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Carga e Descarga de capacitores

Gabriel Fernandes Vieira, João Pedro Vieira, Laura Devides Marques e Maria
Eduarda Arruda
Grupo 6
Instituto de Física – Universidade Federal de Uberlândia
Av. João Naves de Ávila, 2121 – Santa Mônica – 38400-902
Uberlândia – MG - Brasil
e-mail: laura.devides@ufu.br
Resumo: No presente experimento, estudou-se os capacitores e seu processo de
carga e descarga. Onde que, para a realização do mesmo utilizou-se um osciloscópio
que permite diferenciar a diferença de potencial ligada a uma fonte de tensão elétrica
com o objetivo de gerar diferentes funções (utilizou-se ondas quadradas), onde
realizou-se diferentes medições de tensão para diferentes tempos, que variam a partir
da distância entre os dois cursores selecionados para percorrer a curva. Para
levantamento de discussão, obteve-se que a capacitância e seu tempo de relaxação para
o processo de carga foram 3. 10-8 F e 0,02 s, respectivamente. A capacitância para o
processo de descarga foi X e seu tempo de relaxação foi de 4 . 10-8 F e 0,03 s.
1. INTRODUÇÃO

O capacitor e um dispositivo capaz de armazenar energia elétrica sob a forma de


um campo eletroestático. Ao ligar um capacitor a uma fonte de energia o mesmo leva um
tempo para adquirir o mesmo potencial elétrico da fonte, esse tempo pode ser alterado se
adicionar em serie ao capacitor uma resistência elétrica, como ilustrada na Figura 1.

Figura 1: Circuito de Carga e Descarga para um capacitor.

Inicialmente o capacitor C esta descarregado e ao ligarmos o circuito no instante


t=0s passando a chave para a posição “a” veremos que a carga “q” no capacitor não se
estabelece instantaneamente, levando um tempo t para atingir o máximo valor V. O tempo
necessário para isso ocorrer e dado pela relação descrita na Equação:

Onde Vc e a tensão no capacitor, V a tensão máxima aplicada, t o tempo de carga,


R o valor da resistência elétrica e C a capacitância do capacitor.

Depois de totalmente carregado se passarmos a chave para a posição “b” o capacitor


ira dissipar toda a energia armazenada no resistor, porem essa energia será consumida em
um intervalo de tempo t. O tempo necessário para descarregar o capacitor é dada pela
Equação:

O produto entre os valores de RC e chamado de constante de tempo do circuito RC


ou também tempo de relaxação (τ). O tempo de relaxação para o processo de carga de um
capacitor é determinado por:
Ou seja, é quando o capacitor atinge 63% do valor da tensão máxima aplicada ao
mesmo, já para o processo de descarga τ e encontrado quando a tensão no capacitor cai
37% do seu máximo, obtido pela equação:

2. Procedimento Experimental

Configurou-se o gerador de funções com uma forma de onda quadrada que será
responsável por realizar o processo de carga e descarga do capacitor, como mostra a figura
6.2.

Ligou-se o osciloscópio na posição onde estão as garras do gerador de função,


assim como na figura 6.3b e mediu-se a força eletromotriz aplicada.
1ª Montagem: Carga do capacitor

Configurou-se o gerador de funções para uma onda quadrada de 50 Hz, para isso
pressionou-se a tecla Wave até aparecer o número 2 no lado esquerdo do display maior,
em seguida pressionou-se a tecla Ranger até aparecer o número 3 no lado direito do
display maior. Pressionou-se a tecla Run e ajustou-se a frequência para 50 Hz.

Após isso, ajustou-se a amplitude do sinal para 5 Vp e conectou-se o cabo BNC-


Jacaré no gerador de funções; ligou-se no circuito como ilustra a Figura 6.3b, e por fim,
ligou-se o osciloscópio no circuito para medir a tensão em cima do capacitor e para isso
conectou-se a ponta de prova do osciloscópio como ilustra a Figura 6.3c.

Para medir o sinal com o osciloscópio configurou-se o canal 1 para acoplamento


AC e a ponta de prova para X10, ajustou-se as escalas vertical e horizontal e posicionou
o sinal para uma visualização como ilustra a Figura 6.4.
A seguir pressionou-se a tecla Cursor no osciloscópio e um menu lateral, como
ilustra a Figura 6.5, pressione o botão ao lado da opção Type e com o botão Multipurpose
a opção Time.

Feito isso, pressionou-se o botão ao lado da opção Cursor 1, como na Figura 6.6,
com o botão Multipurpose levou-se a linha vertical até o ponto quando a amplitude do
sinal começa a aumentar.

