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7 Rodada
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7ª RODADA - 02/09/2015
RETA FINAL
CEI-AGU/PGFN
PREPARATÓRIO PARA A ADVOCACIA GERAL
DA UNIÃO E PROCURADORIA GERAL DA
FAZENDA NACIONAL
7ª RODADA - 02/09/2015
RECADO IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário.
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua
gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
PROFESSORES
CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO. Professor de Direito Civil, Penal e Processo Penal.
Procurador Federal, lotado em Boa Vista/RR – Concurso 2013/2014, onde atua na Procuradoria Federal Especializada
junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR. Graduado em Direito pela Faculdade
de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA – Campina Grande/PB. Pós-Graduando em Direito Administrativo pela
Universidade Estácio de Sá e Complexo de Ensino Renato Saraiva. Aprovado também nos concursos de Analista e
Técnico do TJPE; Advogado da Câmara Municipal de João Pessoa; Procurador da Assembléia Legislativa da Paraíba;
Procurador do Município de Maceió; Advogado do DETRAN/PB..
JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.
Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso
2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela
Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado
em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do
Piauí – ESMEPI.
SUMÁRIO
ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de
simular a situação encontrada em prova.
DIREITO CONSTITUCIONAL
d) A quebra do sigilo inerente aos registros bancários, fiscais e telefônicos pela CPI tem
abrigo constitucional, ao admitir que referidas Comissões têm poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais. Por esta razão, não se justifica que sejam objeto de
controle jurisdicional.
b) Não será conhecida a reclamação constitucional quando não juntada aos autos cópia
integral da decisão paradigmática da Suprema Corte tida por desrespeitada.
c) Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega
tenha desrespeitado decisão do STF.
d) Em regra, não cabe reclamação quando utilizada com o objetivo de fazer prevalecer a
jurisprudência do STF, em situações nas quais os julgamentos do Tribunal não se revistam
de eficácia vinculante.
a) O número total de Deputados, bem como a representação por Estado, pelo Distrito
Federal, e pelos Territórios, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente
à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta
Deputados.
DIREITO TRIBUTÁRIO
4. Supondo que a pessoa jurídica Primavera Ltda. constitua uma filial, com inscrição individualizada
no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), é correto afirmar:
c) Embora a cobrança judicial da Dívida Ativa não esteja sujeita a concurso de credores
ou habilitação em falência, a decretação desta última traz algumas implicações no curso
do processamento do executivo fiscal, como, por exemplo, a necessária remessa, ao juízo
falimentar, do produto da alienação eventualmente levada a cabo na execução fiscal em
momento anterior à quebra.
d) Embora possível, em tese, a conexão entre a ação anulatória e a execução fiscal, nem
sempre o reconhecimento daquela resultará na reunião dos feitos para tramitação conjunta
junto ao juízo prevento.
e) A ação declaratória pressupõe uma certeza objetiva, razão pela qual não é cabível contra
lei em tese ou quando versar sobre situação hipotética ou futura.
DIREITO FINANCEIRO
8. Julgue os itens a seguir, à luz da doutrina e da legislação de regência das finanças públicas:
II. Considerando que o orçamento se materializa em lei que não cria direitos subjetivos, e
sendo este meramente autorizativo, é correto afirmar que nenhuma despesa dele constante
deverá ser obrigatoriamente realizada.
IV. Segundo o Princípio da Anualidade, todas as leis orçamentárias vigem pelo período de
01 ano.
9. Assinale a alternativa correta, com base na doutrina e nas disposições legais e constitucionais
pertinentes:
DIREITO ECONÔMICO
a) A adoção de medida preventiva, que pode ser realizada em qualquer fase do inquérito
administrativo para apuração de infrações ou do processo administrativo para imposição
de sanções por infrações à ordem econômica, é medida inacumulável com a aplicação de
multa diária.
DIREITO ADMINISTRATIVO
c) O consórcio público será constituído por contrato, cuja celebração depende da prévia
subscrição de um protocolo de intenções pelos entes participantes, do qual é cláusula
necessária aquela que estabeleça a denominação, a finalidade, e o prazo de duração, e a
sede do consórcio.
13. Acerca das normas referentes aos convênios, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a
alternativa correta:
III. É vedada a celebração de convênios com pessoas físicas ou entidades privadas com
fins lucrativos.
IV. O convênio poderá ser denunciado a qualquer tempo, ficando os partícipes responsáveis
somente pelas obrigações e auferindo as vantagens do tempo em que participaram
voluntariamente da avença, não sendo admissível cláusula obrigatória de permanência ou
sancionadora dos denunciantes.
14. Acerca da responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos
contra a administração pública, nacional ou estrangeira, julgue os itens a seguir, assinalando, ao
final, a alternativa correta:
III. Nas ações de responsabilização judicial pelos atos previstos na Lei Anticorrupção será
adotado o rito previsto na Ação de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992).
15. Acerca do regime jurídico das parcerias voluntárias, assinale o item incorreto:
a) O regime jurídico das parcerias voluntárias tem como fundamentos a gestão pública
democrática, a participação social, o fortalecimento da sociedade civil e a transparência
na aplicação dos recursos públicos, devendo obedecer aos princípios da legalidade, da
legitimidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da economicidade, da
eficiência e da eficácia, além dos demais princípios constitucionais aplicáveis e outros
relacionados na legislação, como a valorização dos direitos dos povos indígenas e das
comunidades tradicionais.
d) As parcerias deverão ser executadas com estrita observância das cláusulas pactuadas,
sendo vedado realizar despesas a título de taxa de administração, de gerência ou similar;
pagar, a qualquer título, servidor ou empregado público com recursos vinculados à parceria,
salvo nas hipóteses previstas em lei específica e na lei de diretrizes orçamentárias; e efetuar
16. Dentre as fontes de direito internacional abaixo, assinale aquela que não está expressamente
prevista no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça:
c) Costume internacional.
d) Decisões judiciárias.
III. Em razão da necessidade de que a prática reiterada que forma um costume seja
também generalizada, não há como se falar em costumes regionais no âmbito do direito
internacional.
IV. O costume internacional foi a primeira fonte de direito internacional e foi também a
principal, até o século XVII, a partir de quando, após os Tratados de Westfália, as convenções
internacionais passaram a ganhar maior importância.
a) I e II.
b) I, III e IV.
d) I e IV.
18. Sobre os processos de internalização e denúncia dos tratados no Brasil, julgue os seguintes
itens:
III. O STF já teve a oportunidade de afirmar que um tratado internacional só passa a vincular
e a obrigar no plano do direito positivo interno a partir da sua promulgação e publicação
via decreto presidencial, não bastando, portanto, a aprovação do Congresso Nacional.
b) I, II e III.
c) I, II e IV.
d) III e IV.
a) A entrada de estrangeiros no território brasileiro deve ser feita somente pelos locais
onde houver fiscalização dos órgãos competentes dos Ministérios da Saúde, da Justiça e da
Fazenda.
b) O visto de trânsito poderá ser concedido ao estrangeiro que, para atingir o país de
destino, tenha de entrar em território nacional, sendo prescindível tal visto ao estrangeiro
que, em viagem contínua, precise realizar apenas escala obrigatória no país.
d) A deportação só tem lugar depois que o estrangeiro entrou no país, não se confundindo
com o impedimento à entrada, no qual o estrangeiro não passa da barreira policial da
fronteira, porto ou aeroporto.
DIREITO EMPRESARIAL
20. Suponha que determinado agente econômico pretenda constituir sociedade anônima para a
produção e a circulação de alimentos. Nesse contexto, julgue itens a seguir:
II. É correto afirmar que o sócio, ao constituir sociedade anônima, somente será
responsável, salvo em situações excepcionais, pela sua parte no capital social.
IV. Conforme previsão da LSA, o capital social poderá ser formado com contribuições em
dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.
21. No campo do direito societário, são muito comuns as chamadas operações societárias, nas
quais as sociedades se relacionam entre si, transformando-se, fundindo-se, incorporando outras
ou transferindo parcela de seu patrimônio a outras. Em todos esses casos – transformação,
incorporação, fusão e cisão -, haverá mudanças relevantes na estrutura das sociedades, que
trarão consequências jurídicas relevantes (André Luiz Santa Cruz Ramos, Direito Empresarial
Esquematizado, 2ª Ed., 2011, pág 368). Acerca das operações societárias, julgue os itens a seguir:
II. Na incorporação, haverá a extinção da(s) sociedade(s) incorporada(s), mas não surgirá
uma nova sociedade.
III. Conforme disposto no Código Civil, a cisão se trata da operação pela qual a sociedade
transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse
fim ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida, se houver versão de todo o seu
patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.
IV. Até noventa dias após publicados os atos relativos à incorporação, fusão ou cisão, das
sociedades anônimas, o credor anterior, por ela prejudicado, poderá promover judicialmente
a anulação deles.
DIREITO CIVIL
II. O proprietário tem o direito de reaver a coisa de quem quer que a possua ou detenha,
para tanto, dispõe da ação reivindicatória, que é imprescritível, embora de natureza real.
III. O proprietário também pode ser privado da coisa, no caso de ser reivindicado imóvel
urbano, com área de até 250 m², na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto
ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico
relevante.
V. O imóvel urbano abandonado pelo proprietário com a intenção de não mais o conservar
em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado,
como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito
Federal, se achar nas respectivas circunscrições.
c) I, V, estão incorretas.
a) Capacidade de gozo ou de exercício consiste na aptidão para exercer, por si só, os atos
da vida civil, logo, o seu titular tem legitimação plena para prática de atos jurídicos.
b) São pertenças os bens cuja existência supõe a do principal, não constituindo partes
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento
de outro.
c) O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei,
ou a convenção com o devedor, no entanto, a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser
oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
e) Os pais são responsáveis pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em
sua companhia, portanto, trata-se de responsabilidade objetiva, que prescinde prova de
culpa dos filhos para a ocorrência do dano sofrido pela vítima.
e) Para que o evicto possa exercer o direito que resulta da evicção deverá notificar o
alienante imediato do litígio por meio da denunciação da lide. Não atendendo o alienante à
denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar
de oferecer contestação, ou usar de recursos.
II. Para a teoria eclética, cunhada por Enrico Tullio Liebman e adotada pelo Código de
Processo Civil brasileiro de 1973, o conceito de ação pode ser entendido como o direito
público subjetivo a um pronunciamento judicial sobre a situação jurídica controvertida
deduzida no processo. O exercício desse direito, contudo, não é totalmente abstrato,
mas depende do atendimento das chamadas condições da ação (para alguns condições
para o provimento final), que são a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e
legitimidade para a causa.
III. Quanto ao meio de prestação, a tutela jurisdicional diferenciada pode ser de urgência,
de evidência ou inibitória.
e) O âmbito da teoria da causa madura cinge-se às causas que versam questão exclusivamente
de direito, não podendo ser ela aplicada quando, para a análise do recurso, seja inevitável
a apreciação do acervo probatório contido nos autos.
27. Dispõe o art. 591 do CPC que “O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações,
com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei”. Nesse norte,
à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta:
b) Caso não utilizados incontinenti, podem ser penhorados os valores recebidos a título de
indenização trabalhista e aplicados em fundo de investimento ou aplicação assemelhada,
mas desde que não ultrapassem ao patamar de 40 (quarenta) salários-mínimos.
c) Deve ser restritivamente interpretada a regra do inciso X do art. 649 do CPC (Art. 649.
São absolutamente impenhoráveis: X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a
quantia depositada em caderneta de poupança), não podendo ser ela estendida a outros
tipos de aplicações diversas da poupança.
28. Sobre os crimes contra o sistema financeiro nacional, assinale a alternativa correta.
b) O crime de gestão fraudulenta é próprio, razão pela qual não admite a participação
de terceiro estranho à administração da instituição financeira. No entanto, admite-se a
aplicação do princípio da insignificância.
e) O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar,
a qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes
previstos nesta lei. No entanto, o sigilo dos serviços e operações financeiras pode ser
invocado como óbice ao atendimento da requisição.
b) A inabilitação para dirigir veículo, quando este for utilizado para a prática de crime doloso,
é efeito automático que decorre da condenação, dispensando a respectiva motivação na
sentença condenatória.
c) Não poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito
do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
d) A obrigação de reparação do dano, cujo valor mínimo deve ser fixado pelo juiz na
sentença, e a perda em favor dos Estados dos instrumentos do crime e do produto do crime,
ressalvado o direito do lesado ou do terceiro de boa-fé, são efeitos genéricos, porém, não
são automáticos.
30. Sobre os recursos, julgue as alternativas a seguir, de acordo com os enunciados das súmulas
de jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
II. Não constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões
ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor
dativo.
b) I, II e IV estão corretos.
DIREITO DO TRABALHO
excepcional” tenha sido declarado nulo em razão da falta de realização de concurso público,
nos termos do art. 19-A da Lei n. 8.036/90.
d) A contratação efetivada com ente da administração pública não produz efeitos jurídicos,
se o certame público posteriormente for anulado. Trata-se de hipótese similar à contratação
realizada sem a observância da exigência contida no artigo 37, inciso II, da Constituição
Federal de 1988.
e) A nomeação reiterada para o exercício das funções de oficial de justiça “ad hoc” é capaz
de gerar vínculo empregatício com a Administração Pública.
c) Salvo se concedidas as férias nos doze meses subsequentes à data em que o empregado
tiver adquirido o direito, será devido o pagamento em dobro da remuneração de férias,
incluído o terço constitucional, quando o empregador não efetuar o pagamento da
remuneração das férias até dois dias antes do início do respectivo período de gozo.
e) É inválida a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, ainda que
ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de
trabalho.
33. Sobre a presença da Fazenda Pública no processo do trabalho, assinale a assertiva CORRETA.
e) Caso não haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer, são inválidos os atos
praticados pelo substabelecido.
Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos
seguintes objetivos:
b) O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o
Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por
regime próprio de previdência social.
d) O brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros
ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.
QUESTÃO 1 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 31 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 32 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 33 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 34 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 35 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 36 ALTERNATIVA B
DIREITO CONSTITUCIONAL
d) A quebra do sigilo inerente aos registros bancários, fiscais e telefônicos pela CPI tem
abrigo constitucional, ao admitir que referidas Comissões têm poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais. Por esta razão, não se justifica que sejam objeto de
controle jurisdicional.
COMENTÁRIO
Sobre a afirmativa do item “a”, o entendimento do STF no MS nº 24.832 foi justamente o contrário,
no sentido de que não aparentam caracterizar abuso de exposição da imagem pessoal na mídia, a
transmissão e a gravação de sessão em que se toma depoimento de indiciado, em CPI. Assim, incorreto
o item “a”.
O item “c” está incorreto, de acordo com o art. 5º, §2º, da Lei 1.579/1952, que dispõe sobre as Comissões
Parlamentares de Inquérito. De acordo com o dispositivo, a incumbência da Comissão Parlamentar de
Inquérito termina com a sessão legislativa em que tiver sido outorgada, salvo deliberação da respectiva
Câmara, prorrogando-a dentro da Legislatura em curso.
Com relação ao item “d”, embora o artigo 58, §3º, da Constituição Federal, delegue à CPI poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, isso não afasta a possibilidade de controle jurisdicional sob
os atos que praticar. Conforme entendeu o STF no MS nº 25.668, a quebra do sigilo inerente aos registros
bancários, fiscais e telefônicos, por traduzir medida de caráter excepcional, revela-se incompatível com
o ordenamento constitucional, por exemplo, quando fundada em deliberações emanadas de CPI cujo
O item “e” contraria a redação do art. 3º, §2º, da Lei 1.579/1952, segundo o qual o depoente poderá fazer-
se acompanhar de advogado, ainda que em reunião secreta. Assim, incorreto o item “e”.
O item correto, portanto, é o “b”. A jurisprudência do STF entende prejudicadas as ações de mandado
de segurança e de habeas corpus, sempre que, impetrados tais writs constitucionais contra CPIs, vierem
estas a extinguir-se, em virtude da conclusão de seus trabalhos investigatórios, independentemente da
aprovação, ou não, de seu relatório final. No entender do STF, tais casos implicam em perda superveniente
do objeto.
b) Não será conhecida a reclamação constitucional quando não juntada aos autos cópia
integral da decisão paradigmática da Suprema Corte tida por desrespeitada.
c) Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega
tenha desrespeitado decisão do STF.
d) Em regra, não cabe reclamação quando utilizada com o objetivo de fazer prevalecer a
jurisprudência do STF, em situações nas quais os julgamentos do Tribunal não se revistam
de eficácia vinculante.
