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NUTRIÇÃO NA SAÚDE ÓSSEA Prof.

José Aroldo Filho


goncalvesfilho@nutmed.com.br

NUTRIÇÃO E SAÚDE ÓSSEA

A nutrição adequada é essencial para o  Células ósseas:


desenvolvimento e manutenção do esqueleto, isto é, para
a saúde óssea. Embora as doenças ósseas, osteoporose e Duas células são responsáveis pela formação e
osteomalácia, tenham etiologias complexas, seu manutenção de tecido ósseo: osteoblastos, que formam o
desenvolvimento pode ser minimizado a partir de bons osso e os osteoclastos, que reabsorvem o osso. Os
hábitos de nutrição ao longo da vida, diminuindo os fatores osteoblastos contêm receptores de estrógenos.
de risco para desenvolvimento destas patologias.
Existem outros tipos celulares importantes na formação
Osso é um termo empregado tanto com o significado de tecido ósseo, osteócitos e células de revestimento
de órgão quanto de tecido. Cada osso tem dois tipos de ósseo. Os osteoblastos e osteoclastos originam-se de
tecido, o osso trabecular e o cortical. Esses tecidos sofrem células precursoras primitivas presentes na medula óssea.
modelagem óssea durante o crescimento (altura) e
remodelagem óssea após cessar o crescimento.  Homeostase do cálcio:

O osso consiste de matriz orgânica, ou osteóide, O tecido ósseo serve como um reservatório de cálcio e
principalmente de fibras de colágeno, na qual são outros minerais que são utilizados por outros tecidos do
depositados sais de cálcio e fósforo em combinação com organismo. A homeostase do cálcio é quase totalmente
íons hidroxila, formando hidroxiapatita. A capacidade tênsil dependente desta fonte de cálcio quando a dieta é
do colágeno e a solidez da hidroxiapatita combinam-se inadequada.
para dar ao osso sua grande resistência. Outros
componentes da matriz óssea incluem osteocalcina, O tecido ósseo é dinâmico, embora seja uma dinâmica
osteopontina e várias outras proteínas da matriz. lenta, visto que sofre modelagem no início da vida e
remodelagem após o crescimento do esqueleto (altura)
crescer.

Embora 99% do cálcio corporal sejam encontrados nos


ossos, os 1% restantes possuem papel crítico para uma
grande variedade de reações indispensáveis. A
concentração de cálcio no sangue e fluidos extracelulares
é regulada por mecanismos complexos que equilibram a
ingestão de cálcio e o cálcio nos fluidos corporais.

A adaptação do mecanismo homeostático que regula a


concentração do cálcio sangüíneo é obtida por meio de
dois hormônios reguladores do cálcio: PTH e calcitriol
(1,25 – diidroxivitamina D).

 Modelagem óssea:

Modelagem óssea é o termo aplicado o crescimento do


esqueleto até a altura madura ser atingida. Por exemplo,
durante a modelagem óssea, os ossos longos alargam-se
e alonga-se por serem submetidos a alterações internas
assim como a expansões externas em suas estruturas.

O crescimento ocorre nas epífises (placas de


crescimento que sofrem hiperproliferação) e em
circunferências, onde em cada local as células sofrem
Fig. 1: Osso divisão e contribuem para a formação de novo tecido
ósseo. Tipicamente a modelagem óssea se completa em
 Tipos de tecido ósseo: meninas por volta dos 16 a 18 anos e nos meninos por
volta dos 18 aos 20 anos.
Aproximadamente 80% do esqueleto consistem de
tecido ósseo compacto ou cortical. As diáfises de ossos  Remodelagem óssea:
grandes são compostas basicamente de osso cortical. Os
restantes 20% são de osso trabecular, ou osso esponjoso, Após se completar o crescimento ósseo, o osso sofre
existente na protuberância de ossos terminais de ossos contínua remodelagem em resposta a estresses sobre o
longos esqueleto, adaptação às alterações em estilo de vida e
. ingestões dietéticas, manutenção da concentração de
O osso esponjoso é menos denso que o tecido ósseo cálcio sérico e reparo de microfraturas que ocorrem com o
cortical, como resultado de uma estrutura aberta de tempo.
espísculas ósseas interligadas como aparência
semelhante a uma esponja. A perda de osso esponjoso ao A remodelagem óssea é um processo no qual o osso
longo da vida é o principal fator de risco para fraturas na está sendo continuamente reabsorvido pela ação dos
vida adulta. osteoclastos e reformado pela ação dos osteoblastos.
Após ativação dos hormônios específicos e citocinas, os
osteoclastos reabsorvem os componentes minerais isto é, há formação insuficiente de osso osteoblástico.
orgânicos do osso pela formação de pequenas cavidades Como resultado da desconexão na remodelagem óssea,
nas superfícies ósseas. ocorre a perda óssea.

O osso trabecular declina especialmente após a


menopausa devido à atividade osteoclástica não oposta;

Fig. 2: Processo de remodelagem óssea

 Pico de massa Óssea: As alterações relacionadas à idade que levam à


osteoporose relacionada á idade (Tipo II) em homens e
O pico de massa óssea é atingido ao redor de 30 anos mulheres não são bem compreendidas. A atividade
ou um pouco depois. O pico de massa óssea é maior nos deficiente de calcitriol no intestino delgado de mulheres
homens que em mulheres devido à maior estrutura corporal. idosas é um fator importante assim como os níveis
O conteúdo mineral ósseo, mas não necessariamente a diminuídos de fatores de crescimento.
densidade óssea, é tipicamente menor em mulheres. A
densidade óssea também é maior em negros e hispânicos, Algumas evidências sugerem que a perda de estrógenos
um fator que pode estar relacionado com a massa muscular. na menopausa também permite um aumento na perda de
cálcio urinário; esta perda continua no final da maturidade.
O pico de massa óssea está relacionado à às ingestões
de cálcio na dieta e à atividade física de sustentação do TRATAMENTO DIETÉTICO
peso. A ingestão de cálcio parece ser um fator crítico no
início do crescimento pós-menarca das garotas, assim como  Nutrição e o osso:
em alguns anos antes da menarca.
-Cálcio e fósforo:Dietas pobres em cálcio diminuem a
A contribuição do exercício de sustentação de peso para massa óssea lentamente, limitando a deposição óssea no
o pico de massa óssea durante os períodos de crescimento crescimento e pode causar aumento a perda óssea da idade
e desenvolvimento pode ser maior que a do cálcio. adulta.
O fósforo interfere na ação osteoblástica e torna a
O uso de anticoncepcionais orais por vários anos deposição mais lenta e a inicialização da mineralização
durante o início da maturidade também pode aumentar a pelos osteoblastos mais reduzida.
massa óssea, especialmente na espinha lombar e colo do
fêmur. - Vitamina D: A vitamina D auxilia na absorção do cálcio
dietético.
O componente de composição corporal mais intimamente
associado à massa óssea é o compartimento de gordura, - Vitamina K: A vitamina K possui função na carboxilação
apesar da massa magra (especialmente músculo) também de resíduos de ácidos glutâmicos de proteínas ósseas, como
contribuir para a massa óssea na maturidade. a osteocalcina.

 Perda de massa Óssea: - Vitamina C, cobre, zinco e manganês: São considerados


co-fatores importantes para a síntese ou para a formação de
Após os 40 anos, a densidade óssea começa a diminuir ligações cruzadas de proteínas da matriz.
gradualmente em ambos os sexos, mas a perda aumenta
muito em mulheres após os 50 anos ou na menopausa. - Flúor: O flúor entra nos cristais de hidroxiapatita do osso
Ocorre uma perda de 1 a 2% ao ano durante a década e dentro de limites estreitos, aumenta a rigidez do mineral
seguinte em mulheres. Os homens continuam a ter perda ósseo sem quaisquer efeitos adversos.
óssea, mas em taxa muito menor que as mulheres de
mesma idade até os 70 anos, quando as taxas de perda são - Fibras da dieta: A ingestão excessiva de fibras pode
praticamente as mesmas, em ambos os sexos. interferir na absorção de cálcio. Os indivíduos com maior
probabilidade de apresentar depressão significativa na
Uma mulher que chega aos 80 anos terá uma perda absorção seriam vegetarianos com consumo superior a 50g
óssea de até 45 a 50% de seu pico de massa óssea, e um de fibras por dia.
homem de idade semelhante terá uma perda de 30% do seu
pico de massa óssea. - Proteína: O consumo excessivo de proteína (>1g de
proteína/kg/dia), em especial proteína animal, pode levar à
maior excreção urinária de cálcio e pessoas com baixo composição óssea é inalterada, mas o conteúdo mineral e a
consumo de cálcio são consideradas indivíduos suscetíveis. densidade estão diminuídos.
A proteína de soja possui pouco efeito na excreção de Causas possíveis incluem aceleração excessiva da
cálcio. perda óssea ou pico de massa óssea tão baixo que após
atrito tornam-se frágeis.
 Osteopenia  densidade mineral óssea -1DP a -2,5DP do
- Sódio: Alta ingestão de sódio, particularmente, em padrão da OMS.
associação com baixo consumo de cálcio, pode contribuir  Osteoporose  densidade mineral óssea < - 2,5 DP do
para osteoporose visto que resulta em maior excreção de padrão da OMS.
cálcio.
Classificação da osteoporose:
- Bicarbonato de potássio: Em mulheres pós-menopausa, a) Tipo I: A osteoporose tipo I ocorre em mulheres na pós-
uma dose oral de bicarbonato de potássio para neutralizar menopausa, aproximadamente entre os 15 – 20 anos pós-
os ácidos endógenos, melhora os equilíbrios ósseos e de menopausa, envolve principalmente o osso trabecular,
cálcio. Acomete estas principais áreas: rádio, vértebras lombares,
fêmur e pelve.
-Dietas vegetarianas: As dietas vegetarianas tendem a ser
mais benéficas que as ricas em proteína animal, mas b) Tipo II: Ou osteoporose relacionada à idade. Ocorre após
possuem pouco cálcio dietético, além de proporcionar menor os 65 anos, envolvendo ambos os sexos e pode envolver
exposição a estrógenos, o que poderia aumentar o risco de tanto osso trabecular quanto o osso cortical. Áreas
fraturas por osteoporose em indivíduos vulneráveis. acometidas: vértebras e pelve (gerando a “postura do
corcunda”).
- Isoflavonas: As isoflavonas funcionam como agonistas
de estrógeno e também como antioxidantes nas células c) Idiopática ou secundária: Acometem jovens, sendo rara
ósseas, podendo inibir a reabsorção óssea. ou pode ser secundária ao uso de drogas ou doenças.

