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CEI-AGU/PGFN

7ª RODADA - 02/09/2015

RETA FINAL
CEI-AGU/PGFN
PREPARATÓRIO PARA A ADVOCACIA GERAL
DA UNIÃO E PROCURADORIA GERAL DA
FAZENDA NACIONAL

7ª RODADA - 02/09/2015

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possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário.
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PROFESSORES

CAROLINA BLUM. Professora de Direito Econômico, Financeiro e Empresarial e coordenadora do curso.


Procuradora do Banco Central, lotada em Curitiba – PR (aprovada em 10º lugar – concurso 2013/2014). Graduada
em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS. Pós graduando em Direito Empresarial. Aprovada também no
concurso de Procurador Federal (2013/2014).

PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA. Professor de Direito Ambiental e coordenador do curso.


Advogado. Graduado em Direito pelo Centro Universitário UNIEURO. Exerceu o cargo de Assessor de Procurador
Regional da República de 2008 a 2010. Pós graduando em Direito Ambiental. Aprovado nos concursos de Procurador
Federal (2013/2014) e Procurador do Estado da Bahia (2013/2014).

SADI TOLFO JUNIOR. Professor de Direito Constitucional e Administrativo.


Advogado da União, lotado em Brasília (concurso de 2012/2013). Especialista em Direito Público. Graduado em
Direito pela Universidade Federal de Santa Maria/RS. Assistente da Coordenação-Geral de Assuntos Estratégicos
da Consultoria Jurídica do Ministério da Integração Nacional.

CAMILLO PIANA. Professor de Direito Processual Civil e Tributário.


Procurador da Fazenda Nacional, lotado em Canoas – RS (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela
Universidade de Passo Fundo/RS (2011/2012). Aprovado também nos concursos de Advogado da Caixa Econômica
Federal (2012), Procurador e Assessor Jurídico do Município de Novo Hamburgo/RS (2012).

CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO. Professor de Direito Civil, Penal e Processo Penal.
Procurador Federal, lotado em Boa Vista/RR – Concurso 2013/2014, onde atua na Procuradoria Federal Especializada
junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR. Graduado em Direito pela Faculdade
de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA – Campina Grande/PB. Pós-Graduando em Direito Administrativo pela
Universidade Estácio de Sá e Complexo de Ensino Renato Saraiva. Aprovado também nos concursos de Analista e
Técnico do TJPE; Advogado da Câmara Municipal de João Pessoa; Procurador da Assembléia Legislativa da Paraíba;
Procurador do Município de Maceió; Advogado do DETRAN/PB..

VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA. Professor de Internacional Público e Internacional Privado.


Advogado da União, lotado na Procuradoria da União no Estado de Mato Grosso, onde atua no grupo de patrimônio
público e probidade administrativa. Membro do Grupo Permanente de Atuação Proativa da Procuradoria-Geral da
União. Integrante da Comissão Executiva da Escola da AGU no Estado de Mato Grosso. Bacharel em Direito pela
Universidade de Caxias do Sul, com extensão universitária em Direito Internacional Público, Direito Internacional
Privado e Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Aprovado nos concursos para Advogado da União
2012/2013 (3° lugar) e Procurador do Estado do Rio Grande do Sul 2011/2012 (8° lugar).

JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.
Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso
2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela
Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado
em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do
Piauí – ESMEPI.

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO...........................................................................4


DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................................................4
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................................5
DIREITO FINANCEIRO...............................................................................................................................7
DIREITO ECONÔMICO...............................................................................................................................9
DIREITO ADMINISTRATIVO...................................................................................................................10
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO..................................................................................................13
DIREITO EMPRESARIAL...........................................................................................................................15
DIREITO CIVIL............................................................................................................................................16
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.................................................................................................................19
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL.................................................................................................20
DIREITO DO TRABALHO.........................................................................................................................22
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.............................................................................................23
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL.....................................................................................................24
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS.........................................................................................................26
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO........................................................................27
DIREITO CONSTITUCIONAL..................................................................................................................27
DIREITO TRIBUTÁRIO...............................................................................................................................31
DIREITO FINANCEIRO..............................................................................................................................51
DIREITO ECONÔMICO............................................................................................................................55
DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................................................58
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.................................................................................................64
DIREITO EMPRESARIAL...........................................................................................................................71
DIREITO CIVIL............................................................................................................................................74
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.................................................................................................................83
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL................................................................................................95
DIREITO DO TRABALHO........................................................................................................................101
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO...........................................................................................106
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL....................................................................................................109

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de
simular a situação encontrada em prova.

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Acerca das Comissões Parlamentares de Inquérito, assinale o item correto:

a) Constitui abuso de exposição da imagem pessoal na mídia, a transmissão e a gravação


de sessão em que se toma depoimento de indiciado em CPI.

b) Ficam prejudicadas as ações de mandado de segurança e de habeas corpus, sempre que,


impetrados tais writs constitucionais contra CPIs, vierem estas a extinguir-se, em virtude da
conclusão de seus trabalhos investigatórios, independentemente da aprovação, ou não, de
seu relatório final.

c) Em regra, a incumbência da Comissão Parlamentar de Inquérito não termina com a


sessão legislativa em que tiver sido outorgada.

d) A quebra do sigilo inerente aos registros bancários, fiscais e telefônicos pela CPI tem
abrigo constitucional, ao admitir que referidas Comissões têm poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais. Por esta razão, não se justifica que sejam objeto de
controle jurisdicional.

e) O depoente em CPI poderá fazer-se acompanhar de advogado, salvo em reunião secreta.

2. Acerca da reclamação constitucional, assinale o item incorreto:

a) A reclamação é instrumento constitucional processual posto no sistema como dupla


garantia formal da jurisdição: primeiro, para o jurisdicionado que tenha recebido resposta
a pleito formulado judicialmente e que vê a decisão proferida afrontada, fragilizada e
despojada de seu vigor e de sua eficácia; segundo, para o STF ou para o STJ, que podem
ter as suas respectivas competências enfrentadas e menosprezadas por outros órgãos do
Poder Judiciário e a autoridade de suas decisões mitigadas em face de atos reclamados.

b) Não será conhecida a reclamação constitucional quando não juntada aos autos cópia
integral da decisão paradigmática da Suprema Corte tida por desrespeitada.

c) Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega
tenha desrespeitado decisão do STF.

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d) Em regra, não cabe reclamação quando utilizada com o objetivo de fazer prevalecer a
jurisprudência do STF, em situações nas quais os julgamentos do Tribunal não se revistam
de eficácia vinculante.

e) A reclamação não é o meio próprio a lograr-se a eficácia de pronunciamento do Supremo


em mandado de segurança que ainda está em tramitação.

3. Acerca do Poder Legislativo, assinale o item correto:

a) O número total de Deputados, bem como a representação por Estado, pelo Distrito
Federal, e pelos Territórios, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente
à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta
Deputados.

b) Qualquer parlamentar tem o direito de requerer informações aos Ministros de Estado,


importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no prazo de
trinta dias, bem como a prestação de informações falsas.

c) Seguindo o modelo traçado pela Constituição Federal, a persecução penal contra


Governador de Estado deve ser precedida de autorização legislativa, dada pelo Poder
Legislativo local, a quem incumbe, com fundamento em juízo de caráter eminentemente
discricionário, exercer verdadeiro controle político prévio de qualquer acusação penal
deduzida contra o Chefe do Poder Executivo do Estado-membro, compreendidas, na
locução constitucional “crimes comuns”, todas as infrações penais, inclusive as de caráter
eleitoral, e, até mesmo, as de natureza meramente contravencional.

d) Os processos de impeachment dos ministros de Estado devem ser instruídos e julgados


pelo Senado Federal, ainda que por crimes de responsabilidade autônomos, não conexos
com infrações da mesma natureza do Presidente da República.

e) Desde a expedição do diploma, os deputados e senadores não poderão ser proprietários,


controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada.

DIREITO TRIBUTÁRIO

4. Supondo que a pessoa jurídica Primavera Ltda. constitua uma filial, com inscrição individualizada
no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), é correto afirmar:

a) Constando débito tributário em nome da matriz, não é possível a concessão de certidão


negativa em nome da filial.

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b) Em havendo a propositura de execução fiscal em face da matriz, ficam os valores


depositados em nome da filial sujeitos à penhora, mesmo que inexistente redirecionamento
da execução em face desta última.

c) A existência de registros de CNPJ diferentes caracteriza a autonomia patrimonial,


administrativa e jurídica de cada um dos estabelecimentos, com o que, salvo redirecionamento
do feito executivo ou reconhecimento de sucessão empresarial, não podem os bens da filial
ficarem sujeitos à penhora na execução ajuizada em face da matriz.

d) Seja em relação à certificação da situação fiscal, seja em relação à responsabilidade


patrimonial decorrente do inadimplemento tributário, a existência de registros de CNPJ
diferentes caracteriza a autonomia patrimonial, administrativa e jurídica de cada um dos
estabelecimentos.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

5. Acerca da tributação e do processamento da execução fiscal no regime falimentar, é correto


afirmar:

a) À semelhança do que ocorre no caso de falecimento da pessoa física executada, não é


possível a substituição da Certidão de Dívida Ativa no curso de execução fiscal, para constar
a informação de que a parte executada encontra-se em processo falimentar, mesmo quando
a falência de pessoa jurídica tenha sido decretada antes do encerramento do procedimento
administrativo fiscal.

b) Considerando o dever fundamental de pagar tributos, a função social da empresa


insolvente e a importância do regime falimentar para a efetividade do Sistema Tributário
Nacional e da livre concorrência, fica a Fazenda Pública, segundo o STJ, legitimada a postular
a falência do seu devedor tributário junto ao juízo competente.

c) Embora a cobrança judicial da Dívida Ativa não esteja sujeita a concurso de credores
ou habilitação em falência, a decretação desta última traz algumas implicações no curso
do processamento do executivo fiscal, como, por exemplo, a necessária remessa, ao juízo
falimentar, do produto da alienação eventualmente levada a cabo na execução fiscal em
momento anterior à quebra.

d) O crédito oriundo de tributos retidos e não recolhidos é extraconcursal, devendo assim


ser pago após os trabalhistas.

e) A falência da pessoa jurídica, por caracterizar ato infringente à lei, autoriza a


corresponsabilidade do respectivo sócio-gerente pelo pagamento do tributo.

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6. Sobre a ação anulatória em matéria tributária, marque a alternativa correta:

a) Ainda que de valor inferior a 60 (sessenta) salários-mínimos, trata-se de demanda


expressamente excluída do âmbito de competência dos Juizados Especiais Federais.

b) Sua propositura importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e na


desistência do recurso acaso interposto, mesmo quando o objeto da instância administrativa
for mais amplo que a da judicial.

c) Admite-se, excepcionalmente, a exigência de depósito prévio como requisito de


admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade exacional.

d) Embora possível, em tese, a conexão entre a ação anulatória e a execução fiscal, nem
sempre o reconhecimento daquela resultará na reunião dos feitos para tramitação conjunta
junto ao juízo prevento.

e) O contribuinte de direito, quando não suportar o ônus decorrente da tributação, não


tem legitimidade e interesse em anular o lançamento, se errôneo.

7. Acerca da ação declaratória em matéria tributária, assinale a alternativa incorreta:

a) O prazo prescricional adotado em sede de ação declaratória de nulidade de lançamento


tributário é quinquenal, nos moldes do Decreto 20.910/32.

b) A prescrição da pretensão de repetição de indébito interrompe-se com a citação válida


em ação declaratória na qual se discute a existência da mesma relação jurídico-tributária.

c) Ainda que presente a tríplice identidade, não se figura possível a ocorrência de


litispendência entre a ação declaratória e o mandado de segurança, dada a diversidade
entre os ritos de tais ações.

d) No curso da execução fiscal, mesmo quando não opostos embargos à execução, é


possível o ajuizamento de ação declaratória tendente a discutir o título em que aquela se
fundamenta, hipótese em que, salvo a excepcional concessão de antecipação da tutela, a
execução prosseguirá normalmente.

e) A ação declaratória pressupõe uma certeza objetiva, razão pela qual não é cabível contra
lei em tese ou quando versar sobre situação hipotética ou futura.

DIREITO FINANCEIRO

8. Julgue os itens a seguir, à luz da doutrina e da legislação de regência das finanças públicas:

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I. Prevalece no Brasil, entre os doutrinadores, o entendimento segundo o qual o


orçamento é uma lei em sentido formal.

II. Considerando que o orçamento se materializa em lei que não cria direitos subjetivos, e
sendo este meramente autorizativo, é correto afirmar que nenhuma despesa dele constante
deverá ser obrigatoriamente realizada.

III. A legislação brasileira adota o orçamento do tipo “orçamento-programa”.

IV. Segundo o Princípio da Anualidade, todas as leis orçamentárias vigem pelo período de
01 ano.

a) Apenas o item I está errado.

b) Todos os itens estão incorretos.

c) Apenas o item II está correto.

d) Apenas os itens II e III estão corretos.

e) Apenas os itens I e III estão corretos.

9. Assinale a alternativa correta, com base na doutrina e nas disposições legais e constitucionais
pertinentes:

a) A instituição do plano plurianual é matéria reservada à lei complementar.

b) A Lei nº 4320/64, formalmente ordinária e materialmente complementar, tem caráter de


Lei Federal, ou seja, obriga apenas a União.

c) Segundo o Princípio da Exclusividade, a lei orçamentária anual não conterá dispositivo


estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a
autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito,
ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

d) Ao Princípio do Orçamento Bruto, segundo o qual as receitas e as despesas devem constar


da Lei Orçamentária pelos seus totais, não equivale qualquer dispositivo legal, sendo este
fruto de construção doutrinária.

e) O Princípio da Proibição do Estorno encontra respaldo na Constituição Federal, na parte


em que esta veda, de forma absoluta, a transposição, o remanejamento ou a transferência
de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro.

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DIREITO ECONÔMICO

10. Acerca das situações verificadas em mercados imperfeitamente competitivos e do tratamento


a elas concedida pelo Direito Brasileiro, julgue os itens a seguir:

I. O monopólio convencional constitui situação vedada pelo ordenamento jurídico


brasileiro.

II. Constitui exemplo de monopólio constitucionalmente instituído em favor da União a


pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de
minérios nucleares e seus derivados.

III. A Lei nº 12.529/11, que reestruturou o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência,


não se aplica às pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividade sob regime de monopólio
legal.

IV. Entende-se o monopsônio pela atuação de um único agente econômico no mercado


para adquirir de fornecedores um produto ou serviço para ele, monopsionista, oferecer ao
consumidor final. Os oligopsônios, nesse sentido, são identificados pelo pequeno número
de agentes econômicos atuando no mercado como tomadores de serviços ou adquirentes
de produtos para repassá-los ao consumidor final.

a) Todas as assertivas estão corretas.

b) Apenas uma assertiva está correta.

c) Apenas duas assertivas estão corretas.

d) Apenas três assertivas estão corretas.

e) Nenhuma assertiva está correta.

11. Considerando a disciplina referente às infrações da Ordem Econômica e os processos


administrativos para prevenção, apuração e repressão, assinale a alternativa correta:

a) A adoção de medida preventiva, que pode ser realizada em qualquer fase do inquérito
administrativo para apuração de infrações ou do processo administrativo para imposição
de sanções por infrações à ordem econômica, é medida inacumulável com a aplicação de
multa diária.

b) O termo de compromisso de cessação de prática constitui título executivo extrajudicial.

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c) A cessação completa, pela empresa, do envolvimento na infração noticiada ou sob


investigação a partir da data de propositura do acordo de leniência não constitui condição
para a celebração do acordo.

d) A prescrição das pretensões punitivas referentes às infrações previstas na Lei Antitruste


suspende-se durante a vigência do compromisso de cessação, mas não do acordo em
controle de concentrações.

e) O rol de infrações contra a ordem econômica previstas na Lei Antitruste é taxativo.

DIREITO ADMINISTRATIVO

12. Acerca dos consórcios públicos, assinale o item incorreto:

a) O consórcio público está sujeito à fiscalização contábil, operacional e patrimonial


pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do Poder
Executivo representante legal do consórcio, inclusive quanto à legalidade, legitimidade e
economicidade das despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, o que afasta o controle
externo que seria exercido em razão de cada um dos contratos de rateio.

b) O consórcio público é uma forma de gestão associada de entes federativos na prestação


de serviços públicos, através da constituição de nova pessoa jurídica para atingir uma
finalidade comum de interesse público.

c) O consórcio público será constituído por contrato, cuja celebração depende da prévia
subscrição de um protocolo de intenções pelos entes participantes, do qual é cláusula
necessária aquela que estabeleça a denominação, a finalidade, e o prazo de duração, e a
sede do consórcio.

d) A constituição do consórcio depende da participação do Poder Legislativo de cada


partícipe.

e) Admite-se que um consórcio público promova desapropriações e institua servidões, nos


limites definidos na declaração de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social,
realizada pelo Poder Público.

13. Acerca das normas referentes aos convênios, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a
alternativa correta:

I. Conceitua-se convênio como o acordo ou ajuste que discipline a transferência de


recursos financeiros de dotações consignadas nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade
Social da União e tenha como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração

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pública federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração


pública estadual, do Distrito Federal ou municipal, direta ou indireta, consórcios públicos, ou
ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando à execução de programa de governo,
envolvendo a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de
interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.

II. É vedado, em qualquer situação, alterar o objeto do convênio.

III. É vedada a celebração de convênios com pessoas físicas ou entidades privadas com
fins lucrativos.

IV. O convênio poderá ser denunciado a qualquer tempo, ficando os partícipes responsáveis
somente pelas obrigações e auferindo as vantagens do tempo em que participaram
voluntariamente da avença, não sendo admissível cláusula obrigatória de permanência ou
sancionadora dos denunciantes.

V. A publicação do extrato de convênio é condição de validade do ajuste, não admitindo


convalidação.

a) Somente os itens I, IV e V estão corretos.

b) Somente os itens I, III e IV estão corretos.

c) Somente os itens III e V estão corretos.

d) Somente os itens II, IV e V estão corretos.

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

14. Acerca da responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos
contra a administração pública, nacional ou estrangeira, julgue os itens a seguir, assinalando, ao
final, a alternativa correta:

I. A celebração do acordo de leniência suspende o prazo prescricional dos atos ilícitos


previstos na Lei Anticorrupção.

II. Admite-se a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela


prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.

III. Nas ações de responsabilização judicial pelos atos previstos na Lei Anticorrupção será
adotado o rito previsto na Ação de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992).

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IV. Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração contratual,


transformação, incorporação, fusão ou cisão societária.

V. Aplica-se Lei anticorrupção às sociedades empresárias e às sociedades simples,


personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário
adotado.

a) Somente os itens I, II, IV e V estão corretos.

b) Somente o item III está incorreto.

c) Somente os itens I, III, IV e V estão corretos.

d) Todos os itens estão corretos.

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

15. Acerca do regime jurídico das parcerias voluntárias, assinale o item incorreto:

a) O regime jurídico das parcerias voluntárias tem como fundamentos a gestão pública
democrática, a participação social, o fortalecimento da sociedade civil e a transparência
na aplicação dos recursos públicos, devendo obedecer aos princípios da legalidade, da
legitimidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da economicidade, da
eficiência e da eficácia, além dos demais princípios constitucionais aplicáveis e outros
relacionados na legislação, como a valorização dos direitos dos povos indígenas e das
comunidades tradicionais.

b) As parcerias serão formalizadas mediante a celebração de termo de colaboração ou de


termo de fomento, conforme o caso, que terá, dentre as cláusulas essenciais, a indicação
do foro para dirimir as dúvidas decorrentes da execução da parceria, estabelecendo a
obrigatoriedade da prévia tentativa de solução administrativa com a participação da
Advocacia-Geral da União, em caso de os partícipes serem da esfera federal, administração
direta ou indireta.

c) O gerenciamento administrativo e financeiro dos recursos recebidos é de responsabilidade


exclusiva da organização da sociedade civil, inclusive no que diz respeito às despesas de
custeio, investimento e pessoal.

d) As parcerias deverão ser executadas com estrita observância das cláusulas pactuadas,
sendo vedado realizar despesas a título de taxa de administração, de gerência ou similar;
pagar, a qualquer título, servidor ou empregado público com recursos vinculados à parceria,
salvo nas hipóteses previstas em lei específica e na lei de diretrizes orçamentárias; e efetuar

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pagamento em data posterior à vigência da parceria, ainda que expressamente autorizado


pela autoridade competente da administração pública.

e) É vedado ser objeto de parceria a contratação de serviços de consultoria, com ou sem


produto determinado.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

16. Dentre as fontes de direito internacional abaixo, assinale aquela que não está expressamente
prevista no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça:

a) Princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas.

b) Atos unilaterais dos Estados.

c) Costume internacional.

d) Decisões judiciárias.

e) Doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações.

17. Sobre o costume internacional, julgue os seguintes itens:

I. O elemento objetivo da norma costumeira internacional consiste na prática generalizada,


reiterada, uniforme e constante de um ato nas esferas das relações internacionais ou no
âmbito interno, com reflexos externos.

II. O elemento subjetivo da norma costumeira internacional consiste na convicção, por


parte dos Estados, de que a referida prática generalizada, reiterada, uniforme e constante
configura norma de jus cogens.

III. Em razão da necessidade de que a prática reiterada que forma um costume seja
também generalizada, não há como se falar em costumes regionais no âmbito do direito
internacional.

IV. O costume internacional foi a primeira fonte de direito internacional e foi também a
principal, até o século XVII, a partir de quando, após os Tratados de Westfália, as convenções
internacionais passaram a ganhar maior importância.

Estão corretos apenas os itens:

a) I e II.

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b) I, III e IV.

c) II, III e IV.

d) I e IV.

e) Todos os itens estão corretos.

18. Sobre os processos de internalização e denúncia dos tratados no Brasil, julgue os seguintes
itens:

I. A aprovação, pelo Congresso Nacional, dos tratados internacionais celebrados pelo


Chefe do Poder Executivo, só é necessária em relação aos acordos ou atos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional, por decorrência do
disposto no artigo 49, inciso I, da Constituição Federal.

II. A aprovação ou a rejeição de um tratado internacional pelo Congresso Nacional é


materializada através de decreto legislativo.

III. O STF já teve a oportunidade de afirmar que um tratado internacional só passa a vincular
e a obrigar no plano do direito positivo interno a partir da sua promulgação e publicação
via decreto presidencial, não bastando, portanto, a aprovação do Congresso Nacional.

IV. A possibilidade de o Chefe do Poder Executivo denunciar tratados internacionais em


que o Brasil é parte, sem a necessidade de autorização do Congresso Nacional para tanto,
foi afirmada pelo STF no julgamento da ADI nº 1625.

Estão corretos apenas os itens:

a) II, III e IV.

b) I, II e III.

c) I, II e IV.

d) III e IV.

e) Apenas o item III está correto.

19. Sobre o regime jurídico do estrangeiro, assinale a alternativa incorreta:

a) A entrada de estrangeiros no território brasileiro deve ser feita somente pelos locais
onde houver fiscalização dos órgãos competentes dos Ministérios da Saúde, da Justiça e da

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Fazenda.

b) O visto de trânsito poderá ser concedido ao estrangeiro que, para atingir o país de
destino, tenha de entrar em território nacional, sendo prescindível tal visto ao estrangeiro
que, em viagem contínua, precise realizar apenas escala obrigatória no país.

c) O caput do artigo 5º da Constituição Federal deve ser interpretado de acordo com a


moderna sistemática internacional de proteção internacional dos direitos humanos, de
forma que os direitos e garantias individuais mínimos ali consagrados devem ser garantidos
a todos os estrangeiros e não apenas àqueles residentes no Brasil.

d) A deportação só tem lugar depois que o estrangeiro entrou no país, não se confundindo
com o impedimento à entrada, no qual o estrangeiro não passa da barreira policial da
fronteira, porto ou aeroporto.

e) Compete ao Ministro da Justiça determinar a instauração de inquérito para a expulsão


do estrangeiro, bem como resolver sobre a conveniência e a oportunidade da expulsão ou
de sua revogação.

DIREITO EMPRESARIAL

20. Suponha que determinado agente econômico pretenda constituir sociedade anônima para a
produção e a circulação de alimentos. Nesse contexto, julgue itens a seguir:

I. A empresa deverá operar sob denominação, acompanhada das expressões “companhia”


ou “sociedade anônima”, expressas por extenso ou abreviadamente, mas vedada a
utilização da primeira ao final. Ademais, por se tratar de uma sociedade anônima, é vedada
a identificação, em sua denominação, de nomes de acionistas ou fundadores.

II. É correto afirmar que o sócio, ao constituir sociedade anônima, somente será
responsável, salvo em situações excepcionais, pela sua parte no capital social.

III. A participação em outras sociedades como meio de beneficiar-se de incentivos fiscais


dependerá de previsão estatutária.

IV. Conforme previsão da LSA, o capital social poderá ser formado com contribuições em
dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Apenas um item está correto.

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c) Apenas dois itens estão corretos.

d) Apenas três itens estão corretos.

e) Nenhum item está correto.

21. No campo do direito societário, são muito comuns as chamadas operações societárias, nas
quais as sociedades se relacionam entre si, transformando-se, fundindo-se, incorporando outras
ou transferindo parcela de seu patrimônio a outras. Em todos esses casos – transformação,
incorporação, fusão e cisão -, haverá mudanças relevantes na estrutura das sociedades, que
trarão consequências jurídicas relevantes (André Luiz Santa Cruz Ramos, Direito Empresarial
Esquematizado, 2ª Ed., 2011, pág 368). Acerca das operações societárias, julgue os itens a seguir:

I. A transformação da sociedade ocorre com a mudança do seu tipo societário, podendo


ser verificada, por exemplo, se uma sociedade em nome coletivo se transformar em uma
sociedade limitada, o que não modificará nem prejudicará, em qualquer caso, os direitos
dos credores.

II. Na incorporação, haverá a extinção da(s) sociedade(s) incorporada(s), mas não surgirá
uma nova sociedade.

III. Conforme disposto no Código Civil, a cisão se trata da operação pela qual a sociedade
transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse
fim ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida, se houver versão de todo o seu
patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.

IV. Até noventa dias após publicados os atos relativos à incorporação, fusão ou cisão, das
sociedades anônimas, o credor anterior, por ela prejudicado, poderá promover judicialmente
a anulação deles.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Apenas um item está correto.

c) Apenas dois itens estão corretos.

d) Apenas três itens estão corretos.

e) Nenhum item está correto.

DIREITO CIVIL

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22. Sobre o direito de propriedade, julgue as alternativas a seguir.

I. O direito de propriedade é absoluto, exclusivo e perpétuo.

II. O proprietário tem o direito de reaver a coisa de quem quer que a possua ou detenha,
para tanto, dispõe da ação reivindicatória, que é imprescritível, embora de natureza real.

III. O proprietário também pode ser privado da coisa, no caso de ser reivindicado imóvel
urbano, com área de até 250 m², na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto
ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico
relevante.

IV. A propriedade, entre vivos, é transferida mediante o registro do título translativo


no Registro de Imóveis. Assim, enquanto não se registrar o título translativo, o alienante
continua a ser havido como dono do imóvel. Ainda, o registro é eficaz desde o momento
em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.

V. O imóvel urbano abandonado pelo proprietário com a intenção de não mais o conservar
em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado,
como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito
Federal, se achar nas respectivas circunscrições.

a) I, III, estão incorretas.

b) II e III, estão incorretas.

c) I, V, estão incorretas.

d) III, IV, estão incorretas.

e) II, V, estão incorretas.

23. Assinale a alternativa correta.

a) Capacidade de gozo ou de exercício consiste na aptidão para exercer, por si só, os atos
da vida civil, logo, o seu titular tem legitimação plena para prática de atos jurídicos.

b) São pertenças os bens cuja existência supõe a do principal, não constituindo partes
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento
de outro.

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c) O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei,
ou a convenção com o devedor, no entanto, a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser
oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.

d) O comodato é o empréstimo gratuito de coisas fungíveis e perfaz-se com a tradição do


objeto. Havendo pluralidade de comodatários haverá responsabilidade solidária entre os
mesmos.

e) Os pais são responsáveis pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em
sua companhia, portanto, trata-se de responsabilidade objetiva, que prescinde prova de
culpa dos filhos para a ocorrência do dano sofrido pela vítima.

24. Sobre os vícios redibitórios e a evicção, assinale a opção correta.

a) O vício redibitório e o erro substancial atingem a coisa em si, objetivamente considerada,


de modo que coisa recebida em virtude de contrato sinalagmático pode ser enjeitada
por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe
diminuam o valor.

b) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, pode o adquirente reclamar abatimento


no preço. Portanto, o adquirente pode dispor da ação estimatória para requerer a resolução
do contrato, ou manejar ação redibitória para pleitear abatimento proporcional do preço,
que devem ser propostas no prazo prescricional de trintas dias, no caso de bem móvel, e no
prazo prescricional de um ano, quando se tratar de bem imóvel.

c) Segundo a doutrina, evicção consiste na perda de uma coisa em virtude de sentença


judicial, que a atribui a outrem em virtude de causa jurídica preexistente ao contrato.
Desta forma, se a autoridade administrativa determina apreensão do bem, decretando o
perdimento deste, não autoriza o manejo de ação com fundamento no exercício do direito
que resulta da evicção.

d) A responsabilidade pela evicção decorre da lei, no entanto, as partes podem reforçar,


diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Não obstante a cláusula que exclui a
garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou
pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.

e) Para que o evicto possa exercer o direito que resulta da evicção deverá notificar o
alienante imediato do litígio por meio da denunciação da lide. Não atendendo o alienante à
denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar
de oferecer contestação, ou usar de recursos.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

25. Julgue os itens a seguir:

I. Concebe-se a jurisdição como o poder-dever do Estado de compor os litígios,


declarando e realizado o direito. Nesse sentido, é possível citar como características da
jurisdição a secundariedade e a substitutividade, e, como princípios que a informam, o da
indeclinabilidade e o da inércia (ambos comportando alguns temperamentos).

