You are on page 1of 16
6 A ENTREVISTA DE ANAMNESE Monia Aparecida Silva Denise Ruschel Bandeira 6 iniciar 0 processo. psicodiagndstico, é fundamental a coleta de informagies aprofundadas sobre 0 avaliando, focan- do as areas mais importantes de sua vida € 0 motivas que o levaram a buscar atendimento, Para o levantamento dessas informacies, que irio fundamentar a formulagio das hipsteses diagnésticas inicials e, consequentemente, a ‘escolha de instrumentos ¢ técnicas a serem uti- lizados no psicodiagndstico, os psicdlogos, em geral, realizam uma extensa entrevista sobre a histiria de vida da pessoa, Em nossa pratica,! a realizagio desse tipo de entrevista inicial, deno- rminada “entrevista de anamnese”, tem demons- trado ser um recurso fundamental que subs todo 0 processo de psicodiagndstico. Aaanamnese é um tipo de entrevista realiza- da para investigar a historia do examinando, ou seja, 0s aspectos de sua vida considerados rele- vantes para o entendimento da queixa, Etimo- logicamente, a palavra vem do grego anammnesis, composta por “and”, que se refere & lembranga, 20 ato de trazer mente, juntamente com a rai. “mnesis", que significa recordar, fazer lem- bar Soares et al, 2014), Assim, anamnese sig- nifica trazer 4 consciéncia os fatos relacionados & queixa ¢ & historia do avaliando. Um de seus ' Na claboragi deste capitulo, muitos exemplos ¢reflexdes foram baseados em nossa pritca clinica, partcularmeate na atuagdo no servig-escola Centro de Avallagdo Psicolégica (CAP) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) principais objetivos é 2 busca de uma pos conexio entre os aspectos da vi o problema apresentado (Cunha, 2000), Para e tipo de coleta de dados, pressupoe-se que. mante detenha um conhecimento sobre a prigea vida ou sobre a vida de quem esté sendo sialic do, sendo necessario que ele recupere da memira ‘os eventos significativos questionados pelo logo. Na pritica, quando se avaliam crian anamnese é feita com os pais ou responsiveis.o caso de adolescentes, ela pode ser realizads co © proprio jovem, com os pais, ou com ambos,e= momentos diferentes. Quando feita com os paix, a anamnese deadolescentes pode ser compl tada e discutida com 0 jovem, Quando se trataée ‘uma avaliagéo com adultos ou idosos, o processo geralmente é feito com o proprio paciente ace- to em casos em que hi um quadro psicopatclig- co que compromete a qualidade das informacies como, por exemplo, em casos de depressio fro funda ou de problemas de meméria). ‘A anamnese & um tipo de entrevista clinics direcionada a investigar fatos e, por iss, 0 célogo tem uma posigao mais ativa nos ques namentos. Durante o processo, deve-se dost 9 uso de interpretagies ou mesmo de apontame> tos, pois é um momento de coleta de infra gies. Deve-se evitar posicionamentos a rs to do avaliando, que poderio ser oportunam retomados na devolucao dos resultados. A entrevista de anamnese tem carter i vestigativo, priorizando 0 levantamento de i= formacies cronologicamente organizadas ¢ & ! Digitalizado com CamScanner guiam a tomada de decisio sobre come prosse ir com a avallia nha, 2000). Por exe plo, no caso de um adolescente encaminhado a0 psicodiagndstico por queixa de dificuldades de aprendizagem, informagies sobre como foi a vida escolar na infincia sio essenciais. Ao se detectar aque as dificuldades ja estavam presentes nos pri- eiros anos de escolarizagio, as hipdteses iniciais do psicélogo podem se direcionar a uma poten- cial deficiéncia intelectual, reforgando-se a maior necessidade de uma avaliagio cognitiva, Quando asdificuldades nio estavam presentes na infincia ni hi indicios de prejuizos na funcionalidade ce. capacidade de se comunicar adequad te, autonomia para tarefas da vida diiria e para o autocuidado, entre outras), a identificagio dos possiveis acontecimentos que antecederam a difi culdade atual edo momento em que os problemas comegaram a ocorrer podem sugerir a prioridade deoutro tipode investigacio, como, por exemplo, a emocional ou comportamental. Contudo, muitas veres a cronologia da Ii téria de vida do avaliando nio € clara. Os infor- ‘mantes podem expor suas ideias € pensamentos deforma pouco organizada. £ nosso papel, entio, tentar organizar essas_informagoes em uma fordem cronolégica, ajudando o informante por ieio de pontos de controle da historia, Por exem- plo, se o informante nio sabe identificar quando defato comegaram a aparecer os primeiros sinto- mas (dade da crianga), podemos perguntar: “Isso foi antes ou depois de ela comecar a caminhar?”, “Antes ou depois de ela entrar para a escola?” ‘A anamnese geralmente é feita em forma de entrevista semiestruturada, ou seja, hi um roteico prévio contendo aspects essenciaisa serem abor- dados para orientar algumas perguntas, € esse roteieo vai sofrendo adaplagdes durante a entre: vista, O psicélogo tem flexibilidade para adequar as questies ao hackground socioeducacional do informante, bem como para adicionar pergun- tas que considere relevantes. Pode-se também fazer adaptagies no rotciro, de modo a deixar de questionar aspectos percebidos com ‘eis de resposta ou questies que ja foram respon: didas em um momento anterior, Por exemplo, frequentemente recebemos pacientes. que util Zam os primeiros minutos da entrevista como forma de descarga emocional de seu sofrimento, Nesses minutos, j§ abordam varios aspectos que everiam ser investigados por meio de um roteiro deanamnese, A sugestio, entio, éque o psicélogo Verifique se 0 que foi dito esté claro para ele ou rscomncntonen / 53 se & precisa snvestigar melhor alguns aspectin O paledlogn também pre focar a atenyén em quests que mais informativas acordo com a queixa relatada, Fin um can de tuma crianga com enurese noturna, por ezetn itu importante investigar de forma sais hada como acorreu o treino para conte d ddos esfincteres, tanto pelos pais cosmo por p que acompanham a crianga Antes de iniciar a anamnese, € necessisia estabelecer um rapport adequado com 0 infor explicando os objtivos geraisda entrevs: io e seu papel no proces- Em geral, iniciamnos essa sobre 0 motivo da busca da avaliagio, Dedicamos algum tempo para reforsar rticipagio do informante como algo essencial para o bom andamento do processo de avaliagio ce para responder as suas possiveis d célogo deve demonstrat in soa relata ¢ escutar com atengio 05 contetidos das narrativas que ela traz espontaneamente, Deve-se deixi-la confortivel e garantir que a “conversa” flua naturalmente. Nesse momento, o psicdlogo niio deve dar feedbacks sobre possiveis resulta- dos da avaliagio e deve ter cuidado com 0 uso de expresses ¢ entonagies que possam exprimir m como sua dur. so de psicod etapa pe cobranga ou julgamento, Durante a entrevista de anamnese, vamos construindo imagens e percepgies sobre 0 ava ando, estando cle presente ou nio, Alguns aspectos relevantes podem ser observados quan do 0 avaliando nio esta presente, como a visio do informante sobre ele ea forma como sio apre~ sentadas suas caracteristicas e dificuldades. Pode ser que, a0 final da entrevista, a imagem e as pet- cepgdes que construimos inicialmente se modi: fiquem de forma substancial ou se mantenham constantes durante as sessbes de avaliagio, A par tir do momento que entramos em contato com & proprio paciente, passamos a ter uma imagem de como ele de fato é,¢a observar como se comunica ta se sentir em relagao 3 queixa. A com: dda nossa percepgio advinda dos relatos com aquela observada © paciente ao longo dos ate ma rica fonte de informagio. 