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uma padronizacao. Este livre foi organizaco para dar suporte aceqi ado 4s quesiées metodolégicas de trabalhos cientificos de pesquisa em nivel de gractiagao ou pos-graduacdo. Trala-se de contetide organizado para facilitar a producao de trabalhos sonforme padroes Cientificos. No entanto, nao haa er todas as questées envolvidas em Metodologia Cientifica, Trata-se de uma contribuicao py pfessores dos cursos de graduacao, de pés-graduacao lato e stricto se ies clue aprofundamentos! g ser buscades em bibliografias especificas de cada area ara proporciona critéfios de ctetiza a importancia da principais etapas de umig a uma ps a cientifica, de artigy ios e resenhas criticas, pem como rélatorio. A lacionado entre i do, ce 2s pa ntrar respostas as suas as em procedimentos mek pertinen Jos a uM Curso superior ~ ic ga "METODOLOGIA DO Woernnccs: atraves dei nos remeter na Academia , come fal, as TRABALHO CIENTIFICO: cnoeuelg Métodos e Técnicas da Pesquisa ion Brasileira di zt JABNT) para ccraces cenivos, @ GO Trabalho Académico oe cabe regisl vigente eaiiir iad B nao cumprimente normas, das 1=% fo produzido. Met ia Cientifica representam cansideravel auxilio com benefi brofessores. O carater desta Obie A a faotar o assunte imentos sobre as 2° edigao —.., fonma adécquada 30 nos trabalhar com simplificaca P ssviando-nos do perigo Metodologia de entendida como importante aug Mantes poderao consultar para suprimir suas cividas quanto a0s prog oe Peis Dianic cesse condrio de estucios © de pesquisa académicos, a disciplina itifica tem uma importancia fundamental na formacao do aluno e do profissional. Quando os estudantes gj sidade para buscar o “saber”, precisamos entender que Metodologia Cientifica nada ¢/// ninhos desse saber’, se entendermos que “metodo” quer dizer caminho, que “logia" Cleber Cristiano Prodanov ‘0b propoicions iza a importancis das principais etapas de um projeto de pesquisa, de uma pesquisa fare ao proprio saber Adiscipina Metodologia Cientifca, Ernani Cesar de Freitas device ac Fionado entre suas variaveis de estudio, deve estimular os estudantes, a fim de que busquem posias as suas ndaga¢bes, fespaldadas e sistematizadas em procedimentos metodologicos sstamos naturalmente nos remetendo a uma fa um Curso superior ~ graduacao © pos-graduacao — fino tal, as respostes aos problemas de acuisigao do conhecimento deveriam ser buscadas através Pentadas através de normas académicas vigentes. Procuramos através (isin 174-15-7 das fas Técnicas (ABN) para elaboracao de tabalhos cientificos registrar as Fis noimas, das regias, 6 da responsabilidade do autor do trabalho ica representam auxilio com UNIVERSIDADE _bereficio aos que Piiciés covaiie ado: Aesins FEEVALE ctisvo.nesia | I i mas, tao somente, o de direcionar esclarecimienlos sobre as princibais ade apresentar trabalhos de forma adeqllada'ad Gontexte SeadetfiEd Sm SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIO CAPITULO Associago Pré-Ensino Superior em Novo Hamourga - ASPEUR Universidade Feevale METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTIFICO: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Académico 2° edicao Cleber Cristiano Prodanov Ernani Cesar de Freitas oT UNIVERSIDADE FEEVALE Novo Hamburgo - Rio Grande do Sul - Brasil 2013 VOUTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIOCAPITULO AVANCAR Como melhor utilizar este e-book Nao deaperdiice papal, imprima somente #¢ necessério. Este @-boot foi feite com intengao ds faciltar 0 eoess0 & informapao. Beixe o arquivo é vieualize-ona tela do seu computador sempre que necessitar. No entanto, caso seja necesséri, 0 arquivo esta em formato AA, portanto é possivel inprimi-io com tetai aproveitemento de papel. E possivel também imprimirsomente partes do texto, selecionando as paginas desejadas nas opgdes de Impressio, Os botdes interativos s&0 apenas elemientos visuals € nde aparecerao na impressao, utlize-o5 para navegar pelo documento. Se prefer, ullize as tecias *Page Up" e "Page Down" do teclace ou 0 “Scroit" do mouse para retomar e prosseguir entre as paginas. Este texto nao aparecerd na pagina caso ela seja impressa, EXPEDIENTE PRESIDENTE DA ASPEUR gan Machado ae Oveirs REITOR DA UNIVERSIDADE FEEVALE Ramon Femnande oa Cunha PRO REITORA DE ENSING Inajara Vargas Ramos PRO-REITOR DE PESQUISA E INOVAGRO PRO REITOR DE PLANEAMENTO E ADMNIETRAGAO Alaratce Zan PRO REITORA DE EXTENSAO E ASSUNTOS. COMUNITARIOS ‘Gite Chas Baple: ‘DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGACAO NA PUBLICAGAQ (CIP) Unlesidade Feevale, RS, Oras Biblxecdra responsivel Fabricio Schrmam Leas C36 102162 COORDENAGAO EDITORIAL Inajra Vargas Ramos EDITORA FEEVALE Coleo Eauarao Sar Dalara Thome Seat Grazie Borqueto Souza CAPAE PROJETO GRAFICO EDITORAGAO ELETRONICA rear Dalian Thome Seat anttarasi Grazile Borqueto Sovza Cites - Vending. 2; Pore. 2: armies. 4 eiaereria fede Enc ono | tas Ean Casa Te Valens Koch 2aroosa oven Eman Ceaser de Frets 8 tir Fomrnlo Gs tenon stnicacice leo rw aut di apeiod itnoveger come be omieiniy alt de inltke repeneslifle do sutores © no expressam, nacassanatrenta, a opnito ca Unversidada Feeval, €parmido etar pare dos tetas sem avtorzegdo prov desde que seja Weniicadaa font, Avolagdo dos arelos do auo: (Jel n 8.610/8) 6 cme esabeeide peloatig 104 do Céaigo Pena Universidade Feevate [Campus I Av Dr, Matric Cardoso, $10 CEP 815101250 -Hamburgo Velho Nove Hamburg - FS Campus I ERS 239, 2756 ~CEP93352-000 - Via Nova Nove Harburga — Fone: (51) 3686.8800 Horpagps ww fovalo be Material com direitos aut OLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIOCAPITULO _AVAN AGRADECIMENTOS A Reiloria & Pré-Reitorias da Universidade Feevale, pelo apoio e incentivo; A Editora Feevale, pela dispanibilidade e apoio; A lodos os colegas, professores, que, ao longo dos anos, (ém coniribuido para a concretizagao desta obra. Material com direitos autorais VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVANGAR APRESENTACGAO Desde os primérdios da Filosofia, questionaram-se aspectos referentes ao método e, por razdes historicas, algumas vezes se impés uma forma de ver ou de fazer ciéncia, No século XVI, iniciou-se uma discussao mais intensae, apenas no século XVII, houve uma inclinagao para separar a Ciéncia da Filosofia, pelo pragmatismo entao mposto e, acredito, pela abertura, pelo acesso e pela publicizagdo do conhecimento ACiéncia, no geral, ganha de forma significativa, porque, certamente, muitos cientistas se esforcaram para tomar as descobertas acessiveis ao publica. Desde entao. os meios para alcangar os resultados de uma investigacao cientifica sao diversos. amplos e, na maioria das vezes, originam-se no construto de cada ciéncia particular. Nesse sentido, o livro do Prof. Dr. Cleber Prodanov e do Prof. Dr. Ernani Freitas 6 uma obra a qual se soma as de muitos outros pensadores que se ocupam em ifica. O livro permite aos alunos ¢ acs professores escrever sobre a metodologia cien uma reflexdo para além das normas técnicas, abrangendo conceitos do método, das, técnic 0 de um trabalho de cunho cientifico. Nesta de pesquisa ¢ da organiza segunda edigdo, entre outros avangos Sticos, o conteudo chega aos leitores de forma gratuita, através do e-book. Joo Alcione Sganderia Figueiredo Prd-Reltor de Pesquisa e Inovapao da Universidade Feevale SUMARIO PRINCI “CAPA ) SUMARIO CAPITULO _AVANCAR INTRODUGAO.. METODOLOGIA: METODO CIENTIFICO.. 21 DEFINICOES DE CIENCIA... 2.3 CONHECIMENTO CIENTIFICO E CONHECIMENTO POPULAR .us.21 28 (METODO CReNTIPICO sic rel 241 Métodos de abordagem - bases Isgicas da investioacdo 26 24.2 — Métodos de procedimentos ~ meios técnicos da im 36 2.5 QUADROS TEORICOS DE REFERENCIA scssssssssssssnssssssssssnsened® | Bl Io S O QUE E PESOUISA? 42 3.4___ CLASSIFICAGAO DAS PESQUISAS 3.41 Do ponto de vista da sua natureza 51 342 Do ponto 5 34.3 De ponto do vista dos 64 34A Do ponte de vi 69 3.5.4 Attudes do pesquisador. 73 Feces da pasauisa 74 ESTRUTURA DO PROJETO DE PESOUISA... 4.1 __DEFINIGAO DO TEMA E DO TiTULO (0 QUE?) 120 4.2 SUSTIFICATIVA (POR QUE?) ... 1120 4.3 FORMULACAO DO PROBLEMA. ssc, 4.4 __CONSTRUGAO DE HIPOTESES. 22) 45 _ ESPECIFICAGAO DOS OBJETIVOS (PARA QUE? 124 4.6 METODOLOGIA (como?) 126 47 _EMBASAMENTO TEORICO (QUAIS CONCEITOS?) .. 130 474 Revis8o da biblogratia 131 az Ganeciin:e bination 434 473 192 AJA Selecio dos abalhos ebro o toma 133 48 CRONOGRAMA (QUANDO)).. 1139 4.9 _ ORCAMENTO (COM QUANTO?).. 2139 ER al ae Mater VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA ) SUMARIOCAPITULO _AVANCAR TRABALHOS ACADEMICOS E CIENTIFICOS NOS CURSOS DE GRADUAGAO E POS-GRADUAGAO... Leura Trabalho 145 “Trabalho clantifiog & manag 185 jonclusao de C 185 Relatério da pesquisa de inicia 156 Relatérios técnicos de pesquisa 156 2 5.2 PUBLICAGOES CIENTIFICAS ... 5. TRABALHOS CIENTIFICOS NOS CURSOS DE POS-GRADUACAO.... 168 53.1 Projate de pesquisa: monograia, dissertardo e tose 169 20 ou lese 169 70 at wa Cardter monogitice © cooréacia do texto 173 EVENTOS CIENTIFICOS.. INSTRUGOES GERAIS DE APRESENTACAO .. Formato do papel. Fonte e letra Margens Tiulos e subtitulos. Notas de rodapa.. Giiagées Abreviaturas @ siglas Equagées ¢ férmulas. Numeragao de iustragées Figuras . Graficos Tabelas Quadros Anexos © apéndices z Material com direitos autorais 174 182 182 182 183 184 187 190 0.205; 206 208 207 207 208 214 214 OLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIOCAPITULO _AVAN NORMAS GERAIS PARA ELABORACAO DE REFERENCIA: 71 __TRANSCRIGOES DOS ELEMENTOS DAS REFERENCIAS. dd savia 0 4 Tile subi 4 113 Edigéo. 