II. Para a teoria eclética, cunhada por Enrico Tullio Liebman e adotada pelo Código de
Processo Civil brasileiro de 1973, o conceito de ação pode ser entendido como o direito
público subjetivo a um pronunciamento judicial sobre a situação jurídica controvertida
deduzida no processo. O exercício desse direito, contudo, não é totalmente abstrato,
mas depende do atendimento das chamadas condições da ação (para alguns condições
para o provimento final), que são a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e
legitimidade para a causa.

III. Quanto ao meio de prestação, a tutela jurisdicional diferenciada pode ser de urgência,
de evidência ou inibitória.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Apenas os itens I e II estão corretos.

c) Apenas os itens I e III estão corretos.

d) Apenas os itens II e III estão corretos.

e) Apenas o item II está correto.

26. Acerca dos recursos, é correto afirmar:

a) Da decisão liminar do relator que, em agravo de instrumento, defere, em antecipação de


tutela, a pretensão recursal, cabe agravo para o respectivo colegiado.

b) A eficácia da desistência do recurso fica condicionada à concordância da parte contrária.

c) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar agravo de instrumento


interposto contra decisão interlocutória, em exceção de incompetência, proferida por Juiz
Federal, em ação de movida por Estado estrangeiro contra pessoa jurídica de direito privado
domiciliada no Brasil.

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d) O recurso adesivo subordina-se ao recurso principal, e não é admitido nos embargos


infringentes.

e) O âmbito da teoria da causa madura cinge-se às causas que versam questão exclusivamente
de direito, não podendo ser ela aplicada quando, para a análise do recurso, seja inevitável
a apreciação do acervo probatório contido nos autos.

27. Dispõe o art. 591 do CPC que “O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações,
com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei”. Nesse norte,
à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta:

a) São absolutamente impenhoráveis os honorários advocatícios sucumbenciais, mas não


os contratuais.

b) Caso não utilizados incontinenti, podem ser penhorados os valores recebidos a título de
indenização trabalhista e aplicados em fundo de investimento ou aplicação assemelhada,
mas desde que não ultrapassem ao patamar de 40 (quarenta) salários-mínimos.

c) Deve ser restritivamente interpretada a regra do inciso X do art. 649 do CPC (Art. 649.
São absolutamente impenhoráveis: X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a
quantia depositada em caderneta de poupança), não podendo ser ela estendida a outros
tipos de aplicações diversas da poupança.

d) Embora absolutamente impenhoráveis os recursos públicos do Fundo Partidário


recebidos, nos termos da lei, por partido político, é penhorável o valor referente a doação
por depósito bancário diretamente na conta do fundo por pessoa jurídica de direito privado.

e) São impenhoráveis as verbas públicas recebidas por particulares e destinadas


compulsoriamente à saúde, bem como os valores recebidos, por anistiado político, a título
de reparação econômica em prestação mensal, permanente e continuada.

DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

28. Sobre os crimes contra o sistema financeiro nacional, assinale a alternativa correta.

a) Configura crime contra o sistema financeiro nacional a obtenção fraudulenta de


empréstimo bancário (mútuo), mediante documentos falsos, para uma finalidade específica,
qual seja, aquisição de uma motocicleta.

b) O crime de gestão fraudulenta é próprio, razão pela qual não admite a participação
de terceiro estranho à administração da instituição financeira. No entanto, admite-se a
aplicação do princípio da insignificância.

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c) A pessoa natural que exerça quaisquer das atividades de negociação e empréstimo


de dinheiro, com recursos próprios, cobrando juros superiores aos permitidos por lei, de
natureza abusiva, comete crime de agiotagem, e é equiparada a instituição financeira,
respondendo por crime contra o sistema financeiro nacional.

d) Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela


legislação, com o objetivo de atender interesse próprio ou alheio, consiste em crime contra
o sistema financeiro nacional.

e) O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar,
a qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes
previstos nesta lei. No entanto, o sigilo dos serviços e operações financeiras pode ser
invocado como óbice ao atendimento da requisição.

29. Sobre os efeitos da condenação, assinale a alternativa correta.

a) Servidor público aposentado, condenado a pena privativa de liberdade por tempo


superior a quatro anos, terá sua aposentadoria cassada em virtude de crime de furto que
cometeu durante o exercício das funções decorrentes de seu cargo público.

b) A inabilitação para dirigir veículo, quando este for utilizado para a prática de crime doloso,
é efeito automático que decorre da condenação, dispensando a respectiva motivação na
sentença condenatória.

c) Não poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito
do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.

d) A obrigação de reparação do dano, cujo valor mínimo deve ser fixado pelo juiz na
sentença, e a perda em favor dos Estados dos instrumentos do crime e do produto do crime,
ressalvado o direito do lesado ou do terceiro de boa-fé, são efeitos genéricos, porém, não
são automáticos.

e) A revogação facultativa ou obrigatória do livramento condicional, o aumento ou


interrupção do prazo de prescrição da pretensão executória, a revogação da reabilitação,
quando se tratar de reincidente, são exemplos de efeitos secundários da condenação de
natureza penal.

30. Sobre os recursos, julgue as alternativas a seguir, de acordo com os enunciados das súmulas
de jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.

I. A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor


impede o conhecimento da apelação por este interposta.

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II. Não constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões
ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor
dativo.

III. O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em “habeas-corpus” ou


mandado de segurança, é de cinco dias.

IV. O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.

V. É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra acórdão


proferido no tribunal de origem.

a) I, II e III estão corretos.

b) I, II e IV estão corretos.

c) II, IV e V estão corretos.

d) III, IV e V estão corretos.

e) II, III e V estão corretos.

DIREITO DO TRABALHO

31. Assinale a alternativa CORRETA, de acordo com o entendimento jurisprudencial do TST.

a) Ainda que desvirtuada a finalidade do contrato de estágio celebrado na vigência da


Constituição Federal de 1988, é inviável o reconhecimento do vínculo empregatício com
ente da Administração Pública direta ou indireta, por força do art. 37, II, da CF/1988, bem
como o deferimento de indenização pecuniária, inclusive o pagamento da contraprestação
pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário
mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS.

b) O fato de ter-se reconhecido a nulidade da contratação por ausência de concurso público,


diante da comprovada afronta ao art. 37, II, da CF, exime o ente público da responsabilidade
por eventuais lesões ocasionadas ao reclamante. Mesmo causando prejuízos morais ou
materiais ao trabalhador pela prática de ato ilícito, o reclamado, beneficiário dos serviços
no curso do contrato nulo, não deve indenizá-lo, em razão da invalidade da relação jurídica
firmada entre as partes.

c) É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do trabalhador cujo contrato de


trabalho temporário efetuado com a Administração Pública sob o regime de “contratação

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excepcional” tenha sido declarado nulo em razão da falta de realização de concurso público,
nos termos do art. 19-A da Lei n. 8.036/90.

d) A contratação efetivada com ente da administração pública não produz efeitos jurídicos,
se o certame público posteriormente for anulado. Trata-se de hipótese similar à contratação
realizada sem a observância da exigência contida no artigo 37, inciso II, da Constituição
Federal de 1988.

e) A nomeação reiterada para o exercício das funções de oficial de justiça “ad hoc” é capaz
de gerar vínculo empregatício com a Administração Pública.

32. Sobre a duração do trabalho, assinale a opção CORRETA.

a) É válido o instrumento normativo que, regularizando situações pretéritas, estabelece


jornada de oito horas para o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento.

b) É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a


supressão ou redução do intervalo intrajornada, porque este constitui medida de higiene,
saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública, infenso à negociação
coletiva.

c) Salvo se concedidas as férias nos doze meses subsequentes à data em que o empregado
tiver adquirido o direito, será devido o pagamento em dobro da remuneração de férias,
incluído o terço constitucional, quando o empregador não efetuar o pagamento da
remuneração das férias até dois dias antes do início do respectivo período de gozo.

d) Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações


de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite
máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a
totalidade do tempo que exceder a jornada normal, pois configurado tempo à disposição
do empregador, salvo se a atividade desenvolvida pelo empregado ao longo do tempo
residual for diversa da execução de suas tarefas.

e) É inválida a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, ainda que
ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de
trabalho.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

33. Sobre a presença da Fazenda Pública no processo do trabalho, assinale a assertiva CORRETA.

a) A CLT isenta do pagamento de custas, dentre outros, a União, os Estados, o Distrito

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Federal, os Municípios e as respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou


municipais que não explorem atividade econômica. O TST, por sua vez, possui jurisprudência
firmada ampliando tal comando legal, de modo que as isenções no foro da Justiça do
Trabalho abrangem, também, as sociedades de economia mista.

b) A Fazenda Pública, quando condenada subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas


devidas pela empregadora principal, não se beneficia da limitação dos juros, prevista no art.
1º-F da Lei nº 9.494, de 10.09.1997.

c) A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas,


quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, devem juntar
aos autos o instrumento de mandato e comprovar o ato de nomeação.

d) É inválida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente


à sucessão pela União ou por Estado-membro, devendo a execução prosseguir mediante
precatório.

e) No processo eletrônico, todas as citações, intimações e notificações, salvo da Fazenda


Pública, serão feitas por meio eletrônico.

34. Acerca do instrumento de mandato no processo do trabalho, assinale a opção CORRETA.

a) A existência de instrumento de mandato apenas nos autos de agravo de instrumento


legitima a atuação de advogado nos processos de que se originou o agravo.

b) É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica que não


contenha, pelo menos, o nome do outorgante e do signatário da procuração, pois estes
dados constituem elementos que os individualizam.

c) É válido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.

d) A ausência da data da outorga de poderes implica em irregularidade de representação.

e) Caso não haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer, são inválidos os atos
praticados pelo substabelecido.

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

35. Assinale a assertiva INCORRETA.

Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos
seguintes objetivos:

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a) Universalidade da cobertura e do atendimento.

b) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

c) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços.

d) Equidade na forma de participação no custeio.

e) Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão tripartite, com


participação dos trabalhadores, dos empregadores, e do Governo nos órgãos colegiados.

36. É segurado contribuinte individual da Previdência Social:

a) O brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como


empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior.

b) O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o
Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por
regime próprio de previdência social.

c) Aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular


de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e
repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou
repartição consular.

d) O brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros
ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.

e) O empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no


Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 1 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 2 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 3 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 4 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 5 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 6 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 7 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 8 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 9 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 10 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 11 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 12 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 13 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 14 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 15 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 16 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 17 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 18 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 19 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 20 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 21 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 22 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 23 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 24 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 25 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 26 ALTERNATIVA C
QUESTÃO 27 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 28 ALTERNATIVA A
QUESTÃO 29 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 30 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 31 ALTERNATIVA D
QUESTÃO 32 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 33 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 34 ALTERNATIVA B
QUESTÃO 35 ALTERNATIVA E
QUESTÃO 36 ALTERNATIVA B

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Acerca das Comissões Parlamentares de Inquérito, assinale o item correto:

a) Constitui abuso de exposição da imagem pessoal na mídia, a transmissão e a gravação


de sessão em que se toma depoimento de indiciado em CPI.

b) Ficam prejudicadas as ações de mandado de segurança e de habeas corpus, sempre que,


impetrados tais writs constitucionais contra CPIs, vierem estas a extinguir-se, em virtude da
conclusão de seus trabalhos investigatórios, independentemente da aprovação, ou não, de
seu relatório final.

c) Em regra, a incumbência da Comissão Parlamentar de Inquérito não termina com a


sessão legislativa em que tiver sido outorgada.

d) A quebra do sigilo inerente aos registros bancários, fiscais e telefônicos pela CPI tem
abrigo constitucional, ao admitir que referidas Comissões têm poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais. Por esta razão, não se justifica que sejam objeto de
controle jurisdicional.

e) O depoente em CPI poderá fazer-se acompanhar de advogado, salvo em reunião secreta.

COMENTÁRIO

Sobre a afirmativa do item “a”, o entendimento do STF no MS nº 24.832 foi justamente o contrário,
no sentido de que não aparentam caracterizar abuso de exposição da imagem pessoal na mídia, a
transmissão e a gravação de sessão em que se toma depoimento de indiciado, em CPI. Assim, incorreto
o item “a”.

O item “c” está incorreto, de acordo com o art. 5º, §2º, da Lei 1.579/1952, que dispõe sobre as Comissões
Parlamentares de Inquérito. De acordo com o dispositivo, a incumbência da Comissão Parlamentar de
Inquérito termina com a sessão legislativa em que tiver sido outorgada, salvo deliberação da respectiva
Câmara, prorrogando-a dentro da Legislatura em curso.

Com relação ao item “d”, embora o artigo 58, §3º, da Constituição Federal, delegue à CPI poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, isso não afasta a possibilidade de controle jurisdicional sob
os atos que praticar. Conforme entendeu o STF no MS nº 25.668, a quebra do sigilo inerente aos registros
bancários, fiscais e telefônicos, por traduzir medida de caráter excepcional, revela-se incompatível com
o ordenamento constitucional, por exemplo, quando fundada em deliberações emanadas de CPI cujo

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suporte decisório apoia-se em formulações genéricas, destituídas da necessária e específica indicação


de causa provável, que se qualifica como pressuposto legitimador da ruptura, por parte do Estado,
da esfera de intimidade a todos garantida pela Constituição. Nesse sentido, o controle jurisdicional de
abusos praticados por CPI não ofende o princípio da separação de poderes. O STF, quando intervém
para assegurar as franquias constitucionais e para garantir a integridade e a supremacia da Constituição,
neutralizando, desse modo, abusos cometidos por CPI, desempenha, de maneira plenamente legítima, as
atribuições que lhe conferiu a própria Carta da República. Portanto, incorreto o item “d”.

O item “e” contraria a redação do art. 3º, §2º, da Lei 1.579/1952, segundo o qual o depoente poderá fazer-
se acompanhar de advogado, ainda que em reunião secreta. Assim, incorreto o item “e”.

O item correto, portanto, é o “b”. A jurisprudência do STF entende prejudicadas as ações de mandado
de segurança e de habeas corpus, sempre que, impetrados tais writs constitucionais contra CPIs, vierem
estas a extinguir-se, em virtude da conclusão de seus trabalhos investigatórios, independentemente da
aprovação, ou não, de seu relatório final. No entender do STF, tais casos implicam em perda superveniente
do objeto.

GABARITO: LETRA “B“

2. Acerca da reclamação constitucional, assinale o item incorreto:

a) A reclamação é instrumento constitucional processual posto no sistema como dupla


garantia formal da jurisdição: primeiro, para o jurisdicionado que tenha recebido resposta
a pleito formulado judicialmente e que vê a decisão proferida afrontada, fragilizada e
despojada de seu vigor e de sua eficácia; segundo, para o STF ou para o STJ, que podem
ter as suas respectivas competências enfrentadas e menosprezadas por outros órgãos do
Poder Judiciário e a autoridade de suas decisões mitigadas em face de atos reclamados.

b) Não será conhecida a reclamação constitucional quando não juntada aos autos cópia
integral da decisão paradigmática da Suprema Corte tida por desrespeitada.

c) Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega
tenha desrespeitado decisão do STF.

d) Em regra, não cabe reclamação quando utilizada com o objetivo de fazer prevalecer a
jurisprudência do STF, em situações nas quais os julgamentos do Tribunal não se revistam
de eficácia vinculante.

e) A reclamação não é o meio próprio a lograr-se a eficácia de pronunciamento do Supremo


em mandado de segurança que ainda está em tramitação.

COMENTÁRIO

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7ª RODADA - 02/09/2015

O item “a” está correto, e corresponde a entendimento do STF proferido por ocasião do julgamento
da Reclamação 5.310. Acrescenta-se ao conceito que a Reclamação não se presta a antecipar julgados,
a atalhar julgamentos, a fazer sucumbir decisões sem que se atenha à legislação processual específica
qualquer discussão ou litígio a ser solucionado juridicamente.

O item “c” também está correto, e corresponde ao enunciado da súmula nº 734 do STF, que evita que a
reclamação seja utilizada como via rescisória de julgados.

Quando ao item “d”, ele reflete posicionamento do STF no julgamento da Reclamação nº 4.381. Atentem
que nesse julgado o STF reconheceu que não cabe reclamação quando utilizada com o objetivo de
fazer prevalecer a jurisprudência da Suprema Corte, em situações nas quais os julgamentos do Supremo
Tribunal Federal não se revistam de eficácia vinculante. Entretanto fez a seguinte ressalva: “exceto se se
tratar de decisão que o STF tenha proferido em processo subjetivo no qual haja intervindo, como sujeito
processual, a própria parte reclamante”.

O item “e” está correto, e reflete entendimento do STF na Reclamação 9.992.

O item incorreto, portanto, é o “b”. Conforme já decidiu o STF na Reclamação nº 10.202, o conhecimento
da reclamação constitucional não está condicionado à juntada aos autos de cópia integral da decisão
paradigmática da Suprema Corte tida por desrespeitada. De outro norte, na reclamação nº 15.316,
entendeu o Tribunal que a inicial deve vir acompanhada de documento essencial, no que indispensável
à compreensão da controvérsia. Ademais, considera-se inepta a petição inicial de reclamação que não
identifica com precisão quais seriam os atos contrários à autoridade do STF, nem que indique analiticamente
como os atos reclamados poderiam violar a autoridade dos precedentes invocados (nesse sentido é a
Reclamação nº 9.732).

GABARITO: LETRA “B“

3. Acerca do Poder Legislativo, assinale o item correto:

a) O número total de Deputados, bem como a representação por Estado, pelo Distrito
Federal, e pelos Territórios, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente
à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta
Deputados.

b) Qualquer parlamentar tem o direito de requerer informações aos Ministros de Estado,


importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no prazo de
trinta dias, bem como a prestação de informações falsas.

c) Seguindo o modelo traçado pela Constituição Federal, a persecução penal contra


Governador de Estado deve ser precedida de autorização legislativa, dada pelo Poder
Legislativo local, a quem incumbe, com fundamento em juízo de caráter eminentemente

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7ª RODADA - 02/09/2015

discricionário, exercer verdadeiro controle político prévio de qualquer acusação penal


deduzida contra o Chefe do Poder Executivo do Estado-membro, compreendidas, na
locução constitucional “crimes comuns”, todas as infrações penais, inclusive as de caráter
eleitoral, e, até mesmo, as de natureza meramente contravencional.

d) Os processos de impeachment dos ministros de Estado devem ser instruídos e julgados


pelo Senado Federal, ainda que por crimes de responsabilidade autônomos, não conexos
com infrações da mesma natureza do Presidente da República.

e) Desde a expedição do diploma, os deputados e senadores não poderão ser proprietários,


controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada.

COMENTÁRIO

Com relação ao item “a”, embora a assertiva esteja correta quanto aos Estados e Distrito Federal, atentem
que no caso dos Territórios a Constituição elegeu um número fixo, de 4 deputados por território (art. 45,
§2º). Incorreto, portanto, o item.

Com relação ao item “b”, muito embora essa obrigação esteja prevista no art. 50, §2º, da Constituição,
o STF entendeu no RMS 28.251-AgR que o direito de requerer informações aos ministros de Estado foi
conferido pela Constituição tão somente às Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, e não
a parlamentares individualmente. Nesse contexto, o parlamentar individualmente não possui legitimidade
para impetrar mandado de segurança para defender prerrogativa concernente à Casa Legislativa a qual
pertence. Assim, o item “b” também está incorreto.

O item “d” está incorreto, já que o art. 52, I, da CF, fixa a competência do Senado Federal para processar
e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma
natureza conexos com aqueles. Nesse sentido, no julgamento da Pet. 1.656, entendeu o STF que o
processo de impeachment dos ministros de Estado, por crimes de responsabilidade autônomos, não
conexos com infrações da mesma natureza do presidente da República, ostenta caráter jurisdicional,
devendo ser instruído e julgado pelo STF.

Com relação à proibição citada no item “e”, de acordo com o art. 54, II, “a”, da CF, seu termo inicial se dá
com a posse, e não com a expedição do diploma, estando incorreto o item.

O item correto é o “c”. O art. 51, I, da Constituição Federal, fixa a competência da Câmara dos Deputados
para privativamente autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o
Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado. Seguindo esse modelo, entende o
STF que a instauração de persecução penal, perante o STJ, contra Governador de Estado, por supostas
práticas delituosas perseguíveis mediante ação penal de iniciativa pública ou de iniciativa privada, deve ser
necessariamente precedida de autorização legislativa, dada pelo Poder Legislativo local, a quem incumbe,

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com fundamento em juízo de caráter eminentemente discricionário, exercer verdadeiro controle político
prévio de qualquer acusação penal deduzida contra o chefe do Poder Executivo do Estado membro.
No julgamento do HC 80.511, ressaltou o Tribunal que na locução constitucional ‘crimes comuns’, estão
compreendidas todas as infrações penais, inclusive as de caráter eleitoral, e, até mesmo, as de natureza
meramente contravencional.

GABARITO: LETRA “C“

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO TRIBUTÁRIO

4. Supondo que a pessoa jurídica Primavera Ltda. constitua uma filial, com inscrição individualizada
no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), é correto afirmar:

a) Constando débito tributário em nome da matriz, não é possível a concessão de certidão


negativa em nome da filial.

b) Em havendo a propositura de execução fiscal em face da matriz, ficam os valores


depositados em nome da filial sujeitos à penhora, mesmo que inexistente redirecionamento
da execução em face desta última.

c) A existência de registros de CNPJ diferentes caracteriza a autonomia patrimonial,


administrativa e jurídica de cada um dos estabelecimentos, com o que, salvo redirecionamento
do feito executivo ou reconhecimento de sucessão empresarial, não podem os bens da filial
ficarem sujeitos à penhora na execução ajuizada em face da matriz.

d) Seja em relação à certificação da situação fiscal, seja em relação à responsabilidade


patrimonial decorrente do inadimplemento tributário, a existência de registros de CNPJ
diferentes caracteriza a autonomia patrimonial, administrativa e jurídica de cada um dos
estabelecimentos.

e) Nenhuma das alternativas está correta.

COMENTÁRIO

A primeira parte da assertiva encontra-se correta, vez que a jurisprudência, à vista da autonomia jurídica
e administrativa de cada estabelecimento (o que se identifica pela inscrição individualizada no CNPJ), tem
assentado que matriz e filial devem ser considerados individualmente para a certificação da situação fiscal
por meio de certidão negativa (CND):

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DÉBITO


TRIBUTÁRIO EM NOME DA EMPRESA FILIAL. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO NEGATIVA EM

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NOME DA MATRIZ. POSSIBILIDADE. AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS. 1. “´É possível


a concessão de certidões negativas de débito tributário às empresas filiais, ainda que conste
débito em nome da matriz, em razão de cada empresa possuir CNPJ próprio, a denotar sua
autonomia jurídico-administrativa”. (AgRg no REsp 1.114.696/AM, Primeira Turma, Rel. Min.
HAMILTON CARVALHIDO, DJe 20/10/09) 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp
624.040/BA, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
24/03/2015, DJe 30/03/2015)

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXPEDIÇÃO DE


CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO. MATRIZ E FILIAL. POSSIBILIDADE. AUTONOMIA JURÍDICO-
ADMINISTRATIVA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. “A jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça firmou entendimento de que é possível a concessão de certidões negativas de débito
tributário às empresas filiais, ainda que conste débito em nome da matriz, em razão de cada
empresa possuir CNPJ próprio, a denotar sua autonomia jurídico-administrativa” (AgRg no
REsp 1.114.696/AM, Primeira Turma, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, DJe 20/10/09) 2.
Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 174.767/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES
LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/08/2013, DJe 06/09/2013).

Por outro lado, é importante também destacar que, inobstante o entendimento acima referido no que
tange às CND´s, o mesmo STJ tem admitido que valores depositados em nome da filiais sejam penhorados
por dívidas da matriz. Nesse sentido o julgado, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC, divulgado
no Informativo nº 524 daquela Corte:

Primeira Seção

DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PENHORA, POR DÍVIDAS TRIBUTÁRIAS DA


MATRIZ, DE VALORES DEPOSITADOS EM NOME DE FILIAIS. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-
C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).

Os valores depositados em nome das filiais estão sujeitos à penhora por dívidas tributárias da
matriz. De início, cabe ressaltar que, no âmbito do direito privado, cujos princípios gerais, à
luz do art. 109 do CTN, são informadores para a definição dos institutos de direito tributário,
a filial é uma espécie de estabelecimento empresarial, fazendo parte do acervo patrimonial
de uma única pessoa jurídica, partilhando os mesmos sócios, contrato social e firma ou
denominação da matriz. Nessa condição, consiste, conforme doutrina majoritária, em uma
universalidade de fato, não ostenta personalidade jurídica própria, nem é sujeito de direitos,
tampouco uma pessoa distinta da sociedade empresária. Cuida-se de um instrumento para
o exercício da atividade empresarial. Nesse contexto, a discriminação do patrimônio da
sociedade empresária mediante a criação de filiais não afasta a unidade patrimonial da pessoa
jurídica, que, na condição de devedora, deve responder, com todo o ativo do patrimônio
social, por suas dívidas à luz da regra de direito processual prevista no art. 591 do CPC,
segundo a qual “o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos

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os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei”. Cumpre esclarecer,
por oportuno, que o princípio tributário da autonomia dos estabelecimentos, cujo conteúdo
normativo preceitua que estes devem ser considerados, na forma da legislação específica
de cada tributo, unidades autônomas e independentes nas relações jurídico-tributárias
travadas com a administração fiscal, é um instituto de direito material ligado ao nascimento da
obrigação tributária de cada imposto especificamente considerado e não tem relação com a
responsabilidade patrimonial dos devedores, prevista em um regramento de direito processual,
ou com os limites da responsabilidade dos bens da empresa e dos sócios definidos no direito
empresarial. Além disso, a obrigação de que cada estabelecimento se inscreva com número
próprio no CNPJ tem especial relevância para a atividade fiscalizatória da administração
tributária, não afastando a unidade patrimonial da empresa, cabendo ressaltar que a inscrição
da filial no CNPJ é derivada da inscrição do CNPJ da matriz. Diante do exposto, limitar a
satisfação do crédito público, notadamente do crédito tributário, a somente o patrimônio
do estabelecimento que participou da situação caracterizada como fato gerador é adotar
interpretação absurda e odiosa. Absurda porque não se conciliapor exemplo, com a cobrança
dos créditos em uma situação de falência, em que todos os bens da pessoa jurídica (todos
os estabelecimentos) são arrecadados para pagamento dos credores; com a possibilidade de
responsabilidade contratual subsidiária dos sócios pelas obrigações da sociedade como um
todo (arts. 1.023, 1.024, 1.039, 1.045, 1.052 e 1.088 do CC); ou com a administração de todos
os estabelecimentos da sociedade pelos mesmos órgãos de deliberação, direção, gerência e
fiscalização. Odiosa porque, por princípio, o credor privado não pode ter mais privilégios que
o credor público, salvo exceções legalmente expressas e justificáveis. REsp 1.355.812-RS, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22/5/2013.

Anota-se que, a despeito da suposta contradição entre os entendimentos, a distinção entre as diferentes
hipóteses se faz mister, podendo assim ser sintetizada:

Certidões de regularidade fiscal  expedição individualizada conforme a respectiva inscrição no


CNPJ

Responsabilidade patrimonial/penhora  possibilidade dos valores das respectivas filiais serem


penhorados por dívidas da matriz, ainda que possuam diferentes CNPJs

A diferenciação entre o tratamento das indigitadas situações foi recentemente afirmada pelo STJ, quando
da análise de recurso no qual o Fisco buscou, infrutiferamente, que o entendimento do Resp 1.355.813/RS
(penhora dos valores das filiais) fosse estendido à jurisprudência já firmada quanto às certidões negativas:

TRIBUTÁRIO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. MATRIZ E FILIAIS. AUTONOMIA JURÍDICO-


ADMINISTRATIVA. CDAS DISTINTAS. SÚMULA 83/STJ. INAPLICABILIDADE DA ENTENDIMENTO
FIRMADO NO RESP REPETITIVO 1.355.812/RS.

1. Nos termos da jurisprudência pacífica desta Corte, no campo tributário, a existência de


registros de CNPJ diferentes caracteriza a autonomia patrimonial, administrativa e jurídica de

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cada um dos estabelecimentos. Assim, matriz e filiais operam de modo independente em


relação aos demais.

2. Logo, em se tratando de tributo cujo fato gerador operou-se de forma individualizada, tanto
na matriz quanto na filial, não se outorga àquela legitimidade para demandar, isoladamente,
em juízo, em nome das filiais.

3. A tese discutida e firmada no REsp Repetitivo 1.355.812/RS, acerca da unidade patrimonial da


empresa e limites da responsabilidade dos bens da sociedade e dos sócios definidos no direito
empresarial, não afasta a tese de que, para fins fiscais, ambos os estabelecimentos - matriz
e filial - são considerados entes autônomos. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp
1488209/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/02/2015,
DJe 20/02/2015).