0 contato, Apesar de a entrevista de anamnese ter um papel fundamental no psicodiagnéstic ante consideri-la um recurso Ii encontro inicial com o avaliando ou cor explicita a queixa, psicélogo e informante sofrem influéncias reciprocas de experiencias prévias € impor- ado. No quem Digitalizado com CamScanner 54_/ wun, naworien, recat KRUG (0RGS.) de expectativas sobre 0 processo psicodiagnésti ios &estabelecer uma dlos principais d nunicagai que permita a ev centenclimento das q sua evolugio no tempo. E qu tar todos os dados relevantes da vida do aval ddo em uma entrevista, As informagoes sio filtra- das pela percepcio de quem é entrevistado e, por vveres, sujeitas a falhas em virtude de resisténcia, cesquecimentos, distoredes, omiss0es ot! manipt- lagdes intencionais, Além disso, nem sempre 0 psicdlogo esta ciente de todas as questdes impor- {antes a serem tratadas na entrevista de anamne- se, sendo necessirio retomi-las em sessdes poste riores do processo de psicodiagnéstico. Contudo, considera-se esse tipo de entrevista como um ponto de partida essencial. registro da entrevista de anamnese é um aspecto muito importante a ser considerado, ‘Opsicélogo precisa ter habilidades para perguntar, escutar, prestar atengio no informante e anotar 0 que cle diz. As respostas do entrevistado devem ser anotadas com exatidio e, preferencialment nas palavras dele a fim de se evitar interferéncias da interpretagao do psicélogo no registro. Anotar ‘20 mesmo tempo em que se escuta pode ser desa- fiador, podendo-se perder informacdes da obser. vagio e causar certo distanciamento do infor- mante. Confiar na meméria e anotar tudo apés a sessio pode ser arriscado, pois as informagies serio filtradas pela escuta do psicélogo, perden- do-se partes importantes da fala do informante (Benjamin, 2011). Uma alternativa pouco utiliza- ‘em Sudio da entrevista de ana As principais vantagens dessa forma de registro sio a fidedignidade dos dados coletados, podendo-se rever a gravagio ¢ confirmar todos os detalhes quando se tem dividas. Além disso, 0 psicilogo pode dedicar-se mais escuta e obser- vagio durante a sessio, As desvantagens podem ‘ocorrer quando, mesmo concordando com a gra- vagio, 0 entrevistado se sentir desconfortivel omitir detalhes importantes por causa do regis- tro em audio, Em alguns casos, se o psicdlogo Liver optado pela gravagio e perceber, durante a entrevista, que a pessoa esta se sentindo descon- fortivel, pode interrompé-ta e justificar o fato a0 informante. £ importante enfatizar que qualquer registro em sudio ou video tem implicagées ét cas, Deve-se sempre informar e pedir a autoriza- 30 do avaliando ou do informante para todas as formas de registro. Recomendamos que 0 con sentimento para o registro digital de informagées gi comum do do paciente ede feito por escrito © arquivado junto com os nentos produridos na avaliagio. Em rel hima regrasobre {quantas sesséies devem ser destinadas & enteevis. n nossa pritica de psicodiag néstico, costumamos destinar o tempo de uma sessio e, posteriormente, se houver necessidade de checar informagées adicionais, solictamos a9 avaliando ou ao seu responsivel que respondam as diividas que tenham surgido, Geralmente ui zamos uma parte final de uma das sessbes de a. Tiago para isso, Essas dtividas podem emergiran se escrever a histéria clinica ou no decorrer das ddemais sessdes, coma observacio ou o surgimen. to de novas informagoes do mesmo ou de outro informante, Pelo fato de o psicodiagnéstico ser um processo de duragio limitada, é preciso usar © tempo disponivel da forma mais eficiente poss vel. Em casos em que a historia clinica tem rigue- 2a de detalhes relevantes, como muitos aconteci ‘mentos na familia e na vida do avaliando, uma segunda sessio pode ser necessiria. Dependendo da drea em que o psicélogo tra balhe, alguns aspectos da anamnese sio mais importantes que outros. Cabe a0. profissional selecionar as questdes relevantes de acordo com os objetivos da entrevista, de modo a distinguiro que é fundamental daquilo que pode ser omitido na investigagao. Existem modelos de anamnese preestabelecidos para ajudar o profissional com algumas perguntas importantes. Por exemplo, os servigos de satide is vezes tém um roteiro de ana- mnese padrio para facilitar a coleta de informa- ‘Ges por profissionais que nio tém muita exper Encia. Na pritica clinica, o psicélogo deve ter um rotciro basico, mas sua experiéncia e seu conhe cimento do desenvolvimento esperado para cada fase da vida é que norteario a entrevista. A anamnese nao & uma técnica exclusiva do psicélogo. Na drea da saiide, ela € amplamente cla para 0 entendimento dos fatores enol processo satide-doenga, Nas diferentes m0 objetivo de buscar infor istoria da pessoa que orientem a el steses, a busca do diagndstico ea avaliagdo prognéstica, ESPECIFICIDADES DA ENTREVISTA DE ANAMNESE COM PESSOAS DE DIFERENTES GRUPOS ETARIOS A entrevista de anamnese nio segue a mesma e trutua para pessoas de diferentes grupos tir Digitalizado com CamScanner aos, i configurag mero de pessoas da f a ea ocupagio de cada membro, as nte doméstico, a rede de ido eas questoes referentes i qu da-se que seja feita uma investig. lianclo no sistema fan temente da idade, como familiares, on caracterist que pode ser ilustrada por meio de um genogr: = uma representagio grifica da familia (We 2000). Os leitores interessados encontrario apitulo especifico sobre genograma neste li ‘ro, Outros aspectos comuns a todas as entrevistas, de anamnese incluem: (a) evolugio da queixa seja,hi quanto tempo oavaliando apresenta 0 pe tema e se teve momentos em que ele foi mais ou menos comprometedor; (b) hist6rico de