228 Tid Local 223 745 Edtora 24 16 Data 747 Descrigao fisica 226 1 lustcas 2 TA9 Series co 228 10 Nat 0 7.2___ORDENAGAO DAS REFERENCIAS T3A Obra monogréfica 231 73.2 Disseriagie de mestade, ts9 de douiorado 6 monograiias em goral 233 73.3 Pubicagao periédica 234 13.4 Documento de avento 237 236 Materiais cor ais. Tubs a 136 Pat 73, Documento juridico 239 Documente iconogratico 240 Document cariogrfi 244 Encilopédias e diciondrios 2m BUSCA CIENTIFICA 242, 812 {UTURA DO TRABALHO MONOGRAFICO ELEMENTOS PRE-TEXTUAIS ... Capa Lombada Fotha de rosto. Erata Folha de aprovagao. Dedicetoria(s) 248 Agradecimento(s) 248. Enigraie ws . 28. Resumo ns lingua vernécula 249 Resumo ne lingua estrangeira i : 249 Material com direitos autorais JOLTAR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUM: RIO CAPITULO AR 8411 Lista de ilustragdes 249 112 Lista de tabelas 250 8413 Lista de abrevieluras © sigles 250 At Lista da simbolos 250 44 nari 0 £2 ELEMENTOS TEXTUAIS .issssssussussssnsseusssssssasisssenssssssensenn 26] 824 Inrodunao. 259 Desenvolvimento 5 Refertncl 4 3 Giossétio 254 83.3 Apéndices 255, B34 Arexos 255 8 Indices FORMATAGAO DE TRABALHOS MONOGRAFICOS EM WORD. TRABALHOS CIENTIFICOS UTILIZANDO MICROSOFT WORD 2010...257 9.2 FORMATACAO DE PAGINA... 9.3 FORMATAGAO DE TEXTO.. 9.34 Fermatagae de texto normal 260 9.3.2 Fermatagéio de tiulos e subtitulos 262 9.3.3 Formatagao de citagbes longas 263 934 Outros estios de texto 264 94 AUTOMATIZANDO 0 DOCUMENTO........... cence 26M 9.441 Cfiando figuras e grafic 264 9.42 Legendas ¢e figuras, grificos e tabelas 265 943 Criands 0 sumério 267 9.44 — Referdncias a figures, gréfices, quadras e tabelas no texto 268 95 REVISAO DE DOCUMENTOS 9.54 Para revisar um documento 269 9.52 Pera aterar um documento revisado 270 9.6 RECOMENDAGOES ..-..--scc-secssesssenteeetenee ceseceeeueeenees DTV REFERENCIAS.. AUTORES ... VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIOCAPITULO _AVANC INTRODUGAO Para cada ciéncia, 0s recursos utilizados sao determinados por sua propria natureza. No entanto, sua apresentagao deve seguir uma padronizacao. Este livro Metodologia do trabalho cientifico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho académico @ uma obra que proporciona critérios de organizacéo e caracteriza a importancia das principais etapas de um projeto de pesquisa, de uma pesquisa cientifica, de artigos cientificos, ensaios e resenhas criticas, bem como relatério técnice-cientifico, Este livrofoi organizado para dar suporteadequado as questées metodologicas de trabalhos cientificos de pesquisa em nivel de graduagao ou pds-graduagao. Trata- se de contetido organizado pera faciltar a produgao de trabalhos conforme padres cientificos. No entanto, no hd a pretens&o de abranger todas as questdes envolvidas em Metodologia Cientifica. Trata-se de uma contribuiggo para consulta por parte dos estudantes e professores dos cursos de graduagao, de pos-graduacao lato ¢ stricto sensu, Entendemos que aprofuncamentos tedricos deverdio ser buscados em bibliogratias especificas de cada area de interesse A disciplina Metodologia Cientifica, devido ao seu carater sistémico ¢ inter- relacionado entre suas variéveis de estudo, deve estimularos estudantes, a fim de que ousquem motivagdes para encontrar respostas As suas indagagbes, respaldadas ¢ sistematizadas em procedimentos metodolégicos pertinentes. Se nos referimos a um curso superior — graduagdo e pés-graduagao — estamos naturalmente nos remetendo a uma Academia de Ciéncia ¢, como tal, as respostas aos problemas de aquisigéio do conhecimento deveriam ser buscadas através do rigor cientifico e apresentadas através de normas académicas vigentes. Procuramos, na medida do possivel, seguir rigorosamente as regras definidas pela Associagao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para elaboragao de trabalhos cientificos. Nesse sentido, cabe registrar que 0 no cumprimento das normas, das regras, é da responsabilidade do autor do trabalho produzido Entendemos que livros de Metodologia Cientifica representam consideravel auxilio com beneficio aos alunos ¢ professores. O carater desta obra nao 6 diferente VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIO CAPITULO _AVAN: desse universo considerado. Assim, nosso objetivo, nesta obra, nao éesgotar 0 assunto Metodologia de Pesquisa, mas, tao somente, o de direcionar orincipais questées da area para aqueles cuja pretensao seja a de apresentar trabalhos de forma adequada ao contexto académico em que se insere. Procuramos trabalhar com simplificagao e, ao mesmo tempo, desviando-nos do perigo do ‘simplismo” ou de regulamentacao enrijecedora de processos e procedimentos sclarecimentos sobre as Esta obra tem no seu escopo 0 intuito de facilitar o entendimento e a aplicacéo das questies que envolvem a elaboracao de trabalhos cientificos; nortanta, pode ser entendida como importante auxiliar no processo do ensino-aprendizagem que os estudantes poderao consultar para suprimir suas diividas quanta aos procedimentos As técnicas e as normas de pesquisa Diante desse cenario de estudos ¢ de pesquisa académicos, a disciplina Metodologia Cientifica tem uma importancia fundamental na formagao do aluno e do profissional, Quando os estudantes procuram a Universidade pera buscar 0 “saber”, precisamos entender que Metadologia Cientifica nada mais é do que a discipiina que “estuda os caminnos de entendermos que "método” quer dizer caminho, que “logia’ quer dizer estudo e “ciéncia, que se refere ao proprio saber. aber", s VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUV METODOLOGIA: METODO CIENTIFICO .. 2.1 DEFINIGOES DE CIENCIA... 2.2 CRITERIOS DE CIENTIFICIDADE.. 2.3 CONHECIMENTO CIENTIFICO E CONHECIMENTO POPULAR wens eae 21 2.4 METODO CIENTIFICO.... 224 244 Ma abordagem - bases ldgicas da investigagao 26 24.2 — Mitodos ds procecimertos - melos téenivos da investigagio 36 2.5 QUADROS TEORICOS DE REFERENCIA....... VOUTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIOCAPITULO _AVAl METODOLOGIA: METODO CIENTIFICO No inicio deste capitulo, ¢ oportuno ressaltar a importancia da metodologia cientifica para os estudos académicos na universidade. Prmeiramente, apresentamos a dofinigdo etimologica do termo: a palavra Metodologia vem do grego “meta” = ao largo; "odos” = caminho; “logos” = discurso, estudo. A Metodolagia ¢ compreendida como uma disciplina que consiste em estudar, compreender ¢ avaliar 03 varios métodos disponiveis para a realizagéo de uma pesquise académica, A Metodologie, em um nivel aplicado, examina, descreve ¢ avalia métodos ¢ técnicas de pesquisa que possibilitam a coleta ¢ o processamento de informagées, visando ao encaminhamento ¢ a resolugao de problemas e/ou questées de investigagao. A Metodologia é @ aplicagéo de procedimentos ¢ técnicas que devem ser observades para construgao do conhecimento, com 0 propésito de comprovar sua validade e utiidade nos diversos ambilos da sociedade. Para entender as caracteristicas da pesquisa cientifica @ seus métodos, é preciso, previamente, compreender o que vem a ser ciéncia. Em virtude da quantidade de definicdes de ciéncia encontrada na literatura cientifica, serao apresentadas algumas consideradas relevantes para este estudo. 2.1. DEFINICGOES DE CIENCIA Etimologicamente, 0 termo ciéncia provém do verbo em latim Scire, que significa aprender, conhecer. Essa definigao etimologica, entretanto, nao é suficiente para diferenciar ciéncia de outras atividades também envalvidas com 0 aprendizado © conhecimento. Segundo Trujilo Ferrari (1974), ciéncia ¢ todo um conjunto de atitudes @ de atividades racionais, dirigida ao sistematico conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido a verificacéo, Lakatos e Marconi (2007, p, 80) acrescentam que, além der ser “uma sistematizagéo de conhecimentas”, ciéncia 6 “um canjunto de praposicées lagicamente correlacionadas sobre 0 comportamento de certos fendmenos que se daseja estudar” salho Cientifico 14 Metodclogia do Material com direitos autorais AR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVAN! Trujilo Ferrari (1974), por sua vez, considera que a ciéncia, no mundo de hoje: tem varias tarefas a cumprir, tais como: a) aumento e melhoria do conhecimento; b) descoberta de novos latos ou fendmenos; c) aproveitamento espiritual do conhecimento na supressdo de falsos milagres, mistérios ¢ supersti¢ées; d) aproveitamento material do conhecimento visando a melhoria da condigao de vida humana; 2) estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza. Demo (2000, p. 22), em contrapartida, acredita que “no campo cientifico é sempre mais facil apontarmos 0 que as coisas nao so, razdo pela qual pademos comegar dizendo 0 que o conhecimento cientifico nao é.”" Para 0 autor, apesar de no haver limites rigidos para tais conceitos, conhecimento cientitico: a) Primeiro, néo 6 senso comum ~ porque este se caracteriza pela aceitacao nao problematizada, muilas vezes crédula, do que afirmamos ou temos por valido. Disso no segue que o senso comum seja algo desprezivel; muito ao contrario, 6 com ele, sobretudo, que organizamos nossa vida diaria. mesmo porque seria impraticavel comporiarmo-nos apenas como a ciéncia recomenda, seja porque a ciéncia néo tem recomendacao para tudo, seja Porque no podemos dominar cientificamente tudo. No entanto, conforme Demo (2000), 0 conhecimento cientifico representa a outra direcdo, por vezes vista como oposta, de derrubar o que temos por valido; mesmo assim, em todo conhecimento cientifico ha sempre componentes do senso comum, na medida em que nele nao conseguimos defini e controlar tudo cientificamente. b) Segundo, néo € sabedoria ou bom-senso — porque estes apreciam Componentes como convivéncia e intuigao, além da pratica historicamente comprovada em sentido moral. c) Terceiro, néo € ideologia — porque esta ndo tem como alvo central tratar a realidade, mas justificar posigao politica, Faz parte do conhecimento cientifico, porque toda ser humano, também 0 cientista, gesta-se em histéria concreta, politicamente