- Cafeína: A relação entre consumo moderado de cafeína


e a osteoporose ainda não foi claramente esclarecido.

- Álcool: A ingestão de etanol possui efeitos adversos


sobre o esqueleto. Vários relatos implicaram o álcool como o
principal contribuinte para a perda óssea.

A) DOENÇAS ÓSSEAS

 OSTEOPENIA E OSTEOPOROSE:
Fig. 3: Drogas que aumentam a perda de cálcio e
A perda óssea que começa na meia-idade (após os 40 doenças que resultam em balanço negativo de cálcio
anos em mulheres) continua com o envelhecimento. A (KRAUSE)

Fig. 4: Fatores de risco para osteoporose

Fatores de risco associados a quedas (Cozzolino & Cominetti, 2013)


Gênero feminino Fraqueza muscular Deterioração cognitiva
Idade avançada Uso de medicações psicotrópicas Perigos dentro de casa
Baixo peso Redução da velocidade de marcha Ingestão de bebidas alcoólicas
Quedas anteriores Sedentarismo Doenças associadas (osteoarticulares,
neuromusculares, depressão,
inconctinencia urinária, DM)
Fratura prévia Medo de cair Pior qualidade de vida
IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA
OSTEOPOROSE – DAN WAITZBERG 2009 4) Alendronato e risendronato
Possuem mesma ação do etidronato, embora menos
Genéticos Parentes de primeiro grau com relato de eficaz.
fraturas
Ambientais Tabagismo 5) Moduladores seletivos de receptor estrogênico
Consumo álcool As drogas que afetam positivamente os receptores de
Sedentarismo
estrógeno no tecido ósseo, mas têm pouco efeito sobre os
Compleição física pequena
Baixa ingestão de cálcio tecidos reprodutivos da mama ou útero, como o Tamoxifeno
Pouca exposição ao sol e o Raloxifeno. A genisteína pode atuar como modulador
Reprodutivos Menopausa precoce (antes dos 40 anos) seletivo de receptor de estrógeno.
Amenorréia prolongada
Medicamentos Glicocorticóides 6) Uso intermitente com PTH
Anticonvulsivantes (fenitoína)
Anticoagulantes (heparina, cumarínicos) 7) Outros tratamentos com drogas
Hormônios em doses suprafisiológicos
Endócrinos Hiperparatireoidismo primário
a) Calcitonina
Hipertireoidismo
Sindrome de Cushing Inibe a atividade osteoclástica e a reabsorção óssea.
Doença de Addison
Hematológicos Mieloma múltiplo b) Fuoreto de sódio
Mastocistose sistêmica Os aumentos na massa óssea, especialmente no osso
Leucemia / linfoma trabecular, ocorrem após o tratamento com fluoreto de sódio,
Anemia perniciosa mas a qualidade do osso pode não ser normal.
Reumatológicas Artrite reumatóide
Espondilite anquilosante c) Vitamina D
Gastrointestinais Má-absorção
Hepatopatia crônica
d) Calcitriol
Renais Doenças renais com hipercalciúria
Pulmonares Asma brônquica / DPOC O calcitriol sem cálcio possui pouca utilidade no
tratamento da osteoporose em razão de seu potencial de
toxicidade, o uso de cálcio concomitante pode ser útil.
PREVENÇÃO – DAN WAIZTBERG (2009)
e) GH e IGF-1
Inclui medidas gerais de saúde como adequação de Pode melhorar o osso por seu poder anabólico, podendo
consumo de cálcio e vitamina D, além de estímulos à prática melhorar a composição e a densidade óssea.
de atividades físicas regulares, evitar tabagismo e bebidas
em excesso e outra estratégia inclui a prevenção de quedas. f) Osteoprotegerina
É uma citocina natural secretada pelos osteoblastos que
Dieta: inibe a ação dos osteoclastos e a reabsorção (perda) óssea.
- Ingestão não inferior a 1.500mg de cálcio em mulheres
na pós-menopausa; CUIDADO NUTRICIONAL NA OSTEOPOROSE
- Dieta rica em frutas e em vegetais (inclusão de
potássio, magnésio e vitamina K); A prevenção da osteoporose é feita com dieta regular,
- Ingestão de vitamina D adequada (400 a 800UI/dia). balanceada, com quantidades calóricas adequadas e
suplementação de cálcio e vitamina D, quando necessário.
Nutrientes envolvidos no metabolismo ósseo Junto com atividade física regular (4 a 5 vezes por semana,
(Cozzolino & Cominetti, 2013) com duração de 30min), garantindo pico máximo de massa
Preservação de massa óssea Redução de massa óssea óssea e, portanto, reserva suficiente para proteger o
Consumo adequado de: Consumo excessivo de: esqueleto contra perdas futuras.
- cálcio, manésio, fósforo; - sódio;
- flúor, cobre, zinco, potássio; - proteína; A quantidade diária de cálcio depende do sexo, faixa
- proteínas; - fósforo; etária e características clínicas do indivíduo.
- Vitaminas D, C, K e Complexo B. - vitamina A.

CUIDADO CLÍNICO Atenção  IMPORTANTE!


Crianças e adolescentes em fase de crescimento,
Prevenção secundária e tratamento gestantes, maiores de 50 anos ou com indícios de
osteoporose  1200 – 1500mg/dia.
1) Terapia de reposição de estrógenos Adultos jovens saudáveis e crianças até 10 anos  800 –
Tratamento anteriormente usado para reduzir a 1000mg/dia.
reabsorção óssea e deter a perda óssea precoce pós-
menopausa em mulheres.
A combinação com a suplementação com cálcio pode A principal fonte de cálcio é o leite, independente do teor
também melhorar a doença óssea metabólica. de gordura (1 xícara = 300mg) . Pode-se complementar a
Recentemente a terapia com estrógenos foi reduzida pelo ingestão com o uso de suplementos à base de cálcio, como
aumento no risco de desenvolvimento de câncer. o carbonato de cálcio junto às refeições (alto % de cálcio
elementar) e alimentos fortificados.
2) Bifosfonatos
Os bisfosfonatos atuam sobre os osteoclastos para reduzir Em pacientes com hipocloridria ou gastrectomizados usa-
suas atividades de reabsorção, mediada por osteoclastos. se o citrato de cálcio (não depende do meio ácido para ser
absorvido).
3) Etidronato
A administração cíclica de etiodronato em mulheres com Outras medidas de cuidado:
osteoporose na pós-menopausa forneceu grande aumento Dose de reposição de vitamina D  400 a 800UI/dia.
do conteúdo mineral ósseo vertebral e redução de fraturas.
Sódio  ≤2.400mg/dia. RAQUITISMO HIPOFOSFATÊMICO
Redução de bebidas alcoólicas.
Atividade física aeróbica de 30min, no mínimo, de duração O raquitismo hipofosfatêmico requer administração diária
com freqüência de 4 a 5 vezes por semana. de fosfato e vitamina D, que deve ser instituído o mais
precoce possível para preservar o crescimento linear e
Em tratamento clínico-nutricional de osteopenia e impedir as deformidades ósseas progressivas.
osteoporose, a KRAUSE (2013) recomenda cerca de
1000mg/dia de cálcio e vitamina D (800 a 1000 UI/dia) como A dose diária de fosfato é de 30 – 60mg/kg/dia, sendo o
suplementos. fosfato oferecido de 6/6h. Introdução do fosfato via oral:
intercorrências GI (náuseas, vômitos, diarréia) sendo
TRATAMENTO SEGUNDO DAN WAIZTBERG (2009) necessária a introdução gradual. Deve ser realizado o
combinado com calcitriol (20 – 60ng/kg/dia) para evitar
As medidas de tratamento incluem, além de ingestão hiperparatireodismo secundário, ou uso de calciferol 25.000
diária de pelo menos 1.200mg de cálcio e de 400 a 800UI de – 50.000UI/dia até 100.000 – 150.000UI/dia.
vitamina D, corrigir deficiências de vitaminas B12 e K.

Deve-se estimular exercícios físicos regulares de baixo HIPOFOSFATEMIA ONCOGÊNICA


impacto. Deve-se ajustar a dieta aos fármacos em uso.
O tratamento é feito com exérese tumoral, em casos de
Tab. 1: Drogas utilizadas no tratamento da osteoporose exérese parcial faz-se uso de fosfato e calcitriol.
– DAN WAITZBERG (2009).
RAQUITISMO ASSOCIADO À ACIDOSE TUBULAR
DROGAS ANTICATABÓLICAS DROGA ANABÓLICA RENAL
Terapia de reposição hormonal PTH
SERMS Deve ser realizado o uso de alcalinizantes como
Bifosfonatos bicarbonato de sódio.
Calcitonina
DROGA DE AÇÃO MISTA  DOENÇA DE PAGET
Ranelato de estrôncio
No tratamento da doença de Paget, utilizam-se drogas
Teor de cálcio elementar de suplementos: bifosfonatas que, dentre outros efeitos adversos, exibem um
potencial risco para o desenvolvimento de hipocalcemia e
Gluconato de cálcio: 8,9%;
elevação dos níveis de PTH.
Carbonato de cálcio: 40%;
Citrato de cálcio: 24%; Para evitar esta situação, torna-se prudente fornecer um
Cálcio AA quelado : 20%. suplemento de, pelo menos, 800UI de vitamina D e 1200 –
1500mg de cálcio ao dia.
 RAQUITISMO E OSTEOMALÁCIA

A prevenção ou correção do raquitismo e da


osteomalácia é feita com a ingestão de alimentos que
contenham cálcio, fósforo e vitamina D, bem como propiciar
adequada à exposição à luz solar. A medida terapêutica
inicial consiste na correção das causas desencadeadoras,
sendo a reposta tanto melhor quanto mais precoce for
instituído o tratamento.

