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ress CRIM seem ye Lor) —_ a a= EDIFICIOS INDUSTRIAIS Projeto e calculo EM ACO GALPGES INDUSTRIAIS EM ACO © Copyright Editora Pini Ltda. Todos os direitos de reproduco ou tradugo reservados pela Editora Pini Ltda. Dados Intermnactonais de Catalogacao na Publicagso (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Boll, tony Helio Ecdficlos industriais em ago/lidony Bale. -~2.ed.—— So Paulo : Pini, 1998. Brojto de Oruigego Tecroéges FEM. Bil ISBN 85-7266-001-7 1. Construgdo em ferro e ago 2. Editicios industriais 1. TRulo, Indices para catilogo slstemitico: 1. Edifcos industrais: Construges em ago 693.71 2. Ago : Edficios industrials : Construgées 693.71 Coordenagao editorial: Mariza Passos Coordenagao de livros: Raquel Cardoso Reis. Projeto gréfico © servigos editoriais: AZ Editoragao Eltrénica S/C Lida. Paginaggo (2 edi): Fernando Ponzeto Alves ‘Capa: Lucia Lopes Revisdo: Josué Lima e Mauricio José de Oliveira ‘Servigos gréficos @ industtiais: José Pereira da Silva e Wilson T. Pinto Esitora Pini Lida. Fuua Anhaia, 984~ 01180-900 - So Paulo, SP Fone: (011) 224-8811 - Fax: (011) 224-0314 E-mailivros@pinicom.br ‘Wedigto, dezembroio4 tirager:$.000 exemplars eciigio, margo/O8 tragore 3.000 rampares ¥JVV.000000000000000000090000000000000000000000004 Nota do patrocinador AFEM cumpre agora uma etapa bastante avangada no processo de difuséo da construgéo metélica no Brasil. O presente trabalho abre, ‘em definitivo, a porta para o mercado das estruturas em aco, pols, além das generalidades, mostra como se desenvolve um projato & guisa de manual. 0 primeiro livro de cunho prdtico sobre 0 assunto, escrito por um profissional com mais de 30 anos de experiéncia no ramo @ aproximadamente 50.000 t projetadas: um dos pioneiros nessa atividade em nosso pals. proprio autor concorda que pretende desmistificar a estrutura metdlica, garantindo 0 acesso ao projeto, dos célculos e dos demais desdobramentos. Como precursora da estrutura metélica no Brasil, a FEM sempre primou pela formacao profissional, responsdvel pelo seu permanente desenvolvimento tecnolégico. Assim, durante muitos anos, manteve uma escola de desenhistas de estruturas metdlicas, formando profissionais que hoje prestam servigos em vérias partes do pals. Assim ocorre também com o treinamento de montadores, soldadores e outros profissionais. A participagao da FEM na edi¢ao deste livro, para ‘ocupar uma lacuna na bibliografia técnica, & conseqiéncia de seu pioneirismo. Hd algum tempo calu a primeira dificuldade que persistia no campo da construgaio metdlica, que era a escassez da matéria-prima, 0 afo: 0 pals hoje é um dos malores produtores mundiais. A segunda dificuldade era o acesso a Informagées técnicas cunhadas a partir da pratica profissional. Este livro de lldony Hélio Bellei cumpre esse papel. ‘Armando Guerra Jt, Presidente da FEM Apresentagao Conhego o autor, lustre engenheiro lidony H. Bellel, hd mals de duas décadas. No inicio de nosso conhecimento, ele jé era o responsdvel pelos projetos da Fabrica de Estruturas Metdlicas, tendo passado do desenho & chefia, em mais de 30 anos ligados 4 estrutura metdlica. Técnico altamente competente, alia ainda qualidades humanas que 0 fazem estimado por todos. Dentro desse quadro, recebi com honra e satistagao a incumbéncia de falar sobre ‘sou livro “Edificios Industriais em Ago", pols mesmo antes de folhed-lo sabia que ‘seria obra respeitdvel. Ao analisé-la, nao nos enganamos. .E um trabalho em que o autor transmite toda a experiéncia de uma vida ligada as construpSes metélicas, A obra 6 tecnicamente rigorosa, sendo ao mesmo tempo pratica. Seus 21 capitulos sdo ilustrados com mais de 600 referéncias @ tratam de assuntos normalmente ndo abordados por outros autores, como ventilagao natu- ral, escadas, sistemas de 4guas pluvials, projeto de execugao em oficinas e nogées sobre fabricagao. O livro 6 de muita valia no s6 para o profissional experiente como para 0 recém- formado, sendo inclusive excelente texto para as escolas de engenharia. Dentro de sua grandeza humana, o engenheiro Iidony sempre diz que recebeu muito da sociedade. Hoje, com sua obra, ele retribui 4 sociedade 0 que dela recebeu. ‘engenhelro Alu(zio Fontana Margarido novembro /1994 VUVVGVVVVV VV VUVUVUVOYUVYDVYVOVVVIIVUYVVYVVVVVUBUVUUE -Prefacio da 2? edigaéo Nesta edigdo fizemos uma ampla revisdo corigindo uma série de pequenos erros de colocagao, bem como de impressao, sendo que o contetido bdsico do fivro nao sofreu qualquer alteraga Esperando que esta edi¢éo tanto quanto a primeira, seja também itil aos profissio- nais, professores e alunos, estarei aberto a receber criticas e sugestdes no sentido de melhorar sempre o livro, para que 0 mesmo possa continuar a ser uma fonte permanente de consulta. O Autor Prefacio As raz6es que nos lavaram a escrever este livro se fundamentam, essencialmente, em transmit aos profissionais que militam no setor, e aqueles que nele pretendem se iniciar, nossa experiéncia de trés décadas em projetos de estruturas de ago, especialmente no setor de edificios industriais de porte médio pesado. Nosso objetivo foi fazer um livro prético, bem ilustrado, com mais de 600 figuras, partindo do pressuposto de que os profissionais tenham conhecimento basico das normas de célculo em ago. O nosso livro preenche uma lacuna, pois ndo nos detivermos simplesmente no cdiculo de pegas isoladas. Vamos muito além, apresentando todas as condi¢es para que 0 profissional ou estudante possa desenvolver um bom projeto de um ediffcio industrial com @ sem ponte rolante. O livro esté pautado em 21 capitulos. Vai da parte geral (cap. 1 a 5), passa pelas partes que compéem um edificio industrial (cap. 7 a 15), termina com o detalhamento, a fabricagéo, a protegao e a montagem (cap. 17 a 21), que sdo as outras fases necessérias & execugao das estruturas, sobre