Na ocasião, fazendo o necessário distinguishing, assim observou o relator em seu voto no AgRg no Resp
1.488.209/RS:

Defende a agravante que o entendimento acima esposado vai de encontro à jurisprudência


desta Corte, firmada em sede de recurso especial repetitivo – REsp 1.355.812⁄RS – , no sentido
de que “a obrigação de que cadaestabelecimento se inscreva com número próprio no
CNPJ tem especial relevância para a atividade fiscalizatória da administração tributária, não
afastando a unidade patrimonial da empresa, cabendo ressaltar que a inscrição – da filial no
CNPJ é derivada do CNPJ da matriz.” Todavia, como ressaltado no próprio voto condutor do
acórdão paradigma, “essa constatação não é afastada pelo princípio tributário da autonomia
dos estabelecimentos, cujo conteúdo normativo preceitua que estes devem ser considerados,
na forma da legislação específica de cada tributo, unidades autônomas e independentes nas
relações jurídico-tributárias travadas com a Administração Fiscal (nesse sentido, confira-se
o REsp 1.128.139⁄MS, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 9.10.2009). Com efeito, o princípio em
comento é um instituto de direito material tributário, ligado à questão do nascimento da
obrigação tributária de cada imposto especificamente considerado e não tem relação com
a responsabilidade patrimonial dos devedores prevista no regramento de direito processual,
ou com os limites da responsabilidade dos bens da empresa e dos sócios definidos no direito
empresarial” . Logo, a tese discutida e firmada no REsp Repetitivo 1.355.812⁄RS, acerca da
unidade patrimonial da empresa e limites da responsabilidade dos bens da sociedade e dos
sócios definidos no direito empresarial, não afasta a tese de que, para fins fiscais, ambos os
estabelecimentos – matriz e filial – são considerados entes autônomos.

GABARITO: LETRA “B“

5. Acerca da tributação e do processamento da execução fiscal no regime falimentar, é correto


afirmar:

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a) À semelhança do que ocorre no caso de falecimento da pessoa física executada, não é


possível a substituição da Certidão de Dívida Ativa no curso de execução fiscal, para constar
a informação de que a parte executada encontra-se em processo falimentar, mesmo quando
a falência de pessoa jurídica tenha sido decretada antes do encerramento do procedimento
administrativo fiscal.

b) Considerando o dever fundamental de pagar tributos, a função social da empresa


insolvente e a importância do regime falimentar para a efetividade do Sistema Tributário
Nacional e da livre concorrência, fica a Fazenda Pública, segundo o STJ, legitimada a postular
a falência do seu devedor tributário junto ao juízo competente.

c) Embora a cobrança judicial da Dívida Ativa não esteja sujeita a concurso de credores
ou habilitação em falência, a decretação desta última traz algumas implicações no curso
do processamento do executivo fiscal, como, por exemplo, a necessária remessa, ao juízo
falimentar, do produto da alienação eventualmente levada a cabo na execução fiscal em
momento anterior à quebra.

d) O crédito oriundo de tributos retidos e não recolhidos é extraconcursal, devendo assim


ser pago após os trabalhistas.

e) A falência da pessoa jurídica, por caracterizar ato infringente à lei, autoriza a


corresponsabilidade do respectivo sócio-gerente pelo pagamento do tributo.

COMENTÁRIO

Letra a. Incorreta. Com efeito, a mera decretação da falência não extingue a personalidade jurídica. A
massa falida tem personalidade exclusivamente judiciária, sucedendo processualmente a pessoa jurídica,
que só é extinta depois do encerramento do processo falimentar. A alteração referida no enunciado da
questão, mesmo quando a falência da pessoa jurídica tenha sido decretada previamente à inscrição do
débito em dívida ativa, não implica na modificação ou substituição do sujeito passivo da obrigação fiscal,
sendo admitida pela jurisprudência:

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EMPRESA EXECUTADA. FALÊNCIA DECRETADA


ANTES DA INSCRIÇÃO DA DÍVIDA ATIVA. ALTERAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. INEXISTÊNCIA.
MERA RETIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. O Tribunal de origem extinguiu a Execução Fiscal,
sob o fundamento de que a falência da empresa havia sido decretada antes da inscrição em
dívida ativa, razão pela qual seria vedada a substituição da CDA, por implicar modificação
do sujeito passivo. 2. A mera decretação da quebra não implica extinção da personalidade
jurídica do estabelecimento empresarial. Ademais, a massa falida tem exclusivamente
personalidade judiciária, sucedendo a empresa em todos os seus direitos e obrigações. 3.
Em conseqüência, o ajuizamento contra a pessoa jurídica, nessas condições, constitui mera
irregularidade, sanável nos termos do art. 284 do CPC e do art. 2º, § 8º, da Lei 6.830/1980.

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4. É equivocado o entendimento de que a singela retificação do pólo processual (para fazer


constar a informação de que a parte devedora se encontra em estado falimentar) implique
modificação ou substituição do sujeito passivo da obrigação fiscal. 5. Atenta contra os
princípios da celeridade e da economia processual a imediata extinção do feito, sem que
se dê, previamente, à Fazenda Pública oportunidade para que providencie as retificações
necessárias na petição inicial e na CDA. 6. Recurso Especial provido. (REsp 1192210/RJ, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/11/2010, DJe 04/02/2011).

Referido entendimento foi recentemente rememorado e agora consolidado no âmbito do STJ, conforme
o seguinte julgado divulgado no Informativo nº 0538 daquela Corte:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL AJUIZADA CONTRA PESSOA


JURÍDICA FALIDA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).

A constatação posterior ao ajuizamento da execução fiscal de que a pessoa jurídica executada


tivera sua falência decretada antes da propositura da ação executiva não implica a extinção
do processo sem resolução de mérito. Por um lado, a sentença que decreta a falência apenas
estabelece o início da fase do juízo concursal, ao fim do qual, então, ocorrerá a extinção da
personalidade jurídica. Não há, portanto, dois ou mais entes com personalidade jurídica a
concorrerem à legitimidade passiva da execução, mas uma pessoa jurídica em estado falimentar.
A massa falida, como se sabe, não detém personalidade jurídica, mas apenas personalidade
judiciária, isto é, atributo que permite a participação nos processos instaurados pela pessoa
jurídica ou contra ela no Poder Judiciário. Trata-se de universalidade que sucede, em todos
os direitos e obrigações, a pessoa jurídica. Assim, deve-se dar oportunidade de retificação
da denominação do executado - o que não implica alteração do sujeito passivo da relação
processual -, sendo plenamente aplicável a regra do art. 284 do CPC: “Verificando o juiz que
a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta
defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o
autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias”. Esse entendimento também se
extrai do disposto no art. 51 do CC: “nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a
autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se
conclua”. Por outro lado, à luz do disposto no art. 2º, § 8º, da Lei 6.830/1980 (“Até a decisão de
primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou substituída, assegurada
ao executado a devolução do prazo para embargos”), além da correção da petição inicial, é
igualmente necessária a retificação da CDA. Outrossim, a extinção do processo sem resolução
de mérito violaria os princípios da celeridade e da economia processual. Por fim, trata-se de
correção de “erro material ou formal”, e não de “modificação do sujeito passivo da execução”,
não se caracterizando afronta à Súmula 392 do STJ: “A Fazenda Pública pode substituir a
certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de
correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução”.
Precedentes citados: REsp 1.192.210-RJ, Segunda Turma, DJe 4/2/2011; REsp 1.359.041-SE,

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Segunda Turma, DJe 28/6/2013; e EDcl no REsp 1.359.259-SE, Segunda Turma, DJe 7/5/2013.
REsp 1.372.243-SE, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Og
Fernandes, julgado em 11/12/2013.

Letra b. Incorreta. O entendimento do enunciado, embora defendido por segmento doutrinário mais
alinhado às teses fazendárias (vide, p.ex., http://www.pgfn.fazenda.gov.br/revista-pgfn/ano-i-numero-iii-
2012/O%2036%20ARTIGO%20-%20LEGITIMIDADE%20FP%20FALENCIA.pdf ), não encontra respaldo na
jurisprudência do STJ, para quem, sendo a cobrança judicial da dívida ativa insubmissa a concurso de
credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento (art. 29 da LEF),
bem como não se submetendo a execução fiscal ao juízo universal (art. 5º da LEF), é inviável que a
Fazenda Pública requeira a falência do seu devedor.

Afigura-se impróprio o requerimento de falência do contribuinte comerciante pela Fazenda


Pública, na medida em que esta dispõe de instrumento específico para cobrança do crédito
tributário (REsp. no 287824, Min. Francisco Falcão).

TRIBUTÁRIO E COMERCIAL – CRÉDITO TRIBUTÁRIO – FAZENDA PÚBLICA – AUSÊNCIA DE


LEGITIMIDADE PARA REQUERER A FALÊNCIA DE EMPRESA. 1. A controvérsia versa sobre a
legitimidade de a Fazenda Pública requerer falência de empresa. 2. O art. 187 do CTN dispõe
que os créditos fiscais não estão sujeitos a concurso de credores. Já os arts. 5º, 29 e 31 da LEF, a
fortiori, determinam que o crédito tributário não está abrangido no processo falimentar, razão
pela qual carece interesse por parte da Fazenda em pleitear a falência de empresa. 3. Tanto o
Decreto-lei n. 7.661/45 quanto a Lei n. 11.101/2005 foram inspirados no princípio da conservação
da empresa, pois preveem respectivamente, dentro da perspectiva de sua função social, a
chamada concordata e o instituto da recuperação judicial, cujo objetivo maior é conceder
benefícios às empresas que, embora não estejam formalmente falidas, atravessam graves
dificuldades econômico-financeiras, colocando em risco o empreendimento empresarial. 4. O
princípio da conservação da empresa pressupõe que a quebra não é um fenômeno econômico
que interessa apenas aos credores, mas sim, uma manifestação jurídico-econômica na qual o
Estado tem interesse preponderante. 5. Nesse caso, o interesse público não se confunde com o
interesse da Fazenda, pois o Estado passa a valorizar a importância da iniciativa empresarial para
a saúde econômica de um país. Nada mais certo, na medida em que quanto maior a iniciativa
privada em determinada localidade, maior o progresso econômico, diante do aquecimento
da economia causado a partir da geração de empregos. 6. Raciocínio diverso, isto é, legitimar
a Fazenda Pública a requerer falência das empresas inviabilizaria a superação da situação de
crise econômico-financeira do devedor, não permitindo a manutenção da fonte produtora,
do emprego dos trabalhadores, tampouco dos interesses dos credores, desestimulando a
atividade econômico-capitalista. Dessarte, a Fazenda poder requerer a quebra da empresa
implica incompatibilidade com a ratio essendi da Lei de Falências, mormente o princípio da
conservação da empresa, embasador da norma falimentar. Recurso especial improvido. (REsp
363.206/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/05/2010,

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7ª RODADA - 02/09/2015

DJe 21/05/2010)

Letra c. Correta (gabarito). O art. 5º da Lei nº 6.830/80 dispõe que “A competência para processar e julgar
a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro Juízo, inclusive o da falência,
da concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário”. Observa-se, deste modo, que cobrança
do crédito fazendário não se submete a juízos universais como é o caso daquele da falência. Ainda assim,
a existência de eventual concurso de credores afeta o procedimento de satisfação do crédito fazendário,
que não goza de preferência absoluta, cedendo, p.ex., diante de créditos trabalhistas, de créditos com
garantia real e de créditos extraconcursais. Em complemento de tal raciocínio, também o disposto no
art. 29 da LEF, no sentido de que “a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita
a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento”.
Com efeito, o método de cobrança do crédito da Fazenda Pública é aquele previsto na forma da Lei
6.830/80, com inscrição em dívida ativa e processamento da execução fiscal, sem a necessidade de
sujeição da cobrança à habilitação em juízo universal. A despeito de tal fato, nada impede o ajuizamento
de execução fiscal contra massa falida; da mesma forma, a superveniente decretação de falência do
executado não paralisa, suspende ou modifica a competência do executivo fiscal promovido pela Fazenda
Pública. Destaca-se que os efeitos que a decretação da quebra do executado acarreta para o executivo
fiscal estão estabelecidos na Súmula 44 do extinto TFR.

Ajuizada a execução fiscal anteriormente à falência, com penhora realizada antes desta, não
ficam os bens penhorados sujeitos à arrecadação no juízo falimentar; proposta a execução
fiscal contra a massa falida, a penhora far-se-á no rosto dos autos do processo de quebra,
citando-se o síndico (Súmula 44 TFR).

Imperiosa, consoante a exegese de tal enunciado sumular, a análise acerca do momento em que feita a
penhora na execução fiscal:

(i) antes de decretação da quebra = o bem arrecadado fica sob a administração do juízo da
execução fiscal (não sendo levado à arrecadação do juízo falimentar);

(ii) depois da quebra, ou execução com a execução já proposta contra a massa falida = penhora
só no rosto dos autos do processo falimentar.

Com isso, em se tratando de execução fiscal contra massa falida, deve o juízo da mesma determinar, na
hipótese “a” acima mencionada (penhora de bens antes da decretação da falência), a remessa do produto
da arrematação ao juízo falimentar, para que este o distribua de acordo com a ordem legal de prioridades:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL E FALÊNCIA DO EXECUTADO. LEILÃO.


ARREMATAÇÃO. 1. O produto arrecadado com a alienação de bem penhorado em Execução
Fiscal, antes da decretação da quebra, deve ser entregue ao juízo universal da falência.
Precedentes: REsp 188.418/RS, Rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, CORTE ESPECIAL,
DJ de 27/05/2002; gRg no Ag 1115891/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe
28/09/2009; AgRg no REsp 783318/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, DJe 14/04/2009;

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7ª RODADA - 02/09/2015

AgRg nos EDcl no REsp 421994/RS, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, Primeira Turma, DJ
06.10.2003; AgRg na MC 11937/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro
LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJ 30/10/2006 2. A falência superveniente do devedor não tem
o condão de paralisar o processo de execução fiscal, nem de desconstituir a penhora realizada
anteriormente à quebra. Outrossim, o produto da alienação judicial dos bens penhorados deve
ser repassado ao juízo universal da falência para apuração das preferências. (REsp 1013252/RS,
Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/11/2009, DJe 09/12/2009)

Ainda no ponto, assim explica a doutrina (João Aurino de Melo Filho – coord. Execução Fiscal Aplicada,
Juspodvim, 2012, págs. 254/255):

[...] Ajuizada execução fiscal contra massa falida, não havendo bem penhorado nos autos,
o único ato processual exigido do exequente é o pedido de penhora no rosto dos autos do
processo de falência. Havendo bem penhorado na execução fiscal, o processo de expropriação
forçada deve ter prosseguimento, com a alienação judicial do bem. Contudo, mesmo quando
alienado na execução fiscal, o valor ao final arrecadado não pode ser disponibilizado ao ente
público, devendo ser transferido ao juízo falimentar, onde será destinado aos credores de
acordo com a posição preferencial de cada crédito.

Letra d. Incorreta. Comentando o procedimento referido na exegese da Súmula nº 44 do TFR (“Ajuizada a


execução fiscal anteriormente à falência, com penhora realizada antes desta, não ficam os bens penhorados
sujeitos a arrecadação no Juízo falimentar; proposta a execução fiscal contra a massa falida, a penhora
far-se-á no rosto dos autos do processo da quebra, citando-se o síndico”), assim refere o professor e
Procurador da Fazenda Nacional João Aurino de Melo Filho (Execução Fiscal Aplicada, Juspodvim, 2012,
p. 255):

O procedimento descrito não se aplica nos casos de tributos sujeitos à retenção, situação
na qual a Fazenda Pública cobra diretamente da pessoa jurídica os valores por ela retidos,
como responsável tributária, e não repassados ao ente público. Nestes casos, sendo o falido
o responsável pela retenção, e não tendo repassado ao ente público os valores retidos, além
de eventual responsabilidade penal, deverá devolver imediatamente os valores pertencentes
ao ente público. Ao efetuar a retenção do imposto, descontando o valor dos pagamentos
efetuados aos contribuintes, a sociedade torna-se responsável tributária pelo seu pagamento.
Para devolução dos valores retidos, basta simples pedido do ente público no processo de
falência. Conforme Súmula 417 do STF, “pode ser objeto de restituição, na falência, dinheiro
em poder do falido, recebido em nome de outrem, ou do qual, por lei ou contrato, não tivesse
ele a disponibilidade”. Neste caso, o privilégio do crédito oriundo dos tributos retidos e não
recolhidos é absoluto, superior, inclusive, ao privilégio dos créditos trabalhistas, pois se trata
de devolução de valores já pertencentes à Fazenda Pública, não de pagamento de tributos.
São, portanto, créditos preferenciais a qualquer outro. Além disso, a responsabilidade pessoal
do sócio que retém os valores e não os repassa à Fazenda Pública é evidente, pela aplicação
do art. 135 do CTN. O não repasse de valores descontados configura crime de apropriação

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7ª RODADA - 02/09/2015

indébita (tributária, conforme artigo 2º, II, da Lei nº 8.137/1990, ou previdenciária, conforme
artigo 168-A do Código Penal), justificando a incidência do artigo 135 do CTN.

Letra e. Incorreta, pois a falência é justamente o modo regular de extinção da pessoa jurídica caso esta
não mais consiga honrar com as suas obrigações. O redirecionamento, na hipótese, somente terá lugar
caso o Fisco logre comprovar a presença de alguma das hipóteses do art. 135 do CTN, como, p.e.x., o
cometimento de crime falimentar pelos sócios-gerentes. Nesse sentido:

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. FALÊNCIA DA EMPRESA EXECUTADA.


REDIRECIONAMENTO CONTRA OS SÓCIOS E O ESPÓLIO DO SÓCIO-GERENTE.
IMPOSSIBILIDADE. 1. O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que os
sócios só respondem pelo não recolhimento de tributo quando a Fazenda Pública demonstrar
que agiram com excesso de poderes, infração à lei, contrato social ou estatuto, ou ainda na
hipótese de dissolução irregular da empresa, não sendo este o caso da falência. 2. Ressalta-
se que “a falência não configura modo irregular de dissolução de sociedade, pois, além de
estar prevista legalmente, consiste numa faculdade estabelecida em favor do comerciante
impossibilitado de honrar compromissos assumidos. (...) Com a quebra, a massa falida
responde pelas obrigações a cargo da pessoa jurídica até o encerramento da falência, só
estando autorizado o redirecionamento da execução fiscal caso fique demonstrada a prática
pelo sócio de ato ou fato eivado de excesso de poderes ou de infração a lei, contrato social ou
estatutos” (AgRg no AREsp nº 128.924/SP, Relator Ministro Herman Benjamin, DJe 03/09/2012).
4. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 509.605/RS, Rel. Ministra MARGA TESSLER
(JUÍZA FEDERAL CONVOCADA DO TRF 4ª REGIÃO), PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/05/2015,
DJe 28/05/2015)

Como explica a doutrina (João Aurino de Melo Filho – coord. Execução Fiscal Aplicada, Juspodvim, 2012,
págs. 262/263):

Ainda quando extintas formalmente as obrigações do falido, o que não decorre necessariamente
da extinção do processo de falência, o crédito tributário, em razão da disciplina legal específica
do CTN, não poderá ser extinto. Encerrada a falência sem a quitação dos tributos, os créditos
fiscais podem ser cobrados de forma autônoma, se for o caso. Necessário analisar, nos
autos do processo de falência, antes ou depois de sua extinção, a existência de infração
autorizadoras da responsabilização pessoal dos sócios ou do síndico. A responsabilização
dos sócios ou do síndico exige a configuração de algum evento específico justificador do
redirecionamento, cabendo ao ente público exequente comprovar a ocorrência deste evento.
No âmbito tributário, a responsabilização dos sócios depende da verificação das hipóteses
do artigo 135 do CTN, enquanto a responsabilização do síndico está prevista no artigo 134.
A existência de indício da prática de crime falimentar configura irregularidade suficiente para
responsabilização pessoal do infrator.

GABARITO: LETRA “C“

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7ª RODADA - 02/09/2015

6. Sobre a ação anulatória em matéria tributária, marque a alternativa correta:

a) Ainda que de valor inferior a 60 (sessenta) salários-mínimos, trata-se de demanda


expressamente excluída do âmbito de competência dos Juizados Especiais Federais.

b) Sua propositura importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e na


desistência do recurso acaso interposto, mesmo quando o objeto da instância administrativa
for mais amplo que a da judicial.

c) Admite-se, excepcionalmente, a exigência de depósito prévio como requisito de


admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade exacional.

d) Embora possível, em tese, a conexão entre a ação anulatória e a execução fiscal, nem
sempre o reconhecimento daquela resultará na reunião dos feitos para tramitação conjunta
junto ao juízo prevento.

e) O contribuinte de direito, quando não suportar o ônus decorrente da tributação, não


tem legitimidade e interesse em anular o lançamento, se errôneo.

COMENTÁRIO

Considerações iniciais. O manejo da ação anulatória fiscal pressupõe a constituição do crédito tributário
(lançamento), vez que se trata de ação constitutiva-negativa. Por essa mesma razão, tendo em consta
a natureza desconstitutiva da pretensão, extinto o crédito tributário, também não será cabível a ação
anulatória. Ademais, desde que observados os requisitos do art. 292 do CPC, há possibilidade de
cumulação de pedidos declaratório e anulatório, como, p.ex.: discussão de crédito tributário lançado
(anulatória do crédito lançado) e, ao mesmo tempo, que essa decisão produza efeitos nos exercícios
seguintes (declaratória de inexistência da relação jurídica tributária, a fim de evitar novas autuações
nos exercícios seguintes) *obs.: se tiver, ainda, efetuado recolhimento desse crédito, poderá cumular 3
pedidos: repetição do que pagou indevidamente a esse título + anulação do crédito constituído naquela
autuação + declaração de que inexiste a relação jurídica tributária (ou na extensão pretendida pelo Fisco).
O interesse de agir da anulatória surge com a constituição do crédito tributário (ato declarativo da dívida
nos termos do art. 38 da LEF). Por outro lado, desaparece o interesse a partir do momento em que há
o pagamento (observe, nesse sentido, que os incisos I e X do art. 151 do CTN são excludentes entre si).
Nesse sentido, o sujeito que pagou não tem anulatória (o crédito já foi extinto com o pagamento), mas
sim repetição de débito. Destaca-se, por fim, que existem outras espécies de demandas anulatórias na
seara tributária, mas que são menos comuns: (a) art. 169, CTN: da decisão que denega o pedido de
repetição na via adm. (pouco utilizada, pois o contribuinte geralmente não pede apenas a anulação
da decisão administrativa denegatória, mas também a condenação da FP em repetir o indébito); (b)
anulatórias de decisão administrativas outras que venham a ferir direitos do contribuinte, como, p.ex.:
pedido de anulação de decisão administrativa que denegou pedido de isenção de IRPF decorrente de

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7ª RODADA - 02/09/2015

moléstia grave.

Letra a. Incorreta. A ação anulatória é demanda que segue o rito comum. Nada obsta, igualmente, que
seja submetida a um rito especial, como se dá no âmbito do Juizado Especial Federal, vez que a ação
anulatória de débito fiscal não está excluída da competência deste, ex vi da parte final do inciso III do art.
3º da Lei nº 10.259/2001:

Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de
competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar
as suas sentenças.

§ 1º Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:

(...)

III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza


previdenciária e o de lançamento fiscal;

§ 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta.

Letra b. Incorreta. Dispõe o art. 38, parágrafo único da LEF :

Art. 38. A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na
forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito
ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do
valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais
encargos.

Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa
em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso
interposto.

A previsão do parágrafo único impede a concomitância das instâncias administrativa e judicial,


reconhecendo assim a supremacia da última no exame das lides tributárias, sobretudo por conta da
prevalência da decisão judicial. Evita-se, deste modo, a possibilidade de julgamentos divergentes. Como
bem anota a doutrina:

Empregando algum remédio processual, o contribuinte renuncia ao poder (rectius: faculdade)


de recorrer e desiste do recurso, porventura interposto na esfera administrativa (...) Ante a
supremacia da atividade jurisdicional sobre a Administração, submetendo-a sempre aos seus
pronunciamentos, a decisão administrativa restaria mesmo prejudicada: idêntica ao teor do
provimento judicial, se mostraria redundante; contrária, inútil. Por este motivo, e considerando
razões de economia e orientação aos órgãos administrativos, o parágrafo citado consagra
único destino admissível do procedimento administrativo, na hipótese de sobrevir a iniciativa
judicial do contribuinte, que é a sua extinção. (Assis, Araken de. Manual da Execução. 11ª Ed,.

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7ª RODADA - 02/09/2015

São Paulo: RT, 2007, p. 992).

O Supremo Tribunal Federal já teve inclusive a oportunidade de assentar a constitucionalidade de tal


previsão:

CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL TRIBUTÁRIO. RECURSO ADMINISTRATIVO DESTINADO À


DISCUSSÃO DA VALIDADE DE DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA. PREJUDICIALIDADE EM
RAZÃO DO AJUIZAMENTO DE AÇÃO QUE TAMBÉM TENHA POR OBJETIVO DISCUTIR A
VALIDADE DO MESMO CRÉDITO. ART. 38, PAR. ÚN., DA LEI 6.830/1980. O direito constitucional
de petição e o princípio da legalidade não implicam a necessidade de esgotamento da via
administrativa para discussão judicial da validade de crédito inscrito em Dívida Ativa da Fazenda
Pública. É constitucional o art. 38, par. ún., da Lei 6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal - LEF), que
dispõe que “a propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo [ações destinadas
à discussão judicial da validade de crédito inscrito em dívida ativa] importa em renúncia ao
poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto”. Recurso
extraordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento.(RE 233582, Relator(a): Min.
MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado
em 16/08/2007)

Nada obstante o acima exposto, a aplicação do parágrafo único do art. 38 da LEF possui ainda um
pressuposto específico não mencionado no texto legal, qual seja, a identidade de objeto nas discussões
administrativa e judicial. Como o objetivo da norma é exatamente evitar o surgimento de conflitos entre
decisões divergentes, se a ação judicial não coincidir com o objeto do procedimento administrativo, resta
afastada a chamada “litispendência” administrativo-judicial. Por exemplo: é possível que o contribuinte
apresente recurso na esfera administrativa, contra o indeferimento de perícia por ele requerida em
procedimento administrativo de apuração de base de cálculo de tributo e, ao mesmo tempo, ajuíze
ação contra o ente tributante, questionando exclusivamente a constitucionalidade da exação que está
lhe sendo exigida. Nessa hipótese, ainda que o Poder Judiciário decida pela validade da lei de tributação,
não ficará prejudicada a alegação de violação à ampla defesa no procedimento de lançamento, a ser
apreciada pelo órgão recursal administrativo. Nesse sentido:

O parágrafo em questão tem como pressuposto o princípio da jurisdição una, ou seja, que
o ato administrativo pode ser controlado pelo Judiciário e que apenas a decisão deste é
que se torna definitiva, com o trânsito em julgado, prevalecendo sobre eventual decisão
administrativa que tenha sido tomada ou pudesse vir a ser tomada. Considerando que o
contribuinte tem direito a se defender na esfera administrativa, mas que a esfera Judicial
prevalece sobre a administrativa, não faz sentido a sobreposição dos processos administrativo
e judicial. A opção pela discussão judicial, antes do exaurimento da esfera administrativa,
demonstra que o contribuinte desta abdicou, levando o seu caso diretamente ao Poder ao
qual cabe dar a última palavra quanto à interpretação e à aplicação do Direito, o Judiciário.
Entretanto, tal pressupõe identidade de objeto nas discussões administrativa e judicial. Caso a
ação anulatória fira, e.g., a questão da constitucionalidade da norma tributária impositiva e o

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recurso administrativo se restrinja a discussões quanto à apuração do valor devido, em razão


de questões de fato, não haverá a identidade que tornaria sem sentido a concomitância das
duas esferas. (Leandro Paulsen, René Bergmann Ávila, Ingrid Schroder Sliwka. 7ª Ed. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2012, p. 519).

A jurisprudência, por seu turno, também encampa tal orientação:

TRIBUTÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA. AÇÃO


JUDICIAL. RENÚNCIA DE RECORRER NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IDENTIDADE DO OBJETO.
ART. 38, PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI Nº 6.830/80.

1. Incide o parágrafo único do art. 38, da Lei nº 6.830/80, quando a demanda administrativa
versar sobre objeto menor ou idêntico ao da ação judicial.

2. A exegese dada ao dispositivo revela que: “O parágrafo em questão tem como pressuposto
o princípio da jurisdição una, ou seja, que o ato administrativo pode ser controlado pelo
Judiciário e que apenas a decisão deste é que se torna definitiva, com o trânsito em julgado,
prevalecendo sobre eventual decisão administrativa que tenha sido tomada ou pudesse vir a
ser tomada. (...) Entretanto, tal pressupõe a identidade de objeto nas discussões administrativa
e judicial”. (Leandro Paulsen e René Bergmann Ávila. Direito Processual Tributário. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2003, p. 349).

3. In casu, os mandados de segurança preventivos, impetrados com a finalidade de recolher o


imposto a menor, e evitar que o fisco efetue o lançamento a maior, comporta o objeto da ação
anulatória do lançamento na via administrativa, guardando relação de excludência.

4. Destarte, há nítido reflexo entre o objeto do mandamus - tutelar o direito da contribuinte


de recolher o tributo a menor (pedido imediato) e evitar que o fisco efetue o lançamento
sem o devido desconto (pedido mediato) - com aquele apresentado na esfera administrativa,
qual seja, anular o lançamento efetuado a maior (pedido imediato) e reconhecer o direito da
contribuinte em recolher o tributo a menor (pedido mediato).