RAQUITISMO POR DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D

Na deficiência de vitamina D, utiliza-se colecalciferol ou


calcitriol. O calciferol dado por via oral (1mg = 40.000UI)
pode ser administrado de duas formas: dose diária de
1.500UI a 5.000UI por período de quatro a seis semanas,
com pausa de duas semanas até cura completa, ou dose
única de 600.000UI, podendo ser repetida após quatro a seis
meses.

A dose de calcitriol utilizada no tratamento de pacientes


com deficiência de vitamina D é de 0,25 a 2µg/dia.

RAQUITISMO DEPENDENTE DE VITAMINA D

No raquitismo dependente de vitamina D tipo 1 


calcitriol + cálcio via oral (2 - 3µg/dia até que haja cura da
doença óssea e seguida de dose de manutenção de 0,25 a
2µg/dia continuada por toda vida).

No raquitismo dependente de vitamina D tipo 2  doses


mais elevadas de cálcio e calcitriol (6 – 10µg/dia).
NUTRIÇÃO NA SAÚDE REUMATOLÓGICA Prof. José Aroldo Filho
goncalvesfilho@nutmed.com.br
A etiologia da maioria das condições reumáticas A desnutrição, em graus variáveis, é um achado comum
permanece desconhecida. Além disso, algumas formas de em pacientes com doenças reumáticas, incluindo artrite
condições reumáticas podem afetar outros órgãos, como reumatóide, poliarterite nodosa, doença de Behçet e lúpus,
pele e vasos sangüíneos. podendo ser decorrente de:

As condições reumáticas não possuem cura conhecida e  Catabolismo mediado pelas citocinas  citocinas pró-
não normalmente crônicas, mas podem estar presentes inflamatórias como IL-1 e TNF associam-se com o
como episódios agudos com duração curta ou intermitente, hipermetabolismo e perda de massa celular;
associadas com períodos alternantes de remissão, ausência  Anorexia  associada ao tratamento medicamentoso e
de sintomas e exibição ou piorados sintomas, que com às citocinas pró-inflamatórias;
freqüência podem ocorrer sem qualquer etiologia
 Comprometimento GI  anormalidades da cavidade oral
identificável. A inflamação, que é a causa predominante da
sendo um prejuízo adicional à ingestão nutricional reduzida;
dor, é o componente mais debilitante de todas as formas de
acometimento da articulação temporomandibular;
artrite.
xerostomia; disfunção esofagiana; má absorção; enteropatia
perdedora de proteínas;
O processo inflamatório normalmente ocorre para
proteger, reparar o tecido danificado por infecções, lesões  Síndrome nefrótica, em especial em pacientes lúpicos.
de esporte, toxicidade ou feridas por acúmulo de líquidos e
células. Removendo-se a causa, o processo inflamatório A) OSTEOARTRITE:
normalmente cede. Se a inflamação é atribuível ao estresse
das articulações (osteoartrite) ou se é uma resposta È a forma mais prevalente de artrite. A obesidade, o
imunológica (artrite reumatóide), na maioria das formas de envelhecimento, gênero e anormalidades congênitas
artrite, a reação inflamatória continua fora de controle, parecem ser os maiores fatores de risco.
causando dessa forma mais dano que reparo.
É um processo crônico caracterizado pelo amolecimento
As drogas comumente usadas no tratamento das doenças da cartilagem articular e inclui fenômenos reativos, mediados
reumáticas: quimicamente, como a congestão vascular, a atividade
Efeitos colaterais osteoblástica.
Nutricionais Metabólicos Redução
Medicamento no A maior diferença entre osteoartrite e artrite reumatóide é
conteúdo que a osteoartrite não é de origem sistêmica ou auto-imune,
Salicilatos e  N/V;  K alterado;  Vit C; mas envolve a destruição da cartilagem com inflamação
AINEs  Gastrite;  Anemia.  Folato. assimétrica.
tradicionais  Úlcera
péptica; Ela é causada por uso excessivo da articulação,
 Hemorragia
enquanto a artrite reumatóide é um distúrbio auto-imune
GI.
AINEs- COX2  Estomatite;  Edema; sistêmico, que resulta em inflamação simétrica da
 N/V;  Aumento articulação.
 Úlcera da uréia;
duodenal;  Anemia. Articulações mais freqüentemente afetadas:
 Constipação interfalangianas, polegar, joelhos, quadris, tornozelos e
; coluna, que sustentam o volume do peso do corpo.
 Diarréia;
 Hemorragia
TRATAMENTO MÉDICO
GI.
Anti-maláricos  Anorexia;
 N/V; De acordo com as diretrizes do American College of
 Diarréia. Reumatology, a história médica e o nível de dor devem
Penicilaminas  Anorexia;  Proteinúria;  Zinco; determinar o tratamento mais apropriado e incluem: uso de
 Estomatite;  Anemia.  Cobre; acetaminofeno ou AINEs, injeções de corticóide intrarticular.
 N/V;  Ferro.
 Diarréia; A reconstrução cirúrgica pode ser indicada para
 Paladar pacientes com osteoartrite que não estão respondendo a
alterado.
outras terapias médicas.
Corticóide  Náusea;  Intolerância  Cálcio.
 Úlcera à glicose; TERAPIA DE MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA
duodenal.  BN -;
 K alterado; a)Exercício: Embora a dor seja limitante do exercício,
 Edema;
exercício sem carga (aeróbicos) como nadar, têm mostrado
 Diminuição
CTL; reduzir os sintomas, aumentar a mobilidade e diminuir o
 Anergia. dano contínuo da osteoartrite.
Imunossupressor  Anorexia;  Diminuição  Folato;
 Estomatite; CTL;  Cálcio. b)Terapia Nutricional
 Náusea;  Anergia.
 Diarréia; ATENÇÃO – CHEMIN & MURA
 Paladar
alterado.
Um dos principais fatores de risco para osteoartrite é a
Ouro  Estomatite;  Proteinúria;
 Vômito;  BN -.
obesidade. A redução de 5kg no peso corporal está
 Diarréia. associada a uma redução de 50% no risco de desenvolver
osteoartrite, melhora nos sintomas e ganho de função
articular.
Dieta: - manifestações extra-articulares como aumento da taxa
 Restrição calórica moderada; metabólica, xerostomia, disfagia, anorexia, alterações em
 Redução da quantidade de gorduras; mucosa GI.
 Consumo de CHO integrais, vegetais e frutas.
 Estímulo à atividade física aeróbica de baixo impacto, Devem-se observar as mudanças de ingestão dietética,
para reduzir o impacto articular e auxiliar no controle do o peso corrente e a história de mudança de peso.
peso.
Discutir associação entre uso de alguns alimentos e
ATENÇÃO – KRAUSE aparecimento de sintomas.

- Kcal apropriadas para perda de peso ou manutenção; A associação de alimentos com crises da doença
- uso de W-3; deve ser discutida devido à possibilidade de alergias
- Ingestão adequada de vitamina D e cálcio; alimentares não detectadas.
- Altas doses de antioxidantes dietéticos, incluindo vitamina
C, vitamina E, betacaroteno e selênio podem ser benéficos, Cozzolino & Cominetti (2013)  Alimentos comuns que
mas são necessários maiores estudos. causam mudança real na atividade de doença: milho,
- considerar uso de glicosamina e condroitina. trigo, bacon, laranja, aveia, centeio, leite, ovos, carne
bovina e café.
Em tratamento clínico-nutricional, a KRAUSE (2013) faz
menção ao uso de dieta anti-inflamatória (enriquecida com
curry, gengibre, açafrão/curcumina, alecrim – anti- EFEITOS DIETÉTICOS E AGUDIZAÇÃO/REMISSÃO DE
inflamatórios; fitoquímcos antioxidantes presentes em chás, SINTOMAS (CHEMIN & MURA)
vegetais folhosos e crucíferos e carotenoides; rica em W3 e
W9 e pobre em W6; cebolas e batatas – ricas em solanina,  Alergia alimentar vista em 30% dos pacientes com AR,
potente anti-inflamatório), que é semelhante à dieta como leite de vaca e derivados;
mediterrânea e, quando associada a exercícios, parece  Aminoácidos L-canavanina, presente na alfafa e soja 
reduzir inflamação e lesão em joelhos. indutor de anticorpos anti-DNA e quadro semelhante ao
Lúpus;
Frente ao consumo de antioxidantes, por mais que a  Chocolate, álcool, morango, carne de porco, tomate,
osteoartrite possua um componente estresse oxidativo, não salsicha e espinafre  estímulo à secreção de histamina e
foi observado benefício no uso de antioxidantes em altas aminas vasoativas  agravantes de quadro de AR;
doses (vitamina C, tocoferóis, beta-caroteno e selênio).  Café (liberação de epinefrina e norepinefrina) e frutas
Deve ser aconselhado alcançar os níveis diários de ingestão cítricas (fenilefedrina)  possíveis desencadeadores de
de vitamina B6, vitamina D e K, folato e magnésio. crises.
 Vitamina C e zinco  síntese de colágeno e uso no
Uso de capsaicina tópica com nitroglicerina reduz dores tratamento de AR  Zinco modula a resposta imunológica
locais. O uso do SAMe (S-Adenosil-Metionina) 600 a de linfócitos T, cicatrização e efeitos antiinflamatórios (efeito
1200mg/dia parece promissor. O SAMe é um comsposto benéfico em AR);
antioxidante, melhorando a mobilidade.  Ácidos graxos W-3  Efeitos antiinflamatórios e
atenuação de sintomas de AR.
A glicosamina parece melhorar em 50% os sintomas,
logo deve ser considerado seu uso. 1500mg diários de TRATAMENTO NUTRICIONAL KRAUSE (2010/2013):
glicosamina associada a 1200mg de condroitina resultou em
alívio significante na dor. A dose deve ser fracionada em 3 - dieta saudável.
tomadas. - calorias ajustadas à idade e às necessidades do paciente.
- PTN1,5 – 2,0g/kg.
B) ARTRITE REUMATÓIDE - adequado aporte de vitaminas do complexo B.
- evitar alérgenos alimentares.
A artrite reumatóide pode acometer qualquer - adequado aporte de cálcio e vitamina D.
articulação, porém os alvos mais comuns são as - uso de W-3.
articulações pequenas de extremidades, como mãos e pés. - jejum seguido de dieta vegetariana ou uso da dieta
O envolvimento é simétrico e bilateral. mediterrânea (azeite de oliva – gordura neutra estável).