marcada Diferencia-se porque, enquanto 0 conhecimento cientifico busca usar metodologias que — pelo menos na intencao - savaguardam a captacao da realidade, a ideologia dedica-se a produzir discurso marcado pela justificagao. (DEMO, 2000, p. 24). AR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVAN! d) Quarto, nao € paradigma especifico - “como se determinada corrente pudesse comparecer como iinica herdeira do conhecimento cientifico, muito embora Ihe seja inerente essa tendéncia.” (DEMO, 2000, p. 25). Com maior realismo, conhecimento cientifico é representado pela disputa dindmice € interminavel de paradigmas, que vao @ vollam, somem e transformam- se. Com isso, podemos dizer que ndo é produto acabado, mas pracesso produtivo histérico, au especific teorias datadas, escolas e culturas nao podemos identificar com métodos Apesar das diversas definigdes de ciéncia, seu conceito fica mais claro quando se analisam su caracteristicas, denominadas critérios de cientificidade 2.2 CRITERIOS DE CIENTIFICIDADE Tondo visto 0 que o conhecimento nao 6, podernes arriscar a dizer 0 quo 6 Conforme Demo (2000, p. 25), “do ponto do vista dialético, conhecimento ciantifico encontra sou distintivo maior na paixdo polo quostionamento, alimontado pola duvide motédica." Questionamento como método, no apenas como desconfianga esporacica, ocalizada, intermitente. Os resultados do conhecimento cientifico, obtidos pela via do quostionamonto, pormanocom quostionavois, por simplos cooréncia do origom. Antes de tudo, de acordo com Demo (2000), cientista é quem duvida do que vé, se diz, aparece e, ao mesmo tempo, nao acredita poder afirmar algo com certeza absoluta. E comum a expectativa incongruente de tudo criticar e pensar que podemos oferecer algo ja nao criticavel No contexio da uniciade de cantrarias, 0 caminho que vaié a mesmo que volta; citicar e sercrticado sao, essencialmente, o mesmo procedimento metodolégico. Nesse sentido, 0 conhecimento cientifico nao produz certezas, mas fragilidades mais controladas. (DEMO, 2000, p. 25). Questivnar, entretanto, nav é apenas resmungar contra, falarmal, desvalorizar mas articular discutso com consisténcia Iigica € capaz de convencer. Conforme Demo (2000), poderiamos propor que somente € cientifico 0 que for discutivel Esse procedimento metodolégico articula dois horizontes interconectados: 0 da formalizagao logica e 0 da pratica. Dito de outra maneira, conhecimento cientifico preci alisfazer a critérios de qualidade formate politica. Costumeiramente, segundo VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVANGAR Demo (2000), aplicamos apenas os criérios formais, porque classicamente mais reconhecidos e aparentemente menos problematicos. Entretanto, assim procedendo, nao nos desfazemos dos critérios politicos. Apenas os reprimimas ou argutamente os ocultamos. Para que 0 discurso possa ser reconhecido como cientifico, preci ser JAgico, sistematico, coerente, sobretuda, bem-argumentado, sso o distancia de outros conhecimentos, como senso comum, sabedoria, ideologia, Sistematizando, conforme Demo (2000), podemos arrolar critérios de cientificidade normalmente cilados na literatura cientifica a) objeto de estudo bem-definido e de natureza empltica’ delimitagao e descrigao objetiva ¢ eficiente da realidade empiricamente observavel, isto 8, daquilo que pretendemos estudar, analisar, interpretar ou verificar por meio de métodos empiricos'; b) objetivacao: tentaliva de conhecer a realidade {al como , evitando contamina- lacom ideolagia, valores, opinides ou preconceitos do pesquisadar: ] refere-se ao esforgo — sempre incompleto ~ de tratar a realidade assim como ela €; nao se trata de “objetividade’, porque impossivel, mas do Gompromisso metodoligico ve dar conta da realidade da maneira mais proxima possivel, 0 que tem instigado 9 conhecimento a ser ‘experimental’, dentro da lbgica do experimento. (DEMO, 2000, p. 28) Essa colocagao nao precisa coincidir com vicios empiristas e positivistas, mas aludir apenas 20 intento de produzir discursos controlados e controlaveis, @ fim de evitarmos meras especulagées, afirmagées subjetivistas, montagens tedricas fantasiosas; embora a ciéncia trabalhe com “objeto construido” - nao coma realidade diretamente, mas com expectativa modelar dela -, no pode ser “inventado"; vale a regra: tudo 0 que fazemos em ciéncia deve poder ser refeito por quem duvide; dai nZo segue que somente vale 0 que tem base empirica, mormente se entendermos por ela apenas sua face quantificével, mas segue que também as teorias necessitam ser referenciadas a realidades que permitam relative controle do que dizemos; ia, empirico significa gulado pela evidéncia obtida em pesquisa cientifica sistematica, c) da) e) f) 9) AR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVAN! discutibilidade: significa a propriedade da coeréncia no questionamento evitando, conforme Demo (2000, p. 28), “a contradi¢ao performativa, ou seja, desfazermos 0 discurso 20 fazé-lo, como seria 0 caso de pretender montar conhecimento critico imune a critica’; trata-se de conjugar critica autocritica, dentro do principio metodolégico de que a coeréncia da critica esta na autocritica. Conhecimento cientifico é 0 que busca se fundamentar de todos os modos passive! de que alcanga esse objetivo apenas parcialmente, ndo por defeito, mas por tessitura prépria do discurso cientifico; e imaginaveis, mas mantém cons ncia critica ‘observacdo controlada dos fenémenos: preocupagao em controlar a qualidade do dado e a processo utilizado para sua obtencdo: originalidade: refere-se & expectativa de que todo discurso cientifico correspond a alguma inovagdo, pelo menos, no sentido reconstrutivo; “nao € aceito discurso epenas reprodutivo, copiado, jé que faz parle da logica do conhecimento questionador desconstruir 0 que existe para o reconstruir em outro nivel” (DEMO, 2000, p. 28); coeréncia: argumentacao légica, bem-estruturada, sem contradic& mais propriamente légico e formal, significando a auséncia de contradicao no texto, fluéncia entre premissas e conclusdes, texto bem-tecido como pega de pano sem rasgos, dobras, buracos. Segundo Demo (2000, p. 27), 8; critério [1 as pegas encaixam-se bem, sem desafinacdo, os capitules fluem clogantemente, as conelusdes jorram sem dificuldade, quase que como necessérias, inevitéveis, inequivacas; em sua face positiva, coeréncia cia de légica formal, como pela habilidade demonstrada de uso sistemético de conceitos ¢ teorias, representa critério imporiante, tanto pelo exerc sistematicidade: parceira dé coeréncia, significa o esforgo de dar conte do tema amplamente, sem exigir que se esgote, porque nenhum tema é propriamente, esgotavel; supomos, porém, que tenhamos estudado por todos 08 Angulos, tenhamos visto todos os autores relevantes, dando conta das discussdes e polémicas mais perlinentes, passando por todos 0s meandros tedricos, sobretudo, que reconstruamos meticulosamente os conceitos centrais. Demo (2000, p. 27) afirma que SUMARIO PRINCIPAL { CAPA ) SUMARIOCAPITULO A\ [1 € exigido que se trate 0 assunto, sem mais, ouscando ‘matar o tema’; incluimos nisso, sempre, que o texto seja enxuto, direto, claro, felto para entender-se na primeira feltura, evitando-se estas hemeticos, enrolados, empolados, admitinos que a profundidade do conhecimento combina melhor com a sobriedade; h) consisténcie: base sdlida, “refere-se a capacidade do texto de resistir & contra: atgumentagao ou, pelo menos, merecer 0 respeito de opinides contrarias em certa medida, lazer ciéncia é saber argumentar, nao s6 como técnica de dominio ldgico, mas sobretudo como arte reconstrutiva.” (DEMO, 2000, p. 27) Saber argumentar comega com a capacidade de estudar 0 conhecimento disponivel, as teorias, os autores, os conceitos, os dados, as praticas, os métodos, ou seja, de pesquisar, para, em seguida, colocar tudo em termos de elaboracéo propria; saber argumentar coincide com saber fundamentar alegar raz6es, apresentar os porqués; conforme Demo (2000), vai além da descri¢éo do tema, para se aninhar em sua explicagdo, ou seja, queremos saber nao apenas 0 como das coisas, mas, sobretudo, suas razdes, seus porqués. O conhecimento nem sempre consegue ir muito longe na busca das causas para poder dominar os efeitos, mas assume isso como procedimento metodolagico sistematico; tudo 9 que é afirmado precisa ter base, primeiro no conhecimento existente © considerado valido e, segundo, na formulagéo propria do autor; ’) _linguagem precisa: senticio exato das palavras, restringindo ao maximo 0 uso de adjetivos; }) autoridade por meérito: significa 0 reconhecimento de quem conquistou posigao respeitada em determinado espace cientiticoe éporisso considerado ‘afgumento", segundo Demo (2000, p. 43), “core todos os riscos de vassalagem primaria, mas, no contexto social do conhecimento, ¢ impossivel livrarmo-nos dele”; k)_relevancia social: os trabalhos académicos, em qualquer nivel, poderiam ser mais pertinentes, se também fossem relevantes em termos sociais, ou soja, estudassem temas de interesse comum, se se dedicassem a confrontar-se com problemas sociais preocupantes, “buscassem elevar a oportunidade emancipatoria das maiorias." (DEMO, 2000, p. 43). Segundo Demo (2000), & frequente a queixa de que, na universidade, estudamas teorias irrelevantes, cuja sofisticagao, por vezes, é diretamente proporcional a sua inutilidade na vida. No entanto, “semnos rendermos ao utlitarismo académico - porque seria VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIO CAPITULO _AVAN: querer sanar erro com erro oposto -, é fundamental encontrar relagdo prética nas teorias, bem como escrutinio critico das praticas” (DEMO, 2000, p. 43); |) ética: procura responder pergunta: a quem serve a ciéncia? Em seu contexta extremamente colonizador, 0 conhecimento cientifica tem