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+rinsi2024, 16:50 Teoras sobre a éica 5 DE MARGO DE 2004 ETICA Teorias sobre a ¢tica Hugh LaFollette jo Murcho \dugio de Desidk ‘Ao decidir como agir, somos muitas vezes confrontados com incertezas, confusdes ou conflitos entre as nossas inclinagSes, desejos ou inter conilitos podem surgir mesmo que a nossa tinica preocupagdo seja promover 0 nosso interesse proprio. Podemos nao saber quais so os nossos melhores interesses: podemos pura e simplesmente ter adoptado algumas ideias erradas dos nossos pais, amigos ou cultura. Fossem os nossos pais nazis, por exemplo, ¢ poderiamos pensar que manter a pureza da raga € 0 nosso mais importante objectivo pessoal. Podemos confundir os nossos objectivos € os nossos interesses: queremos manipular as outras pessoas ¢ inferimos que as relagdes pessoais mais chegadas so obsticulos aos nossos interesses. Mesmo quando conhecemos alguns dos nossos interesses, podemos ser incapazes de os organizar em termos da sua importancia relativa: podemos presumir que a riqueza é mais importante do que desenvolver o cardeter € ter relages pessoais mais chegadas. Outras vezes podemos saber quais so os nossos interesses mas ndo saber bem como resolver conflitos entre eles: posso precisar de escrever tum ensaio, mas apetecer-me ir passear. Mesmo que cu saiba qual é a melhor escolha, posso nio agir de acordo com ela: posso saber precisamente que & do meu interesse de longo prazo perder peso e, no entanto, decido comer uma tarte deliciosa, es. As incertezas, confusdes € Estas complicagSes mostram por que razdo a melhor maneira de alcangar os meus objectivos € deliberar racionalmente sobre os meus interesses proprios — ou seja, dar os primeiros passos em direcgdo a uma teoria sobre os meus interesses proprios. Posso por vezes ter de recuar e pensar de forma mais abstracta sobre a) o que significa algo ser um interesse (em vez de ser meramente um desejo), b) para descobrir que objectos e comportamentos ou objectivos mais provavelmente me permitirdo alcangar os meus interesses, c) para compreender as interconexdes entre os meus interesses (por exemplo, © modo como a satide me da mais hipéteses de alcangar outros interesses) d) para encontrar uma maneira de proceder para enfrentar conflitos ¢ e) para aprender a agir face ao resultado da deliberagao racional. Tal teorizagao pode guiar a pritica: pode ajudar-nos a agir de modo mais prudente. Como é evidente, a maior parte das acgdes — talvez a maioria — nao dizem apenas respeito apenas a nés; dizem respeito também aos outros, ¢ dizem-lhes respeito de muitissimos modos diferentes, Algumas das minhas acgOes podem beneficiar outras pessoas, a0 passo que outras podem prejudicé-las, directa ou indirectamente, intencionalmente ou ni, Posso prejudicar 0 Joao directamente empurrando-o. Posso empurré-lo porque estou zangado com ele ou porque quero ficar com o lugar dele. Ou posso prejudicar o Jodo indirectamente, por exemplo, obtendo eu a promogao de que ele precisava para financiar cuidados para a sua mie, que se encontra as portas da morte, Ou posso ofender o Jodo entregando-me em privado ao que ele pensa serem praticas sexuais bizarras, Se o fizer, as minhas priticas privadas afectam-no, apesar de apenas indirectamente, ¢ s6 por causa das suas crengas morais. E defensdvel que é inapropriado dizer que prejudiquei o Jodo nestes dois iltimos casos, ainda que tenha hitpslerticanarede.comeoriasetica himl wn +rinsi2024, 16:50 Teoras sobre a éica Em suma, ao escolher como agir, devo reconhecer que muitas das minhas acgdes afectam outras pessoas, ainda que apenas indirectamente. Nestas circunstincias, tenho de escolher se quero atender aos meus interesses préprios ou se devo atender (ou pelo menos nao prejudicar) os interesses alheios. Outras vezes, tenho de escolher agir de modos que podem prejudicar algumas pessoas apesar de beneficiar outras. Posso ocasionalmente encontrar maneiras de promover os interesses de toda a gente sem prejudicar ninguém, Ocasionalmente, mas nio sempre, Talvez.nem mesmo frequentemente Saber isto ndo resolve o problema de saber como devo agir; limita-se a determinar o dominio da moralidade, A moralidade, entendida tradicionalmente, envolve pri exclusivamente, © comportamento que afecta os outros. Digo talvez porque algumas pessoas (por exemplo, Kant) pensam que uma pessoa que se prejudica a si mesma (por exemplo, desperdigando os seus talentos ou maltratando 0 seu corpo) esté a fazer algo moralmente errado, Para os nossos propésitos, contudo, podemos deixar de lado esta interessante e importante questo. Pois o que toda a gente reconhece ¢ que as acgdes que claramente afectam os outros pertencem ao dominio da moralidade. ariamente, e talvez Podemos discordar sobre como deve