tratamen- tos de sade atuais e pregressos: (c) uso de medic mentos;(d) eletos do problema sobre @ funciona- mento psicossocial do paciente no momento at €(€) percepgio do examinando em relagio 3 que xa. Entretanto, alguns aspectos se tornam mais ou ‘menos importantes do que outros dependendo da ‘dade, 0 que implica a necessidade de adaptar 3 questoes da anamnese a essas especificidades ‘Naanamnese de criangas, a avaliagio da his téria pré e perinatal e o alcance dos marcos do desenvolvimento tém uma importincia central. Em relagio a historia pré e perinatal, sio impor- tantes informagdes sobre as condigdes de satide fisica e mental da mie durante a gravidez eap6s o nascimento do bebé, sobre a realizagio de acom- panhamento pré-natal e sobre possiveis intercor~ Fncias na gravider. (quedas, acidentes € outros eventos significativos). Também devem ser re trados detalhes sobre 0 parto, sobre as condi- Bes emocionais e de satide da mie neste momen- to, sobre as condigdes da crianga ao nascer, sobre © indice Apgar no primeiro € no quinto minuto, sobre as caracteristicas e capacidades iniciais do bebé, sobre a reagio dos pais, sobre a ocorrén- cia de conflitos familiares na época, entre outros. importante que sejainvestigada a possivel expo- sigio da mie a teratégenos, agentes que podem «ausar danos estruturais na fase embrionéria eno desenvolvimento do cérebro. Entre os principais teratogenos estio as doengas infecciosas, medi ‘amentos como antibidticos, anticonvulsivantes, antidepressivos ¢ antipsicdticos, 0 uso de drogas, 4 exposigio a substincias quimicas como radia- ‘40, chumbo, mereurio e fenilbenzenos, as defi- ciéncias de vitaminas ea subnutrigdo da ma Bravider (Belsky, 2010). psicoomacnosnico // 55 Em relagio ao des dleve-se explorar os inklicadores esperados para a idade, envolvenda o periodo de aleance de win marco dodesenvolvimento especificoea quali ravolvimento da erlang, a passou.a desempenharaque: decomaqueacr Ia habilidade. Questies 8 capacidades. linguisticas, motoras, cogniti vas, sociais, emocionais ¢ adaptativas. Em rela Tinguagem, pode-se questionar se a erian: ow nas primeiros meses, em que dade s primeiras palavras, qual a qualidade da equal a receptividade ds tentativas de conn nicagio pelo adulto, A investigagio dos marcos Iuir se a crianga engatinhow & mportantes referemse em que idade, quando comegou a andar, se teve problemas para manipular objetos ou locomioxer- se € s¢ jd houve o controle dos esfincteres dine no e noturno, As habilidades cognitivas podem ser avaliadas por meio de questdes sobre a cap: dade da crianga em aprender coisas novas, qua lidade da brincadeira, os indicios de criativida de, as dificuldades em tarefas do dia a dia ¢ 0 desempenho escolar, quando for 0 caso, & avalia 10 das interagdes sociais e dos aspectos emocio- nis pod inicial do bebs, a reciprocidade entre a crianga ¢ scus cuidadores imediatos, ¢ 0s lagos afetivos com outras pessoas mas, como irmios, parentes e colegas. Para riangas que ji entraram na escola, pode-se sstigar como reagiram & ampliagio das i bes sociais ¢& experiéncia de se separar de seus pais, Por fim, as capacidades adaptati set focadas no nivel de autonomia ¢ dependéncia da crianga para resolver tarefas do dia a dia prd- prias para a idade, como vestit-se, alimentar-se e pedir ajuda a outras pessoas para atender As suas necessidades. Quando a « comportamet lade, o psiedlogo deve estar icar se isso se deve a uma capaci de reduzida devido a problemas desenvolv tais oua fatores ambientais, como, por exemplo, superproteg’ cepgao deve ser discutida com os final do psicodiagndstico, mas nio no momento da entrevista de anamnese, Outros aspectos bas- tante importantes a serem considerados na anam- nese da crianga rel desmame, & al incluindo informagdes sobre com quem a crian- sadorme, seela tem o priprio quarto, entre outras ~ ea sinais especiticos, como chupar os dedos, roet as unas, enurese, encoprese, explosies de ra Digitalizado com CamScanner 56 HUIZ, RANDLIRA, TRENTINE f KRUG (ORGS, ) tiques, medos excessivos, pestd bhagdoe crueldade com animais (C Para quea fique muito exten- sa, 0 psicdlogo nio precisa perguntar sobre esses fatores mas pode fazer uma quest mais geral sobre se houve algum probl determinada area ¢ explorar respostas po do informante, Recomendamos a utilizagio de tum roteito bisico, que deve permitir a inclusio ow a redugio de questées de acordo com as infor mages que vio sendo coletadas na entrevista, Por exemplo, para investigar questdes motoras, iniciamos por uma pergunta geral: “Com que id de ele/ela comegou a caminhar2” e, se a repost for “Por volta de um ano de idade", nio nos dedi- amos a investigar com que idade firmow a cabs ‘¢2 ou engatinhou. Pressupomos que 0 desenvol- ‘vimento tenha sido conforme o esperado, ja q € previsto que a crianga caminhe por volta de am 10, eo aleance dessa habilidade mais complexa wdica o sucesso de etapas anteriores do desenvol- mento motor. Em caso de a crianga ser adotada, € necessi- rio tentar resgatar o maximo de dados possivel da sua historia pregressa, As vezes isso se tor- na dificil, especialmente em casos de adogaio em. que nio hi a identificagao dos pais bioligicos da crianga, Nesses casos, a triangulagio de dados de diferentes informantes na anamnese, bem como os dados complementares da histéria da crianga, :m muita relevanci ynammnese na em. Aeentrevista de anamnese com adolesc deve considerar as diversas mudangas que ocor- rem nessa fase, especialmente as hormonais, fisi- cas ¢ relacionadas & formagao da identidade. Os marcos do desenvolvimento na infincia devem ser retomados de forma mais breve e geral, bus- cando-se identificar se problemas ocorridos na infincia repercutem ou ainda persistem na ado- lescéncia. Deve-se dar atengao especial & sociali- 2agio, ao interesse em relacionamentos intimos, Ais questaes relacionadas & sexualidade, a0 his- torico escolar e aos problemas especificos dessa fase da vida. Erickson (1976) caracterizou a ado- Tescéncia como uma fase especial no processo do desenvolvimento, em que a confusio de papéis e as dificuldades para estabelecer uma identidade propria marcam a transigio entre a infincia ea vida adulta, Essa confusio de papéis esta relacio- nadaa virias crises é portanto, importante con- sideri-la em qualquer trabalho com adolescentes. Quanto & socializagao, as relagdes na ado- lescéncia tendem a se tornar mais amplas tes, importantes, Pode pais devido a contradigies de valores e interese, Fazenda os jovens se aprorimarem mals de am {408 € figuras de identificagio, Compartamentag ‘positores poem surgir ou se acentuar ness ae da vida, Na anamnese, deve-se investigar as re, {gdes do adolescente com os pais, irmios, amigr, colegas, figuras dle autoridade € de identificacin (Cunha, 2000), Além disso, deve-se investiga» interesse do jovem em relacionamentos intima, possiveis contlitos e dificuldades com essa tio € aspectos relacionados sexualideds, to importantes nessa fase da vida, A vida escolar também ocupa um pape de grande importincia na adolescéncia, se cipal ocupagio da maioria dos joven (0 desempenho académico pode ser um imger. tante indicador de potenciais problemas na vids dos adolescentes, sendo relevante analisar sui evolucio no tempo, Por exemplo, se o adolesces- te tem um mau desempenho escolar em viras isciplinas, destoante de um padrio anterior de aproveitamento, isso pode assinalar a presenga de eventos pontuais que comegaram a afetar avis do jovem em um dado momento. A identificago, esses eventos pode ajudar a formularhipéteses sobre 0 que aconteceu paralelamente 20 dec nio do aproveitamento escolar € que, prove mente, esti afetando também outros imbitos da vida do adolescente. Por sta vez, se 0 desenpe ino escolar é ruim, mas tem se mantido consan- te a0 longo do tempo, isso pode sugerir um déf- it cognitivo, o qual exerce uma influéncia mas duradoura e pode explicar os prejuizos do apo dizado. Também € vilido explorar os intereses gerais do adolescente, como seus hobbies, esi perspectivas de futuro profissional, além de su2 satisfagio diante desses aspectos e seu poten para realizar seus objetivos. Os niveis de atooo: mia, os sentimentos de autoes © possi wer um afastamente dig a eautoefiicis is conflitos com a aparéncia sio impor tantes € devem ser considerados. Comportames tos problemiticos, como fugas de casa, uso abu vo de alcool e drogas, eatitudes contririasis es enormas sociais, quando bem analisadas, pose suscitar hipdteses para 0 processo psicodisg0s* tico. Na anamnese com adultos, o desea mento nas fases anteriores da vida ¢ investiga em termos da possivel ocorréncia de protesss pregressos relevantes, sem grande detalhames As questes. mais importantes referemse demandas desenvolvimentais esperalas Digitalizado com CamScanner ca com ele. Na entrevista de anamnese, ¢ im a avaliada a qualidade das relac fo geal com a relagdo, 2 Sree sexual os padres ortamentais do casal, os pontos positivos ¢ blemas enfrentados. Para os adul- io estio em um relacionamento intimo, ¢ importante verificar as expectativas com esse tipo de relacio e a existéncia de relacionamen- tos prévios, em como suz qualidade. Casos d= . de novos casamentos, de perda do cén- tos qe in jage os de resistencia em se envolver afetivamen- tedever ser explorados com atencdo, pois podem fornecer elementos significativos para a compre- ensio ds queixa. Quanto 20 dominio da vids familiar, deve-se enfocara qualidade das relacbese de tarefas como administraro lar e dividir responsebilidades com 0s demais membros da familia. Deve ser dada atencio especial & relacio com 0s filhos, quando for 0 caso, e com as responsabilidades envolvides na maternidadelpaternidade. Possiveis proble- mas de relacionamento na familia, bem como a necessidade de prover cuidados continuos a uma pessoa doente, devem ser foco de atencio. Em relagio 2 vida profissional, que tem papel central na vida do adulto, merecem atencio 2 situagio ocupacional, a satisfagdo com 0 pré: prio desempenho na carreira, a concretiza¢io ou lode planos e metas de vida, a satisfacio com 0 trabalho e com as condigGes financeiras, ¢0s rela- cionamentos com a chefia, colegas ¢ subordina- os. Mudangas recorrentes de emprego, estresse 4 esgotamento emocional relacionados a0 tra~ batho devem ser considerados com atencio. No ‘caso de adultos aposentados, deve-se considerar Ot sentimentospredominantes nessa nova fase da Vida. Quanto a vida social, deve-se buscar infor- macées sobre a rede de contatos do adulto € a importincia que ele atribui aos seus relaciona- ‘mentos. Pode-se investigar a capacidade da pes soa em se divertir e fazer atividades em grupo Pera além do ambiente de trabalho. As alteragbes fisicas dessa etapa da vida também podem ser abordadas, assim como questbes relacionadas 4 fertilidade ¢ possiveis preocupacdes com a sai de. No caso de adultos de meia-idade ¢ idosos, pode-se abordar a adaptagio a mudancas fsicas, indesejadas, como aquelas relacionadas a hormo- nios (menopausa ou andropausa), envelhecimen- to da pele e diminvicio da forca fisica, Na ana- mnese de adultos também é importante abordar fo enfrentamento de mudangas ocorridas 20 lon- go dos anos, bem como reacbes diante de crises, adversidades e outras situacbes criticas ¢ estres- santes (Cunha, 2000). Na anamnese com idosos, & importante considerar aspectos do envelheci- to ¢ perdas ocorridas ao longo da vida que possam estar relacionadas & queixa. COM QUEM DEVE SER REALIZADA A ENTREVISTA DE ANAMNESE? Quem devemos contatar como principal infor- mante na entrevista de anamnese é uma decisio importante. A escolha geralmente ¢ baseada em variiveis como a idade do avaliando, suas capa- cidades intelectuais no momento da entrevista, 0 grau de autonomia ou de limitacdo no exercicio de atividades da vida didria e 0 interesse em cola- borar. Quando sio criangas a serem avaliadas, 0 mais indicado é que se chamem os pais. Na maio- ria das veres, é a mie quem comparece, ¢ é ela que, em geral, passa mais tempo com ofilho eob- serva o seu desenvolvimento, Entretanto, deve- -se preferencialmente chamar ambos 0s pais, no priorizando o comparecimento de um tinico res- ponsivel para a primeira entrevista. O psicélogo pode tender a chamar somente a mie da crianca ‘ou quem procurou o atendimento, mas pai e mie podem ter perspectivas complementares. Os pais podem, também, jé no primeiro momento, reve lar percepgdes diferentes sobre a crianga ¢ incon- sisténcias na forma de lidar com ela, dado que po- de ajudar na compreensio da queixa. Em casos de pré-adolescentes, além da anamnese com os pais, pode-se fazer uma entrevista com o jovem, enfo- cando brevemente as queixas apresentadas pelos responsiveis para verificar a forma como 0 ado- lescente percebe e experimenta esses possiveis problemas. Na entrevista de anamnese de adolescentes, por vezes a escolha do principal informante se configura como a tarefa mais dificil, Por um lado, coadolescente ji temas habilidades e competéncias Digitalizado com CamScanner 58 // wi, wanouna, writin eeu (ove) necessitiay para falar sobre si, € po mentos sobre sua vida e sobre as dif problemas que o trazem 4 avalia {0 