sido, sobretudo, atma de guerra e lucro e, a: tecnolégica, pode tomar inviéveis as condigdes ambientais do planeta (DEMO, 2000). A visdo ética dedica-se sobremaneira a direcionar tamanha potencialidade para o bem-comum da sociedade, no sentido mais preciso de, primeiro, evitar que os meios se tornem fim; segundo, que se discutam iro, assegurar que os fins nao sim, como construiu fantastica potencialidade nao s6 os meias, mas também as fins e, tere justifiquem as meios. Conforme Dama (2000, p. 43),"afantastica potencialidade emancipatéria do conhecimenta até hoje tem servida a minorias, sem falar que é usada muitas vezes para imbecilizar, tarturar, manipular"; m) intersubjetividade: opiniéo dominante da comunidade cientifica de determinada época e lugar. Referéncia ao consenso dominante entre os cientistas, pesquisadores ¢ professores, que acabam avaliando € decidindo 0 que é ou nao valido; muitas vezes, podemes entendé-la como grupo fechado, mas é possivel também vé-la como concorréncia aberta entre correntes que, assim, ao lado de coibir inovagées, acabam também as promovendo. (DEMO, 2000, p. 43) A intersubjetividade @ considerada um critério externa a ciéncia, pois a opiniaa @ algo atribuido de fora, por mais que provenha de um cientista ou especialista na Area. Devemos desiacar, no entanto, que a intersubjetividade é tSo importante para a ciéncia como os critérios internas, ditos de qualidade formal, Desse critério tic decorrem outros, como a 9 reconhecimento dos pares, 0 encadeamento de pesquisas em um mesmo tema etc., 08 quais possibilitam cia cumprir sua fungaa de aperfeigaamento, a partir da cre: conhecimentos da relacéo do homem com a natureza. a ci ente acerva de Tais criterios podem ser sistematizados certamente de outras formas, mas sempre tém em comum 0 propdsito de formalizagao. De acordo com Demo (2000, p. 29), “dentro de nossa uadigao cientifica, cabe em ciéncia apenas o que admite suficiente formalizagao, quer dizer, pode ser analisado em suas partes recorrentes. Pode iste Como polémica tal expectativa, mas é a dominante, e, de modo geral, a VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIO CAPITULO _AVAN: unica aceita." Por tras dela, esté a expectativa muito discutivel de que a realidade nao 86 é formalizavel, mas, sobretudo, 6 mais real em suas partes formais. O racionalismo positivista vive dessa crenga e porisso aposta, muitas vezes, em resultados definitivos © pardmetros metodolégicos absolutizados Os movimentos em torno da pesquisa qualitativa buscam confrontar-se com 08 excessos da formalizagdo, mosirando-nos que a quaidade é menos questo de extensdo do que de intensidade. Deixé-la de fora seria deturpagao da realidade. Que a ciéncia tenha cificuldade de a traiar é problema da ciéncia, nao da realidade.” (DEMO, 2000, p. 29) Tem sido chamada de “ditadura do método” essa imposicao metodologica feita 4 realidade, relevando nela apenas o que pode ser mensurado, ou melhor reduzindo-a as varidveis que mais facilmente sabemos tratar cientificamente. 2.3 CONHECIMENTO CIENTIFICO E CONHECIMENTO POPULAR Por existir mais de uma forma de conhecimento, é conveniente destacar o que vem a ser conhecimento cientifico em oposigéo ao chamado conhecimento popular, wulgar ou de senso comum Nao deixa de ser conhecimento aquele que foi observado ou passado de geragao em geracao através da educagao informal ou baseado em imitagao ou experiéncia pessoal. Esse tipo de conhecimento, dito popular, diferencia-se do conhecimente cientitico por the faltar 0 embasamento teorico necessario a ciéncia. Conforme Trujllo Ferrari (1974), 9 conhecimento popular 6 dado pele familiatidade que temos com alguma coisa, sendo resultado de experiéncias pessoais ou suposicdes, ou seja, 6 uma informagdo intima que nao foi suficientemente refletida para ser reduzida a um modela ou uma formula gerel, dificultando, assim, sua transmissao de uma pessoa a outra, de forma facil e compreensivel. Lakatos e Marconi (2007, p. 77, grifos dos autores) comentam que o conhecimento popular se caracteriza por ser predominantemente: + superficial, isto €, conforme pode comprovar simplesmente estando junto das coisas: expressa-se se com a aparén cla, com aquilo que se por frases como “porque o vi “porque todo mundo diz” porque o senti", "porque o disseram’ AR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVAN! + sensitivo, ou seja, referente a vivencias, estados de animo e emogdes da vida diaria + subjetivo, pois 6 0 préprio sujeito que organiza suas experiéncias conhecimentos, tanto os que adquire por vivéncia propria quanto os “por ouvi dizer”, assistematico, pois esta “orgenizagao” das experiéncias nao visa a uma sistematizagao das idéias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa - acritico, pois, verdadeitas ou nao, a pretensdo de que esses Conhecimentos o sejam nao se manifesta sempre de uma forma erica, Na opinizio de Lakatos ¢ Marconi (2007), 0 conhecimenta popular nao se distingue do conhecimento cientifico nem pela veracidade nem pels natureza do objeto conhecido: 0 que os diferencia 6 a forma, o modo ou o método @ os insirumentos do “conhecer" Para que 0 conhecimento seja considerado cientifico, ¢ necessario analisar as particularidades do objeto ou fendmeno em estudo. A partir desse pressuposto Lakatos e Marconi (2007) apresentam dois aspectos importantes a) aciéncia no ¢ 0 unico caminho de acesso ao conhecimento e a verdade; b) um mesmo objeto ou fendmeno pode ser observado tanto pelo cientista quanto pelo homem comum; 0 que leva ao conheciments cientifica 6 a forma de observacao do fendmeno © conhecimento cientifico difere dos outros tipos de conhecimento por ter toda uma fundamentagao e metodologias a serem seguidas, além de se basear em informagées classificacas, submetidas a verificagao, que oferecem explicagdes plausiveis a respeito do objeto ou evento em questao. Assim, ao analisar um fato, 0 conhecimento cientifico néo apenas trate de explicé-lo, mas também busca descobrir ¢ explicar suas relagdes com outros fatos, conhecendo a realidade além de suas aparéncias. O conhecimento cientifico 6 considerado como’ a) acumulativo, por oferecer um proceso de acumulagao seletiva, em que navos conhecimentos substituem outros antigos, ou somam-se aos anteriores; b) til para a melhoria da condigao da vida humana; c) analitico, pois procura compreender uma situac por meio de seus componentes; 0 ou um fendmeno global SUMARIO PRINCIPAL { CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVA! d) comunicavel, j& que a comunicabilidade é um meio de promover o reconhecimento de umtrabalho como cientifico. A divulgagaodo conhecimenta 6 responsavel pelo progresso da ciéncia; ¢) _preditivo, pois, a partir da investigagao dos fatos e do actimulo de experiéncias, o conhecimento cientifico pode dizer o que foi passado e predizer o que sera futuro. f) Com base nas definigées anteriormente citadas e comentadas, podemos elaborar um quadro comparativo entre conhecimento cientifico e popular. Quadro 1 - Caracteristicas dos tipos de conhecimento ciertifico © popular real - lida com fatos. contingente - sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiéncia. sistemético — forma um sistema de ideias eno conhecimentos dispersos e desconexos. verificével ou demonstrdvel — 0 que née pode ser verificacio ou demanstrado néio é incorporado ao ambito da ciéncia. falivel e aproximadamente exato — pornéo ser Gefintivo, absoluto 04 final. Novas técnicas proposig6es podem reformular ou comigit uma teora jd existente, valorativo ~ baseado nos valores de quem promave 0 estudo, Teflexivo - no pode ser reduzide a uma formulagao geral assistematico — basela-se na arganizacao de quem promove o estudo, néo possui uma sistematizagao das ideias que exelique os fendmenos. verificavel ~ porém limitado ao Ambite do cotid'anc do pesquisador ou observador. falivel e inexato - conformna-se com @ aparéncia © com oque ouvimos dizer a respeito do objeto ‘ou fenémeno. Nao permite a formuagao de hip6teses sobre a existéncia de fendmenos situados além das percepgoes objetivas. Fonte: adaptado de Lakatos @ Marconi (2007, p. 77) Aciéncia tem como objetivo fundamental chegar a veracidade dos fatos. De acordo com Gil (2008, p. 8), “neste sentido nao se distingue de outras formas de conhecimento. O que torna, porém, 0 conhecimento cientifico distinto dos demais é que tem como ceracteristica fundamental a sua verificabilidade.” ntifico 28 odologi: all Material com direitos autorais AR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO Al Para que um conhecimento possa ser considerado cientifico, toma-se ibilitam a sua nece verificagao (GIL, 2008). Ou, em outras palavras, determinar 0 método que possibilitou chegar a esse conhecimento. ssario identificar as operagdes mentais e técnicas que pos Podemos definir método como caminho para chegarmas a determinado fim. E método cientifico camo o conjunto de procedimentos intelectuais @ técnicos adotados para atingirmos o conhecimento. A investigagao cientifica depende de um “conjunto de procedimentos ntelectuais e técnicos” (GIL, 2008, p. 8), para que seus objelivos sejam atingidos: os meétodos cientificos. Método cientifico € 0 conjunto de processos au operaces mentais que devemos empregar na investigagao. E a linha de raciocinio adotada no processo de pesquisa, Os métodos que fomecem as bases légicas a investigacao sao: dedutivo: ndutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenologico. Varios pensadores do passado manifestaram o desejo de definir um método universal que fosse aplicado a tadas os ramos do conhecimento. Hoje, porém, os cientisias e filésofos da ciéncia preferem falar numa diversidade de métodos, que sdo determinados pelo tipo de objeto a investigar e pela classe de proposicdes a descobrir. Assim, podemos afirmar que a Matematica nao tem 9 mesmo método da Fisica e que esta naa tem o mesmo método da Astronomia. E, com relacao as ciéncii sociais, podemas mesmo cizer que dispdem de grande variedade de métodos. 