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PE. ALCIONILIO BRUZZI ALVES DA SILVA (SDB) - (1903-1988) (a6tulas bio-bibllogréficas) Erasmio @'A. Magalhées* De uns tempos a esta parte, estamos a-realizar levantamento para a feitu- ta de estudo critico-descritivo sobre a produgio de trabalhos de interesse et- nogrifico-lingilfstico por:parte de missionérios, catélicos ou nfo, que atuam em Greas ind{genas' brasileiras. Tal fato nos levou a uma leitura atenta'de uimero relativamente grande de trabalhos publicados' por esses religiosos, ‘bem como de documentos outros como relatérios de superiores de missées, descrig6es de viagens, cartas pastorais, catecismos, etc. Atualmente, a6 lado daquele arrolamento especffico, estamos a dar certa €nfase ao estudo sobre as “fases” e “formas” de catequese salesiana levada na regifio banhada pelos rios Negro e Usupés (Amazonas) e-no ‘planalto do tio Sio Lourengo (Mato Grosso). . Dentro deste contexto nio seria demais prestar homenagem ‘a quem, por cerca de quarenta anos, cuidou emi levantar dados ¢ estudar as linguas'indf- genas da bacia do Uaupés:-0 Pe. Alcionflio, denominago coms era conheci- do pelos amigos ¢ lingilistas, o Pe. Alcionflio Bruzzi Alves da'Silva, antigo professor da Universidade Catdlica de Séo Paulo e da Faculdade Salesiana de Filosofia de Lorena (SP). * Filho de Antonio Alves da Silva é de Carmelita Bruzzi, nasceu' em Nova Era (na ocasifio denominada Séo José da Lagoa) aos 10 dias de abril’ de 1903. Ingressa no-colégio salesiano de Cachoeira do Campo, em 1913. Em 1919 matricula-se no noviciado salesiano de Lorena, fazendo sua primeira Profissio no ano seguinte. . . Na Itilia prossegue: seus estudos teolégicos no Instituto Intemacional D. Bosco e se ordensem 1930." ° : . (9), Professor do Departamento de Letras Clissicas e Vernfcales (FFLCH-USP). (Q) 46 publicamos dois artigos a “As atividades do Summer Instituto of Linguistics no 1"; ry i: = 1981, 1.80 estado da juese salesiana Rev, Indt: Est. Brax., SP, 31:161-167, 1990 161 . Como sacerdote passa a atuar, a partir de 1930, no Liceu Corago de Je- sus de Séo Paulo, sendo transferido no ano seguinte para 0 Colégio Sio Joa- quim de Lorena. Durante oito anos (1934-1942) atua nos cursos do Instituto Teolégico Pio XI (So Paulo). . Na carta mortudria escrita por D. Walter Ivan Azevedo, bispo coadjutor de Siio Gabriel da Cachoeira, tem-se noticias dos livros didéticos do Pe. Al. cionflio. Diz o prelado: “... Dos anos em que vivi no aspirantado em Lavri- nhas (década de 1940), eram adotados como texto de aula os seus livros: Nogées de quimica geral — notével por conter nogées de relatividade e fisica atémica, inexistentes nos textos escolares da época — ¢ Primeiras nogées de grego cldssico. Pouco mais tarde, décade de 50, produz: Grego cldssico nos colégios ¢ Histéria da literatura grega. Sio também desses anos: Psicologia experimental ¢ Introdugdo a sociologia.” Na década de 1950 edita Introdugdo a ciéncia do direito e Manual da Semana Santa, destinados especialmente ‘aos alunos de direito canénico do Instituto Pio XI. . Na ditima conflagragao mundial vémo-lo como capelio junto A Forca Expedicionéria Brasileira. Em 1947 foi convidado pelo bispo D. Pedro Massa? para realizar pes- quisas etnograficas ¢ lingifsticas no rio Negro. Os dois primeiros de _investigacéo de campo compreenderam os. anos de. 