fatores como interesse e motivacio para o caracteristicas da personalidar i" ui conheci uldades ow tretan- nitiva, entre outras, vio estabelecer se ele ser’ 0 principal informante ou se seri melhor charmar m responsive, Assim, no ha uma regra geval sobre quem é 0 melhor informante para 0 psico- diagndstico de adolescentes. & escolha vai depen- der de quem elaborou a demanda, de quem pro- curou o psicélogo para a avaliacio, de qual ¢ a queixa principal, de qual &0 interesse do avalian- do, etc. Por exemplo, seo adolescente iniciar uma avaliagio por queixas de comportamentos perce- dos como opositores, ele pode se recusar a falar sobre isso ou nao considerar 0 fato um proble- ‘ma. Em casos em que o jovem sera avaliado por queixas de dificuldades de aprendizado, ele pode estar interessado em descobrit as causas des- sas dificuldades e ser muito cooperativo. Alguns adolescentes nao estardo cientes de como foi sew desenvolvimento nos primeiros anos e, nessa hipétese, chamar os pais pode ser mais informa- tivo, Portanto, o psicélogo deve considerar varios fatores para decidir com quem fazer a entrevis- ta de anamnese, ou, 0 que seria ideal, entrevistar tanto adolescente como os seus responsiveis. A comparagio de perspectivas costuma ser uma fonte rica de informagoes. No caso de fazer aana~ _mnese com os pais, o psicélogo deve ser honesto falar com o adolescente no primeiro contato, em linhas gerais, sobre 0 que foi dito a respeito dele, visando estabelecer uma relagio de confianga. (0 jovem pode ser incentivado a dizer se concorda com o que foi dito e fornecer asta visio dos fatos. Em caso de psicodiagnéstico de adultos, a anamnese & geralmente realizada com proprio avaliando, exceto quando ele tem limitagdes inte- lectuais consideriveis ou quando um problema o impede de ser o principal informante. Por exem- plo, pode ser que 0 adulto seja muito introverti- do, ou esteja muito deprimido, e ndo consiga falar sobre a queixa ou sobre os dados de sua histé- ria, Nesse caso, &entrevistada uma pessoa proxi- maa ele, que conhece bem a sua historia, como pais, cOnjuge, um parente, um filho ou mesmo ‘um amigo préximo. Em todos os tipos de anam- nese, 0 psicdlogo pode considerar @ necessidade a viabilidade de consultar diferentes informan- tes, Quando o avaliando é um idoso, a anamnese também pode ser feita com o proprio avaliando FONTES COMPLEMENTARES DE INFORMACAO cumentos deco: outros. As vezes é dif esses documentos consigo paraa pei vista, Recomendamos que seit do material, sempre com conse: mante, para uma andlise posterior dos doco: tos. Essa anilise demanda tempo e talv logo precise da ajuda de outros profission interpretar os resultados. Exames neurologicos, genéticos, psiguis= cos, fonoaudiolégicos, entre outros, pod: recer muito sobre a queixa do paciente, nar hipoteses diagnésticas e melhorar 2 da avaliacio. Por exemplo, o fato de a criancatz histérico de repetidas crises convulsivas re gaa hipotese de um déficit cognitive. Ainds, 205 casos em que o pediatra descarta uma protien tica orginica em criangas com enurese ¢encopee se, reforga-se a necessidade da avaliseio de 06 veis causas emocionais ou comportamentsis pat 6 fendmeno, Outro exemplo: entender que pes as diagnosticadas com deficit do processames? auditivo podem apresentar sintomas de des! slo e dificuldades em tarefas escolares de let ra e escrita ajuda o profissional a ni interprett 60s sintomas como exclusivamente relacionades2 outras psicopatologias, como transtorno de det cit de atengdo/hiperatividade e transtorn0s ese cificos de aprendizagem. Em alguns casos 2° ler os exames ou relatos de tratamentos prévios © psicélogo pode optar por fazer contato oom ‘outros profissionais que atenderam ou est30ate> dendo o avaliando, Para qualquer contato 6 Digitalizado com CamScanner jog) hasan, tee MHA ANAT a AN SHANNA Nae HAT NAN ANKE eave mwas enveanesy ena egseteyy Nha Soe NNO E SAMOA Piowlaizilos Par pee Spoons EHNA NTH LOH AMUN Hoe AN SeAAN DNC eve ao avaThan ay ealeniay seals Nie se yenatiot al guatiante dt ese tita Speannninto ais avatiantla pan escteyen cap har essen psedonnas bot onnta sasatiticnldades eon ations egnnations, Chnstatay, pelo boaletin, goo semana toa tas mnetias a allay para todas neal naticas pode ajar 0 psieslo go a kevantar hipwteses a serem avatliadas, Pare: Se paniessonss Sho fg Sumas eveeto naguelas que envely mente tite parse 2 do comportamento ¢ do desempe sao na conterto escolar, Produgses podem ser muito wilidas, carater literirio ¢ artistico (Cunha, Desens, textos, pinturas ¢ outras produ shes pagem sugerir aspectos do desenvolvimento jo na época ¢ a circunstincia em que -am, podendo ser analisados em termos de 1s30 até o momento da entrevista. Os registros digitais, por meio de fotos € videos, também podem ser fontes preciosas de f Alem de trazerem registros do com- :amento em um ambiente natural, eles permi -essar informacoes pregressas do avalian- do que nio foram observadas pelos informante: Com a grande expansio das tecnologias na atua lidade, as familias costumam ter muitos regis 110s de aniversirios, festas e eventos cotidianos. A andlise desse material, ainda que trabalho- ‘2, pode aumentar a qualidade da investigagio e direcionar a escolha de testes € tarefas para 0 psicodiagnéstico, Ainda, pode ser itil a obser- va¢io do avaliando em ambiente natural, como ‘em casa, na escola ou em outros locais relevantes. Essa necessidade deve ser avaliada em fungio da quantidade e da qualidade das informagdes cole- tadas na anamnese e durante a avaliagao. AIMPORTANCIA DOS CONHECIMENTOS TEORICOS PARA A REALIZACAO DA ENTREVISTA DE ANAMNESE A entrevista de anamnese exige conhecimentos de seas diversas, como desenvolvimento hu no, técnicas de entrevista, processos psicolégicos « psicopatologia. O conhecimento especializado wvconnacntenen 59 rae tan ay yierquntin © ajinbar or paid « anal vit a relat dev entrevista thin de evel ever anper tus de tnteresse CO patedlogie deve ter conbeclnentes sath Henton aubrey fendinenes avatiades ou huveat fesses conliec MeHTOy pant a CoHnipteensien pa Trlr alos dados coletadas, Por eremplo, ena acta quan meses, 08 cailoga deve issn nin & 0 habitual e pee eunte entender ox motivos de tal decisin, bem dla erlanga, Da mesma forma, se @ experado que a crianga caminhe ese fog 1 apoio por volta de (0 psicdlogo deve investigar os casos que mv muito dese padrio, ‘Também & importan © que 0 profi tenha conhecimentos sobre eventos recorrentes, na clinica, como a aga dos psicof Cos, setts efeitos colaterais e suas possivels interferéncias no desempenho