5. Originárias de uma mesma relação jurídica de direito material, despicienda a defesa na via
administrativa quando seu objeto subjuga-se ao versado na via judicial, face a preponderância
do mérito pronunciado na instância jurisdicional.

6. Mutatis mutandis, mencionada exclusão não pode ser tomada com foros absolutos,
porquanto, a contrario sensu, torna-se possível demandas paralelas quando o objeto da
instância administrativa for mais amplo que a judicial.

7. Outrossim, nada impede o reingresso da contribuinte na via administrativa, caso a demanda


judicial seja extinto sem julgamento de mérito (CPC, art. 267), pelo que não estará solucionado
a relação do direito material.

8. Recurso Especial provido, divergindo do ministro relator.

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(REsp 840.556/AM, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/09/2006, DJ 20/11/2006, p. 286).

Destaco também a existência de entendimento Sumulado no âmbito do CARF (Conselho Administrativo


de Recursos Fiscais2) nesse mesmo sentido:

Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito


passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento
de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação,
pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.

Letra c. Incorreta, conforme a Súmula Vinculante nº 28: “É inconstitucional a exigência de depósito prévio
como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito
tributário”. Anota-se que a necessidade do depósito pode acabar por compelir o contribuinte a postura
totalmente incongruente: a de ter que depositar, ainda que parcialmente, o que entende por indevido,
caracterizando assim a prática, criticada por muitos, do “solve et repete” (pague e depois reclame). O
depósito do valor controvertido, na hipótese, configura mera faculdade do contribuinte caso queira obter
a suspensão da exigibilidade do crédito fiscal, na forma do art. 151, II, CTN.

Letra d. Correta, pois embora a reunião dos processos seja um dos efeitos da conexão, nem sempre ele
se verificará na conexão entre a ação anulatória e a execução fiscal, especialmente diante da existência de
Vara Especializada para o julgamento de algum dos feitos:

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO FISCALIZAÇÃO


ANULATÓRIA AJUIZADA ANTERIORMENTE. CONEXÃO. NORMA DE ORGANIZAÇÃO
JUDICIÁRIA. EXISTÊNCIA DE VARA ESPECIALIZADA PARA JULGAR EXECUÇÕES FISCAIS.
REUNIÃO DOS PROCESSOS. IMPOSSIBILIDADE. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO. GARANTIA DO
JUÍZO. NECESSIDADE. 1. Esta Seção, ao julgar o CC 106.041/SP (Rel. Min. Castro Meira, DJe de
9.11.2009), enfrentou situação semelhante à dos presentes autos, ocasião em que decidiu pela
impossibilidade de serem reunidas execução fiscal e ação anulatória de débito precedentemente
ajuizada, quando o juízo em que tramita esta última não é Vara Especializada em execução
fiscal, nos termos consignados nas normas de organização judiciária. No referido julgamento,
ficou consignado que, em tese, é possível a conexão entre a ação anulatória e a execução fiscal,
em virtude da relação de prejudicialidade existente entre tais demandas, recomendando-se
o simultaneus processus. Entretanto, nem sempre o reconhecimento da conexão resultará
na reunião dos feitos. A modificação da competência pela conexão apenas será possível nos
casos em que a competência for relativa e desde que observados os requisitos dos §§ 1º e
2º do art. 292 do CPC. A existência de vara especializada em razão da matéria contempla
hipótese de competência absoluta, sendo, portanto, improrrogável, nos termos do art. 91 c/c
102 do CPC. Dessarte, seja porque a conexão não possibilita a modificação da competência
absoluta, seja porque é vedada a cumulação em juízo incompetente para apreciar uma das
demandas, não é possível a reunião dos feitos no caso em análise, devendo ambas as ações
tramitarem separadamente. Embora não seja permitida a reunião dos processos, havendo

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prejudicialidade entre a execução fiscal e a ação anulatória, cumpre ao juízo em que tramita
o processo executivo decidir pela suspensão da execução, caso verifique que o débito está
devidamente garantido, nos termos do art. 9º da Lei 6.830/80. 2. Pelas mesmas razões de
decidir, o presente conflito deve ser conhecido e declarada a competência do Juízo suscitado
para processar e julgar a ação anulatória de débito fiscal. (CC 105.358/SP, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/10/2010, DJe 22/10/2010)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL E AÇÃO


ANULATÓRIA. CONEXÃO. NÃO APLICAÇÃO. EXISTÊNCIA DE VARA ESPECIALIZADA EM
RAZÃO DA MATÉRIA. COMPETÊNCIA ABSOLUTA. 1. “A reunião de ações, por conexão, não
é possível quando implicar em alteração de competência absoluta” (AgRg no Ag 1385227/
MS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe de 26.10.2012). 2. Agravo
regimental não provido. (AgRg no REsp 1463148/SE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/09/2014, DJe 08/09/2014)

Além da hipótese de Vara Privativa para o processamento de execução fiscal, é possível citar outro caso
de competência tributária absoluta a impossibilitar a reunião dos feitos para tramitação conjunta, qual
seja, na hipótese de a anulatória tramitar em Juizado Especial Federal (vez que este é absolutamente
competente conforme a regra do §3º do art. 3º da Lei nº 10.259/2001, acima visto).

Deste modo, mesmo que reconhecida a conexão, não há falar no simultaneus processus por conta da
competência absoluta do juízo especializado. Por conseguinte, impõe-se a suspensão da execução, desde
que garantida, até a solução na demanda anulatória. A reunião, na hipótese, far-se-á no juízo prevento.
*obs.: Terminologicamente não há reunião para julgamento simultâneo, pois não há julgamento na
demanda executiva. Por esse razão, o processualista técnico rejeita a conexão nesses casos, pois inexiste
identidade entre os elementos da demanda cognitiva e executiva (a unidade identidade, e ainda assim
invertida, é a de partes). O STJ, todavia, criou, a fim de evitar decisões conflitantes, a chamada “conexão
por prejudicialidade”.

Letra e. Incorreta, pois, conforme jurisprudência do STJ: “ O contribuinte de direito, ainda que não seja
aquele que suportou o ônus, tem legitimidade e interesse em anular o lançamento, se errôneo. A prova
de que fala o art. 166 do CTN só tem valia em ação de repetição” (REsp 53.090/SP, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/06/2000, DJ 01/08/2000, p. 217). Anota-se que o objetivo do
art. 166 do CTN é evitar o locupletamento indevido do contribuinte de direito que recolheu o tributo ao
fisco, mas recuperou esse montante repassando o ônus econômico ao contribuinte de fato.

GABARITO: LETRA “D“

7. Acerca da ação declaratória em matéria tributária, assinale a alternativa incorreta:

a) O prazo prescricional adotado em sede de ação declaratória de nulidade de lançamento


tributário é quinquenal, nos moldes do Decreto 20.910/32.

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b) A prescrição da pretensão de repetição de indébito interrompe-se com a citação válida


em ação declaratória na qual se discute a existência da mesma relação jurídico-tributária.

c) Ainda que presente a tríplice identidade, não se figura possível a ocorrência de


litispendência entre a ação declaratória e o mandado de segurança, dada a diversidade
entre os ritos de tais ações.

d) No curso da execução fiscal, mesmo quando não opostos embargos à execução, é


possível o ajuizamento de ação declaratória tendente a discutir o título em que aquela se
fundamenta, hipótese em que, salvo a excepcional concessão de antecipação da tutela, a
execução prosseguirá normalmente.

e) A ação declaratória pressupõe uma certeza objetiva, razão pela qual não é cabível contra
lei em tese ou quando versar sobre situação hipotética ou futura.

COMENTÁRIO

Letra a. Correta. Na seara tributária, em regra, é utilizada a demanda declaratória negativa da relação
jurídico-tributária, normalmente de natureza preventiva (antes da ocorrência do lançamento). Nada obsta,
contudo, que o contribuinte proponha a declaratória após o lançamento e/ou pagamento do tributo (art.
4º, p. único, CPC). A tutela meramente declaratória é imprescritível, por se tratar de direito potestativo
a que sujeita o réu, ainda que o credor não mais possa compelir o réu a se comportar de acordo com
o determinado no comando judicial. Todavia, basta o demandante fugir, ainda que minimamente, da
postulação meramente declaratória concebida em seu modelo clássico (ex.: declaratória de nulidade do
lançamento = carga desconstitutiva), para que exsurja a necessária observância do prazo prescricional
do Decreto 20.910/32. Atentar, todavia, que caso declaratória vise à compensação tributária, haverá a
incidência da regra especial do art. 168, I do CTN, vez que para o STJ compensar também é uma forma
de repetir o indébito:

[...] 1. O prazo prescricional adotado em sede de ação declaratória de nulidade de lançamentos


tributários é qüinqüenal, nos moldes do art. 1º do Decreto 20.910/32.

2. Isto porque o escopo da demanda é a anulação total ou parcial de um crédito tributário


constituído pela autoridade fiscal, mediante lançamento de ofício, em que o direito de ação
contra a Fazenda Pública decorre da notificação desse lançamento.

3. A ação de repetição de indébito, ao revés, visa à restituição de crédito tributário pago


indevidamente ou a maior, por isso que o termo a quo é a data da extinção do crédito tributário,
momento em que exsurge o direito de ação contra a Fazenda Pública, sendo certo que, por
tratar-se de tributo sujeito ao lançamento de ofício, o prazo prescricional é quinquenal, nos
termos do art. 168, I, do CTN.

4. In casu, os ora Recorridos ajuizaram ação anulatória dos lançamentos fiscais que constituíram

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créditos tributários relativos ao IPTU, TCLLP e TIP, cumuladamente com ação de repetição de
indébito relativo aos mesmos tributos, referente aos exercícios de 1995 a 1999, sendo certo
que o pedido principal é a restituição dos valores pagos indevidamente, razão pela qual
resta afastada a regra do Decreto 20.910/32. É que a demanda foi ajuizada em 31/05/2000,
objetivando a repetição do indébito referente ao IPTU, TCLLP, TIP e TCLD, dos exercícios de
1995 a 1999, ressoando inequívoca a inocorrência da prescrição quanto aos pagamentos
efetuados posteriormente a 31/05/1995, consoante decidido na sentença e confirmado no
acórdão recorrido.

(REsp 947.206/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/10/2010, DJe
26/10/2010)

Letra b. Correta, conforme entendimento do STJ:

[...] 7. Dissídio jurisprudencial reconhecido no tocante à do artigo 219, caput, do CPC, no


que se refere à possibilidade de interrupção do prazo prescricional para a propositura de
ação de repetição de indébito pela citação realizada em ação declaratória de inexistência
de relação jurídico-tributária referente à mesma exação. 8. Nos termos do art. 219 do CPC,
a prescrição da pretensão de repetição de indébito interrompe-se com a citação válida em
ação declaratória na qual se discute a existência da relação jurídico-tributária. Precedentes. 9.
Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. (REsp 1274601/AM, Rel.
Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/05/2012, DJe 28/05/2012)

Letra c. Incorreta (gabarito). Como sabido, a litispendência/coisa julgada pressupõe identidade entre os 3
elementos da ação: (a) partes, (b) pedido e (c) causa de pedir. O rito processual não é elemento da ação,
vez que se relaciona com o processo, razão pela qual em nada influi na análise de eventual litispendência.
O MS preventivo, exemplificamente, não deixa de ser uma ação declaratória, fazendo, inclusive, coisa
julgada material se alcançar o mérito. No MS, ademais, majoritariamente entende-se que a parte ré não é
a autoridade coatora (presentante da entidade pública na 1ª fase do feito mandamental - órgão anômalo
de informação processual), mas sim a pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertença a autoridade
coatora. Deste modo, nada obsta a alegação de litispendência/coisa julgada entre demandas com ritos
distintos, como no caso, p.ex., do mandado de segurança a da ação declaratória ordinária:

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO.


EXCEPCIONAL POSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DE LITISPENDÊNCIA ENTRE MANDADO
DE SEGURANÇA E AÇÃO DECLARATÓRIA. PRECEDENTES. DECLARATÓRIA ANTERIORMENTE
AJUIZADA, COM SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA TRANSITADA EM JULGADO, NA QUAL
FOI SE DEFERIU O PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA
TRIBUTÁRIA. IDENTIDADE DE CAUSA DE PEDIR E PEDIDO. EFEITO JURÍDICO PRETENDIDO
CONSUBSTANCIADO NA DESCONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO POR NÃO
CONFIGURADA HIPÓTESE DE SUA INCIDÊNCIA. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONHECIDOS
E DESPROVIDOS.

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1. É excepcionalmente possível a ocorrência de litispendência entre mandado de segurança


e ação ordinária, entendendo-se que tal fenômeno se caracteriza, quando há identidade
jurídica, ou seja, quando as ações intentadas objetivam, ao final, o mesmo resultado, ainda que
o polo passivo seja constituído de pessoas distintas; no pedido mandamental, a autoridade
administrativa, e na ação ordinária a própria entidade de Direito Público. Precedentes.

2. A procedência do pedido da Ação Declaratória, consubstanciada na declaração de


inexistência de relação jurídica para fins de cobrança do IR, cuja decisão transitou em julgado,
acarretou a desconstituição do referido crédito tributário, a mesma providência requerida no
presente mandamus, ajuizado pela mesma parte, com base na mesma causa de pedir.

3. Embargos de Divergência conhecidos e desprovidos.

(EREsp 265.578/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 23/11/2011, DJe 14/02/2012).

Letra d. Correta. O STJ possui entendimento sedimentado no sentido de que, no curso do processo de
execução, não há impedimento a que seja ajuizada ação, tendente a desconstituir o título em que aquela
se fundamenta. Todavia, carecendo a ação da eficácia própria dos embargos, a execução prosseguirá,
salvo se admitida a antecipação de tutela, desde que preenchidos os requisitos básicos da fumaça do bom
direito e do perigo na demora, o que ocorreu in casu. Não há falar, ademais, em preclusão decorrente da
não oposição dos embargos à execução, porquanto esta opera dentro do processo, não atingindo outros
que possam ser instaurados, o que é próprio da coisa julgada material:

[...] A jurisprudência reiterada desta Corte é assente no sentido de não ocorrer a preclusão
na execução, tendo em vista que esta se opera dentro do processo, não podendo atingir
processos vindouros, já que tal instituto não se confunde com a coisa julgada material. Desse
modo, é aceitável que seja proposta ação objetivando desconstituir o título em que aquela
se funda. (AgRg no REsp 500.057⁄SP, Rel. Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador
convocado do TJ⁄AP), Quarta Turma, julgado em 18.2.2010, DJe 8.3.2010.)

[...] O ajuizamento da ação executiva não impede que o devedor exerça o direito constitucional
de ação para ver declarada a nulidade do título ou a inexistência da obrigação, seja por meio
de Embargos (CPC, art. 736), seja por outra ação declaratória ou desconstitutiva. (AgRg no Ag
1.138.012⁄RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 23.6.2009, DJe 27.8.2009.)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.


CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EXECUÇÃO FISCAL E AÇÃO ANULATÓRIA. ACÓRDÃO
ALINHADO À JURISPRUDÊNCIA DA PRIMEIRA SEÇÃO DESTE TRIBUNAL. [...] 2. Aresto do TRF
da 5ª Região segundo o qual: - Intentada a ação antes da execução da dívida, não há nenhum
impedimento de que o devedor se antecipe à execução e promova, em caráter preventivo,
a ação declaratória. 3. O entendimento firmado no julgado do Tribunal a quo espelha a
posição consolidada no âmbito da Primeira Seção deste STJ no sentido de que: Se é certo

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que a propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título não inibe o direito
do credor de promover-lhe a execução (CPC, art. 585, § 1º), o inverso também é verdadeiro: o
ajuizamento da ação executiva não impede que o devedor exerça o direito constitucional de
ação para ver declarada a nulidade do título ou a inexistência da obrigação, seja por meio de
embargos (CPC, art. 736), seja por outra ação declaratória ou desconstitutiva. Nada impede,
outrossim, que o devedor se antecipe à execução e promova, em caráter preventivo, pedido de
nulidade do título ou a declaração de inexistência da relação obrigacional. (CC n. 38.045⁄MA,
Rel. p⁄acórdão Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 09⁄12⁄2003). A existência de execução fiscal em
curso não configura óbice para a propositura de ação desconstitutiva por parte do executado.
(AgRg no Ag. 774.670⁄RJ, Rel. Min. Denise Arruda, DJ de 01⁄03⁄2007). Agravo regimental não-
provido. (AgRg no REsp 963.206⁄PE, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, julgado em
20.5.2008, DJe 23.6.2008.)

[...] Não tendo sido proposta a ação de embargos ou tendo sido o respectivo processo extinto
sem julgamento de mérito, nada impede que o devedor intente outra ação cognitiva com aquele
mesmo propósito (ver declarada a nulidade do título ou a inexistência da obrigação), embora
sem a eficácia de suspender a ação executiva,cujos atos podem ser paralelamente praticados.
Nesse caso, presentes os requisitos de verossimilhança e risco de dano, é cabível antecipação
da tutela na ação cognitiva superveniente, inclusive para o efeito de suspender atos executivos
(REsp 758655⁄RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ de 28.5.2007, p. 290.)

Letra e. Correta, vez que a ação declaratória pressupõe uma incerteza objetiva. Ex.: sujeito se estabelece
como empresário vendedor de livros  entra com ação declaratória de inexistência da relação jurídica
tributária que o obrigue a recolher tributo  preliminar a ser invocada: falta de interesse de agir, vez que
não há incerteza objetiva, pois a CF, no tema da imunidade cultural, é objetiva nesse sentido, e o judiciário
não é órgão de consulta, não podendo ser chamado a discutir lides desvinculadas de casos concretos.
Nesse norte a jurisprudência:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SUPOSTA OFENSA AO ART. 535 DO CPC.


INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO RECORRIDO. AÇÃO DECLARATÓRIA. PRETENSÃO QUE
ABRANGE RELAÇÕES JURÍDICAS FUTURAS. PEDIDO GENÉRICO E ABSTRATO. INVIABILIDADE.
TRIBUTÁRIO. ICMS. PEDIDO DE APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS DECORRENTES DO
MECANISMO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. PRESCRIÇÃO. APLICAÇÃO DA REGRA PREVISTA
NO ART. 1º DO DECRETO 20.910/32. [...] 2. A orientação desta Corte firmou-se no sentido do
não cabimento da utilização da ação declaratória quando versar sobre situação hipotética
ou futura, contendo pedido genérico e abstrato, sem a delimitação de uma relação jurídica
concreta, ou seja, “a ação declaratória não consubstancia via adequada para obter-se
pronunciamento judicial acerca da existência ou inexistência de relação jurídica genérica e
abstrata, lastreada unicamente na interpretação em tese de dispositivo legal, sem que se
indique a repercussão do provimento postulado na esfera jurídica da parte interessada” (REsp
1.041.079/RJ, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 10.11.2008). 3. Por outro lado, para se

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7ª RODADA - 02/09/2015

rever o entendimento adotado pelo Tribunal de origem e se reconhecer que não houve a
formulação de “pedido indeterminado”, é imprescindível o reexame de matéria de fato. No
entanto, tal providência é obstada pelo disposto na Súmula 7/STJ. 4. A orientação da Primeira
Seção/STJ firmou-se no sentido de que, tratando-se de pedido de reconhecimento de créditos
de ICMS decorrentes do mecanismo da não-cumulatividade, aplica-se a regra contida no art.
1º do Decreto 20.910/32, sendo, pois, o prazo quinquenal. Consequentemente, não há falar
em aplicação do disposto no art. 168 do CTN. 5. Recurso especial parcialmente conhecido
e, nessa parte, não provido. (REsp 1237508/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 16/08/2011, DJe 23/08/2011)

RECURSO ESPECIAL - TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA - INCIDÊNCIA DE ICMS EM OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO
- LITISPENDÊNCIA - COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA - PREQUESTIONAMENTO. I - A
propositura de ação declaratória de existência ou inexistência de relação jurídico-tributária é
legitimada pelo fato de o contribuinte desejar obter a certeza sobre a existência ou inexistência
de uma relação jurídico-tributária (se há ou não, em relação a ele ou ao seu caso, imunidade,
não-incidência ou isenção). Não pode versar sobre a lei em tese, e sim sobre fato gerador
determinado. Visa a extrair do Poder Judiciário a declaração de que o fato realizado dá ensejo
a posterior exigência tributária. II - Como a obrigação tributária é uma só, a existência de
uma ação anterior induz sim a litispendência e coisa julgada. Isto porque havendo imunidade,
esta haverá sempre, independentemente do exercício financeiro; configurando-se hipótese
de não-incidência, sempre haverá não-incidência, e, por fim, existindo isenção, sempre
existirá isenção, até que advenha lei que a revogue. (REsp 232.296/MG, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2000, DJ 09/10/2000, p. 132)

GABARITO: LETRA “C“

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO FINANCEIRO

8. Julgue os itens a seguir, à luz da doutrina e da legislação de regência das finanças públicas:

I. Prevalece no Brasil, entre os doutrinadores, o entendimento segundo o qual o


orçamento é uma lei em sentido formal.

II. Considerando que o orçamento se materializa em lei que não cria direitos subjetivos, e
sendo este meramente autorizativo, é correto afirmar que nenhuma despesa dele constante
deverá ser obrigatoriamente realizada.

III. A legislação brasileira adota o orçamento do tipo “orçamento-programa”.

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IV. Segundo o Princípio da Anualidade, todas as leis orçamentárias vigem pelo período de
01 ano.

a) Apenas o item I está errado.

b) Todos os itens estão incorretos.

c) Apenas o item II está correto.

d) Apenas os itens II e III estão corretos.

e) Apenas os itens I e III estão corretos.

COMENTÁRIO

I- A assertiva está correta. Com efeito, aponta Harrison Leite ser o tema referente à natureza jurídica do
orçamento um dos mais conflitantes no Direito Financeiro. O autor menciona três teorias, indicando ser a
última a adotada pela maioria da doutrina no Brasil. Assim,

[...] parte da doutrina, na linha do apregoado por Léon Duguit, entende que o orçamento
público, em relação às despesas, é um mero ato administrativo, e em relação à receita, é
uma lei em sentido formal. Esse posicionamento será mais bem entendido quanto se verificar
que, àquele tempo, havia a necessidade de a lei orçamentária autorizar a cobrança de tributos
[...] Para outra corrente, aqui representada por Gaston Jeze, o orçamento não passava de
um ato-condição. É dizer, as receitas e as despesas já possuíam outras normas que previam
a sua criação, não passando o orçamento de mera condição para a realização do gasto e
para o ingresso da receita. Não era lei, portanto. No direito brasileiro, o posicionamento
majoritário é de que o orçamento é uma lei, mas uma lei meramente formal, que apenas
prevê as receitas públicas e autoriza os gastos. Isso porque, partindo-se da classificação das
normas jurídicas pela sua origem, e não pelo conteúdo, o orçamento tem apenas forma de lei,
mas não tem o conteúdo de lei, visto que não veicula direitos subjetivos, tampouco é norma
abstrata e genérica [...] (Manual de Direito Financeiro, 3ª Ed., 2014, pág 50).

II- A assertiva está errada. De fato, o orçamento é meramente autorizativo. Assim, nas palavras de
Harrison Leite, “a autorização no orçamento para a construção de uma escola, por exemplo, não obriga
o Executivo a sua realização, visto que o orçamento não obriga a efetivação das despesas nele previstas”.
Há, porém, que atentar para o seguinte: nem tudo no orçamento é meramente autorizativo:

é dizer, há despesas que constam no orçamento e o Executivo tem o dever de realiza-las,


tornando-o, nesse ponto, impositivo. Mas a imposição de seu cumprimento não surgiu por
força da norma orçamentária, e, sim, das normas pré-orçamentárias que vinculam o Executivo
ao seu cumprimento (Harrison Leite, Manual de Direito Financeiro, 3ª Ed., 2014, pág 51).

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No ponto, relembro que, recentemente, através da Emenda Constitucional nº 86, foi introduzido na
Constituição um novo exemplo de despesa que deve ser obrigatoriamente realizada (salvo motivo de
ordem técnica): trata-se da execução orçamentária e financeira das emendas individuais ao projeto de
lei orçamentária, em montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita
corrente líquida realizada no exercício anterior (Art. 166, §§ 9º, 11 e 12, da CF).

Há, na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, decisão segundo a qual o Poder Executivo, ao deixar
de executar despesa prevista na lei orçamentária, deverá apresentar justificativa para tanto (ADI 4663,
Informativo nº 657). Pontua Harrison Leite que

Esse posicionamento, ainda que isolado, é sinal de possível mudança de entendimento do


STF quanto à natureza jurídica do orçamento, que passa a ter um caráter vinculante, ainda que
pequeno, a obrigar o Executivo a justificar com razoabilidade o porquê do não cumprimento
das normas orçamentárias da forma como aprovadas pelo Legislativo (Manual de Direito
Financeiro, 3ª Ed., 2014, pág 58).

III- A assertiva está correta. Harrison Leite, após mencionar os modelos “tradicional” e “de desempenho”,
explica que que o orçamento-programa se constitui em verdadeira evolução dos modelos anteriores.
Segundo o autor,

Trata-se de modalidade em que os recursos se relacionam a objetivos, metas e projetos de um


plano de governo. É o modelo adotado no Brasil a partir da Lei nº 4320/64, que preza por um
instrumento de organização da atuação estatal, na medida em que é seu dever articular um
conjunto de ações com vistas à concretização de diversos programas que visam à solução de
problemas ou ao atendimento de determinada necessidade (Manual de Direito Financeiro, 3ª
Ed., 2014, pág 64).

IV- A assertiva está errada. De fato, o conteúdo do Princípio da Anualidade diz respeito ao “intervalo de
tempo em que se estima as receitas e se fixa as despesas é de um ano, coincidente com o exercício civil,
conforme redação do art. 34 da Lei nº 4320/64”.

Ocorre que apenas a LOA tem o período de vigência de 01 ano. No entanto, “o fato de haver uma lei
orçamentária com vigor de 4 (quatro anos), como o PPA (§1º do art. 167 da CF), bem como uma lei com
vigência superior a um ano, como a LDO, não invalida o princípio da anualidade, visto que todas essas leis
convergem para a aplicação de programas, projetos e ações previstos na lei orçamentária, cuja vigência
é de um ano.

O prazo de vigência da LDO é de 18 meses.

Obs. Não confundir o Princípio da Anualidade Financeira com o superado Princípio da Anualidade
Tributária, cujo conteúdo impunha a autorização na lei orçamentária como condição para a cobrança
de tributos.

GABARITO: LETRA “E“

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9. Assinale a alternativa correta, com base na doutrina e nas disposições legais e constitucionais
pertinentes:

a) A instituição do plano plurianual é matéria reservada à lei complementar.

b) A Lei nº 4320/64, formalmente ordinária e materialmente complementar, tem caráter de


Lei Federal, ou seja, obriga apenas a União.

c) Segundo o Princípio da Exclusividade, a lei orçamentária anual não conterá dispositivo


estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a
autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito,
ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

d) Ao Princípio do Orçamento Bruto, segundo o qual as receitas e as despesas devem constar


da Lei Orçamentária pelos seus totais, não equivale qualquer dispositivo legal, sendo este
fruto de construção doutrinária.

e) O Princípio da Proibição do Estorno encontra respaldo na Constituição Federal, na parte


em que esta veda, de forma absoluta, a transposição, o remanejamento ou a transferência
de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro.

COMENTÁRIO

a) A assertiva está incorreta. Conforme esclarecem Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa,
embora as leis orçamentárias (dentre as quais se inclui o plano plurianual) possuam processo legislativo
peculiar,

[...] são todas leis ordinárias com seu regramento instituído no art. 166 da CF. [...] Já as leis
que regulamentam o direito financeiro são complementares. Portanto, enquanto as leis
orçamentárias são ordinárias e com processo de elaboração regido no art. 166, da CF, as leis
que regulam o Direito Financeiro são leis complementares, conforme disposições expressas
nos arts. 163 e 165, §9º da CF (Responsabilidade Fiscal: Lei Complementar nº 101/2000, 2ª Ed.,
2015, págs 24 e 25).

b) Dizer que a Lei nº 4320/64 tem a forma de lei ordinária e o conteúdo de lei complementar é uma
afirmação correta, que vai ao encontro do fato de ter sido ela recepcionada, assim como o Código
Tributário Nacional, com status de Lei Complementar. Entretanto, a assertiva está incorreta na parte em
que classifica a Lei nº 4320/64 como “lei federal”, que obrigaria apenas a União. Isso porque, conforme
explicam Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, “a lei em comento estabelece normas
gerais de direito financeiro e apresenta caráter nacional, na medida em que obriga todos os entes
federativos, quais sejam, União, Estados, Municípios e Distrito Federal (Direito Financeiro: Lei nº 4320/64,
2ª Ed., 2014, pág. 18).

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c) A assertiva está correta, vinculando o Princípio da Exclusividade ao conteúdo do Art. 165, §8º, da CF.
Quer-se, com essa norma, evitar as chamadas “caudas orçamentárias”, através das quais eram incluídas na
lei orçamentária matéria estranha ao fim a que se destina.

d) A assertiva está incorreta, pois o conteúdo do Princípio do Orçamento bruto está consignado no Art.
6º da Lei nº 4320/64, segundo o qual “todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos
seus totais, vedadas quaisquer deduções”. Conforme Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá
Lisboa, “com isso impede-se a inclusão no orçamento de importâncias líquidas, ou seja, apenas o saldo
positivo ou negativo resultante do confronto entre as receitas e as despesas de determinado serviço
público (Direito Financeiro: Lei nº 4320/64, 2ª Ed., 2014, pág. 82).

e) A assertiva está errada, pois, embora o Princípio da Proibição do Estorno encontre, de fato, guarida na
Constituição Federal, que, em seu Art. 167, VI, veda a transposição, o remanejamento ou a transferência
de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, tal vedação não é
absoluta. Com efeito, é possível a realização dessas operações se houver prévia autorização legislativa.