COMENTÁRIO
O item “a” está correto, e corresponde a entendimento do STF proferido por ocasião do julgamento
da Reclamação 5.310. Acrescenta-se ao conceito que a Reclamação não se presta a antecipar julgados,
a atalhar julgamentos, a fazer sucumbir decisões sem que se atenha à legislação processual específica
qualquer discussão ou litígio a ser solucionado juridicamente.
O item “c” também está correto, e corresponde ao enunciado da súmula nº 734 do STF, que evita que a
reclamação seja utilizada como via rescisória de julgados.
Quando ao item “d”, ele reflete posicionamento do STF no julgamento da Reclamação nº 4.381. Atentem
que nesse julgado o STF reconheceu que não cabe reclamação quando utilizada com o objetivo de
fazer prevalecer a jurisprudência da Suprema Corte, em situações nas quais os julgamentos do Supremo
Tribunal Federal não se revistam de eficácia vinculante. Entretanto fez a seguinte ressalva: “exceto se se
tratar de decisão que o STF tenha proferido em processo subjetivo no qual haja intervindo, como sujeito
processual, a própria parte reclamante”.
O item incorreto, portanto, é o “b”. Conforme já decidiu o STF na Reclamação nº 10.202, o conhecimento
da reclamação constitucional não está condicionado à juntada aos autos de cópia integral da decisão
paradigmática da Suprema Corte tida por desrespeitada. De outro norte, na reclamação nº 15.316,
entendeu o Tribunal que a inicial deve vir acompanhada de documento essencial, no que indispensável
à compreensão da controvérsia. Ademais, considera-se inepta a petição inicial de reclamação que não
identifica com precisão quais seriam os atos contrários à autoridade do STF, nem que indique analiticamente
como os atos reclamados poderiam violar a autoridade dos precedentes invocados (nesse sentido é a
Reclamação nº 9.732).
a) O número total de Deputados, bem como a representação por Estado, pelo Distrito
Federal, e pelos Territórios, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente
à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta
Deputados.
COMENTÁRIO
Com relação ao item “a”, embora a assertiva esteja correta quanto aos Estados e Distrito Federal, atentem
que no caso dos Territórios a Constituição elegeu um número fixo, de 4 deputados por território (art. 45,
§2º). Incorreto, portanto, o item.
Com relação ao item “b”, muito embora essa obrigação esteja prevista no art. 50, §2º, da Constituição,
o STF entendeu no RMS 28.251-AgR que o direito de requerer informações aos ministros de Estado foi
conferido pela Constituição tão somente às Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, e não
a parlamentares individualmente. Nesse contexto, o parlamentar individualmente não possui legitimidade
para impetrar mandado de segurança para defender prerrogativa concernente à Casa Legislativa a qual
pertence. Assim, o item “b” também está incorreto.
O item “d” está incorreto, já que o art. 52, I, da CF, fixa a competência do Senado Federal para processar
e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma
natureza conexos com aqueles. Nesse sentido, no julgamento da Pet. 1.656, entendeu o STF que o
processo de impeachment dos ministros de Estado, por crimes de responsabilidade autônomos, não
conexos com infrações da mesma natureza do presidente da República, ostenta caráter jurisdicional,
devendo ser instruído e julgado pelo STF.
Com relação à proibição citada no item “e”, de acordo com o art. 54, II, “a”, da CF, seu termo inicial se dá
com a posse, e não com a expedição do diploma, estando incorreto o item.
O item correto é o “c”. O art. 51, I, da Constituição Federal, fixa a competência da Câmara dos Deputados
para privativamente autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o
Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado. Seguindo esse modelo, entende o
STF que a instauração de persecução penal, perante o STJ, contra Governador de Estado, por supostas
práticas delituosas perseguíveis mediante ação penal de iniciativa pública ou de iniciativa privada, deve ser
necessariamente precedida de autorização legislativa, dada pelo Poder Legislativo local, a quem incumbe,
com fundamento em juízo de caráter eminentemente discricionário, exercer verdadeiro controle político
prévio de qualquer acusação penal deduzida contra o chefe do Poder Executivo do Estado membro.
No julgamento do HC 80.511, ressaltou o Tribunal que na locução constitucional ‘crimes comuns’, estão
compreendidas todas as infrações penais, inclusive as de caráter eleitoral, e, até mesmo, as de natureza
meramente contravencional.
DIREITO TRIBUTÁRIO
4. Supondo que a pessoa jurídica Primavera Ltda. constitua uma filial, com inscrição individualizada
no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), é correto afirmar:
COMENTÁRIO
A primeira parte da assertiva encontra-se correta, vez que a jurisprudência, à vista da autonomia jurídica
e administrativa de cada estabelecimento (o que se identifica pela inscrição individualizada no CNPJ), tem
assentado que matriz e filial devem ser considerados individualmente para a certificação da situação fiscal
por meio de certidão negativa (CND):
Por outro lado, é importante também destacar que, inobstante o entendimento acima referido no que
tange às CND´s, o mesmo STJ tem admitido que valores depositados em nome da filiais sejam penhorados
por dívidas da matriz. Nesse sentido o julgado, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC, divulgado
no Informativo nº 524 daquela Corte:
Primeira Seção
Os valores depositados em nome das filiais estão sujeitos à penhora por dívidas tributárias da
matriz. De início, cabe ressaltar que, no âmbito do direito privado, cujos princípios gerais, à
luz do art. 109 do CTN, são informadores para a definição dos institutos de direito tributário,
a filial é uma espécie de estabelecimento empresarial, fazendo parte do acervo patrimonial
de uma única pessoa jurídica, partilhando os mesmos sócios, contrato social e firma ou
denominação da matriz. Nessa condição, consiste, conforme doutrina majoritária, em uma
universalidade de fato, não ostenta personalidade jurídica própria, nem é sujeito de direitos,
tampouco uma pessoa distinta da sociedade empresária. Cuida-se de um instrumento para
o exercício da atividade empresarial. Nesse contexto, a discriminação do patrimônio da
sociedade empresária mediante a criação de filiais não afasta a unidade patrimonial da pessoa
jurídica, que, na condição de devedora, deve responder, com todo o ativo do patrimônio
social, por suas dívidas à luz da regra de direito processual prevista no art. 591 do CPC,
segundo a qual “o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos
os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei”. Cumpre esclarecer,
por oportuno, que o princípio tributário da autonomia dos estabelecimentos, cujo conteúdo
normativo preceitua que estes devem ser considerados, na forma da legislação específica
de cada tributo, unidades autônomas e independentes nas relações jurídico-tributárias
travadas com a administração fiscal, é um instituto de direito material ligado ao nascimento da
obrigação tributária de cada imposto especificamente considerado e não tem relação com a
responsabilidade patrimonial dos devedores, prevista em um regramento de direito processual,
ou com os limites da responsabilidade dos bens da empresa e dos sócios definidos no direito
empresarial. Além disso, a obrigação de que cada estabelecimento se inscreva com número
próprio no CNPJ tem especial relevância para a atividade fiscalizatória da administração
tributária, não afastando a unidade patrimonial da empresa, cabendo ressaltar que a inscrição
da filial no CNPJ é derivada da inscrição do CNPJ da matriz. Diante do exposto, limitar a
satisfação do crédito público, notadamente do crédito tributário, a somente o patrimônio
do estabelecimento que participou da situação caracterizada como fato gerador é adotar
interpretação absurda e odiosa. Absurda porque não se conciliapor exemplo, com a cobrança
dos créditos em uma situação de falência, em que todos os bens da pessoa jurídica (todos
os estabelecimentos) são arrecadados para pagamento dos credores; com a possibilidade de
responsabilidade contratual subsidiária dos sócios pelas obrigações da sociedade como um
todo (arts. 1.023, 1.024, 1.039, 1.045, 1.052 e 1.088 do CC); ou com a administração de todos
os estabelecimentos da sociedade pelos mesmos órgãos de deliberação, direção, gerência e
fiscalização. Odiosa porque, por princípio, o credor privado não pode ter mais privilégios que
o credor público, salvo exceções legalmente expressas e justificáveis. REsp 1.355.812-RS, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22/5/2013.
Anota-se que, a despeito da suposta contradição entre os entendimentos, a distinção entre as diferentes
hipóteses se faz mister, podendo assim ser sintetizada:
A diferenciação entre o tratamento das indigitadas situações foi recentemente afirmada pelo STJ, quando
da análise de recurso no qual o Fisco buscou, infrutiferamente, que o entendimento do Resp 1.355.813/RS
(penhora dos valores das filiais) fosse estendido à jurisprudência já firmada quanto às certidões negativas:
2. Logo, em se tratando de tributo cujo fato gerador operou-se de forma individualizada, tanto
na matriz quanto na filial, não se outorga àquela legitimidade para demandar, isoladamente,
em juízo, em nome das filiais.
Na ocasião, fazendo o necessário distinguishing, assim observou o relator em seu voto no AgRg no Resp
1.488.209/RS:
c) Embora a cobrança judicial da Dívida Ativa não esteja sujeita a concurso de credores
ou habilitação em falência, a decretação desta última traz algumas implicações no curso
do processamento do executivo fiscal, como, por exemplo, a necessária remessa, ao juízo
falimentar, do produto da alienação eventualmente levada a cabo na execução fiscal em
momento anterior à quebra.
COMENTÁRIO
Letra a. Incorreta. Com efeito, a mera decretação da falência não extingue a personalidade jurídica. A
massa falida tem personalidade exclusivamente judiciária, sucedendo processualmente a pessoa jurídica,
que só é extinta depois do encerramento do processo falimentar. A alteração referida no enunciado da
questão, mesmo quando a falência da pessoa jurídica tenha sido decretada previamente à inscrição do
débito em dívida ativa, não implica na modificação ou substituição do sujeito passivo da obrigação fiscal,
sendo admitida pela jurisprudência:
Referido entendimento foi recentemente rememorado e agora consolidado no âmbito do STJ, conforme
o seguinte julgado divulgado no Informativo nº 0538 daquela Corte:
Segunda Turma, DJe 28/6/2013; e EDcl no REsp 1.359.259-SE, Segunda Turma, DJe 7/5/2013.
REsp 1.372.243-SE, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Og
Fernandes, julgado em 11/12/2013.
Letra b. Incorreta. O entendimento do enunciado, embora defendido por segmento doutrinário mais
alinhado às teses fazendárias (vide, p.ex., http://www.pgfn.fazenda.gov.br/revista-pgfn/ano-i-numero-iii-
2012/O%2036%20ARTIGO%20-%20LEGITIMIDADE%20FP%20FALENCIA.pdf ), não encontra respaldo na
jurisprudência do STJ, para quem, sendo a cobrança judicial da dívida ativa insubmissa a concurso de
credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento (art. 29 da LEF),
bem como não se submetendo a execução fiscal ao juízo universal (art. 5º da LEF), é inviável que a
Fazenda Pública requeira a falência do seu devedor.
DJe 21/05/2010)
Letra c. Correta (gabarito). O art. 5º da Lei nº 6.830/80 dispõe que “A competência para processar e julgar
a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro Juízo, inclusive o da falência,
da concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário”. Observa-se, deste modo, que cobrança
do crédito fazendário não se submete a juízos universais como é o caso daquele da falência. Ainda assim,
a existência de eventual concurso de credores afeta o procedimento de satisfação do crédito fazendário,
que não goza de preferência absoluta, cedendo, p.ex., diante de créditos trabalhistas, de créditos com
garantia real e de créditos extraconcursais. Em complemento de tal raciocínio, também o disposto no
art. 29 da LEF, no sentido de que “a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita
a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento”.
Com efeito, o método de cobrança do crédito da Fazenda Pública é aquele previsto na forma da Lei
6.830/80, com inscrição em dívida ativa e processamento da execução fiscal, sem a necessidade de
sujeição da cobrança à habilitação em juízo universal. A despeito de tal fato, nada impede o ajuizamento
de execução fiscal contra massa falida; da mesma forma, a superveniente decretação de falência do
executado não paralisa, suspende ou modifica a competência do executivo fiscal promovido pela Fazenda
Pública. Destaca-se que os efeitos que a decretação da quebra do executado acarreta para o executivo
fiscal estão estabelecidos na Súmula 44 do extinto TFR.
Ajuizada a execução fiscal anteriormente à falência, com penhora realizada antes desta, não
ficam os bens penhorados sujeitos à arrecadação no juízo falimentar; proposta a execução
fiscal contra a massa falida, a penhora far-se-á no rosto dos autos do processo de quebra,
citando-se o síndico (Súmula 44 TFR).
Imperiosa, consoante a exegese de tal enunciado sumular, a análise acerca do momento em que feita a
penhora na execução fiscal:
(i) antes de decretação da quebra = o bem arrecadado fica sob a administração do juízo da
execução fiscal (não sendo levado à arrecadação do juízo falimentar);
(ii) depois da quebra, ou execução com a execução já proposta contra a massa falida = penhora
só no rosto dos autos do processo falimentar.
Com isso, em se tratando de execução fiscal contra massa falida, deve o juízo da mesma determinar, na
hipótese “a” acima mencionada (penhora de bens antes da decretação da falência), a remessa do produto
da arrematação ao juízo falimentar, para que este o distribua de acordo com a ordem legal de prioridades:
AgRg nos EDcl no REsp 421994/RS, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, Primeira Turma, DJ
06.10.2003; AgRg na MC 11937/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJ 30/10/2006 2. A falência superveniente do devedor não tem
o condão de paralisar o processo de execução fiscal, nem de desconstituir a penhora realizada
anteriormente à quebra. Outrossim, o produto da alienação judicial dos bens penhorados deve
ser repassado ao juízo universal da falência para apuração das preferências. (REsp 1013252/RS,
Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/11/2009, DJe 09/12/2009)
Ainda no ponto, assim explica a doutrina (João Aurino de Melo Filho – coord. Execução Fiscal Aplicada,
Juspodvim, 2012, págs. 254/255):
[...] Ajuizada execução fiscal contra massa falida, não havendo bem penhorado nos autos,
o único ato processual exigido do exequente é o pedido de penhora no rosto dos autos do
processo de falência. Havendo bem penhorado na execução fiscal, o processo de expropriação
forçada deve ter prosseguimento, com a alienação judicial do bem. Contudo, mesmo quando
alienado na execução fiscal, o valor ao final arrecadado não pode ser disponibilizado ao ente
público, devendo ser transferido ao juízo falimentar, onde será destinado aos credores de
acordo com a posição preferencial de cada crédito.
O procedimento descrito não se aplica nos casos de tributos sujeitos à retenção, situação
na qual a Fazenda Pública cobra diretamente da pessoa jurídica os valores por ela retidos,
como responsável tributária, e não repassados ao ente público. Nestes casos, sendo o falido
o responsável pela retenção, e não tendo repassado ao ente público os valores retidos, além
de eventual responsabilidade penal, deverá devolver imediatamente os valores pertencentes
ao ente público. Ao efetuar a retenção do imposto, descontando o valor dos pagamentos
efetuados aos contribuintes, a sociedade torna-se responsável tributária pelo seu pagamento.
Para devolução dos valores retidos, basta simples pedido do ente público no processo de
falência. Conforme Súmula 417 do STF, “pode ser objeto de restituição, na falência, dinheiro
em poder do falido, recebido em nome de outrem, ou do qual, por lei ou contrato, não tivesse
ele a disponibilidade”. Neste caso, o privilégio do crédito oriundo dos tributos retidos e não
recolhidos é absoluto, superior, inclusive, ao privilégio dos créditos trabalhistas, pois se trata
de devolução de valores já pertencentes à Fazenda Pública, não de pagamento de tributos.
São, portanto, créditos preferenciais a qualquer outro. Além disso, a responsabilidade pessoal
do sócio que retém os valores e não os repassa à Fazenda Pública é evidente, pela aplicação
do art. 135 do CTN. O não repasse de valores descontados configura crime de apropriação
indébita (tributária, conforme artigo 2º, II, da Lei nº 8.137/1990, ou previdenciária, conforme
artigo 168-A do Código Penal), justificando a incidência do artigo 135 do CTN.