As queixas mais freqüentes incluem dor, inflexibilidade e Em terapia clínico-nutricional, refere o uso de W3 e seu
inchaço. O inchaço é causado pelo acúmulo de líquidos na poder anti-inflamatório. Recomenda-se 50mg/kg de EPA
membrana que reveste as articulações, com inflamação dos associado a 30mg/kg de DHA, verificar traços de mercúrio
tecidos ao redor. nos peixes ou suplementos.

Ocorre mais freqüentemente nas mulheres que nos Existe um fitoquímico presente no azeite extra virgem
homens, com inicio principalmente após os 35 anos de idade (prensado a frio), o oleocantal, que possui atividade anti-
e possui manifestações sistêmicas. inflamatória similar ao ibuprofeno. Deste modo, recomenda-
se o uso de azeite de oliva extra virgem, entretanto deve ser
Os medicamentos de uso comum são os AINEs, feito uso de antioxidantes para manter a estabilidade do óleo
salicilatos, imunossupressores, agentes de remissão, de oliva.
esteróides e antimaláricos.
A inclusão de alimentos fontes de W6-GLA, em
O envolvimento articular pode gerar várias consequências: associação ao W3, permite que o corpo humano produza a
- acometimento de articulações de pés e mãos, gerando PGE1 (potente anti-inflamatória), que aliviaria a rigidez
limitação da habilidade de fazer compras, preparo e matinal, a sensação dolorosa articular, sem efeitos colaterais
consumo de alimentos; graves.
- comprometimento temporomandibular que pode impactar a
habilidade de mastigar e deglutir; No campo da fitoterapia, o uso do trovão chinês da
videira de Deus (Tripterygium wilfordii) na China, para
tratamento de doenças auto-imunes necessita de maiores •Baixa adesão de etilistas crônicos a dietas e tratamento de
estudos. O uso prolongado ou excessivo poderia suprimir o longo prazo.
sistema imune e reduzir a densidade óssea.
Alimentos a serem omitidos – altos teores de purinas
ATENÇÃO – CHEMIN & MURA (100 – 1000mg/100g alimento)
Anchovas Arenque Caldo
Atentar-se ainda às flutuações de peso corpóreo (perda Carne de ganso Cavala Coração
involuntária, ganho associado à terapia com Extratos de carne Levedura Mexilhões
corticoesteróides) e ao percentual de massa gorda, que Miolos Ova Pâncreas de vitela
tende a se elevar, mesmo quando existe perda de peso. Perdiz Recheio de carne Rim
(carne moida)
A perda de peso e de massa muscular pode ser Sardinhas Vieira Pão doce
atenuada com a introdução de exercícios de resistências
leves, com fortalecimento da musculatura periarticular, além
dos benefícios associados ao alongamento, ao relaxamento Alimentos a serem analisados – conteúdos moderados de purinas
e ao condicionamento cardiorrespiratório, por meio de (9 – 100mg/100g alimento)
atividades aeróbicas leves. Aves Aspargos Carne
Cogumelos Ervilhas secas Espinafre
C) GOTA Feijões secos Lentilhas Marisco
Peixe
Distúrbio do metabolismo das purinas no qual níveis
1 porção (100g) de carne, peixe e ave ou 1 porção de vegetais (45g)
anormais de ácido úrico se acumulam no sangue deste grupo é permitido diariamente na fase de remissão.
(hiperuricemia).
Alimentos liberados – conteúdo insignificante
Como conseqüência, os sais de urato se formam e se
acumulam nas articulações. Açúcar e doces Arroz Azeitonas
Bebida de cereal Bebidas carbonatadas Bolos e biscoitos
A doença, que normalmente ocorre após os 35 anos, é Broa de milho Infusos Cereais
Chocolate Condimentos Conservas
caracterizada por dor artrítica que está usualmente
localizada num ataque súbito de dor, principalmente nos pés Creme Ervas Frutas
que irradiam para as pernas. Gorduras Leite Manteiga
Margarina Molho branco Nata
Nozes Óleo Ovos
A gota é tratada com drogas que inibem ou eliminam a
Pão branco Picles Pipoca
síntese de ácido úrico. Macarrão Pudim Queijo
Sal Sobremesas de coalho Gelatina
A probenecida e a sulfimpirazona diminuem os elevados
níveis de ácido úrico no sangue aumentando a eliminação Sorvete Vinagre Vegetais (exceto
aspargos,
através dos rins. cogumelos, ervilha,
espinafre, feijões e
O alopurinol inibe a produção de ácido úrico. lentilha).

Podem ser utilizados também a indometacina ou OUTRAS DOENÇAS REUMATOLÓGICAS


fenilbutazona. Os AINEs são favoráveis a menos que seus
efeitos colaterais sejam também perturbadores. a) Síndrome de Sjögren

O ácido úrico é derivado do metabolismo das purinas que È um distúrbio inflamatório crônico com diminuição da
constituem as nucleoproteínas. produção de secreções, dentre elas a saliva e as lágrimas.
Deve-se buscar o alívio dos sintomas e alimentação com
Deve-se estimular o consumo de líquidos (~3L por dia) conforto.
para ajudar com a excreção de ácido úrico e minimizar a
possibilidade de formação de cálculos. O controle da xerostomia também deve incluir
estratégias para a redução do risco de cáries de dental,
As gorduras diminuem a excreção de urato, logo, as inclusive enxágüe freqüente com água, escovar os dentes
diretrizes recomendam dietas com pobre teor de lipídeos. ou usar soluções com flúor.

O tratamento dietético visa estimular a manter ou Como a deglutição é um problema, os alimentos fáceis
alcançar o peso corpóreo ideal. de serem ingeridos podem ser úteis.

Não é recomendado o uso de bebidas alcoólicas, pois o b)Síndrome da ATM (Articulação temporomandibular)
etanol aumenta a produção de ácido úrico.
Resulta na dor ao se alimentar.
Cozzolino & Cominetti (2013)  reduzir o consumo de
frutose, o excesso de consumo está associado à O objetivo do tratamento dietético é altera a consistência
hiperuricemia. alimentar para reduzir a doa à mastigação.

ÁLCOOL E GOTA: Deve-se buscar a autonomia do cliente, buscando-se a


independência na preparação e consumo, minimizando a dor
•A acidose láctica secundária à intoxicação alcoólica aguda e a frustração. Os alimentos digitais que não se desintegram
pode reduzir a excreção renal de ácido úrico; facilmente podem ser úteis.
•O metabolismo do etanol estimula a produção hepática de
purina;
•O etanol inibe a conversão do alopurinol (hipouricemiante)
em seu metabólito ativo, o oxipurinol;
c) Esclerodermia A função renal é desarranjada, causando dessa forma
excreção excessiva de proteínas e, com freqüência,
A esclerodermia é uma esclerose progressiva, insuficiência renal.
sistêmica, caracterizada pela deposição de tecido conjuntivo
fibroso na pele e órgãos viscerais, inclusive do TGI. Os corticóides alteram as necessidades de proteínas,
sódio, líquido e cálcio. Antimaláricos parecem ser eficazes
Uma manifestação de esclerodermia é a síndrome de no tratamento de lesões cutâneas de alguns indivíduos,
Raynaud (isquemia ou frio nas extremidades pequenas, com porém possuem vários efeitos colaterais, inclusive GI.
os dedos das mãos), a qual causa dificuldade no preparo e
consumo de alimentos. Não existem terapias dietéticas específicas, sendo
ajustada de acordo com as alterações e necessidades
Os sintomas GI incluem náuseas e vômitos, azia, individuais do paciente.
disfagia, diarréia, constipação e incontinência fecal. A perda
de peso, disfunção renal e de múltiplos órgãos pode ocorrer. O suporte nutricional pode ser necessário em casos
crônicos.
A disfagia pode ser um sintoma que requer intervenções
nutricionais. e) Síndrome de distúrbio de fadiga crônica e fibromialgia

A má absorção de lactose, ácidos graxos e minerais pode Possuem sintomas reumáticos, mas não têm cura
causar problemas maiores e a suplementação pode ser comprovada e incluem alterações como dores em
necessária. articulações, cefaléias, letargia pós-esforço, dor muscular e
concentração prejudicada.
d)Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)
Uma dieta vegetariana estrita (vegan) tem mostrado
O lúpus não possui etiologia específica clara e acredita- efeitos benéficos nos pacientes com fibromialgia, pelo
se que a predisposição genética, a presença de anticorpos menos por um curto período de tempo, com melhora da dor
anti-DNA e fatores ambientais possam estar envolvidos. em articulações e qualidade do sono.

É considerado uma doença auto-imune que afeta todos As opções de tratamento para fibromialgia parecem ser
os órgãos e sistemas, afetando o metabolismo, a limitadas e geralmente insatisfatórias. O exercício também
necessidade e a excreção de nutrientes. tem se mostrado eficaz nos pacientes com fibromialgia (3
tempos de 30 minutos por semana).
EXERCÍCIOS DE SAÚDE ORAL, ÓSSEA E macarronada ao sugo com refrigerante, foi ao futebol do
REUMATOLÓGICA grupo de trabalho. Jogou duas partidas e bebeu várias
cervejas com azeitonas para comemorar a vitória do seu
1) O risco de desenvolver osteoporose depende do equilíbrio time. O diagnóstico de Josimar é de crise de gota provocada
entre a quantidade máxima de tecido ósseo alcançado pelo por (Residência HUPE 2009):
indivíduo (pico de massa óssea) e a taxa de perda óssea
subseqüente. É correto afirmar que a taxa de perda óssea (A) cerveja
após a menopausa: (Residência HUPE - 2004) (B) azeitonas
(C) refrigerante
(A) apresenta uma aceleração gradativa, aumentado a cada (D) macarronada
ano, mas declinando após os 70-75 anos
(B) é acelerada nos primeiros anos, declinando em seguida,
mas podendo acelerar novamente após os 70-75 anos 4) (Residência UFF – 2010) A gota é um distúrbio do
(C) apresenta um declínio nos primeiros 6 meses, metabolismo de purinas, no qual os uratos de sódio são
acelerando em seguida até os 70-75 anos, quando começa formados e acumulados nas articulações e tecidos. Durante
a declinar o estágio agudo da doença, é necessário restringir alimentos
(D) é acelerada em relação ao período pré-menopausa, ricos em purinas, dentre os quais:
mantendo-se sempre constante, porém acelerando (A) chocolate e lentilha.
novamente após os 70-75 anos. (B) espinafre e aves.
(C) carne moída e pão doce.
2) A nutrição exerce papel fundamental na saúde óssea (D) leite e chá.
do ser humano. Para prevenir a osteoporose deve-se ter
uma dieta balanceada, principalmente do ponto de vista 5) (EAOT 2010) Pacientes litiásicos com hiperuricosúria
de vita minas e minerais. Uma vitamina essencial para devem evitar, em especial, alimentos de origem animal ricos
manutenção da saúde dos ossos, requerida na carboxilação em
da osteocalcina é (EAOT 2009): (A) purinas.
A) Vitamina D. (B) vitamina E.
B) Vitamina A. (C) cromo.
C) Vitamina K. (D) zinco.
D) Vitamina C.