as quais damos apenas nogdes ge- rais, pois, devido a sua complexidade, merecem um livro & parte. Na parte de orientagao @ de céllculo, nos baseamos na espscificagao do AISC - ‘American Institute of Stee! Construction, no método das tensdes admissiveis, por se tratar de processo de cdlculo bem sedimentado, no qual tivemos a maior parte de nossa experiéncia. A longo do livro, fazemos varias referéncias 4 nova norma brasileira de ago NBR 8800, cujo método de céiculo é dos estados-limites, naquilo que ela normaliza ou especifica, independentemente do método de céilculo. Além da parte bésica, composta por 21 capitulos, introduzimos quatro apéndices, sendo: ‘A- Resumo e adaptagéo da especificagdo do AISC/89; B- Tabelas de comprimento efetivo de flambagem para colunas com inércia varidvel; C- Tabelas em geral de perfis, chapas de piso, trlhos etc.; D - Projeto completo com meméria de céiculo de todas as pegas que compdem um ‘edificio industrial com vao de 20 m, altura de 9 m, comprimento de 48 m e ponte rolante de 10 tf, em pértico de alma cheia. VUGUOV UU OVUV VUVVUVUVUVOQUUYVOUVUY UYU UVUYUYUUYVUYUUDQUOUUE —_—-_=-===-=E====_ Indice Capitulo 1 - Introdugao 1 1.1 = Histérico 1 1.2- Vantagens das astruturas de ago 1 1.3 - Campo de aplicagsio 2 41.4 - Fatores que influenciam o custo de uma estrutura 2 1.5 - Principais fases na construgao de uma obra 3 1.6 - Método de dimensionamento 4 Capitulo 2 - Agos estruturals e seus produtos 7 2.1 - Classiticago 7 2.2 - Propriedades de agos estruturais 8 2.3 - Prinolpais tipos de agos estruturals 12 2.4 - Produtos de ago para uso estrutural 14 2.5 - Comparago dos custos dos agos por produtos e sua resisténcia 19 Capitulo 3 - Ligagées com solda 21 8.4 - Introdugdo 21 3.2 Vantagens e desvantagens 23 43.3 - Classificagao dos tipos de solda 24 3.4 Resistencia minima do metal de solda 30 3.5 - Simbologia de soldagem 32 8.6 - Simbologia de exames néo destrutivos 42 3.7 - Inspego e controle de qualidade 44 Capitulo 4 - Ligagdes paratusacias 53 4,4 introdugéo 53 4.2 - Tipos de parafuso 53 4.3 - Conex6es tipo friogdo tipo esmagamento 56 4.4 - Resist&ncia dos parafusos 57 4.5- Amuolas 64 4.6 - Normas aplicavels 64 7 - Furos 64 .8 - Paga longa @ ligagSes de grande comprimento 65 .9 - Distancia minima de um furo as bordas 65 4.40 Espacamento minimo @ méximo entre furos 66 4.11 - Rosisténcia minima das conexSes 67 4.12 - Calgos 67 4.13 - Tipos de juntas parafusadas 68 Capitulo 5 - Cargas e combinagies de cargas 77 5.1 - Introdug&io 77 52 Carga permanente 77 6.3 - Cargas acidentais verticals (sobrecargas) 77 5.4 - Cargas devidas a pontes rolantes 77 5.5 - Cargas devidas ao vento 86 8 - Temperatura 108 5.7 - Combinagées de cargas para céloulo da estrutura suporte 108 Capitulo 6 - Edificios Industriais 111 6. 111 62 - Tipos de edificios industrials 111 63 - Ediffcios com vos simples 111 6.4 - Edillcios com vos miltiplos 118 6.5 - A construpgo como um todo 122 6.6 - Requisitos estruturals 122 67 - Pecas que compdem um galpao 123, 68 - Classificagdo dos galpoes 123 6.9 - Deslocamentos 123 6.10 - Juntas de dilatago 124 Capitulo 7 - Chapas de cobertura e tapamento 133 7.4 - Chapas de ago 133 7.2 - Chapas de aluminio 134 = Ghapas do fibrocimento 135, - Chapas transiicidas 135 ~ Chapas tipo sandulche 136 7.6 - Detalhes construtivos 137 Capitulo 8 - Tergas, vigas de tapamento, cumeelras e escora do belral 139 81 -Tergas 139 8.3 - Cumecira 145 8.4 - Tirantes das torgas 0 das vigas de tapamento (correntes) 145 85 - Escora do beiral 146 Capitulo 9 - Contraventamentos 151 9.1 - Dofinigao 154 9.2 - Contraventamentos horizontais 151 9.3 - Contraventamentos verticals 154 Capitulo 10 - Vigas de rolamento 161 10.1 - Definigio 161 10.2 - Tipos de segdo 161 10/3 - Rolagdes para pré-dimensionamento 163 10.4 - Flechas admissiveis 163 10.5 - Contraflecha 163 10.6 - Interfigaggo entre vigas de rolamento 164 10.7 - Resisténcia a fadiga 164 10.8 - Enrijecedores (nervuras) 164 10.9 - Soldas 168 10.10 - Tensdes locais em vigas de rolamento 170 10.11 - Informages adicionais 172 10.12 - Intartigagao de vigas de alturas diferentes 173, 10.13 - Ligagdo da viga com coluna 173 10.14 - Detaihes construtivos ndo recomendados 176 10.15 - Para-choque 177 10.16 - Tiihos 178 I VYVVOGV EVV ED VVVVUVUVVOVUGUVOVVYVOUYVUVOUVOVUYUVUVOBOVUL att Re ee ee eee ee ee Capitulo 11 - Vigas de cobertura 193 Introdupgo 193 Vigas de cobertura em alma chola 194 .3 - Vigas de cobertura em armapées (tesouras ¢ treligas) 196 11.4 - Espessura das chapas da liga¢do 8 espacadores 203 1155 - Detalhes construtivos 211 Capitulo 12 - Colunas 213 .1 = Definigso 213 .2 - Colunas de alma chela e altura constante 214 Colunas treligadas de altura constante 217 CColunas-suporte de Vigas de rolamento 218 Esbeltez limite 221 Emendas de colunas 222 Consoles em colunas 224 12.8 - Comprimento efetivo de flambagem 224 12.9 - Base de coluna 292 12.10 » Recomendagdes 247 Capitulo 13 - Escadas, corrimaos passadico 13.1 - Escadas 251 13.2 - Corrim&os 254 13,3 - Passadioo 256 Capitulo 14 - Ventilagao natural 14.1 - Consideragées gorais 257 14.2 Entradas de ar 258 14.3 - Saldas de ar 259 14.4 - Detalhes construtivos 260 Capitulo 15 - Calhas e tubos de desclda 18.1 - Dafinigéo 263 15.2 - Cathas 263 15.3 - Tubos 265 15.4 - Dimensionamento 265 Capitulo 16 - Fadiga 16.1 « Introdugao 271 7 16.2 - Faixa admisstvel de variagao de tensdes 273 Capitulo 17 - Detalhamento de estruturas de ago 17.1 - Introdugéo 281 17.2 Sistemas de detalhamento 282 Capitulo 18 - Nogées sobre fabricagdo 283, 18.1 - ConsideragSes gerais 293 18.2 - Principais etapas na fabricagéo 293 18.3 - Tolerncias de fabricagdo 301 Capitulo19 - Limpeza e protegao das estruturas 313, 19.4 = Introdugdo 313 19.2- Limpeza 313 19.3 - Protegéo 315 19.4 - Especificagao de pintura 317 19.5 - Informages adicionais 318 Capitulo 20 - Transporte 321 20.1 - Melos de transporte 