em testes ot na sintomatolo: gia do paciente, Por exemplo, doses altas de psi coestimulantes, que podem ser utilizados p. 6 tratamento das altera hipe- ratividade em pacientes com a sindrome genéti- ca do X-frigil, podem ocasionar tiques motores. ‘O conhecimento das caracteristicas dessa sindro- me e dos efeitos colaterais do medicamento per- mite descartar a hipdtese de transtorno de tique. Além disso, um entendimento basico de exames médicos ow a consulta a alguém que detenha esse conhecimento pode ser fundamental para a boray 10 de hipoteses diagndsticas. walia Para a pritica de anamnese e para a 40 psicolégica, sugerimos que 0 psicélogo faga leituras basicas sobre o desenvolvimento infan- til e ao longo das diversas faixas etarias. Podem ser realizadas pesquisas em sites confiaveis, com responsiveis técnicos identificados, como 0 da Sociedade Brasileira de Pediatria e 0 do Mit tério da Sade. Além disso, recomendamos que sejam feitas consultas a manuais diagnésticos, como © Manual diagndstico ¢ estatistico de trans- tornos mentais (DSM-5) ou a Classificagto in nacional de doengas e problemas relacionados 4 satide (CID-10). Além disso, & importante a atualizagao em resultados de pesquisas re publicadas em fontes contidveis. Em websites bra- sileiros, as methores fontes nibilizam periddicos cient Portal de Periddicos da C goamento de Pessoal de cos, como ordenagio de Aperfei- vel Superior ( Digitalizado com CamScanner 60) sw, waworina, aerate U6 (OPE) Alen dle consultar livros elissicos sobre psicolos' desenvolvimento, o psicdlogo pode fazer bus lexadios em bases como a Biblio Satide (BVS). Deve-se estar at mo artigo est publi ificas (p. eX cas de artigos teca Virtual em $ A qualidade da revista em que & «ado, baseando-se em avaliagbes cient Qualis-CAPES). INFORMACOES INSUFICI JENTES E FATORES DE CONFUSAO NA ENTREVISTA DE ANAMNESE As vezes, podemos fazer entrevistas de anamnese pouco esclarecedoras. Pade acontecer de o infor mante | fornecer dados insuficientes, devido A con- fusio, a omissio proposital, Adiscordancia de que a queixa seja um problema, is dificuldades em re- Iatar os fatos ou ao simples desconhecimento. Hs, ainda, casos em que os acontecimentos sio relata- dos de forma descontinuada no tempo, sendo di- ficil entender o que precedeu ou 0 que foi conse- ade um determinado evento. ‘Nos casos em que a anamnese é pouco infor- mativa ou confusa, torna-se necessario recorrer & outras fontes de informagio para tentar recons- tituir a historia do avaliando. Na pratica clinica, recebemos criangas que vivem em abrigos ¢ que no tiveram contato com os pais apds 0 nasci- mento, ¢, nesse caso, perdemos todas as informa- oes sobre a gravidez, sobre a historia da familia biolégica ¢ até mesmo sobre o desenvolvimento icial. Quando as criangas estio institucionali- zadas, & comum que a anamnese seja feita com um profissional da instituigio, como um psicé- Jogo ou assistente social, que sabe muito pou- co sobre a histéria do examinando, Quando isso corre e no conseguimos falar com os familia- res, precisamos basear a avaliagio nas poucas informagées coletadas ¢ levantar hipéteses con- siderando 0 desenvolvimento do avaliando no momento atual, £ necessirio expertise para mon- tar um quebra-cabega, ou seja, juntar as informa- ées disponiveis e relacioné-las com as observa- ‘goes ¢ os dados coletados durante as proximas sessies do psicodiagndstico. Esse esforgo pode ser muito relevante, porque, ao reconstiti t6ria clinica, mesmo que em parte, e ao escre- ver sobre ela no documento decorrente do psico- diagndstico (p. ex. laudo ou parecer), o psicélogo estard ajudando outros profissionais que atendem a pessoa e que possivelmente enfrentam as mes- mas dificuldades, Nas entrevistas de anamnese, & comun , de informaghes divergentes sobre ahistn, 5 se comparar duas perspectiy, ‘0s encaminhamentos por esaly nilia ou 0 avaliando di, cordam da ex! da gravidade do prob. sna apresentando. As divergencias podem corr, tm virtude de variagdes do comportamento ex erentes contextos (p. €X. a crianga pode per. bar os colegas na escola, mas ficar quieta ex casa assistindo TV ou jogando videogame), pl, quantidade de tempo que 0 informante pass Gam o avaliando, ou por interesses relacionado, J avaliagio (0s pais podem esconder informaces, do psicdlogo por temerem um possivel diagns. tico que implique o encaminhamento do flho m tratamento medicamentoso). Os informant, podem ter, portanto, percepgdes e interesses que influenciam seus relatos, e 0 psicélogo deve estar sempre atento, pois isso pode levar a conclusies precipitadas e erréneas. PROCEDIMENTOS PARA AUMENTAR A QUALIDADE DAS INFORMACOES DA ANAMNESE do ava Nao sio raros Conforme relatamos, as informagdes coletadas na entrevista de anamnese podem estar sueitsa diferentes ameagas & sua validade. Além da con sulta a diferentes fontes de dados, alguns cuida- dos podem ser tomados para aumentar a qualida- de das informagies. Ja no inicio da entrevista, é importante que o psicdlogo esteja atento ao nivel socioeducacional do informante, de forma aade- quar as perguntas ao seu vocabulirio, Em todas as entrevistas, termos técnicos devem ser subst tuidos por outros que sejam de simples compre ensio ou devem ser devidamente explicados. Por exemplo, quando questionamos sobre os indices Apgar recebidos pela crianga no primeiro e 20 quinto minuto apés o nascimento, é comum que alguns pais fiquem em davida quanto a respos ta, Entretanto, quando explicamos que é0 nime- ro dado pela equipe médica conforme as cont goes de satide da crianga ao nascer, normalmeate a resposta é fornecida, Em caso de confusdes, informagies diver- gentes ou tratégia bastante Aitil é perguntar a mesma questio de diferent formas ¢ em momentos diferentes da entrevist2. A mudanga de vocabulirio pode favorecer outs associagdese memérias deaspectos ni relatadss ncompletas, Digitalizado com CamScanner jgimento de respostas novas ou nos Hate icélogo pose ter dificuldades Pais como 0 informante 1 Thaver entrevistados snuito pro c prendem aum Jonge Carag) com vs ease demoradas sobre spc expen oes P mbém pessoas que fogem cons tratando de questies nio ‘momento ou desviando sous que ni0 0 avaliando, en pes informants 0 P6080 pode ter de a re ormaassertiva €retomar 0 objetivo das Fo empo limitado da entrevista deana- ro extremo também acontec cguito conciso e exprime su8 ‘am nimero reduzido de pala- potas muito diets. Com eses para oulras Pes nese. Out Fe ehia doo informante percepsio com tras ou COM FCS] Mipemantes, € preciso incentivar a fala espon are, sendo ti a retomada do que foi fala- dirpela repeticio de uma palavra-chave segul Se por inerrogacio. Por exemplo, a mie afirma gue desenvolvimento da lingusgem foi normal. oe atevistador questiona "normal?" esperando gue da fornega mais detalhes sobre o que 01 dito, Emalguns casos, perguntas complementares pre- thario ser feitas, do tipo “o que vocé considera Sormal?” ou “como foi o desenvolvimento com- parando com um irmio ou colega?”