24 METODOCIENTIFICO Partindo da concepgao de que método 6 um procedimento ou caminho para alcangar determinado fin ¢ que a finalidade da ciéncia 6 a busca do conhecimento, podemos dizer que o métoda cientifico 6 um conjunto de procedimentos adotados com 0 propésito de atingir 0 conhecimento De acordo com Trujillo Ferran (1974), 0 método cientifico ¢ um trago caracteristico da ciéncia, constituindo-se em instrumento basico que ordena, nicialmenie, 0 pensamento em temas © traga os procedimentos do cientista ao ongo do caminho até atingir 0 objetivo cientifico preestabelecido. Lakatos e Marconi (2007) afirmam que autilizacdo de métodos cientificos nao & exclusiva da ciéncia, sendo possivel us4-los para resolugaio de problemas do cotidiano. Destacam que, por autre lado, nao ha ciéncia sem 0 emprego de métodos cientificos TAR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVANCAR Muitos foram os pensadoves ¢ fildsofos do passado que tentaram definir um nico método aplicével a todas as ciéncias e a todos os ramos do conhecimento Essas tentativas culminaram no surgimento de diferentes correntes de pensamento, por vezes conflitantes entre si, Na atualidade, j4 admitimos a convivéncia, e até @ combinagao, de métodos cientificos diferentes, dependendo do objeto de invesiigagéo e do tipo de pesquisa, Quadro 2 ~ Evolugao histérica do método cientifico Euciides, Platao, Anstoteles, Araumedes, antiga Tales, Prolomeu Séculos Santo Agostino, So Iv-xi Tomas ds Aquino Copémico, Kepler, Galieu e Newton Seculos xvI- xv Bacon, Hobbes, Locke, Hume e Nill Descartes Séoulo sean xvill a Hegel Século 2% Mane Além das chamadas questées metafisicss, trataram também da geometria, da matematica, da fisica, de medicing etc,, impriminds uma visdo totalizante as suas interpretagées, Transformagao dos textos bibicos em fonte de autoridade cientfica e, de modo geral, a existéncia de uma atitude de preservacao/contemplagéo da natueza, considerada sagrada Ruplura com a estrutura teoldgica e epistemalégica do period medieval @ inicio da busca por uma interpretagao materatizada e formal do real. O metodo acontecendo em dois momentos: a indugso © a educagae. Aprofundamento da questo da indugao, ‘angamento das bases para o mélodo indutivo-experimental, Método dedutivo. Sujetto como ordenador construtor da experiéncia: 86 existe 0 que é pensado *O proceso historico”. Explicagées verdadeiras pare 0 que ocorre no real nao se veriicardo através do estabelecimento de relagBes causals ou relagbes de analogia, mas sim no desvelamento do "red aparente” para chegar no "eal congeto Metodoloai: Material com direitos autorais Cientifico 25 OLTAR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA _) SUMARIOCAPITULO AVAI Quadro 2 Evolugao histérica do método cientitico (con Postrel econetoniteC) Propie que 0 indutivismo seja substituido por um modelo hipotético-dedutivo, ressallando que o que Popper BR deve sertestado nao 8 a possibilidade de verificacao, Sécule mas sim a de refutacéo de uma hipdtese. am (© metodo em dois momentos: a ciénca trabalna fara ampliar € aprofundar © aparato conceitual do Kuhn 7 " . paradigma, ou, num momento de ori superagéo do paradigma doninante. trabaina pela Fonte: elaborado pelos autores Dade a diversidade de métodos, alguns autores costumam classifica-los em gerais, também denominados de abordagem, e especifioos, denominados discretos ou de procedimente. 2.4.1 Métodos de abordagem - bases légicas da investigacao Por método podemos entender 0 caminho, a forma, 0 modo de pensemento. E a forma de abordagem em nivel de abstracéo dos fendmenos. E 0 conjunto de pfocessos ou aperacées mentais empregados na pesquisa Os métedos gerais ou de abordagem oferecem ao pesquisador normas genéricas destinadas a estabelecer uma ruptura entre objetivos cientificos @ nao cientificos (ou de senso comum) Esses métodos esclarecem os procedimentos ldgicas que deverao ser seguidos no processo de investigacao cientifica dos fatos da natureza e da sociedade. S40, pois, métodos desenvolvidos a partir de elevado grau de abstracao, que possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigagao, das ragras de explicagao dos fatos € da validade de suas generalizagoes. Podem ser incluidos, nesie grupo, os métodos: dedutivo, indutivo, hipotético- dedutivo, dialético e fenomenolégico. Cada um deles se vincula a uma das correntes filos6ficas que se propdem a explicar como se processa o conhecimento da realidade. O método dedutivo relaciona-se ao racionalismo; 0 indutivo, ao empirismo; o hipotético- Material com direitos autorais VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVANGAR dedutivo, ao neopositivismo; 0 dialético, a0 materialismo dialético e o fenomenalégico, a fenomenologia, Aulilizacdo de um ou outro método depende de muitos fatores: da natureza do objeto que pretendemos pesquisar, dos recursos materiais disponiveis, do nivel de abrangéncia do estudo e, sobretudo, da inspiracao filoséfica do pesquisador Comentamas, na sequéncia, cada um dos métodos gerais ou de abordagem 2.4.1.1 Método dedutivo © método dedutivo, de acordo com 0 entendimento classico, é 0 método que parte do geral e, a seguir, desce ao parlicular. A partir de principios, leis ou teorias consideradas verdadeiras @ indiscutiveis, prediz a ocoréncia de pariiculares com base na légica. “Pane de principios reconhecidos como verdadeiros @ indiscutiveis e possibilita chegar a conclusées de maneira puramente formal, isto é em virlude unicamente de sua lgica.” (GIL, 2008, p. 9) C8808 Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz pressupde que sé a razéo € capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O racigcinio dedutive tem 0 objetivo de explicar o contetido das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocinio em ordem descendente, de andlise do geral para 9 particular, chega é uma conclusao. Usa 0 silogismo, a cons trugo logica para, a partir de duas premissas: retirar uma terceira logicamente decorente das duas primeiras, denominada de conclusdo, Veja um classic exemplo de raciocinio dedutivo a seguir Todo homem € mortal (premissa maior) Pedro éhomem (premissa menor) Lage, Pedro é marta! ;oncluiséo) © método dedutivo encontra ampla aplicacéio em cigncias como a Fisica @ a Matematica, cujos principios podem ser enunciados como leis. Jé nes ciéncias sociais, 0 uso desse método 6 bem mais restrito, em virtude da dificuldade para obter argumentos gerais, cuja veracidade nao possa ser colocada em diivida Mesmo do ponto de vista puramente lgico, s&0 apresentadas varias objegdes a0 método dedutivo. Uma delas é a de que 0 raciocinio dedutivo ¢ essencialmente tautolégico, ou soja, pormite concluir, de forma diferonto, a mosma coisa. Esse argumento pode sor vorificado no exemplo apresentado. Quando aceitamos que VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIO CAPITULO _AVAN: todo homem ¢ mortal, colocar 0 caso particular de Pedro nada adiciona, pois essa caracteristica ja foi adicionada na premissa maior. “Outta obje¢do ao método dedutivo refere-se ao carder aprioristico de seu raciocinio." (GIL, 2008, p. 10). De fato, partir de uma afirmacao geral significa supor um conhecimento prévio. Como é que podemos afirmar que todo homem 6 mortal? Esse conhecimento nao pode derivar da observacao repetida de casos particulares. pois isso seria indugdo. A afirmapaio de que todo homem é mortal foi previamente adotada e no pode ser colocada em divida, Por isso, os criticos do método dedutivo argumentam que esse raciocinio se assemelha ao adotado pelos tedlogos, que partem de posicdes dogmaticas 2.4.1.2 Método indutivo E um método responsavel pela goneralizagdo, isto 6, partimos de algo particular para uma quastéo mais ampla, mais goral, Para Lakatos @ Marconi (2007, p. 86), Indugao @ um processo mental por intermedio do qual, partinda de dados parliculares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, ndo contida nas partes examinadas. Portanto, 0 abjetive dos argumentos indutivos 6 levar a conclusbes cujo contetide é muito meis amplo do que o das premissas nas quais se basearam. Essa generalizacao nao ocorre mediante escolhas a priori das respostas visto que essas devem ser repetidas, geralmente com base na experimentacao. Isso significa que a inducao parte de um fenémeno para chegar a uma lei geral por meio da observagao & de experimentapao, visando a investigar a relagao exisiente entre dois fendmenos para se generalizar. Temos, entao, que “o método indutivo procede nversemente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalizacéio como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares.” (GIL, 2008, p. 10). No raciocinio indutivo, a generalizacaéo deriva de observacées de casos da realidade concreta. As conslatagdes particulares levam a elaboragéo de generalizagdes. Entre as criticas ao método indutvo, a mais contundente é aquela que questiona a passagem (generalizacdo) do que ¢ constatado em alguns casos (particular) para todos os casos semelhantes (geral), VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVANGAR Nesse método, partimos da observacao de fatos au fenémenos cujas causas desejamos conhecer. A seguir, procuramos compara-los com a finalidade de descobrir as relagées existentes entre eles. Por fim, procedemos & generalzacao, com base na relagao verificada entre os fatos ou fendmenos. Consideremos, por exemplo: Antnio mortal. Joo € mortal Paulo € mortal Carlos é mortal, Ora, Antinio, J040, Paulo... 