3) Josimar tem 35 anos, é operário de obra e foi atendido na 1–A 2-C 3–A 4–C 5–A
emergência de um hospital geral com “dor intensa nas
juntas”. Na sua história consta que após almoçar uma
TERAPIA NUTRICIONAL NAS PATOLOGIAS PULMONARES Prof. José Aroldo Filho
goncalvesfilho@nutmed.com.br

RELAÇÕES ENTRE NUTRIÇÃO E SISTEMA abdominal e diafragma). Os nervos, sangue e linfa suprem
PULMONAR E IMPACTO DA DESNUTRIÇÃO todos os tecidos.

A troca gasosa é a principal função deste sistema, que


A nutrição adequada promove o desenvolvimento
permite ao corpo obter oxigênio necessário para
adequado do sistema pulmonar. As estruturas respiratórias
desenvolver as demandas metabólicas e remover o dióxido
incluem: nariz, faringe, laringe, traquéia, brônquios,
de carbono produzido por estes processos.
bronquíolos, ductos alveolares e alvéolos. As estruturas de
apoio incluem o esqueleto e os músculos (intercostal,

Fig. 1: Aparelho respiratório e troca gasosa

Os pulmões agem na filtração, aquecimento e Deficiências específicas, como:


umidificação do ar inspirado, sintetizam surfactantes,  Proteínas e ferro = acarretam diminuição de
regulam o equilíbrio ácido – base, sintetizam ácido hemoglobina e diminuição na capacidade de
araquidônico e convertem angiotensina I em II. transportar O2;
 Cálcio, magnésio, fósforo e potássio –
A desnutrição afeta diretamente o sistema pulmonar, comprometem a função dos músculos respiratórios
ocasionando: a nível celular;
 Diminuição do tecido conectivo pulmonar, peso dos  Proteínas – diminui a pressão oncótica e leva a
pulmões e produção de surfactante; formação do edema;
 Atrofia e catabolismo dos músculos acessórios;  Surfactante (composto sintetizado a partir de
 Atrofia do diafragma proporcional a perda de peso; proteínas e fosfolipídeos) – contribui para o colapso
 Compromete a troca gasosa e a força dos dos alvéolos.
músculos respiratórios;
 Aumenta a susceptibilidade a infecções (diminuição
da resposta imune);
Assim como a desnutrição afeta o sistema respiratório fadiga, produção anormal de escarro, vômito, taquipnéia,
levando ao declínio da função pulmonar, a doença pulmonar hemoptise, dor torácica, anemia, depressão, paladar
também afeta o estado nutricional (KRAUSE): alterado, pois interferem diretamente na ingestão alimentar
e estado nutricional (KRAUSE).

ASPIRAÇÃO (KRAUSE)

A aspiração pulmonar consiste no movimento de


alimento ou líquido para dentro dos pulmões, podendo
resultar em pneumonia ou até na morte. Os que possuem
maior risco são: lactentes, lactentes que engatinham, idosos
e pessoas com anormalidades orais, gastrointestinais
superiores, neurológicas e musculares.

Além dos líquidos, os alimentos que são mais facilmente


aspirados são os que possuem forma arredondada, como:
nozes, pipoca, pedaços de cachorro-quente e alimentos mal
mastigados, como carnes ou vegetais crus. Além, de
atenção especial para os que recebem dieta enteral.

Fig. 2: Doença pulmonar e estado nutricional ASMA (KRAUSE)

Uma condição de hipersensibilidade das vias aéreas


ATENÇÃO: CHEMIN & MURA decorrentes de causas alérgicas e não alérgicas, geradas
por resposta imunológica. É um distúrbio reversível, porém o
Pacientes com doenças respiratórias  risco para tratamento inadequado pode acarretar risco de vida (estado
desnutrição: aumento das necessidades energéticas + asmático). A fisiopatologia é obscura!
inapetência decorrente das complicações da doença e
do tratamento clínico e medicamentoso. O sinal comum é a respiração persistente que pode
ocasionar malformação oral. E a resultante mordida aberta
As causas de desnutrição envolvem múltiplos fatores: acarretar dificuldades no ato de morder.
Anorexia;
Dificuldades mecânicas; Terapia Nutricional
Distúrbios metabólicos;
Má absorção; Vários nutrientes vêm sendo estudados para avaliar sua
participação na etiologia ou tratamento da asma, como:
Hospitalização;
 Ácidos graxos ômega 3 e 6- Papel na diminuição
Fatores socioeconômicos.
da produção de leucotrienos broncoconstritivos;
 Antioxidantes - Papel na proteção de tecidos das
Consequências da desnutrição:
vias aéreas do estresse oxidativo;
Enfraquecimento generalizado;  Magnésio – Relaxante muscular e agente
Redução da recuperação; antiinflamatório;
Piora do quadro clínico;  Metilxantinas (como a cafeína) – Broncodilatador.
Disfunções muscular, respiratória e
termorreguladora; Tratamento farmacológico:
Diminuição da resposta imune e da resistência às  Broncodilatadores
infecções;  Antiinflamatórios
Retardo da cicatrização de feridas.
Efeitos colaterais:
Além dos fatores citados acima, a dificuldade na
preparação dos alimentos devido à fadiga, falta de recursos Boca e garganta seca Tremores nas mãos
financeiros e metabolismo alterado contribuem para o Náuseas e vômitos Cefaléia
declínio do estado nutricional. Aumento da glicose Tontura
Retenção de sódio Tosse crônica
Segundo KRAUSE, as doenças pulmonares podem ser Hipocalcemia Refluxo gastroesofágico
classificadas em:
 Primárias: Tuberculose, asma brônquica e câncer DISPLASIA BRONCOPULMONAR (DBP) – KRAUSE
de pulmão.
 Secundárias: Associadas à doença cardiovascular,
É uma condição pulmonar crônica da lactância em
obesidade, AIDS, doença falciforme e escoliose.
recém-nascidos cujos pulmões parecem incapazes de
responder a situações adversas, ocorre com mais
E ainda em condições:
freqüência em bebês prematuros e de baixo peso ao
 Agudas: aspiração de líquidos de dieta enteral,
nascimento, após síndrome de angústia respiratória
obstrução de vias aéreas decorrente de alimentos
(amendoins) e anafilaxia pelo consumo de (condição que afeta recém nascidos e lactentes,
caracterizada por dispnéia e cianose), e tratamento com
mariscos.
oxigênio. A DBP é caracterizada por metaplasia bronquiolar
 Crônicas: Fibrose cística e enfisema.
e fibrose intersticial.
Entre os sinais e sintomas presentes na doença
Fatores de risco: incapacidade dos pulmões imaturos de
pulmonar, os nutricionalmente relevantes são: tosse,
sintetizar surfactante, aspiração do mecônio, fístula
saciedade precoce, anorexia, perda de peso, dispnéia,
traqueoesofágica e infecções.
Sinais e sintomas: O excesso de CH pode aumentar o QR e o débito de
 Hipercapnia. CO2;
 Taquipnéia Para manter o equilíbrio hídrico pode ser necessário:
 Dispnéia restrição de líquidos, restrição de sódio e uso de diuréticos;
 Infecções respiratórias recorrentes Na restrição hídrica – Oferecer lipídeos parenterais ou
 Cor pulmonale alimentação com alta densidade – Garantir o VET.
 Radiografia dos pulmões característica da doença.
Vitaminas e Minerais:
Fisiopatologia – Não é bem conhecida  Suprimento adequado de todas as vitaminas e minerais;
 Vitamina K – Essencial para desenvolvimento ósseo e
Terapia Nutricional deve ser monitorada, pp quando a flora colônica é
insuficiente para sua síntese;
É necessária uma avaliação nutricional cuidadosa,  Suprimento adequado das vitaminas A, C, E e inositol,
devido a sua fragilidade. A avaliação do crescimento é AG livres e selênio – antioxidantes e mantém integridade da
importante, já que o tamanho do pulmão é dependente da membrana celular- Estão implicados na prevenção ou
estatura, porém esses bebês crescem com mais lentidão, tratamento da DBP;
devido:  Vit. A – manutenção e desenvolvimento adequados das
 Aumento das necessidades energéticas; células epiteliais do trato respiratório; diminui a permanência
 Ingestão dietética inadequada; na UTI neonatal
 Refluxo gastroesofágico;  Medicamentos utilizados como: diuréticos,
 Privação emocional; broncodilatadores, antibióticos, antiarrítimicos e costicóides
 Hipóxia crônica. – Depleção de cloreto, potássio e cálcio;
 Def de cloreto (acidose) ou potássio - fraqueza muscular
Os componentes da avaliação nutricional deve incluir: e crescimento prejudicado.
 Os lactentes com DBP estão em risco de osteopenia,
1- Histórico: Peso ao nascimento, idade gestacional, devido: ingestão limitada de nutrientes, reservas
história clínica, história nutricional e padrão de inadequadas de cálcio e fósforo, acidose respiratória, uso de
crescimento. medicações e inatividade física.
2- Clínico: Estado respiratório, saturação de oxigênio, uso
de medicações, êmese, padrão das fezes, débito de Estratégias Alimentares:
urina. Para atender as necessidades pode ser preciso:
3- Nutricional:  Fórmulas de alta densidade calórica (>24kcal/30ml
 Peso, Estatura - segundo a KRAUSE 2010, 24kcal/28,35g) -
 Perímetro cefálico monitoração da ingestão de líquidos e débito
 Hemoglobina e hematócrito urinário
 Eletrólitos séricos  Alimentação pequena e freqüente;
 Testes bioquímicos.  Uso de bico macio;
4- História alimentar: Volume da ingestão, freqüência  Uso de sonda nasogástrica ou gastrostomia.
das alimentações, comportamento nas refeições,
composição das fórmulas. No caso de refluxo gastroesofágico a doença pulmonar
5- Ambiental: Relacionamento entre pais e filhos, pode piorar devido à aspiração. O tratamento inclui:
facilidades domésticas e recursos domésticos e  Alimentação espessa (1/2 a 1 colher de cereais
econômicos. para cada 30ml da fórmula);
 Inclinação elevada;
Objetivo da terapia nutricional: Suprimento de ingestões  Antiácidos ou bloqueadores H2;
adequadas de nutrientes, promoção do crescimento linear,  Casos graves – fundoplicatura.
manutenção do equilíbrio hídrico e desenvolvimento de
habilidades alimentares apropriadas à idade. Abordagens úteis para facilitar a aceitação da alimentação:
 Ambiente calmo e agradável;
Energia:  Estimulação oral durante as alimentações por
 Aumento de 25 a 50% do gasto de energia em repouso; sonda;
 Bebês com DBP com crescimento prejudicado –  Introdução gradual das mudanças de textura e
Aumento de 50% das necessidades energéticas dos que sabor.
crescem bem.
 Fase aguda (temperatura controlada, TNP, inativos, DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
crescimento lento) – 50 a 85kcal/kg/dia (DPOC):
 Fase convalescente (crescimento rápido, alimentação via
oral e usam sua energia para controlar a temperatura) - 120- É um processo caracterizado pela presença de
130kcal/kg/dia. (ATENÇÃO) enfisema (Tipo I), bronquite crônica (Tipo II), ou ambos,
levando ao desenvolvimento progressivo de obstrução de
Macronutrientes: vias aéreas.
A ingestão de proteína deve estar dentro da faixa ENFISEMA – Caracterizado pelo aumento anormal,
recomendada para lactentes de idade pós concepcional permanente dos alvéolos, acompanhado de destruição de
comparada; suas paredes sem fibrose evidente.
Proteínas – Oferecer 7% ou mais das calorias totais;
Adição de gorduras ou carboidratos às fórmulas –
Somente após a fórmula ter sido concentrada em Geralmente pacientes magros (caquéticos), mais
24kcal/30ml (segundo a KRAUSE 2010, 24kcal/28,35g); Os velhos, hipoxemia leve e desenvolvimento do cor
lipídeos fornecem AGE e ajudam atingir as necessidades pulmonale na fase tardia da doença
quando a tolerância a líquidos e carboidratos (CH) é
limitada;
BRONQUITE CRÔNICA – Tosse produtiva, crônica, com - perda de peso ≥5% (livre de edema) em 12 meses ou
inflamação de 1 ou mais brônquios e alterações secundárias menos ou IMC <20 com presença de pelo menos três
no tecido pulmonar. fatores:
diminuição da força muscular;
Geralmente pacientes com peso normal ou excesso fadiga;
de peso, hipoxemia proeminente e o desenvolvimento IMM diminuído;
do cor pulmonale ocorre precocemente. Alterações de marcadores inflamatórios (IL-6 >4pg/mL;
PTN C-reativa >5mg/L; Hb <12g/dL; Albumina <3,2g/dl).