Letra e. Incorreta, pois a falência é justamente o modo regular de extinção da pessoa jurídica caso esta
não mais consiga honrar com as suas obrigações. O redirecionamento, na hipótese, somente terá lugar
caso o Fisco logre comprovar a presença de alguma das hipóteses do art. 135 do CTN, como, p.e.x., o
cometimento de crime falimentar pelos sócios-gerentes. Nesse sentido:
Como explica a doutrina (João Aurino de Melo Filho – coord. Execução Fiscal Aplicada, Juspodvim, 2012,
págs. 262/263):
Ainda quando extintas formalmente as obrigações do falido, o que não decorre necessariamente
da extinção do processo de falência, o crédito tributário, em razão da disciplina legal específica
do CTN, não poderá ser extinto. Encerrada a falência sem a quitação dos tributos, os créditos
fiscais podem ser cobrados de forma autônoma, se for o caso. Necessário analisar, nos
autos do processo de falência, antes ou depois de sua extinção, a existência de infração
autorizadoras da responsabilização pessoal dos sócios ou do síndico. A responsabilização
dos sócios ou do síndico exige a configuração de algum evento específico justificador do
redirecionamento, cabendo ao ente público exequente comprovar a ocorrência deste evento.
No âmbito tributário, a responsabilização dos sócios depende da verificação das hipóteses
do artigo 135 do CTN, enquanto a responsabilização do síndico está prevista no artigo 134.
A existência de indício da prática de crime falimentar configura irregularidade suficiente para
responsabilização pessoal do infrator.
d) Embora possível, em tese, a conexão entre a ação anulatória e a execução fiscal, nem
sempre o reconhecimento daquela resultará na reunião dos feitos para tramitação conjunta
junto ao juízo prevento.
COMENTÁRIO
Considerações iniciais. O manejo da ação anulatória fiscal pressupõe a constituição do crédito tributário
(lançamento), vez que se trata de ação constitutiva-negativa. Por essa mesma razão, tendo em consta
a natureza desconstitutiva da pretensão, extinto o crédito tributário, também não será cabível a ação
anulatória. Ademais, desde que observados os requisitos do art. 292 do CPC, há possibilidade de
cumulação de pedidos declaratório e anulatório, como, p.ex.: discussão de crédito tributário lançado
(anulatória do crédito lançado) e, ao mesmo tempo, que essa decisão produza efeitos nos exercícios
seguintes (declaratória de inexistência da relação jurídica tributária, a fim de evitar novas autuações
nos exercícios seguintes) *obs.: se tiver, ainda, efetuado recolhimento desse crédito, poderá cumular 3
pedidos: repetição do que pagou indevidamente a esse título + anulação do crédito constituído naquela
autuação + declaração de que inexiste a relação jurídica tributária (ou na extensão pretendida pelo Fisco).
O interesse de agir da anulatória surge com a constituição do crédito tributário (ato declarativo da dívida
nos termos do art. 38 da LEF). Por outro lado, desaparece o interesse a partir do momento em que há
o pagamento (observe, nesse sentido, que os incisos I e X do art. 151 do CTN são excludentes entre si).
Nesse sentido, o sujeito que pagou não tem anulatória (o crédito já foi extinto com o pagamento), mas
sim repetição de débito. Destaca-se, por fim, que existem outras espécies de demandas anulatórias na
seara tributária, mas que são menos comuns: (a) art. 169, CTN: da decisão que denega o pedido de
repetição na via adm. (pouco utilizada, pois o contribuinte geralmente não pede apenas a anulação
da decisão administrativa denegatória, mas também a condenação da FP em repetir o indébito); (b)
anulatórias de decisão administrativas outras que venham a ferir direitos do contribuinte, como, p.ex.:
pedido de anulação de decisão administrativa que denegou pedido de isenção de IRPF decorrente de
moléstia grave.
Letra a. Incorreta. A ação anulatória é demanda que segue o rito comum. Nada obsta, igualmente, que
seja submetida a um rito especial, como se dá no âmbito do Juizado Especial Federal, vez que a ação
anulatória de débito fiscal não está excluída da competência deste, ex vi da parte final do inciso III do art.
3º da Lei nº 10.259/2001:
Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de
competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar
as suas sentenças.
(...)
§ 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta.
Art. 38. A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na
forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito
ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do
valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais
encargos.
Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa
em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso
interposto.
Nada obstante o acima exposto, a aplicação do parágrafo único do art. 38 da LEF possui ainda um
pressuposto específico não mencionado no texto legal, qual seja, a identidade de objeto nas discussões
administrativa e judicial. Como o objetivo da norma é exatamente evitar o surgimento de conflitos entre
decisões divergentes, se a ação judicial não coincidir com o objeto do procedimento administrativo, resta
afastada a chamada “litispendência” administrativo-judicial. Por exemplo: é possível que o contribuinte
apresente recurso na esfera administrativa, contra o indeferimento de perícia por ele requerida em
procedimento administrativo de apuração de base de cálculo de tributo e, ao mesmo tempo, ajuíze
ação contra o ente tributante, questionando exclusivamente a constitucionalidade da exação que está
lhe sendo exigida. Nessa hipótese, ainda que o Poder Judiciário decida pela validade da lei de tributação,
não ficará prejudicada a alegação de violação à ampla defesa no procedimento de lançamento, a ser
apreciada pelo órgão recursal administrativo. Nesse sentido:
O parágrafo em questão tem como pressuposto o princípio da jurisdição una, ou seja, que
o ato administrativo pode ser controlado pelo Judiciário e que apenas a decisão deste é
que se torna definitiva, com o trânsito em julgado, prevalecendo sobre eventual decisão
administrativa que tenha sido tomada ou pudesse vir a ser tomada. Considerando que o
contribuinte tem direito a se defender na esfera administrativa, mas que a esfera Judicial
prevalece sobre a administrativa, não faz sentido a sobreposição dos processos administrativo
e judicial. A opção pela discussão judicial, antes do exaurimento da esfera administrativa,
demonstra que o contribuinte desta abdicou, levando o seu caso diretamente ao Poder ao
qual cabe dar a última palavra quanto à interpretação e à aplicação do Direito, o Judiciário.
Entretanto, tal pressupõe identidade de objeto nas discussões administrativa e judicial. Caso a
ação anulatória fira, e.g., a questão da constitucionalidade da norma tributária impositiva e o
1. Incide o parágrafo único do art. 38, da Lei nº 6.830/80, quando a demanda administrativa
versar sobre objeto menor ou idêntico ao da ação judicial.
2. A exegese dada ao dispositivo revela que: “O parágrafo em questão tem como pressuposto
o princípio da jurisdição una, ou seja, que o ato administrativo pode ser controlado pelo
Judiciário e que apenas a decisão deste é que se torna definitiva, com o trânsito em julgado,
prevalecendo sobre eventual decisão administrativa que tenha sido tomada ou pudesse vir a
ser tomada. (...) Entretanto, tal pressupõe a identidade de objeto nas discussões administrativa
e judicial”. (Leandro Paulsen e René Bergmann Ávila. Direito Processual Tributário. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2003, p. 349).
5. Originárias de uma mesma relação jurídica de direito material, despicienda a defesa na via
administrativa quando seu objeto subjuga-se ao versado na via judicial, face a preponderância
do mérito pronunciado na instância jurisdicional.
6. Mutatis mutandis, mencionada exclusão não pode ser tomada com foros absolutos,
porquanto, a contrario sensu, torna-se possível demandas paralelas quando o objeto da
instância administrativa for mais amplo que a judicial.
(REsp 840.556/AM, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/09/2006, DJ 20/11/2006, p. 286).
Letra c. Incorreta, conforme a Súmula Vinculante nº 28: “É inconstitucional a exigência de depósito prévio
como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito
tributário”. Anota-se que a necessidade do depósito pode acabar por compelir o contribuinte a postura
totalmente incongruente: a de ter que depositar, ainda que parcialmente, o que entende por indevido,
caracterizando assim a prática, criticada por muitos, do “solve et repete” (pague e depois reclame). O
depósito do valor controvertido, na hipótese, configura mera faculdade do contribuinte caso queira obter
a suspensão da exigibilidade do crédito fiscal, na forma do art. 151, II, CTN.
Letra d. Correta, pois embora a reunião dos processos seja um dos efeitos da conexão, nem sempre ele
se verificará na conexão entre a ação anulatória e a execução fiscal, especialmente diante da existência de
Vara Especializada para o julgamento de algum dos feitos:
prejudicialidade entre a execução fiscal e a ação anulatória, cumpre ao juízo em que tramita
o processo executivo decidir pela suspensão da execução, caso verifique que o débito está
devidamente garantido, nos termos do art. 9º da Lei 6.830/80. 2. Pelas mesmas razões de
decidir, o presente conflito deve ser conhecido e declarada a competência do Juízo suscitado
para processar e julgar a ação anulatória de débito fiscal. (CC 105.358/SP, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/10/2010, DJe 22/10/2010)
Além da hipótese de Vara Privativa para o processamento de execução fiscal, é possível citar outro caso
de competência tributária absoluta a impossibilitar a reunião dos feitos para tramitação conjunta, qual
seja, na hipótese de a anulatória tramitar em Juizado Especial Federal (vez que este é absolutamente
competente conforme a regra do §3º do art. 3º da Lei nº 10.259/2001, acima visto).
Deste modo, mesmo que reconhecida a conexão, não há falar no simultaneus processus por conta da
competência absoluta do juízo especializado. Por conseguinte, impõe-se a suspensão da execução, desde
que garantida, até a solução na demanda anulatória. A reunião, na hipótese, far-se-á no juízo prevento.
*obs.: Terminologicamente não há reunião para julgamento simultâneo, pois não há julgamento na
demanda executiva. Por esse razão, o processualista técnico rejeita a conexão nesses casos, pois inexiste
identidade entre os elementos da demanda cognitiva e executiva (a unidade identidade, e ainda assim
invertida, é a de partes). O STJ, todavia, criou, a fim de evitar decisões conflitantes, a chamada “conexão
por prejudicialidade”.
Letra e. Incorreta, pois, conforme jurisprudência do STJ: “ O contribuinte de direito, ainda que não seja
aquele que suportou o ônus, tem legitimidade e interesse em anular o lançamento, se errôneo. A prova
de que fala o art. 166 do CTN só tem valia em ação de repetição” (REsp 53.090/SP, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/06/2000, DJ 01/08/2000, p. 217). Anota-se que o objetivo do
art. 166 do CTN é evitar o locupletamento indevido do contribuinte de direito que recolheu o tributo ao
fisco, mas recuperou esse montante repassando o ônus econômico ao contribuinte de fato.
e) A ação declaratória pressupõe uma certeza objetiva, razão pela qual não é cabível contra
lei em tese ou quando versar sobre situação hipotética ou futura.
COMENTÁRIO
Letra a. Correta. Na seara tributária, em regra, é utilizada a demanda declaratória negativa da relação
jurídico-tributária, normalmente de natureza preventiva (antes da ocorrência do lançamento). Nada obsta,
contudo, que o contribuinte proponha a declaratória após o lançamento e/ou pagamento do tributo (art.
4º, p. único, CPC). A tutela meramente declaratória é imprescritível, por se tratar de direito potestativo
a que sujeita o réu, ainda que o credor não mais possa compelir o réu a se comportar de acordo com
o determinado no comando judicial. Todavia, basta o demandante fugir, ainda que minimamente, da
postulação meramente declaratória concebida em seu modelo clássico (ex.: declaratória de nulidade do
lançamento = carga desconstitutiva), para que exsurja a necessária observância do prazo prescricional
do Decreto 20.910/32. Atentar, todavia, que caso declaratória vise à compensação tributária, haverá a
incidência da regra especial do art. 168, I do CTN, vez que para o STJ compensar também é uma forma
de repetir o indébito:
4. In casu, os ora Recorridos ajuizaram ação anulatória dos lançamentos fiscais que constituíram
créditos tributários relativos ao IPTU, TCLLP e TIP, cumuladamente com ação de repetição de
indébito relativo aos mesmos tributos, referente aos exercícios de 1995 a 1999, sendo certo
que o pedido principal é a restituição dos valores pagos indevidamente, razão pela qual
resta afastada a regra do Decreto 20.910/32. É que a demanda foi ajuizada em 31/05/2000,
objetivando a repetição do indébito referente ao IPTU, TCLLP, TIP e TCLD, dos exercícios de
1995 a 1999, ressoando inequívoca a inocorrência da prescrição quanto aos pagamentos
efetuados posteriormente a 31/05/1995, consoante decidido na sentença e confirmado no
acórdão recorrido.
(REsp 947.206/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/10/2010, DJe
26/10/2010)
Letra c. Incorreta (gabarito). Como sabido, a litispendência/coisa julgada pressupõe identidade entre os 3
elementos da ação: (a) partes, (b) pedido e (c) causa de pedir. O rito processual não é elemento da ação,
vez que se relaciona com o processo, razão pela qual em nada influi na análise de eventual litispendência.
O MS preventivo, exemplificamente, não deixa de ser uma ação declaratória, fazendo, inclusive, coisa
julgada material se alcançar o mérito. No MS, ademais, majoritariamente entende-se que a parte ré não é
a autoridade coatora (presentante da entidade pública na 1ª fase do feito mandamental - órgão anômalo
de informação processual), mas sim a pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertença a autoridade
coatora. Deste modo, nada obsta a alegação de litispendência/coisa julgada entre demandas com ritos
distintos, como no caso, p.ex., do mandado de segurança a da ação declaratória ordinária:
(EREsp 265.578/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 23/11/2011, DJe 14/02/2012).
Letra d. Correta. O STJ possui entendimento sedimentado no sentido de que, no curso do processo de
execução, não há impedimento a que seja ajuizada ação, tendente a desconstituir o título em que aquela
se fundamenta. Todavia, carecendo a ação da eficácia própria dos embargos, a execução prosseguirá,
salvo se admitida a antecipação de tutela, desde que preenchidos os requisitos básicos da fumaça do bom
direito e do perigo na demora, o que ocorreu in casu. Não há falar, ademais, em preclusão decorrente da
não oposição dos embargos à execução, porquanto esta opera dentro do processo, não atingindo outros
que possam ser instaurados, o que é próprio da coisa julgada material:
[...] A jurisprudência reiterada desta Corte é assente no sentido de não ocorrer a preclusão
na execução, tendo em vista que esta se opera dentro do processo, não podendo atingir
processos vindouros, já que tal instituto não se confunde com a coisa julgada material. Desse
modo, é aceitável que seja proposta ação objetivando desconstituir o título em que aquela
se funda. (AgRg no REsp 500.057⁄SP, Rel. Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador
convocado do TJ⁄AP), Quarta Turma, julgado em 18.2.2010, DJe 8.3.2010.)
[...] O ajuizamento da ação executiva não impede que o devedor exerça o direito constitucional
de ação para ver declarada a nulidade do título ou a inexistência da obrigação, seja por meio
de Embargos (CPC, art. 736), seja por outra ação declaratória ou desconstitutiva. (AgRg no Ag
1.138.012⁄RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 23.6.2009, DJe 27.8.2009.)
que a propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título não inibe o direito
do credor de promover-lhe a execução (CPC, art. 585, § 1º), o inverso também é verdadeiro: o
ajuizamento da ação executiva não impede que o devedor exerça o direito constitucional de
ação para ver declarada a nulidade do título ou a inexistência da obrigação, seja por meio de
embargos (CPC, art. 736), seja por outra ação declaratória ou desconstitutiva. Nada impede,
outrossim, que o devedor se antecipe à execução e promova, em caráter preventivo, pedido de
nulidade do título ou a declaração de inexistência da relação obrigacional. (CC n. 38.045⁄MA,
Rel. p⁄acórdão Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 09⁄12⁄2003). A existência de execução fiscal em
curso não configura óbice para a propositura de ação desconstitutiva por parte do executado.
(AgRg no Ag. 774.670⁄RJ, Rel. Min. Denise Arruda, DJ de 01⁄03⁄2007). Agravo regimental não-
provido. (AgRg no REsp 963.206⁄PE, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, julgado em
20.5.2008, DJe 23.6.2008.)
[...] Não tendo sido proposta a ação de embargos ou tendo sido o respectivo processo extinto
sem julgamento de mérito, nada impede que o devedor intente outra ação cognitiva com aquele
mesmo propósito (ver declarada a nulidade do título ou a inexistência da obrigação), embora
sem a eficácia de suspender a ação executiva,cujos atos podem ser paralelamente praticados.
