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ARTIGO @<@ Entre a poesia e a ciéncia da informacao: reapropriagées do cinema found footage nos dominios digitais' Between poetry and information science: reappropriations of found footage cinema in digital domains RESUMO © artigo trata de deslocamentos da informago nos territérios do found footage (cinema de reapropriagao de arquivo) € do YouTube, a partir do filme Sem titulo # 3 E para que poetas em tempo de pobreza? (2016). Na pesquisa explicativa, descrtiva e exploratéria que tem 0 estudo de caso como método, s80 abordadas as confluéncias e coinfluéncias entre mediacSo © enunciagfo no arquivistico século XXI. Aponta a hipdtese de que o found footage pode ser um método de mediacgo da informagao. Um procedimento operacional para. se entender os fendmenos da imagem nos campos do audiovisual, das tecnologias da informagio e comunicagso, e das ciéncias da informagéo Palavras-chave: Cinema Found Footage; Informagdo;, Mediagdo; Reapropriagao; YouTube. INTRODUCAO: Claudio Marcondes de Castro Filho” Carlos Adriano Jeronimo de Rosa“ ABSTRACT The article deals with dislocations of information in the territories of Found Footage (cinema of archive reappropriation) and YouTube, based on the film Untitle # 3: And what are poets for in a time of poverty? (2016). In an explanatory, descriptive and exploratory research that uses the case study as a method, the confluences and co- influences between mediation and enunciation in archivistic 21 century are taken. We release a hypothesis that found footage can be a method for the mediation of information. An operational procedure to understand the phenomena of image in the fields of audiovisual media, information and communication technologies, and information science. Keyowrds: Found Footage Film; Information; Mediation; Reappropriation; YouTube. A proliferacgo desenfreada de tecnologias digitais vem permitindo imprevistas e até ento imprevisiveis formas de armazenamento, indexacao, producso, reproducao e " Agradecimentos a Fundaco de Amparo & Pesquisa do Estado de Sao Paulo (Fapesp). * Doutor em Ciéncia da Informagéo. Professor Associado da Universidade de So Paulo. Endereco: FFCLAP, Campus Ribeirdo Preto, Avenida dos Bandeirantes, 3900, Prédio 16, sala 8, Monte Alegre, CEP 4040-901, Ribeiréo Preto. Telefone: (16) 3315-4669. Email: claudiomarcondes@ffcrp.usp.br | claudiomarcondess4@gmall.com Doutor em Estudo dos Melos. © da ProdugSo.--Mediética.-_Cineasta Endere¢o: Universidade de So Paulo, Campus So Paulo, Av. Prof. Lilo Martins Rodrigues, 443, Prédio ECA- Butanta, CEP 0508-020, Séo Paulo, Telefone; (11) 99142-6446. Email: adriano.carlos.ca@gmail.com Linc em Revista, Rio de Janeiro, v.14, n.2,p. 434-447, noverbro 2018. LIS tpt eben hespilddol ongio 1867/48 434 difusio de imagens e sons. Com a disponibilidade de novas ferramentas de organizagso da informagéo & o préprio mundo que se disponibiliza para ser arquivado. © mundo parece ter se convertido em um imenso banco de dados de imagens e sons pronto e prestes a ser reapropriado. O mundo como arquivo tornou- se baliza para a criago de obras artisticas e para a reflexao critica sobre fendmenos € produtos audiovisuais. Portanto, a pauta do arquivo, e de seu natural e consequente corolério — a reapropriacSo e reutiliza¢o desse arquivo -, é das mais urgentes pertinentes hoje. Uma alegoria do mundo como arquivo pode ser vista em Toda meméria do mundo (1956). Nesse filme de Alain Resnais, a camera passeia por corredores e estantes da Biblioteca Nacional de Paris como se percorresse 0 conhecimento acumulado 20 longo dos séculos e depositado nos livros. 0 movimento da cémera convida o espectador a instalar-se como leitor transtemporal. 