1947-1948 e 1952-1953. ° : A convite de. instituigdes de pesquisas norte-americanas, em fins da dé- cada de 50, permanece nos Estados, Unidos por longo tempo. para melhor preparar dados lingiifstico-ctnogréficos, que resultam no lancamento da Dis- coteca etnolingiitstico-musical das tribos dos rios Uaupés, Iana.e Cauabo- ris. Em 1968, volta ao rio Negro para continuar os trabalhos de campo, con- tinuando suas atividades até a morte. vy on No Centro de Documentago Emogréfica e Missionfria,sediado em Ma- Baus, € que veio substituir o antigo de Pesquisas do Inuareté, esto recolhi- dos muitos inéditos do religioso salesiano. * B do Pe. Casimiro Beksta a informacdio abaixo.3 | . “Um volume de Lendas em portugues (da:tribo Tucano) foi enviada para S., Paulo, para impressfio. Nada ouvimos sobre ele...”” E ainda: “O dicionfrio est4 nas mios da Irma, Olga Tenério, sob supervisao de Dom Walter Ivan de Azevedo. Ela est4 datilografando os textos que foram corrigidos a mo, pelo autor, Finalmente, o texto do Dicionsrio Portugués- “Tucano esté guardado na nossa sala de computador esperando.a sua vez pa- ma ser datilografado no computador. Faz, dois anos que estou esperando en- ‘Pedro Massa atuou, como bispo, durante 48 anos (1920-1968) na bacia do rio Ne ): Foram ‘sua iniciativa a instalagfo do i gico, de So don Fostos a viométricos de Taracuf ¢ Barcelos. demia de Ciencias'dé Munich), do Dr. desenvolverem estudos sobre zoologia : ~ ‘Dados tomados de carta eniviada ao Pe. Mério Bonatti da Faculdade Salesiana dé Filosofia de Lorena, em 21~4-1989; 1 a ‘ oie 162° Rev. Inst. Est, Bras,, SP, 31;161-167, 1990 contrar algum programa (editor de textos), que fosse capaz de gerare impri- mir sinais além do alfabeto internacional”. E termina o Pe. Beksta: “‘Temos ainda umas caixes com textos em Tuka- no, que seriam “Lendas em Tukano e Portugués”, e “‘Alguns textos de Ri- tos” (recitagGes, béngZos) em Ingua tucana, na linguagem do arcano, mas com a traducéo feita por nfo iniciados (inclusive mulheres)”’. Mesmo que as atividades de pesquisas levadas a cabo pelos salesianos e outros religiosos tenham o fito de, em tiltima anflise, a “evangelizacio”, como se depreende do texto reproduzido adiante, nfio se pode deixar de con- siderar importante e v4lida (nao poucas vezes os estudos dos missionérids sdo utilizados, inclusive para trabalhos universitérios) a obra editada. Pode-se registrar a intengfo missionfria através de um escrito do Pe. Mario Bonatti. “A alfabetizagéo, por exemplo, visa introduzir os fndios no processo civilizador inevitavel, nfo obstante o isolamento em que se mantém © territério do Rio Negro, comparado com as demais regiées indfgenas do Brasil. O Evangelho de Jesus Cristo procura dar sobretudo sentido a vida (os grifos sfo nossos). A escola da Misséo preocupa-se em ensinar a escre- ver e desenvolver conhecimentos aperfeigoados, fomecer instrumentos de trabalho para cerfimica marcenaria e mecfinica’”’.