. O forneci prento de marcos referenciais pode ser ail para sjudara pessoa ase lembrar ou 2 fornecer deta- Thes que ndo foram bem pensados anteriormente. ‘As perguntas que sugerem respostas diretas, do tipo sim ou nao, devem ser evitadas na anam- nese, Também se deve limitar 0 uso de questdes que possam induzir 0 informante a confirmar ‘uma percepeio do psicélogo, que nem sempre € verdadeira. Além disso, em caso de informantes que falam pouco, o entrevistador deve ter cuida- do para no completar frases ou mudar 0 foco das perguntas antes que uma resposta satisfa- ‘ria e completa seja dada. Em situagdes como «ssa, 0 psicélogo pode se sentir ansioso e procu- ‘ar auxiliar o informante, mas deve conter-se, a fim de nao interromper 0 fluxo de pensamentos do entrevistado ou de quebrar um siléncio inc6- modo quando ele sugere reflexao ou elaboragio. incom ‘ear, informante pode se sentir incmodadn¢ chor «€esportant ge 0 pl oss confortvel para isso. Nesses ientos, pode-se dar uma pequena pausa na ‘entrevista, retomando em seguida com as adap- lashes necessarias. A observacio & um recurso muito tear ac além das infor. A quali depende do en informado. Deve-te ter cuidado cado de palavrase expressses utsdas pet do que ponsam ter diferentes sentidos py © pricdlogn. O conkecimento do socabuline ¢ © dominio da mesma lingua do tara endimenta correto orreta daqu lo que é nifi- es usadas pelo entre litio e a do informante nio culdades de com- Essas dificuldades ssoas de condighes ito difecen- tras do informarac¢ buscar commends sen tido empregado tower wun dependen 6 signifi: expresses pouco usuais o1 de algo, do tipo “o ou pedidos pare que 0 informante flee sobve derma pect podem ae dar nesse sentido, Mesmo com todos os cuidados, pode acontecer de o psicélogo ter um entendi- mento diferente do que o informante quis expres. sar, Para diminuir esses problemas, 0 profissio- nal pode avaliar a utilidade de fazer uma breve explanagio sobre as informecées coletadas 20 final da entrevista, questionando a concordincia do informante com 0 que foi exposto. CONSIDERACOES FINAIS Conforme discutimos neste capitulo, a entrevista deanamnese éum recurso essencial paraoconhe- cimento do avaliando e para 0 adequado direcio- namento do psicodiagndstico. Para a anamnese ser bem realizada, o psicélogo deve ter conheci- ‘mentos tedricos sobre o que pretende avaliar c ¢s- tar atento a estratégias que otimizem a qualidade das informagées coletadas. Recomendamos a uti- lizagio de um roteiro para a entrevista de anam- nese, em virtude da quantidade de informagoes a ‘erem coletadas em um curto intervalo de tempo. Entretanto, enfatizamos 2 importincia do papel do psicélogo para adaptar e modificar ese r0 ro durante a realizacao da entrevista. 'Nosso foco principal neste capitulo foi apre- sentar os objetivos da entrevista de anamnese, 35 Gquestées a serem consideradas antes desse TP de entrevista e 0s principais aspectos @ serem Jnvestigados, com base, principalmente, em no we xperiéncia clinica. Existem alguns mode: Tos que podem ajudar os pscologos 2 realizar 2 Digitalizado com CamScanner 62/7, nanotina, reer f KRUG ORGS.) anamnes tes de acon mplando perguntas importa lo. com 0 contexto de atuagio. Ap sentamos, a seguir, um roteiro de anamnese para criangas, um para adolescentes, e um para adul- tose idosos. Esses roteiros foram elaborados pela equipe de supervisores ¢ estagiirios do Centro, de Avaliagio Psicoldgica da UERGS e adapta- dos para este capitulo, Esperamos que o material aqui produzido possa contribuir com estudantes. ¢ profissionais que estejam iniciando sta pritica linia, ENTREVISTA DE ANAMNESE: CRIANCA AGRADECIMENTOS Muitas das reflexies deste capitulo foram pea vis gragas & experiencia de trabalho em pater, com os supervisores ¢ estagiarios do Centro, Avaliagio Psicoldgica (CAP) da UFRGS, Agri, cemos i equipe do CAP pelas experiéncias com partilhadas ¢ também aqueles que trabatharen na elaboragio dos roteiros. 1. DADOS Nome: idade: (anos) Sexo:(_)M (_)F Data de nascimento:_ /_/__ tscolaridade: Escola Dados familiares: Nome da mac: Wdade: Estado civil: Profissdo: Local de trabalho: Escolaridade: Pai Idade: Estado civil: Profissio: Local de trabalho: tscolaridade: twmaos? (_)sim(_) nd0 Nome: dade: Ocupacdo: Nome: lade: ‘Ocupacso: Nome: Wade: Ocupacao: Genograma (recomendavel - com tr8s geracbes): ‘morivo Queixa principal Evolucdo da queixa (breve historia clinica): litos da queixa sobre o funcionamento presente: Como a ciianga se sente em relacdo a queixa? MI, HISTORIA PREVIA, a) Gravider Planejada? (_)sim (_) no —— Desejada?(_) sim (_) nao = Pré-natal? (_)sim (_) nd0 —— Condicoes de sade da mae: —— Doencas/hospitalizacdes — Uso de medicacdo? Especiticar _—_—— Exposicao a substincias quimicas ou aio X? = Diliculdades em se alimentar ou falta de alimentos? ae Abortos? (Jum (_)nd0 _Quantos? Causa Digitalizado com CamScanner Psiconiacntstico /” 63 CRIANCA ()Nounat_(_) cesar Apgar: ()_ eacao dos pais ao vero bebe ‘Amamentag Engatinhay/cominha Controle esfincteriano: Linguagem: Entrada na escola: Relacdes sociais: Hospitalizacoes /crurgias: Peidas/separacdes /distanciamentos (Estranha ficar longe dos responséveis? Como se adapta a ambientes diferentes?) independéncia (0 que faz sozinho(a)? No que precisa de ajuda?) Como € 0 sono? Com quem doxme? Impacto com o nascimento de irmaos: Descreva um dia de rotina/tim de semana da crians: Histéria escolar Entrada na escola Diticuldad Repeténcia (Quantas veres? Fm qual série/ano?) Relacbesinterpessoais na escol _ Wisteria dinica Fer ou faz uso de medicamento? (Qual? Dosagem e forma de administrac3o? Desde quando? Se parou, por qué?) Fer ou faz tratamento psiquistico, neurolégico, fonoaudiolégico, genético ou outro? (Desde quando? Se parou, por qué?) Fez ou fa2 tratamento psicol6gico? (Quando iniciou? Por qué? Se foi interrompido, qual o motivo?) Wistéria familiar Como é a relacao da crianga com 0s pais? Relacionamento com itmaos, colegas, amigos, extensio e familia: Como a crianca lida com frustracoes, imposicso de regres, normas e limites em casa? ‘Ambiente doméstico Como a casa? (Onde ele(a) doxme? Tem seu proprio quarto? Onde ele(a) gosta de estar? Com quem? Fmomento atval {le(a)realiza tarefas em casa? (Atrumar o quarto, ajudar na limpeza e oxganizacso, et). Para o entrevistador 4. Outrasinformacdes relevantes. 