o facto de uma acgdo afectar outras pessoas negativamente dar forma & nossa decisio sobre como agir. Podemos também discordar se as acces que afectam os outros apenas indirectamente devem ser moralmente avaliadas, ¢ até que ponto. Podemos discordar, além disso, sobre como se distingue 0 prejuizo directo do indirecto. Todavia, se as acgdes de alguém afectam outra pessoa directa ¢ substancialmente (beneficiando-a ou prejudicando-a), entdo, mesmo que nao saibamos ainda se a acgo foi correcta ou incorrecta, podemos concordar que deve ser avaliada moralmente. Como a devemos avaliar é algo que discutirei depois. Mas primeiro devo sublinhar perigos relacionados mas opostos que devemos evitar. O primeiro é que podemos inferir da discussdo prévia que a maior parte das decisdes morais sio complicadas ou confusas. Isto é um engano. Pois muitas “decisées” morais so muito faceis de tomar — tdo faceis que nunca pensamos acerca delas, Ninguém discute seriamente se uma pessoa deve drogar um colega para ter relagdes sexuais com ele, ou se deve roubar dinheiro dos colegas para financiar uma viagem a Riviera, ou se deve com conhecimento de causa infectar alguém com o virus da SIDA. Nao é sobre estas coisas que temos desacordos morais. Sabemos muito bem que as acgdes desse tipo estdo erradas. Na verdade, atrevo-me a dizer que a maior parte das quest6es morais tém uma resposta tdo simples que nunca as levantamos, Ao invés de discutir estas “questdes” Sbvias, centramos a nossa atengao € pensamos ¢ debatemos unicamente as que so pouco elaras ¢ sobre as quais ha desacordos genuinos. Contudo, cometemos também por vezes 0 erro de pressupor que uma decisio é fécil quando, de facto, no é, Este extremo oposto é igualmente um erro grave (ou talvez mais grave). Podemos nao ver os conflitos, confusdes ou incertezas: 0 que esta em causa pode ser tdo complicado que deixamos passar, nao percebemos ou ndo nos damos conta de que as nossas acgdes afectam os outros (por vezes profundamente). A preocupagao com o nosso interesse proprio pode impedir-nos de ver que 0 nosso comportamento afecta significativamente os outros, ou pode levar-nos a dar um peso inadequado aos interesses alheios. Além disso, a citago acritica do status quo moral pode levar-nos a nao prestar atengao ao fa nossa a to de hitpslerticanarede.comeoriasetica himl am +rinsi2024, 16:50 Teoras sobre a éica A necessidade de teoria Quando reflectimos sobre os nossos pensamentos, acgdes ¢ escolhas, vemos que as nossas perspectivas so fortemente influenciadas por outras. Podemos pensar que uma acco & fortemente imoral, mas nao saber exactamente porqué. Ou podemos pensar que sabemos porqué, descobrindo depois de um exame cuidado que estamos apenas a papaguear “razSes” oferecidas pelos nossos amigos, professores, pais ou padres. Claro que nada hé de errado em. ter em considerago 0 que os outros pensam e as decisdes que tomaram no que resp questdes morais andlogas. Na verdade, seriamos tolos se nao absorvéssemos e no beneficidssemos da sabedoria alheia. Contudo, qualquer pessoa que tenha o mais pequeno conhecimento hist6rico reconheceré que a sabedoria colectiva, tal como a sabedoria individual, esta por vezes errada. Os nossos antecessores tinham escravos, negavam o direito de voto as mulheres, praticavam o genocidio e queimavam bruxas em fogueiras. Suspeito que a maior parte dessas pessoas eram moralmente decentes e estavam firmemente convencidas que as suas acgSes eram morais. Agiram de forma errada porque no foram suficientemente autocriticas. Nao avaliaram as suas préprias crengas; adoptaram sem questionar a perspectiva dos seus antecessores, lideres politicos, professores, amigos e comunidade. Quanto a isto, nao esto sozinhos. Este é um “pecado” de que todos somos culpados. A grande ligdo da histéria & que temos de escrutinar as nossas crengas, escolhas € acces, para nos assegurarmos de que estamos informados, somos consistentes, imaginativos, imparciais e de que nao estamos a repetir sem pensar as perspectivas dos outros. Caso contririo, podemos perpetrar males que poderiamos evitar, males pelos quais as geracdes futuras nos condenariio, e com razao. ‘Uma maneira importante de avaliar criticamente as nossas perspectivas & teorizar sobre a ética: pensar sobre questdes morais de forma mais abstracta, mais coerente e mais consistente. Teorizar nao é uma coisa divorciada da pratica; é apenas a reflexdo cuidada, sistematica e bem pensada sobre a nossa pratica. Teorizar, neste sentido, nao ira impedir-nos de ettar, mas di-nos 0 poder para abandonar consideragdes mal concebidas, desinformadas irrelevantes. Para explicar o que quero dizer, pensemos por momentos sobre um tema caro & maior parte dos estudantes: as notas. Quando dou notas aos estudantes, posso errar pelo menos de