0 leitor de livros ou o espectador de imagens e de sons, por vezes identificado como usuério, em outros momentos encontra-se perdido como um ndufrago no mar de informacdes. Seriam necessérias formas de mediaco? Quem ou o que seria tal instancia mediadora? Um livro poderia ser um mediador entre seu autor e seu leitor? Jorge Luis Borges oferece um bonito argumento: Emerson disse que um livro, quando esta fechado, é uma coisa entre as coisas. Mas quando seu leitor o abre, entio ocorre o fato estético, e esse fato estético pode nfo ser ou no deve ser exatamente o que 0 autor sentiu, mas algo novo, isto é, cada leitor um criador - um colaborador, em todo caso, do texto. E 0s textos sio, sobretudo, diferentes, nao pelo modo como estao escritos, ‘mas pelo modo como sio lidos (BIBLIOTECA MARIO DE ANDRADE, 1984, p.10). Segundo Mallarmé, tudo existia para acabar em livro (HURET, 1891). Segundo Borges (2001), 0 mundo para caber em uma biblioteca. De acordo com Warburg, as imagens para sobreviverem em um atlas de memsrias (DIDI-HUBERMAN, 2013). Mas hoje, “péstudo”, “tudo existe para acabar em YouTube”, como cravou Augusto de Campos (2015, p. 37) no poema “tvgrama 4 erratum”. Este artigo compila dados de uma pesquisa na seara da reapropriacao cinematografica de arquivo, que gerou a producgo de um filme sobre poesia realizado inteiramente com materiais de arquivos garimpados no YouTube: Sem titulo # 3: E para que poetas em tempo de pobreza? (ROSA, 2016). O artigo pretende ainda apontar a hipétese de que 0 found footage (cinema de reapropriacéo de arquivo) possa ser um método de mediagdo - ow a prépria mediacao — da informaéo. A nogao de garimpo afigura-se justa e apropriada, pois no filme ha pérolas, como as raras imagens em movimento (as tnicas existentes de que se tem noticia) dos poetas Federico Garcla Lorca e Antonio Machado. Sao verdadeiros achados, que jé 0 seriam por si préprios se encontrados em uma cinemateca, mas que se tormam ainda mais inacreditaveis por estarem disponiveis nesta cinemateca imaginéria e democratica (verso DIY das vetustas instituices arquivistas?) que virou o YouTube.* > Talvez fosse mais adequado descrever 0 YouTube como um banco de dados. NSo 6 possivel, no espaco deste artigo, discutir as nuances da noco de arquivo no contexto do YouTube (SCHAFER; KESSLER, 2009), levando em conta aspectos diferenciais de sua natureza e propriedades - como preservacéo, armazenamento e indexagio. Assumimos deixar a denominagao arquivo, por causa d3 reapropriagio de “arquivo do cinema found footage. ii Linc em Revista, Rio de Janeiro, v.14, n.2,p. 434-447, noverbro 2018. LIS tpt eben hespilddol ongio 1867/48 435 BREVIARIO HISTORICO DA REAPROPRIAGAO NO CINEMA No é fenémeno inédito nem recente a apropriagéo de objetos que assumem novos sentidos quando deslocados de seu contexto original, embora sua frequéncia e incidéncia tenham parecido exponenciais e explicitas com a fragmentago das fronteiras do mundo e com a disseminaco das plataformas digitais. No mundo das artes, a reapropriagao é quase sincrdnica & instauraco da modernidade. Quando, em 1917, Duchamp deslocou um urinol do ambiente do banheiro e 0 colocou no espaco da galeria de arte sob 0 nome Fonte ele produziu uma das primeiras apropriacdes conscientes e irdnicas. Apropriou-se de um prosaico objeto cotidiano e o transformou em provocadora obra de arte pela mera a¢do de translaco, sem alterar a figura, apondo titulo e assinatura do artista (sob 0 codinome R. Mutt). Uma genealogia da apropriago no cinema remeteria aos primeiros tempos. Leyda (1971) e Wees (1993) apontam usos rudimentares da apropriagio em duas A antologia referdncia € aquela organizada por Elsaesser (1990). “Um vro celebrat6rio, sem ser encomidstico, faz um balango compreensivo: Strauven (2006), que inclul 0s artigos inauguras, posiciona a genealogia das idelas, situa a perspectiva histérica do concelto e traz extenso conjunto de textos que enfeixam revis6es, criticas e novas consideracSes. Linc em Revista, Rio de Janeiro, v.14, n.2,p. 434-447, noverbro 2018. LIS tpt eben hespilddol ongio 1867/48 437 intertextual”, in re, aborda no o uso de material j filmado, mas a refilmagem de um original seguindo um simulacro quadro a quadro: como fez Segundo de Chomon em seu Voyage dans la lune (1909) a partir do filme homénimo de Méliés (1902); ou como fez Gus van Sant em seu Psycho (1999), sobre uma suposta cépia literal de Hitchcock (1960). A outra forma de apropriagao ¢ a “reciclagem”, in se, que comportaria duas formas (BRENEZ; CHODOROV, 2015, p. 2). A primeira & a “reciclagem endégena”, que se aplica aos casos do trailer (a propaganda com cenas do filme) e da “autossintese” (quando o artista utiliza fragmentos de seus prdprios filmes). J4 a “reciclagem exdgena” se aplica as diferentes formas de citagao ou alusao, das quais Brenez e Chodorov (2015, p. 3) destacam trés modalidades: a) “‘stock footage”, representada pelos filmes B americanos que inserem planos de outras produgdes para compensar as falas de continuidade ou a falta de tomadas de aco; b) “filmes de montagem”, representada pela “colecdo ilustrada” de imagens jé filmadas, como uma critica das atualidades ou um ensaio; c) “found footage”, que torna as imagens auténomas, concentra-se na manipulago do material filmico e aponta para novas esferas e formas de montagem. Como um lance mallarmaico de dados informacionais, continuando nas subdivisGes prismdticas de suas ideias, Brenez e Chodorov (2015) propéem cinco usos principals de found footage: elegiaco, critico, estrutural, materiolégico e analitico. © uso critico é 0 predominante, que parte de imagens extraidas de fontes industriais ou privadas para destruilas, segundo quatro operacdes formais: “anamnese”, “desvio”, “variago/exaustio” e “ready-made”: a)_a“anamnese” (BRENEZ; CHODOROV, 2015, p. 4) € a justaposicao de “imagens de modo a fazé-las significar ndo algo diferente do que dizem, mas precisamente aquilo que elas mostram e que nos recusamos a ver”; b) 0 “desvio” (BRENEZ; CHODOROY, 2015, p. 5) € a teoria e a pratica do détournement da Internacional Situacionista de Guy Debord; ©) a “variaggoJexaustio” (BRENEZ; CHODOROV, 2015, p. 5) “trata de criar variagdes sobre um tinico filme até 0 ponto de esgotar suas potencialidades pela introdugao de um ou varios parémetros plésticos (visuais ou sonoros)”; d) 0 “ready made” (BRENEZ; CHODOROV, 2015, p. 6) retoma o gesto de Duchamp, apropriandose do objeto filme sem tocé-lo ou alterar sua configuragao. © terceiro uso de reciclagem found footage definido por Brenez e Chodorov (2015, p. 7) € 0.uso estrutural, cuja norma é “elaborar um filme no a partir de uma imagem ou motivo, mas de uma proposta, de um protocolo que diz respeito, refiexivamente, 20 préprio cinema”. (0 quarto uso (BRENEZ; CHODOROY, 2015, p. 8) é 0 materioldgico, de exploracao do material substancial da pelicula: 0 estudo da “quimica da emulséo”, a decomposigo “do fotograma em camadas e subcamadas”. “Sob 0 modelo de uma investigago cientifica capaz de ultrapassar ou subverter a racionalidade”, 0 quinto uso é 0 analitico (BRENEZ; CHODOROY, 2015, p. 9), que comporta quatro modos de opera: a) “glosa” (comentério sonoro sobre uma imagem de arquivo); b) “montagem cruzada” (sobreposicéo de imagens); c) ““variagao analitica” (tratado das formas do movimento das imagens); d) “sintese entre montagem cruzada e variagao analitica” Linc em Revista, Rio de Janeiro, v.14, n.2,p. 434-447, noverbro 2018. LIS tpt eben hespilddol ongio 1867/48 3 Os trés usos de reciclagem found footage chamados de estrutural, materiolégico analitico sao referéncias importantes para o filme que é estudado neste artigo. RECICLAGEM DE DADOS COMPARTILHADOS, ARQUIVO DIGITAL, FILME DE FOUND FOOTAGE Sem titulo # 3: E para que poetas em tempo de pobreza? combina duas modalidades de apropriacao: a reciclagem exdgena e a reciclagem endégena (BRENEZ; CHODOROV, 2015). Da primeira instancia, é 0 material coletado do YouTube; da segunda, 0 material recolhido do arquivo do préprio diretor - de seu filme Santos Dumont: pré- cineasta? (2010). A diferenciago da natureza desses acervos também implica uma posicdo moral: o cotejo entre sua meméria pessoal e a meméria do mundo. Por recorrer exclusivamente a materiais de arquivo digitalizados e disponiveis no YouTube, Sem titulo # 3: E para que poetas em tempo de pobreza? permitiria ainda indagar sobre as diferencas de acesso e de uso de acordo com a natureza do acervo, seja puiblico ou privado, e colocar em questao aspectos envolvidos na apropriagao na difusdo do saber humano. Toda essa investigaco se dé no territério artistico, do ensaio poético como forma de expresséo e enunciagao distinta do discurso argumentativo. © conceito de Cobbedick (1996 apud CORDEIRO, 2013, p. 69) sobre “o comportamento dos artistas em busca de informacéo” indica os caminhos entre “Fontes de informacéo inspiradora e Fontes de informaco visual especifica” (p. 69). Com tal conceito, seria possivel esbocar uma avaliagdo sobre um estado de coisas no estranho aos estudos dos meios e da produgao medistica e a esferas afinadas 20 cinema em relacdo as artes intermédias e arte