2. Relate suas impressdes sobre a entrevista e o envolvimento do informante na avaliacao, Digitalizado com CamScanner 64_/ wz, aanncina, reeva KRUG (ORGS) ENTREVISTA DE ANAMNESE: ADOLESCENTE 1. DADOS | ‘Nome: _ Idade: anos) sexo:( )M (DF. Data de nascimento: —_Escolaridade: Escola —_——— es Dados familiares: Nome da mae: —_—— Made: Estado civil: Profissa —_——— Local de trabalho: Escolatidade: ca Pai: dade Estado civ: Profissd: Local de trabalho: Escolaridade: tumaos? (_) sim (_) ndo Nome: dade Ocupacio Nome: dade: Ocupacao: Nome: Wade: ‘Ocupacao: Genograma (recomendavel = com Wes geracdes): u. MoTIvO Queinxa principal: Evolucdo da queixa (breve historia clinica) Efeitos da queixa sobre o funcionamento presente: Como a cfianca se sente em relacio 3 queixa? IML, HISTORIA DE VIDA. 1) Histéria pré e perinatal a) Gestacdo, Planejada? (_)sim (_) do Desejadar(_) sim (_) ndo Pré-natale (_)sim (_)ndo Como foi durante a gestacdo (ocorréncia de eventos importantes)? ‘Amae fer uso de drogas, medicacso? Abortos? (_) sim (_) ndo_Quantos? Causa: b) Parto (_) Normal_(_) Cesariana Relagao conjugal dos pais nesse periodo: Condicao econdmica/social cultural: 2) Desenvolvimento do(a) adolescente Como ocorreu 0 desenvolvimento? Fotos marcantes durante o desenvolvimento: Como foi a entrada na escola? Como s80 as relacdes sociais? Hospitalizacbes/cirurgias: terdos/sepaates/dstoncaments (Estranhou ficar longe dos responsdveis? Como se adaptava a ambientes jilerentes)? 3) Momento atual Fungoes bisicas Digitalizado com CamScanner Psicooiacndstico / 65 ENTREVISTA DE ANAMNESE: ADOLESCENTE $00 debig) Difculdades: Repeténcia (Quantas veres? Em qual série/ano?) Relacbes interpessoais: Wisteria ocupational Caso o(a) adolescente trabalhe, obter informacoes sobre o seu trabalho e sabre os aspectos envolvidos. ister diniea Doencas que jd teve ou tem: Fet ou faz talamento psiqiaico,neuolico, onoaudiolgico, gendic ou ota? (Desde quando? Se parou, por qué?) Fez ou faz uso de medicamento? (Qual? Desde quando? Se parou, por qué?) Fez ou faz algum tratamento psicolégico? (Quando iniciou? Por qué? Se foi interram- pido, qual o motivo?) Relacao dos pais com ofa) adolescente: Como é a telacao do(a) adolescente com os pais? Relacionamento com itmaas, colegas, amigos e familia: Conflitas entre os membros da familia, conflitos intergeracionais: Dependéncia/independéncia dos pais: Como ofa) adolescente lida com frustragoes € com a imposicao de regras, normas € limites em casa? jalteta toasts “thus C5 tl cnt let) gosta de estar? Comm quem? #le(a) realzatatefas ex casa? (Atrumar 0 quarto, ajudar na limpeza e organizac30, etc) uals? ielagbes soci Gelade amrindes (esola/fora da escola) Pelacionamnentos ints e sexualidade: Capacidade para se elacion, Interesses sociais, cultura e de lazer (Gosta de passar tempo com outras pessoas? O ‘que fax pata se divest Com que frequent elacies com pessoas do mesma sexo au do sexo oposto: ‘os grupos a que pertence: Houve mudangas de interesses, de vestudrio, de atengao, de concentragao, de me- siti, de fala, de carster, de humor? Em que petioda? ‘Qualidades positivas e negativas que os pals ou pessoas proximas relatam sobre o(9) adolescente questaes expecficas fuga de casa: 6a adolesthnda ‘Heool/ gato outtas drogas (Que diogas? Com que frequéncia?): Obesidade Transtotnos alimentares (anorexia, bulimia, transtorno de compuls3o alimentat Senumento de leads Ceontous Digitalizado com CamScanner 66 / wr, sawn, rerun a KRUG (ORGS.) DOLESCENTE ENTREVISTA DE ANAMNESE: peje; Se presentes, como 0 pais ou texponsSvelsreagem (eager) ste eam apm Descreva a rotina do(a) adolescente durante a semana eo fim de semana Para 0 entrevistador 7. Outras informacoes relevantes. 2, Relate suas impressoes sobre a entrevista e sobre o envolvimento do adslexen: ‘ou do informante na avaliacs0. ENTREVISTA DE ANAMNESE: ADULTO/ID0SO 1. pADoS Nome dade; (0108) sexo:( mF Data de nascimento: 7 7 Escolaridade Estado civil/status de relacionamento: Filhos? (_) sim (_) nao Nome: Idade: Nome: Idade: ‘Nome: Idade: Com quem reside? Dados fa ae: dade Estado civil: Profisi; SC Ecolaidades Pa: Wade Estado vile Profissa0: Escolaridade: limos? (_) sim (_) nd0. Nome: dad Ocupacao: Nome: dade: Ocupacao: Nome: Wade: Ocupacao: Genograma (recomendivel -com Wes geragbes)s Mmorivo Queimapincpae Evolugdo da queixa (breve historia clinica» {eitos da queixa sobre 0 funcionamento presente: Como se sente em relacio & queixa? ae Digitalizado com CamScanner PscooucNosnco // 67 ENTREVISTA DE ANAMNESE: ADULTO/ID0SO Ul. HISTORIA DE VIDA o (ve os into (aspectos marcantes, anormalida: esenvolie sicas na infancia (imido,hiperatve, amistoso, et) 2 — cate Gees 9 fn ii Hea anise Regn fags jtalizagoes/cirutgias: __ 7 ADOLESCENCIA iy puorRoaoe aDoUesceNc Iv, PUBERDADE E ‘elagbes Sociaiss pista escola: problemas especificos da adolescénci: ‘V.IDADE ADULTA fscolaridade Estuda?_O qué? Percurse ocupacional Escolha profissionas Relacdes com colegas, chefia, subordinados e ambiente de trabalho: Satisfacdo com o trabatho atual (possves problemas, estresse, esgotamento?): Relacoes sociais Relacionamento intimo, qualidade da relacao, sexualidade, satisageo: Circulo de amizades (trabalho, emigos fora do trabalho, familia, etc) ‘apacidade de se relaciona,interesses socias e intelecuais: ‘VLIDADE MADURA ‘Aleragbesfscas importantes. (Como se sente2) (ses, adversidades e outras situacbes criticas e estressantes 20 longo da vido. (Como foi o enfrentamento”) ‘spectos do envetheimento e perdas ocorridas a0 longo da vide. 1. Outras informacbes releventes. 2 Relate suas impressbes sobre a entrevista e sobre o envohi- mento do informante na avalia¢éo. Para o entrevistador =] REFERENCIAS ei 1.010. Deervasinents humane Exeriecando occa ds ‘ih oro Alege: Arte "ej AO Acneistade a1. SSP Martin ote. ath.) A.000 A bistria d isriadoexaminand, In}. A. Cus (E), Poligrsico VS.) Pte Alegre: Artmed ido .097. Mente enters Riad ani: Zaha. Histeman,R. Hecoecke Orth U Rett, Specht )(201.De- lopmeeatasessaframenesk toto feroa! ‘ube and lage Europea Journal Personal M.O.M Higa EF R, Pssou A.B. that SLR Me s Thue RX (208) Reflexes Sout Bonificin LA, Mesten CP. centenporinen whee amine 2 Revista Beale deEaseagho Maca. 343, 3140322 salda fa tn erlang 8.6 (2000) vain iter trasgracional di TA Cunha E33 Psicodagnatio V Ged) Porto Alegre Artned Digitalizado com CamScanner

You might also like