Em seguida selecionou-se a opção Cursor 2 e levou-se essa linha horizontal até a


posição da linha Cursor 1.

Sendo assim, movimentou-se a linha Cursor 2 sob a curva, fez a leitura de tempo
e tensão que são indicadas no menu logo acima da opção Cursor 1. Movimentou-se a
linha do Cursor 2 para direita coletou-se vários pontos para carga do capacitor.
2ª Montagem: Descarga do capacitor

Repetiu-se todo o processo do parágrafo anterior, mas com o intervalo de descarga


do capacitor, quando a tensão começar a cair novamente. Anotou-se o tempo e a tensão
de descarga do capacitor.

3. Resultados e Discussões

3.1. Carga do Capacitor

Ao realizar a carga do capacitor, obteve-se os dados de tensão e seu respectivo


tempo que estão dispostos na tabela 1, além disso calculou-se a média e o desvio padrão,
assim foi possível plotar o Gráfico 1.

Tabela 1 – Dados da relação entre tempo e tensão para carga do capacitor e seus dados estatísticos

Tempo ± 0,1 𝑻𝑨 ± 0,01 𝑻𝑩 ± 0,01 𝑻𝑪 ± 0,01 ̅ ± 0,01


𝑻 Desvio
(ms) (V) (V) (V) (V) Padrão
0,1 0,40 0,32 0,48 0,40 0,08
0,3 1,76 1,68 1,60 1,68 0,08
0,5 2,88 2,96 2,80 2,88 0,08
0,7 4,01 3,92 3,84 3,92 0,08
0,8 4,40 4,32 4,48 4,40 0,08
1,0 5,20 5,28 5,36 5,28 0,08
1,2 6,00 6,08 6,03 6,04 0,04
1,4 6,72 6,64 6,80 6,72 0,08
1,6 7,20 7,28 7,36 7,28 0,08
1,8 7,84 7,76 7,68 7,76 0,08
2,0 8,24 8,16 8,20 8,20 0,04
2,2 8,56 8,64 8,48 8,56 0,08
2,4 8,80 8,88 9,04 8,91 0,12
2,7 9,44 9,36 9,28 9,36 0,08
3,0 9,68 9,84 9,60 9,71 0,12
3,5 10,10 10,20 10,30 10,20 0,10
4,0 10,50 10,60 10,70 10,60 0,10
4,5 10,90 10,80 11,00 10,90 0,10
5,0 11,00 11,10 10,90 11,00 0,10
6,0 11,30 11,20 11,50 11,33 0,15

Onde,
A primeira coluna indica o tempo com o erro associado ao cronômetro;
Ti ± δTi (V) é a tensão aplicada com o erro associado ao osciloscópio utilizado;
𝑡̅ (V) é a tensão média e o erro associado;
E a última coluna refere-se ao desvio padrão da média.

Tem-se que para calcular a capacitância utiliza-se a equação da carga de um capacitor (1),
entretanto é preciso aplicar ln para realizar a linearização e transformá-la em uma equação com
caráter linear (y = b + ax), desse modo é possível obter o valor de capacitância através dos
coeficientes da reta. Logo, temos:

𝑉(𝑡) = 𝑉𝑜 (1 − 𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 ) (1)

Onde,

V = potencial
Vo = potencial inicial

t = tempo

R = resistência

C = capacitância

Aplicando o ln tem-se a equação 2:

𝑉𝑜−𝑉 1𝑡
ln (𝑉𝑜
) = − 𝑅𝐶 (2)

Onde,

𝑉𝑜−𝑉
Y = ln ( )
𝑉𝑜

b=0

1
a = − 𝑅𝐶

x=t

𝑉𝑜−𝑉
Com a Equação 2, torna-se possível calcular o erro associado ao ln ( ), visto na equação 3.
𝑉𝑜

2 2
𝑉𝑜−𝑉
𝜎 ln ( )= √( 𝜕 𝑙𝑛 (𝑉𝑜−𝑉)) ∙ (𝜎𝑉)2 + ( 𝜕
𝑙𝑛 (
𝑉𝑜−𝑉
)) ∙ (𝜎𝑉𝑜)2 (3)
𝑉𝑜 𝜕𝑉 𝑉𝑜 𝜕𝑉𝑜 𝑉𝑜

𝑉𝑜−𝑉
Portanto, sabendo que Vo = 11,9 V é possível ter uma tabela de ln ( ) e seu respectivo erro,
𝑉𝑜

esboçar um gráfico linear com os dados e traçar uma reta que melhor represente esse conjunto de
pontos.