2 Carlos so homens. Logo, (todos) os homens so mortais. As conclusées obtidas por meio da indugao correspondem a uma verdade nao contida nas premissas consideradas, [1 diferentemente do que corre com 2 dedugso. Assim, se por meio da deducao chega-se a conclusdes verdadeiras. jd que baseadas em premissas igualmente verdadeiras, por meio da indugdo chega-se @ conclusdes que sdo apenas provaveis. (GIL, 2008, p. 11), O raciocinio indutivo influenciou significativamente 0 pensamento cientifico. Desde 0 aparecimento no Novum organum, de Francis Bacon (1561 1626), 0 métado indutivo passou a ser vista como o método por exceléncia das ciéncias naturais. Com 0 advento do positivismo, sua importéncia foi reforgada e passou a ser proposto também como o método mais adequado para investigacao nas ciéncias socials. (GIL, 2008, p. 11) Ne: sentido, conforme Gil (2008), nao ha como deixar de reconhecer e destacar 2 importancia do método indutivo na consttui¢ao das ciéncias sociais. Surgiu @ serviu para que os estudiosos da sociedade abandonassem a postura especulativa @ se inclinassem a adotar a observago como procedimento indispensavel para atingir © conhecimento cientifico. Devido & sua influéncia 6 que foram definidas técnicas de coleta de dados ¢ elaborados instrumentos capazes de mensurar os fenémenos sociais. VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVANCAR Tanto 0 métode indutivo quanto « dedutivo concordam com o fato de que « fim da investigacao 6 a formulagao de leis para descrever, explicar e prever a realidade; as discordancias estio na origem do proceso ¢ na forma de proceder. Enquanto os adeptos do método indutivo (emprristas) partem da observagao para depois formular a8 hipdteses, os praticantes do métedo dedutivo t8m como inicial o problema (ou @ lacuna) ¢ as hipdteses que serao testades pela observacdo e pela experiéncia, Argumentos dedutivos e indutivos: dois exemplos servem para ilustrar a diferenga entre argumentos dedutivos e indutivas (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 91) Dedutivo: Todo mamifero tem um coragao, Ora, toaas 05 caes sa0 mamiteres. Logo, todos os céies tém um coragéic. Indutivo: Todos as caas que foram observados tinnam um coragae. Logo, todos os ces tem um coragao. Quairo 3 — Argumentos dedutivos ¢ indutivos be sd be Used |. Se todas as premissas sao verdadeires, a |. Se todas as premissas s80 verdadeiras, a conclusdo deve ser verdadeira. concluséo € provavelmente verdadeira, mas nao necessariamente verdadeira. Il, Tada @ informagao ou 0 cantetido fatual da Il. A canclusao encerra informacao que nao conclusao [4 estava, pelo menos imolictamente, _estava, nem implicitamerte, nas premissas nas premissas. Fonte: adaplado de Lakatos © Marconi (2007, p. $2) Lakatos ¢ Marconi (2007) comentam a respeito dessas duas caracteristicas (Quadro 3): a) Caracteristica |. No argumento dedutivo, para que a conclusao “todos os c&es 16m um coragao” fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam de ser falsas: ou nem todos os cdes séio mamiferosou nem todos os mamiferostém um coracao. Por outro lade, no argumento indutivo, é possivel que a premissa seje todlologii Material com direitos autorais AR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVAN! verdadeira e a conclusao, falsa: 0 fato de nao ter, até 0 presente, encontrado umn cao sem coragao nao ¢ garantia de que todos os cdes tenham um coracao. b) Caracteristica Il. Quando a conclusao do argumento dedutive afirma que todos é a tinha ; portanto, como todo argumento dedutivo, reformula ou enuncia, de modo explicito, a informagao ja contida nas premissas. Dessa forma, se a conclusao, a rigor, nao diz mais que as premissas, ela tem de ser verdadeira, se as premissas 0 forem. Por sua vez, no argumento indulivo, @ premissa refere-se apenas aas ces ja observados, ao passo que a conclusao diz respeito a ces ainda nao observadas; portant, a conclusio enuncia algo nao contido na premissa. £ por esse motive que a conclusao pode ser falsa — pois pode ser falso 0 contetido adicional que encerra —, mesmo que a premissa seja verdadeira 0s ces tm um coragao, esta dizendo alguma coisa que, na verdade, sido dita nas premi Conforme Lakatos e Marconi (2007, p. 92), esses dois tipos de argumentos 6m finalidades distintas — “o dedutivo tem a propésito de explicar 0 conteudo das 9 indutivo tem o objetivo de ampliar o alcance dos canhecimentos. Analisando isso sob outro enfoque, podemos dizer que os argumentos dedutivos OU esto corretos ou incorretos, ou as premissas sustentam, de modo completo, a conclusdo ou, quando a forma ¢ logicamente incorreta, nao a sustentam de forma alguma; portanto, ndo ha graduacdes intermediarias premi Contrariamente, 0s argumentos indutivos admitem diferentes graus de forga, dependendo da capacidade das premissas de sustentarem 2 conclusdo. Resumindo, os argumentos indutivos aumentam 0 contetido das premissas, com sacrificio da preciso, ao passo que os argumentos dedutivos sacdticam a ampliagao do contetdo, para atingira “certeza” (LAKATOS; MARCON|, 2007, p. 92). Os exempios inicialmente citados mostram racteristicas e a diferenca entre 08 argumentos dedutivos ¢ indutivos, mas n&o expressam sua real importancia para a ciéncia, Dais exemplas ilustram sua aplicagao significativa pera o conhecimento cientifico. 2.4.1.3 Método hipotético-dedutivo O método hipotético-cedutivo foi definido por Karl Popper a partir de criticas A inducdo, expressas em A logica da investigacao cientifica, obra publicada pela primeira vez em 1935 (GIL, 2008) VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIO CAPITULO _AVAN: A indugao, conforme Popper, nao se justifica, “pois 0 salto indutivo de ‘alguns’ para ‘todos’ exigina que a observacao de fatos isolados atingisse o infinito, 0 que nunca poderia ocorrer, por maior que fosse a quantidade de fatos observados.” (GIL, 2008, p. 12) Como ja dito, 0 método hipotético-dedutivo foi proposto por Kari Popper & consiste na adocao da seguinte linha de raciocinio [... quando os connecimentos disponiveis sobre determinadoassunto sao insu cientes para a explicagao de um fendmeno, surge o problema. Para tentar explicar as dlficuldades expressas no problema, so formuladas conjecturas ou hipdteses. Das hipdteses fomuladas, deduzem-se consequéncias que deverdo ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequéncias deduzidas das hipéteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipdtese, nométodo hipotético-dedutivo, 20 contraria, procuram-se evidéncias empiricas para derrubé-la. (GIL, 2008, p. 12) © método hipotético-dedutivo inicia-se com um problema ou uma lacuna no conhecimente cientifico, passando pela formulagdo de hipdteses @ por um processo de inferéncia dedutiva, o qual testa a predi¢do da ocorréncia de fenémenos abrangidos pela referida hipst Podemos apresentar 0 método hipoiético-dedutivo a partir do seguinte esquema (GIL, 2008, p. 12): Problema —> Conjecturas —> Dedugdo de consequéncias observadas —> Tentativa de falseamento — Corroboragao A pesquisa cientifica, com abordagem hipotético-dedutiva, inicia-se com a formulagao de um problema e com sua descripao clara @ precisa, a fim de facilitar a abtencao de um modelo simplificado e a identificagdo de outros conhecimentos e nstrumentos, relevantes ao problema, que auxiliarao a pesquisador em seu trabalho. Apés esse estudo preparatério, 0 pesquisador passa para a fase de observacdo Na verdade, essa 6 a fase de teste do modelo simplificado. E uma fase meticulosa em que 6 observado determinado aspecto do universo, objeto da pesquisa. A fase seguinte 6 a formulagao de hipoteses, ou descricdes-tentativa, consistentes com © que foi observado. Essas hipoteses so utilizadas para fazer prognésticos, os SUMAFIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVANCA quais seréo comprovados ou nao por meio de testes, experimentos ou observagées mais detalhadas. Em fung&o dos resultados desses testes, as hipot '§ podem ser modificadas, dando inicio a um novo ciclo, até que nao haja discrepancias entre @ teoria (ou 0 modelo) ¢ os experimentos e/ou as observagées. Ante 0 exposto, as etapas do método hipotético-dedutive, como compreendido na atualidade, podem ser visualizadas na Figura 1 Figura 1 - Etepas do método hipotético-dedutivo, Conhecimento existente Problema ou lacuna no conhecimento: fatos; descoberta do probleme: formulag&o do problema, Modelo teérico suposigées plausiveis; hipdteses orincipais (centrais) @ auxilares (decorrentes), Dedugao das conseqi busca de suportes racianals e empiricos — consequéncias, predigdes e retrodigdes. Teste das hipétes Planejamento; realizacao das operacées: caleta de dacos, tratamento e andlise dos dados; interpretagao. Cotejamento ou avaliacéo resultados com as previsdes com base no modelo te6rico. Refutagao (rejeigao) Corroboragao (nao rejeigao) e1ros na teoris ou ‘oxtensda9; nove teoria elou nos procecimentos, | nova lacuna ou novo problema. Fonte: adaplads de Lakatos © Marconi (2007, p. $6) De acordo com Popper, toda investigagdo tem origam num problema, cuja solucdo envolve conjecturas, hipéteses, teorias ¢ eliminagdo de erros; por isso, Lakatos @ Marconi (2007) afirmam que método de Popper 4 0 método de eliminacao de erras odologia do Trabal Material autorais AR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVAN! Oproblema surge de lacunasou conflitoemfungao do quadro tedrico existente A soluco proposta é uma conjectura (nova ideia e/ou nova teoria) deduzida a partir das proposigées (hipéteses ou premissas) sujeitas a testes. Os testes de falseamento sao tentativas de refutar as hipdteses pela observacao e/ou experimentagaio. Além das criticas inerentes ao mé anta-se aquela que questiana o fato de as hipdteses jamais s verdaceiras; quando corroboradas, s4o apenas solucées provisérias. do dedutivo, ao hipotético-dedutive acres prem cansideradas O método hipotético-dedutivo desfruta de notavel aceitagao, em especial no campo das ciéncia naturais. Nos circulas neopositvistas, chega mesmo a ser considerado como 0 Unico método rigorosamente ldgico. Nas ciéncias sociais, no entanto, a ullizacdo desse método mostra-se bastante critica, pois nem sempre podem ser deduzidas consequéncias observadas das hipéteses. (GIL, 2008, p. 13). 