contemporanea (BOLTER; GRUSIN, 2000). Mas € uma situaco que ainda parece ignorada por dreas especificas supostamente afeitas a esse contexto, como a biblioteconomia e a ciéncia da Informagao: “2 informagéo demandada por artistas em servicos de informacao e, especialmente, em bibliotecas, tem sido negligenciada pelos profissionais da informago” (CORDEIRO, 2013, p. 69). Isso implica reconhecer que, a cada época e a cada espaco, as demandas dos artistas em relagdo aos arquivos s80 outras e mudam de acordo com o zeitgeist, este tio fluido espirito do tempo. As solicitagées que os artistas dirigem aos sistemas de informago so de natureza diversa daquelas feitas por razGes pragmiticas, que tem fungo utilitéria, como conseguir um protocolo de cartério a um documento legal. Nessas circunstancias, a informagao deve servir a um propésito bem concreto imediato, colado a mais préxima superficie cotidiana. Nao € 0 que ocorre quando a informacdo é reapropriada segundo propésitos artisticos. Muito ja se perguntou, e muitos j4 se perguntaram: qual a funcSo da arte, qual seu sentido para a vida? Poderfamos argumentar com o poeta que define, no primeiro verso de Ulisses, 0 mito: "“é 0 nada que é tudo” (PESSOA, 1934, p. 19). Sem titulo # 3: € para que poetas em tempo de pobreza? conjuga trés instancias editadas a0 longo do filme: entrevistas e depoimentos de poetas, récitas declamagSes de poemas, reconfiguragdes e elaboragdes posticas (associagSes imagéticas, musicais, plésticas, entre os motivos extraidos dos filmes apropriados). Foi apropriado de Friedrich Hélderlin (1770-1843) 0 verso que dé titulo a Sem titulo # 3: “e para que poetas em tempo de pobreza?” integra o poema Pao e vinho, iniciado em 1800 e completado ao longo da vida de Hélderlin, com publicagao péstuma. Linc em Revista, Rio de Janeiro, v.14, n.2,p. 434-447, noverbro 2018. LIS tpt eben hespilddol ongio 1867/48 % Como o préprio titulo indica, 0 tema do filme € a funco social da poesia nas dimensdes da politica e do engajamento. Como contraponto e correspondéncia aos poetas falando de seu oficio, foram escolhidas imagens de duas situacdes socials representativas da miséria humana, separacas por um abismo de décadas: 0 povoado de Las Hurdes, regio da Espanha, extraida do filme Las Hurdes: tierra sin pan (1933), de Luis Bufiuel, e 0 povo em migracgo dos refugiados sirios, por meio de reportagens de televisso (2015) - ambas encontradas e apropriadas a partir do YouTube. REAPROPRIACAO DA INFORMACAO, MEDIACAO DO YOUTUBE Como objeto digital native, mas também dispositive mediatico, 0 YouTube traz quest6es instigantes para os cannes da mediacdo da informacgo. Segundo Grusin (2009, p. 62), 0 YouTube trata de “uma remediagio da televisdo no ‘mundo dos publicos em rede”. A remediago, conceito de Bolter e Grusin (2000, p. 41), “enfatizava a intensificagéo e a proliferaggo de formas e praticas de mediagio”, € caracterizava os novos meios como “‘incessante remediaggo de outras formas de mediacao, na maioria das vezes mais antigas” (GRUSIN, 2009, p. 63, 65). Assim, “a remediacao descreve uma ldgica de mediaggo que pode ser identificada em muitas formagdes medisticas historicas diferentes e o projeto de remediacao insiste sobre 0 ‘ado da propria mediago” (GRUSIN, 2009, p. 65). Por ser fenémeno relativamente ainda pouco explorado na pesquisa académica, ndo hd um devido distanciamento no tempo para se avaliarem todas as implicagGes e as novas configuragdes que o YouTube colocaria para a mediac3o. Pesquisas como Lovink (2008), Snickars e Vonderau (2009) e Fagerjord (2010) fornecem subsidios para comecarmos a tatear esse territério que abrange as fronteiras do YouTube com a mediago da informaco, o arquivo digital e o found footage. Para o found footage, todo arquivo € um banco de dados de imagens e sons disponiveis para reapropriacées, um sistema de informagao audiovisual que é fonte € repositério, referéncia e inspiraggo, meméria e conhecimento. Inclusive no sentido pedagégico e de prospecco, o cineasta de found footage tem correspondéncias com 0 cientista da informacao que [.