Nesse caso, presentes os requisitos de verossimilhança e risco de dano, é cabível antecipação
da tutela na ação cognitiva superveniente, inclusive para o efeito de suspender atos executivos
(REsp 758655⁄RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ de 28.5.2007, p. 290.)
Letra e. Correta, vez que a ação declaratória pressupõe uma incerteza objetiva. Ex.: sujeito se estabelece
como empresário vendedor de livros entra com ação declaratória de inexistência da relação jurídica
tributária que o obrigue a recolher tributo preliminar a ser invocada: falta de interesse de agir, vez que
não há incerteza objetiva, pois a CF, no tema da imunidade cultural, é objetiva nesse sentido, e o judiciário
não é órgão de consulta, não podendo ser chamado a discutir lides desvinculadas de casos concretos.
Nesse norte a jurisprudência:
rever o entendimento adotado pelo Tribunal de origem e se reconhecer que não houve a
formulação de “pedido indeterminado”, é imprescindível o reexame de matéria de fato. No
entanto, tal providência é obstada pelo disposto na Súmula 7/STJ. 4. A orientação da Primeira
Seção/STJ firmou-se no sentido de que, tratando-se de pedido de reconhecimento de créditos
de ICMS decorrentes do mecanismo da não-cumulatividade, aplica-se a regra contida no art.
1º do Decreto 20.910/32, sendo, pois, o prazo quinquenal. Consequentemente, não há falar
em aplicação do disposto no art. 168 do CTN. 5. Recurso especial parcialmente conhecido
e, nessa parte, não provido. (REsp 1237508/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 16/08/2011, DJe 23/08/2011)
DIREITO FINANCEIRO
8. Julgue os itens a seguir, à luz da doutrina e da legislação de regência das finanças públicas:
II. Considerando que o orçamento se materializa em lei que não cria direitos subjetivos, e
sendo este meramente autorizativo, é correto afirmar que nenhuma despesa dele constante
deverá ser obrigatoriamente realizada.
IV. Segundo o Princípio da Anualidade, todas as leis orçamentárias vigem pelo período de
01 ano.
COMENTÁRIO
I- A assertiva está correta. Com efeito, aponta Harrison Leite ser o tema referente à natureza jurídica do
orçamento um dos mais conflitantes no Direito Financeiro. O autor menciona três teorias, indicando ser a
última a adotada pela maioria da doutrina no Brasil. Assim,
[...] parte da doutrina, na linha do apregoado por Léon Duguit, entende que o orçamento
público, em relação às despesas, é um mero ato administrativo, e em relação à receita, é
uma lei em sentido formal. Esse posicionamento será mais bem entendido quanto se verificar
que, àquele tempo, havia a necessidade de a lei orçamentária autorizar a cobrança de tributos
[...] Para outra corrente, aqui representada por Gaston Jeze, o orçamento não passava de
um ato-condição. É dizer, as receitas e as despesas já possuíam outras normas que previam
a sua criação, não passando o orçamento de mera condição para a realização do gasto e
para o ingresso da receita. Não era lei, portanto. No direito brasileiro, o posicionamento
majoritário é de que o orçamento é uma lei, mas uma lei meramente formal, que apenas
prevê as receitas públicas e autoriza os gastos. Isso porque, partindo-se da classificação das
normas jurídicas pela sua origem, e não pelo conteúdo, o orçamento tem apenas forma de lei,
mas não tem o conteúdo de lei, visto que não veicula direitos subjetivos, tampouco é norma
abstrata e genérica [...] (Manual de Direito Financeiro, 3ª Ed., 2014, pág 50).
II- A assertiva está errada. De fato, o orçamento é meramente autorizativo. Assim, nas palavras de
Harrison Leite, “a autorização no orçamento para a construção de uma escola, por exemplo, não obriga
o Executivo a sua realização, visto que o orçamento não obriga a efetivação das despesas nele previstas”.
Há, porém, que atentar para o seguinte: nem tudo no orçamento é meramente autorizativo:
No ponto, relembro que, recentemente, através da Emenda Constitucional nº 86, foi introduzido na
Constituição um novo exemplo de despesa que deve ser obrigatoriamente realizada (salvo motivo de
ordem técnica): trata-se da execução orçamentária e financeira das emendas individuais ao projeto de
lei orçamentária, em montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita
corrente líquida realizada no exercício anterior (Art. 166, §§ 9º, 11 e 12, da CF).
Há, na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, decisão segundo a qual o Poder Executivo, ao deixar
de executar despesa prevista na lei orçamentária, deverá apresentar justificativa para tanto (ADI 4663,
Informativo nº 657). Pontua Harrison Leite que
III- A assertiva está correta. Harrison Leite, após mencionar os modelos “tradicional” e “de desempenho”,
explica que que o orçamento-programa se constitui em verdadeira evolução dos modelos anteriores.
Segundo o autor,
IV- A assertiva está errada. De fato, o conteúdo do Princípio da Anualidade diz respeito ao “intervalo de
tempo em que se estima as receitas e se fixa as despesas é de um ano, coincidente com o exercício civil,
conforme redação do art. 34 da Lei nº 4320/64”.
Ocorre que apenas a LOA tem o período de vigência de 01 ano. No entanto, “o fato de haver uma lei
orçamentária com vigor de 4 (quatro anos), como o PPA (§1º do art. 167 da CF), bem como uma lei com
vigência superior a um ano, como a LDO, não invalida o princípio da anualidade, visto que todas essas leis
convergem para a aplicação de programas, projetos e ações previstos na lei orçamentária, cuja vigência
é de um ano.
Obs. Não confundir o Princípio da Anualidade Financeira com o superado Princípio da Anualidade
Tributária, cujo conteúdo impunha a autorização na lei orçamentária como condição para a cobrança
de tributos.
9. Assinale a alternativa correta, com base na doutrina e nas disposições legais e constitucionais
pertinentes:
COMENTÁRIO
a) A assertiva está incorreta. Conforme esclarecem Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa,
embora as leis orçamentárias (dentre as quais se inclui o plano plurianual) possuam processo legislativo
peculiar,
[...] são todas leis ordinárias com seu regramento instituído no art. 166 da CF. [...] Já as leis
que regulamentam o direito financeiro são complementares. Portanto, enquanto as leis
orçamentárias são ordinárias e com processo de elaboração regido no art. 166, da CF, as leis
que regulam o Direito Financeiro são leis complementares, conforme disposições expressas
nos arts. 163 e 165, §9º da CF (Responsabilidade Fiscal: Lei Complementar nº 101/2000, 2ª Ed.,
2015, págs 24 e 25).
b) Dizer que a Lei nº 4320/64 tem a forma de lei ordinária e o conteúdo de lei complementar é uma
afirmação correta, que vai ao encontro do fato de ter sido ela recepcionada, assim como o Código
Tributário Nacional, com status de Lei Complementar. Entretanto, a assertiva está incorreta na parte em
que classifica a Lei nº 4320/64 como “lei federal”, que obrigaria apenas a União. Isso porque, conforme
explicam Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, “a lei em comento estabelece normas
gerais de direito financeiro e apresenta caráter nacional, na medida em que obriga todos os entes
federativos, quais sejam, União, Estados, Municípios e Distrito Federal (Direito Financeiro: Lei nº 4320/64,
2ª Ed., 2014, pág. 18).
c) A assertiva está correta, vinculando o Princípio da Exclusividade ao conteúdo do Art. 165, §8º, da CF.
Quer-se, com essa norma, evitar as chamadas “caudas orçamentárias”, através das quais eram incluídas na
lei orçamentária matéria estranha ao fim a que se destina.
d) A assertiva está incorreta, pois o conteúdo do Princípio do Orçamento bruto está consignado no Art.
6º da Lei nº 4320/64, segundo o qual “todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos
seus totais, vedadas quaisquer deduções”. Conforme Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá
Lisboa, “com isso impede-se a inclusão no orçamento de importâncias líquidas, ou seja, apenas o saldo
positivo ou negativo resultante do confronto entre as receitas e as despesas de determinado serviço
público (Direito Financeiro: Lei nº 4320/64, 2ª Ed., 2014, pág. 82).
e) A assertiva está errada, pois, embora o Princípio da Proibição do Estorno encontre, de fato, guarida na
Constituição Federal, que, em seu Art. 167, VI, veda a transposição, o remanejamento ou a transferência
de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, tal vedação não é
absoluta. Com efeito, é possível a realização dessas operações se houver prévia autorização legislativa.
Conforme explica Sérgio Mendes, na esfera federal, “em geral, essa solicitação é encaminhada pelos
órgãos setoriais para a Secretaria de Orçamento Federal (SOF), onde é efetuada a análise dos pedidos de
transposição, remanejamento ou transferência de categoria de programação para outra ou de um órgão
para outro” (Administração Financeira e Orçamentária: Teoria e questões, 2ª Ed., 2011).
DIREITO ECONÔMICO
consumidor final. Os oligopsônios, nesse sentido, são identificados pelo pequeno número
de agentes econômicos atuando no mercado como tomadores de serviços ou adquirentes
de produtos para repassá-los ao consumidor final.
COMENTÁRIO
Visto o conceito acima, é de se concluir que o item está correto, à luz do que dispõem os Arts. 173, §4º,
da Constituição Federal (lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados,
à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros), e o Art. 36, II, da Lei nº 12.529/11 (que
tipifica como infração contra a ordem econômica “dominar mercado relevante de bens ou serviços”).
É necessário observar, em contrapartida, que, conforme o §1º do Art. 36 da Lei nº 12.529/11 “a conquista
de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação
a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II do caput deste artigo” (visto acima).
II- O item está correto, na medida em que reproduz o disposto no Art. 21, XXIII, da CF, segundo o qual
compete à União “explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio
estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio
de minérios nucleares e seus derivados [...]”. Segundo Vicente Bagnoli, tal situação configura exemplo de
monopólio legal (Direto Econômico, 6ª Ed., 2013, pág 194).
III- A assertiva está incorreta, na medida em que o Art. 31 da Lei nº 12.529, ao definir o campo de
incidência da Lei, explicita que ela “aplica-se às pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado,
bem como a quaisquer associações de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda
que temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, mesmo que exerçam atividade sob regime
de monopólio legal”.
IV- A assertiva está correta, na medida em que reproduz as lições de Vicente Bagnoli sobre os monopsônios
e os oligopsônios (Direto Econômico, 6ª Ed., 2013, pág 195). Explica o autor que
a) A adoção de medida preventiva, que pode ser realizada em qualquer fase do inquérito
administrativo para apuração de infrações ou do processo administrativo para imposição
de sanções por infrações à ordem econômica, é medida inacumulável com a aplicação de
multa diária.
COMENTÁRIO
a) A assertiva está incorreta, pois, conforme o disposto no Art. 84, §1º, da Lei nº 12.529/11, “na medida
preventiva, determinar-se-á a imediata cessação da prática e será ordenada, quando materialmente
possível, a reversão à situação anterior, fixando multa diária nos termos do art. 39 desta Lei”.
multa diária fixada em valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), podendo ser aumentada
em até 50 (cinquenta) vezes, se assim recomendar a situação econômica do infrator e a
gravidade da infração. “
Logo, a aplicação de multa diária não só é permitida, como é recomendável, sujeitando-se a ela o agente
que descumprir medida preventiva imposta pelo Conselheiro-Relator ou pelo Superintendente-Geral.
b) A assertiva está correta, conforme Art. 85, §8, da Lei nº 12.529/11. No ponto, lembrar que compete à
Procuradoria-Federal junto ao Cade representa-lo judicial e extrajudicialmente, do que se conclui que a
esta caberá eventual execução do título consubstanciado no termo de compromisso de cessação (Art. 15,
II, da Lei nº 12.529/11).
c) A assertiva está incorreta, na medida em que, à luz da legislação de regência, constitui requisito
obrigatório para a celebração do acordo, previsto no Art. 86, II, da Lei nº 12.529/11, que a empresa
cesse completamente seu envolvimento na infração noticiada ou sob investigação a partir da data de
propositura do acordo. Conforme §2º do mesmo artigo, o requisito em comento também se aplica às
pessoas físicas.
d) A assertiva está incorreta, na medida em que a prescrição da pretensão punitivas referente às infrações
previstas na Lei Antitruste suspende-se tanto na vigência do compromisso de cessação quanto na vigência
do acordo em controle de concentrações, conforme prevê o §2º do Art. 46 da referida Lei. Os prazos de
prescrição, no contexto das ações punitivas prevista na Lei Antitruste, podem ser assim resumidos:
e) A assertiva está incorreta. Com efeito, o §3º do Art. 36 da Lei nº 12.529/11 prevê exemplos de condutas
consideradas infrações contra a ordem econômica. Conforme explicam Fabio Guimarães Bensoussan e
Marcus de Freitas Gouvêa,
Como a própria norma enuncia, as condutas enumeradas não são exaustivas, de modo que
quaisquer outras condutas podem ser considerados ilícitos anticoncorrenciais, se preenchidos
os requisitos do caput [do Art. 36]. A previsão expressa do tipo, portanto, não é condição
necessária para a caracterização do ilícito [...] (Manual de Direito Econômico, 2015, pág
600).
DIREITO ADMINISTRATIVO
c) O consórcio público será constituído por contrato, cuja celebração depende da prévia
subscrição de um protocolo de intenções pelos entes participantes, do qual é cláusula
necessária aquela que estabeleça a denominação, a finalidade, e o prazo de duração, e a
sede do consórcio.
COMENTÁRIO
O item “b” corresponde ao conceito de consórcio público, o qual, nos termos do art. 1º da Lei 11.079/2005,
visa a realização de interesses comuns entres os entes federativos, e corresponde a criação de uma nova
pessoa jurídica, com natureza de associação pública ou pessoa jurídica de direito privado (§1º). Portanto,
correto o item.
Com relação ao item “c”, com efeito, o consórcio será constituído por contrato, cuja celebração depende
da prévia existência de um protocolo de intenções. Dentre as cláusulas necessárias do protocolo de
intenções estão as que estabeleçam a denominação, a finalidade, o prazo de duração e a sede do
consórcio (art. 4º, I, da Lei 11.079/2005). Portanto, correto o item “c”.
Com relação ao item “d”, uma vez subscrito o protocolo de intenções, cada ente consorciado deverá
ratifica-lo por meio de lei, nos termos que preconiza o art. 5º da Lei 11.079/2005. Sendo assim, correta
a assertiva de que a constituição do consórcio depende da participação do Poder Legislativo de cada
partícipe.
A assertiva do item “e” está correta. O art. 2º, §1º, I, estabelece que para o cumprimento de seus objetivos,
o consórcio público poderá firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxílios,
O item incorreto, portanto, é o “a”. Embora o consórcio público esteja sujeito à fiscalização contábil,
operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do Poder
Executivo representante legal do consórcio, inclusive quanto à legalidade, legitimidade e economicidade
das despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, isso não afasta o controle externo a ser exercido
em razão de cada um dos contratos de rateio. Isso é o que define o art. 9º, parágrafo único, da Lei
11.079/2005.
13. Acerca das normas referentes aos convênios, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a
alternativa correta:
III. É vedada a celebração de convênios com pessoas físicas ou entidades privadas com
fins lucrativos.
IV. O convênio poderá ser denunciado a qualquer tempo, ficando os partícipes responsáveis
somente pelas obrigações e auferindo as vantagens do tempo em que participaram
voluntariamente da avença, não sendo admissível cláusula obrigatória de permanência ou
sancionadora dos denunciantes.
COMENTÁRIO
A definição trazida no item I está correta, nos termos do art. 1º, §2º, VI, da Portaria Interministerial nº
507/2011, que dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos da União mediante convênios
e contratos de repasse.
Quanto ao item II, embora a regra seja a vedação da alteração do objeto previsto no convênio, admite-
se que ele seja alterado no caso de ampliação da execução do objeto pactuado ou para redução ou
exclusão de meta, sem prejuízo da funcionalidade do objeto contratado, nos termos do art. 52, III, da
Portaria nº 507/2011.
O item III está de acordo com a proibição do art. 10, V, da Portaria Interministerial nº 507/2011.
O item V está incorreto, nos termos da Orientação Normativa nº 43 da AGU, ao determinar que a
publicação do extrato de convênio é condição de eficácia (e não validade) do ajuste e a sua ausência
admite convalidação, sem prejuízo de eventual apuração de responsabilidade administrativa.
Estão corretos, portanto, os itens I, III e IV, e incorretos os itens II e V. Logo, a alternativa correta é a letra B.