Cor pulmonale – condição caracterizada pelo aumento do A Cuppari (2014) adiciona ainda anorexia (consumo
ventrículo direito e insuficiência que surge devido ao inferior a 20kcal/kg/dia)
aumento da pressão das artérias pulmonares.
Conduta Nutricional - Objetivos:
Fator causal mais importante – Fumo do tabaco.  Facilitar o bem estar nutricional;
 Manter boa relação entre massa magra e gordura;
Terapia nutricional  Corrigir desequilíbrio hídrico;
 Controlar interações droga x nutrientes
De acordo com KRAUSE, a depleção nutricional pode  Impedir a osteoporose
ser evidenciada pelo baixo peso corporal para altura e
medidas de dobra triciptal reduzidas. ATENÇÃO – CHEMIN & MURA
A desnutrição é um indicador de mau prognóstico e Recomendação clássica: dieta hiperlipídica, hipoglicídica e
parece relacionar-se com as complicações pulmonares: nomoprotéica. O alto teor de gordura e baixo em carboidrato
grau de obstrução, capacidade de difusão do gás, retenção tem por objetivo minimizar a produção de CO2 e também pode
de CO2, força respiratória e dos músculos respiratórios e ser útil naqueles com desenvolvimento de hiperglicemia
inflamação respiratória ou mediadores bioquímicos como induzida pelo estresse.
hormônios e citocinas.
CALORIAS
As causas da perda de peso são (KRAUSE): É difícil atingir as necessidades de energia, entretanto a
• Aumento das necessidades – hipermetabolismo manutenção do equilíbrio energético é essencial para
• Diminuição do consumo alimentar; preservar as proteínas viscerais e somáticas (KRAUSE).
• Flatulência, saciedade precoce, dificuldade de mastigação Foram observadas necessidades calóricas que variam de 94
e deglutição (dispnéia), anorexia; a 146% do previsto.
• Tosse, secreção, dispnéia, fadiga.
• Aumento do TNF-a - Liberação de citocinas IL-1, IL-2 –  CHEMIN & MURA (2011)  não estabelece valores,
Aumento do gasto energético. podendo-se utilizar a calorimetria indireta ou a equação de
Harris&Benedict, com distribuição normal dos
A perda de peso nesses pacientes é multifatorial como macronutrientes, sem a necessidade de aumentar o teor de
acabamos de ver, para entendermos melhor o mecanismo lipídios, comparativamente com o de carboidratos.
de perda de peso, observe o esquema abaixo:
 CUPPARI (2014)  Usar IMC médio 22kg/m2. Uma
Avaliação de pacientes com DPOC equação de estimativa do GEB foi validada para pacientes
com DPOC, onde:
A calorimetria indireta também é útil na avaliação GEB (kcal/dia) = 443,3 + [18,15 x MCM (kg)]
nutricional. Os pacientes com cor pulmonale apresentam
retenção hídrica, mascarando peso e massa magra e a
hemodiluição mascarando os indicadores bioquímicos. ATENÇÃO – CHEMIN & MURA
Cuidado com hipercapnia, pois ocasiona cefaléia matinal e
confusão prejudicando a preparação e ingestão alimentar. No caso de pacientes desnutridos, deve-se aumentar a
densidade energética de 500 a 1000 kcal/dia para auxiliar o
CHEMIN (2011)  estratificação pelo IMC e composição ganho de peso. Em caso de obesos, diminuir 500 kcal/dia em
corporal de pacientes com DPOC – IMC – índice de Massa relação ao gasto energético.
Corporal; IMM – Índice de Massa Magra; H – sexo
masculino; M – sexo feminino: A ingestão de cloreto de sódio deve ser limitada, pois o
excesso pode contribuir para retenção hídrica e interferir na
respiração.
Categoria 1: Caquexia – IMC<21 e IMM <16 (H) ou <15 (M)
Categoria 2: Semi-inanição – IMC<21 e IMM ≥16 (H) ou ≥15 Em relação ao suporte nutricional, segundo Chemin & Mura,
(M) têm sido incluídas no suporte ácidos graxos ômega 3 e 6,
Categoria 3: Atrofia muscular – IMC≥21 e IMM <16 (H) ou glutamina, arginina e L-carnitina visando melhora da função
<15 (M) imune, sendo que:
Categoria 4: Eutrofia – IMC≥21 e IMM ≥16 (H) ou ≥15 (M). Uso de L-carnitina é necessária para a metabolização de
ácidos graxos de cadeia longa;
Pode-se substituir parte dos ácidos graxos de cadeia longa
Cuppari (2014)  observe que o ponto de corte desses por TCM, que não necessitam de carnitina para
pacientes é diferenciado, sendo considerada depleção oxidação;
quando o IMC<21kg/m2. Atentar-se para o balanceamento de W3 e W6.
MACRONUTRIENTES

CHEMIN (2011) / CUPPARI (2014)  Critérios para o


diagnóstico de caquexia em adultos:
Entretanto, a terapia prolongada com andrógenos pode
aumentar os riscos de eventos cardiovasculares em virtude
da diminuição do HDL-colesterol.
Nutrientes Necessidades
CHO - 50 a 60% VET – CHEMIN & MURA / MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS NA DPOC – CHEMIN &
CUPPARI (2014) MURA
- 40 a 55% VET – importante para preservar o
QR – KRAUSE Pacientes com DPOC apresentam baixa capacidade
Proteína - 1,2 a 1,7 g/kg peso seco - KRAUSE oxidativa, capacidade glicolítica normal ou aumentada e
- 15 a 20% VET – KRAUSE / CHEMIN & MURA metabolismo aláctico diminuído.
/ CUPPARI (2014)
- 1,5 g/kg / CUPPARI (2014) Os pacientes DPOC apresentam alterações no perfil de
- 1,5 – 2,0g/kg – CHEMIN & MURA (2011) – aminoácidos no plasma e nos músculos esquelético, com
mantém o catabolismo estável diminuição dos níveis plasmáticos de glutamato, glutamina e
Lipídeo - 25 – 30% VET – CHEMIN & MURA / alanina, em especial em enfisematosos com depleção
CUPPARI (2014) nutricional.
- 30 a 45% VET - KRAUSE
A depleção de alanina afeta uma série de reações
MICRONUTRIENTES metabólicas, como interferência na gliconeogênese e
fornecimento de energia para leucócitos e fibroblastos.
 Pacientes fumantes precisam de vitamina C
adicional, de acordo com estudos: FIBROSE CÍSTICA (FC) ou MUCOVISCIDOSE
- Fumante de 1 maço/dia - +16mg/ac. Ascórbico/dia
- Fumante de 2 maços/dia - +32mg/ac. Ascórbico/dia É uma doença hereditária (autossômica recessiva),
complexa, caracterizada por doença pulmonar supurativa
 Magnésio e cálcio – importantes na DPOC na crônica, insuficiência pancreática e aumento dos níveis de
contração e relaxamento muscular – Ingerir sódio e cloro no suor, que incide em crianças e adultos
quantidades adequadas (RDA, AI); jovens.