-] pode fazer pesquisa direcionada ao desenvolvimento de novas ‘técnicas de manuseio da informacio e pode aplicar as teorias e ‘técnicas da ciéncia da informag3o para criar, modificar e melhorar (05 sistemas de manuseio da informa¢0 (BORKO, 1968, p. 5). Em determinadas circunstancias, 0 found footage poderia ser considerado uma instancia mediadora: as operag6es de pesquisa, escolha e edigdo das imagens a serem trabalhadas num filme do género - como o caso aqui estudado, a partir de materiais encontrados e coletados no YouTube - envolvem o gesto critico da mediacao. Tanto para a mediacSo da informag3o como para o found footage, as acbes e as nogGes de interferéncia e de reapropriagdo no arquivo - e, por extensdo, na informagio - sdo fundamentals. Pela natureza intermedia (entre meios) e intermediéria (sua posico estratégica), pelo cardter critico e analitico (sua posigso heuristic) que a mediaggo da informagdo e 0 found footage envolvem, a interferéncia e a reapropriagdo constituem instncias necessdrias 8 consumacao do proceso mediador, pois Linc em Revista, Rio de Janeiro, v.14, n.2,p. 434-447, noverbro 2018. LIS tpt eben hespilddol ongio 1867/48 44 [-] a apropriagéo da informaggo, no momento em que o individuo transforma seu conhecimento de forma a modifics-o, a alteré-lo. Nao cabe somente a informagao registrada ser objeto da ciéncia da informaggo: adicione-se a ela as atividades culturais inseridas nos ambientes informacionais. Essa associagao torna-se, para Almeida Junior (2007, p. 36), 0 objeto da ciéncia da informacdo (FERREIRA; ALMEIDA JUNIOR, 2013, p. 165). Para 0 dispositive found footage, o arquivo configurase “{...] como forma de interlocucio, de informaco, de conhecimento” (CASTRO FILHO, 2011, p. 147) e é dotado de um “{...] papel mediador, de servigo de comunicagao e informacao, de ensino e aprendizagem” (CASTRO FILHO, 2011, p. 147). Em tempos de hipertextos hipermidias trafegando em congestionadas infovias, 0 arquivo assume outras configuragGes e fungGes, e, consequentemente, exige outras formas e paradigmas de interface e de mediago para a informacéo. Se 0 adagio do “meio é a mensagem” (MCLUHAN, 1996) permanece atual no mundo digital, o lugar (do meio, da mensagem) instaura uma instancia mediadora em que meio e mensagem so permedveis entre si; e por conta da especificidade da condigo digital, meio e mensagem adquirem estatutos intercambidveis, entidades produziveis e reproduziveis, de produco e reproducSo também da informago e da apropriago como elementos geradores e regeneradores de conhecimento e aprendizagem. Nesse sentido, “viver efetivamente ¢ viver com a informagao adequada” (WIENER, 1968, p. 19). E, para tanto, 0 cidadao informacional, a fim de exercer em plenitude seus direitos e deveres na sociedade da informacao, além de suas potencialidades criativas e educativas, deve serfestar formado e informado nos caminhos e meandros dos espagos hipermedisticos que delineiam e compdem as redes sociais e Informacionais. Em tal processo, a figura da mediacSo (da pessoa ou da instituicgo mediadora, da agéncia ou da insténcia mediadora) da informagéo € ndo apenas necesséria, mas sujeita a adaptages do momento me [] a légica da competéncia em hipermedia [hipermediacy] € marcada pela multiplicagéo da mediagao entre redes sociotécnicas, comerciais e politicas como 0 YouTube. Nao é aquela competéncia em hipermidia dos anos 1990 em feicdes formais ou tecnologias de mediacSo e representacio, mas sim a competéncia em hipermidia 2 partir dos anos 2000, envolvendo conectividades de rede, de participacao afetiva e de distribuigSo, através de miiltiplas redes sociotécnicas e mediaticas (GRUSIN, 2009, p. 64). A disseminaco das tecnologias da informagSo e comunicagéo e o consequente acesso a elas trazem um dado novo para o que antes era chamado de consumidor, hoje convertido em usudrio. Com seus graus de alfabetizacio e competéncia constantemente atualizados, 0 usuirio dos servigos de comunicagio, informacao apropriacgo é também - como prova o YouTube, por exemplo - um provedor de informago e apropriacdo. Outra vez, gracas 8 natureza do préprio meio digital e de suas condigées de circulagdo, essas instancias configuram-se permedveis e Intercambiaveis: [] 0 que ocorre, diferentemente de épocas anteriores, é que as tecnologias da informagéo e comunicagao configuram agora a possibiidade de criag5o de espacos menos hierérquicos de Circulagdo dessas informac6es, podendo fazer de cada consumidor cultural um potencial critic ou mediador da informagio (ALMEIDA, 2009, p. 195). Linc em Revista, Rio de Janeiro, v.14, n.2,p. 434-447, noverbro 2018. 