Conforme explica Sérgio Mendes, na esfera federal, “em geral, essa solicitação é encaminhada pelos
órgãos setoriais para a Secretaria de Orçamento Federal (SOF), onde é efetuada a análise dos pedidos de
transposição, remanejamento ou transferência de categoria de programação para outra ou de um órgão
para outro” (Administração Financeira e Orçamentária: Teoria e questões, 2ª Ed., 2011).

GABARITO: LETRA “C“

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO ECONÔMICO

10. Acerca das situações verificadas em mercados imperfeitamente competitivos e do tratamento


a elas concedida pelo Direito Brasileiro, julgue os itens a seguir:

I. O monopólio convencional constitui situação vedada pelo ordenamento jurídico


brasileiro.

II. Constitui exemplo de monopólio constitucionalmente instituído em favor da União a


pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de
minérios nucleares e seus derivados.

III. A Lei nº 12.529/11, que reestruturou o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência,


não se aplica às pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividade sob regime de monopólio
legal.

IV. Entende-se o monopsônio pela atuação de um único agente econômico no mercado


para adquirir de fornecedores um produto ou serviço para ele, monopsionista, oferecer ao

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consumidor final. Os oligopsônios, nesse sentido, são identificados pelo pequeno número
de agentes econômicos atuando no mercado como tomadores de serviços ou adquirentes
de produtos para repassá-los ao consumidor final.

a) Todas as assertivas estão corretas.

b) Apenas uma assertiva está correta.

c) Apenas duas assertivas estão corretas.

d) Apenas três assertivas estão corretas.

e) Nenhuma assertiva está correta.

COMENTÁRIO

I- Conforme as lições de Leonardo Vizeu,

Monopólio convencional é o decorrente de práticas abusivas de agentes econômicos, bem


como de acordos e contratos estabelecidos por dois ou mais agentes, com o fito de eliminar
os demais competidores, colocando aquela atividade sob exploração exclusiva por parte de
um único agente (monopólio) ou de poucos agentes pré-determinados (oligopólio). Direito
Econômico para Concursos, 2011, pág 111).

Visto o conceito acima, é de se concluir que o item está correto, à luz do que dispõem os Arts. 173, §4º,
da Constituição Federal (lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados,
à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros), e o Art. 36, II, da Lei nº 12.529/11 (que
tipifica como infração contra a ordem econômica “dominar mercado relevante de bens ou serviços”).

É necessário observar, em contrapartida, que, conforme o §1º do Art. 36 da Lei nº 12.529/11 “a conquista
de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação
a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II do caput deste artigo” (visto acima).

II- O item está correto, na medida em que reproduz o disposto no Art. 21, XXIII, da CF, segundo o qual
compete à União “explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio
estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio
de minérios nucleares e seus derivados [...]”. Segundo Vicente Bagnoli, tal situação configura exemplo de
monopólio legal (Direto Econômico, 6ª Ed., 2013, pág 194).

III- A assertiva está incorreta, na medida em que o Art. 31 da Lei nº 12.529, ao definir o campo de
incidência da Lei, explicita que ela “aplica-se às pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado,
bem como a quaisquer associações de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda
que temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, mesmo que exerçam atividade sob regime
de monopólio legal”.

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IV- A assertiva está correta, na medida em que reproduz as lições de Vicente Bagnoli sobre os monopsônios
e os oligopsônios (Direto Econômico, 6ª Ed., 2013, pág 195). Explica o autor que

No caso dos monopsônios e oligopsônios o raciocínio é muito parecido com os dos


monopólios e oligopólios, só que o agente monopsionista ou oligopsionista detém posição
em outro patamar da estrutura do mercado; no momento de adquirir produtos ou serviços de
fornecedores para repassar ao consumidor final e não propriamente no momento da oferta
do produto ou serviço ao consumidor final (Direto Econômico, 6ª Ed., 2013, pág 195).

GABARITO: LETRA “D“

11. Considerando a disciplina referente às infrações da Ordem Econômica e os processos


administrativos para prevenção, apuração e repressão, assinale a alternativa correta:

a) A adoção de medida preventiva, que pode ser realizada em qualquer fase do inquérito
administrativo para apuração de infrações ou do processo administrativo para imposição
de sanções por infrações à ordem econômica, é medida inacumulável com a aplicação de
multa diária.

b) O termo de compromisso de cessação de prática constitui título executivo extrajudicial.

c) A cessação completa, pela empresa, do envolvimento na infração noticiada ou sob


investigação a partir da data de propositura do acordo de leniência não constitui condição
para a celebração do acordo.

d) A prescrição das pretensões punitivas referentes às infrações previstas na Lei Antitruste


suspende-se durante a vigência do compromisso de cessação, mas não do acordo em
controle de concentrações.

e) O rol de infrações contra a ordem econômica previstas na Lei Antitruste é taxativo.

COMENTÁRIO

a) A assertiva está incorreta, pois, conforme o disposto no Art. 84, §1º, da Lei nº 12.529/11, “na medida
preventiva, determinar-se-á a imediata cessação da prática e será ordenada, quando materialmente
possível, a reversão à situação anterior, fixando multa diária nos termos do art. 39 desta Lei”.

Já o Art. 39 dispõe que

“Pela continuidade de atos ou situações que configurem infração da ordem econômica,


após decisão do Tribunal determinando sua cessação, bem como pelo não cumprimento de
obrigações de fazer ou não fazer impostas, ou pelo descumprimento de medida preventiva
ou termo de compromisso de cessação previstos nesta Lei, o responsável fica sujeito a

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multa diária fixada em valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), podendo ser aumentada
em até 50 (cinquenta) vezes, se assim recomendar a situação econômica do infrator e a
gravidade da infração. “

Logo, a aplicação de multa diária não só é permitida, como é recomendável, sujeitando-se a ela o agente
que descumprir medida preventiva imposta pelo Conselheiro-Relator ou pelo Superintendente-Geral.

b) A assertiva está correta, conforme Art. 85, §8, da Lei nº 12.529/11. No ponto, lembrar que compete à
Procuradoria-Federal junto ao Cade representa-lo judicial e extrajudicialmente, do que se conclui que a
esta caberá eventual execução do título consubstanciado no termo de compromisso de cessação (Art. 15,
II, da Lei nº 12.529/11).

c) A assertiva está incorreta, na medida em que, à luz da legislação de regência, constitui requisito
obrigatório para a celebração do acordo, previsto no Art. 86, II, da Lei nº 12.529/11, que a empresa
cesse completamente seu envolvimento na infração noticiada ou sob investigação a partir da data de
propositura do acordo. Conforme §2º do mesmo artigo, o requisito em comento também se aplica às
pessoas físicas.

d) A assertiva está incorreta, na medida em que a prescrição da pretensão punitivas referente às infrações
previstas na Lei Antitruste suspende-se tanto na vigência do compromisso de cessação quanto na vigência
do acordo em controle de concentrações, conforme prevê o §2º do Art. 46 da referida Lei. Os prazos de
prescrição, no contexto das ações punitivas prevista na Lei Antitruste, podem ser assim resumidos:

-> REGRA: 5 ANOS.

-> PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE: 3 ANOS.

-> QUANDO A INFRAÇÃO TAMBÉM CONSTITUIR CRIME: OBSERVAR A LEI PENAL.

e) A assertiva está incorreta. Com efeito, o §3º do Art. 36 da Lei nº 12.529/11 prevê exemplos de condutas
consideradas infrações contra a ordem econômica. Conforme explicam Fabio Guimarães Bensoussan e
Marcus de Freitas Gouvêa,

Como a própria norma enuncia, as condutas enumeradas não são exaustivas, de modo que
quaisquer outras condutas podem ser considerados ilícitos anticoncorrenciais, se preenchidos
os requisitos do caput [do Art. 36]. A previsão expressa do tipo, portanto, não é condição
necessária para a caracterização do ilícito [...] (Manual de Direito Econômico, 2015, pág
600).

GABARITO: LETRA “B“

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO ADMINISTRATIVO

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12. Acerca dos consórcios públicos, assinale o item incorreto:

a) O consórcio público está sujeito à fiscalização contábil, operacional e patrimonial


pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do Poder
Executivo representante legal do consórcio, inclusive quanto à legalidade, legitimidade e
economicidade das despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, o que afasta o controle
externo que seria exercido em razão de cada um dos contratos de rateio.

b) O consórcio público é uma forma de gestão associada de entes federativos na prestação


de serviços públicos, através da constituição de nova pessoa jurídica para atingir uma
finalidade comum de interesse público.

c) O consórcio público será constituído por contrato, cuja celebração depende da prévia
subscrição de um protocolo de intenções pelos entes participantes, do qual é cláusula
necessária aquela que estabeleça a denominação, a finalidade, e o prazo de duração, e a
sede do consórcio.

d) A constituição do consórcio depende da participação do Poder Legislativo de cada


partícipe.

e) Admite-se que um consórcio público promova desapropriações e institua servidões, nos


limites definidos na declaração de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social,
realizada pelo Poder Público.

COMENTÁRIO

O item “b” corresponde ao conceito de consórcio público, o qual, nos termos do art. 1º da Lei 11.079/2005,
visa a realização de interesses comuns entres os entes federativos, e corresponde a criação de uma nova
pessoa jurídica, com natureza de associação pública ou pessoa jurídica de direito privado (§1º). Portanto,
correto o item.

Com relação ao item “c”, com efeito, o consórcio será constituído por contrato, cuja celebração depende
da prévia existência de um protocolo de intenções. Dentre as cláusulas necessárias do protocolo de
intenções estão as que estabeleçam a denominação, a finalidade, o prazo de duração e a sede do
consórcio (art. 4º, I, da Lei 11.079/2005). Portanto, correto o item “c”.

Com relação ao item “d”, uma vez subscrito o protocolo de intenções, cada ente consorciado deverá
ratifica-lo por meio de lei, nos termos que preconiza o art. 5º da Lei 11.079/2005. Sendo assim, correta
a assertiva de que a constituição do consórcio depende da participação do Poder Legislativo de cada
partícipe.

A assertiva do item “e” está correta. O art. 2º, §1º, I, estabelece que para o cumprimento de seus objetivos,
o consórcio público poderá firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxílios,

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contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo. Assim,


admite-se que o consórcio público promova desapropriações e institua servidões, nos limites definidos
na declaração de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social, realizada pelo Poder Público,
desde que o ente responsável pela declaração do interesse público dirija ao consórcio a possibilidade de
executar essa desapropriação.

O item incorreto, portanto, é o “a”. Embora o consórcio público esteja sujeito à fiscalização contábil,
operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do Poder
Executivo representante legal do consórcio, inclusive quanto à legalidade, legitimidade e economicidade
das despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, isso não afasta o controle externo a ser exercido
em razão de cada um dos contratos de rateio. Isso é o que define o art. 9º, parágrafo único, da Lei
11.079/2005.

GABARITO: LETRA “A“

13. Acerca das normas referentes aos convênios, julgue os itens a seguir, assinalando, ao final, a
alternativa correta:

I. Conceitua-se convênio como o acordo ou ajuste que discipline a transferência de


recursos financeiros de dotações consignadas nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade
Social da União e tenha como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração
pública federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração
pública estadual, do Distrito Federal ou municipal, direta ou indireta, consórcios públicos, ou
ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando à execução de programa de governo,
envolvendo a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de
interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.

II. É vedado, em qualquer situação, alterar o objeto do convênio.

III. É vedada a celebração de convênios com pessoas físicas ou entidades privadas com
fins lucrativos.

IV. O convênio poderá ser denunciado a qualquer tempo, ficando os partícipes responsáveis
somente pelas obrigações e auferindo as vantagens do tempo em que participaram
voluntariamente da avença, não sendo admissível cláusula obrigatória de permanência ou
sancionadora dos denunciantes.

V. A publicação do extrato de convênio é condição de validade do ajuste, não admitindo


convalidação.

a) Somente os itens I, IV e V estão corretos.

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b) Somente os itens I, III e IV estão corretos.

c) Somente os itens III e V estão corretos.

d) Somente os itens II, IV e V estão corretos.

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

COMENTÁRIO

A definição trazida no item I está correta, nos termos do art. 1º, §2º, VI, da Portaria Interministerial nº
507/2011, que dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos da União mediante convênios
e contratos de repasse.

Quanto ao item II, embora a regra seja a vedação da alteração do objeto previsto no convênio, admite-
se que ele seja alterado no caso de ampliação da execução do objeto pactuado ou para redução ou
exclusão de meta, sem prejuízo da funcionalidade do objeto contratado, nos termos do art. 52, III, da
Portaria nº 507/2011.

O item III está de acordo com a proibição do art. 10, V, da Portaria Interministerial nº 507/2011.

O item IV está de acordo com o art. 80 da Portaria Interministerial nº 507/2011.

O item V está incorreto, nos termos da Orientação Normativa nº 43 da AGU, ao determinar que a
publicação do extrato de convênio é condição de eficácia (e não validade) do ajuste e a sua ausência
admite convalidação, sem prejuízo de eventual apuração de responsabilidade administrativa.

Estão corretos, portanto, os itens I, III e IV, e incorretos os itens II e V. Logo, a alternativa correta é a letra B.

GABARITO: LETRA “B“

14. Acerca da responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos
contra a administração pública, nacional ou estrangeira, julgue os itens a seguir, assinalando, ao
final, a alternativa correta:

I. A celebração do acordo de leniência suspende o prazo prescricional dos atos ilícitos


previstos na Lei Anticorrupção.

II. Admite-se a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela


prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.

III. Nas ações de responsabilização judicial pelos atos previstos na Lei Anticorrupção será
adotado o rito previsto na Ação de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992).

IV. Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração contratual,

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transformação, incorporação, fusão ou cisão societária.

V. Aplica-se Lei anticorrupção às sociedades empresárias e às sociedades simples,


personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário
adotado.

a) Somente os itens I, II, IV e V estão corretos.

b) Somente o item III está incorreto.

c) Somente os itens I, III, IV e V estão corretos.

d) Todos os itens estão corretos.

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

COMENTÁRIO

O erro do item I está ao afirmar que a celebração do acordo suspende o prazo prescricional, quando na
verdade ela o interrompe (art. 16, §9º, da Lei 12846/2013). Atentem que o termo “Lei Anticorrupção” vem
sendo adotado pela doutrina para denominar a Lei 12.846/2013, que dispõe acerca da responsabilização
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou
estrangeira.

O item II está correto, de acordo com o art. 2º da Lei 12.846/2013.

O erro do item III está ao afirmar que será adotado o rito previsto na Lei de Improbidade Administrativa,
quando na verdade será adotado o rito previsto na Lei de Ação Civil Pública (Lei no 7.347/1985). Nesse
sentido é o art. 21 da Lei 12.846/2013.

O item IV está correto, nos termos do art. 4º da Lei 12.846/2013. Ressalta-se que nas hipóteses de fusão
e incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e
reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis
as demais sanções previstas na Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão ou
incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.

Ademais, as sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do respectivo contrato, as


consorciadas, serão solidariamente responsáveis pela prática dos atos previstos na Lei, restringindo-se tal
responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado.

Por fim, o item V está de acordo com o art. 1º, parágrafo único, da Lei 12.846/2013.

Sendo assim, estão corretos os itens II, IV e V, e incorretos os itens I e III, sendo a resposta correta a
alternativa E.

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GABARITO: LETRA “E“

15. Acerca do regime jurídico das parcerias voluntárias, assinale o item incorreto:

a) O regime jurídico das parcerias voluntárias tem como fundamentos a gestão pública
democrática, a participação social, o fortalecimento da sociedade civil e a transparência
na aplicação dos recursos públicos, devendo obedecer aos princípios da legalidade, da
legitimidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da economicidade, da
eficiência e da eficácia, além dos demais princípios constitucionais aplicáveis e outros
relacionados na legislação, como a valorização dos direitos dos povos indígenas e das
comunidades tradicionais.

b) As parcerias serão formalizadas mediante a celebração de termo de colaboração ou de


termo de fomento, conforme o caso, que terá, dentre as cláusulas essenciais, a indicação
do foro para dirimir as dúvidas decorrentes da execução da parceria, estabelecendo a
obrigatoriedade da prévia tentativa de solução administrativa com a participação da
Advocacia-Geral da União, em caso de os partícipes serem da esfera federal, administração
direta ou indireta.

c) O gerenciamento administrativo e financeiro dos recursos recebidos é de responsabilidade


exclusiva da organização da sociedade civil, inclusive no que diz respeito às despesas de
custeio, investimento e pessoal.

d) As parcerias deverão ser executadas com estrita observância das cláusulas pactuadas,
sendo vedado realizar despesas a título de taxa de administração, de gerência ou similar;
pagar, a qualquer título, servidor ou empregado público com recursos vinculados à parceria,
salvo nas hipóteses previstas em lei específica e na lei de diretrizes orçamentárias; e efetuar
pagamento em data posterior à vigência da parceria, ainda que expressamente autorizado
pela autoridade competente da administração pública.

e) É vedado ser objeto de parceria a contratação de serviços de consultoria, com ou sem


produto determinado.

COMENTÁRIO

O item “a” está correto, nos termos do artigo 5º, caput, combinado com o inciso IX, da Lei 13.019/2014.

O item “b” também está correto, e corresponde à redação do artigo 42, caput, combinado com o inciso
XVII, da Lei citada.

Quanto ao item “c”, está correto, nos termos do artigo 44 da Lei.

Com relação ao item “e”, a vedação está prevista no artigo 40, parágrafo único, I. Portanto, correto o item.

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Por fim, o item “d”, embora cite as vedações contidas no artigo 45 e incisos da Lei, erra ao afirmar que
a vedação abrange o pagamento em data posterior à vigência da parceria, ainda que expressamente
autorizado pela autoridade competente da administração pública. Na verdade, a lei excetua o caso de o
pagamento ter sido autorizado pela autoridade competente. Portanto, incorreto o item.

GABARITO: LETRA “D“

PROFESSOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

16. Dentre as fontes de direito internacional abaixo, assinale aquela que não está expressamente
prevista no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça:

a) Princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas.

b) Atos unilaterais dos Estados.

c) Costume internacional.

d) Decisões judiciárias.

e) Doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações.

COMENTÁRIO

Singela questão envolvendo as fontes de direito internacional. Como já referido na primeira ata, as
questões de direito internacional na última prova PFN/ESAF notabilizaram-se por tratar de temas clássicos
e com grau de dificuldade apenas mediano. Assim, parece-me importante que, antes de adentrar a temas
complexos e aprofundados – para a prova de PFN/ESAF – os alunos devem saber nominar as fontes de
direito internacional, bem assim ter conhecimento da existência do rol do artigo 38 do Estatuto da Corte
Internacional de Justiça, que não é exaustivo.

Isso posto, vejamos a redação do referido dispositivo:

Artigo 38. 1. A Côrte, cuja função é decidir de acôrdo com o direito internacional as controvérsias
que lhe forem submetidas, aplicará:

a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras


expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;

b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;

c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas Nações civilizadas;

d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais

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qualificados das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de
direito.

Como se percebe, os atos unilaterais dos Estados, em que pese possam também ser considerados fontes
de direito internacional, não constam no rol do artigo 38, sendo essa, portanto, a resposta que deveria
ter sido assinalada como resposta.

GABARITO: LETRA “B“

17. Sobre o costume internacional, julgue os seguintes itens:

I. O elemento objetivo da norma costumeira internacional consiste na prática generalizada,


reiterada, uniforme e constante de um ato nas esferas das relações internacionais ou no
âmbito interno, com reflexos externos.

II. O elemento subjetivo da norma costumeira internacional consiste na convicção, por


parte dos Estados, de que a referida prática generalizada, reiterada, uniforme e constante
configura norma de jus cogens.

III. Em razão da necessidade de que a prática reiterada que forma um costume seja
também generalizada, não há como se falar em costumes regionais no âmbito do direito
internacional.

IV. O costume internacional foi a primeira fonte de direito internacional e foi também a
principal, até o século XVII, a partir de quando, após os Tratados de Westfália, as convenções
internacionais passaram a ganhar maior importância.

Estão corretos apenas os itens:

a) I e II.

b) I, III e IV.

c) II, III e IV.

d) I e IV.

e) Todos os itens estão corretos.

COMENTÁRIO

Vamos à análise dos itens:

I e II – Conforme lição de Paulo Henrique Gonçalves Portela:

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A formação de uma norma costumeira internacional requer dois elementos essenciais: um, de
caráter material e objetivo; o outro, psicológico e subjetivo. O primeiro é a prática generalizada,
reiterada, uniforme e constante de um ato na esfera das relações internacionais ou no âmbito
interno, com reflexos externos. É a inverterata consuetudo, que constitui o conteúdo da norma
costumeira. O segundo elemento é a convicção de que essa prática é juridicamente obrigatória
(opinio juris).1

Dessarte, nota-se que o item I está correto, porém, o item II incorreto, uma vez que o elemento subjetivo
nada tem a ver com a crença de que a prática reiterada seja norma de jus cogens, mas apenas com a ideia
de que seja juridicamente obrigatória.

III – O entendimento quanto à possibilidade da existência de costumes regionais é tranquilo na doutrina


internacionalista. Isso porque, como ensina Valério Mazzuoli:

(...) para existir um costume internacional não se exige que todos os Estados (ou organizações
internacionais) do mundo aceitem certa prática como sendo juridicamente obrigatória. Ou
seja, a expressão “prática geral aceita como sendo o direito” não requer o aceite universal de
uma regra por todos os sujeitos do Direito Internacional Público, para só então caracterizar-se
verdadeiro costume.2

Portanto, o item III está errado.

IV – Correto o último item, conforme ensinamentos de Valério Mazzuoli:

Historicamente, o costume internacional (consuetudo est servanda) foi a primeira fonte do


Direito Internacional a aparecer e ganhar vida, tendo reinado incontrastável até o século XVII,
a partir de quando (após os Tratados de Westfália, que puseram termo à Guerra dos Trinta
Anos) as convenções internacionais passaram a ganhar especial relevo no cenário internacional,
notadamente por consolidarem a igualdade entre os Estados e visarem a segurança e a
estabilidade das relações internacionais.3

Conclui-se, assim, que estão corretos apenas os itens I e IV, de modo que a alternativa a ser assinalada
como resposta é a da letra “d”.

GABARITO: LETRA “D“

18. Sobre os processos de internalização e denúncia dos tratados no Brasil, julgue os seguintes
itens:

1 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 3 ed. Salvador: Juspodivm, 2011, p. 73.
2 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 140.
3 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 135.

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I. A aprovação, pelo Congresso Nacional, dos tratados internacionais celebrados pelo


Chefe do Poder Executivo, só é necessária em relação aos acordos ou atos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional, por decorrência do
disposto no artigo 49, inciso I, da Constituição Federal.

II. A aprovação ou a rejeição de um tratado internacional pelo Congresso Nacional é


materializada através de decreto legislativo.

III. O STF já teve a oportunidade de afirmar que um tratado internacional só passa a vincular
e a obrigar no plano do direito positivo interno a partir da sua promulgação e publicação
via decreto presidencial, não bastando, portanto, a aprovação do Congresso Nacional.

IV. A possibilidade de o Chefe do Poder Executivo denunciar tratados internacionais em


que o Brasil é parte, sem a necessidade de autorização do Congresso Nacional para tanto,
foi afirmada pelo STF no julgamento da ADI nº 1625.

Estão corretos apenas os itens:

a) II, III e IV.

b) I, II e III.

c) I, II e IV.

d) III e IV.

e) Apenas o item III está correto.

COMENTÁRIO

Vamos à análise dos itens:

I – O inciso I do art. 49 da Constituição Federal afirma ser da competência exclusiva do Congresso


Nacional “resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos
ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional” (grifei).

A partir daí, poder-se-ia concluir que a assertiva do item I está correta.

Ocorre, porém, que a interpretação desse dispositivo deve ser feita de forma sistemática e em conjunto
com o art. 84, VIII, da Constituição, o qual dispõe competir privativamente ao Presidente da República
“celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”. Como
se nota, essa última disposição constitucional não submete apenas algumas, mas todas as convenções
internacionais celebradas pelo Presidente da República a referendo do Congresso Nacional.

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Haveria então conflito entre tais normas? Se sim, qual deveria prevalecer? Valério Mazzuoli responde, nos
seguintes termos:

A antinomia entre os arts. 49, inc. I e 84, inc. VIII da Carta de 1988, é apenas aparente. O art.
84, inc. VIII, como já se disse, impõe que todos os tratados, convenções e atos internacionais
celebrados pelo Chefe do Executivo, sejam submetidos ao referendo do Congresso Nacional. E,
com base nesse dispositivo, deve-se interpretar extensivamente o art. 49, inc. I, da Constituição,
tendo em vista ter o legislador constituinte – segundo Capachuz de Medeiros – dito menos
do que pretendia: lex minus dixit quam voluit. Segundo esse entendimento, o desejo da
Assembleia Constituinte, evidentemente, foi o de submeter todos os tratados, acordos ou
atos internacionais ao referendo do Poder Legislativo, e não somente aqueles que acarretem
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Prevalece, pois, a disposição do
art. 84, inc. VIII, da Constituição, mais adequada à tradição nacional, que submete todos os
tratados assinados em nome da Nação ao referendo do Congresso Nacional.4

Conclui-se, portanto, que todos os tratados internacionais firmados pelo Presidente da República devem
passar pelo crivo do parlamento brasileiro, de modo que o item I está errado.

II – A formalização da aprovação dos tratados internacionais pelo Congresso Nacional por via de decreto
legislativo é questão básica e batida. O mote desse item, entretanto, está na formalização da manifestação
congressual em caso de não aprovação da convenção internacional. Seria essa também veiculada por
meio de decreto legislativo? Valério Mazzuoli afirma que não:

O Congresso Nacional, por sua vez, quando chamado a se manifestar, materializa o que ficou
resolvido sobre os tratados, acordos ou atos internacionais, por meio da elaboração de um
decreto legislativo (CF, art. 59, inc. VI). Por meio desse instrumento o Congresso aprova o
tratado no plano interno e, ato contínuo, autoriza o Presidente da República a ratifica-lo. Não
há a edição de tal espécie normativa em caso de rejeição do tratado, caso em que
apenas se comunica a decisão, mediante mensagem, ao Chefe do Poder Executivo.5
(grifei)

Errado, então, o item II.

III – O Supremo Tribunal Federal enfrentou a questão no julgamento da Carta Rogatória nº 8279. A
respeito, oportuna a transcrição do seguinte excerto do resumo do julgamento publicado no informativo
nº 196 do STF, in verbis:

A recepção dos tratados internacionais em geral e dos acordos celebrados pelo Brasil no âmbito
do MERCOSUL depende, para efeito de sua ulterior execução no plano interno, de uma sucessão
causal e ordenada de atos revestidos de caráter político-jurídico, assim definidos: (a) aprovação,
4 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 390-391.
5 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 381.

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pelo Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, de tais convenções; (b) ratificação desses
atos internacionais, pelo Chefe de Estado, mediante depósito do respectivo instrumento; (c)
promulgação de tais acordos ou tratados, pelo Presidente da República, mediante
decreto, em ordem a viabilizar a produção dos seguintes efeitos básicos, essenciais à
sua vigência doméstica: (1) publicação oficial do texto do tratado e (2) executoriedade
do ato de direito internacional público, que passa, então - e somente então - a vincular
e a obrigar no plano do direito positivo interno. (grifei)

Correta, assim, a afirmação constante no item III.

IV – De fato, no julgamento da ADI nº 1625, o STF está discutindo a necessidade ou não de manifestação
prévia do Congresso Nacional para que o Presidente da República possa denunciar e, assim, se desvincular,
de um tratado internacional que o Brasil tenha ratificado (lembrando que a ratificação depende de
aprovação prévia do parlamento).

O caso trata da denúncia da Convenção nº 158 da OIT, realizada através do decreto presidencial nº 2.100,
de 20 de dezembro de 1996. Ocorre que referido julgamento ainda não terminou, tendo sido, até o
momento, proferidos quatro votos: três pela necessidade de consentimento do Congresso Nacional para
que o Presidente possa denunciar um tratado e um pela desnecessidade de manifestação congressual
para tanto. Atualmente, o processo se encontra em vista com a Ministra Rosa Weber.

Assim, estando o julgamento ainda em andamento, o item IV está incorreto.

Conclui-se, então, por fim, que apenas o item III está correto e, assim, a resposta certa é a da letra “e”.

GABARITO: LETRA “E“

19. Sobre o regime jurídico do estrangeiro, assinale a alternativa incorreta:

a) A entrada de estrangeiros no território brasileiro deve ser feita somente pelos locais
onde houver fiscalização dos órgãos competentes dos Ministérios da Saúde, da Justiça e da
Fazenda.

b) O visto de trânsito poderá ser concedido ao estrangeiro que, para atingir o país de
destino, tenha de entrar em território nacional, sendo prescindível tal visto ao estrangeiro
que, em viagem contínua, precise realizar apenas escala obrigatória no país.

c) O caput do artigo 5º da Constituição Federal deve ser interpretado de acordo com a


moderna sistemática internacional de proteção internacional dos direitos humanos, de
forma que os direitos e garantias individuais mínimos ali consagrados devem ser garantidos
a todos os estrangeiros e não apenas àqueles residentes no Brasil.

d) A deportação só tem lugar depois que o estrangeiro entrou no país, não se confundindo

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com o impedimento à entrada, no qual o estrangeiro não passa da barreira policial da


fronteira, porto ou aeroporto.

e) Compete ao Ministro da Justiça determinar a instauração de inquérito para a expulsão


do estrangeiro, bem como resolver sobre a conveniência e a oportunidade da expulsão ou
de sua revogação.