2.4,1.4 Método dialético O conceito de dialética é bastante antigo. Plato 0 utllizou no sentido de arte do dialogo. Na Antiguidade e na Idade Média, 0 termo era utilzado para significar simplesmente légica. O método dialético, que atingiu seu auge com Hegel (GIL, 2008). depois reformulado por Marx, busca interpretar a realiciade partindo do pressuposto de que todos os fenémenos apresentam caracteristicas contraditérias organicamente unidas ¢ indissolaveis. Na dialética proposta por Hegel, as coniradicdes transcendem-se, dando origem a novas contradigdes que passama requerer solucdo. Empregado em pesquisa gualitativa, é um método de interpretacao dinaémica e totalizante da realidade, pois considera que os fatos nao podem ser relevados fora de um contexto social, politico econdmico etc. Lakatos © Marconi (2007) apontam as leis da dialética. A Agéo Reciproca informa que o mundo n&o pode ser entendido como um conjunto de “coisas”, mas como um conjunto de processos, em que as coisas estéo em constante mudanga, sempre em vias de se transformar: “[...] 0 fim de um processa é sempre 0 comego de outro.” (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 101). As coisas ¢ os acontecimentos existem como um todo, ligados entre si, dependentes uns dos outros. AR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO Al Na Mudanga Dialética, a transfarmacao ocorre por meio de contradigdes. Em determinado momento, ha mudanga qualitativa, pois as mudancas das coisas nao podem ser sempre quantitativas. Por outro lado, como tudo esta em movimento, tudo tem “duas faces" (quantitativa e qualitativa, positiva e negativa, velha e nova), uma se lransformanda na outra; a luta desses contraditérios € 0 contetida do processo de desenvolvimento. Em sintese, 0 método dialético parte da premissa de que, na natureza, tudo se relaciona, transforma-se e ha sempre uma contradi¢ao inerente a cada fendmeno. Nesse tipo de método, para conhecer determinado fendmeno au objeto, 0 pesquisador precisa estudé-lo em todos os seus aspectos, suas relacdes e conexbes, semtratarocanhecimento como algo rigid, ja que tudo no mundo esta sempre em constante mudanca De acordo com Gil (2008, p. 14), | a dialética fomece as bases para uma interpretacdo dinamica totalizante da realidade, uma vez que estabelece que os latos sociais nao podem ser entendidos quando considerados isolacamente, abstraidos de suas iniluéncias politicas, econdmicas, cullurais etc. Assim, como a dialética privilegia as mudangas qualitativas, opée-se naturalmente a qualquer modo de pensar em que a ordem quantitativa se tore norma. Desse mado, as pesquisas fundamentadas no método dialético distinguem-se claramente das pesquisas desenvalvidas segundo a visdo positivista, que enfatiza os procedimentos quantitativos. 2.4.1.5 Método fenomenolégico O método fenomenologico, tal como foi apresentado por Edmund Husser! (1859-1938), propde-se a estabelecer uma base segura, liberta de proposigées, para todas as ciéncias (GIL, 2008). Para Husseri, as certezas positivas que permeian o discurso das ciéncias empiricas so “ing3nuas”. “A suprema fonte de todas as afirmacées racionais € a ‘consciéncia doadora originaria’." (GIL, 2008, p. 14). Dai @ primeira e fundamental regra do método fenomenoldgico: *avangar para as proprias coisas.” Por coisa entendemos simplesmente 0 dado, 0 fendmeno, aquilo que ¢ visto diante da consciéncia. Afenomenologia nao se preocupa, pois, com algo desconhecicio que se encontre atrés do fendmeno; s6 visa 0 dado, sem querer decidir se esse dado & uma realidade ou uma aparéncia. VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIO CAPITULO _AVAN: O método fenomenolagica no é dedutivo nem empirico. Consiste em mostrar 0 que @ dado e em esclarecer esse dado. "Nao explica mediante leis nem deduz a partir de principios, mas considera imediatamente o que esta presente a consciéncia © objeto.” (GIL, 2008, p. 14). Consequentemente, tem uma tendéncia orientada totalmente para 0 objeto, Ou seja, o metodo fenomenolégico limita-se aos aspectos essenciais ¢ intrinsecos do fendmeno, sem lancar mao de dedugdes ou empirismos, puscando compreendé-lo por meio da intuigao, visando apenas o dado, o fendmeno, nao importando sua natureza real ou ficticia. 2.4.2 Métodos de procedimentos - meios tecnicos da investigagao Diferentes dos mélodos de abordagem, os mélodos de procedimentos (considerados as vezes também em relagao as técnicas) $20 menos abstratos elapas da investigagao. Assim, os métodos de procedimento, também chamados de especificos ou discretos, esto relacionados com os procedimentos técnicos a serem seguidos pelo pesquisador dentro de determinada area de conhecimento. O(s) método(s) escolhido(s) determinara(4o) as procedimentos a serem utilizadas, tanto na coleta de dados e informagoes quanto na analise. “Esses métodos tm por objetivo proporcionar ao investigador os meios técnicas, para garantir a objetividade e a precisdo no estudo dos fatos sociais.’ (GIL, 2008, p. 15). Mais especificamente, visam a fomecer a orientagdo necessaria a realizagao da pesquisa social, em especial no que diz respeito a obtencao, ac processamento e a validagéo dos dados pertinentes a problematica objeto da nvestigacao realizada. Podem ser identificados varias métadas dessa nalureza nas ciéncias sociais, Nem sempre um método é adotado rigorosa ou exclusivamente numa investigacao. Com frequéncia, dois ou mais métados s 0 combinados. Isso porque nem sempre um Unico métado 6 suficiente para orientar todos os procedimentos a serem desenvolvidos ao longo da investigacao. Os métodos especificos mais adotados nas ciéncias sociais s40: 0 histérico, 0 experimental, 0 observacional, 0 comparativo, 0 estatistico, 0 clinico e 6 monogratico 2.4.2.1 Método histérico No métadio histérico, 0 foco esta na investigacéo de acontecimentos ou instituiges do passado, para verificar sua influéncia na sociedade de hoje; considera AR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO Al que é fundamental estudar suas raizes visando & compreensda de sua natureza fungao, pois, conforme Lakatos e Marconi (2007, p. 107), “as instituiges alcangaram sua forma atual através de alteragées de suas partes componentes, ao longo do tempo, nfluenciadas pelo contexto cultural particular de cada época." Seu estudo, visando a uma melhor compreensdo do papel que atualmente desempenham na sociedade deve remontar aos periodos de sua formacao e de suas modificagdes. Esse método é tipico dos estudes qualitativos 2.4.2.2 Método experimental O método experimental con Imente, em submeter os objetos de estudo a influéncia de certas variéveis, em condigdes controladas ¢ conhecidas pelo nvestigador, para observar os resultados que a varidvel produz no objeto (GIL, 2008) Naa seria exagero considerar que parte significativa dos conhecimentas obtidos nos ullimos trés séculos se deve ao emprego do método experimental, que pode ser considerado como 0 método por excelénc iste, esp ia das ciéncias naturais. No ontanto, assinalamos que as limitagées da experimentagao no campo das ciénciss sociais fazem com que esse método sé possa seraplicado em pousos casos visto que situagées éticas o técnicas impedem sua utilizagao. 2.4.2.3 Método observacional © método observacional é um dos mais utiizados nas ciéncias socials © apresenta alguns aspectos interessantes. “Por um lado, pode ser consicerado como o mais primilivo e, consequentemente, a mais impreciso. Mas, por outro lado, pade ser lido como um dos mais modemos, visto ser o que possibilita o mais elevado grau de prec ao nas ciéncias sociais.” (GIL, 2008, p. 16) Destacamos que © método observacional difere do experimental em apenas alguns aspectos na relagao entre eles: “nos experimentes, o cientista toma providéncias para que alguma coisa ovorra, a fim de observar o que se segue, a0 passo que, no estudo porobservagao, apenas observa algo que acontece ou ja aconteceu.” (GIL, 2008, p. 16) Podemos ressaltar, ainda, que existem investigacées em ciéncias sociais que se utilizam exclusivamente do método observacional. Outras 0 utilizam em conjunto com outros métedos. E podemos afirmar que qualquer investigacéo em ciéncias sociais deve se valer, em mais de um momento, de procedimentos observacionais. AR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO AVAN! 2.4.2.4 Método comparativo © método comparative ocupa-se da explicagao dos fendmenos € permite analisar 0 dado concreto, deduzindo desse “os elementos con: gerais.” (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 107). lantes, abstratos © Gil (2008) comenta que 0 método comparativo procede pela invesiigagao de individuos, clas altar as diferengas ¢ as similaridades entre eles. “Sua ampla vtilizagao nas ciéncias sociais deve-se ao fato de possibilitar 0 estudo comparativo de grandes grupamentos sociais, separados pelo espaco e pelo tempo." (GIL, 2008, p. 16-17) an fenémenos ou fatos, com vist Centrado em estudar semelhangas e diferengas, esse método realiza comparagies com 0 objetivo de verificar semelhangas e explicar divergéncias. O método comparativo, ao ocupar-se das explicacées de fendmenos, permite analisar 0 dado conereto, deduzindo elementos constantes, abstratos ou gerais nele presente: Algumas vezes, 0 mélodo comparativo é visto como mais superficial em em que seus procedimentos desenvolvides mediante rigoroso controle @ seus resultados proporcionam elevado grau de generalizagao. rela (0 a outros. No entanto, existem situagdes sao 2.4.2.5 Método estatistico O papel do métodb