trés modos: 1. Posso usar padrdes inconsistentes de classificagdes. Isto &, posso usar diferentes padres para classificar estudantes diferentes: a Joana tem 20 porque tem um sortiso bonito; 0 Rodolfo porque & muito trabalhador; a Raquel porque o ensaio dela era excepcional. i claro que saber que devo usar um sistema unificado de classificagio nfo me diz. que padries devo usar ou que classificagao cada estudante deve ter. Talvez. todos merecessem 0 20 que receberam. Contudo, nao € suficiente que eu acidentalmente Ihes tenha dado a classificagao que mereciam, Bu devia ter-lhes dado 20 porque o mereciam e ndo por causa de consideragdes irrelevantes. Pois se eu usar consideragdes irrelevantes, darei geralmente classificagSes crradas aos estudantes, apesar de, nestes casos especificos, eu poder fortuitamente ter-lhes dado as classificagdes apropriadas, invariantes 2. Posso ter padres de classificago improprios. Nao é suficiente que eu tenha padi final de contas, posso ter padres péssimos aos quais adiro de forma consistente, Por exemplo, posso dar notas mais altas, consistentemente, aos estudantes de que gosto mais. Se fizer, classifico os estudantes de forma inapropriada, ainda que seja consistente. hitpslerticanarede.comeoriasetica himl amt +rinsi2024, 16:50 Teoras sobre a éica preocupado, ou porque nao estou a prestar ateng’o. Podemos cometer “erros” paralelos nas deliberagdes éticas; por exemplo: 1, Posso usar principios éticos inconsistentes 2. Posso ter padres morais inapropriados. 3. Posso aplicar prinepios morais de forma inapropriada. Vejamos cada erro de deliberagao com maior pormenor. Consisténcia: Devemos tratar duas criaturas do mesmo modo a no ser que tenham diferengas relevantes, isto €, diferengas que justifiquem um tratamento diferenciado, Tal como os estudantes esperam dos seus professores classificagdes consistentes, esperamos de nds mesmos ¢ dos outros que tomem decisées morais consistentemente. A procura de consisténcia é omnipresente no nosso pensamento sobre a ética. Uma estratégia comum para defender pontos de vista morais ¢ afirmar que so consistentes; uma estratégia comum para ctiticar pontos de vista acusé-los de inconsisténcia, papel argumentativo da consisténcia é evidente na discussdo de todas as questdes morais praticas. Considere-se o papel que desempenha no debate sobre o aborto. Quem disputa este tema passa grande parte do tempo a defender que as suas proprias posigdes sao consistentes, a0 mesmo tempo que acusam os seus opositores de ter posigdes inconsistentes. Cada lado da disputa procura mostrar por que raziio é (ou nao é) andlogo de forma relevante a casos candnicos de assassinio. A maior parte das pessoas que pensam que 0 aborto é imoral (¢ muito provavelmente todos os que pensam que deve ser ilegal) afirmam que o aborto & anilogo de forma relevante ao assassinio, a0 passo que quem pensa que 0 aborto deve ser legal afirmam que 0 aborto é relevantemente diferente do assassinio, O que nao encontramos & pessoas que pensem que 0 aborto é um assassinio e, contudo, totalmente moral. A consisténeia desempenha igualmente um papel central nos debates sobre a liberdade de opiniao ou discurso e sobre o paternalismo ¢ o risco, Quem se ope A censura argumenta muitas vezes que os livros, quadros, filmes, pegas de teatro ou esculturas que alguma pessoas querem censurar siio andlogas de forma relevante a outras manifestagOes artisticas que a maior parte de nés ndo queremos ver censurada. Afirmam ainda que a pomografia ¢ uma forma de discurso e que se pode ser proibida porque a maioria a acha ofensiva, entio a consisténcia exige que censuremos qualquer discurso que ofenda a maioria. Conversamente, quem defende que podemos legitimamente censurar a pomografia procura por todos os meios explicar por que razio a pornografia é relevantemente diferente de outras formas de discurso que queremos proteger. Ambos os lados da disputa querem mostrar que a sua posigéio ¢ consistente ¢ que a posigao contraria é inconsistente. Apesar de a consisténcia ser geralmente reconhecida como um requisito da moralidade, em casos especificos & muitas vezes dificil detectar se uma pessoa é (ou foi) consistente ou inconsistente, Uma pessoa pode parecer agir de forma consistente ou inconsistente unicamente porque ndo estamos a ver a complexidade do seu raciocinio moral, ou porque néo compreendemos os pormenores relevantes. Como veremos, determinar 0 que é moralmente relevante ou nao esta muitas vezes no centro de muitas discuss6es morais. Contudo, 0 que toda a gente reconhece & que se uma pessoa for inconsistente, entdo isso & uma razdo forte para rejeitar a sua posigdo a no ser que possamos encontrar uma forma de eliminar essa inconsisténcia. hitpslerticanarede.comeoriasetica himl ant +rinsi2024, 16:50 Teoras