14. Acerca da responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos
contra a administração pública, nacional ou estrangeira, julgue os itens a seguir, assinalando, ao
final, a alternativa correta:
III. Nas ações de responsabilização judicial pelos atos previstos na Lei Anticorrupção será
adotado o rito previsto na Ação de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992).
COMENTÁRIO
O erro do item I está ao afirmar que a celebração do acordo suspende o prazo prescricional, quando na
verdade ela o interrompe (art. 16, §9º, da Lei 12846/2013). Atentem que o termo “Lei Anticorrupção” vem
sendo adotado pela doutrina para denominar a Lei 12.846/2013, que dispõe acerca da responsabilização
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou
estrangeira.
O erro do item III está ao afirmar que será adotado o rito previsto na Lei de Improbidade Administrativa,
quando na verdade será adotado o rito previsto na Lei de Ação Civil Pública (Lei no 7.347/1985). Nesse
sentido é o art. 21 da Lei 12.846/2013.
O item IV está correto, nos termos do art. 4º da Lei 12.846/2013. Ressalta-se que nas hipóteses de fusão
e incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e
reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis
as demais sanções previstas na Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou
incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.
Por fim, o item V está de acordo com o art. 1º, parágrafo único, da Lei 12.846/2013.
Sendo assim, estão corretos os itens II, IV e V, e incorretos os itens I e III, sendo a resposta correta a
alternativa E.
15. Acerca do regime jurídico das parcerias voluntárias, assinale o item incorreto:
a) O regime jurídico das parcerias voluntárias tem como fundamentos a gestão pública
democrática, a participação social, o fortalecimento da sociedade civil e a transparência
na aplicação dos recursos públicos, devendo obedecer aos princípios da legalidade, da
legitimidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da economicidade, da
eficiência e da eficácia, além dos demais princípios constitucionais aplicáveis e outros
relacionados na legislação, como a valorização dos direitos dos povos indígenas e das
comunidades tradicionais.
d) As parcerias deverão ser executadas com estrita observância das cláusulas pactuadas,
sendo vedado realizar despesas a título de taxa de administração, de gerência ou similar;
pagar, a qualquer título, servidor ou empregado público com recursos vinculados à parceria,
salvo nas hipóteses previstas em lei específica e na lei de diretrizes orçamentárias; e efetuar
pagamento em data posterior à vigência da parceria, ainda que expressamente autorizado
pela autoridade competente da administração pública.
COMENTÁRIO
O item “a” está correto, nos termos do artigo 5º, caput, combinado com o inciso IX, da Lei 13.019/2014.
O item “b” também está correto, e corresponde à redação do artigo 42, caput, combinado com o inciso
XVII, da Lei citada.
Com relação ao item “e”, a vedação está prevista no artigo 40, parágrafo único, I. Portanto, correto o item.
Por fim, o item “d”, embora cite as vedações contidas no artigo 45 e incisos da Lei, erra ao afirmar que
a vedação abrange o pagamento em data posterior à vigência da parceria, ainda que expressamente
autorizado pela autoridade competente da administração pública. Na verdade, a lei excetua o caso de o
pagamento ter sido autorizado pela autoridade competente. Portanto, incorreto o item.
16. Dentre as fontes de direito internacional abaixo, assinale aquela que não está expressamente
prevista no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça:
c) Costume internacional.
d) Decisões judiciárias.
COMENTÁRIO
Singela questão envolvendo as fontes de direito internacional. Como já referido na primeira ata, as
questões de direito internacional na última prova PFN/ESAF notabilizaram-se por tratar de temas clássicos
e com grau de dificuldade apenas mediano. Assim, parece-me importante que, antes de adentrar a temas
complexos e aprofundados – para a prova de PFN/ESAF – os alunos devem saber nominar as fontes de
direito internacional, bem assim ter conhecimento da existência do rol do artigo 38 do Estatuto da Corte
Internacional de Justiça, que não é exaustivo.
Artigo 38. 1. A Côrte, cuja função é decidir de acôrdo com o direito internacional as controvérsias
que lhe forem submetidas, aplicará:
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais
qualificados das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de
direito.
Como se percebe, os atos unilaterais dos Estados, em que pese possam também ser considerados fontes
de direito internacional, não constam no rol do artigo 38, sendo essa, portanto, a resposta que deveria
ter sido assinalada como resposta.
III. Em razão da necessidade de que a prática reiterada que forma um costume seja
também generalizada, não há como se falar em costumes regionais no âmbito do direito
internacional.
IV. O costume internacional foi a primeira fonte de direito internacional e foi também a
principal, até o século XVII, a partir de quando, após os Tratados de Westfália, as convenções
internacionais passaram a ganhar maior importância.
a) I e II.
b) I, III e IV.
d) I e IV.
COMENTÁRIO
A formação de uma norma costumeira internacional requer dois elementos essenciais: um, de
caráter material e objetivo; o outro, psicológico e subjetivo. O primeiro é a prática generalizada,
reiterada, uniforme e constante de um ato na esfera das relações internacionais ou no âmbito
interno, com reflexos externos. É a inverterata consuetudo, que constitui o conteúdo da norma
costumeira. O segundo elemento é a convicção de que essa prática é juridicamente obrigatória
(opinio juris).1
Dessarte, nota-se que o item I está correto, porém, o item II incorreto, uma vez que o elemento subjetivo
nada tem a ver com a crença de que a prática reiterada seja norma de jus cogens, mas apenas com a ideia
de que seja juridicamente obrigatória.
(...) para existir um costume internacional não se exige que todos os Estados (ou organizações
internacionais) do mundo aceitem certa prática como sendo juridicamente obrigatória. Ou
seja, a expressão “prática geral aceita como sendo o direito” não requer o aceite universal de
uma regra por todos os sujeitos do Direito Internacional Público, para só então caracterizar-se
verdadeiro costume.2
Conclui-se, assim, que estão corretos apenas os itens I e IV, de modo que a alternativa a ser assinalada
como resposta é a da letra “d”.
18. Sobre os processos de internalização e denúncia dos tratados no Brasil, julgue os seguintes
itens:
1 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 3 ed. Salvador: Juspodivm, 2011, p. 73.
2 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 140.
3 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 135.
III. O STF já teve a oportunidade de afirmar que um tratado internacional só passa a vincular
e a obrigar no plano do direito positivo interno a partir da sua promulgação e publicação
via decreto presidencial, não bastando, portanto, a aprovação do Congresso Nacional.
b) I, II e III.
c) I, II e IV.
d) III e IV.
COMENTÁRIO
Ocorre, porém, que a interpretação desse dispositivo deve ser feita de forma sistemática e em conjunto
com o art. 84, VIII, da Constituição, o qual dispõe competir privativamente ao Presidente da República
“celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”. Como
se nota, essa última disposição constitucional não submete apenas algumas, mas todas as convenções
internacionais celebradas pelo Presidente da República a referendo do Congresso Nacional.
Haveria então conflito entre tais normas? Se sim, qual deveria prevalecer? Valério Mazzuoli responde, nos
seguintes termos:
A antinomia entre os arts. 49, inc. I e 84, inc. VIII da Carta de 1988, é apenas aparente. O art.
84, inc. VIII, como já se disse, impõe que todos os tratados, convenções e atos internacionais
celebrados pelo Chefe do Executivo, sejam submetidos ao referendo do Congresso Nacional. E,
com base nesse dispositivo, deve-se interpretar extensivamente o art. 49, inc. I, da Constituição,
tendo em vista ter o legislador constituinte – segundo Capachuz de Medeiros – dito menos
do que pretendia: lex minus dixit quam voluit. Segundo esse entendimento, o desejo da
Assembleia Constituinte, evidentemente, foi o de submeter todos os tratados, acordos ou
atos internacionais ao referendo do Poder Legislativo, e não somente aqueles que acarretem
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Prevalece, pois, a disposição do
art. 84, inc. VIII, da Constituição, mais adequada à tradição nacional, que submete todos os
tratados assinados em nome da Nação ao referendo do Congresso Nacional.4
Conclui-se, portanto, que todos os tratados internacionais firmados pelo Presidente da República devem
passar pelo crivo do parlamento brasileiro, de modo que o item I está errado.
II – A formalização da aprovação dos tratados internacionais pelo Congresso Nacional por via de decreto
legislativo é questão básica e batida. O mote desse item, entretanto, está na formalização da manifestação
congressual em caso de não aprovação da convenção internacional. Seria essa também veiculada por
meio de decreto legislativo? Valério Mazzuoli afirma que não:
O Congresso Nacional, por sua vez, quando chamado a se manifestar, materializa o que ficou
resolvido sobre os tratados, acordos ou atos internacionais, por meio da elaboração de um
decreto legislativo (CF, art. 59, inc. VI). Por meio desse instrumento o Congresso aprova o
tratado no plano interno e, ato contínuo, autoriza o Presidente da República a ratifica-lo. Não
há a edição de tal espécie normativa em caso de rejeição do tratado, caso em que
apenas se comunica a decisão, mediante mensagem, ao Chefe do Poder Executivo.5
(grifei)
III – O Supremo Tribunal Federal enfrentou a questão no julgamento da Carta Rogatória nº 8279. A
respeito, oportuna a transcrição do seguinte excerto do resumo do julgamento publicado no informativo
nº 196 do STF, in verbis:
A recepção dos tratados internacionais em geral e dos acordos celebrados pelo Brasil no âmbito
do MERCOSUL depende, para efeito de sua ulterior execução no plano interno, de uma sucessão
causal e ordenada de atos revestidos de caráter político-jurídico, assim definidos: (a) aprovação,
4 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 390-391.
5 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 381.
pelo Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, de tais convenções; (b) ratificação desses
atos internacionais, pelo Chefe de Estado, mediante depósito do respectivo instrumento; (c)
promulgação de tais acordos ou tratados, pelo Presidente da República, mediante
decreto, em ordem a viabilizar a produção dos seguintes efeitos básicos, essenciais à
sua vigência doméstica: (1) publicação oficial do texto do tratado e (2) executoriedade
do ato de direito internacional público, que passa, então - e somente então - a vincular
e a obrigar no plano do direito positivo interno. (grifei)
IV – De fato, no julgamento da ADI nº 1625, o STF está discutindo a necessidade ou não de manifestação
prévia do Congresso Nacional para que o Presidente da República possa denunciar e, assim, se desvincular,
de um tratado internacional que o Brasil tenha ratificado (lembrando que a ratificação depende de
aprovação prévia do parlamento).
O caso trata da denúncia da Convenção nº 158 da OIT, realizada através do decreto presidencial nº 2.100,
de 20 de dezembro de 1996. Ocorre que referido julgamento ainda não terminou, tendo sido, até o
momento, proferidos quatro votos: três pela necessidade de consentimento do Congresso Nacional para
que o Presidente possa denunciar um tratado e um pela desnecessidade de manifestação congressual
para tanto. Atualmente, o processo se encontra em vista com a Ministra Rosa Weber.
Conclui-se, então, por fim, que apenas o item III está correto e, assim, a resposta certa é a da letra “e”.
a) A entrada de estrangeiros no território brasileiro deve ser feita somente pelos locais
onde houver fiscalização dos órgãos competentes dos Ministérios da Saúde, da Justiça e da
Fazenda.
b) O visto de trânsito poderá ser concedido ao estrangeiro que, para atingir o país de
destino, tenha de entrar em território nacional, sendo prescindível tal visto ao estrangeiro
que, em viagem contínua, precise realizar apenas escala obrigatória no país.
d) A deportação só tem lugar depois que o estrangeiro entrou no país, não se confundindo
COMENTÁRIO
A alternativa “a” está correta. O ali disposto é o que prevê o art. 22 do Estatuto do Estrangeiro (Lei nº
6.815/1980).
Correta também a alternativa “b”, eis que conforme ao art. 8º, caput e parágrafo segundo, do Estatuto do
Estrangeiro, in verbis:
Art. 8º O visto de trânsito poderá ser concedido ao estrangeiro que, para atingir o país de
destino, tenha de entrar em território nacional.
§ 1º O visto de trânsito é válido para uma estada de até 10 (dez) dias improrrogáveis e uma só
entrada.
A Constituição brasileira de 1988 garante, no caput do ser art. 5º, “aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade”, nos termos por ela estabelecido. Mas deve-se fazer a observação
de que a referência aos “estrangeiros residentes no País” é de ser interpretada de acordo com a
moderna sistemática internacional de proteção dos direitos humanos, bem como com os valores
constitucionais da cidadania e da dignidade da pessoa humana. Dessa forma, o entendimento
do dispositivo deve ser no sentido de admitir a quaisquer estrangeiros (residentes ou não no
Brasil) os direitos e garantias individuais mínimos consagrados pela Constituição.”6
A alternativa “d” aborda o instituto da deportação (arts. 57 a 64 do Estatuto do Estrangeiro), que consiste
na saída compulsória do estrangeiro do território nacional, em casos de entrada ou permanência irregular
no Brasil.
(...) a deportação só tem lugar depois que o estrangeiro entrou no país, não se confundindo
com o impedimento à entrada, no qual o estrangeiro não chega a efetivamente entrar no
6 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 788-789.
território nacional, não passando da barreira policial da fronteiro, porto ou aeroporto, caso
em que é mandado de volta, normalmente às expensas da empresa que o transportou até o
seu destino sem se certificar da regularidade de sua documentação.7
Sobrou então apenas a alternativa “e”, que é a incorreta, uma vez que compete sim ao Ministro da Justiça
determinar a instauração de inquérito para a expulsão do estrangeiro (art. 70 do Estatuto do Estrangeiro),
mas não é da sua competência, e sim do Presidente da República, resolver sobre a conveniência e a
oportunidade da expulsão ou de sua revogação (art. 66 do Estatuto do Estrangeiro).
DIREITO EMPRESARIAL
20. Suponha que determinado agente econômico pretenda constituir sociedade anônima para a
produção e a circulação de alimentos. Nesse contexto, julgue itens a seguir:
II. É correto afirmar que o sócio, ao constituir sociedade anônima, somente será
responsável, salvo em situações excepcionais, pela sua parte no capital social.
IV. Conforme previsão da LSA, o capital social poderá ser formado com contribuições em
dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.
7 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 790.
COMENTÁRIO
I- O item está incorreto. De fato, a sociedade anônima operará exclusivamente por meio de denominação
(Art. 1.160 do Código Civil e Art. 3ª da Lei nº 6.404/76 - LSA), “acompanhada das expressões “companhia”
ou “sociedade anônima”, expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira
ao final” (Art. 3ª da Lei nº 6.404/76). Ocorre que, embora seja uma sociedade anônima, que “jamais
poderá adotar firma social como espécie de nome empresarial” (André Luiz Santa Cruz Ramos, Direito
Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., 2011, pág 281), o parágrafo único do Art. 1.160 do CC estabelece que
“pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido
para o bom êxito da formação da empresa”.
II- O item está correto. Com efeito, dispõe o Art. 1º da LSA que “A companhia ou sociedade anônima
terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço
de emissão das ações subscritas ou adquiridas.” Diante desse contexto, conforme André Luiz Santa Cruz
Ramos,
Pode-se dizer até que a responsabilidade limitada dos acionistas de uma S/A é ainda
“mais limitada” do que a responsabilidade limitada dos quotistas de uma sociedade
limitada. Afinal, vimos que estes, além de responderem pela respectiva integralização das
quotas que subscreverem, são solidariamente responsáveis pela integralização total do capital
social, conforme dispõe o art. 1.052 do Código Civil. Os acionistas, por sua vez, respondem
tão somente pela integralização de suas ações, não havendo, para eles, a previsão de
responsabilidade solidária quanto à integralização de todo o capital social (Direito
Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., 2011, pág 282)
III- O item está errado, pois a participação em outras sociedades como meio de realizar o objeto social,
ou para beneficiar-se de incentivos fiscais, independe de previsão estatutária, conforme previsto no §2º do
Art. 3º da LSA. Frise-se que, quando a participação em outras sociedades constituir seu objeto social, esta
informação deve constar do estatuto. Conforme destaca Marlon Tomazette, “a definição do objeto social,
no estatuto, serve para delimitar o âmbito de atuação da sociedade, permitindo a responsabilização dos
administradores e controladores que extrapolem tais limites” (Curso de Direito Empresarial: Teoria Geral e
Direito Societário, Vol. 1, 6ª Ed., 2014, pág 409).