1 LIS tpt eben hespilddol ongio 1867/48 44 Seguindo os pressupostos de Cook, Fonseca (2005, p. 64) aponta “[...] 0 fato de que hoje 0 arquivista deve ser um mediador ativo na ‘formatagéo da meméria coletiva através dos arquivos””. Tal formulagao encaixa-se sob medida justa a esse mediador que é 0 YouTube ou a rede de individuos que forma o dispositive mediador chamado YouTube. Assim, cada individuo que difunde ou disponibiliza acervos no YouTube torna-se, por sua vez, uma espécie de instancia desta mediago proliferante. METODOLOGIAS DA REAPROPRIAGAO E DA MEDIACAO DA INFORMAGAO Tomamos 0 “‘estudo de caso como método de pesquisa” (YIN, 2015, p. 4). Em nosso caso, 0 filme como obra de arte auténoma e vinculada 2 pesquisa de linguagem na tradicdo das vanguardas que propdem novos modelos de expresso (para o artista) € de apreciacao (para o espectador). Assim, formula seu préprio campo demarcatério por inaugurar justamente um novo territério, sugere a exigéncia de outros parémetros criticos, ou seja, a proposi¢o de um método adequado ao seu objeto e irredutivel a certas generalizagGes. Um objeto-flme aponta um método found footage. Na divisio em “estudos de caso explicativos”, “estudos de caso descritivos” e “estudos de caso exploratorios” (YIN, 2015, p. 9), 0 found footage como método oscila entre esse triptico ao mobilizar historia e estética do cinema: é explicativo, pois contextualiza um objeto (filme) numa linhagem histérica; é descritivo, pois demanda © inventério de estruturas e procedimentos de forma e linguagem do objeto; é exploratério, pois a forma de experimentacso do objeto imanta o exercicio critico. Por atuar sobre a memdria histérica de um meio (no caso o cinema) e por promover nova forma de mediago entre a obra de arte (no caso o filme) e 0 espectador, 0 found footage abre novo campo de atuacSo e reflexo para a pesquisa - reflexéo como pensamento critico, como espelhamento do mundo. Isso é corroborado pela hipstese de Gil (1999, p. 43), pois as pesquisas exploratérias tm como “finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulacgo de problemas mais precisos ou hipsteses pesquisdveis para estudos posteriores”. Embora a converso do mundo em arquivo digital seja fenémeno relativamente recente, tratase de tema ainda pouco explorado, que exige do pesquisador um instrumental critico e repertdrio de informacao adequado. Como refere Gil (1999, p. 43): [.] pesquisas exploratérias sio desenvolvidas com 0 objetivo de proporcionar visio geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa € realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difcl sobre tle formular hipéteses precisas e operacionalizéveis. J4 Yin (2015, p. 10) descreve cinco métodos de pesquisa principais e os relaciona com formas de questao de pesquisa: Se 0 método é “a) experimento - como, por qué? b) levantamento - quem, o qué, onde, quantos?; c) andlise de arquivos - quem, o qué, onde, quantos?; d) pesquisa histérica - como, por qué; e) estudo de caso - como, por qué?”. Por operar nas fronteiras entre disciplinas, o found footage conjugaria todos esses métodos e todas essas formulacGes de pesquisa. © found footage est sintonizado com o mundo em que vivernos e com 0 modo com que nele vivernos: tudo existe para acabar em YouTube, fotografa-se para postar no Linc em Revista, Rio de Janeiro, v.14, n.2,p. 434-447, noverbro 2018. 2 LIS tpt eben hespilddol ongio 1867/48 “4 Facebook; as experiéncias se dao para serem compartilhadas, as coisas convertem-se em dados para serem catalogadas. O que confirma a hipétese de Yin (2015, p.17): [..]oestudo de caso é uma investigago empirica que investiga um fenémeno contemporéneo (0 “'caso”) em profundidade e em seu contexto de mundo real, especialmente quando os limites entre o fenémeno eo contexto puderem nao ser claramente evidentes. © método found footage dialoga, mais que emula ou simula, com “as diferentes fases da anélise de contetido” que se organizam “em torno de trés polos cronoldgicos: a préandlise; a explorago do material; o tratamento dos resultados, a inferéncia e 2 interpretagao” (BARDIN, 2011, p. 125). Um exercicio prévio de pesquisa delimita os materiais a serem