Pacientes com suporte nutricional agressivo monitorar Ocorre mutações no gene localizado no braço longo do
esse minerais, pois são co-fatores de ATP. Foi observado cromossoma 7, codifica uma proteína associada a
nesses pacientes diminuição da massa óssea – Cuidado membrana chamada regulador transmembrana de fibrose
com osteoporose – Podem ser necessárias vitaminas K e d cística que regula o transporte de íons nas membranas de
adicionais. células epiteliais, ocasionando distúrbio no transporte
eletrolítico.
 Pacientes com Cor pulmonale- Requerem restrição
de sódio e líquido. A secreção de muco anormalmente espesso afeta quase
todas as glândulas exócrinas e ductos, obstruindo-os.
Estratégias alimentares (KRAUSE): Ocorre o comprometimento do trato respiratório, glândulas
 Recomendada dieta oral modificada; sudoríparas e salivares, intestino, pâncreas, fígado e trato
 Distensão abdominal: evitar alimentos formadores de reprodutivo.
gases, comer devagar;
 Estimular exercícios adequados, líquidos e fibras As complicações pulmonares são:
mastigáveis para melhorar funcionamento intestinal;  Bronquite aguda e crônica;
 Bronquiectasia;
Para aumentar apetite e diminuir a fadiga:  Pneumonia;
 Repouso antes das refeições;  Atelectasia
 Escolher alimentos de fácil preparo;  Pneumotórax e hemopitise;
 Ingerir pequenas porções de alimentos com alta  Fases avançadas: Cor pulmonale e infecção por
densidade; Burkholdteria cepacia – mau prognóstico
 Fazer uso das medicações fora das refeições;
 Assistência na compra e preparação dos alimentos; Pâncreas – 85% dos pacientes com FC tem insuficiência
pancreática
Terapia nutricional enteral:
 Via oral ou sonda – aumentar a ingestão calórica Tampões de muco espesso
 Considerar a ansiedade do paciente, trabalho e o custo;
 Além da aspiração outras complicações da alimentação
noturna devem ser avaliadas (Sono – diminuição no
consumo de oxigênio de 15 a 25%) Quantidade de enzimas pancreáticas
NOVAS TERAPIAS ERGOGÊNICAS NO TRATAMENTO
DA DPOC – CHEMIN & MURA
Insuficiência pancreática
O uso de esteróides anabolizantes, desde que utilizados
em doses adequadas e por tempo limitado, parecem ser
os mais promissores na DPOC. O uso de creatina e L- Má digestão e absorção de nutrientes
carnitina e, em menor grau, com aminoácidos de cadeia
ramificada, aponta bons resultados.
Indivíduos de alto risco: bebês, crianças, adolescentes,
 Pode ocorrer pancreatite; mulheres grávidas e lactantes.
 Avanço da doença – Intolerância à glicose (50%) e
diabetes (7%-15%). Terapia de reposição de enzimas pancreáticas:
 Diminuição de bicarbonato – diminui atividade
 1° passo para corrigir má digestão e absorção;
enzimática;  Objetivo é controlar sintomas GI, esteatorréia e
 Diminuição da reabsorção de ácido biliar – Má absorção promover crescimento adequado;
de gordura;  São microesferas com revestimento entérico com
 Complicações: Fezes volumosas e fétidas, cólicas, dosagem de enzimas - limitadas a 2500 unidades
obstrução intestinal, prolapso retal e envolvimento hepático. de lipase/kg/refeição (controle empírico);
 Quantidade de enzimas depende:
Terapia nutricional  Grau de insuficiência pancreática e
quantidade de alimentos ingeridos;
Avaliação  Conteúdo de gordura, proteína e carboidrato
do alimento;
Pacientes com FC tem um alto risco de cursar com  Tipo de enzima usada.
desnutrição, devido à má digestão, absorção e as  A gordura fecal ou os estudos de balanço
complicações. nitrogenado podem ajudar a avaliar a adequação
da suplementação de enzima;
- Fatores que interferem na ingestão e retenção de  Bebês e crianças – abrir a cápsula e misturar com
nutrientes: alimentos macios, como: compota de maçã;
 As microesferas não devem ser misturadas com
 Dispnéia, tosse, vômitos (tosse), desconforto GI, alimentos com pH>6, como, PRODUTOS
anorexia (infecções) e possível perda do olfato e LÁCTEOS (leite, pudim, creme e sorvete) pois o
paladar e glicosúria. revestimento entérico pode se dissolver e as
enzimas expostas à acidez gástrica serão
É observado retardo do crescimento e dificuldade de inativadas (também não devem ser mastigadas ou
manter o peso nestes pacientes. A ingestão adequada pode esmagadas.
levar ao crescimento adequado, porém com a progressão
da doença tem-se uma diminuição do crescimento nas A síndrome da obstrução intestinal distal (SOID) ou
crianças e diminuição do peso em relação à altura em impactação intestinal recorrente pode ocorrer em adultos e
adultos. crianças. O tratamento ou prevenção consiste em enzimas,
líquidos, aumento de fibras, exercícios, laxativos e
Objetivos amolecedores de fezes.

 Controlar a má absorção e digestão;


 Proporcionar nutrientes adequados;
 Prevenir deficiências nutricionais;

Tabela 1: Categorias de tratamento em pacientes com FC segundo KRAUSE

ENERGIA: 4) Coeficiente de absorção de gordura (CAG):


Passo a passo para calcular as necessidades:
Os fatores a serem considerados são: sexo, idade, 1 – Determinar a TMB pela OMS
TMB, atividade física, infecção respiratória, gravidade da 2- Multiplicar a TMB por 2 fatores
doença pulmonar e da má absorção.

O cálculo das necessidades energéticas inclui: GED= TMB x (CA+CD)

1) TMB (utilizando as equações da OMS) – É necessário


idade, sexo e peso. Coeficiente de atividade (CA):
2) Coeficiente de atividade física (CA);  Acamado – 1,3
3) Coeficiente da doença pulmonar (CD):  Sedentário – 1,5
 Ativos – 1,7
OBS: Os bebês necessitam de sódio, pois o leite humano e
Coeficiente da doença (CD): alimentos para esta idade possuem baixos teores de sódio.
 Normal – VEF1≥ 80% = 0
 Moderada – VEF1 40 – 79% = 0,2
 Doença Pulmonar – VEF1< 40% = 0,3
 Doença Pulmonar muito grave– VEF1< 40% = 0,4-
0,5

3 – Avaliar o grau de esteatorréia (CAG)


 Insuficiência pancreática: Estratégias de Alimentação:
NED = GDE (0,93/CAG) Na FC tem-se aumento das necessidades, utilizar:
 Refeições regulares e agradáveis;
Se a coleta de gordura fecal não estiver disponível usar:  Porções maiores de alimentos;
NED = GDE (0,93/0,85)  Lanches extras, pp/ antes de dormir e 2 horas
antes das refeições;
 Aumento no gasto energético de até 20%;  Alimentos densidade energética – 2-3x/dia,
 Não deve diminuir a atividade e sim aumentar a suplementos alimentares;
ingestão energética.  Facilitar as preparações – alimentos de
conveniência ou pré-preparados;
 Encorajar a companhia às refeições;
MACRONUTRIENTES:  Coincidir a principal refeição com a hora de maior
gasto energético.
Nutriente Necessidades Bebês:
Carboidratos Pode mudar com o avanço da doença  Encorajar a amamentação;
Proteínas - 15 a 20% VET ou  Pode ser necessário – Fórmulas com  teor
- RDA p/ sexo, idade e altura calórico – 20 a 27kcal/30 ml + enzimas.
 Fórmulas com hidrolisados protéicos e TCM
Lipídeos - 35 a 40% (ou mais) VET
Terapia Nutricional (Quando VO não for suficiente) ou P/A
Pode ocorrer deficiência de ácidos graxos essenciais devido
<75% do ideal.
à má absorção, logo incluir alimentos fonte, como:
 TNE (sonda ou ostomia) – contínua noturna
 Óleo de canola, linhaça, soja ou milho.
 Fórmulas elementares ou não elementares +
enzimas - EFICAZ;
Pode ocorrer também intolerância à lactose, neste caso
alterar a ingestão de carboidratos.
Benefícios da terapia:
 Melhora do ganho de peso;
ATENÇÃO - CHEMIN & MURA  Perda da função pulmonar mais lenta;
 Diminui as infecções respiratórias;
Recomenda-se uma dieta:  Bem estar.
 40% de lipídios;
Adequada em energia (aumentar a oferta O uso da nutrição parenteral só em curtos prazos e quando
energética em cerca de 20-50), proteínas (10 – não se pode utilizar o TGI.
15% ou 2 – 3g/kg para adultos), carboidratos
(45 – 50%), vitaminas e minerais; Fazer avaliação nutricional (peso altura, perímetro
Suplementar vitaminas lipossolúveis. cefálico, dobras cutâneas e circunferência do braço) e
solicitar testes de laboratório, exame físico e avaliação da
consistência das fezes, sinais e sintomas abdominais
Vitaminas e Minerais associados e terapia de reposição enzimática
- Vitaminas hidrossolúveis – Adequadamente absorvidas; Fazer um recordatório alimentar no mínimo anual (mais
- Vitaminas lipossolúveis - mesmo com reposição enzimática frequente na condição de perda de peso ou ganho
são absorvidas inadequadamente, observando: inadequado)
  Vit. A – deficiência de mobilização e transporte; Conduzir a terapia nutricional de forma individualizada,
  Vit. D – levando a  da mineralização óssea; considereando-se idade, estado clínicodo paciente e outros
 Vit. E – associada a anemia hemolítica e achados fatores
neurológicos; Integrar a dieta com rotina da família
  Vit. K – secundária a antibióticos, dç hepática e Facilitar o processo de educação nutricional por meio de
má absorção; informações detalhadas e de fácil entendimento, para que
- Minerais – DRI de acordo com idade e sexo sejam atendidos os requerimentos nutricionais e se evite o
  reservas de ferro e magnésio; aparecimento de complicações, como diabetes
  zinco – Em casos de desnutrição moderada a Tabela 2: Recomendações gerais de tratamento na FC
grave. segundo CHEMIN & MURA

Suplementação: (KRAUSE) CÂNCER DE PULMÃO (KRAUSE)