Tabela 2 - Linearização da Tensão e sua respectiva propagação de incerteza

𝑽𝒐−𝑽 𝑽𝒐−𝑽
Ln ( 𝑽𝒐
) 𝝈 Ln ( 𝑽𝒐 )
-0,034 0,004
-0,15 0,10
-0,28 0,10
-0,40 0,20
-0,46 0,10
-0,59 0,30
-0,71 0,30
-0,83 0,10
-0,95 0,10
-1,06 0,20
-1,17 0,20
-1,27 0,10
-1,38 0,30
-1,54 0,20
-1,69 0,20
-1,95 0,10
-2,21 0,20
-2,48 0,20
-2,58 0,10
-3,04 0,30

Realizando o ajuste linear no gráfico obteve-se a equação da reta y = -0,5203x - 0,0754. Como
1
visto na equação (2) a = − , diante disso, sabendo que o resistor que foi utilizado no experimento
𝑅𝐶

é 4,7 kΩ com 5% de tolerância, é possível utilizar o valor do coeficiente angular obtido no gráfico
para calcular o valor da capacitância.
1
𝑎=−
𝑅𝐶
1
𝐶= −
𝑎𝑅
1
𝐶= −
(5,2 ± 0,1) ∙ 10 ∙ (4,7 ± 0,1) ∙ 103
2

1
𝐶=−
24 ∙ 105
𝑪 = (𝟒 ± 𝟎, 𝟏) ∙ 𝟏𝟎−𝟖 𝑭
Utilizando o valor da capacitância é possível utilizar a equação 4 para obter a constante de
tempo específica (Z).
𝑍 =𝑅∙𝐶 (4)
𝑍 = (4,7 ± 0,1) ∙ 103 ∙ (4 ± 0,1) ∙ 10−8
𝒁 = (𝟐 ± 𝟎, 𝟏) ∙ 𝟏𝟎−𝟐 s
Ou seja, levou 0,02 segundos para o instrumento alcançar 63,2% de resposta estabilizada
correspondente ao estímulo função degrau.

3.2 Descarga do capacitor


Na segunda parte do experimento realizou-se os mesmos passos, agora para o teste de
descarga, e obteve-se os dados abaixo.

Tabela 3 – Dados da relação entre tempo e tensão para descarga do capacitor e seus dados estatísticos

Tempo ± 0,1 𝑻𝑨 ± 0,01 𝑻𝑩 ± 0,01 𝑻𝑪 ± 0,01 ̅ ± 0,01


𝑻 Desvio
(ms) (V) (V) (V) (V) Padrão
0,1 11,66 11,58 11,50 10,58 0,08
0,3 10,30 10,22 10,38 10,30 0,08
0,5 9,02 9,10 9,18 9,10 0,08
0,7 8,14 8,06 7,98 8,06 0,08
0,8 7,58 7,42 7,50 7,50 0,08
1,0 6,70 6,54 6,78 6,67 0,12
1,2 5,98 5,90 6,06 5,98 0,08
1,4 5,34 5,26 5,18 5,26 0,08
1,6 4,62 4,78 4,70 4,70 0,08
1,8 4,06 4,14 4,22 4,14 0,08
2,0 3,74 3,58 3,66 3,66 0,08
2,2 3,34 3,18 3,26 3,26 0,08
2,4 3,02 2,94 2,94 2,97 0,05
2,7 2,46 2,54 2,62 2,54 0,08
3,0 2,22 2,14 2,06 2,14 0,08
3,5 1,60 1,70 1,80 1,70 0,10
4,0 1,40 1,30 1,50 1,40 0,10
4,5 1,00 1,20 1,10 1,10 0,10
5,0 0,80 1,00 0,90 0,90 0,10
6,0 0,80 0,70 0,60 0,70 0,10
Da mesma forma que visto anteriormente, é possível linearizar a equação 5, a fim de se obter
a equação da reta e calcular a capacitância da descarga do capacitor e também propagar sua
respectiva incerteza utilizando a equação 6.