sobre a éica boa maneira de discemnir os melhores padrdes e directrizes (os mais defensdveis), de identificar as caracteristicas moralmente relevantes das nossas acgdes, de aumentar a nossa capacidade para fazer bons juizos. Mais abaixo irei discutir como se seleccionam e defendem, esses principios — como determinamos o que é moralmente relevante. “Aplicagao” correcta: Mesmo que “saibamos” o que é moralmente relevante, e mesmo que raciocinemos consistentemente, podemos cometer erros. Considere-se as maneiras como posso aplicar mal as “regras” que profbem a) a mentira e b) magoar os outros. Suponha-se que a minha mulher chega a casa com uma camisola nova muito garrida e quer saber se eu gosto da camisola, Presumivelmente, no devo nem mentir nem intencionalmente magoar os outros. Nestas circunstincias, o que devo fazer? Ha varias maneiras de agir de modo inapropriado. 1) Posso ndo ver alternativas vidveis: posso pressupor, por exemplo, que devo mentir fortemente ou entdo magod-la bastante. 2) Posso prestar pouca atengdo ds suas idades ¢ interesses: posso nao dar suficiente atengdo ou dar demasiada atengo a questo de saber quo profundamente magoada ela ficard se eu for honesto (ou se nao for nece’ honesto). 3) Posso ser incorrectamente influenciado pelo interesse proprio ou pela parcialidade pessoal: posso mentir nao para nio a magoar mas porque ndo quero que ela fique zangada comigo. 4) Posso saber precisamente o que devo fazer, mas ndo estar suficientemente motivado para o fazer: Posso mentir porque nao quero incémodos. 5) Ou posso estar motivado para agir como devo agir, mas néo ter 0 talento ou aptidao para 0 fazer: queto ser honesto, mas no tenho as aptiddes verbais ou pessoais para ser honesto de um modo que nao a magoe. Em todos estes casos ha erros com significado moral pritico, Seria melhor para todos se tivéssemos as caracteristicas pessoais que nos permitissem evitar estes ¢ outros erros morais. Em Giltima anélise, devemos aprender a dar mais atengdo aos outros, estar melhor informados e estar melhor motivados. [...] Sera tudo uma questao de mera opiniao? Muitas pessoas acham estranho falar de padrdes morais e da aplicagdo desses padrdes. Algumas pessoas pensam que os juizos morais so apenas “questdes de opinidio” —e sem diivida que muitas pessoas falam como se o pensassem. Todos nés ouvimos pessoas “concluir” um debate sobre uma questo moral contenciosa dizendo: “Bem, em qualquer caso, é tudo uma questo de opinigo!” Suspeito que a verdadeira fungao desta afirmagio & mostrar que quem o diz quer, por alguma razio, terminar o debate. Talvez. essa pessoa pense que a outra ¢ irracional e que, por isso, j4 nada se ganha com 0 debate. Infelizmente, esta afirmagao parece dar a entender algo mais, pois sugere que, dado que os juizos morais sio apenas opinides, ento todas as opinides sao igualmente boas (ou igualmente més). Implica que nao podemos criticar ou escrutinar racionalmente os nossos juizos morais (nem os de qualquer outra pessoa). Afinal de contas, nao criticamos racionalmente meras opinides. Serd isto defensavel? Nao vejo como poder sé-lo. Mesmo que nenhuns juizos morais (contenciosos) fossem indiscutivelmente correctos, nao deveriamos concluir que todos os juizos morais sao igualmente faliveis. Apesar de nao termos uma maneira clara de decidir ‘com toda a certeza que acgdes sao as melhores, temos manciras excelentes de mostrar que algumas s4o deficientes. Sabemos, por exemplo, que os juizos morais so maus se forem baseados em informago distorcida, tacanhez, parcialidade, falta de compreensio ou hitpslerticanarede.comeoriasetica himl sm +rinsi2024, 16:50 Teoras sobre a éica astuta, ¢ se tiverem sobrevivido com éxito a critica alheia no mercado de ideias. Considere-se a seguinte analogia: nenhumas regras de gramatica ou de estilo irdo determinar de forma precisa 0 modo como devo construir a frase seguinte. Contudo, nao se deve dai coneluir que posso usar apropriadamente qualquer sequéncia de palavras. Alguns amontoados de palavras no sdo frases ¢ algumas frases sio uma completa algaraviada. Outras frases podem estar gramaticalmente correctas — e até ser elegantes — e no entanto ser inapropriadas porque ndo tém qualquer conexiio com as frases anteriores ou seguintes, es de palavr noutros contextos as mesmas palavras poderio ser apropriadas. Muitas outras frases esto gramaticalmente correctas, so relevantes e minimamente claras, e contudo tém outras falhas. Podem ser algo vagas, por exemplo, ou imprecisas. Outras frases podem ser compreensiveis, relevantes ¢ em geral precisas, mas ser garridas ou falhas de estilo. Algumas frases alternativas podem ser todas adequadas, de modo que nio haveré qualquer razdo forte para preferir umas a outras. Talvez algumas sejam particularmente