321 20.2 - Arrumagées para transporte 321 20.3 - Gabaritos 321 Capitulo 21 - Montagem 325 21.1 - Consideragdes gerais $25 21.2 Principais etapas da montagem 325, 21.3 - Ligagbes de campo 327 21.4. Tensoes de montagem 332 21.5 - Estocagem no canteiro de obras 332 21.6 - Equipamentos 333 21.7 - Tolerancias de montagem 333 21.8 - Recomendagdes gerais 339 Bibllografia 341 APENDICE A Dimensionamento de elementos 345 APENDICE B ‘Tabelas de comprimento efetivo de flambagem fator k - 381 APENDICE C ‘Tabelas em geral 1a 45-391 APENDICE D Projeto completo de um galpo em pértico de alma cheia 441 VUVVVVOV VV VV VUVUUVUVUUVUVYVOVVVVVVIVVOVOVUVOVDOO000UL CAPITULO Introdugao 1.1- Histérico ‘As primeiras obras em ago datam de 1750, quando se descobriu a manelra de produzi-lo industrialmente. Seu emprego estrutural fol feito na Franga por volta de 1780, na escadaria do Louvre @ no Teatro do Palais Royal, @ na Inglaterra, em 1757, onde se fez uma ponte de ferro fundido. Porém, a sua grande utilizago nos edificios deu-se por volta de 1880 nos Estados Unidos, principalmente em Chicago. O inicio da fabricagao em ferro no Brasil deu- se por volta de 1812. Acredita-se que a primeira obra a usar ferro pudiado, fundido no Brasil, no Estaleiro Maua, em Niteréi, Fu, foi a Ponte de Parafba do Sul, no Estado do Rio de Janeiro, com cinco vaos de 30 metros, cuja data de construgdo 6 de 1857, estando em uso até hoje. A primeira obra em que se usou ago importado em edificios no Brasil fol o ‘Teatro Santa Izabel, em Recife. Como o Brasil 6 um pais em crascimento, o setor industrial 6 0 grande consumidor de estruturas metélicas, absorvendo a maior parte da produgao. Em 1921 fol implantada a Companhia Sidenirgica Belgo-Mineira para produzir fio maquina, arame farpado, perfis leves etc. Em 1940 foi instituida no Brasil a Comisséio Executiva do Plano Siderirgico Nacional, e em plena guerra (1941) fol fundada a Companhia Siderdrgi- ca Nacional, que entrou em operagao em 12 de outubro de 1846 com a finalidade de produ- zir chapas, trlhos e perfis na bitolas americanas, Para consolidar 0 mercado, entraram em operagdo na década de 60 a Usiminas @ a Cosipa, ara a produgéo de chapas. A partir dai, grandes expanses foram realizadas no setor siderirgico, produzindo o Brasil, hoje, perto de 25 milhdes de toneladas de ago. O Brasil, que até a década de 70 ainda era um importador de ago, passou hoje a exportador. Para ajudar a difundir 0 uso do ago nas construgées, a Companhia Sidertirgica Nacional criou, em 1953, como um dos seus Departamentos, a FEM-Fébrica de Estruturas Metall- as, hoje com sua nova razAo social FEM - Projetos, Construgdes e Montagens S.A., que iniciou a formagao de mao-de-obra qualificada e do ciclo completo do ago, com a fabricagao de varias obras importantes, tais como: Edificio Avenida Central, no Rio de Ja- neiro; Edificio Santa Cruz, em Porto Alegre; Edificio Garagem América, em Sao Paulo. Desde entdo foi surgindo um grande némero de fabricantes, projetistas, desenhistas e pro- fissionais do ramo. 1.2 - Vantagens das estruturas de aco ‘So as seguintes as principais vantagens das estruturas de ago: 1 Alta resisténcia do material nos diversos estados de tenséo (tragdio, compresséio, flex etc.), 0 que permite aos elementos estruturals suportarem grandes esforgos apesar da rea relativamente pequena das suas segdes; por Isso, as estruturas de ago, apesar da Die eee eee eee eee tH be = 2 Ecdiffcios industriais em ago sua grande densidade (7.850 kg/m), so mais leves do que os elementos constituidos ‘em conereto armado: 2- (Os elementos de ago oferecem uma grande margem de seguranga no trabalho, o que ‘se deve ao fato de o material ser nico e homogéneo, com limite de escoamento, ruptu- ra.@ médulo de elasticidade bem definidos. 3- Os elementos de aco so fabricados em oficinas, de preferéncia seriados, e sua monta gem 6 bem mecanizada, permitindo com isso diminuir 0 prazo final da construgao. 4+ Os elementos de aco podem ser desmontados e substituidos com facilidade, o que permite reforgar ou substituir facilmente diversos elementos da estrutura. 5 - Possibilidade de reaproveltamento do material que ndo seja mais necessario & constru- a0. ‘A pequena desvantagem dos elementos de ago carbono é a sua suscetibilidade a corro- ‘so, 0 que requer que eles sejam cobertos com uma camada de tinta ou seja empregado ‘outro método de protego. Para minorar este pequeno problema, as usinas nacionais estao fabricando os agos de alta resisténcia a corrosao atmosférica, tals como: USI-SAC 50.@ 41, COS-AR-COR 500 e 400, e Niocor, os quals apresentam uma resisténcia a corroso da ordem de duas a quatro vezes a do ago carbono, dispensando qualquer protegao, a ndo ser em casos especiais (regides marinhas e industrials agressivas). 1.3 - Campo de aplicagéo ‘Atualmente, as estruturas de ago s&o aplicadas em praticamente todos os setores constru- tivos. Entre estes, nos dateremos na aplicagao em galpées Industrials, nosso objetivo ao longo deste trabalho, onde desenvolveremos um projeto completo de galpao com ponte rolante. 