IV- O item está correto. De fato, dispõe o Art. 7º da LSA, “O capital social poderá ser formado com
contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.” No
ponto, observar que, ainda que ampla a redação do Art. 7º, “a utilização de bens estranhos e inúteis
ao objeto social não pode ser admitida, por representar uma burla aos credores e concorrentes da
sociedade, sendo expressamente condenada pelo artigo 117, §1º, da Lei 6.404/76” (Marlon Tomazette,
Curso de Direito Empresarial: Teoria Geral e Direito Societário, Vol. 1, 6ª Ed., 2014, pág 438).
21. No campo do direito societário, são muito comuns as chamadas operações societárias, nas
quais as sociedades se relacionam entre si, transformando-se, fundindo-se, incorporando outras
ou transferindo parcela de seu patrimônio a outras. Em todos esses casos – transformação,
incorporação, fusão e cisão -, haverá mudanças relevantes na estrutura das sociedades, que
trarão consequências jurídicas relevantes (André Luiz Santa Cruz Ramos, Direito Empresarial
Esquematizado, 2ª Ed., 2011, pág 368). Acerca das operações societárias, julgue os itens a seguir:
II. Na incorporação, haverá a extinção da(s) sociedade(s) incorporada(s), mas não surgirá
uma nova sociedade.
III. Conforme disposto no Código Civil, a cisão se trata da operação pela qual a sociedade
transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse
fim ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida, se houver versão de todo o seu
patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.
IV. Até noventa dias após publicados os atos relativos à incorporação, fusão ou cisão, das
sociedades anônimas, o credor anterior, por ela prejudicado, poderá promover judicialmente
a anulação deles.
COMENTÁRIO
I- O item está correto, à luz do que dispõem o Art. 220 da Lei nº 6.404/76 e 1.115 do Código Civil. No
ponto, é preciso esclarecer que, até o advento do Código Civil de 2002, embora as operações societárias
não fossem privativas das sociedades anônimas, o regramento da LSA era tido como norma geral, por
ser o único a tratar do tema. Advindas as regras do Código Civil, consideradas omissas pela doutrina,
II- O item está correto, correspondendo à explicação sobre a incorporação trazida por André Luiz Santa
Cruz Ramos (Direito Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., 2011, pág 370). Com efeito, dispõe o Art. 227 da
LSA que “a incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que
lhes sucede em todos os direitos e obrigações.” No mesmo sentido, o Art. 1.118 do Código Civil, segundo
o qual “aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta a incorporada, e promoverá
a respectiva averbação no registro próprio.”
III- O item está errado, na medida em que a cisão, no Código Civil, conforme pontua Marlon Tomazette
(Curso de Direito Empresarial: Teoria Geral e Direito Societário, Vol. 1, 6ª Ed., 2014, pág 611), conta apenas
com uma menção, de modo que o seu conceito, exposto no item, teve de ser buscado na Lei das
Sociedades Anônimas (Art. 229, caput). No ponto, observar o Enunciado 70 do CJF, reproduzido no item I.
IV- A assertiva está errada, pois o prazo para pleitear judicialmente a anulação dos atos relativos à
incorporação, fusão ou cisão, pelo credor anterior, por ela prejudicado, em se tratando de sociedades
anônimas, será de até sessenta dias após publicado o ato (Art. 232 da LSA).
Quando não se tratar de operação envolvendo sociedade anônima, aplica-se o prazo de noventa dias,
previsto no Art. 1.122 do Código Civil.
DIREITO CIVIL
II. O proprietário tem o direito de reaver a coisa de quem quer que a possua ou detenha,
para tanto, dispõe da ação reivindicatória, que é imprescritível, embora de natureza real.
III. O proprietário também pode ser privado da coisa, no caso de ser reivindicado imóvel
urbano, com área de até 250 m², na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto
V. O imóvel urbano abandonado pelo proprietário com a intenção de não mais o conservar
em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado,
como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito
Federal, se achar nas respectivas circunscrições.
c) I, V, estão incorretas.
COMENTÁRIO
O item I está correto. Segundo a doutrina, o direito de propriedade, direito real, é o mais completo dos
direitos subjetivos. Nesse sentido, as suas principais características são:
(i) direito absoluto: esta característica decorre do caráter erga omnes, ou seja, contra todos, de modo
que nessa seara o proprietário pode desfrutar da coisa como bem entender. Entretanto, existem limitações
que decorrem do interesse coletivo, a saber, no caso da função social e socioambiental da propriedade,
na dicção do §1º, do art. 1.228, do Código Civil, in verbis: “o direito de propriedade deve ser exercido
em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico
e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas”. A Constituição
Federal assevera em seu art. 5º, XXIII, que “a propriedade atenderá sua função social”. Portanto, o direito
de propriedade deve ser relativizado se encontrar pela frente algum outro direito fundamental tutelado
pela Constituição Federal; (ii) direito exclusivo: “A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova
em contrário” – art. 1.231, CC [Presunção relativa, ou, Iuris tantum]. Como regra, a propriedade pertence
apenas a uma pessoa, salvo os casos de condomínio e de copropriedade – ainda assim se mantém a
exclusividade; (iii) direito perpétuo: o direito de propriedade permanece independente de seu exercício,
ou seja, não se extingue pelo seu não uso, enquanto não sobrevier causa legal extintiva ou modificativa.
O item II está incorreto. Segundo o Código Civil, “o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor
da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”
– art. 1.228, CC. O direito de propriedade é dotado de uma tutela específica, fundada no direito de
sequela, ou seja, o poder de perseguir a coisa onde quer que ela se encontre. Para tanto, dispõe da
ação reivindicatória, de caráter dominial, ou seja, só pode ser utilizada pelo proprietário [também são
legitimados: sucessores mortis causa e o titular de promessa de compra e venda registrada no cartório
de imóveis – art. 1.417, CC c/c Enunciado n. 253/CCJ/STJ]. Três são os pressupostos da referida ação:
(i) a titularidade do domínio, pelo autor, da área reivindicada; (ii) a individuação da coisa - descrição
atualizada do bem, com suas limitações e confrontações; (iii) posse injusta do réu - o proprietário vai
retomar a coisa não de qualquer possuidor ou detentor, porém daquele que a conserva sem causa
jurídica, ou a possui injustamente. A ação reivindicatória é imprescritível porque versa sobre domínio,
que é perpétuo e somente se extingue nos casos previstos em lei, não deixando de existir pelo não uso.
No entanto, poderá encontrar óbice na usucapião. Nessa seara, destaco a Súmula 237 do STF, segundo
a qual “o usucapião pode ser arguido em defesa”.
O Item III está incorreto. Trata-se de desapropriação judicial privada por posse-trabalho, prevista
nos §§ 4º e 5º, do art. 1.228
Importante destacar que na usucapião coletiva urbana, a área deve ter, no mínimo, 250 m², exigência
que não está presente na desapropriação judicial privada, bastando uma “extensa área”. Ainda, a
usucapião coletiva somente se aplica aos imóveis urbanos, enquanto a desapropriação judicial privada
pode ser aplicada aos imóveis urbanos ou rurais.
O item IV está correto. O registro do título aquisitivo é a principal forma derivada de aquisição da
propriedade imóvel [art. 1.245, CC]. Portanto, o registro imobiliário, que se situa no plano de eficácia do
contrato, é que gera a aquisição da propriedade do imóvel. “O registro é eficaz desde o momento em
que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo” – art. 1.246, CC. Anote-se
que o registro deve ser feito no Cartório de Registro de Imóveis da situação do bem – ver: arts. 1.º, IV,
e 167 a 171 da Lei 6.015/1973 – Lei de Registros Públicos e art. 1.227 do CC/2002. A escritura pública não
é o instrumento apto à aquisição da propriedade, mas, formalidade situada no plano da validade dos
contratos de constituição ou transmissão de bens. Ver: Enunciados 87 e 503/CCJ/STJ.
O item V está correto. Consigna o Código Civil que “o imóvel urbano que o proprietário abandonar, com
a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá
ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito
Federal, se se achar nas respectivas circunscrições” – art. 1.276. No caso de imóvel rural a propriedade
será da União. Assim, percebe-se que o critério da localização é que orienta a destinação final do bem
imóvel abandonado. Ver: Enunciados 242/243/316/565.
a) Capacidade de gozo ou de exercício consiste na aptidão para exercer, por si só, os atos
da vida civil, logo, o seu titular tem legitimação plena para prática de atos jurídicos.
b) São pertenças os bens cuja existência supõe a do principal, não constituindo partes
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento
de outro.
c) O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei,
ou a convenção com o devedor, no entanto, a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser
oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
e) Os pais são responsáveis pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em
sua companhia, portanto, trata-se de responsabilidade objetiva, que prescinde prova de
culpa dos filhos para a ocorrência do dano sofrido pela vítima.
COMENTÁRIO
A alternativa “A” está incorreta. Enuncia o Código Civil em seu art. 1º que “toda pessoa é capaz de direitos
e deveres na ordem civil”. Portanto, a personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos
e contrair deveres na ordem jurídica. O Ministro Ayres Brito à época do julgamento da ADIN 3510 afirmou
que “a personalidade jurídica consiste na qualidade de ser pessoa”. Segundo a doutrina a capacidade é
a medida da personalidade. Disso resulta que a capacidade pode ser: (i) capacidade de direito ou
de gozo: todas as pessoas têm, isto é, são sujeito de direitos e deveres na ordem privada, portanto, é
genérica e adquire-se junto com a personalidade; (ii) capacidade de fato ou exercício: nem todas as
pessoas têm, sendo a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. Assim sendo, a capacidade plena
é fruto da união dessas duas capacidades. Noutra banda, surge o conceito de legitimação que consiste
em uma aptidão para a prática de certos atos jurídicos, uma espécie de capacidade especial exigida em
certas situações. É um plus na capacidade. Ex: outorga conjugal para venda de imóvel. Por fim, destaque-
se mesmo aquele que tem capacidade plena pode não ter legitimação para praticar determinado ato da
vida civil.
A alternativa “B” está incorreta. Segundo o Código Civil os bens reciprocamente considerados dividem-se
em: (i) principal: bens que existem de maneira autônoma e independente, de forma concreta ou abstrata.
Na dicção do art. 92, CC, temos que “principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente”; (ii)
acessório: bens cuja existência e finalidade dependem de outro bem, denominado principal. Segundo
o art. 92, CC, parte final, temos que “acessório, aquele cuja existência supõe a do principal”. São bens
acessórios: a) frutos; b) produtos; c) pertenças; d) partes integrantes; e) benfeitorias. Consigna o
Código Civil que “são pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro” - Art. 93. Ou seja, as pertenças destinam-
se a servir um outro bem principal, por vontade ou trabalho intelectual do proprietário. Ex: A máquina
de colheita de uma fazenda. Como regra, o bem acessório segue o principal na luz do princípio da
gravitação jurídica, no entanto, tal assertiva não se aplica as pertenças, pois estas, como regra, não
seguem o principal, salvo disposição em contrário, na dicção do art. 94, CC, segundo o qual “os negócios
jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar
da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso”.
A alternativa “C” está correta. Nas palavras de Tartuce8, temos que “cessão de crédito pode ser conceituada
como um negócio jurídico bilateral ou sinalagmático, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor, sujeito ativo de
uma obrigação, transfere a outrem, no todo ou em parte, a sua posição na relação obrigacional”. O Código
Civil consigna que “o credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a
lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de
boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação” - Art. 286. Dessa previsão normativa, podemos extrair
três importantes conclusões: (i) não é possível ceder o crédito em alguns casos, em razão de proibição
legal; (ii) o instrumento obrigacional pode prevê a impossibilidade de cessão do crédito; (iii) a cláusula
proibitiva não pode ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento obrigacional, em
sintonia com a valorização da eticidade.
A alternativa “D” está incorreta. Nas lições de Tartuce9, para quem “comodato é um contrato unilateral,
benéfico e gratuito em que alguém entrega a outra pessoa uma coisa infungível, para ser utilizada por
um determinado tempo e devolvida findo o contrato. Por razões óbvias, o contrato pode ter como objeto
bens móveis ou imóveis, pois ambos podem ser infungíveis (insubstituíveis)”. Na dicção do Código Civil,
temos que “o comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição
do objeto” – art. 579. A parte que empresta a coisa é denominada de comodante, quem a recebe é o
comandatário. Trata-se de contrato intuitu persona, assentado na confiança do comodante em relação
ao comandatário. Não exige forma escrita, sendo, desta forma, contrato informal e não solene. Consigna
o Código Civil em seu art. 585 que “se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de
uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante”. Trata-se, pois, de solidariedade
passiva de origem legal, quanto ao conteúdo do contrato.
A alternativa “E” está incorreta. O art. 933, CC, consigna que a responsabilidade das pessoas nele
8 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 333.
9 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 575.
arroladas independe de culpa, adotando, deste modo, a teoria do risco-criado. Portanto, imputa
responsabilidade objetiva a tais pessoas, que independente sua culpa, responderão por atos de terceiros
ali mencionados. No entanto, a doutrina nos ensina que esta responsabilidade é denominada de
responsabilidade objetiva indireta ou impura, isto porque se faz necessário provar a culpa daqueles
pelos quais são responsáveis. Portanto, está superada o modelo de culpa presumida. Logo, os pais
respondem objetivamente pelos atos de seus filhos quando ficar comprovada a culpa destes para a
ocorrência do dano – art. 932, I, c/c art. 933, CC.
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa
de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
e) Para que o evicto possa exercer o direito que resulta da evicção deverá notificar o
alienante imediato do litígio por meio da denunciação da lide. Não atendendo o alienante à
denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar
de oferecer contestação, ou usar de recursos.
COMENTÁRIO
A alternativa “A” está incorreta. O Código Civil dispõe que “a coisa recebida em virtude de contrato
comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é
destinada, ou lhe diminuam o valor” – art. 441, do CC. Ou seja, vícios redibitórios são defeitos ocultos em
coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que desvalorizam a coisa ou a tornam imprópria
para o uso.
Segundo a doutrina a teoria mais aceita para justificar os vícios redibitórios é a do inadimplemento
contratual, segundo a qual o fundamento da responsabilidade pelos vícios redibitórios consiste no
princípio da garantia, pelo qual o alienante deve assegurar, ao adquirente a título oneroso, o uso da coisa
por ele adquirida e para os fins a que é destinada.
São requisitos para verificação dos vícios redibitórios: (i) que a coisa tenha sido recebida em virtude de
contrato comutativo; (ii) que os defeitos sejam ocultos; (iii) que existam no momento da celebração do
contrato e perdurem até a ocasião da reclamação; (iv) que sejam desconhecidos do adquirente; e (v) que
sejam graves.
Segundo lições doutrinárias, o vício redibitório não se confunde com o erro substancial, pois neste o vício
é de natureza subjetiva, uma vez que reside no consentimento, na manifestação de vontade, uma vez que
a pessoa se engana sozinha quanto a um dos elementos do negócio jurídico celebrado – arts. 138/144, do
CC. Já no vício redibitório o problema atinge o objeto do contrato, isto é, a coisa, que tem defeito oculto,
portanto, tem natureza objetiva. O erro substancial situa-se no plano da validade (anulabilidade do
contrato), o vício redibitório no plano da eficácia contratual (resolução ou abatimento do preço).
Nesse sentido, assim se pronunciou o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 991.317/MG,
Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/12/2009, DJe 18/12/2009:
O equívoco inerente ao vício redibitório não se confunde com o erro substancial, vício
de consentimento previsto na Parte Geral do Código Civil, tido como defeito dos atos negociais.
O legislador tratou o vício redibitório de forma especial, projetando inclusive efeitos diferentes
daqueles previstos para o erro substancial. O vício redibitório, da forma como sistematizado
pelo CC/16, cujas regras foram mantidas pelo CC/02, atinge a própria coisa, objetivamente
considerada, e não a psique do agente. O erro substancial, por sua vez, alcança a vontade
do contratante, operando subjetivamente em sua esfera mental.
A alternativa “B” está incorreta. Afirma o Código Civil em seu art. 442 que:
Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar
abatimento no preço.