brilhantes. Nenhum manual de gramitica nos permitiré fazer todas estas distingdes, nem nos dard a capacidade para identificar claramente as melhores frases. E mesmo que as pessoas em geral (ou até os melhores escritores) discutissem os méritos e deméritos de cada uma das frases, seria improvavel que se decidisse que sé uma delas é a melhor. Todavia, nao temos problemas em distinguir 0 lixo estilistico ou o inaceitavelmente vago do sublime linguistico. Em suma, néo temos de pensar que uma frase é a Gnica boa para reconhecer que algumas so melhores ¢ outras piores. © mesmo acontece em ética. Podemos nem sempre saber como agir; podemos enfrentar desacordos substanciais sobre algumas questdes éticas muito contenciosas. Mas daqui ndo se deve inferir que todas as ideias morais so iguais Todas essas col sio claramente inaceitiveis nestas circunstancias, mas ‘Nao se deve igualmente ignorar o facto Sbvio de que as circunstincias exigem muitas vezes a nossa acgao, ainda que nao existe, ou nao consigamos ver que existe, uma s6 acco moral apropriada. Contudo, a nossa incerteza nao nos leva a pensar que todas as perspectivas so iguais, nem a agir como se 0 fossem. Nao mandamos uma moeda ao ar para decidir se devemos desligar a maquina que mantém os nossos pais vivos, ou para decidir com quem vamos casar, ou que emprego accitar ou se uma pessoa acusada de um dado crime ¢ culpada. Devemos procurar tomar uma decisdo informada, bascada nos melhores indicios, agindo depois de acordo com isso, ainda que os melhores indicios nunca garantam a certeza, Para tomar uma decisio informada devemos compreender as questdes relevantes, adoptar uma perspectiva de mais longo prazo, por de lado parcialidades irracionais, e inculear uma vontade de sujeitar as nossas conchusées hipotéticas a critica alheia. ‘Afinal de contas, as nossas acgdes afectam os outros profundamente, por vezes, ¢ a circunstancias podem exigir a nossa acgao, Nao devemos lamentar a nossa incapacidade para tera certeza de que descobrimos aquela acgdo que é a melhor; devemos pura e simplesmente fazer a melhor escolha que nos for possivel. Devemos, € claro, reconhecer a nossa incerteza, admitir a nossa falibilidade e estar preparados para considerar novas ideias, especialmente quando so sustentadas por argumentos fortes. Contudo, ndo temos necessidade de abragar qualquer forma perniciosa de relativismo, Isso seria ndo apenas uma confusdo. Seria também um erro moral. O papel da teoria hitpslerticanarede.comeoriasetica himl em +rinsi2024, 16:50 Teoras sobre a éica Ou, para usar a linguagem da seccao anterior, as pessoas discordam sobre os melhores principios ou juizos, sobre como os interpretar ou sobre como os devemos aplicar, Em resultado disso, duas pessoas razodveis ¢ decentes podem chegar a conclusdes completamente diferentes sobre se uma acgo é moralmente apropriada. Eis um caso que claramente exige a avaliagdo racional das nossas acces. Devemos examinar, tentar compreender e depois avaliar as nossas proprias razBes e as razGes das outras pessoas a favor das nossas conclusdes morais, ou das delas. Afinal de contas, as pessoas tém habitualmente ou pensam que tém — a favor das suas conclusdes. razbes Por exemplo, as pessoas anti-aborto argumentam que o aborto ¢ injustificado porque o feto tem o mesmo direito 4 vida do que um adulto normal, ao passo que as pessoas favordveis a0 aborto argumentam que 0 aborto deve ser legal porque a mulher tem o direito de decidir 0 que acontece no seu corpo e ao seu corpo. Quem apoia a pena de morte argumenta que as execugdes dissuadem 0 crime, ao passo que os oponentes argumentam que & cruel € desumano, Quem defende que a pornografia deve ser censurada defende que degrada as mulheres, ao passo que os seus defensores argumentam que é uma forma de discurso livre que deve protegido por lei Ao dar razdes a favor dos seus juizos, as pessoas citam habitualmente algumas caracteristicas da acgo que consideram que explicam ou reforgam essa avaliagdo, Esta fungdo das razoes nio se limita aos desacordos éticos. Posso justificar a minha afirmagdo de que Fargo é um bom filme afirmando que tem personagens bem definidas, um enredo interessante e a tenso dramatica apropriada. Isto é, identifico caracteristicas do filme que penso que justificam a minha avaliagao. As caracteristicas que cito, contudo, nao sao exclusivas deste filme, Ao dar estas razdes estou a dar a entender que ter personagens bem definidas ou ter um enredo interessante ou ter a tensdo dramitica apropriada s4o earacteristicas importantes dos filmes bons, sem mais. Isto nfo significa que estas so as tinicas ou até as mais importantes caracteristicas. Nem é ainda uma decisfio quanto ao peso correcto a dar a estas caracteristicas. Contudo, significa que se um filme tem qualquer destas