1.4- Fatores que influenciam o custo de uma estrutura ‘Tradicionalmente o aco tem sido vendido por tonelada e, conseqdentemente, discutindo-se © custo de uma estrutura de ago impSe-se que se formulem seus custos por tonelada de estrutura acabada. $6 que se ignora o fato de grande ntimero de fatores que tém influéncia significativa no custo final, por tonelada, de uma pega de ago fabricada. No projeto, detalhe, fabricagéo e montagem de uma estrutura de aco, os seguintes fatores influenciam o custo de uma estrutura: a) selegao do sistema estrutural; ») projeto dos elementos estruturais individuais: €) projeto © detalhe das conexdes; d) processo a ser usado na fabricagéo ©) espociticagdes para fabricagao e montagem; £) sistema de protegdo a corroséo; 9) sistema a ser usado na montagem; fh) sistema de protegao contra fogo etc. Aselegao do mais eficiente sistema estrutural, compativel com 0 proceso de fabricagao, & fundamental para se otimizar os custos. Economia na fabricagdo e montagem sé é possivel como resultado de conexdes bem elaboradas durante a fase de detalhamento, de acordo VEEVVGVV LBV VUVUVOVOVOVOOGODOVDQIQVVVQGDOVODV000000Ub Intvodugao 3 com as premissas de projeto. A especificagao 6 a que maior influéncia tem nos custos de fabricago e montagem, onde se determinam a qualidade do material e as tolerancias requeridas. Outro item importante & a protecSo contra a corrosdo, que, em muitos casos, pode chegar a até 25% do valor da estrutura. ‘Se 0 projeto e o detalhamento néo so executados pelo fabricante, e este 6 desconhecido, 6 importante deixar opgdes no projeto para uso de conexdes soldadas ou parafusadas, ou, mesmo, 0 detalhamento propor solug6es altemativas de acordo com a sua fabricagao. Em geral, 0 custo de uma estrutura metélica pode sor apresentado da seguinte manelra: Projeto estrutural 1% a 3% Detathamento 2% a 6% Material e insumos 20% a 50% Fabricagéo 20% a 40% Limpeza e pintura 10% a 28% Transporte 1% a 3% Montagem 20% a 35% Outro fator que mede © custo de fabricagéo e montagem 6 a quantidade de estrutura contida em um desenho de fabricagdo. Assim, podemos dizer que se 0 peso das pecas. contidas em um desenho for menor-que 2 toneladas, a estrutura 6 lave 6 de custos mais elevados do que uma que contenha 8 toneladas por desenho. 1.5 - Principais fases na construgaéo de uma obra As principals fases que precedem a construgao de qualquer tipo de edificio, ou, mesmo, qualquer tipo de obra, sao: Arquitetura: Onde 6 desenvolvido todo 0 estudo da obra, materials de acabamento, mens6es, caracteristicas de ventilagdo, iluminagao, formato etc. Uma arquitetura de- senvolvida para 0 a¢o toma este material mais competitivo, tirando partido da sua me- Ihor resisténcia e menores dimensdes das segdes etc. Projeto estrutural: 8 onde se d& corpo ao projeto arquitetén:7o, calculando-se os elemen- tos de sustentago, ligagdes principais, tipos de aco, cargas nas fundages, especifi- cando se a estrutura sera soldada ou parafusada etc. E uma das etapas mais importan- tes, pois um projeto ruim pode causar prejuizo econémico ao fabricante © ao construtor. Vale aqui a citago do Johnstom/Lim. em seu livro "Basic Steel Design’: “Um bom projetista estrutural pensa de fato em sua estrutura tanto quanto ou mais do que pensa no ‘modelo matemético que usa para veriicar os esforgos intemos, baseado nos quais ele deverd determinar o material necessério, tipo, dimenséo localizago dos membros que conduzem as cargas. A “mentalidade da engenharia estrutural" 6 aquela capaz de visualizar a estrutura real, as cargas sobre ela, enfim, ‘sentir’ como estas cargas sao transmitidas através dos varios elementos até as fundagSes. Os grandes projetistas so dotados daquilo que as vezes se tem chamado “intui- (p40 estruturar". Para desenvolver a “intuigao e sentir, o engenheiro toma-se um observador arguto de cutras estruturas. Pode até mesmo deter-se para contemplar o comportamento de uma érvore Projotada pela natureza para suportar as tempestades violentas; sua flexiblidade 6 trégil nas folhas € nos galhos diminuidos, mas crescente em resisténcia @ nunca abandonando a continuidade, na ‘medida em que os galhos se confundem com o tronco, que por sua vez se espaiha sob sua base no sistema de rafzes, que prevé sua fundagso @ conexéo com o solo". Sondagens do solo: & de fundamental importancia para o delineamento das estruturas, pols se 0 solo 6 de ma qualidade o calculista da estrutura deve evitar engasté-la as er 4 Edificios industrials em ago 1.6- fundages, o que as tomaria muito onerosas. Porém, s8.0 sole for de boa qualidade, poder- se-la perfeltamente engastélas. Portanto, o tipo da solo pode definir o esquema estrutural. Detalhamento: Onde o projeto estrutural é detalhado pega por pega, visando atender ao ‘cronograma de fabricagdo @ montagem, dentro das recomendagdes do projeto, procu- rando agrupar ao maximo as pegas. Devido as particularidades de cada tabrica, no que diz respeito aos tipos de equipamento e porte, cada fabricante adota o tipo de detalhamento que Ihe 6 mals adequado. (Cap. 1 Fabricagdo: E onde as diversas partes (pegas) que vio compor uma estrutura séo fabricadas, usando-se as recomendagSes de projeto quanto a solda, parafusos, tole- rancias, controle de qualidade etc. Cada fabricante tem sua propria manelra de dar seqdéncia a fabricagao das pegas. (Cap. 18). Limpeza e protepio: Apés a fabricagdo, as pegas que véo compor a estrutura sao prepa- radas para receber proteco contra a corroséo e, apés a limpeza, a estrutura deve ser pintada ou galvanizada (Cap. 19), ou mesmo deixada no estado natural, se for em ASTM-A588 ou similar e a sua localizagéo assim o permitir, Transporte: E preciso, j& na fase inicial de projeto @ detalhamento, indicar 0 tamanho das pegas, procurando, dentro do possivel, evitar transporte especial, (Cap. 20) Montagem: onde as pegas vao se juntar, uma a uma, para compor uma estrutura, neces- sitando-se de um planejamento, visando especificar 0s equipamentos a serem usados, © ferramental e a seqdéncia de montagem. E 0 coroamento de toda a obra, 6 quando sabemos se houve ou ndo um bom projeto. A seguranga da estrutura pode ser determinada fazendo-se a combinagao de um bom projeto, bom detalhamento, boa habilidade na fabricagdo e bons métodos de monta- gem. A maneira de montar influi na economia final, uma vez que é durante a constru- G40 que na maioria das vezes as estruturas desabam. Pode-se dizer que uma constru- g40 desaba por causa da falta de estabilidade tridimensional. A maioria das falhas ‘ocorre durante o processo de montagem ¢ raramente depois que a estrutura esta pron- ta. (Cap. 21). Controle de qualidade: Atua em todas as fases, estabelecendo