COMENTÁRIO

A alternativa “a” está correta. O ali disposto é o que prevê o art. 22 do Estatuto do Estrangeiro (Lei nº
6.815/1980).

Correta também a alternativa “b”, eis que conforme ao art. 8º, caput e parágrafo segundo, do Estatuto do
Estrangeiro, in verbis:

Art. 8º O visto de trânsito poderá ser concedido ao estrangeiro que, para atingir o país de
destino, tenha de entrar em território nacional.

§ 1º O visto de trânsito é válido para uma estada de até 10 (dez) dias improrrogáveis e uma só
entrada.

§ 2° Não se exigirá visto de trânsito ao estrangeiro em viagem contínua, que só se interrompa


para as escalas obrigatórias do meio de transporte utilizado.

Adiante, igualmente certa a alternativa “c”. A respeito, as lições de Valério Mazzuoli:

A Constituição brasileira de 1988 garante, no caput do ser art. 5º, “aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade”, nos termos por ela estabelecido. Mas deve-se fazer a observação
de que a referência aos “estrangeiros residentes no País” é de ser interpretada de acordo com a
moderna sistemática internacional de proteção dos direitos humanos, bem como com os valores
constitucionais da cidadania e da dignidade da pessoa humana. Dessa forma, o entendimento
do dispositivo deve ser no sentido de admitir a quaisquer estrangeiros (residentes ou não no
Brasil) os direitos e garantias individuais mínimos consagrados pela Constituição.”6

A alternativa “d” aborda o instituto da deportação (arts. 57 a 64 do Estatuto do Estrangeiro), que consiste
na saída compulsória do estrangeiro do território nacional, em casos de entrada ou permanência irregular
no Brasil.

É também Valério Mazzuoli quem chama a atenção para o fato de que:

(...) a deportação só tem lugar depois que o estrangeiro entrou no país, não se confundindo
com o impedimento à entrada, no qual o estrangeiro não chega a efetivamente entrar no

6 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 788-789.

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território nacional, não passando da barreira policial da fronteiro, porto ou aeroporto, caso
em que é mandado de volta, normalmente às expensas da empresa que o transportou até o
seu destino sem se certificar da regularidade de sua documentação.7

Correta, portanto, a alternativa “d”.

Sobrou então apenas a alternativa “e”, que é a incorreta, uma vez que compete sim ao Ministro da Justiça
determinar a instauração de inquérito para a expulsão do estrangeiro (art. 70 do Estatuto do Estrangeiro),
mas não é da sua competência, e sim do Presidente da República, resolver sobre a conveniência e a
oportunidade da expulsão ou de sua revogação (art. 66 do Estatuto do Estrangeiro).

GABARITO: LETRA “E“

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO EMPRESARIAL

20. Suponha que determinado agente econômico pretenda constituir sociedade anônima para a
produção e a circulação de alimentos. Nesse contexto, julgue itens a seguir:

I. A empresa deverá operar sob denominação, acompanhada das expressões “companhia”


ou “sociedade anônima”, expressas por extenso ou abreviadamente, mas vedada a
utilização da primeira ao final. Ademais, por se tratar de uma sociedade anônima, é vedada
a identificação, em sua denominação, de nomes de acionistas ou fundadores.

II. É correto afirmar que o sócio, ao constituir sociedade anônima, somente será
responsável, salvo em situações excepcionais, pela sua parte no capital social.

III. A participação em outras sociedades como meio de beneficiar-se de incentivos fiscais


dependerá de previsão estatutária.

IV. Conforme previsão da LSA, o capital social poderá ser formado com contribuições em
dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Apenas um item está correto.

c) Apenas dois itens estão corretos.

d) Apenas três itens estão corretos.

7 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015,
p. 790.

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e) Nenhum item está correto.

COMENTÁRIO

I- O item está incorreto. De fato, a sociedade anônima operará exclusivamente por meio de denominação
(Art. 1.160 do Código Civil e Art. 3ª da Lei nº 6.404/76 - LSA), “acompanhada das expressões “companhia”
ou “sociedade anônima”, expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira
ao final” (Art. 3ª da Lei nº 6.404/76). Ocorre que, embora seja uma sociedade anônima, que “jamais
poderá adotar firma social como espécie de nome empresarial” (André Luiz Santa Cruz Ramos, Direito
Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., 2011, pág 281), o parágrafo único do Art. 1.160 do CC estabelece que
“pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido
para o bom êxito da formação da empresa”.

II- O item está correto. Com efeito, dispõe o Art. 1º da LSA que “A companhia ou sociedade anônima
terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço
de emissão das ações subscritas ou adquiridas.” Diante desse contexto, conforme André Luiz Santa Cruz
Ramos,

Pode-se dizer até que a responsabilidade limitada dos acionistas de uma S/A é ainda
“mais limitada” do que a responsabilidade limitada dos quotistas de uma sociedade
limitada. Afinal, vimos que estes, além de responderem pela respectiva integralização das
quotas que subscreverem, são solidariamente responsáveis pela integralização total do capital
social, conforme dispõe o art. 1.052 do Código Civil. Os acionistas, por sua vez, respondem
tão somente pela integralização de suas ações, não havendo, para eles, a previsão de
responsabilidade solidária quanto à integralização de todo o capital social (Direito
Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., 2011, pág 282)

III- O item está errado, pois a participação em outras sociedades como meio de realizar o objeto social,
ou para beneficiar-se de incentivos fiscais, independe de previsão estatutária, conforme previsto no §2º do
Art. 3º da LSA. Frise-se que, quando a participação em outras sociedades constituir seu objeto social, esta
informação deve constar do estatuto. Conforme destaca Marlon Tomazette, “a definição do objeto social,
no estatuto, serve para delimitar o âmbito de atuação da sociedade, permitindo a responsabilização dos
administradores e controladores que extrapolem tais limites” (Curso de Direito Empresarial: Teoria Geral e
Direito Societário, Vol. 1, 6ª Ed., 2014, pág 409).

IV- O item está correto. De fato, dispõe o Art. 7º da LSA, “O capital social poderá ser formado com
contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.” No
ponto, observar que, ainda que ampla a redação do Art. 7º, “a utilização de bens estranhos e inúteis
ao objeto social não pode ser admitida, por representar uma burla aos credores e concorrentes da
sociedade, sendo expressamente condenada pelo artigo 117, §1º, da Lei 6.404/76” (Marlon Tomazette,
Curso de Direito Empresarial: Teoria Geral e Direito Societário, Vol. 1, 6ª Ed., 2014, pág 438).

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GABARITO: LETRA “C“

21. No campo do direito societário, são muito comuns as chamadas operações societárias, nas
quais as sociedades se relacionam entre si, transformando-se, fundindo-se, incorporando outras
ou transferindo parcela de seu patrimônio a outras. Em todos esses casos – transformação,
incorporação, fusão e cisão -, haverá mudanças relevantes na estrutura das sociedades, que
trarão consequências jurídicas relevantes (André Luiz Santa Cruz Ramos, Direito Empresarial
Esquematizado, 2ª Ed., 2011, pág 368). Acerca das operações societárias, julgue os itens a seguir:

I. A transformação da sociedade ocorre com a mudança do seu tipo societário, podendo


ser verificada, por exemplo, se uma sociedade em nome coletivo se transformar em uma
sociedade limitada, o que não modificará nem prejudicará, em qualquer caso, os direitos
dos credores.

II. Na incorporação, haverá a extinção da(s) sociedade(s) incorporada(s), mas não surgirá
uma nova sociedade.

III. Conforme disposto no Código Civil, a cisão se trata da operação pela qual a sociedade
transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse
fim ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida, se houver versão de todo o seu
patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.

IV. Até noventa dias após publicados os atos relativos à incorporação, fusão ou cisão, das
sociedades anônimas, o credor anterior, por ela prejudicado, poderá promover judicialmente
a anulação deles.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Apenas um item está correto.

c) Apenas dois itens estão corretos.

d) Apenas três itens estão corretos.

e) Nenhum item está correto.

COMENTÁRIO

I- O item está correto, à luz do que dispõem o Art. 220 da Lei nº 6.404/76 e 1.115 do Código Civil. No
ponto, é preciso esclarecer que, até o advento do Código Civil de 2002, embora as operações societárias
não fossem privativas das sociedades anônimas, o regramento da LSA era tido como norma geral, por
ser o único a tratar do tema. Advindas as regras do Código Civil, consideradas omissas pela doutrina,

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sobreveio a necessidade de compatibilizar ambas as disciplinas. Nesse sentido, o Enunciado nº 70 do CJF,


segundo o qual “As disposições sobre incorporação, fusão e cisão previstas no Código Civil não se aplicam
às sociedades anônimas. As disposições da Lei n. 6.404/76 sobre essa matéria aplicam-se, por analogia,
às demais sociedades naquilo em que o Código Civil for omisso”.

II- O item está correto, correspondendo à explicação sobre a incorporação trazida por André Luiz Santa
Cruz Ramos (Direito Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., 2011, pág 370). Com efeito, dispõe o Art. 227 da
LSA que “a incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que
lhes sucede em todos os direitos e obrigações.” No mesmo sentido, o Art. 1.118 do Código Civil, segundo
o qual “aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta a incorporada, e promoverá
a respectiva averbação no registro próprio.”

III- O item está errado, na medida em que a cisão, no Código Civil, conforme pontua Marlon Tomazette
(Curso de Direito Empresarial: Teoria Geral e Direito Societário, Vol. 1, 6ª Ed., 2014, pág 611), conta apenas
com uma menção, de modo que o seu conceito, exposto no item, teve de ser buscado na Lei das
Sociedades Anônimas (Art. 229, caput). No ponto, observar o Enunciado 70 do CJF, reproduzido no item I.

IV- A assertiva está errada, pois o prazo para pleitear judicialmente a anulação dos atos relativos à
incorporação, fusão ou cisão, pelo credor anterior, por ela prejudicado, em se tratando de sociedades
anônimas, será de até sessenta dias após publicado o ato (Art. 232 da LSA).

Quando não se tratar de operação envolvendo sociedade anônima, aplica-se o prazo de noventa dias,
previsto no Art. 1.122 do Código Civil.

Em ambos os casos, a consignação da importância em pagamento prejudicará a anulação pleiteada


e, sendo ilíquida a dívida, a sociedade poderá garantir-lhe a execução, suspendendo-se o processo de
anulação. (Arts. 232, §§1º e 2º da LSA e 1.122, §§1º e 2º do CC).

GABARITO: LETRA “C“

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO CIVIL

22. Sobre o direito de propriedade, julgue as alternativas a seguir.

I. O direito de propriedade é absoluto, exclusivo e perpétuo.

II. O proprietário tem o direito de reaver a coisa de quem quer que a possua ou detenha,
para tanto, dispõe da ação reivindicatória, que é imprescritível, embora de natureza real.

III. O proprietário também pode ser privado da coisa, no caso de ser reivindicado imóvel
urbano, com área de até 250 m², na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto

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ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico


relevante.

IV. A propriedade, entre vivos, é transferida mediante o registro do título translativo


no Registro de Imóveis. Assim, enquanto não se registrar o título translativo, o alienante
continua a ser havido como dono do imóvel. Ainda, o registro é eficaz desde o momento
em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.

V. O imóvel urbano abandonado pelo proprietário com a intenção de não mais o conservar
em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado,
como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito
Federal, se achar nas respectivas circunscrições.

a) I, III, estão incorretas.

b) II e III, estão incorretas.

c) I, V, estão incorretas.

d) III, IV, estão incorretas.

e) II, V, estão incorretas.

COMENTÁRIO

O item I está correto. Segundo a doutrina, o direito de propriedade, direito real, é o mais completo dos
direitos subjetivos. Nesse sentido, as suas principais características são:

(i) direito absoluto: esta característica decorre do caráter erga omnes, ou seja, contra todos, de modo
que nessa seara o proprietário pode desfrutar da coisa como bem entender. Entretanto, existem limitações
que decorrem do interesse coletivo, a saber, no caso da função social e socioambiental da propriedade,
na dicção do §1º, do art. 1.228, do Código Civil, in verbis: “o direito de propriedade deve ser exercido
em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico
e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas”. A Constituição
Federal assevera em seu art. 5º, XXIII, que “a propriedade atenderá sua função social”. Portanto, o direito
de propriedade deve ser relativizado se encontrar pela frente algum outro direito fundamental tutelado
pela Constituição Federal; (ii) direito exclusivo: “A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova
em contrário” – art. 1.231, CC [Presunção relativa, ou, Iuris tantum]. Como regra, a propriedade pertence
apenas a uma pessoa, salvo os casos de condomínio e de copropriedade – ainda assim se mantém a
exclusividade; (iii) direito perpétuo: o direito de propriedade permanece independente de seu exercício,
ou seja, não se extingue pelo seu não uso, enquanto não sobrevier causa legal extintiva ou modificativa.

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O item II está incorreto. Segundo o Código Civil, “o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor
da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”
– art. 1.228, CC. O direito de propriedade é dotado de uma tutela específica, fundada no direito de
sequela, ou seja, o poder de perseguir a coisa onde quer que ela se encontre. Para tanto, dispõe da
ação reivindicatória, de caráter dominial, ou seja, só pode ser utilizada pelo proprietário [também são
legitimados: sucessores mortis causa e o titular de promessa de compra e venda registrada no cartório
de imóveis – art. 1.417, CC c/c Enunciado n. 253/CCJ/STJ]. Três são os pressupostos da referida ação:
(i) a titularidade do domínio, pelo autor, da área reivindicada; (ii) a individuação da coisa - descrição
atualizada do bem, com suas limitações e confrontações; (iii) posse injusta do réu - o proprietário vai
retomar a coisa não de qualquer possuidor ou detentor, porém daquele que a conserva sem causa
jurídica, ou a possui injustamente. A ação reivindicatória é imprescritível porque versa sobre domínio,
que é perpétuo e somente se extingue nos casos previstos em lei, não deixando de existir pelo não uso.
No entanto, poderá encontrar óbice na usucapião. Nessa seara, destaco a Súmula 237 do STF, segundo
a qual “o usucapião pode ser arguido em defesa”.

O Item III está incorreto. Trata-se de desapropriação judicial privada por posse-trabalho, prevista
nos §§ 4º e 5º, do art. 1.228

§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir


em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável
número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e
serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.

Importante destacar que na usucapião coletiva urbana, a área deve ter, no mínimo, 250 m², exigência
que não está presente na desapropriação judicial privada, bastando uma “extensa área”. Ainda, a
usucapião coletiva somente se aplica aos imóveis urbanos, enquanto a desapropriação judicial privada
pode ser aplicada aos imóveis urbanos ou rurais.

Ver: Enunciados 82/83/84/240/241/305/306/307/308/309/310/311/496 do CCJ/STJ.

O item IV está correto. O registro do título aquisitivo é a principal forma derivada de aquisição da
propriedade imóvel [art. 1.245, CC]. Portanto, o registro imobiliário, que se situa no plano de eficácia do
contrato, é que gera a aquisição da propriedade do imóvel. “O registro é eficaz desde o momento em
que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo” – art. 1.246, CC. Anote-se
que o registro deve ser feito no Cartório de Registro de Imóveis da situação do bem – ver: arts. 1.º, IV,
e 167 a 171 da Lei 6.015/1973 – Lei de Registros Públicos e art. 1.227 do CC/2002. A escritura pública não
é o instrumento apto à aquisição da propriedade, mas, formalidade situada no plano da validade dos
contratos de constituição ou transmissão de bens. Ver: Enunciados 87 e 503/CCJ/STJ.

O item V está correto. Consigna o Código Civil que “o imóvel urbano que o proprietário abandonar, com
a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá
ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito
Federal, se se achar nas respectivas circunscrições” – art. 1.276. No caso de imóvel rural a propriedade

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será da União. Assim, percebe-se que o critério da localização é que orienta a destinação final do bem
imóvel abandonado. Ver: Enunciados 242/243/316/565.

GABARITO: LETRA “B“

23. Assinale a alternativa correta.

a) Capacidade de gozo ou de exercício consiste na aptidão para exercer, por si só, os atos
da vida civil, logo, o seu titular tem legitimação plena para prática de atos jurídicos.

b) São pertenças os bens cuja existência supõe a do principal, não constituindo partes
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento
de outro.

c) O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei,
ou a convenção com o devedor, no entanto, a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser
oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.

d) O comodato é o empréstimo gratuito de coisas fungíveis e perfaz-se com a tradição do


objeto. Havendo pluralidade de comodatários haverá responsabilidade solidária entre os
mesmos.

e) Os pais são responsáveis pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em
sua companhia, portanto, trata-se de responsabilidade objetiva, que prescinde prova de
culpa dos filhos para a ocorrência do dano sofrido pela vítima.

COMENTÁRIO

A alternativa “A” está incorreta. Enuncia o Código Civil em seu art. 1º que “toda pessoa é capaz de direitos
e deveres na ordem civil”. Portanto, a personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos
e contrair deveres na ordem jurídica. O Ministro Ayres Brito à época do julgamento da ADIN 3510 afirmou
que “a personalidade jurídica consiste na qualidade de ser pessoa”. Segundo a doutrina a capacidade é
a medida da personalidade. Disso resulta que a capacidade pode ser: (i) capacidade de direito ou
de gozo: todas as pessoas têm, isto é, são sujeito de direitos e deveres na ordem privada, portanto, é
genérica e adquire-se junto com a personalidade; (ii) capacidade de fato ou exercício: nem todas as
pessoas têm, sendo a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. Assim sendo, a capacidade plena
é fruto da união dessas duas capacidades. Noutra banda, surge o conceito de legitimação que consiste
em uma aptidão para a prática de certos atos jurídicos, uma espécie de capacidade especial exigida em
certas situações. É um plus na capacidade. Ex: outorga conjugal para venda de imóvel. Por fim, destaque-
se mesmo aquele que tem capacidade plena pode não ter legitimação para praticar determinado ato da
vida civil.

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A alternativa “B” está incorreta. Segundo o Código Civil os bens reciprocamente considerados dividem-se
em: (i) principal: bens que existem de maneira autônoma e independente, de forma concreta ou abstrata.
Na dicção do art. 92, CC, temos que “principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente”; (ii)
acessório: bens cuja existência e finalidade dependem de outro bem, denominado principal. Segundo
o art. 92, CC, parte final, temos que “acessório, aquele cuja existência supõe a do principal”. São bens
acessórios: a) frutos; b) produtos; c) pertenças; d) partes integrantes; e) benfeitorias. Consigna o
Código Civil que “são pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro” - Art. 93. Ou seja, as pertenças destinam-
se a servir um outro bem principal, por vontade ou trabalho intelectual do proprietário. Ex: A máquina
de colheita de uma fazenda. Como regra, o bem acessório segue o principal na luz do princípio da
gravitação jurídica, no entanto, tal assertiva não se aplica as pertenças, pois estas, como regra, não
seguem o principal, salvo disposição em contrário, na dicção do art. 94, CC, segundo o qual “os negócios
jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar
da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso”.

A alternativa “C” está correta. Nas palavras de Tartuce8, temos que “cessão de crédito pode ser conceituada
como um negócio jurídico bilateral ou sinalagmático, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor, sujeito ativo de
uma obrigação, transfere a outrem, no todo ou em parte, a sua posição na relação obrigacional”. O Código
Civil consigna que “o credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a
lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de
boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação” - Art. 286. Dessa previsão normativa, podemos extrair
três importantes conclusões: (i) não é possível ceder o crédito em alguns casos, em razão de proibição
legal; (ii) o instrumento obrigacional pode prevê a impossibilidade de cessão do crédito; (iii) a cláusula
proibitiva não pode ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento obrigacional, em
sintonia com a valorização da eticidade.

A alternativa “D” está incorreta. Nas lições de Tartuce9, para quem “comodato é um contrato unilateral,
benéfico e gratuito em que alguém entrega a outra pessoa uma coisa infungível, para ser utilizada por
um determinado tempo e devolvida findo o contrato. Por razões óbvias, o contrato pode ter como objeto
bens móveis ou imóveis, pois ambos podem ser infungíveis (insubstituíveis)”. Na dicção do Código Civil,
temos que “o comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição
do objeto” – art. 579. A parte que empresta a coisa é denominada de comodante, quem a recebe é o
comandatário. Trata-se de contrato intuitu persona, assentado na confiança do comodante em relação
ao comandatário. Não exige forma escrita, sendo, desta forma, contrato informal e não solene. Consigna
o Código Civil em seu art. 585 que “se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de
uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante”. Trata-se, pois, de solidariedade
passiva de origem legal, quanto ao conteúdo do contrato.

A alternativa “E” está incorreta. O art. 933, CC, consigna que a responsabilidade das pessoas nele

8 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 333.
9 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 575.

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arroladas independe de culpa, adotando, deste modo, a teoria do risco-criado. Portanto, imputa
responsabilidade objetiva a tais pessoas, que independente sua culpa, responderão por atos de terceiros
ali mencionados. No entanto, a doutrina nos ensina que esta responsabilidade é denominada de
responsabilidade objetiva indireta ou impura, isto porque se faz necessário provar a culpa daqueles
pelos quais são responsáveis. Portanto, está superada o modelo de culpa presumida. Logo, os pais
respondem objetivamente pelos atos de seus filhos quando ficar comprovada a culpa destes para a
ocorrência do dano – art. 932, I, c/c art. 933, CC.

Ver: Enunciados n. 40/41/191/449/451/453 CCJ/STJ.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa
de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

GABARITO: LETRA “C“

24. Sobre os vícios redibitórios e a evicção, assinale a opção correta.

a) O vício redibitório e o erro substancial atingem a coisa em si, objetivamente considerada,


de modo que coisa recebida em virtude de contrato sinalagmático pode ser enjeitada
por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe
diminuam o valor.

b) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, pode o adquirente reclamar abatimento


no preço. Portanto, o adquirente pode dispor da ação estimatória para requerer a resolução
do contrato, ou manejar ação redibitória para pleitear abatimento proporcional do preço,
que devem ser propostas no prazo prescricional de trintas dias, no caso de bem móvel, e no
prazo prescricional de um ano, quando se tratar de bem imóvel.

c) Segundo a doutrina, evicção consiste na perda de uma coisa em virtude de sentença


judicial, que a atribui a outrem em virtude de causa jurídica preexistente ao contrato.
Desta forma, se a autoridade administrativa determina apreensão do bem, decretando o
perdimento deste, não autoriza o manejo de ação com fundamento no exercício do direito
que resulta da evicção.

d) A responsabilidade pela evicção decorre da lei, no entanto, as partes podem reforçar,


diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Não obstante a cláusula que exclui a
garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou
pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.

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e) Para que o evicto possa exercer o direito que resulta da evicção deverá notificar o
alienante imediato do litígio por meio da denunciação da lide. Não atendendo o alienante à
denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar
de oferecer contestação, ou usar de recursos.

COMENTÁRIO

A alternativa “A” está incorreta. O Código Civil dispõe que “a coisa recebida em virtude de contrato
comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é
destinada, ou lhe diminuam o valor” – art. 441, do CC. Ou seja, vícios redibitórios são defeitos ocultos em
coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que desvalorizam a coisa ou a tornam imprópria
para o uso.

Segundo a doutrina a teoria mais aceita para justificar os vícios redibitórios é a do inadimplemento
contratual, segundo a qual o fundamento da responsabilidade pelos vícios redibitórios consiste no
princípio da garantia, pelo qual o alienante deve assegurar, ao adquirente a título oneroso, o uso da coisa
por ele adquirida e para os fins a que é destinada.

São requisitos para verificação dos vícios redibitórios: (i) que a coisa tenha sido recebida em virtude de
contrato comutativo; (ii) que os defeitos sejam ocultos; (iii) que existam no momento da celebração do
contrato e perdurem até a ocasião da reclamação; (iv) que sejam desconhecidos do adquirente; e (v) que
sejam graves.

Segundo lições doutrinárias, o vício redibitório não se confunde com o erro substancial, pois neste o vício
é de natureza subjetiva, uma vez que reside no consentimento, na manifestação de vontade, uma vez que
a pessoa se engana sozinha quanto a um dos elementos do negócio jurídico celebrado – arts. 138/144, do
CC. Já no vício redibitório o problema atinge o objeto do contrato, isto é, a coisa, que tem defeito oculto,
portanto, tem natureza objetiva. O erro substancial situa-se no plano da validade (anulabilidade do
contrato), o vício redibitório no plano da eficácia contratual (resolução ou abatimento do preço).

Nesse sentido, assim se pronunciou o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 991.317/MG,
Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/12/2009, DJe 18/12/2009:

O equívoco inerente ao vício redibitório não se confunde com o erro substancial, vício
de consentimento previsto na Parte Geral do Código Civil, tido como defeito dos atos negociais.
O legislador tratou o vício redibitório de forma especial, projetando inclusive efeitos diferentes
daqueles previstos para o erro substancial. O vício redibitório, da forma como sistematizado
pelo CC/16, cujas regras foram mantidas pelo CC/02, atinge a própria coisa, objetivamente
considerada, e não a psique do agente. O erro substancial, por sua vez, alcança a vontade
do contratante, operando subjetivamente em sua esfera mental.

A alternativa “B” está incorreta. Afirma o Código Civil em seu art. 442 que:

Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar

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abatimento no preço.

Portanto, o dispositivo legal aponta as ações editalícias que podem ser utilizadas pelo adquirente no caso
de vício redibitório. Desta forma, o adquirente poderá optar pela ação redibitória, para rejeitar a coisa,
rescindindo o contrato, devolvendo a coisa e pleiteando a devolução do que pagou, sem prejuízo das
perdas e danos. Para percepção das perdas e danos deverá comprovar a má-fé do alienante, ou seja,
que este tinha ciência dos vícios redibitórios – art. 443, do CC. Noutra banda, poderá fazer uso da ação
estimatória ou quanti minoris, conservando a coisa e pleiteando o abatimento proporcional do preço.

Os prazos, contados da tradição, previstos para a propositura de tais ações são decadenciais, uma
vez que as ações editalícias são constitutivas negativas. No caso de vício que pode ser facilmente
percebido “o adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta
dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o
prazo conta-se da alienação, reduzido à metade” – art. 445. Quando se trate de vício cujo conhecimento,
por sua natureza, só puder ser verificado mais tarde, “o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver
ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para
os imóveis.

A alternativa “C” está incorreta. Segundo a doutrina o conceito clássico de evicção consiste na perda
de uma coisa em virtude decisão judicial, que a atribui a outrem, em razão de causa jurídica preexistente
ao contrato. Nas palavras de Tartuce10 “a evicção pode ser conceituada como sendo a perda da coisa diante
de uma decisão judicial ou de um ato administrativo que a atribui a um terceiro”.

O Superior Tribunal de Justiça tem assim se pronunciado:

3. Caracterização da ocorrência de evicção por se tratar de apreensão operada por


autoridade administrativa com poderes para a prática do ato administrativo. Precedentes
do STJ. (REsp 1342145/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,
julgado em 04/12/2014, DJe 17/12/2014)

4. O direito de demandar pela evicção não supõe, necessariamente, a perda da coisa por
sentença judicial. A autoridade administrativa aduaneira, que decretou o perdimento
do bem, em razão da ilegal circulação de veículo importado no país, equipara-se a
autoridade policial para fins do exercício da evicção, porquanto exerce o mesmo
poder de apreensão. (REsp 1047882/RJ, Rel. Ministro HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/AP), QUARTA TURMA, julgado em 03/11/2009, DJe
30/11/2009)

A alternativa “D” está correta. No caso de evicção a responsabilidade decorre da lei, de modo que não
precisa está prevista no contrato. No entanto, as partes podem reforçar a responsabilidade, atenuando
ou agravando seus efeitos, nos termos do art. 448, do CC.

10 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 498.

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Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.

Lembra-nos Tartuce11 que “quanto ao reforço em relação à evicção, diante da vedação do enriquecimento
sem causa, tem-se entendido que o limite é o dobro do valor da coisa, o que é correto, pela função social
dos pactos”. A exclusão da responsabilidade pode ocorrer de forma expressa, por meio de cláusula de
non praestaenda evictione ou cláusula de irresponsabilidade pela evicção. Neste caso, a previsão
por si só não exclui a responsabilidade, pois, se ocorrer a evicção, “tem direito o evicto a receber o preço
que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu”­– art.
449, parte final, do CC.

Nesta seara, a exclusão total da responsabilidade do alienante, segundo a doutrina majoritária, somente
ocorrerá quando for pactuada a cláusula de exclusão E o adquirente for informado sobre o risco
da evicção e o aceitou. Não havendo a previsão da cláusula de irresponsabilidade pela evicção, a
responsabilidade do alienante será plena, nos termos do art. 450, 453 e 454, do CC.

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do
preço ou das quantias que pagou:

I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem
da evicção;

III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em
que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão
pagas pelo alienante.

Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante,
o valor delas será levado em conta na restituição devida.

A alternativa “E” está incorreta. Consigna o Código Civil em seu art. 456 que “para poder exercitar o
direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer
dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo”. Essa notificação vem sendo feita
por meio da denunciação à lide – art. 70, I, do CPC. Segundo nos termos do referido dispositivo legal “a
denunciação da lide é obrigatória”. Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento consolidado
no sentido de que essa denunciação é não é obrigatória, mas acarretará a perda do direito de regresso.