caracteristicas, ento temos uma razo para pensar que é um bom filme. Pode-se por em causa a minha avaliagdo do filme de trés modos diferentes: podemos por em causa os meus critérios, 0 peso que Ihes dou ou a aplicago que fago deles (isto é, a afirmagdo de que o filme satisfaz os critérios). Por exemplo, pode-se argumentar que ter personagens bem definidas nao é um critério relevante, que dei demasiado peso a esse critério, ou que Fargo nao tem personagens bem definidas. Em defesa da minha afirmagao posso explicar por que razdo penso que é um critério relevante, que The dei um peso aproptiado e que as personagens do filme estéo bem desenvolvidas. Neste ponto, estamos a discutir duas questdes relacionadas que surgem em “niveis diferentes”. Estamos a debater como avaliar um filme em particular, e estamos a discutir os méritos tedricos de diferentes critérios do que é um bom filme. Analogamente, quando discutimos uma questio ética prética, discutimos no apenas essa questo particular mas também, quer nos apercebamos disso ou nao, questdes de nivel mais elevado sobre as questdes tedricas subjacentes. Nao queremos saber apenas se a pena de morte dissuade o crime; queremos igualmente saber se a dissuaso é moralmente importante ¢, seo for, quao importante 0 é. Quando a teorizagéio chega a um certo nivel ou complexidade e sofisticagdo, podemos comegar a dizer que temos uma teoria. As teorias éticas sio apenas discussdes formais ¢ mais sistematicas destas questdes teéricas de segundo hitpslerticanarede.comeoriasetica himl mm +rinsi2024, 16:50 Teoras sobre a éica determinar se uma accdo satistaz esses critérios. Na proxima secedo, irei esbogar brevemente algumas das teorias éticas mais comuns. Antes, contudo, ¢ melhor chamar a atengo para o seguinte: Ao pensar sobre teorias éticas, podemos ser tentados a pressupor que as pessoas que defendem a mesma teoria fardo os juizos éticos praticos, ¢ que quem faz os mesmos juizos éticos praticos aceitam a mesma teoria, Isto ndo é verdade, Isso nao acontece com quaisquer juizos avaliativos. Por exemplo, duas pessoas com critérios andlogos para bons filmes podem avaliar de forma diferente o filme Fargo, ao passo que duas pessoas que gostaram de Fargo podem ter critérios (algo) diferentes para bons filmes. O mesmo acontece em ética. Duas pessoas com diferentes teorias éticas podem, mesmo assim, concordar que o aborto é moralmente permissivel (ou gravemente imoral), ao passo que dois partidarios da mesma teoria podem avaliar o aborto de formas diferentes, Conhecer os compromissos teéricos de alguém nao nos diz de forma precisa que acgdes essa pessoa pensa que so certas ou erradas. Diz-nos apenas de que forma essa pessoa pensa nas questdes morais — que critérios de relevancia ela usa e 0 peso que Ihes da mesm Tipos principais de teorias Hé duas grandes classes de teorias éticas — consequencialistas e deontolégicas — que tm dado forma ao entendimento que a maior parte das pessoas tem da ética. Os consequencialistas defendem que devemos escolher a acgdo disponivel que tém as melhores consequéncias globais, ao passo que os deontologistas defendem que devemos agir de modos circunseritos por regras ¢ direitos morais ¢ que estas regras ou direitos se definem (pelo menos em parte) independentemente das consequéncias, Vejamos cada uma das teorias separadamente. Estas descrigdes serdo necessariamente ultra-simplificadas e algo vagas. Ultra-simplificadas porque nao temos espago suficiente para fornecer uma exposigao completa das duas teorias. Vaga porque mesmo quem defende estas teorias discorda sobre a sua interpretagdo correcta. Contudo, estas descrigdes deverao ser suficientes para ajudar 0 leitor a compreender os aspectos mais gerais das teorias. [...] Consequencialismo Os consequencialistas defendem que temos a obrigagio de agir de forma a produzir as melhores consequéncias. Nao é dificil ver por que razao se trata de uma teoria muito apelativa, Em primeiro lugar, apoia-se no mesmo estilo de raciocinio que usamos ao tomar decises puramente prudenciais. Se estamos a tentar escolher a universidade a que nos vamos candidatar, iremos ter em consideragiio as opgées disponiveis, iremos prever os resultados provaveis de cada uma delas e tentaremos determinar o seu valor relativo. Feito isto, escolhemos a universidade que oferecer 0 melhor resultado previsto, consequencialismo usa o mesmo quadro de referéncia, mas inclui os interesses dos outros ‘a “equa¢do”. Quando enfrentamos uma decisdo moral, devemos considerar as acgSes alternativas disponiveis, tragar as consequéncias morais provaveis de cada uma delas, ¢ depois seleceionar a alternativa com as melhores consequéncias para todos os envolvidos. Quando descrita desta forma vaga, consequencialismo é claramente uma teoria apelativa, Afinal