os procedimentos de solda, inspecionando pegas, verificando se estéo dentro das tolerncias de normas etc. ‘Manutengdo: Apés a conclusio da obra, é necessario fazer-se um plano de inspegao, 0 ‘que depende do local © uso das estruturas. Outro requisito de servigo importante é a média de vida da estrutura, juntamente com os problemas de corroséo, devido as con- dig6es atmosféricas, umidade e outros. Em seus projetos, o engenheiro deve evitar solugdes que acumulem agua e sujeira, para evitar corrosdo. Deve, também, deixar ‘acesso facil aos locais que necessitem de manutengdo de pintura e inspe¢ao por toda a vida da estrutura. Toda estrutura deveria ser visitada e inspecionada pelo projetista ou seu preposto apés um, trés, cinco, dez, quinze, vinte e mais anos. Método de dimensionamento © método de dimensionamento a ser adotado neste trabalho sera o Método das Tensées ‘Admissiveis. Quando o dimensionamento se efetua com base no Método das Tensbes ‘Admissiveis, considera-se que a estrutura, submetida as cargas previstas em normas, fun- clone nas condigSes normais de projeto. Uma estrutura tem a resisténcia necesséria se as tens6es causadas em seus elementos pelas cargas estabelecidas (por normas) nao ultra- passam as tensdes admissiveis estabelecidas, que s&o iguais a uma determinada parte da VELVIVGVVVV VU VOVVUVVVUVO9VOVOQVDVODQQV0000000000004 tenséo limite do material; esta 6 do ago. A relagdio entre tenséo de escoamento e tenséo admissivel chama-se fator de ‘seguranga. Fig. 1.1 = Curva - Carga de Deftexéo Indicando margem de seguranca O fator de seguranga previsto tem por finalidade absorver: 1 - Aproximagio e incertezas no método de anélises 2- Qualidade de fabricagéo 3- Presenga de tensdes residuais e concentrapo de tenses we 4 - Alteragao para menos nas propriedades fisicas do material 5 - Alteragao para menos na segdo transversal dos membros 6 - Locagao @ intengao de uso da estrutura 7 - Incerteza dos carregamentos Esta claro, entdo, que o fator de seguranga néo implica maior seguranga para car- gas maiores e sim muitos fatores envolvidos. Em geral, o fator de seguranga FS 6 dado por: PL= Carga limite targa admissivel do trabalho ATabela 1.1 mostra, de acordo com a equagéo acima, os fatores de seguranca dados pela especificagsio do AISC. O fator de seguranca 6 1,67 para barras tracionadas, 1,67 para colunas curtas, 1,92 para colunas longas e 2 ou mals para parafusos e soldas. Dentro da ‘mesma analogia, temos para vigas esbeltas 1,67 e para seg6es compactas 1,70. 4 4 t t ‘ ‘ 1‘ 4 ‘ t t ’ t ‘ 4 ‘ t ‘ | 6 Edificios industriais em ago Tabela 1.1 - Fator de seguranga para elementos estruturals rgatimite | Ca Fator do P| admisshelPa seguranga FA OF A eee OsFy ah - Para A36 . O.6Fy A Ful 4 == 26 OnFy 154 Regime eléstico F ‘bereno | MyeFyW | M,=06FyW —Y.167 Vigas ‘compactos) O6Fy Regime olistico | MP=FyZ Fy ewes (pers compactos) O66Fy W066 L RC cs Colunas: ‘Carga maxima. Férmula, t Petree (instabilidade) para L cotuna Fa180 + F.S=192 Resisténcia & Paratusos rupturapor | Depende do Maximo = 3.3 de alta cisalhamento comprimento 1,84 Ap.n resistincia | doumparafuso | dalunta Minimo = 2.1 ‘a325 untae a ‘esmagamenta) (* Baseado na especiticagio do AISC/O8 ©) As doformagées para a carga de ruptura do um membro tacionade sf tais, que 0 fator de soguranga indicado nestos ‘casos pode no ser signieatvo. HA, também, considerivels variagdes, dependendo do tipo de ago. HYVUVVOVELUVUVOVOUVYVOVGVVVVOVVDDOIVDDVONVQ000000004 GEL CAPITULO Agos estruturais e seus produtos 2.1 - Classificagao © ago & um composto que consiste quase totalmente de ferro (98%), com pequenas quantidades de carbono, silicio, enxofre, fésforo, manganés etc. O carbono é o materl- ‘al que exerce o maior efeito nas propriedades do ago. Suas propriedades s&o bem definidas. Entre elas, podemos citar: a alta resisténcia mecnica (comparada com qual- quer material dispontvel) e a dutibiidade (capacidade que o ago tam de se deformar ‘antes da ruptura), Os agos utllizados em estruturas so divididos em dois grupos: agos ‘earbono e aos de baixa liga. 1 Ago-carbono 0s ag0s-carbono so os tipos mals usuals, nos quais o aumento de resisténcia em ratapsio a0 ferro puro 6 produzido pelo carbono e, em menor escala, pela adigao de manganés. Em estru- turas usuals de ago, utlizarm-se agos com um teor de carbono equivalente maximo de 0,45%, para se permitir uma boa soldabilidade. O aumento do teor de carbono eleva a resisténcia @ a Gureza (redugao da dutiilidade); porém, 0 ago resulta mais quebradico @ sua soldabildade diminui consideravelmente. Entre os apos-carbono mais usados em estruturas, podemos car: © ASTM A36 e A570, e os ABNT NBR 7007, 6648, 6649, 6650; DIN S137. 2- Agos de baixa liga ‘Os agos de baixa liga so 0s agos carbono acrescidos de elemertos de liga em peque- na quantidade, tais como: niébio, cobre, manganés, silicio, atc. Os elementos de liga provocam um aumento de resisténcia do ago, através da modificagao da microestrutura para grdos finos. Gragas a este fato, pode-se obter resisténcia elevada com um teor de carbono da ordem de 0,20%, permitindo, ainda assim, uma boa soldabilidade. Entre estes, podemos citar como mais usuais: 0 ASTM A572, A441, os ABNT NBR 7007, 5000, 5004; DIN St62 etc. Com uma pequena variagao na composigao quimica e com adigao de alguns componen- tes, tals como vanddio, cromo, cobra, niquel, aluminio, esses agos podem ter aumentada sua resisténcia a corroso atmosférica de duas a quatro vezes. S40 chamados agos de aixa liza e alta resisténcia mecdnica e resistentes & corrosao atmosférica, sendo conhe- cidos também como acos patinavels. Entre eles podemos citar: 0 ASTM A588, os ABNT NBR 8920, 5921, 5008. As usinas nacionais produzem estes agos com os seguintes no- mes comerciais: Niocor, produzido pela CSN SAC, produzido pela Usiminas COS-AR-COR, produzido pela Cosipa 8 Edificios industriais em ago Fig. 2.1 - Perda de espessura om ambiente industrial egressivo 3 Agos com tratamento térmico Tanto 0s agos-carbono como os de baixa liga podem ter sua resisténcla aumentada pelo tratarnento térmico. Os paratusos de alta resisténcia utilizados na fixagao de estruturas so fabricados com ago carbono, sujeito a tratamento térmico (ASTM A325), bem como 0 ago de baixa liga (ASTM A490), : 2.2 - Propriedades dos agos estruturais Para compreender 0 comportamento das estruturas de aco 6 essencial que o calculista estoja familiarizado com as propriedades do ago. Os diagramas tensdo-deformagao repre- sentam uma informag&o valiosa e necesséria se para entendar como sera o comportamen- to do ago em uma determinada situagao. 