* A seguir arrolamos e descrevemos, e as vezes comentamos, 08 estudos Preparados pelo Pe. Alcionilio e que foram publicados e/ou estiio no prelo. Eles servirao como instrumento de trabalho para os interessados. — Os ritos fiinebres entre as tribos do Uaupés (Amazonas). Anthropos, Freiburg, 50 (4-6) — 593-601, 1955. Informa o Pe. Alcionflio que os fndios “‘admitem que 0 homem é com posto de dois elementos: corpo (uaxpo) ¢ alma (héripéra). Acrescenta: “To- do homem 6, por natureza, imortal, pensam os indfgenas. Porém, por ago maléfica de alguns inimigos, sobrevém a morte (uerinsé), ou a separagiio dos dois elementos. O corpo serd sepultado e aos poucos se reduziré ao nada. Quanto & alma, essa continuaré no além outra vida semelhante a que se leva aqui na terra”. HA um culto com grande forca vinculativa dos elementos da tribo. Séo trés os elementos do “‘culto piblico social”’: 0 rito do poosé (ou oferta dos frutos e do peixe), o rito pubertério e o rito fiinebre. © tito fiinebre consta de trés partes: choro-elegia, sepultamento e festa fiinebre, que o autor descreve com minudéncias, transcrevendo o texto de uma elegia, “‘a mie que chora” (paxcé uxtfgo). — Morte do chefe indfgena da tribo Tucano. Revista do Instituto Histéri- co e Geogrdfico de Sdo Paulo, Sic Paulo, LI: 119-123, 1956. Descrigéo pormenorizada dos ritos mortudrios do Viogo (chefe local de tribo) Tukano de Pari-Cachoeira. . — Discoteca etno-lingtitstico-musical das tribos dos rios Uaupé, Icana e Cauaburi. Sio Paulo, Centro de Pesquisas de Iauareté, 1961. Trata-se de colegio de doze discos de 12” ¢ 33 1/2 r.p.m., acompanhada Por um livro contendo 150 p. “A presente Discoteca reproduz a prondincia de 25 idiomas indfgenas di- @ 4 ntroosions a famfia Baniwa ~ Rio Negro (AM)”, Rev. da Faculdade Salcsia- na, 20 (29), p. 65, 1979. . Rev. Inst, Est. Bras., SP, 31:161-167, 1990 163 ferentes, na voz dos representantes de cada tribo. Como, em geral, os indivi- duos infformantes desconheciam o Portugués, fez-se mister o emprego de um idioma intermedifrio, conhecido do fndio que nos devia dar a palavra da sua Ifmgua natal. Esse idioma intermedifrio foi ordinariamente o Tukano entre as tribos do Uaupés, Tiquié e Papurf (para obter as palavras Kubew4na, inter- medifrio foi o Wanana), e o Nheengafi entre as tribos Arwake do Icana e Aiari. Em vérios casos no bastou uma Ifngua intermediéria. Esta dificuldade de ordem priatica trouxe, no entanto, a vantagem de permitir-nos ouvir no disco.uma mesma palavra portuguesa traduzida sucessivamente em trés ou quatro idiomas indfgenas e destarte verificar a aproximag&o ou afastamento entre esses idiomas”. Esta é a informacdo preliminar do autor (p. 5). Os quatro primeiros discos siio um documentério daquilo que o Pe. Al- cionflio denomina de ‘‘senso art(stico-musical” dos grupos indfgenas estuda- dos, apresentando: A) — Misica instrumental: 1: Flautas-de-pa, Nam4-doxpos, Moxté-poro, Ehé, Namé-o4, Surubim. 2: Yapuruté (dancas). B) - Cangées dos homens: 1 : Cangées dos homens das tribos Tukano e Wanana. 2: Cangées dos homens das tribos Taryana, Huhiideni e Maki. C) - Cangées das mulheres: 1: Cangées das mulheres das tribos Kubewana, Wanana, Bard, Tuyuka, Mikura, Maki e Huhiideni. 2 : Cangées das mulheres das tribos Siwsi e Werekena. O choro-elegia. 3 : Cangées dos pajés da tribo Taryana. 1D) — Cangées das mogas e dos pajés: 1: Cangées das mogas das tribos Piré-tapuya, Tukano, Kumédene, Yawareté, Siwsi, Arara e Yurupari. 