamental para vviver melhor. Mesmo porque 0 ensino prescritive que tem sido feito no tem conseguido nem mesmo seu obj Tevar os alunos a terem uma competéncia que se considere 5 no uso das. variedades culta e escrita da lingua. 5, A VARIAGAO LINGUISTICA E O ENSINO DE LINGUA MATERNA ‘Ao falarmos dos objetivos do ensino de lingua materna no capitulo 1, dissemos que para desenvolver a competéncia comunicativa dos usuérios da lingua era preciso abrir a escola A pluralidade dos discursos. Uma dimensio dessa pluralidade diz. respeito as variedades ssabem que existe um grande niimero de varicdad variados, nfo hé por que, a0 realizar as atividades de ensinolaprendizagem da lingua matera, insistir no trabalho apenas com uma das variedades, ‘4 norma culta, discutindo apenas suas caracteristicas e buscando apenas ‘6 seu dominio em detrimento das outras formas de uso da lingua que podem ser mais adequadas a determinadas situagées. Nao cabe 0 argumento e trabalhar apenas com a norma culta porque o aluno jé domina as ‘demais: isso no 6 verdade, uma vez que o aluno, quando chega a escola, pode dominar bem uma ou duas variedades e alguns elementos de vérias, ‘mas sempre tem muito que aprender de diversas variedades, inclusive das que domina, E por essa razio que achamos pertinente apresentar aqui algumas répidas idéias sobre variagio linglistica, mas 0 professor sem dGvida deverd buscar mais informagSes sobre a questio, para subsidiar © seu trabalho. 41

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