Vit A Vit E Vit D Vit K
(UI) (UI) (UI) (mg) Em alguns países é a primeira causa de morte tanto em
0-12 meses 1500 40-50 400 0,3-0,5 homens como mulheres. A causa deste tipo de câncer tem
1-3 anos 5000 80-150 400-800 0,3-0,5 sido atribuída ao tabaco.
4-8 anos 5000- 100-200 400-800 0,3-0,5
10000 Estudos demonstraram associação entre a baixa
>8 anos 10000 200-400 400-800 0,3-0,5 ingestão de alimentos e níveis séricos de carotenóides ou
retinóides com o aumento da incidência do CA de pulmão.
Doente hipercatabólico com infecção associada a uma
Não é recomendada a suplementação de -caroteno para doença clínica importante (SARA)
prevenção deste câncer. Mas parece que a ingestão de Pacientes com falências respiratórias.
frutas e verduras é benéfica!
Para minimizar a aspiração durante a TNE algumas
medidas podem ser tomadas, como (KRAUSE):
O tratamento inclui quimioterapia, radioterapia e cirurgia.  Alimentação contínua;
Esse tipo de câncer é altamente consuptivo levando a  Sonda posicionada no duodeno;
desnutrição, além de possuir estresse adicional da fadiga  Elevação do tórax a 45°;
respiratória e diminuição da capacidade residual.  Avaliação freqüente do resíduo gástrico;
 Inflar o cuff da sonda endotraqueal.
A busca e preparação da alimentação podem se tornar
tarefas muito difíceis para estes pacientes, portanto é
CALORIAS
essencial a oferta de alimentos, bebidas e suplementos nas
formas e horários melhor tolerados. Podendo ser utilizado
As necessidades estão aumentadas, porém não devem
suplementos de alta densidade calórica.
ser ofertadas calorias em excesso e nem insuficientes e sim
adequadas, pois: Excesso de calorias – retenção hídrica,
Necessidade energética e proteica no CA pulmonar –
intolerância a glicose, esteatose hepática, diarréia, aumento
CHEMIN & MURA 2011
da produção de CO2 e aumento da TMB (pelo aumento da
Eutrofia ENERGIA: 25 – 35kcal/kg
termogênese induzida pelos alimentos).
PTN: 1 – 1,5g/kg
Reposição ENERGIA: 35 – 50kcal/kg Falta de calorias – balanço nitrogenado negativo, proteólise
PTN: 1,5 – 2,0g/kg e necessidade de ventilação mecânica.
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA (IR) As necessidades podem ser estimadas por Harris-
Benedict ou por calorimetria indireta.
A insuficiência respiratória ocorre quando a eficiência de
permuta gasosa está comprometida acarretando, um  GER x 1,2 a 1,4 (KRAUSE);
fornecimento inadequado de oxigênio aos tecidos orgânicos.  Proteínas 1,5 a 2,0g/kg de peso seco (KRAUSE).
As causas podem ser traumáticas, cirúrgicas ou médicas.  Calorias não protéicas são divididas entre lipídeos e
carboidratos.
A síndrome da angústia respiratória aguda é uma
complicação comum. Na IR por qualquer motivo a paciente ATENÇÃO – DAN WAITZBERG (2009) – TERAPIA COM
precisa de oxigênio através de cânula nasal ou ventilação AGE
mecânica.
A insuficiência pulmonar pode ser definida como
Porém, as maiores dificuldades que estes pacientes entidade clínica na qual a eficiência de permuta gasosa está
apresentam para sair da prótese ventilatória são a fraqueza comprometida, levando, por conseguinte, a um fornecimento
dos músculos respiratórios e a retenção de dióxido de insuficiente de oxigênio aos tecidos.
carbono.
A insuficiência respiratória em sua forma aguda é
O prognóstico é pior para os pacientes com doenças comumente identificada como Lesão Pulmonar Aguda (LPA)
pulmonares crônicas, enfisema, fibrose cística, idosos e ou Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA).
desnutridos.
Por definição, são caracterizadas pela presença de
Terapia nutricional infiltrados pulmonares bilaterais e por queda na relação
PaO2 (pressão parcial de oxigênio no sangue arterial) e a
Objetivos: FiO2 (concentração de oxigênio no ar inspirado).
 Atender as necessidades nutricionais básicas;
 Preservar a massa corpórea magra; LPA  PaO2/FiO2 <300
 Restaurar a massa e força dos músculos
respiratórios; SARA  PaO2/FiO2 <200
 Manter o equilíbrio hídrico;
SARA – caracterizada por edema pulmonar não-
 Melhorar a resistência à infecção; cardiogênico e por hipóxia refratária. Sua característica mais
 Facilitar a saída da ventilação mecânica marcante é a presença de uma inflamação generalizada do
(fornecendo energia sem exceder a capacidade do parênquima pulmonar   função pulmonar.
sistema respiratório de eliminar o dióxido de
carbono) Fatores que podem contribuir para SARA incluem
aspiração, contusão pulmonar, inalação de materiais
Relembrando: Hipercapnia – Aumento anormal de CO2 no tóxicos, choque, fraturas múltiplas, pneumonia, transfusões,
sangue. queimaduras, coagulação intravascular disseminada,
pancreatite e sepse.
Este controle pode ser feito de 2 maneiras:
1- Aumentando a eliminação de CO2; A resposta inflamatória é a chave do mecanismo
2- Diminuindo sua produção. fisiopatológico da LPA e da SARA. As terapias nutricionais
atuais para o tratamento da LPA e SARA envolvem a
A Terapia Nutricional é utilizada nos pacientes redução dos mediadores pró-inflamatórios responsáveis
gravemente enfermos, nos intubados e 2 grupos com IR pela injúria pulmonar, através da utilização de lipídios com
parecem enquadrar-se (DAN WAITZBERG): propriedades anti-inflamatórias.
Considerações nutricionais no tratamento da
Insuficiência Respiratória Aguda TUBERCULOSE (KRAUSE)
Considera-se o uso de dietas que modulem o Quociente É uma doença bacteriana causada por micobactérias
Respiratório (QR), isto é, que promovam menor produção de especificamente Mycobacterium tuberculosis. A tuberculose
CO2, uma vez que pacientes com LPA ou SARA possuem é encontrada em populações pobres, pessoas que vivem
hipercapnia (retenção de CO2). O QR para os CHO é de em locais fechados e cada vez mais como uma complicação
1,0, para proteínas é 0,82 e para lipídios é 0,71. Isso da AIDS.
significa que dietas ricas em CHO produzem mais CO2.
Nestas infecções são prescritas medicações múltiplas,
Devido ao fato que pacientes com SARA tem risco de principalmente os antibióticos, na TB a isoniazida é comum.
retenção de CO2, um dos objetivos seria produzir a queda  ISONIAZIDA – Como o alimento diminui sua
na produção de CO2, logo, uma dieta pobre em CHO e rica absorção ela deve ser ingerida 1h antes ou 2h
em lipídios, produziria queda do QR e traria benefícios para depois das refeições, esgota a B6, interfere no
pacientes com SARA, em especial naqueles em ventilação metabolismo da vitamina D e conseqüentemente
mecânica. A oferta endovenosa de solução de lipídios diminui a absorção de cálcio e fósforo.
também pode economizar proteínas, mas para isso têm que
ser administrados com um mínimo de 500kcal/dia na forma Conduta: Maior ingestão de vitaminas e minerais, aumento
de CHO (cerca de 125g/dia). de quilocalorias, líquidos e monitoração dos exames
laboratoriais.
A suplementação com antioxidantes deve ser avaliada
pelo fato de que níveis séricos baixos de vitamina E e APNÉIA DO SONO (CHEMIN & MURA 2011)
elevados de lipoperóxidos indicativos de dano oxidativo são
comumente encontrados em pacientes com processos É uma condição patológica caracterizada por episódios
inflamatórios agudos. O uso de W3 está associado à síntese de obstrução parcial ou total das vias áreas superiores
de mediadores anti-inflamatórios e o uso de W6-GLA durante o sono, o que resulta em dessaturação da
mostrou menor tempo na ventilação mecânica. oxiemoglobina e despertares, em associação a sintomas
diurnos dos quais o mais significativo é a hipersonolência.
Terapia nutricional com Ácidos Graxos
Este quadro danifica a função e a estrutura respiratória,
A modificação dos lipídios oferecidos através da dieta a ocasionando deterioração fisiológica e patológica,
fim de mediar a resposta inflamatória exacerbada e de criar prejudicando a qualidade de vida, incluindo déficit de
um balanço entre a produção de mediadores pró e anti- atenção, dificuldade de concentração e memória nesses
inflamatórios é uma abordagem recente. pacientes.

EPA e o ácido gama-linolênico (GLA) (enteral ou O tratamento é basicamente enfocado na perda de


parenteral)  Reduzem a severidade da cascata de reação peso do paciente, o que pode melhorar ou prevenir muitos
inflamatória de modo extremamente eficiente, promovendo dos fatores de risco impostos a esses pacientes.
vasodilatação e melhora nas trocas gasosas com diminuição
da permeabilidade da membrana alveolocapilar e do edema Conduta: Recomenda-se reduzir de 500 – 1000kcal/dia e
pulmonar. manter pelo menos 1200kcal/dia ou utilizar 20kcal/kg/dia, o
que pode levar a uma perda de peso de até 900g por
A terapia com EPA e GLA é fundamental no manejo semana.
da LPA e SARA.

Dietas formuladas com lipídios anti-inflamatórios e não


enriquecidas com arginina: Dietas moduladoras de
inflamação.

Necessidades de água – Individualizadas, baseadas no


método de administração de oxigênio e fatores ambientais
(KRAUSE).

A quantidade adequada de glicose tem o QR .=1, se a


oferta for excessiva vai ocorrer lipogênese e seu QR > 1, já
o QR da proteína é de 0,8, dos lipídeos 0,7 e da dieta mista
0,85. O QR (quociente respiratório) é a proporção entre o
volume de dióxido de carbono expirado e o volume de
oxigênio inspirado (CO2/O2).

MICRONUTRIENTES:

Efeito colateral das medicações – Perda de potássio,


cálcio e magnésio na urina.

Durante o anabolismo o balanço de minerais deve ser


monitorado de maneira antecipatória para impedir a
síndrome da realimentação
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