2 : Cangées das tribos dos rios Maruid e Caburi. O Rito do Cigarro. Cangées dos pajés das tribos Tukano, Wandna e Huhtideni. Os restantes oito discos cuidam em bem documentar importantes e uteis dados da lfngua: estrutura fonética-t -fonol6gica, gramética contrastiva, voca- bulério comparado, etc. Passemos a descricfio abreviada dos contetidas das gravacées: Disco 5 — Fonemas da Ifngua Tukano na “‘proniincia” de Antonio Bar- reto, de Patricia Vasconcelos, Maria Vieira e Jovita Dias, respectivamente habitando os rios Tiquié, Papuri, Uaupés e afiuente do Tiquié. Disco 6 — Fonemas da lingua Tukano na voz de Paulina Machado (po- voado de Parf-Cachocira — rio Tiquié). Lendas em Tukano: Porque a pele adere & mandiocs, Wix-tI ¢ 0 cacador, Histéria de Nhamacuri, Lendas de 0’6-kon ¢ Mahi-wi. Disco 7 — Vocabulfrios e lendas Nheengahi. Catecismo em Nheengatt. Vocabulérios Kor6xitari e Amdkapitori. Nota: Foram recolhidas cerca de 200 palavras usuais, tendo por base o “vocabulério bésico” proposto por Moris Swadesh. Disco 8 — Vocabulérios Tukano, Desana, Tuyuka, Baré, Yuriti-Suryana, Wanana-Kubewana, Kumidene, Disco 9 — Vocabulérios Piré-tapuya, Tukano-Tuyuka-Baré, Tukano— Tsena, Wanana-Kubewana, 164 Rev. Inst. Est. Bras., SP, 31:161-167, 1990 Disco 10 — Vocabulérios Tukano-Tati-Ide, Tukano-Yeb4, Tukano-Ma- Disco 11 — Vocabulfrios Portugués-Kumédene, Portugués-Siwsi, Portu- -Huhuideni, Nheengati-Yuruparf-Yawareté, Disco 12 — Vocabulétios Portugués-Nheengati-Sukuruzs, . Portugués- -Nheengati-Ziboya, Portugués-Nheengaté-Werekena, - ‘Portugués-Tukano- Taryana, O livro, indispens4vel para a boa utilizagio dos.discos, contém estudos de elementos fonéticos ¢ fonolégicos, acompanhados por numerosa exempli- ficagao. Também ali o leitor pode deparar com a transcrigéio das lendas (em Portugués e inglés) e dos vocabulérios.. . N&o seria ocioso aqui repetir as observagées do Prof. Jum J..Philipson publicadas na Revista de Antropologia (USP): “ fora de diivida a honesti- dade total de todas informagées do. Autor, obtidas em varios anos de traba- tho, durante os quais conseguiu aperfeicoar os: seus métodos”. E mais, quantos aos discos, “‘pode-se dizer que sAo de muito boa qualidade, reco mendando-se a sua aquisic&o por instituicées nacionais e estrangeiras, tanto para estudos lingiifsticos e etnogréficos; como fitis didéticos. Outrossim, constituem documentacio preciosa para futuras geragées”: — O Amazonas, as amazonas e os {ndios de cauda. Mundo Melhor, Siio Paulo, V (59): 34-35, 37, 39, 41, 43, 45, 47-51, 1962. Com base em observagées pessoais e documentando-se nos historiadores da Sociedade Saiesiana, o autor dé série.de pequenas informagées sobre as miss6es salesianas da Prelazia do Rio Negro. . A civilizagdo indfgena do Uaupés. Sao Paulo, Centro de Pesquisas de Iauareté, 1962. 496 p. Dus. Biblio- grafia. : Afirma o autor que os grupos (“‘vinte ou mais tribos”) que tém como ha- bitat a bacia do Uaupés compéem um mesmo grupo cultural, oo Como adendo, demonstrando o viés do missionfrio, pondera: “‘para ci lizagéo e cristianizagéo (dos grupos) desde 1916 desdobram.os Filhos de S. Joao Bosco, dirigidos, vai’ para (mais de) 40 anos, nesse seu ‘herofsmo an6- nimo, pelo dinamismo inteligente a caridade apostélica de Dom Pedro Mas- sa”, (08 grifos so nossos) Ao comparar a quantidade de dados de ordem lingiifstica e etnogrifica recolhidos por Theodor Koch Griinberg ¢ pelos salesianos, diz que estes ti- veram sua ado facilitada pelo melhor conhecimento dos idiomas indfgenas. Uma vez mais, o Pe. Alcionflio deixa-se trair por sua formago religiosa. Senfio vejamos. Falando da importincia “do convivio mais. {timo possfvel com os selvicolas” diz: “morando na-sua maloca, assistindo as suas festas, (..), observando-os nos seus trabalhos,.aproveitando-se dos seus servicos, sondando o seu espfrito, ilustrando a.sua inteligéncia.em longos‘anos:de educagGo, iluminando sua alma com as verdades religiosas, vé-se-a trechas abrir-se inesperadamente aquelas mentes em clarées que revelam; através de wna ingenuidade encantadora, um mundo jamais sonhado. (0s grifos 550 nossos) a Apesar de nossos grifos e observacdes, que nao podem ser tomadas.co-- mo simples restrigdes, € de todo titil lembrar a importfincia ¢ o. grande volu: me de informagées.contidas no livro.:;.... . vo Rev. Inst. Eat. Bras?, SP, 31:161-167, 1990 165: Elle est dividido-em nove:densos:capftulés a saber: I-O habitat. I — As tribos:do:Uaupés no:perfodo histético. zs Atente-se* para‘‘as- cuidadosds observagées' sobré dificuldades de identificago € sobre as tribos da regifio ¢ sua localizacio (p. 25-39). © ‘l — Malocas (baxsasé-wi’seri)e povoados (maxka).. A indicagéo 6 feita através do topOnimo oficial seguido da denomi- nagdo em Tukano ¢ sua tradugao: IV — Distingio e classificagdo. ~ ‘Sao levados.em conta os caracteres: somiticos e, com maior ampli- tude, os elementos lingiifsticos, indicando o autor a existéncia de tés famf- lias lingtifsticas: Tukano; Arwake, Maki v= Observagées sobre a psicologia do fndio. Este capftulo: mereceria reparos por parte, de estudioso especializa- do, pois o sacerdote:envereda pelos perigosos:caminhos do preconceito, fa- zendo descuidados jufzos.de. valor. VI — Cultura material. Extenso (p. 171-252) e muito bem documentado estudo. A descri- glo da habitaciio, dos objetos, das: vestes, da alimentagéo, etc., obedecem as boas normas da modema etnogrefia. ‘Vi — Cultura do espfrito. ~ Por mais de 150 paginas (p.. 253-406) o autor vai descrevendo a “meméria topogréfica louvével”, as formas de. contar, os conhecimentos as- tronémicos, “‘nogGes bastante exatas de anatomia e fisiologia humanas”, 0 Papel do xamA (seus poderes, meios que- utiliza para‘curar, sua influéncia, sua posicio, efc.), artes musicais, “conceito de religifio”, festas religiosas, etc. ‘VII — Organizago social. “Tépicos principais: leis.de matrim6nio, divisio do trabalho, impo- sigfo do nome, iniciagfo masculina e feminina, nomenclatura de parentesco, organizagso do grupo local ou territoria, gtupo lingiifstico. — A’vida do:fndio.': O mais fraco dos capftulos cuida dos ciclos difrio, anual e de vida. — Estrutura da‘ tribo Tukano. Anthropos, Freiburg, 61 (1-2): 191-203, 1966. Primeiramente faz breves observagées sobre as “‘primeiras noticias e in- formagées dos habitantes dessa: regio” que datam do século XVII, deten- do-se-no Roteiro do Pe. José Monteiro de Noronha. . Diz’o autor que na “‘tribo Tukano’aparecem classes ou categorias de pessoas”, explicando que. a classificagao nfio € em razio da autoridade ou dos haveres. ‘Trata-se na realidade, aduz,'de uma classificag#o genealdgica. Apés elencar ‘as-“‘classes genealégicas”, resultado de informagdes do mais velho da tribo (Gabriel Costs), estuda os resultados dos efeitos acultu- rativos sobre as regras de classificagiio das “classes”. \gramaticais ‘da lingua Daxseyé ou Tukano. Sio Paulo, ‘Contro-de Pesquisas de Tanareté, 1966. 