apropriados; um procedimento estético define a forma de exploragao dos materiais em novo objeto, distinto e distante do arquivo de origem; um proceso operacional organiza a estrutura em que e com que esses materiais si0 construidos, demandando novos exercicios interpretativos. Assim, entendemos que 2 reapropriacgo tal como praticada pelo found footage pode ser tomada como um método. Para o filme Sem titulo # 3: E para que poetas em tempo de pobreza?, a busca de informagSes seguiu um método préprio a prética da reapropriagao cinematogréfica. Por seu cardter de rizoma, a rede digital do YouTube parecia propicia & busca que conjuga inten¢o e aleatoriedade. 0 propésito prévio de selecionar imagens e sons de poetas de determinado periodo histdrico foi modificado & medida que outros materiais nao previstos eram passados em revista. Em lugar de uma légica racional do discurso, o filme prope a enunciagéo de uma analdgica poética do discurso. Os depoimentos dos poetas organizam-se como fulguracdes formuladas por frases € figuras, articulando-se como uma constela¢o de rit mos e motivos. No filme, a prépria prospeccéo das imagens dos poetas configurou-se como um método poético. Definidos os poetas que seriam encontrados (dada a época de sua atuagao), a busca parecia isomérfica & pesquisa: 0 mecanismo de busca de uma base digital como a do YouTube assemelha-se muito & estrutura de um pensamento ~ tal como imaginado pelo poeta Paul Valéry a propésito de Leonardo Da Vinci, que constitui o “método heuristico-semidtico” (PIGNATARI, 1979, p. 13) ~ postico, que opera por associacGes e correspondéncias, que acolhe as contribuigGes imprevistas € benfazejas do acaso, que procede aos acertos enquanto processa os fracassos. © método da reapropriagao de materiais de arquivo proposto pelo found footage parece afinado com os conceitos da ciéncia da informago. Ou, 20 menos, parece sugerit a hipétese de um novo campo de didlogo entre as disciplinas dos estudos do cinema (histéria, estética) e da ciéncia da informagao (organizagao, mediago), por conta da natureza e da operacgo do filme de reapropriacgo. O territério de compartilhamento de videos sugere um compartimento aberto & investigaco interdisciplinar. Pensamos que as novas configuracdes do arquivo em tempos de YouTube poderiam ser incluidas entre “[...] as trés novas revolucGes cientificas que originam trés novos paradigmas cientificos” (LE COADIC, 2004, p. 107). Os trés paradigmas afiguram-se adequados ao YouTube como dominio de arquivos, tanto no sentido de territério como de comando: “‘paradigmas do trabalho coletivo, do fluxo e do uso” (LE COADIC, 2004, p. 107). Por ser 0 acervo de imagens e sons do YouTube um dispositivo que se origina de miiltiplas contribuigdes, sem centro e sem hierarquia, disponivel para reapropriagGes ii Linc em Revista, Rio de Janeiro, v.14, n.2,p. 434-447, noverbro 2018. LIS tpt eben hespilddol ongio 1867/48 443 e constituido como “obra aberta”, seria um exemplo de paradigma do trabalho coletivo, pois “[..] hoje, a vida profissional organizase cada vez mais pela organizagao em rede de pessoas e computadores” (LE COADIC, 2004, p. 108). ‘Ao fazer do consumidor da informagao também um produtor da informagao, criando, assim, dessa interface flutuante, um mediador de fato dos fendmenos informacionais, o YouTube seria um paradigma do uso: “[...] a revoluco que afeta 0 atual momento do ciclo permite perceber a passagem progressiva da énfase no documento para a énfase na informaco” (LE COADIC, 2004, p. 110). Se a denominago found footage compreende primordialmente o campo da pratica da produgo de um filme, esta terminologia também abarca o campo da teoria critica de um método. Para realizar seu filme de reapropriagao, o cineasta mobiliza no apenas sua pericia artistica e técnica, mas ainda sua expertise critica e tedrica. Para escolher e editar imagens filmadas por outros, em diferentes tempos e espacos, 0 cineasta agencia seu repertério de informagées culturais e sua competéncia de acesso aos arquivos, sua information literacy. Para retrabalhar as imagens, tratando-as com manipulag6es graficas, texturas e efeitos visuais, 0 artista precisa mergulhar em seu repositério de conhecimentos sobre arte, cinema, histéria, ciéncias. Porque a reapropriagdo de arquivo demanda