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um determinado cerimonial, o visitante. O visitante acolhido, che~ gava ao Principal indagando “En Jur On” ao que respondia o visi- tante “Ajuron” (15). Ao sentar-se o Principzl, entravam os outros, pela ordem de importancia na tribo e faziam a mesma pergunte.. Em seguida um grupo de mulheres, tendo a frente a mulher do Frincipal, colocava defronte ao visitente culas com comidas e be. bidas, essas feitas de raizes ou farinha de pau. Feito isso, as mu~ Iheres se retiravam, sem dizer nenhuma pelavra. © visitante pedia a cuia trazida pela mulher do Principal e depois todas es outras comidas e bebidas, como parte do ritual, para evitar ressentimen- tos. Satisfeito o visitante, retiradas as cuias, levantave-se o Prin- cipal dando as boes vindas e dizia, primeiro, ter conhecimento an- tecipado da chegada do visitante pelos avisos da natureza e pelo v6o dos péssaros. Passave, entéo, relatar, com a presenga de todos, as glérias da tribo e suas glérias pessoais, especialmente de participagio em combate. A sua fale era geralmente concluida com aplausos da aldeia que dizia “sapirupi, sapirupi” (16). O visitante falave, apés 0 acontecido, dos motivos de sua viagem. Havia musi- ces e dancas e, ao final, Ihe eram oferecidas mulheres. 06. O ENTERRO Da Relacdio de Figueira podemos concluir que no costume de enterrar seus mortos os tabajaras usevam o ritual da mesma nacio que habitava oUtros lugares. Dobravam o cadaver formando um bloco ou fardo numa posicao que imitava a situacdo da crianga no ventre meterno. Depois de amarrado e apertado com cordio ou corda de algodao, era o cadaver colocado num grende recipients de ceramica, que era fechado e enterrado num buraco fundo, Outro, porém, era o costume de tribos que também habitavam a Ibiapaba e que'rendiam vassalagem aos tabajares, como os toca~ rius, Seus mortos tinham os ossos cremados e misturados a infu- sées, sues carnes eram comidas. Se assim faziam nada os ligada & antropofagia como culto de sobrevivéncia, mas tal costume lhes era pertencente como um ritual para “evitar saudade”, fazendo seus mortos participarem de sues prdprias existéncias, o que nao impe- de, contudo, que se veja nisso uma pratica em que a natureza huma_ na procurava suprir as deficiéncias alimentares digerindo, inclusive as entrenhas de seus mortos. (15) Jé Viestes? Jé Vim. Tradugio, in “TRES DOCUMENTOS DO CEARA COLONIAL", pfiginas 26/27. (18) E' verdade, € verdade. Tradicdo e costumes, in “TRES DOCUMENTOS DO CEARA COLONIAL", paginas 26/27. 48

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