de contas, parece dificil negar que alcangar o melhor resultado possivel seria bom. O hitpslerticanarede.comeoriasetica himl ant +rinsi2024, 16:50 Teoras sobre a éica sobre a moralidade. utilitarismo, a forma mais comum de consequencialismo, tem uma resposta. Os utilitaristas afirmam que devemos escolher a opgio que maximiza “a maior felicidade para 0 maior nimero”. Defendem igualmente a completa igualdade: “cada qual conta como um e nao mais de um”. Claro que podemos discordar sobre o que significa exactamente a maximizagaio da maior felicidade do maior mimero; e podemos ter diividas sobre como se aleanga tal coisa, Os utilitaristas dos actos defendem que determinamos a correcgdo de uma acgo se podemos decidir que acgo, nessas circunstancias, teria mais probabilidades de promover a maior felicidade para o maior néimero. Os utilitaristas das regras, contudo, rejeitam a ideia de que as decisées morais devam ser decididas caso a caso, Segundo eles, no devemos decidir se & provavel que uma acco particular promova a maior felicidade para o maior niimero, mas se ‘um tipo particular de acgao iria promover, se fosse seguida pela maior parte das pessoas, a maior felicidade para o maior namero, Assim, parece que um utilitarista dos actos poderia decidir que uma mentira, num caso particular, se justifica porque maximiza a felicidade de todos os envolvidos, ao passo que o utilitarista das regras poderia defender que, uma vez que se toda a gente mentisse, isso diminuiria a felicidade, seria melhor adoptar uma regra forte contra a mentira, Devemos obedecer a esta regra ainda que, num caso particular, mentir possa parecer promover melhor a maior felicidade do maior nimero, Deontologia As teorias deontolégicas contrastam na sua maior parte com as teorias consequencialistas. Ao passo que os consequencialistas defendem que devemos sempre procurar promover as melhores consequéncias, os deontologistas defendem que as nossas obrigagées morais — sejam elas quais forem — sdo de algum modo e em certo grau independentes das consequéncias. Assim, se eu tenho a obrigagdo de no matar, roubar ou mentir, estas obrigagSes estdo justificadas nao apenas porque seguir tais regras produz sempre as melhores consequéncias. E por isso que tantas pessoas acham que as teorias deontolégicas sao tio atraentes. Por exemplo, a maior parte de nds ficaria ofendida se alguém nos mentisse, ainda que essa mentita produzisse a maior felicidade para o maior niimero. Eu ficaria sem divvida ofendido se alguém me matasse, ainda que a minha morte pudesse produzir a maior felicidade para o maior ntimero (usando os meus rins para salvar a vida de duas pessoas, o meu corago para salvar uma terceira, etc.). Assim, o que ha de errado ou certo em mentir ou matar ndo pode ser explicado, defendem os deontologistas, unicamente por causa das suas consequéncias. Claro que ha muito desacordo entre os deontologistas sobre quais regras sdo verdadeiras. ‘Também discordam sobre como se determina que regras so essas. Alguns deontologistas afirmam que a razao abstracta nos mostra como devemos agir (Kant). Outros (McNaughton) afirmam que as intuigdes so o nosso guia. Outros ainda falam de descobrir principios que se justificam por um equilibrio reflexivo (Rawls, por exemplo), a0 passo que alguns defendem que devemos procurar principios que poderiam ser adoptados por um observador ideal (Arthur), Alternativas hitpslerticanarede.comeoriasetica himl om tnszas, 1680 Tots ote ea 8 pensamento ético contemporaneo. Vale a pena mencionar em especial duas delas, porque se tornaram muitissimo influentes nas Gltimas duas décadas. Teoria das virtudes A teoria das virtudes nao tem sido to influente quanto a deontologia ou o consequencialismo na formagdo do pensamento ético modemno. Contudo, é anterior a essas duas teorias, pelo menos enquanto teoria formal. Foi a teoria dominante dos gregos antigos, alcangando a sua expresso mais clara na obra de Aristételes, Etica a Nicémaco, Durante muitos séculos, nao foi nem discutida nem advogada enquanto alternativa séria, Mas por volta dos finais da década de 1950 comegou a reaparecer na bibliografia filos6fica (a historia deste reemergir é apresentada nos ensaios reimpressos em Crisp e Slote, 1997). Grande parte do apelo da teoria das virtudes deriva das falhas encontradas nas alternativas candnicas. A deontologia e 0 consequencialismo, defendem os partidérios da teoria das virtudes, dio uma énfase desadequada (ou nenhuma) ao agente — ao que 0 agente deve ser, aos tipos de cardcter que o agente deve desenvolver. Nao dio igualmente um ambito apropriado ao juizo pessoal e dio demasiada énfase a ideia de seguir regras (sejam deontolégicas sejam consequencialistas). Sem divida que, ao ler alguns deontologistas e consequencialistas, da