404 p: Cuidadoso estudo que, mesmo niio seguindo muito de perto os contem- Porfineos postulados’da lingistica descritive, nada deixe'a dever'aos traba- Thos do‘género. - A obra estf dividida em quatro grandes partes: I= : Fonologia (simbolos 166: ‘Rev. Inst, Est, Bras:, SP, 31:161-167, 1990: sons, acentuagao ¢ prosédia, fenémenos fonéticos); II — Morfologia (vocé- bulos, géneros ¢ ndmeros, artigo e declinagao, adjetivos e pronomes, o ver- bo, advérbios, preposigées, conjungées, interjei¢ées ou exclamacées); IE — Etimologia (partfculas de composigao); IV — Sintaxe (ordem dos elementos na proposigao, sintaxe do nimero plural, partfculas, graus de comparaciio, complementos, pronomes, expressdes enffticas ¢ idiotismos, verbos, propo- sigdes). Para o estudo de etnolingiifstica convém assinalar “‘fenémenos fonéticos nas palavras assimiladas do portugués” (p. 25-35). - _—A famflia lingiifstica Tukano, Anthropos, Freiburg, 68 (1-2): 304-310, 1973. Informa preliminarmente 0 estudioso: ‘A preponderfincia da tribo Tuka- no pode-se atribuir & uma dupla causa: 1 — o grande niimero de Tukano em relagéo ao das outras tribos, algumas das quais constam apenas de duas ou trés centenas de membros; 2 —a sua situagdo em uma 4rea to ampla onde se acham intercalados niicleos de outras tribos”. Diz ainda que “‘cumpre regis- trar que nessa rea trés tribos j4 perderam o préprio idioma e falam exclusi- vamente o Tukano, a saber: as tribos Miriti-Tapuya e Arapasu, pertencentes ao grupo Tukano, e a tribo Kumadene, do grupo Arwake. E a propria tribo Taryana, ainda que bem numerosa, quigd umas 700 almas, est em véspera de esquecer a Ifngua natal, que € atualmente falada pelos elementos mais idosos, acima dos 40 anos, pois a geragdo nova fala exclusivamente o Tuka- no”. © “Apés relacionar os componentes da famflia lingiifstica Tukano (em nif- mero de 23 segundo 0 autor) faz observag6es acerca das classificacées lin- giifsticas propostas por T. Koch-Griinberg ¢ Chestmir Loukotka, revendo-as atualizando-as. — Famflias lingiifsticas indfgenas da prelazia salesiana do Rio Negro @rasil). Salesianum, Roma, p. 655-670, jul./set. 1975. O autor reconhece trés dreas etnogréficas na Prelazia: 12) érea Tukano — bacia do Uaupés, incluindo dois principais afluentes, o Tiquié ¢ o Papuri; a 4rea se alonga pela Amaz6nia Colombiana; 22) érea Arvak — é a do alto Rio Negro, com seus afluentes o Igana ¢ o Xié; 3°) — area Guahafbo ou Yanoama (denominagio proviséria), € a rea do médio Rio Negro. — Uma explicagéo ~ notas ao Diciondrio Tukano-Portugués. sid. 16 p. O autor divulga longa série.de informagées sobre os dicionérios Tukano- ~Portugués e Portugués-Tukano, que deverio ser publicados postumamente, enfatizando as dificuldades de coleta e de transcrigo. . Para o processo aculturativo séo de muita utilidade as observagées sobre as “‘conseqiléncias da generalizagao do idioma Tukano”. ~ Idiomas ind(genas da Amaz6nia, . A Revista do Livro, érgiio do Instituto Nacional do Livro, por diversas vezes anunciou o langamento do estudo que classifica e localiza os grupos indfgenas (incluindo a rea fronteiriga da Colémbia), contendo um vocabulé- io de mais de 300 palavras usuais, em 38 Ifnguas indfgenas. — Mitologia e lendas do Uaupés. Estava em estfgio avangado de preparacio quando do falecimento do missiongrio. Contém cerca de 1500 paginas. Recebido em 03 de agosto de 1989 Rev. Inst. Est. Bras., SP, 31:161-167, 1990 167

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