2.2.4 - Tenséo - Deformagao ‘© conhecimento das caracteristicas de elasticidade, inelasticidade, fratura e fadiga de um ‘metal é bom para avaliar sua aplicagao para a construg3o de um membro estrutural e para determinado uso particular. Elasticidade 6 a capacidade que tém os metais de voltar a sua forma original apés sucessivos ciclos de carregamento e descarregamento (carga e descarga). A fadi- ga de um metal ocorre quando ele é submetido a solicitagoes repetidas de tensdes acima de sua capacidade limite, através de sucessivos ciclos de carga e descarga. Dutilidade é a capacidade que tem o metal de se deixar deformar sem sofrer fratu- ras na fase ineléstica, isto 6, além do seu Iimite eldstico (limite de elasticidade). Submetido a uma carga de tracao, em estado de tensdo simples, ocorre, no ago, um exato limite de escoamento sob uma tensao somente levemente superior a0 limite elastico. Os valores minimos das especificages do limite de escoamento, indice de ductilidade e quimica, acham-se estabelecidos pelas normas corras- pondentes. AAs propriedades mecénicas do aco estrutural, que descrevem sua resisténcia, dutilidade, @ assim por diante, so dadas em termos do comportamento de um teste de trago simples. A porgéo inicial de uma curva tipica de tensao-deformayao para um ago estrutural acha-se exposta na Fig. 2.2. A tangente a curva tensao-deformagao na fase elastica foi classificada com aletra E, por convengao, médulo de elasticidade. Toma-se o valor de E como 2.100 ti/ cm para as estruturas de ago. O limite de escoament.s, Fy, é a mais significativa proprieda- do que diferencia os agos estruturais para os quais se aplicam as normas. A tenséo citima ou de ruptura, Fu, baseada na reagdo transversa’ original, acha-se também registrada para a tens&o de ensaio. TR ARAN A ROO A ANE AAA SOD AIA AAR AES vive ‘Agos estruturais © seus produtos 9 CO limite de escoamento do ago varia algo com a temperatura, rapidez do ensaloe as carac- terfsticas do corpo-de-prova (dimenséo, forma eo acabamento da superficie). Apés 0 es coamento Inicial, o corpo-de-prova alonga-se na fase plastica sem mudanga apreciavel na tenséo aplicada. Por outro lado, escoamentos ocorrem em muitas regibes localizadas, as quals encruam o material, devidamente tensionado, de modo a forgar-se escoamentos em uma nova locagdo. Depois que todas as regides elAsticas jé se exauriram, com deforma- ‘g6es na base de quatro a dez vezes a deformagao eléstica, a tensdo comeca a aument=re Um encruamento mais geral ou tensionamento comega. O patamar de escoamento mostra- do na Fig. 2.2 6 peculiar dos agos estruturais tratados a frio. Os agos estruturals sfio incon- fundiveis quando se trata de dureza. 4 4 ri (ton?) ry 56 Fusdert P 49 — = a 42 ™ « as Hf Fea | Tr 5 ‘ 8 all 28 “ in.= in B 2 Mpa dona . rr t o7 [> . 3 : o AY . 7 24 6 8 10 2 4 16 18 20 Eh % » DEFORNAGHO Fus limite de resisténcia a trago Fy = limite de escoamento Fig. 2.2- Curves tipleas tensto-deformacio, obtidas a partir de um teste de trago para ago estrutural Dureza pode ser definida como uma combinagao de resisténcia e ductilidade. Depols que a fase de encruamento comegar, durante 0 ensaio de tenso, a tragdo continua a aumentar ; a extensdio inelastica do corpo-de-prova continua uniformemente (sem redupao local na * Area de secdo transversal) até a carga maxima atingida. O corpo-de-prova entéo experi- 1 menta um estricedo local e diz-se que houve um “estrangulamento” do corpo-de-prova. A tens&o nominal baseada na area original é entio classificada como “tensiio de ruptura” do material. Acapacidade do apo de resistir 4 deformago ineléstica, sem fraturar, também the ‘ permite sustentar a fluéncia local durante a fabricagdo e a construgéo. Desse modo, permi- te qua soja cisalhado, puncionado, ftexionado e martelado sem dano aparente. 7 2.2.2 - Constantes fisicas dos agos estruturais So praticamente constantes, na faixa normal de temperatura atmosférica, para qualquer ago estrutural, as seguintes propriedades: 9 = 7,85 vm? E =210.000 MPa = 2,100 tl/cm? Massa espectfic Médulo de elasticidade ; Coeficiente de Poisson no regime elasti Médulo transversal de elasticidade Coeficiente de Poisson no regime plast Coeficiente de ditatagao térmica 10 Edificios industriais em ago. 2.2.3 - Influéncia da composi¢éio quimica nas propriedades dos agos A composig&o quimica determina multas das caracteristicas dos agos, importantes para aplicagdes estruturais. Alguns dos elementos quimicos presentes nos agos comercials S80 conseqdéncia dos métodos de obtengo. Outros so adiclonados deliberadamente, para atingir objetivos especiticos. A composi¢ao quimica de cada tipo de ago 6 fomecida pelas normas correspondentes, em duas situagSes: composi¢&o do ago na panela e composi¢ao do produto acabado (lingotado); geralmente, a composicao varia um pouco de uma situa- g40 para outra. Ainfluéncia de cada um dos elementos quimicos, encontrados mals comumente nos agos, 6 descrita resumidamente a seguir. Deve-se levar em conta, entretanto, que os efeitos de dois au mais elementos, usados simultaneamente, podem diferir dos efeitos corresponden- tes a cada elemento