ideia que eles pensam que uma decisio moral é a aplicago acéfala de uma regra moral. A regra diz. “Sé honesto”; logo, devemos ser honestos. A regra diz “Age sempre de modo a promover a maior felicidade para o maior nimero”; logo, temos apenas de descobrir que acco tem as consequéncias mais desejaveis, ¢ depois fazer isso. Assim, a ética faz lembrar a matematica. Os célculos podem exigir paciéneia e cuidado, mas nao depende do juizo. Muitos partidarios das teorias can6nicas acham que estas objecgdes dos que defendem a teoria das virtudes io significativas e, ao longo das iiltimas duas décadas, modificaram as suas teorias para, em parte, as acomodar. O resultado, afirma Rosalind Hursthouse, é que “as linhas de demarcagdo entre estas trés abordagens se tém diluido [...] A deontologia e 0 utilitarismo j4 nao se caracterizam claramente por darem énfase as regras ou consequéncias jo ao carcter” (Hursthouse 1999: 4). As duas teorias dao maior énfase ao juizo e ter. Por exemplo, Hill, apesar de ser um deontologista, descreve a atitude apropriada relativamente ao meio ambiente de um modo que da énfase & exceléncia ou ao caricter, € Strikwerda e May, que de forma geral no aceitam a teoria das virtudes, dao énfase necessidade de os homens sentirem vergonha pela sua cumplicidade na violagdo de mulheres, Contudo, apesar de 0 juizo ¢ 0 carcter poderem desempenhar papéis cada vez mas importantes nas versdes contemporaneas da deontologia ou do consequencialismo, nenhum desempenha o papel central que desempenha na teoria das virtudes. [...] Teoria feminista Historicamente, a maior parte dos filésofos tém sido homens, homens com a perspectiva sexista das suas culturas. Assim, ndo é surpreendente que os interesses das mulheres, e quaisquer perspectivas que elas possam ter, ndo tenham desempenhado qualquer papel real no desenvolvimento das teorias éticas candnicas. A questio é: que nos diz isso sobre tais teorias? Poderemos, por exemplo, limitar-nos a tirar as partes sexistas da teoria de Aristételes ¢ ficar mesmo assim com uma teoria aristotélica que seja adequada para uma época menos sexista? Podemos eliminar as partes sexistas da ética de Kant e ficar com uma deontologia nao sexista mas vidvel? hitpslerticanarede.comeoriasetica himl sont +rinsi2024, 16:50 Teoras sobre a éica mulheres todas as munigdes de que precisavam para reivindicar o seu lugar de direito no mundo piblico. Outros nao estavam assim tio certos disso. Por exemplo, Carol Gilligan (1982) argumentou que as mulheres tm experiéncias morais diferentes e um raciocinio moral diferente, e que estas diferengas devem fazer parte de qualquer tratamento adequado da moralidade. Subsequentemente, advogou uma “ética do cuidado”, que ela pensava que exemplificava melhor a experiéncia e o pensamento das mulheres. Muitas feministas posteriores aplaudiram as criticas que a ética do cuidado dirigiu as teorias éticas mais canénicas, nomeadamente por nio dar atengo, ou ignorar intencionalmente, as experigncias ¢ o raciocinio das mulheres. Contudo, algumas destas feministas pensam que essas teorias mais tradicionais, especialmente se forem expandidas tendo uma atengdo cuidadosa as questdes relacionadas com os sexos e com o desenvolvimento das capacidades caracteristicamente humanas das pessoas, podem ir longe em direc¢ao a uma teoria ética adequada, No minimo, contudo, as criticas feministas forgaram os filésofos a reavaliar as suas teorias, e mesmo a repensar exactamente o que é uma teoria ética e o que se espera que alcance (Jaggar, 2000). Hugh LaFollette Ethies in Practice, ed. Hugh LaFollette (Londres: Blackwell, 2001) Leitura complementar + Crisp, Re Slote, M. A. (orgs) 1997: Virtue Ethics. Oxford: Oxford University Press, + Gilligan, C. 1982: In a Different Voice: Psychological Theory and Women's Development. Cambridge, MA: Harvard University Press. + Hursthouse, R, 1999: On Virtue Ethics. Oxford: Oxford University Press. + Jagat, A. M. 2000: Feminist Ethics. In H. LaFollette (org.), The Blackwell Guide to Ethical Theory. Oxford: Blackwell, pp. 348-74. + Kant, I. Fundamentacao da Metafisica dos Costumes. Lisboa: Edigies 70. + LaPollette, H. 1991: “The Truth in Bthical Relativism”, Journal of Social Philosophy 20: 146- 54. + LaFollette, H. (org.) 2000: The Blackwell Guide fo Ethical Theory. Oxford: Blackwell. + McNaughton, D. 1998: Moral Vision. Oxford: Blackwell + Mill, J. 1861/1979: Utilitarianism. Indianapolis: Hackett. + Rachels, J. 2004: Blementos de Filosofia Moral. Lisboa, Gradiva, cheffler, S. 1992: Human Morality. Oxford: Oxford University Press. + Singer, P. (org.) 1990: A Companion to Ethies. Oxford: Blackwell. Copyright © 2024 criticanarede.com ISSN 1749-8457 hitpslerticanarede.comeoriasetica himl awn

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