daqueles que nela se aventuram um saber a mais por operarem entre disciplinas (arte, cinema, histéria, ciéncias) sem inocéncia; por estarem cientes de que sua formaco educacional e repertdrio sensivel-intelectual so fundamentais para dar um novo sentido a um material escavado de um arquivo carregado de sentidos originais, € por vezes perdidos, para reimaginar a meméria coletiva. Como fonte e fruto de conhecimento e informacgo, o found footage é chave pedagégica para um método. CONSIDERAGOES FINAIS (OU QUASE) Uma vez exaltado como expressdo maxima do século XX, o cinema tornou-se 20 mesmo tempo imagem da modemidade para a arte contemporanea e simulacro de clichés para a vida cotidiana no século XI. E, sobretudo, referencia de catalogago das coisas do mundo: fatos e gestos que moldaram o século passado codificaram-se como arquivo de informag6es & disposicao para a mediacao critica. O mundo contemporaneo converteu-se em um imenso banco de dados audiovisuals, um museu de atualidades. Por trabalhar justamente 0 mundo como arquivo de informacées e como um continuo processo de mediacao (e de remediag6es), o found footage apresenta-se sob a forma de um procedimento operacional apropriado para se entender os fendmenos da imagem, nos campos dos meios audiovisuais, das tecnologias da informago e comunicacgo, das ciéncias da informacao. Prioritariamente referido como forma ou género denominador de producgo cinematogréfica (que recicla, reedita e ressignifica imagens alheias), ao transitar entre disciplinas e midias o found footage configura-se como um método eritico para os estudos nos mais variados campos. Por mimetizar potencialmente 0 mundo como arquivo, 0 YouTube mostra-se sob 2 forma de um dispositive de feic6es pertinentes para acomodar essa imagem do mundo como banco de dados audiovisuals. Sua natureza aparentemente colaborativa e nao hierarquizada - a miragem do poder da corporacao capitalista nao se dissipa no horizonte e configura uma imagem real de dominio -, prépria da interacgo gerada ii Linc em Revista, Rio de Janeiro, v.14, n.2,p. 434-447, noverbro 2018. LIS tpt eben hespilddol ongio 1867/48 44 pela situacao de redes sociais, poderia sugerir um espaco idealizado de construcéo difusdo da meméria coletiva. Se 0 found footage é um método de andlise do mundo, o YouTube ¢ uma alegoria do estado da arte do mundo. Neste artigo, tentamos tatear um territério ainda pouco explorado por conta da condigao vertiginosa dos acontecimentos contemporaneos, recentes e cambiantes, e por conta de seu corolério critico (0 no distanciamento no tempo impede uma plena compreensao de processos e prototipos, e no da conta da extensdo de questdes implicadas). Como o conhecimento pode se aparelhar ou se atualizar para entender uma nova imagem do mundo talhada pelas tecnologias da informacao e comunicagao? Como os novos arquivos da era digital séo reapropriados pelos expedientes da mediacgo? Como os supostos paradigmas digitais de indexacao e acesso afetam os pressupostos da mediagdo? Como se dé a mediacdo da informacao, segundo o found footage? Como se da a mediagao da informagao no campo de um arquivo-dispositivo como o YouTube? Uma sugestio seria recorrer &s formas da arte para se encontrar um modo de andlise. No caso, a partir do filme Sem titulo # 3: E para que poetas em tempo de pobreza?, 2 proposta foi tomar o cinema de reapropriagio de arquivo ~ found footage - como método critico, pertinente & configuraco e as exigéncias do mundo presente. Critico como um termo aplicado 20 oficio e ao exercicio da critica, mas também como um termo que define uma posicgo de espanto e uma situagao de crise mesmo, diante de um mundo também em crise que desafia tanto nossa sobrevivéncia como nossa compreensao. ‘Amtigo recebido em 02/03/2018 e aprovado em 05/09/2018, REFERENCIAS ALMEIDA, Marco Antonio. InformacSo, tecnologia e mediagGes culturais. Perspectivas em Ciéncia da Informagao, Belo Horizonte, v. 14, ntimero especial, p. 184-200, 2009. ALMEIDA JUNIOR, Oswaldo Francisco. Mediago da informacao e miltiplas guagens. Tendéncias da pesquisa brasileira em ciéncia da informagdo, v. 2, n.1, p. 89- 103, jan./dez. 2009. Disponivel em: . Acesso em: 5 jan. 2018. BARDIN, Laurence. Andlise de contetido. 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