isolado. Aluminio, quando adicionado a um ago acalmado com silicio, reduz a temperatura de transigdo e aumenta a tenacidade. A redugao de temperatura de transi¢ao pode ser obtida mesmo sem o silicio, com adi¢ao suficiente de aluminio (n&o superior a 0,2%). Adigoes excessivas de aluminio dificultam a obtengao do grau de acabamento superfi- cial desejado nos produtos laminados. O aluminio também restringe o crescimento dos gros durante um tratamento térmico. tA Ae ANDRA VAAN ARAL Carbono (C) é o principal elemento para aumento de resisténcia (e dureza). Em geral, cada 0,01% de aumento no teor de carbono aumenta 0 limite de escoa- mento em aproximadamente 0,0035 tt/cm?, Contudo, isto é acompanhado por redugo de ductilidade, de tenacidade e de soldabilidade, elevagao da tempe- ratura de transigao e aumento de susceptibilidade ao envelhecimento. Conse- qdentemente, o teor de carbono dos agos estruturais é limitado em 0,3% ou menos, dependendo dos outros elementos presentes, e da soldabilidade e da tenacidade desejadas. VION ee Cobre (Cu) aumenta de forma muito eficaz a resisténcia a corroséo atmosférica, para adi- 80 de até 0,35%. Aumenta também o limite de resisténcia fadiga. Reduz pouco a ductilidade, a tenacidade e a soldabilidade. = ‘Niébio (Ni), em pequenas quantidades, produz aumento relativamente grande no limite do escoamento, mas aumentos menores no limite de resisténcia. Reduz consideravelmente a tenacidade de elementos espessos. years Cromo (Cr) aumenta a resisténcia mecanica a abrasdo e a corros4o atmostérica. Reduz, porém, a soldabilidade. O cromo aumenta a resisténcia a deformagdo lenta e melhora 0 acompanhamento do ago a temperaturas elevadas, isto 6, com aumento de temperatu- ra.a redugao de resisténcia é menos pronunciada do que nos agos-carbono (até 500°C, aproximadamente). Secale» Enxofre, que entra no processo de obtengaio, pode causar retragao a quente, como resultado de inclusdes de sulfito de ferro, as quais se enfraquecem @ podem rom- per quando aquecidas. As inclusdes podem também conduzir & ruptura frégil, pois funcionam como pontos de concentracao de tensées, a partir dos quais a ruptura pode comegar. Teores elevados de enxofre podem causar porosidade e fissuragao a quente durante a soldagem. Normalmenta, 6 desejavel manter 0 teor de enxofre abaixo de 0,05%. Fésforo aumenta o limite de resisténcia a resisténcia fadiga. Reduz a ductilidade, a soldabilidade, e aumenta a temperatura de transiedo. Contudo, adigSes de aluminio au- mentam a tenacidade dos agos que contém {ésforo. ‘Agos estruturals © seus produtos. 11 Hidrogénlo, que pode ser absorvido durante as operag5es de refino, fragiliza 0 ago, de- ‘vendo ser eliminado por difuséo, através de resfrlamento lento apés a taminago, @ estocado a temperaturas normais de interiores. ‘Manganés (Mn) aumenta o limite do resisténcia, a resisténcia @ fadiga, a tenacidade @ a Tesistancia & corrosio, Reduz a soldabilidade. Retarda o envelhecimento. Opée-se a retragao a quente causada pelo enxofre, devendo, por isso, ser usado em teores que variam de trés a olto vezes 0 teor de enxotre, dependando do tipo de ago. Molibidénlo (Mo) aumenta 0 limite de escoamento, a resisténcia abrasdo e a resistncia ‘A corroso atmosférica. Melhora a soldabilidade. Tem efeito adverso na tenacidade & na temperatura de transig&o. Assim como 0 cromo, melhora 0 comportamento a tempe- raturas elevadas e aumenta a resisténcia & deformag&o lenta. Nique! (Ni) aumenta a resisténcia mecénica, a tenacidade e a resisténcia a corroséo. Re- ‘duz a soldabilidade. Nitrogénio aumenta a resisténcia, porém pode causar envelhecimento. Aumenta a tampe- ratura de transigao. Oxigénlo, assim como 0 nitrogénio, pode causar envelhecimento. Reduz a ductilidade ¢ a tenacidade. Silfcio aumenta a resistancia © a tenacidade, porém reduz a soldabilidade. E usado freqdentemente como desoxidante. Titanfo aumenta o limite de resistencia, a resisténcia a abrasdo e a resisténcia a deforma- ‘go lenta. E muito importante quando se deseja evitar o envelhecimento. Algumas ve- es 6 usado como desoxidante e inibidor de crescimento do grao. Tungsténlo aumenta 0 limite de resisténcia, a resisténcia a abrasdo e a resisténcia a deformagao lenta. E usado em ago para trabalho a temperatura elevadas. Vanddio (V), em teores de até 0,12%, aumenta 0 limite de resisténcia, a resisténcia & abraso ¢ a resisténcia a deformacao lenta, sem prejudicar a soldabilidade e a tenaci- dade. Algumas vezes 6 usado como desoxidante @ inibidor de crescimento do grao. Observagses: para relacionar a composigao quimica a soldabilidade, a influénoia relativa ide cada elemento & expressa em termos de carbono equivalents. Uma das expresses propostas para se determinar o carbono equivalente a seguinte: Mn Cr+Mo+v | Ni+Cu noare (os Me Sas Nesta expresso, 0 teor de cada elemento 6 expresso em porcentagem. Quanto maior for © carbono equivalente, menor sera a soldabilidade do ago. Em decorréncia, o resfriamento apés a soldagem tem que ser feito mais lentamente, as temperaturas de pré-aquecimento ¢ interpasses tém que ser maiores e toria-se mais necessério 0 uso de baixo hidrogénio. O ideal para estruturas soldadas € que o carbono equivalente fique abaixo de 0,45%. BS 12 Edificios industriais em aco 2.3- Principals tipos de agos estruturais No Brasil sfio usados, mais comumente, os seguintes tipos de agos estruturais: 2.3.1 - Agos para perfis, chapas e tubos - Série ABNT ‘A Tabela 2.1 apresenta os principals tipos de agos estruturais padronizados pela ABNT. Tabela 2.1 - Agos estruturals ABNT (perfls, chapas e tubos) 1 tom? = 10 KN/om? = 100 MPa. NBR 6648 NBR 5920/NBR Ea NBR 5000 ‘Chapas grossas de ago-carbont ‘Chapas finas de ago de baixa Chapas grossas de ago para uso estrutural | liga © alta resisténcia mecanica) de baixa liga e alta Classe! | FY Fu fesistentes a corrasio resistencia mecanica grau