7. O exercício do direito oriundo da evicção independe da denunciação da lide ao


alienante na ação em que terceiro reivindica a coisa, sendo certo que tal omissão apenas

11 Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Editora Método. Edição 2015. Pág. 500.

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acarretará para o réu a perda da pretensão regressiva, privando-lhe da imediata obtenção


do título executivo contra o obrigado regressivamente, restando-lhe, ainda, o ajuizamento de
demanda autônoma. (REsp 1332112/GO, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 21/03/2013, DJe 17/04/2013).

1. A jurisprudência do STJ é no sentido de que o direito do evicto de indenizar-se do


pagamento indevido diante do anterior alienante, não se condiciona à denunciação da
lide em ação de terceiro reivindicante. Precedentes. (AgRg no Ag 1323028/GO, Rel. Ministro
MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 16/10/2012, DJe 25/10/2012).

Nesse sentido, Enunciado n. 434 do CCJ/STJ: “Art. 456: A ausência de denunciação da lide ao alienante,
na evicção, não impede o exercício de pretensão reparatória por meio de via autônoma”. Por fim, consigna
o parágrafo único do art. 456, do CC que “não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo
manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos”.

GABARITO: LETRA “D“

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

25. Julgue os itens a seguir:

I. Concebe-se a jurisdição como o poder-dever do Estado de compor os litígios,


declarando e realizado o direito. Nesse sentido, é possível citar como características da
jurisdição a secundariedade e a substitutividade, e, como princípios que a informam, o da
indeclinabilidade e o da inércia (ambos comportando alguns temperamentos).

II. Para a teoria eclética, cunhada por Enrico Tullio Liebman e adotada pelo Código de
Processo Civil brasileiro de 1973, o conceito de ação pode ser entendido como o direito
público subjetivo a um pronunciamento judicial sobre a situação jurídica controvertida
deduzida no processo. O exercício desse direito, contudo, não é totalmente abstrato,
mas depende do atendimento das chamadas condições da ação (para alguns condições
para o provimento final), que são a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e
legitimidade para a causa.

III. Quanto ao meio de prestação, a tutela jurisdicional diferenciada pode ser de urgência,
de evidência ou inibitória.

a) Todos os itens estão corretos.

b) Apenas os itens I e II estão corretos.

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c) Apenas os itens I e III estão corretos.

d) Apenas os itens II e III estão corretos.

e) Apenas o item II está correto.

COMENTÁRIO

Item I. Correto, conforme meu resumo acerca do tema:

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Item II. Também correto. Colaciono aqui novamente a minha sistematização acerca do ponto:

Item III. Correto, conforme a seguinte classificação doutrinária:

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GABARITO: LETRA “A“

26. Acerca dos recursos, é correto afirmar:

a) Da decisão liminar do relator que, em agravo de instrumento, defere, em antecipação de


tutela, a pretensão recursal, cabe agravo para o respectivo colegiado.

b) A eficácia da desistência do recurso fica condicionada à concordância da parte contrária.

c) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar agravo de instrumento


interposto contra decisão interlocutória, em exceção de incompetência, proferida por Juiz
Federal, em ação de movida por Estado estrangeiro contra pessoa jurídica de direito privado
domiciliada no Brasil.

d) O recurso adesivo subordina-se ao recurso principal, e não é admitido nos embargos


infringentes.

e) O âmbito da teoria da causa madura cinge-se às causas que versam questão exclusivamente
de direito, não podendo ser ela aplicada quando, para a análise do recurso, seja inevitável
a apreciação do acervo probatório contido nos autos.

COMENTÁRIO

Letra a. Incorreta, pois, segundo o CPC, das decisões liminares do Relator do agravo de instrumento não
cabe recurso, salvo pedido de reconsideração (o qual, segundo posição dominante, não possui natureza
recursal):

Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator:

II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de decisão


suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de
inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, mandando
remeter os autos ao juiz da causa;

III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de
tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo,
somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio
relator a reconsiderar.

Vedada a interposição de recurso na hipótese, a jurisprudência tem aí admitido, excepcionalmente, a


utilização do mandado de segurança:

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RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ATO JUDICIAL. CABIMENTO.


DEFERIMENTO PARCIAL DO EFEITO SUSPENSIVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO
IRRECORRÍVEL (CPC, ART. 527, III). AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL. LIMINAR CONCEDIDA.
NÃO INSCRIÇÃO NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES. MULTA DIÁRIA. RECURSO
DESPROVIDO. 1. Não sendo cabível a interposição de recurso contra a decisão do relator que
atribui efeito suspensivo a agravo de instrumento ou defere, em antecipação de tutela, total
ou parcialmente, a pretensão recursal (CPC, art. 527, III, e parágrafo único), admite-se contra
tal ato judicial a impetração de mandado de segurança. Precedentes. (RMS 36.982/PB, Rel.
Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 05/12/2013, DJe 17/02/2014).

Letra b. Incorreta, pois a desistência do recurso independe da concordância da parte recorrida: “A


desistência do recurso ocorre depois de exercido o direito de recorrer. Só pode desistir do que já se
iniciou. Só pode desistir do recurso quem o interpôs. [...] A desistência concerne apenas ao recurso
interposto, independe de aceitação do recorrido e de homologação judicial para ser eficaz [...] É irretratável,
produzindo imediatamente a extinção do procedimento recursal. Não se confunde com a desistência da
demanda (art. 267, VIII, CPC) – que, depois da citação válida, depende da concordância do demandado
e só surte efeitos depois de homologada judicialmente (art. 158, parágrafo único, CPC)” (Marinoni, CPC
Comentado, 2012, p. 518/519).

Sobre o ponto, os seguintes dispositivos do CPC:

Art. 501. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.

Art. 502. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.

Art. 503. A parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão, não poderá
recorrer.

Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem reserva alguma, de um ato
incompatível com a vontade de recorrer.

Importante igualmente, nesse norte, não confundir a desistência do recurso com a renúncia do direito
recorrer:
Desistência Renúncia
Pressupõe recurso já interposto, podendo ser requerida
É anterior à interposição do recurso
até o julgamento
É fato extintivo (para alguns impeditivo) do direito de
É causa de revogação do recurso
recorrer
Não depende de aceitação da outra parte Não depende de aceitação da outra parte

Letra c. Correta, conforme o que dispõe o CPC:

Art. 539. Serão julgados em recurso ordinário:

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I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados


de injunção decididos em única instância pelos Tribunais superiores, quando denegatória a
decisão;

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:

a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais


ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

b) as causas em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional


e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

Parágrafo único. Nas causas referidas no inciso II, alínea b, caberá agravo das decisões
interlocutórias.

Nessa senda o STJ:

1. É cabível a interposição de agravo de instrumento perante o Superior Tribunal de Justiça,


impugnando decisão interlocutória em causa cujas partes são organismo internacional
- Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na condição de litisconsorte passivo
necessário - e pessoa jurídica de direito privado domiciliada no país - EBCO SYSTEMS LTDA -,
em conformidade com o disposto nos arts. 105, II, c, da CF/88, 539, II, b e parágrafo único, do
CPC e 36 e 37 da Lei 8.038/90. Precedentes do STJ. (Ag 1371230/CE, Rel. Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/03/2011, DJe 21/03/2011)

Letra d. Incorreta, pois cabe o recurso adesivo nos embargos infringentes:

Art. 500. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas as


exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer
deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e
se rege pelas disposições seguintes:

I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo
de que a parte dispõe para responder;

II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no


recurso especial;

III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado
inadmissível ou deserto.

Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente,


quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior.

Letra e. Incorreta. O art. 515, §3º do CPC assim dispõe:

§ 3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode

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julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em
condições de imediato julgamento.

Cuida-se da possibilidade de imediato julgamento, pelo tribunal, da chamada “causa madura”, isto é, aquela
que se já encontre pronta para exame meritório. O dispositivo em referência elasteceu a devolutividade do
recurso de apelação, ao autorizar que o Tribunal examine, independentemente de requerimento da parte,
matéria não decidida na primeira instância, desde que se trate de feito antes extinto sem julgamento de
mérito.

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CAPITALIZAÇÃO


MENSAL. TABELA PRICE. ABUSIVIDADE DE OFÍCIO. NÃO OCORRÊNCIA. TEORIA DA CAUSA
MADURA. DEVOLUTIVDADE AMPLA. 1. “Nos casos de extinção do processo sem julgamento
do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão
exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento” (art. 515, § 3º, do
CPC). 2. Possibilidade de o Tribunal de origem, aplicando a teoria da causa madura, conhecer
de matéria não suscitada nas razões da apelação. 3. Devolutividade ampla, em extensão e
profundidade, na hipótese. 4. Inocorrência de julgamento de ofício. 5. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1349312/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 24/02/2015, DJe 03/03/2015)

Todavia, para a aplicação da referida regra, denominada pelos doutrinadores por “Princípio (ou Teoria) da
Causa Madura”, impõe-se, segundo exigência do próprio CPC, que a causa verse unicamente acerca de
matéria de direito e que esteja em condições de imediato do julgamento. A despeito da literalidade do
permissivo legal, a jurisprudência do STJ também tem autorizado a aplicação do procedimento ali previsto
quando, ainda que a questão seja de direito e de fato, não exista necessidade de produzir provas outras
na instrução do feito:

Informativo nº 0528 - Período: 23 de outubro de 2013.

Corte Especial

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. TEORIA DA CAUSA MADURA. No exame de apelação interposta


contra sentença que tenha julgado o processo sem resolução de mérito, o Tribunal pode julgar
desde logo a lide, mediante a aplicação do procedimento previsto no art. 515, § 3º, do CPC, na
hipótese em que não houver necessidade de produção de provas (causa madura), ainda que,
para a análise do recurso, seja inevitável a apreciação do acervo probatório contido nos autos.
De fato, o art. 515, § 3º, do CPC estabelece, como requisito indispensável para que o Tribunal
julgue diretamente a lide, que a causa verse questão exclusivamente de direito. Entretanto,
a regra do art. 515, § 3º, deve ser interpretada em consonância com a preconizada pelo art.
330, I, cujo teor autoriza o julgamento antecipado da lide “quando a questão de mérito for
unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir
prova em audiência”. Desse modo, se não há necessidade de produção de provas, ainda que
a questão seja de direito e de fato, poderá o Tribunal julgar a lide no exame da apelação

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7ª RODADA - 02/09/2015

interposta contra a sentença que julgara extinto o processo sem resolução de mérito. Registre-
se, a propósito, que configura questão de direito, e não de fato, aquela em que o Tribunal
tão somente extrai o direito aplicável de provas incontroversas, perfeitamente delineadas,
construídas com observância do devido processo legal, caso em que não há óbice para que
incida a regra do art. 515, § 3º, porquanto discute, em última análise, a qualificação jurídica dos
fatos ou suas consequências legais. EREsp 874.507-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado
em 19/6/2013

GABARITO: LETRA “C“

27. Dispõe o art. 591 do CPC que “O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações,
com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei”. Nesse norte,
à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta:

a) São absolutamente impenhoráveis os honorários advocatícios sucumbenciais, mas não


os contratuais.

b) Caso não utilizados incontinenti, podem ser penhorados os valores recebidos a título de
indenização trabalhista e aplicados em fundo de investimento ou aplicação assemelhada,
mas desde que não ultrapassem ao patamar de 40 (quarenta) salários-mínimos.

c) Deve ser restritivamente interpretada a regra do inciso X do art. 649 do CPC (Art. 649.
São absolutamente impenhoráveis: X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a
quantia depositada em caderneta de poupança), não podendo ser ela estendida a outros
tipos de aplicações diversas da poupança.

d) Embora absolutamente impenhoráveis os recursos públicos do Fundo Partidário


recebidos, nos termos da lei, por partido político, é penhorável o valor referente a doação
por depósito bancário diretamente na conta do fundo por pessoa jurídica de direito privado.

e) São impenhoráveis as verbas públicas recebidas por particulares e destinadas


compulsoriamente à saúde, bem como os valores recebidos, por anistiado político, a título
de reparação econômica em prestação mensal, permanente e continuada.

COMENTÁRIO

Letra a. Incorreta, pois excepcionalmente a jurisprudência admite a possibilidade de penhora dos


honorários advocatícios, sejam eles contratuais ou sucumbenciais:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. POSSIBILIDADE DE PENHORA SOBRE HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS. Excepcionalmente é possível penhorar parte dos honorários advocatícios –
contratuais ou sucumbenciais – quando a verba devida ao advogado ultrapassar o razoável

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para o seu sustento e de sua família. Com efeito, toda verba que ostente natureza alimentar e
que seja destinada ao sustento do devedor e de sua família – como os honorários advocatícios
– é impenhorável. Entretanto, a regra disposta no art. 649, IV, do CPC não pode ser interpretada
de forma literal. Em determinadas circunstâncias, é possível a sua relativização, como ocorre nos
casos em que os honorários advocatícios recebidos em montantes exorbitantes ultrapassam
os valores que seriam considerados razoáveis para sustento próprio e de sua família. Ademais,
o princípio da menor onerosidade do devedor, insculpido no art. 620 do CPC, tem de estar
em equilíbrio com a satisfação do credor, sendo indevida sua aplicação de forma abstrata
e presumida. Precedente citado: REsp 1.356.404-DF, Quarta Turma, DJe 23/8/2013. REsp
1.264.358-SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/11/2014, DJe 5/12/2014 (Informativo
553).

Letra b. Correta (gabarito). Embora o art. 649, IV, do CPC, disponha que são impenhoráveis “os vencimentos,
subsídios, saldos, salários, remunerações”, cabe destacar que o STJ, conferindo interpretação restritiva a
tal preceito, passou a admitir a penhora de valores recebidos a título de indenização trabalhista, caso não
utilizados de imediato pelo beneficiário e quando aplicados em fundo de investimento:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. HIPÓTESE DE PENHORABILIDADE DE VALORES RECEBIDOS A


TÍTULO DE INDENIZAÇÃO TRABALHISTA. A regra de impenhorabilidade prevista no inciso
IV do art. 649 do CPC não alcança a quantia aplicada por longo período em fundo de
investimento, a qual não foi utilizada para suprimento de necessidades básicas do devedor
e sua família, ainda que originária de indenização trabalhista. Conferindo-se interpretação
restritiva ao inciso IV do art. 649 do CPC, é cabível afirmar que a remuneração a que se
refere esse inciso é a última percebida pelo devedor, perdendo a sobra respectiva, após o
recebimento do salário ou vencimento seguinte, a natureza impenhorável. Dessa forma, as
sobras, após o recebimento do salário do período seguinte, não mais desfrutam da natureza
de impenhorabilidade decorrente do inciso IV, quer permaneçam na conta corrente destinada
ao recebimento da remuneração, quer sejam investidas em caderneta de poupança ou outro
tipo de aplicação financeira. Na hipótese, não se trata propriamente de sobras de salários
não utilizadas no mês em que recebidas pelo empregado. De fato, as verbas rescisórias
alcançadas após a solução de litígio perante a Justiça do Trabalho constituem poupança
forçada de parcelas salariais das quais o empregado se viu privado em seu dia a dia por
ato ilícito do empregador. Despesas necessárias, como as relacionadas à saúde, podem ter
sido adiadas; arcadas por familiares ou pagas à custa de endividamento. Todavia, posta a
quantia à disposição do empregado/reclamante, satisfeitas suas necessidades imediatas, e as
dívidas contraídas para sua sobrevivência durante o período de litígio e privação, a quantia
porventura restante, depositada em conta corrente, caderneta de poupança ou outro tipo de
aplicação financeira, não está compreendida na hipótese de impenhorabilidade descrita no
inciso IV do art. 649 do CPC. REsp 1.230.060-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
13/8/2014 (Informativo nº 547).

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Como já anotava a doutrina quanto ao ponto:

A impenhorabilidade dos rendimentos de natureza alimentar é precária: remanesce apenas


durante o período de remuneração do executado. Se a renda mensal, a impenhorabilidade
dura um mês: vencido o mês e recebido novo salário, a “sobra” do mês anterior perde a
natureza alimentar, transformando-se em investimento. Como já afirmara Leonardo Greco, é
preciso sujeita essa regra “a um limite temporal, sem o qual ela constituirá instrumento abusivo
de um iníquo privilégio em favor do devedor, para considerar a impenhorabilidade de toda a
remuneração, somente perdura no mês da percepção. (…) a parte da remuneração que não
for utilizada em cada mês, por exceder as necessidades de sustento suas e de sua família, será
penhorável, como qualquer outro bem de seu patrimônio”. Assim, perde a natureza de verba
alimentar e, conseguintemente, o atributo da impenhorabilidade. Se assim não fosse, tudo o
que estivesse depositado em uma conta-corrente de uma pessoa física apenas assalariada
jamais poderia ser penhorado, mesmo que de grande monta, correspondente ao acúmulo
dos rendimentos auferidos ao longo dos anos. (DIDIER JUNIOR, Fredie, 2013, Curso de Direito
Processual Civil: Execução, 5ª edição, p. 576)

Ressalva-se que, em 25 de fevereiro de 2015 (Informativo nº 554), o STJ teve a oportunidade de assentar
que mesmo a quantia decorrente de rescisão trabalhista, uma vez aplicada em determinado fundo de
investimento, estaria albergada pelo manto de impenhorabilidade até o montante de 40 salários-mínimos:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. LIMITES DA IMPENHORABILIDADE DE QUANTIA TRANSFERIDA


PARA APLICAÇÃO FINANCEIRA. É impenhorável a quantia oriunda do recebimento, pelo
devedor, de verba rescisória trabalhista posteriormente poupada em mais de um fundo de
investimento, desde que a soma dos valores não seja superior a quarenta salários mínimos.
De fato, a jurisprudência do STJ vem interpretando a expressão salário, prevista no inciso IV do
art. 649 do CPC, de forma ampla, de modo que todos os créditos decorrentes da atividade
profissional estão abrangidos pela impenhorabilidade. Cabe registrar, entretanto, que a
Segunda Seção do STJ definiu que a remuneração protegida é apenas a última percebida – a
do último mês vencido – e, mesmo assim, sem poder ultrapassar o teto constitucional referente
à remuneração de ministro do STF (REsp 1.230.060-PR, DJe 29/8/2014). Após esse período,
eventuais sobras perdem a proteção. Todavia, conforme esse mesmo precedente do STJ, a
norma do inciso X do art. 649 do CPC merece interpretação extensiva, de modo a permitir a
impenhorabilidade, até o limite de quarenta salários mínimos, de quantia depositada não só
em caderneta de poupança, mas também em conta corrente ou em fundos de investimento,
ou guardada em papel-moeda. Dessa maneira, a Segunda Seção admitiu que é possível ao
devedor poupar, nesses referidos meios, valores que correspondam a até quarenta salários
mínimos sob a regra da impenhorabilidade. Por fim, cumpre esclarecer que, de acordo com
a Terceira Turma do STJ (REsp 1.231.123-SP, DJe 30/8/2012), deve-se admitir, para alcançar esse
patamar de valor, que esse limite incida em mais de uma aplicação financeira, na medida
em que, de qualquer modo, o que se deve proteger é a quantia equivalente a, no máximo,

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quarenta salários mínimos. EREsp 1.330.567-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
10/12/2014, DJe 19/12/2014 (Informativo 554).

Letra c. Incorreta, pois a previsão do inciso X do art. 649 do CPC, por interpretação extensiva e teológica,
não fica restrita aos depósitos relativos a caderneta de poupança:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. IMPENHORABILIDADE DE QUANTIA DEPOSITADA EM FUNDO DE


INVESTIMENTO ATÉ O LIMITE DE 40 SALÁRIOS MÍNIMOS. Sendo a única aplicação financeira
do devedor e não havendo indícios de má-fé, abuso, fraude, ocultação de valores ou sinais
exteriores de riqueza, é absolutamente impenhorável, até o limite de 40 salários mínimos, a
quantia depositada em fundo de investimento. A regra de impenhorabilidade estatuída no
inciso X do art. 649 do CPC merece interpretação extensiva para alcançar pequenas reservas de
capital poupadas, e não apenas os depósitos em caderneta de poupança. Diante do texto legal
em vigor, e considerado o seu escopo, não há sentido em restringir o alcance da regra apenas
às cadernetas de poupança assim rotuladas, sobretudo no contexto atual em que diversas
outras opções de aplicação financeira se abrem ao pequeno investidor, eventualmente mais
lucrativas, e contando com facilidades como o resgate automático. O escopo do inciso X do
art. 649 não é estimular a aquisição de reservas em caderneta de poupança em detrimento do
pagamento de dívidas, mas proteger devedores de execuções que comprometam o mínimo
necessário para a sua subsistência e de sua família, finalidade para qual não tem influência
alguma que a reserva esteja acumulada em papel moeda, conta-corrente, caderneta de
poupança propriamente dita ou outro tipo de aplicação financeira, com ou sem garantia do
Fundo Garantidor de Créditos (FGC). REsp 1.230.060-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em 13/8/2014 (Informativo nº 547).

Observe, portanto, a necessária distinção feita pela jurisprudência do STJ:

→ Até 40 salários-mínimos → depósito em poupança ou fundo de investimento → impenhorável


(salvo má-fé ou fraude no que tange ao último caso) → interpretação extensiva do inciso X
do art. 649;

→ Verbas de caráter alimentar (salário, p.ex.) → tornam-se penhoráveis quando, não utilizadas
incontinenti para a subsistência do devedor, passem a caracterizar sobra ou reserva financeira
deste → interpretação restritiva do inciso IV do art. 649.

Letra d. Incorreta, pois a impenhorabilidade dos recursos do fundo partido é ampla, independentemente
da origem da verba integrante do fundo:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. IMPENHORABILIDADE ABSOLUTA DE VALORES DO FUNDO


PARTIDÁRIO. Os recursos do fundo partidário são absolutamente impenhoráveis, inclusive na
hipótese em que a origem do débito esteja relacionada às atividades previstas no art. 44 da Lei
9.096/1995. O inciso XI do art. 649 do CPC enuncia que: “São absolutamente impenhoráveis:
[...] XI – os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido

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político”. A expressão “nos termos da lei” remete à Lei 9.096/1995, a qual, no art. 38, discrimina
as fontes que compõem o fundo partidário. Nesse contexto, os recursos do fundo são oriundos
de fontes públicas – como as multas e penalidades, recursos financeiros destinados por lei e
dotações orçamentárias da União (art. 38, I, II e IV) – ou de fonte privada – como as doações
de pessoa física ou jurídica, efetuadas por intermédio de depósitos bancários diretamente
na conta do fundo partidário (art. 38, III). A despeito dessas duas espécies de fontes, após
a incorporação das somas ao fundo, elas passam a ter destinação específica prevista em lei
(art. 44 da Lei 9.096/1995) e a sujeitar-se a determinada dinâmica de distribuição, utilização
e controle do Poder Público (arts. 40 e 44, §1º, da Lei 9.096/1995 c/c o art. 18 da Resolução
TSE 21.841/2004) e, portanto, a natureza jurídica dessas verbas passa a ser pública ou, nos
termos do art. 649, XI, do CPC, elas tornam-se recursos públicos. Tais circunstâncias deixam
claro que o legislador, no art. 649, XI, do CPC, ao fazer referência a “recursos públicos do
fundo partidário”, tão somente reforçou a natureza pública da verba, de modo que os valores
depositados nas contas bancárias utilizadas exclusivamente para o recebimento dessa legenda
são absolutamente impenhoráveis. Nesse sentido, o TSE, que possui vasta jurisprudência
acerca da impossibilidade do bloqueio de cotas do fundo partidário, não faz distinção acerca
da origem dos recursos que o constitui, se pública ou privada, tratando-o como um todo
indivisível e, como dito, de natureza pública (AgR-AI 13.885-PA, DJe 19/5/2014 e AgR-REspe
7.582.125-95-SC, DJe 30/4/2012). O fundamento para a impenhorabilidade é o mesmo
aplicável à hipótese de recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação
compulsória em educação, saúde, ou assistência social (art. 649, IX, do CPC): a preservação
da ordem pública, até porque o fundo partidário está relacionado ao funcionamento dos
partidos políticos, organismos essenciais ao Estado Democrático de Direito. Destaca-se, por
fim, que a conclusão de que a origem do débito, se relacionada com as atividades previstas
no art. 44 da Lei 9.096/1995, seria capaz de afastar a previsão contida no art. 649, XI, do CPC,
é desacertada, pois, na realidade, ela descaracteriza a absoluta impenhorabilidade ora em
questão. REsp 1.474.605-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/4/2015, DJe
26/5/2015 (Informativo 562).

Letra e. Incorreta. A primeira parte da assertiva encontra-se correta (impenhorabilidade das verbas
públicas recebidas por particulares e destinadas compulsoriamente à saúde), mas não a segunda, posto
ser penhorável, por possuiu caráter indenizatório, o valor recebido por anistiado político a título de
reparação econômica. Nesse sentido os precedentes do STJ:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PENHORABILIDADE DE VALOR RECEBIDO POR ANISTIADO


POLÍTICO A TÍTULO DE REPARAÇÃO ECONÔMICA. Os valores recebidos por anistiado político
a título de reparação econômica em prestação mensal, permanente e continuada (art. 5º da Lei
10.559/2002) são suscetíveis de penhora para a garantia de crédito tributário. De fato, o art. 184
do CTN determina que são passíveis de penhora todos os bens e rendas de qualquer origem ou
natureza do sujeito passivo, salvo os declarados por lei absolutamente impenhoráveis. Por sua
vez, o art. 649 do CPC estabelece que são absolutamente impenhoráveis, entre outros bens,

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os vencimentos, subsídios, soldos, salários e remunerações (inciso IV). Ocorre que, de acordo
com a Lei 10.559/2002 — que regulamenta o Regime do Anistiado Político —, a reparação
econômica devida a anistiado político não possui caráter remuneratório ou alimentar, mas sim
“caráter indenizatório” (art. 1º, II). Sendo assim, essas verbas se mostram passíveis de constrição,
na medida em que não foram consideradas por lei como absolutamente impenhoráveis. REsp
1.362.089-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/6/2013 (Informativo nº 0525).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. IMPENHORABILIDADE DE VERBAS PÚBLICAS RECEBIDAS


POR PARTICULARES E DESTINADAS COMPULSORIAMENTE À SAÚDE. São absolutamente
impenhoráveis as verbas públicas recebidas por entes privados para aplicação compulsória
em saúde. A Lei n. 11.382/2006 inseriu no art. 649, IX, do CPC a previsão de impenhorabilidade
absoluta dos “recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória
em educação, saúde, ou assistência social”. Essa restrição à responsabilidade patrimonial do
devedor justifica-se em razão da prevalência do interesse coletivo em relação ao interesse
particular e visa garantir a efetiva aplicação dos recursos públicos nas atividades elencadas,
afastando a possibilidade de sua destinação para a satisfação de execuções individuais
promovidas por particulares. REsp 1.324.276-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012
(Informativo nº 0512).

GABARITO: LETRA “B“

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

28. Sobre os crimes contra o sistema financeiro nacional, assinale a alternativa correta.

a) Configura crime contra o sistema financeiro nacional a obtenção fraudulenta de


empréstimo bancário (mútuo), mediante documentos falsos, para uma finalidade específica,
qual seja, aquisição de uma motocicleta.

b) O crime de gestão fraudulenta é próprio, razão pela qual não admite a participação
de terceiro estranho à administração da instituição financeira. No entanto, admite-se a
aplicação do princípio da insignificância.

c) A pessoa natural que exerça quaisquer das atividades de negociação e empréstimo


de dinheiro, com recursos próprios, cobrando juros superiores aos permitidos por lei, de
natureza abusiva, comete crime de agiotagem, e é equiparada a instituição financeira,
respondendo por crime contra o sistema financeiro nacional.

d) Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela


legislação, com o objetivo de atender interesse próprio ou alheio, consiste em crime contra

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o sistema financeiro nacional.

e) O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar,
a qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes
previstos nesta lei. No entanto, o sigilo dos serviços e operações financeiras pode ser
invocado como óbice ao atendimento da requisição.

COMENTÁRIO

A alternativa “A” está correta. A Lei n. 7.492/1986, que define os crimes contra o sistema financeiro
nacional, consigna em seu art. 19 que constitui crime “obter, mediante fraude, financiamento em instituição
financeira”. O sujeito ativo do delito pode ser qualquer pessoa, enquanto o sujeito passivo é a instituição
financeira lesada. O verbo do tipo obter, significa alcançar, conseguir. Neste tipo penal o agente, mediante
fraude, consegue efetivar financiamento junto à alguma instituição financeira, incutindo uma falsa noção
da realidade na mente da pessoa que autoriza a concessão do financiamento. Ou seja, não fosse o meio
fraudulento, o financiamento não teria sido obtido pelo agente. O financiamento é uma modalidade
de empréstimo que tem uma vinculação específica que é o custeio de algo determinado que deve ser
declarado no momento da sua concessão. Nesse sentido:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO EM NOME DE


TERCEIRO. INADIMPLEMENTO TOTAL DAS PARCELAS DO FINANCIAMENTO. IRRELEVÂNCIA
PARA FINS DE CONFIGURAÇÃO DE CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.

1. A competência para processar e julgar a conduta de obtenção fraudulenta de empréstimo


bancário é definida em razão da espécie da operação pretendida ou realizada: se o mútuo é
concedido para que o dinheiro seja empregado em uma finalidade específica, compete à Justiça
Federal processar e julgar o delito, enquadrado no tipo penal do artigo 19 da Lei nº 7.492/86;
caso contrário, está-se diante de estelionato.