Portanto, o dispositivo legal aponta as ações editalícias que podem ser utilizadas pelo adquirente no caso
de vício redibitório. Desta forma, o adquirente poderá optar pela ação redibitória, para rejeitar a coisa,
rescindindo o contrato, devolvendo a coisa e pleiteando a devolução do que pagou, sem prejuízo das
perdas e danos. Para percepção das perdas e danos deverá comprovar a má-fé do alienante, ou seja,
que este tinha ciência dos vícios redibitórios – art. 443, do CC. Noutra banda, poderá fazer uso da ação
estimatória ou quanti minoris, conservando a coisa e pleiteando o abatimento proporcional do preço.
Os prazos, contados da tradição, previstos para a propositura de tais ações são decadenciais, uma
vez que as ações editalícias são constitutivas negativas. No caso de vício que pode ser facilmente
percebido “o adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta
dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o
prazo conta-se da alienação, reduzido à metade” – art. 445. Quando se trate de vício cujo conhecimento,
por sua natureza, só puder ser verificado mais tarde, “o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver
ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para
os imóveis.
A alternativa “C” está incorreta. Segundo a doutrina o conceito clássico de evicção consiste na perda
de uma coisa em virtude decisão judicial, que a atribui a outrem, em razão de causa jurídica preexistente
ao contrato. Nas palavras de Tartuce10 “a evicção pode ser conceituada como sendo a perda da coisa diante
de uma decisão judicial ou de um ato administrativo que a atribui a um terceiro”.
4. O direito de demandar pela evicção não supõe, necessariamente, a perda da coisa por
sentença judicial. A autoridade administrativa aduaneira, que decretou o perdimento
do bem, em razão da ilegal circulação de veículo importado no país, equipara-se a
autoridade policial para fins do exercício da evicção, porquanto exerce o mesmo
poder de apreensão. (REsp 1047882/RJ, Rel. Ministro HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/AP), QUARTA TURMA, julgado em 03/11/2009, DJe
30/11/2009)
A alternativa “D” está correta. No caso de evicção a responsabilidade decorre da lei, de modo que não
precisa está prevista no contrato. No entanto, as partes podem reforçar a responsabilidade, atenuando
ou agravando seus efeitos, nos termos do art. 448, do CC.
10 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 498.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.
Lembra-nos Tartuce11 que “quanto ao reforço em relação à evicção, diante da vedação do enriquecimento
sem causa, tem-se entendido que o limite é o dobro do valor da coisa, o que é correto, pela função social
dos pactos”. A exclusão da responsabilidade pode ocorrer de forma expressa, por meio de cláusula de
non praestaenda evictione ou cláusula de irresponsabilidade pela evicção. Neste caso, a previsão
por si só não exclui a responsabilidade, pois, se ocorrer a evicção, “tem direito o evicto a receber o preço
que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu”– art.
449, parte final, do CC.
Nesta seara, a exclusão total da responsabilidade do alienante, segundo a doutrina majoritária, somente
ocorrerá quando for pactuada a cláusula de exclusão E o adquirente for informado sobre o risco
da evicção e o aceitou. Não havendo a previsão da cláusula de irresponsabilidade pela evicção, a
responsabilidade do alienante será plena, nos termos do art. 450, 453 e 454, do CC.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do
preço ou das quantias que pagou:
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem
da evicção;
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em
que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão
pagas pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante,
o valor delas será levado em conta na restituição devida.
A alternativa “E” está incorreta. Consigna o Código Civil em seu art. 456 que “para poder exercitar o
direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer
dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo”. Essa notificação vem sendo feita
por meio da denunciação à lide – art. 70, I, do CPC. Segundo nos termos do referido dispositivo legal “a
denunciação da lide é obrigatória”. Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento consolidado
no sentido de que essa denunciação é não é obrigatória, mas acarretará a perda do direito de regresso.
11 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 500.
Nesse sentido, Enunciado n. 434 do CCJ/STJ: “Art. 456: A ausência de denunciação da lide ao alienante,
na evicção, não impede o exercício de pretensão reparatória por meio de via autônoma”. Por fim, consigna
o parágrafo único do art. 456, do CC que “não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo
manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos”.
II. Para a teoria eclética, cunhada por Enrico Tullio Liebman e adotada pelo Código de
Processo Civil brasileiro de 1973, o conceito de ação pode ser entendido como o direito
público subjetivo a um pronunciamento judicial sobre a situação jurídica controvertida
deduzida no processo. O exercício desse direito, contudo, não é totalmente abstrato,
mas depende do atendimento das chamadas condições da ação (para alguns condições
para o provimento final), que são a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e
legitimidade para a causa.
III. Quanto ao meio de prestação, a tutela jurisdicional diferenciada pode ser de urgência,
de evidência ou inibitória.
COMENTÁRIO
Item II. Também correto. Colaciono aqui novamente a minha sistematização acerca do ponto:
e) O âmbito da teoria da causa madura cinge-se às causas que versam questão exclusivamente
de direito, não podendo ser ela aplicada quando, para a análise do recurso, seja inevitável
a apreciação do acervo probatório contido nos autos.
COMENTÁRIO
Letra a. Incorreta, pois, segundo o CPC, das decisões liminares do Relator do agravo de instrumento não
cabe recurso, salvo pedido de reconsideração (o qual, segundo posição dominante, não possui natureza
recursal):
III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de
tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo,
somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio
relator a reconsiderar.
Art. 501. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.
Art. 503. A parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão, não poderá
recorrer.
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem reserva alguma, de um ato
incompatível com a vontade de recorrer.
Importante igualmente, nesse norte, não confundir a desistência do recurso com a renúncia do direito
recorrer:
Desistência Renúncia
Pressupõe recurso já interposto, podendo ser requerida
É anterior à interposição do recurso
até o julgamento
É fato extintivo (para alguns impeditivo) do direito de
É causa de revogação do recurso
recorrer
Não depende de aceitação da outra parte Não depende de aceitação da outra parte
Parágrafo único. Nas causas referidas no inciso II, alínea b, caberá agravo das decisões
interlocutórias.
I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo
de que a parte dispõe para responder;
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado
inadmissível ou deserto.
§ 3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode
julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em
condições de imediato julgamento.
Cuida-se da possibilidade de imediato julgamento, pelo tribunal, da chamada “causa madura”, isto é, aquela
que se já encontre pronta para exame meritório. O dispositivo em referência elasteceu a devolutividade do
recurso de apelação, ao autorizar que o Tribunal examine, independentemente de requerimento da parte,
matéria não decidida na primeira instância, desde que se trate de feito antes extinto sem julgamento de
mérito.
Todavia, para a aplicação da referida regra, denominada pelos doutrinadores por “Princípio (ou Teoria) da
Causa Madura”, impõe-se, segundo exigência do próprio CPC, que a causa verse unicamente acerca de
matéria de direito e que esteja em condições de imediato do julgamento. A despeito da literalidade do
permissivo legal, a jurisprudência do STJ também tem autorizado a aplicação do procedimento ali previsto
quando, ainda que a questão seja de direito e de fato, não exista necessidade de produzir provas outras
na instrução do feito:
Corte Especial
interposta contra a sentença que julgara extinto o processo sem resolução de mérito. Registre-
se, a propósito, que configura questão de direito, e não de fato, aquela em que o Tribunal
tão somente extrai o direito aplicável de provas incontroversas, perfeitamente delineadas,
construídas com observância do devido processo legal, caso em que não há óbice para que
incida a regra do art. 515, § 3º, porquanto discute, em última análise, a qualificação jurídica dos
fatos ou suas consequências legais. EREsp 874.507-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado
em 19/6/2013
27. Dispõe o art. 591 do CPC que “O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações,
com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei”. Nesse norte,
à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta:
b) Caso não utilizados incontinenti, podem ser penhorados os valores recebidos a título de
indenização trabalhista e aplicados em fundo de investimento ou aplicação assemelhada,
mas desde que não ultrapassem ao patamar de 40 (quarenta) salários-mínimos.
c) Deve ser restritivamente interpretada a regra do inciso X do art. 649 do CPC (Art. 649.
São absolutamente impenhoráveis: X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a
quantia depositada em caderneta de poupança), não podendo ser ela estendida a outros
tipos de aplicações diversas da poupança.
COMENTÁRIO
para o seu sustento e de sua família. Com efeito, toda verba que ostente natureza alimentar e
que seja destinada ao sustento do devedor e de sua família – como os honorários advocatícios
– é impenhorável. Entretanto, a regra disposta no art. 649, IV, do CPC não pode ser interpretada
de forma literal. Em determinadas circunstâncias, é possível a sua relativização, como ocorre nos
casos em que os honorários advocatícios recebidos em montantes exorbitantes ultrapassam
os valores que seriam considerados razoáveis para sustento próprio e de sua família. Ademais,
o princípio da menor onerosidade do devedor, insculpido no art. 620 do CPC, tem de estar
em equilíbrio com a satisfação do credor, sendo indevida sua aplicação de forma abstrata
e presumida. Precedente citado: REsp 1.356.404-DF, Quarta Turma, DJe 23/8/2013. REsp
1.264.358-SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/11/2014, DJe 5/12/2014 (Informativo
553).
Letra b. Correta (gabarito). Embora o art. 649, IV, do CPC, disponha que são impenhoráveis “os vencimentos,
subsídios, saldos, salários, remunerações”, cabe destacar que o STJ, conferindo interpretação restritiva a
tal preceito, passou a admitir a penhora de valores recebidos a título de indenização trabalhista, caso não
utilizados de imediato pelo beneficiário e quando aplicados em fundo de investimento:
Ressalva-se que, em 25 de fevereiro de 2015 (Informativo nº 554), o STJ teve a oportunidade de assentar
que mesmo a quantia decorrente de rescisão trabalhista, uma vez aplicada em determinado fundo de
investimento, estaria albergada pelo manto de impenhorabilidade até o montante de 40 salários-mínimos:
quarenta salários mínimos. EREsp 1.330.567-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
10/12/2014, DJe 19/12/2014 (Informativo 554).
Letra c. Incorreta, pois a previsão do inciso X do art. 649 do CPC, por interpretação extensiva e teológica,
não fica restrita aos depósitos relativos a caderneta de poupança:
→ Verbas de caráter alimentar (salário, p.ex.) → tornam-se penhoráveis quando, não utilizadas
incontinenti para a subsistência do devedor, passem a caracterizar sobra ou reserva financeira
deste → interpretação restritiva do inciso IV do art. 649.
Letra d. Incorreta, pois a impenhorabilidade dos recursos do fundo partido é ampla, independentemente
da origem da verba integrante do fundo:
político”. A expressão “nos termos da lei” remete à Lei 9.096/1995, a qual, no art. 38, discrimina
as fontes que compõem o fundo partidário. Nesse contexto, os recursos do fundo são oriundos
de fontes públicas – como as multas e penalidades, recursos financeiros destinados por lei e
dotações orçamentárias da União (art. 38, I, II e IV) – ou de fonte privada – como as doações
de pessoa física ou jurídica, efetuadas por intermédio de depósitos bancários diretamente
na conta do fundo partidário (art. 38, III). A despeito dessas duas espécies de fontes, após
a incorporação das somas ao fundo, elas passam a ter destinação específica prevista em lei
(art. 44 da Lei 9.096/1995) e a sujeitar-se a determinada dinâmica de distribuição, utilização
e controle do Poder Público (arts. 40 e 44, §1º, da Lei 9.096/1995 c/c o art. 18 da Resolução
TSE 21.841/2004) e, portanto, a natureza jurídica dessas verbas passa a ser pública ou, nos
termos do art. 649, XI, do CPC, elas tornam-se recursos públicos. Tais circunstâncias deixam
claro que o legislador, no art. 649, XI, do CPC, ao fazer referência a “recursos públicos do
fundo partidário”, tão somente reforçou a natureza pública da verba, de modo que os valores
depositados nas contas bancárias utilizadas exclusivamente para o recebimento dessa legenda
são absolutamente impenhoráveis. Nesse sentido, o TSE, que possui vasta jurisprudência
acerca da impossibilidade do bloqueio de cotas do fundo partidário, não faz distinção acerca
da origem dos recursos que o constitui, se pública ou privada, tratando-o como um todo
indivisível e, como dito, de natureza pública (AgR-AI 13.885-PA, DJe 19/5/2014 e AgR-REspe
7.582.125-95-SC, DJe 30/4/2012). O fundamento para a impenhorabilidade é o mesmo
aplicável à hipótese de recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação
compulsória em educação, saúde, ou assistência social (art. 649, IX, do CPC): a preservação
da ordem pública, até porque o fundo partidário está relacionado ao funcionamento dos
partidos políticos, organismos essenciais ao Estado Democrático de Direito. Destaca-se, por
fim, que a conclusão de que a origem do débito, se relacionada com as atividades previstas
no art. 44 da Lei 9.096/1995, seria capaz de afastar a previsão contida no art. 649, XI, do CPC,
é desacertada, pois, na realidade, ela descaracteriza a absoluta impenhorabilidade ora em
questão. REsp 1.474.605-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/4/2015, DJe
26/5/2015 (Informativo 562).
Letra e. Incorreta. A primeira parte da assertiva encontra-se correta (impenhorabilidade das verbas
públicas recebidas por particulares e destinadas compulsoriamente à saúde), mas não a segunda, posto
ser penhorável, por possuiu caráter indenizatório, o valor recebido por anistiado político a título de
reparação econômica. Nesse sentido os precedentes do STJ:
os vencimentos, subsídios, soldos, salários e remunerações (inciso IV). Ocorre que, de acordo
com a Lei 10.559/2002 — que regulamenta o Regime do Anistiado Político —, a reparação
econômica devida a anistiado político não possui caráter remuneratório ou alimentar, mas sim
“caráter indenizatório” (art. 1º, II). Sendo assim, essas verbas se mostram passíveis de constrição,
na medida em que não foram consideradas por lei como absolutamente impenhoráveis. REsp
1.362.089-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/6/2013 (Informativo nº 0525).
28. Sobre os crimes contra o sistema financeiro nacional, assinale a alternativa correta.
b) O crime de gestão fraudulenta é próprio, razão pela qual não admite a participação
de terceiro estranho à administração da instituição financeira. No entanto, admite-se a
aplicação do princípio da insignificância.
e) O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar,
a qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes
previstos nesta lei. No entanto, o sigilo dos serviços e operações financeiras pode ser
invocado como óbice ao atendimento da requisição.
COMENTÁRIO
A alternativa “A” está correta. A Lei n. 7.492/1986, que define os crimes contra o sistema financeiro
nacional, consigna em seu art. 19 que constitui crime “obter, mediante fraude, financiamento em instituição
financeira”. O sujeito ativo do delito pode ser qualquer pessoa, enquanto o sujeito passivo é a instituição
financeira lesada. O verbo do tipo obter, significa alcançar, conseguir. Neste tipo penal o agente, mediante
fraude, consegue efetivar financiamento junto à alguma instituição financeira, incutindo uma falsa noção
da realidade na mente da pessoa que autoriza a concessão do financiamento. Ou seja, não fosse o meio
fraudulento, o financiamento não teria sido obtido pelo agente. O financiamento é uma modalidade
de empréstimo que tem uma vinculação específica que é o custeio de algo determinado que deve ser
declarado no momento da sua concessão. Nesse sentido:
3. É irrelevante, para a definição da competência jurisdicional, que, desde o início, o agente não
pretendesse pagar as parcelas do financiamento, desde que tivesse a intenção de celebrar o
contrato fraudulento. Todo financiamento é meio de obtenção de dinheiro para emprego
em um investimento específico previamente acordado. 4. Caracterização de crime contra o
sistema financeiro nacional. 5. Conflito conhecido para declarar competente o JUÍZO DE DIREITO
DA 14ª VARA FEDERAL DE CURITIBA/PR, ora suscitante.
(CC 140.386/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 12/08/2015, DJe 20/08/2015)
A alternativa “B” está incorreta. Segundo o art. 4º, da Lei n. 7.492/1986, é crime “gerir fraudulentamente
instituição financeira”. Gerir consiste em praticar atos de gestão, isto é, atos de direção, de administração
da instituição financeira, sendo, deste modo, responsável pela tomada de decisões importantes. A fraude
consiste em o agente manter ou induzir alguém em erro, fazendo nascer na mente uma falsa percepção
da realidade. Assim, fraudulento é o ato inidôneo que planta uma situação irreal no que diz respeito à
gestão da instituição financeira. Em relação a tal crime não se aplica o princípio da insignificância, uma
vez uma vez que o delito tutela a credibilidade do mercado, a proteção ao investidor e a estabilidade
e higidez do Sistema Financeiro Nacional - Ver: REsp. n. 1.015.971. Noutra banda, entende o Superior
Tribunal de Justiça que é perfeitamente imputável o crime de gestão fraudulenta na condição de partícipe,
em decorrência da norma de extensão do art. 30 do Código Penal – Ver: REsp. n. 1.290.073. Ainda:
IV - O delito de gestão fraudulenta, capitulado no art. 4º da Lei 7.492/86, muito embora seja
crime próprio, não impede que um terceiro, estranho à administração da instituição
financeira, venha a ter participação no delito, desde que ancorado no art. 29 do Código
Penal (precedentes). (HC 292.979/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
28/04/2015, DJe 12/05/2015).