estatistico ¢, essencialmente, possibilitar uma descrigao quentitativa da sociedade, considerada como um todo organizado. Conforme Gil (2008, p. 17), “este método se fundamenta na aplicagéio da teoria estatistica da probabilidade e constitui importante auxilio para a investigagao em ciéncias so mediante a utiizagéodo método estatistico nao devem ser consideradas absolutamente verdadeiras, mas portadoras de boa probabilidade de serem verdadeiras. Devemos considerar, no entanto, que as explicagdes obtidas Com base na utilizagao de testes estatisticos, possibilita-se determinar, em termos numéricos, a probabilidade do acerto de determinada concluséo, bem como a margem de erro de um valor obtido (GIL, 2008). Assim, *o métedo estatistico passa a se caracterizar por razoavel grau de preciso, 0 que o torna bastante aceilo por parte dos pesquisadores com preocupscdes de ordem quantitativa.” (GIL, 2008, p. 17). Ne conclusées obtidas, sobrotudo, mediante a experimentagao ¢ a obsorvagao. se sentido, os procedimentos estatisticos fornecem consideravel reforgo as VOLTAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIO CAPITULO _AVAN: 2.4.2.6 Método clinico © método clinico baseie-se numa relagaéo profunda entre pesquisador e pesquisado. “é utlizado, principalmente, na pesquisa psicolégica, cujos pesquisadores so individuos que procuram o psicdlogo ou o psiquiatra para obler ajuda.” (GIL 2008, p. 17) O método clinico tornou-se um dos mais importantes na investigagao psicologica, em especial depois dos trabalhos de Freud (GIL, 2008). Sua contribuigao & Psicologia tem sido muito significativa, particularmente no que se refere ao estude dos determinantes inconscientes do comportamento. No entanto, enfatizamos que 0 pesquisador que adota 0 método clinico deve se precaver de muitos cuidados ao propor generalizagoes, visto que esse metodo 08 individuais e envolve experiéncias subjetivas e apoiaemc 2.4.2.7 Método monografico © metodo monogratico tem como principio de que o estude de um caso em prafundidade pade ser considerado representativa de muitos outros ou mesmo de todos os casos semelhantes (GIL, 2008). Esses casos podem ser individuos, nstituicdes, grupos, comunidade etc. Nessa situacao, 0 processo de pesquisa visa a examinar 0 tema selecionado de modo a observar todos os fatores que o influenciam analisando-o em todos os seus aspectos Embora reconhecendo a importancia de o pesauisador seguir um método como referéncia, entendemos que o ideal 6 empregar métados e nao un método: visendo a ampliar as possibilidades de andlise, considerando que néo hd apenas uma forma capaz de abarcar toda complexidade das investigagdes. 2.5 QUADROS TEORICOS DE REFERENCIA As teorias so muito importantes no processo de investigagao em ciéncias sociais. Elas proporcionam a adequada definigéo de conceitos, bem como © estabelecimento de sistemas conceituais; indicam ‘acunas no conhecimentojausiliam naconstrugao de hipoteses; explicam, generalizam © sintolizam os conhecimentos ¢ sugerem a metodologia aproprieda para a investigagao, (TRUJILLO FERRARI, 1982, p, 119 apud GIL, 2008, p.18) STAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA) SUMARIO CAPITULO AVANCAR Conforme Gil (2008), significativa parte das teorias desenvolvidas no Ambito das ciéncias sociais pode ser chamada de “teorias de médio alcance”, ja que desempenham papel limitado no campo da investigacao cientifica. Qutras, no entanto, encontram-se elaboradas de tal forma que ambicionam se constituir como “quadros de referéncia’, subordinando outras teorias e sugerindo normas de procedimento cientifico. Alguns desses “quadros de referéncia” ou “grandes teorias” chegam mesmo a ser designados como métodos. E 0 caso do funcionalismo, do estruturalismo, da “compreensao”, do materialismo histérico ¢ da etnometodologia. Vejamos 0 Quadro 4 Quadro 4 — Caracteristicas dos métodos com base no quadro de referéncia adotado oreo) Pc tay (paradigmas) Pera Cy Bernt Descrigo sumaria Enfase nas relagdes € no ajustamento entre os Componentes de uma culture ou Sociedade, As formagées soviais so determinadas peias necessicades biologicas Durkheim ® psiquicas. O pressuposto é de que toda perte (do todo} desempenha uma fungao. Funcionalismo Aanalise tem como ‘oco as relagées entre os diversos, elementos de um sistema. Considera que cada elemento Estuturalismo —_exisie em relagao aos demais e em relagao ao todo. A Lévi-Strauss explcagéo ¢a roalidade 6 dada a partir da nogao do estrutura. Entese no papel do sujelio da agao e reconnece a Hans-Georg arcialidade da vise do observador. Ao propor modelos | Gadamer Hemenéutica © vend sa'vatewow's tera toe te (Compreensao) ee . 3 interpretagao dos significados das coisas. Heidegger Max Weber Materialisme Com fundamento no método dialétice, considera que a Histérico ordem social tem por base aproducéo eo intercambio de Marx e Engel produtos. Com base nos prossupostos da fonomenolagia, os objotes 2 Suas relagdes S20 estudados ao longo do tempo com a Etnometodologia 0 envolmento € a incluso do odservador no processo. Barcel Pressupde 0 contato direto com 0 dado, as pessoas, 0 fendmeno etc. Fonte: adaptado de Gl (2008, p. 18-24) Metodoloai: Material com direitos autorais Finesse) te PESOUISA CIENTIFICA 3.1 © QUE PESQUISA?. 3.2 ASPECTOS ETICOS DA PESQUISA CIENTIFICA ...45 3.3 CARACTERISTICAS DA PESQUISA CIENTIFICA..48 34 _ CLASSIFICAGAO DAS PESQUISAS... 352 — Aituded do‘panquiside BaG Paves dapecmuica, 7” Material com direitos autorais é TAR SUMARIO PRINCIPAL (CAPA ) SUMARIOCAPITULO _AVA\ vo PESQUISA CIENTIFICA 3.1 OQUEE PESQUISA? Nos cursos, em todos os niveis, exigimos, da parte do estudante, algume atividade de pesquisa. Esta, efetivamente, tem sido quase sempre mal compreendida quento a sua natureza e a finalidade por parte de alguns alunos e professores. Muito do que chamamos de pesquisa ndo passa de simples complagao ou cépia de algumas informagdes desordenadas ou opinides varias sobre determinado assunto e, 0 que é pior, nao referenciadas devidamente. Para Demo (2000, p. 20), "Pesquisa 6 entendida tanto como procedimento de fabricagao do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (principio cientifico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento,” Alinalidade da pesquisa ¢ “resolver problemase solucionar diividas, mediante aulilizagao de procedimentos cientificos" (BARROS; LEHFELD, 2000a, p. 14) ea partir de interragacies formuladas em relagao a pontos au fatos que permanecem obscuros @ necessitam de explicagdes plausivais e respostas que venham a elucida-las. Para isso, ha varias tipos de pesquisas que proporcionam a coleta de dados sobre 0 que desejamos investigar. Aigumas raz6es para eleger uma pesquisa especifica sao evidenciadas na determinagao do pesquisador em realizé-la, entre as quais, as intelectuais, baseadas na vonlade de ampliar 0 saber sobre 0 assunto escolhido, “atendendo ao deseja quase que genérico do ser humano de conhecer-se a si mesmo e a realidade circundante. (NASCIMENTO, 2002, p. 55). Nessa jornada, L-] chege-se a um conhecimento novo ou totalmente novo, isto é, [J [ele] pode aprender algo que ignorava anteriormente, porém ja conhecido por outro, ou chegar a dados desconhecidos por todos. Pela pesquisa, chega-se a uma maior precisao tedrica sobre os fendmenos ou problemas da realidade. (BARROS: LEHFELD, 2000b, p. 68). jalho Cientifico 42 fetodolosi Material com direitos autorais AR SUMARIO PRINCIPAL ( CAPA ) SUMARIOCAPITULO Al Apesauisa cientifica é a realizacdo de um estudo planejado, sendo o método de abordagem do problema 0 que caracteriza 0 aspecto cientifico da investigacao Sua finalidade é descobrir respostas para questes mediante a aplicagao do método cientifico. A pesquisa sempre parte de um problema, de uma interrogagao, uma situag8o para a qual 0 repertério de conhecimento disoonivel néo gera resposta adequada. Para solucionar esse problema, sao levantadas hipdteses que o0dem ser confirmadas ou refutadas pela pesquisa. Portanto, toda pesquisa s teoria que serve como ponto de partida para a investigagao. No entanto, lembre-se de que essa é uma avenida de mao dupla: a pesquisa pode, algumas vezes, gerar nsumos parao surgimento de novas teorias, que, para serem validas, devem se apoiar em fatos abservados e provacos. Além disso, até mesmo a investigacao surgida da nec s pode levar A descoberta de principios basicos. base! em uma dade de resolver problemas pratic Os critérios para a classificacdo das tipos de pesquisa variam de acardo com, © enfoque dado, 0s interesses, os campos, as metodologias, a acbes e os objetos de estudo © que ¢ pesquisa? Essa pergunta pode ser respondida de muitas formas. Pesquisar significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagagoes proposias. Podemos dizer que, basicamente, pesquisar é buscar conhecimento, Nos pesquisamos a todo momento, em nosso cotidiano, mas, certarmente, ndo 0 fazemos sempre de modo cientifico. Assim, pesquisar, num sentido amplo, 6 procurer uma informa: que nao sabemos e que precisamos saber. Consultar livros ¢ revistas, verificar documentos, conversar com pessoas, fazendo perguntes para obter respostas, sao formas de pesquisa, considerada como sindnimo de busca, de investigagéo e indagagao. Esse sentida amplo de pesquisa se ope ao conceito de pesquisa como tratamento de nvestigacao cientifica que tem por objetivo comprovar uma hipdtese levantada, através do uso de processes cientificos Minayo (2011, p. 17), vendo por um prisma mais filosdlico, considera a pesquisa como L...] atividade basica da Ciéncia na sua indagacao e construcao da realidade. Ea pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente a realidade do mundo. Portanto, embora seja uma pratica tebrica a pesquisa vincula pensamento © acdo

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