2. No caso dos autos, a conduta investigada consistiu na obtenção de financiamento,


mediante uso de documentos falsos em nome de terceira pessoa, para uma finalidade
específica, qual seja, a aquisição de uma motocicleta.

3. É irrelevante, para a definição da competência jurisdicional, que, desde o início, o agente não
pretendesse pagar as parcelas do financiamento, desde que tivesse a intenção de celebrar o
contrato fraudulento. Todo financiamento é meio de obtenção de dinheiro para emprego
em um investimento específico previamente acordado. 4. Caracterização de crime contra o
sistema financeiro nacional. 5. Conflito conhecido para declarar competente o JUÍZO DE DIREITO
DA 14ª VARA FEDERAL DE CURITIBA/PR, ora suscitante.

(CC 140.386/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 12/08/2015, DJe 20/08/2015)

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A alternativa “B” está incorreta. Segundo o art. 4º, da Lei n. 7.492/1986, é crime “gerir fraudulentamente
instituição financeira”. Gerir consiste em praticar atos de gestão, isto é, atos de direção, de administração
da instituição financeira, sendo, deste modo, responsável pela tomada de decisões importantes. A fraude
consiste em o agente manter ou induzir alguém em erro, fazendo nascer na mente uma falsa percepção
da realidade. Assim, fraudulento é o ato inidôneo que planta uma situação irreal no que diz respeito à
gestão da instituição financeira. Em relação a tal crime não se aplica o princípio da insignificância, uma
vez uma vez que o delito tutela a credibilidade do mercado, a proteção ao investidor e a estabilidade
e higidez do Sistema Financeiro Nacional - Ver: REsp. n. 1.015.971. Noutra banda, entende o Superior
Tribunal de Justiça que é perfeitamente imputável o crime de gestão fraudulenta na condição de partícipe,
em decorrência da norma de extensão do art. 30 do Código Penal – Ver: REsp. n. 1.290.073. Ainda:

IV - O delito de gestão fraudulenta, capitulado no art. 4º da Lei 7.492/86, muito embora seja
crime próprio, não impede que um terceiro, estranho à administração da instituição
financeira, venha a ter participação no delito, desde que ancorado no art. 29 do Código
Penal (precedentes). (HC 292.979/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
28/04/2015, DJe 12/05/2015).

A alternativa “C” está incorreta. Segundo o STJ a cobrança de juros extorsivos em empréstimo de
dinheiro realizado por particular, com recursos próprios, configura, em tese, crime de usura (agiotagem)
– Ver: CC n. 22630/SP. A jurisprudência entende que o agiota não é equiparado à instituição financeira.
O agiota pratica o delito previsto no art. 4º, da Lei n. 1.521/195, que dispõe sobre os Crimes Contra a
Economia Popular.

Art. 4º. Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando:

a) cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à taxa
permitida por lei; cobrar ágio superior à taxa oficial de câmbio, sobre quantia permutada por
moeda estrangeira; ou, ainda, emprestar sob penhor que seja privativo de instituição oficial de
crédito.

O Superior Tribunal de Justiça assim já se manifestou:

PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE USURA PECUNIÁRIA.


“AGIOTAGEM”. COMPETENTE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. SÚMULA 498/STF.

- A prática de agiotagem atribuída ao indiciado configura o crime tipificado no art.


4º, da Lei 1.521/51, usura pecuniária ou real, conduta lesiva à economia popular e não ao
Sistema Financeiro Nacional.

- Compete à Justiça dos Estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes
contra a economia popular (Súmula 498/STF).

- Conflito conhecido. Competência da Justiça Estadual.

(CC 36.011/RS, Rel. Ministro VICENTE LEAL, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/09/2002, DJ

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16/06/2003, p. 258).

A alternativa “D” está incorreta. Dispõe o art. 11, da Lei n. 7.492/1986 que “manter ou movimentar
recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação”. Portanto, perceba que não
há no tipo qualquer elemento ou finalidade especial, a saber: “interesse próprio ou alheio”. Manter
a contabilidade paralela significa conservar, sustentar essa contabilidade, dando a ela um caráter de
permanência. Movimentar consiste em desenvolver a contabilidade paralela. Também conhecida como
“caixa dois”, a contabilidade paralela constitui uma maquiagem da real contabilidade da instituição
financeira. A contabilidade real é aquela que retrata a verdadeira situação fiscal, financeira e econômica
da instituição financeira. O delito consuma-se com a simples manutenção de forma habitual ou com a
simples movimentação. Trata-se de crime formal.

A alternativa “E” está incorreta. Consigna o art. 29, da Lei n. 7.492/1986 que:

Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário, poderá requisitar, a
qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes previstos
nesta lei.

Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode ser invocado como
óbice ao atendimento da requisição prevista no caput deste artigo.

O poder de requisição previsto na norma citada é fruto da titularidade da ação penal que o Ministério
Público desfruta no sistema processual penal vigente. Tem amparo legal na LC n. 75/1983, art. 8º, II a VII.

GABARITO: LETRA “A“

29. Sobre os efeitos da condenação, assinale a alternativa correta.

a) Servidor público aposentado, condenado a pena privativa de liberdade por tempo


superior a quatro anos, terá sua aposentadoria cassada em virtude de crime de furto que
cometeu durante o exercício das funções decorrentes de seu cargo público.

b) A inabilitação para dirigir veículo, quando este for utilizado para a prática de crime doloso,
é efeito automático que decorre da condenação, dispensando a respectiva motivação na
sentença condenatória.

c) Não poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito
do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.

d) A obrigação de reparação do dano, cujo valor mínimo deve ser fixado pelo juiz na
sentença, e a perda em favor dos Estados dos instrumentos do crime e do produto do crime,
ressalvado o direito do lesado ou do terceiro de boa-fé, são efeitos genéricos, porém, não
são automáticos.

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e) A revogação facultativa ou obrigatória do livramento condicional, o aumento ou


interrupção do prazo de prescrição da pretensão executória, a revogação da reabilitação,
quando se tratar de reincidente, são exemplos de efeitos secundários da condenação de
natureza penal.

COMENTÁRIO

A alternativa “A” está incorreta. O Código Penal consigna duas hipóteses nas quais haverá a perda do
cargo público, da função pública e do mandato eletivo, nos termos do art. 92. Nessa seara, temos que: (i)
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública – quando
condenado a pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 ano; (ii) demais casos nos quais
não precisa haver relação do crime com o exercício do cargo ou função – quando condenado a pena
privativa de liberdade superior a quatro anos. Tais efeitos não são automáticos e precisam ser explicitados
pelo juiz na sentença. Obs.: No caso de mandato eletivo, incide o art. 15, III, da CF, de modo que basta
a condenação penal irrecorrível [qualquer infração penal: crime ou contravenção] para que ocorra a
suspensão dos direitos políticos, e, por consequência, a perda do mandato eletivo, salvo a hipótese do art.
55, §2º, da CF. Por fim, o STJ entende que não é possível a cassação de aposentadoria com fundamento
no art. 92, II, do CP:

1. O efeito da condenação relativo à perda de cargo público, previsto no art. 92, inciso
I, alínea b, do Código Penal, não se aplica ao servidor público inativo, uma vez que
ele não ocupa cargo e nem exerce função pública. 2. O rol do art. 92 do Código Penal é
taxativo, não sendo possível a ampliação ou flexibilização da norma, em evidente prejuízo do
réu, restando vedada qualquer interpretação extensiva ou analógica dos efeitos da condenação
nele previstos. 3. Configurando a aposentadoria ato jurídico perfeito, com preenchimento dos
requisitos legais, é descabida sua desconstituição, desde logo, como efeito extrapenal
específico da sentença condenatória; não se excluindo, todavia, a possibilidade de cassação
da aposentadoria nas vias administrativas, em procedimento próprio, conforme estabelecido
em lei. 4. Recurso especial desprovido. (REsp 1317487/MT, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 07/08/2014, DJe 22/08/2014).

A alternativa “B” está incorreta. Consigna o art. 92, III, e do CP que também é efeito da condenação
“a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso”. O mesmo
dispositivo dispõe em seu parágrafo único que “os efeitos de que trata este artigo não são automáticos,
devendo ser motivadamente declarados na sentença”. Portanto, trata-se de efeito penal específico não
automático, razão por que o juiz deve declará-los na sentença condenatória e somente pode ser utilizado
quando o veículo for usado como meio para a prática de crime doloso. Ou seja, o veículo é utilizado como
instrumento para a prática de delito doloso, situação que não guarda relação com os crimes culposos de
trânsito previstos no Código de Trânsito Brasileiro.

A alternativa “C” está incorreta. O Código Penal consiga no art. 92, §1º que “poderá ser decretada a
perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados

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ou quando se localizarem no exterior”. Mesmo não sendo encontrados, poderá o julgador decretar a
perda de bens ou valores que são equivalentes ao produto ou proveito do crime, impedindo, assim, que
o agente continue auferindo lucro derivado de seu comportamento criminoso.

A alternativa “D” está incorreta. Reza o Código Penal em seu art. 91, que são efeitos da condenação:
(i) tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime – inciso I; (ii) a perda em favor da
União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos instrumentos do crime, desde
que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do
produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a
prática do fato criminoso – inciso II. Com a sentença condenatória não mais se discute a ilicitude do fato
e a obrigação de indenizar. Para a reparação a vítima deve promover a liquidação e, posteriormente, a
execução da sentença penal condenatória, pois esta se trata de título executivo. O STJ entende que o
juiz deve ficar valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pela vítima – Ver: AgRg no AREsp 311.784/DF. A hipótese prevista no inciso II é denominada pela
doutrina de confisco, e abrange os instrumentos do crime, ou seja, os objetos utilizados pelo agente
na execução do delito, bem como o produto do crime, isto é, a coisa adquirida diretamente com o
crime; a coisa adquirida mediante especificação – ex: aliança feita com ouro roubado; a coisa adquirida
mediante alienação – ex: dinheiro obtido com a venda da coisa furtada. Ambos são efeitos automáticos
da condenação, de modo que não precisa ser declarado pelo juiz na sentença.

A alternativa “E” está correta. Os efeitos secundários da condenação de natureza penal estão previstos
em diversos artigos do Código Penal, vejamos:

Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de


liberdade, em sentença irrecorrível:

I - por crime cometido durante a vigência do benefício;

II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.

Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir


qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime
ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.

Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela
pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um
terço, se o condenado é reincidente.

Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se


o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de
multa.

GABARITO: LETRA “E“

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30. Sobre os recursos, julgue as alternativas a seguir, de acordo com os enunciados das súmulas
de jurisprudências do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.

I. A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor


impede o conhecimento da apelação por este interposta.

II. Não constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões
ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor
dativo.

III. O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em “habeas-corpus” ou


mandado de segurança, é de cinco dias.

IV. O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.

V. É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra acórdão


proferido no tribunal de origem.

a) I, II e III estão corretos.

b) I, II e IV estão corretos.

c) II, IV e V estão corretos.

d) III, IV e V estão corretos.

e) II, III e V estão corretos.

COMENTÁRIO

Sobre o tema recursos é relevante que o candidato tenha conhecimento das súmulas de jurisprudências
do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça que tratam sobre o assunto.

O item “I” está incorreto. Súmula 705 do STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada
sem a assistência do defensor não impede o conhecimento da apelação por este interposta.

O item “II” está incorreto. Súmula 707 do STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado
para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação
de defensor dativo.

O item “III” está correto. Súmula 319 do STF: O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal
Federal, em “habeas-corpus” ou mandado de segurança, é de cinco dias.

O item “IV” está correto. Súmula 347 do STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe

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de sua prisão.

O item “V” está correto. Súmula 207 do STJ: É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos
infringentes contra acórdão proferido no tribunal de origem.

GABARITO: LETRA “D“

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DO TRABALHO

31. Assinale a alternativa CORRETA, de acordo com o entendimento jurisprudencial do TST.

a) Ainda que desvirtuada a finalidade do contrato de estágio celebrado na vigência da


Constituição Federal de 1988, é inviável o reconhecimento do vínculo empregatício com
ente da Administração Pública direta ou indireta, por força do art. 37, II, da CF/1988, bem
como o deferimento de indenização pecuniária, inclusive o pagamento da contraprestação
pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário
mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS.

b) O fato de ter-se reconhecido a nulidade da contratação por ausência de concurso público,


diante da comprovada afronta ao art. 37, II, da CF, exime o ente público da responsabilidade
por eventuais lesões ocasionadas ao reclamante. Mesmo causando prejuízos morais ou
materiais ao trabalhador pela prática de ato ilícito, o reclamado, beneficiário dos serviços
no curso do contrato nulo, não deve indenizá-lo, em razão da invalidade da relação jurídica
firmada entre as partes.

c) É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do trabalhador cujo contrato de


trabalho temporário efetuado com a Administração Pública sob o regime de “contratação
excepcional” tenha sido declarado nulo em razão da falta de realização de concurso público,
nos termos do art. 19-A da Lei n. 8.036/90.

d) A contratação efetivada com ente da administração pública não produz efeitos jurídicos,
se o certame público posteriormente for anulado. Trata-se de hipótese similar à contratação
realizada sem a observância da exigência contida no artigo 37, inciso II, da Constituição
Federal de 1988.

e) A nomeação reiterada para o exercício das funções de oficial de justiça “ad hoc” é capaz
de gerar vínculo empregatício com a Administração Pública.

COMENTÁRIO

Alternativa “A” – Incorreta, porque haverá o direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em

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relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores
referentes aos depósitos do FGTS, parcelas previstas na Súmula nº 363 do TST.

É o que dispõe a Orientação Jurisprudencial nº 366 da Seção de Dissídios Individuais I (SDI I):

Ainda que desvirtuada a finalidade do contrato de estágio celebrado na vigência da


Constituição Federal de 1988, é inviável o reconhecimento do vínculo empregatício com ente
da Administração Pública direta ou indireta, por força do art. 37, II, da CF/1988, bem como o
deferimento de indenização pecuniária, exceto em relação às parcelas previstas na Súmula nº
363 do TST, se requeridas.

Alternativa “B” – Incorreta, pois o enunciado da assertiva contrataria a jurisprudência do TST. Ainda que o
contrato seja nulo em razão da ausência de concurso público, o empregado terá direito ao pagamento de
eventual indenização por danos morais e materiais, decorrente de ato ilícito praticado pela Administração
Pública.

NULIDADE. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. A arguição de nulidade de decisão por


negativa de prestação jurisdicional, em sede de recurso de revista, pressupõe a demonstração
de violação dos artigos 832 da Consolidação das Leis do Trabalho, 458 do Código de Processo
Civil ou 93, IX, da Constituição da República, conforme entendimento consagrado na Orientação
Jurisprudencial n.º 115 da SBDI-I. A ausência de arguição de ofensa a tais dispositivos acarreta o
não conhecimento do recurso, por carência de fundamentação. Agravo de instrumento a que
se nega provimento. CONTRATO NULO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.
O fato de ter-se reconhecido a nulidade da contratação por ausência de concurso público,
diante da comprovada afronta ao artigo 37, II, da Constituição da República, não exime o
ente público da responsabilidade por eventuais lesões ocasionadas ao reclamante. Ao causar
prejuízos morais ou materiais ao trabalhador pela prática de ato ilícito, a reclamada, beneficiária
dos serviços no curso do contrato nulo, deve indenizá-lo, independentemente da validade
da relação jurídica firmada entre as partes. Embora o entendimento consagrado na Súmula
n.º 363 deste Tribunal Superior oriente-se no sentido de negar à contratação nula os efeitos
próprios do contrato de trabalho, devem ser resguardados aqueles direitos que extrapolem
a esfera tipicamente trabalhista, conquanto advenham do vínculo laboral nulo. Não há falar,
portanto, em nulidade da condenação ao pagamento de indenização por danos morais e
materiais, mesmo quando reputado nulo o contrato de emprego. Agravo de instrumento a
que se nega provimento.

(TST - AIRR: 1703406220055030011 170340-62.2005.5.03.0011, Relator: Lelio Bentes Corrêa,


Data de Julgamento: 17/08/2011, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/08/2011).

Alternativa “C” – Incorreta. O Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que o art. 19-A da Lei
n. 8.036/90 não se aplica aos servidores admitidos por contrato temporário excepcional, não sendo
garantido o direito ao FGTS.

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Nesse sentido, destaco o seguinte julgado:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. CONTRATAÇÃO


TEMPORÁRIA. RELAÇÃO DE CARÁTER JURÍDICO-ADMINISTRATIVO. SUJEIÇÃO ÀS REGRAS
DE DIREITO PÚBLICO.

O entendimento manifestado no acórdão estadual não destoa da jurisprudência desta Corte


no sentido de que o direito ao FGTS não é garantido ao servidor público admitido por contrato
temporário excepcional, mas apenas para o trabalho oriundo de investidura em cargo ou
emprego público, posteriormente anulado por descumprimento do princípio do concurso
público insculpido no art. 37, § 2º, da CRFB/88. Desse modo, não há falar em direito aos
respectivos depósitos.

Agravo regimental improvido.

(AgRg no REsp 1485297/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 03/03/2015, DJe 09/03/2015).

Alternativa “D” – Correta, conforme Orientação Jurisprudencial nº 128 da Seção de Dissídios Individuais
II (SDI II):

O certame público posteriormente anulado equivale à contratação realizada sem a observância


da exigência contida no art. 37, II, da Constituição Federal de 1988. Assim sendo, aplicam-se à
hipótese os efeitos previstos na Súmula nº 363 do TST.

Alternativa “E” – Incorreta, pois contraria diretamente a Orientação Jurisprudencial nº 164 da Seção de
Dissídios Individuais I (SDI I):

Não se caracteriza o vínculo empregatício na nomeação para o exercício das funções de oficial
de justiça “ad hoc”, ainda que feita de forma reiterada, pois exaure-se a cada cumprimento de
mandado.

GABARITO: LETRA “D“

32. Sobre a duração do trabalho, assinale a opção CORRETA.

a) É válido o instrumento normativo que, regularizando situações pretéritas, estabelece


jornada de oito horas para o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento.

b) É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a


supressão ou redução do intervalo intrajornada, porque este constitui medida de higiene,
saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública, infenso à negociação
coletiva.

c) Salvo se concedidas as férias nos doze meses subsequentes à data em que o empregado

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tiver adquirido o direito, será devido o pagamento em dobro da remuneração de férias,


incluído o terço constitucional, quando o empregador não efetuar o pagamento da
remuneração das férias até dois dias antes do início do respectivo período de gozo.

d) Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações


de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite
máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a
totalidade do tempo que exceder a jornada normal, pois configurado tempo à disposição
do empregador, salvo se a atividade desenvolvida pelo empregado ao longo do tempo
residual for diversa da execução de suas tarefas.

e) É inválida a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, ainda que
ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de
trabalho.

COMENTÁRIO

Alternativa “A” – Incorreta. A Constituição Federal dispõe expressamente, em seu artigo 7º, inciso XIV,
sobre o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento, assegurando aos trabalhadores submetidos a
tal regime jornada de seis horas. Admite a parte final do dispositivo, no entanto, que a jornada reduzida
possa ser elastecida mediante negociação coletiva.

Todavia, a negociação coletiva exigida para o elastecimento da jornada constitucionalmente estabelecida


não poderá regular situações pretéritas, conforme Orientação Jurisprudencial nº 420 da Seção de Dissídios
Individuais I (SDI I):

É inválido o instrumento normativo que, regularizando situações pretéritas, estabelece jornada


de oito horas para o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento.

Portanto, o empregado submetido a turno ininterrupto de revezamento após a promulgação da


Constituição Federal de 1988, laborando oito horas diárias e inexistindo cláusula convencional em sentido
contrário, já que afastada a retroatividade da norma, serão devidas as horas extras cumpridas a partir da
sexta diária, com o adicional de 50%

Alternativa “B” – Correta. Segundo a jurisprudência do TST, a supressão ou a redução do intervalo


intrajornada por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho é inválida, por constituir medida de
higiene, saúde e segurança do trabalho.

O item II da Súmula nº 437 do TST consolidou esse entendimento:

É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou


redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança
do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988),
infenso à negociação coletiva.

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Alternativa “C” – Incorreta. O artigo 145 da CLT estabelece que o pagamento da remuneração das férias
será efetuado até dois dias antes do início do respectivo período.

O escopo da norma é proporcionar ao empregado o gozo das férias com recursos que viabilizem desfrutar
desse período de descanso (o que é possível, pelo menos em tese, com o recebimento antecipado da
remuneração das férias). Assim, o pagamento das férias em desacordo com o prazo estabelecido no
artigo 145 da CLT frustra a finalidade do instituto.

Nesse caso, o TST tem aplicado a sanção prevista no artigo 137 da CLT, ou seja, o pagamento em dobro
da remuneração das férias, ainda que as férias sejam gozadas na época própria, conforme fixado na
Súmula nº 450:

É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional,


com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador
tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal.

Alternativa “D” – Incorreta. Os minutos residuais correspondem ao tempo necessário para que o
empregado atenda necessidades pessoais, no início e ao final da jornada diária, ligadas ao trabalho
realizado, como, por exemplo, a uniformização, o lanche e a higiene pessoal, o qual deve ser considerado
no cômputo da jornada diária, por ser tempo à disposição do empregador.

Inclusive, o TST consolidou esse entendimento no enunciado da Súmula nº 366:

Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário
do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez
minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do
tempo que exceder a jornada normal, pois configurado tempo à disposição do empregador,
não importando as atividades desenvolvidas pelo empregado ao longo do tempo residual
(troca de uniforme, lanche, higiene pessoal, etc)

Desse modo, ainda que a atividade desenvolvida pelo empregado ao longo do tempo residual tenha sido
diversa da execução de suas tarefas, o pagamento das horas extras será devido.

Alternativa “E” – Incorreta, conforme súmula nº 444 do TST:

É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de
descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho
ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados
trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor
prestado na décima primeira e décima segunda horas.

GABARITO: LETRA “B“

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

33. Sobre a presença da Fazenda Pública no processo do trabalho, assinale a assertiva CORRETA.

a) A CLT isenta do pagamento de custas, dentre outros, a União, os Estados, o Distrito


Federal, os Municípios e as respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou
municipais que não explorem atividade econômica. O TST, por sua vez, possui jurisprudência
firmada ampliando tal comando legal, de modo que as isenções no foro da Justiça do
Trabalho abrangem, também, as sociedades de economia mista.

b) A Fazenda Pública, quando condenada subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas


devidas pela empregadora principal, não se beneficia da limitação dos juros, prevista no art.
1º-F da Lei nº 9.494, de 10.09.1997.

c) A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas,


quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, devem juntar
aos autos o instrumento de mandato e comprovar o ato de nomeação.

d) É inválida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente


à sucessão pela União ou por Estado-membro, devendo a execução prosseguir mediante
precatório.

e) No processo eletrônico, todas as citações, intimações e notificações, salvo da Fazenda


Pública, serão feitas por meio eletrônico.

COMENTÁRIO

Alternativa “A” – Incorreta. De fato, o art. 790-A, I, da CLT estabelece que são isentos do pagamento de
custas a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas
federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica.

Contudo, o TST interpreta o dispositivo restritivamente, não estendendo o benefício para as sociedades
de economia mista, conforme consagrado na Súmula nº 170:

Os privilégios e isenções no foro da Justiça do Trabalho não abrangem as sociedades de


economia mista, ainda que gozassem desses benefícios anteriormente ao Decreto-Lei nº 779,
de 21.08.1969

Alternativa “B” – Correta. Segundo o TST, a Medida Provisória n° 2.180-35, de 24 de agosto de 2001, que
acrescentou o artigo 1º-F à Lei n° 9.494/97, tem aplicação apenas nas hipóteses em que a Fazenda Pública
responde, na condição de devedora principal, pelo pagamento dos créditos trabalhistas reconhecidos ao
reclamante. Quando figura como mera devedora subsidiária, responde nos estritos limites impostos na
decisão, submetendo-se ao regime jurídico aplicável ao devedor principal, resguardado o exercício do

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direito de regresso contra o devedor principal.

Esse entendimento foi consagrado na Orientação Jurisprudencial nº 382 da Seção de Dissídios Individuais
I (SDI I):

A Fazenda Pública, quando condenada subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas devidas


pela empregadora principal, não se beneficia da limitação dos juros, prevista no art. 1º-F da
Lei nº 9.494, de 10.09.1997.

Alternativa “C” – Incorreta, pois não está de acordo com a Súmula nº 436, I, do TST:

A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando
representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da
juntada de instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação.

Alternativa “D” – Incorreta. Segundo o TST, se à época da realização da penhora a pessoa jurídica de
direito privado ainda não fora sucedida, por exemplo, pela União, é legítima a constrição e é inadmissível
a alegação de afronta ao art. 100 da Constituição Federal.

A Orientação Jurisprudencial nº 343 da Seção de Dissídios Individuais I (SDI I) trata do assunto:

É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à


sucessão pela União ou por Estado-membro, não podendo a execução prosseguir mediante
precatório. A decisão que a mantém não viola o art. 100 da CF/1988.

Alternativa “E” – Incorreta. Segundo o art. 9º, caput, da Lei nº 11.419/2006, no processo eletrônico, todas
as citações, intimações e notificações, inclusive da Fazenda Pública, serão feitas por meio eletrônico.

Portanto, a Fazenda Pública poderá ser citada, intimada e notificada por meio eletrônico no âmbito do
processo eletrônico.

GABARITO: LETRA “B“

34. Acerca do instrumento de mandato no processo do trabalho, assinale a opção CORRETA.

a) A existência de instrumento de mandato apenas nos autos de agravo de instrumento


legitima a atuação de advogado nos processos de que se originou o agravo.

b) É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica que não


contenha, pelo menos, o nome do outorgante e do signatário da procuração, pois estes
dados constituem elementos que os individualizam.

c) É válido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.

d) A ausência da data da outorga de poderes implica em irregularidade de representação.

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e) Caso não haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer, são inválidos os atos
praticados pelo substabelecido.

COMENTÁRIO

Alternativa “A” – Incorreta, conforme Orientação Jurisprudencial nº 110 da Seção de Dissídios Individuais
I (SDI I):

A existência de instrumento de mandato apenas nos autos de agravo de instrumento, ainda


que em apenso, não legitima a atuação de advogado nos processos de que se originou o
agravo.

Alternativa “B” – Correta. A assertiva é uma reprodução da Súmula nº 456 do TST:

É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica que não contenha,
pelo menos, o nome do outorgante e do signatário da procuração, pois estes dados constituem
elementos que os individualizam.

Alternativa “C” – Incorreta, pois o advogado investido de mandato tácito não pode substabelecer
(Orientação Jurisprudencial nº 200 da Seção de Dissídios Individuais I (SDI I):

É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.

Alternativa “D” – Incorreta, tendo em vista que, segundo o TST, não caracteriza a irregularidade de
representação a ausência da data da outorga de poderes, consoante Orientação Jurisprudencial nº 371
da Seção de Dissídios Individuais I (SDI I):

Não caracteriza a irregularidade de representação a ausência da data da outorga de poderes,


pois, no mandato judicial, ao contrário do mandato civil, não é condição de validade do
negócio jurídico. Assim, a data a ser considerada é aquela em que o instrumento for juntado
aos autos, conforme preceitua o art. 370, IV, do CPC. Inaplicável o art. 654, § 1º, do Código
Civil.

Alternativa “E” – Incorreta, conforme Súmula nº 395 do TST:

São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no mandato, poderes
expressos para substabelecer (art. 667, e parágrafos, do Código Civil de 2002).

GABARITO: LETRA “B“

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

35. Assinale a assertiva INCORRETA.

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Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos
seguintes objetivos:

a) Universalidade da cobertura e do atendimento.

b) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

c) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços.

d) Equidade na forma de participação no custeio.

e) Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão tripartite, com


participação dos trabalhadores, dos empregadores, e do Governo nos órgãos colegiados.

COMENTÁRIO

Gabarito: “E” - A questão se fundamentou no parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal de
1988:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa


dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social,
com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento;

VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite,


com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos
órgãos colegiados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).

A assertiva “E” está incorreta, pois considerou que a gestão da Previdência Social é tripartite. Na verdade,
a gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do
Governo nos órgãos colegiados

O candidato deve ficar atento para não confundir: (a) a gestão da Previdência Social é quadripartite; (b)
o custeio da Previdência Social é tríplice.

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GABARITO: LETRA “E“

36. É segurado contribuinte individual da Previdência Social:

a) O brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como


empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior.

b) O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o
Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por
regime próprio de previdência social.

c) Aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular


de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e
repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou
repartição consular.

d) O brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros
ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.

e) O empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no


Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social.

COMENTÁRIO

Alternativa “A” – Incorreta. É segurado empregado, conforme art. 12, I, “c”, da Lei nº 8.212/1991:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

I - como empregado:

c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado


em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;

Alternativa “B” – Correta, conforme art. 12, V, “e”, da Lei nº 8.212/1991:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

V - como contribuinte individual:

e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o
Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por
regime próprio de previdência social; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).

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Alternativa “C” – Incorreta. É segurado empregado, conforme art. 12, I, “d”, da Lei nº 8.212/1991:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

I - como empregado:

d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições,
excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela
legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular;

Alternativa “D” – Incorreta. É segurado empregado, conforme art. 12, I, “e”, da Lei nº 8.212/1991:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

I - como empregado:

e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado,
salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;

Alternativa “E” – Incorreta. É segurado empregado, conforme art. 12, I, “i”, da Lei nº 8.212/1991:

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

I - como empregado:

i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil,


salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída pela Lei nº 9.876, de
1999).

GABARITO: LETRA “B“

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