A alternativa “C” está incorreta. Segundo o STJ a cobrança de juros extorsivos em empréstimo de
dinheiro realizado por particular, com recursos próprios, configura, em tese, crime de usura (agiotagem)
– Ver: CC n. 22630/SP. A jurisprudência entende que o agiota não é equiparado à instituição financeira.
O agiota pratica o delito previsto no art. 4º, da Lei n. 1.521/195, que dispõe sobre os Crimes Contra a
Economia Popular.
Art. 4º. Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando:
a) cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à taxa
permitida por lei; cobrar ágio superior à taxa oficial de câmbio, sobre quantia permutada por
moeda estrangeira; ou, ainda, emprestar sob penhor que seja privativo de instituição oficial de
crédito.
- Compete à Justiça dos Estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes
contra a economia popular (Súmula 498/STF).
(CC 36.011/RS, Rel. Ministro VICENTE LEAL, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/09/2002, DJ
16/06/2003, p. 258).
A alternativa “D” está incorreta. Dispõe o art. 11, da Lei n. 7.492/1986 que “manter ou movimentar
recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação”. Portanto, perceba que não
há no tipo qualquer elemento ou finalidade especial, a saber: “interesse próprio ou alheio”. Manter
a contabilidade paralela significa conservar, sustentar essa contabilidade, dando a ela um caráter de
permanência. Movimentar consiste em desenvolver a contabilidade paralela. Também conhecida como
“caixa dois”, a contabilidade paralela constitui uma maquiagem da real contabilidade da instituição
financeira. A contabilidade real é aquela que retrata a verdadeira situação fiscal, financeira e econômica
da instituição financeira. O delito consuma-se com a simples manutenção de forma habitual ou com a
simples movimentação. Trata-se de crime formal.
A alternativa “E” está incorreta. Consigna o art. 29, da Lei n. 7.492/1986 que:
Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar, a
qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes previstos
nesta lei.
Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode ser invocado como
óbice ao atendimento da requisição prevista no caput deste artigo.
O poder de requisição previsto na norma citada é fruto da titularidade da ação penal que o Ministério
Público desfruta no sistema processual penal vigente. Tem amparo legal na LC n. 75/1983, art. 8º, II a VII.
b) A inabilitação para dirigir veículo, quando este for utilizado para a prática de crime doloso,
é efeito automático que decorre da condenação, dispensando a respectiva motivação na
sentença condenatória.
c) Não poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito
do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
d) A obrigação de reparação do dano, cujo valor mínimo deve ser fixado pelo juiz na
sentença, e a perda em favor dos Estados dos instrumentos do crime e do produto do crime,
ressalvado o direito do lesado ou do terceiro de boa-fé, são efeitos genéricos, porém, não
são automáticos.
COMENTÁRIO
A alternativa “A” está incorreta. O Código Penal consigna duas hipóteses nas quais haverá a perda do
cargo público, da função pública e do mandato eletivo, nos termos do art. 92. Nessa seara, temos que: (i)
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública – quando
condenado a pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 ano; (ii) demais casos nos quais
não precisa haver relação do crime com o exercício do cargo ou função – quando condenado a pena
privativa de liberdade superior a quatro anos. Tais efeitos não são automáticos e precisam ser explicitados
pelo juiz na sentença. Obs.: No caso de mandato eletivo, incide o art. 15, III, da CF, de modo que basta
a condenação penal irrecorrível [qualquer infração penal: crime ou contravenção] para que ocorra a
suspensão dos direitos políticos, e, por consequência, a perda do mandato eletivo, salvo a hipótese do art.
55, §2º, da CF. Por fim, o STJ entende que não é possível a cassação de aposentadoria com fundamento
no art. 92, II, do CP:
1. O efeito da condenação relativo à perda de cargo público, previsto no art. 92, inciso
I, alínea b, do Código Penal, não se aplica ao servidor público inativo, uma vez que
ele não ocupa cargo e nem exerce função pública. 2. O rol do art. 92 do Código Penal é
taxativo, não sendo possível a ampliação ou flexibilização da norma, em evidente prejuízo do
réu, restando vedada qualquer interpretação extensiva ou analógica dos efeitos da condenação
nele previstos. 3. Configurando a aposentadoria ato jurídico perfeito, com preenchimento dos
requisitos legais, é descabida sua desconstituição, desde logo, como efeito extrapenal
específico da sentença condenatória; não se excluindo, todavia, a possibilidade de cassação
da aposentadoria nas vias administrativas, em procedimento próprio, conforme estabelecido
em lei. 4. Recurso especial desprovido. (REsp 1317487/MT, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 07/08/2014, DJe 22/08/2014).
A alternativa “B” está incorreta. Consigna o art. 92, III, e do CP que também é efeito da condenação
“a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso”. O mesmo
dispositivo dispõe em seu parágrafo único que “os efeitos de que trata este artigo não são automáticos,
devendo ser motivadamente declarados na sentença”. Portanto, trata-se de efeito penal específico não
automático, razão por que o juiz deve declará-los na sentença condenatória e somente pode ser utilizado
quando o veículo for usado como meio para a prática de crime doloso. Ou seja, o veículo é utilizado como
instrumento para a prática de delito doloso, situação que não guarda relação com os crimes culposos de
trânsito previstos no Código de Trânsito Brasileiro.
A alternativa “C” está incorreta. O Código Penal consiga no art. 92, §1º que “poderá ser decretada a
perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados
ou quando se localizarem no exterior”. Mesmo não sendo encontrados, poderá o julgador decretar a
perda de bens ou valores que são equivalentes ao produto ou proveito do crime, impedindo, assim, que
o agente continue auferindo lucro derivado de seu comportamento criminoso.
A alternativa “D” está incorreta. Reza o Código Penal em seu art. 91, que são efeitos da condenação:
(i) tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime – inciso I; (ii) a perda em favor da
União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos do crime, desde
que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do
produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a
prática do fato criminoso – inciso II. Com a sentença condenatória não mais se discute a ilicitude do fato
e a obrigação de indenizar. Para a reparação a vítima deve promover a liquidação e, posteriormente, a
execução da sentença penal condenatória, pois esta se trata de título executivo. O STJ entende que o
juiz deve ficar valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pela vítima – Ver: AgRg no AREsp 311.784/DF. A hipótese prevista no inciso II é denominada pela
doutrina de confisco, e abrange os instrumentos do crime, ou seja, os objetos utilizados pelo agente
na execução do delito, bem como o produto do crime, isto é, a coisa adquirida diretamente com o
crime; a coisa adquirida mediante especificação – ex: aliança feita com ouro roubado; a coisa adquirida
mediante alienação – ex: dinheiro obtido com a venda da coisa furtada. Ambos são efeitos automáticos
da condenação, de modo que não precisa ser declarado pelo juiz na sentença.
A alternativa “E” está correta. Os efeitos secundários da condenação de natureza penal estão previstos
em diversos artigos do Código Penal, vejamos:
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela
pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um
terço, se o condenado é reincidente.
30. Sobre os recursos, julgue as alternativas a seguir, de acordo com os enunciados das súmulas
de jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
II. Não constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões
ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor
dativo.
b) I, II e IV estão corretos.
COMENTÁRIO
Sobre o tema recursos é relevante que o candidato tenha conhecimento das súmulas de jurisprudências
do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça que tratam sobre o assunto.
O item “I” está incorreto. Súmula 705 do STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada
sem a assistência do defensor não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
O item “II” está incorreto. Súmula 707 do STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado
para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação
de defensor dativo.
O item “III” está correto. Súmula 319 do STF: O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal
Federal, em “habeas-corpus” ou mandado de segurança, é de cinco dias.
O item “IV” está correto. Súmula 347 do STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe
de sua prisão.
O item “V” está correto. Súmula 207 do STJ: É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos
infringentes contra acórdão proferido no tribunal de origem.
DIREITO DO TRABALHO
d) A contratação efetivada com ente da administração pública não produz efeitos jurídicos,
se o certame público posteriormente for anulado. Trata-se de hipótese similar à contratação
realizada sem a observância da exigência contida no artigo 37, inciso II, da Constituição
Federal de 1988.
e) A nomeação reiterada para o exercício das funções de oficial de justiça “ad hoc” é capaz
de gerar vínculo empregatício com a Administração Pública.
COMENTÁRIO
relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores
referentes aos depósitos do FGTS, parcelas previstas na Súmula nº 363 do TST.
É o que dispõe a Orientação Jurisprudencial nº 366 da Seção de Dissídios Individuais I (SDI I):
Alternativa “B” – Incorreta, pois o enunciado da assertiva contrataria a jurisprudência do TST. Ainda que o
contrato seja nulo em razão da ausência de concurso público, o empregado terá direito ao pagamento de
eventual indenização por danos morais e materiais, decorrente de ato ilícito praticado pela Administração
Pública.
Alternativa “C” – Incorreta. O Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que o art. 19-A da Lei
n. 8.036/90 não se aplica aos servidores admitidos por contrato temporário excepcional, não sendo
garantido o direito ao FGTS.
(AgRg no REsp 1485297/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 03/03/2015, DJe 09/03/2015).
Alternativa “D” – Correta, conforme Orientação Jurisprudencial nº 128 da Seção de Dissídios Individuais
II (SDI II):
Alternativa “E” – Incorreta, pois contraria diretamente a Orientação Jurisprudencial nº 164 da Seção de
Dissídios Individuais I (SDI I):
Não se caracteriza o vínculo empregatício na nomeação para o exercício das funções de oficial
de justiça “ad hoc”, ainda que feita de forma reiterada, pois exaure-se a cada cumprimento de
mandado.
c) Salvo se concedidas as férias nos doze meses subsequentes à data em que o empregado
e) É inválida a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, ainda que
ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de
trabalho.
COMENTÁRIO
Alternativa “A” – Incorreta. A Constituição Federal dispõe expressamente, em seu artigo 7º, inciso XIV,
sobre o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento, assegurando aos trabalhadores submetidos a
tal regime jornada de seis horas. Admite a parte final do dispositivo, no entanto, que a jornada reduzida
possa ser elastecida mediante negociação coletiva.
Alternativa “C” – Incorreta. O artigo 145 da CLT estabelece que o pagamento da remuneração das férias
será efetuado até dois dias antes do início do respectivo período.
O escopo da norma é proporcionar ao empregado o gozo das férias com recursos que viabilizem desfrutar
desse período de descanso (o que é possível, pelo menos em tese, com o recebimento antecipado da
remuneração das férias). Assim, o pagamento das férias em desacordo com o prazo estabelecido no
artigo 145 da CLT frustra a finalidade do instituto.
Nesse caso, o TST tem aplicado a sanção prevista no artigo 137 da CLT, ou seja, o pagamento em dobro
da remuneração das férias, ainda que as férias sejam gozadas na época própria, conforme fixado na
Súmula nº 450:
Alternativa “D” – Incorreta. Os minutos residuais correspondem ao tempo necessário para que o
empregado atenda necessidades pessoais, no início e ao final da jornada diária, ligadas ao trabalho
realizado, como, por exemplo, a uniformização, o lanche e a higiene pessoal, o qual deve ser considerado
no cômputo da jornada diária, por ser tempo à disposição do empregador.
Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário
do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez
minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do
tempo que exceder a jornada normal, pois configurado tempo à disposição do empregador,
não importando as atividades desenvolvidas pelo empregado ao longo do tempo residual
(troca de uniforme, lanche, higiene pessoal, etc)
Desse modo, ainda que a atividade desenvolvida pelo empregado ao longo do tempo residual tenha sido
diversa da execução de suas tarefas, o pagamento das horas extras será devido.
É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de
descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho
ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados
trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor
prestado na décima primeira e décima segunda horas.
33. Sobre a presença da Fazenda Pública no processo do trabalho, assinale a assertiva CORRETA.
COMENTÁRIO
Alternativa “A” – Incorreta. De fato, o art. 790-A, I, da CLT estabelece que são isentos do pagamento de
custas a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas
federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica.
Contudo, o TST interpreta o dispositivo restritivamente, não estendendo o benefício para as sociedades
de economia mista, conforme consagrado na Súmula nº 170:
Alternativa “B” – Correta. Segundo o TST, a Medida Provisória n° 2.180-35, de 24 de agosto de 2001, que
acrescentou o artigo 1º-F à Lei n° 9.494/97, tem aplicação apenas nas hipóteses em que a Fazenda Pública
responde, na condição de devedora principal, pelo pagamento dos créditos trabalhistas reconhecidos ao
reclamante. Quando figura como mera devedora subsidiária, responde nos estritos limites impostos na
decisão, submetendo-se ao regime jurídico aplicável ao devedor principal, resguardado o exercício do
Esse entendimento foi consagrado na Orientação Jurisprudencial nº 382 da Seção de Dissídios Individuais
I (SDI I):
Alternativa “C” – Incorreta, pois não está de acordo com a Súmula nº 436, I, do TST:
A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando
representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da
juntada de instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação.
Alternativa “D” – Incorreta. Segundo o TST, se à época da realização da penhora a pessoa jurídica de
direito privado ainda não fora sucedida, por exemplo, pela União, é legítima a constrição e é inadmissível
a alegação de afronta ao art. 100 da Constituição Federal.
Alternativa “E” – Incorreta. Segundo o art. 9º, caput, da Lei nº 11.419/2006, no processo eletrônico, todas
as citações, intimações e notificações, inclusive da Fazenda Pública, serão feitas por meio eletrônico.
Portanto, a Fazenda Pública poderá ser citada, intimada e notificada por meio eletrônico no âmbito do
processo eletrônico.
e) Caso não haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer, são inválidos os atos
praticados pelo substabelecido.
COMENTÁRIO
Alternativa “A” – Incorreta, conforme Orientação Jurisprudencial nº 110 da Seção de Dissídios Individuais
I (SDI I):
É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica que não contenha,
pelo menos, o nome do outorgante e do signatário da procuração, pois estes dados constituem
elementos que os individualizam.
Alternativa “C” – Incorreta, pois o advogado investido de mandato tácito não pode substabelecer
(Orientação Jurisprudencial nº 200 da Seção de Dissídios Individuais I (SDI I):
Alternativa “D” – Incorreta, tendo em vista que, segundo o TST, não caracteriza a irregularidade de
representação a ausência da data da outorga de poderes, consoante Orientação Jurisprudencial nº 371
da Seção de Dissídios Individuais I (SDI I):
São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no mandato, poderes
expressos para substabelecer (art. 667, e parágrafos, do Código Civil de 2002).
Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos
seguintes objetivos:
COMENTÁRIO
Gabarito: “E” - A questão se fundamentou no parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal de
1988:
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social,
com base nos seguintes objetivos:
A assertiva “E” está incorreta, pois considerou que a gestão da Previdência Social é tripartite. Na verdade,
a gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do
Governo nos órgãos colegiados
O candidato deve ficar atento para não confundir: (a) a gestão da Previdência Social é quadripartite; (b)
o custeio da Previdência Social é tríplice.
b) O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o
Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por
regime próprio de previdência social.
d) O brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros
ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.
COMENTÁRIO
Alternativa “A” – Incorreta. É segurado empregado, conforme art. 12, I, “c”, da Lei nº 8.212/1991:
Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I - como empregado:
Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o
Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por
regime próprio de previdência social; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).
Alternativa “C” – Incorreta. É segurado empregado, conforme art. 12, I, “d”, da Lei nº 8.212/1991:
Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I - como empregado:
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições,
excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela
legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular;
Alternativa “D” – Incorreta. É segurado empregado, conforme art. 12, I, “e”, da Lei nº 8.212/1991:
Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I - como empregado:
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado,
salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;
Alternativa “E” – Incorreta. É segurado empregado, conforme art. 12, I, “i”, da Lei nº 8.212/1991:
Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I - como empregado:
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