tiem? | tom? atmosférica, para usos Classe | Fy Fu G24 | 2,95 [3.60 estruturas (a fla quente) grau_| ttm? | tom? co-26 | 255 | 410 Classe/grau] Fy | Fu G30 | 3.00 | 4,16 Wert | Were gas | 3.45 | 4.50 | NBR 6649 praniscaad a ‘Chapas finas a trio : para uso estrutural Seer aH Tait iasseforau |e | were cum to forecidas em Se [Se [28] stn” se | 4m Tia Chapas finas de ago de baixa NBR 6650 liga @ alta resisténcia mecanica Chapas finas a quente [Gasser Fy Fu para uso estrutural grau tiem? | tficm® Classe Fy Fu Faa-s2 [3,10 | 4,10 gorau | tHleme | them F.260-35 | 340 | 450 CF-24 2,35 3,80 CF-26 2,55, 410 CF-28 2,80 4,40 cr-30_| 3,00 | 490 NBR 8261 Perfil tubular de ago-carbono, Paniensesreee formado a frio, com e sem NBR 5008 EEE NER Oar costura, de se¢do circular, ‘Chapas grossas de apo de ‘Agos para perfis laminados quadrada ou retangular, baixa figa ¢ alta resisténcia para uso estrutural para usos estruturais mecéinica, resistentes & Classe? | Fy Fo ‘Segao ‘Seqdo corosso atmostérica grau | tem? _| tem* Classe! circular quadrada para usos estruturais MA250 [2,50 | 4,00 lgrau ouretangular) |Ciasse Facade [ Fy | Fu AR-290 | 2,00 | 4.15 Fy | Fu | fy | Fu lgrau_| espessura |tvlome|ttiome| ARMS | 345 | 450 t/ce® | wom] terme tem| fize | t<19 [3,45 | 4,00 AR-COR B 2,90 | 4,00 | 3,17 | 4,00 2A 19 oe baad a {igeqbos rebtadas, paralusadas esoléedss §— | Bares tS 100) 550 Gauss | 200 | 360 ‘Agos estruturais e seus produtos 13 irie ASTM, SEHERSTN ieados ho Brasil. + Agos ASTM 1s7-Egrsrnipen vies att | capas 4 4 4 a ‘ a « 1 4 a « . ' “Todos ‘dobrada, dovdo a sua ductidedo orpos [| Gruso | 280 | 3.80 mua | 282 | 320 Redondo, ‘4500 - E ussdo ne tabrcacSo de hibos com © sam cost, par Ups redendoe, quarados ‘0 rotangulares. € empregado om dols graus. ara tubos oom costura sto empregados até 8 espessura de 12.5ramedidmetiode 258 mme | Tubes uadrado | Gua | 274 | 320 ‘Com costuraelé 10 mmo diimotro de 258 mm, ou Rolanguer | Grus | 323 | 408 ams | 296 | 408 ‘A501 - & usado tanto na fabcaglo de tubos | ‘com ¢ som costura, para tipos redondos, ‘quedrados @ retangulares. Tem a mesma | Tubos Todos os grupos 250° | 408 fesisténcia do A-S6. E empregado até 25 mm ‘do eepesaura, com metre variando de 12.8 oom. i Ports Gros t 02 aus | ass ‘nped 318 | 460 2a) et este oe rissa = <6 AS 3.8 | resetinca maior 0 ado om 7 = BA| (iice'grave, podando sor emoragado em | Che?2* 19 finas a trio, chapas zincadas, chapas finas a quente, chapas grossas, perfis laminados estruturais, tubos estruturais com e sem costura, barras redondas e barras chatas, perfis soldados e perfis estruturais em chapas dobradas. ‘Chapas finas a frio: Sao produtos com espessuras-padrao de 0,30 mm a 2,65 mm fomecidas nas larguras-padrao de 1.000 mm, 1.200 mm e 1.500 mm e nos comprimentos-padrao. de 2.000 mm e 3.000 mm, 6 também sob a forma de bobinas (Tab. 2.8), Leese ‘Agos estruturais @ seus produtos 15 [Produto| Norma Classe Grau Fy | Fu Classe ASTM DIN /ABNT/NBR| ttlcm? | ttiem'| _equivalente 7007 ‘MR-250 eal 2,50 A36 ‘ST-42, fi 7007 ‘AR-290 - 2.90 A572 GR-42 ‘ST-46 4 | peris | 7007 AR-345 - 345 As72GR50 | ST-52 ‘7007 AR-COR-345 A 345 A242GR1 - i 7007 AR-COR-345 B 3,45 A2M2GRZEAS8| - i 6648 C26 I 2,55 A836 ‘ST-42 1 6649/6850 cr-26 - 260 | 4.10 A36 sT42 5000 G-30 - 3,00 | 4,15 A572 GR42 - i |chapas} 5000 G35 - 345 | 450] As72GR50 | sT-62 « 5004 F-35/0-35 - 340 | 450| As72GR50 | ST-52 5008 1,202A tsi9mm | 3,45 | 4,80 A588 - ‘ 5920/5921 CF-BLAR, - 3,40 | 4,80 A588 - td 8261 Circular B 2,90 | 4,00 A500 GR-B « 8261 | Quadrado ou retangular B 3,17 | 4,00 A500GR-B Tubos | 9261 Circular c 317 | 427 A500 GR-B . 8261 | Quadraco ouretangular | 345 | 4.27 - ‘ (b8 Asuna naclnais produzemafoe do ata rellbncla mecinicao&coroato amoalrica, com oe sogutes noms - ‘comercial COS-AR-COR-500, Nocor, USISAC-50, quivalantes 20 ASB. . ; Tabola 2.5 Tabota 2.6 ‘ Peso Espessuras padréo kg Espessuras padrio 2 (mm) (3) (mm) 7 ch ‘ 0,30 2,36 1,20 2,98 4,50 Y 3,53 2,00 5 474 2.25 5,89 265 ' 667 , 7,06 3,00 : 8,32 3,35 ‘ 942 3,78 11,78 4,25 ‘ 13,35 4.50 35,3 14,92 4,75 37,3 17,66 6,90 39,2 20,80 Usos: Nas construgdes como complementos, sejam esquadrias, dobradigas, portas, baten- tes, calhas, rufos. Chapas finas a quente: Espessuras-padrao de 1,20 mm a 5,00 mm fomecidas nas largu- ras-padrao de 1.000 mm, 1.100 mm, 1.200 mm, 1.500 mm e 1.800 mm, @ nos compri- mentos-padrao de 2.000 mm, 3.000 mm @ 6.000 mm e em bobinas (Tab. 2.6) Usos: Em perfis de chapas dobradas, para construgao em estruturas metalicas leves e, principaimente, como tergas ¢ vigas de tapamento. 16 Edificios industriais em ago Chapas zincadas: Produtos com espessura-padréio de 0,25 mm a 1,95 mm, fomecidos nas larguras-padréo de 1.000 mm @ nos comprimentos-padrao de 2.000 mm @ 3.000 mm, @ também em bobinas (Tab. 2.7). Usos: Devidamente trabalhadas, como elementos complementares nas construgées, se- jam telhas para coberturas e tapamentos laterals, calhas, rufos, caixilhos, dutos de ar- condicionads, divisérias etc. normas técnicas: NBR 7008 e CSN-ZAR Tabela 2.7 Tabela 2.8 Peso 1 Peso Espessuras padro Espeseuras padrio ‘9 ‘en ‘rmm) (3) ; : om 2 a | gg 4 re 95 74158 . i 125 98.13 0.43 8,38 16,0 125,60 050 3.93 18,0 149,15 06s 5,10 Ba Hes 0: : ; 5 tee oan : 375 294,38 Att art Be ry 125 981 370 aa7'44 1155 1217 830 see's 195 15,31 Bo 88.78 7 Dimensées Designagéo (exemple) Perf d= 152mm H de 152x971 Perfil com d'= 152 mm 0.97.10 kgm 10 152 x 18,5 Perf d= 76.2305 mm Perfil com d = 162 mm 0 18,50 kg/m U de 203 x 17.1 Perf U d=762381 mm Perfl!U com d = 208 mm 217,10 kgim Cantoneira Ldo 50x6,3 de abas a =25.a203 mm Gantoneira de abas iguais, iguais 123425 mm com a= 50mm e t=63mm L.de 102x76x7,9 Cantoneira | axb=s0x640 Gantoneira de abas do abas 203x102 mm dosiguais com a= 102 mm dosiguals t-6a25mm b=76mmet=7,9mm SARA NANI ISENG vars VEN SEP OE SESE MNES NE

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