𝑉 = 𝑉𝑜 𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 (5)

𝑉 1𝑡
𝐿𝑛 = −
𝑉𝑜 𝑅𝐶

Onde,

𝑉
y = 𝐿𝑛 𝑉𝑜

1
a=−
𝑅𝐶

x=t

b=0

2 2
𝑉 𝜕 𝑉 𝜕 𝑉
𝜎 ln (𝑉𝑜) = √(𝜕𝑉 𝑙𝑛 (𝑉𝑜)) ∙ (𝜎𝑉)2 + (𝜕𝑉𝑜 𝑙𝑛 (𝑉𝑜)) ∙ (𝜎𝑉𝑜)2 (6)

Dessa maneira, aplicando o Ln, também utilizando o potencial inicial de 11,9 V, obteve-se
a tabela 4 e suas respectivas incertezas.
Tabela 4 - Linearização da Tensão e sua respectiva propagação de incerteza para descarga

𝑽 𝑽
Ln (𝑽𝒐) 𝝈 Ln (𝑽𝒐)
-0,118 0,008
-0,144 0,008
-0,268 0,009
-0,390 0,007
-0,462 0,008
-0,579 0,009
-0,688 0,006
-0,816 0,009
-0,929 0,008
-1,056 0,009
-1,179 0,006
-1,295 0,009
-1,388 0,008
-1,544 0,005
-1,716 0,008
-1,946 0,009
-2,140 0,006
-2,381 0,009
-2,582 0,007
-2,833 0,004

Realizando o ajuste linear no gráfico obteve-se a equação da reta y = 0,0374x + 0,0123. Como
1
visto na equação (5) a = − 𝑅𝐶, logo, é possível utilizar o valor do coeficiente angular obtido no

gráfico para calcular o valor da capacitância para a descarga e também calcular o valor de Z.

1
𝑎=−
𝑅𝐶
1
𝐶= −
𝑎𝑅
1
𝐶= −
(3,7 ± 0,1) ∙ 10 ∙ (4,7 ± 0,1) ∙ 103
2

1
𝐶=−
17 ∙ 105
𝑪 = (𝟔 ± 𝟎, 𝟏) ∙ 𝟏𝟎−𝟖 𝑭
𝑍 =𝑅∙𝐶
𝑍 = (4,7 ± 0,1) ∙ 103 ∙ (6 ± 0,1) ∙ 10−8
𝒁 = (𝟑 ± 𝟎, 𝟏) ∙ 𝟏𝟎−𝟐 s
Portanto, levou 0,03 segundos para o instrumento alcançar 37,2% de resposta estabilizada
correspondente ao estímulo função degrau.
Analisando os dados infere-se que conforme a carga aumenta a tensão também aumenta, além
disso a capacitância para a descarga foi maior que a para realizar a carga do capacitor.

4. Conclusão
Através desse experimento foi possível estudar e analisar a relação da carga e descarga de um
capacitor, utilizando uma fonte e um osciloscópio. Percebeu-se que a medida que aumentamos
a carga, a tensão também aumenta, além disso variando o tempo, foi possível criar tabelas,
gráficos e linearizar as equações, a fim de se obter os valores de capacitância para carga e
descarga, sendo eles de 3 . 10 -8 F e 4 . 10 -8 F, respectivamente. Além disso, também calculou-se
os valores das constantes de tempo específicas, sendo elas de 0,02 e 0,03 s. Portanto, conclui-se
que o experimento foi realizado de forma satisfatória, embora os valores de capacitância não
tenham dado iguais, conforme o esperado, possivelmente devido a erros experimentais.

5. Referências Bibliograficas
ELMEN, G. W. Magnetic Alloys of Iron, Nickel, and Cobalt. Bell System Technical Journal
[S.I.], v. 15, n. 1, p. 23, 1936.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de física: eletromagnetismo. Livros Técnicos


e Científicos Editora Ltda., 2013.

TIPPLER, P. A.; MOSCA, G. Física: para cientistas e engenheiros. 6a. ed.: Livro Técnico
e Científicos Editora Ltda, 2013. (2).

CARUSO, F.; OGURI, V. A ETERNA BUSCA DO INDIVISÍVEL: DO ÁTOMO


FILOSÓFICO AOS QUARKS E LÉPTONS. QUÍMICA NOVA, v. 20, n. 3, 1997
INSTITUTO DE FÍSICA DE SÃO CARLOS. Introdução à Eletrostática. 1. ed. São Paulo,
2013. Disponível em: http://www.ifsc.usp.br/~strontium/Teaching/Material2010-
2%20FFI0106%20LabFisicaIII/01- IntroducaoEletrostatica.pdf. Acesso em: 25 Fevereiro 2016.

SERWAY, R. A.; JEWETT, J.W.J. Princípios de Física: Eletromagnetismo. 3. ed. São Paulo:
Cengage learning, 2008.

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