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INTRODUGAO GERAL Otema “SAPIENTIS ESTORDINARE”. COM ESTA cite a Summa Contra Gentil centrais da fé cri agio da Mevafisica de Aristételes' inicia-se es, obra em que Santo Tomds apresenta as verdades 4. contra as impugnagdes dos pagiios ¢ contra os cristaos que se haviam deixado influenciar em excesso pelo pensamento destes# A finalidade de nosso estudo é, sem duvida, mais limitada. No entanto, como nao deixa de ter certa semelhanga com a intecdo romista na “Summa Philosophica”, ainda que limitada a um campo mais particular, a referencia nao é desprovida de sentido. O “sdbio” a0 qual nos estamos referindo é seguramente, Santo To- mas, recentemente proclamado Doctor Humanitaris. E a este sdbio, de cuja profunda contemplacio brotaram e continuam brotando tantas riquezas para os homens, a quem recorrcmos para procurar pér um pouco de or- dem no = aparente ¢ também realmente obscuro = ambito da psicologia contemporanea. Como 6 titulo mesmo desta tese indica, “A pré gundo Santo Tomés’, aqui ndo € nosso interesse principal nos ocuparmos de 4reas distineas da psicologia contemporinea, embora forgosamente 1 todas clas, mas sim da prdtica que se Thes da psicologia se- fagamos abundante referéncit costuma atribuir (quer se chame “psicoterapia’, “aconselhamento pessoal ou familiar”, “orientagao vocacional’, etc.). A psicologia contemporinea, apesar de ser geralmente pouco estudada em seus fundamentos filoséficos uma ser a principal ocupaeao de quem estudou esta blico em geral (e nao somente o vulgo) chama, hoje do se pensa na psicologia, no vem A mente a e epistemoldgicos, cost ciencia, ¢ 0 que o pul em dia, “psicologia”. Quan 1 Tale: 2, 9820 18), 2 CE Summa conera gentile 11, 1 Tneroduso geral 1 dinica branea que analisa o Comportamenss rinto, ou que test ade um homem que se ocupa de escue,, mesmo, no labirinto de seu prépy, taremos aludindy um homem com olocado num labi neuronio, mas sim omem fechado em si diante, pois, ao dizermos io ~vrudo a esta forma de praxis, salyo no caso em cee in iquemos algoem sobrevudo a ¢ neva desta atividade que sera objeto de indagacao deste natured cionam as obras filosoficas ¢ teologicas do ente, a II pars da Summa Theologiae. imagem de a reacées bioguimicas oy de um rato ¢! elécricas deum e-ajudar outro h coragio. Daqui por “psicologia” es contrario. Ea estudo, sob a luz.que nos propor Doutor Angélico, ¢, muito pa rticularm\ Status quaestionis A psicologia, em algum de seus aspectos, ¢ muito particularmente a psicanillise, foi objeto de consideragao da parte de muitos fildsofos con- temporineos, no somente como tema de analise epistemoldgica, senso também como fonte de inspiracao, 9 que demonstra stias profundas im- plicagses filosdficas ¢ culturais.’ Estas manifestam, desde o inicio, que 0 problema colocado pela nova psicologia parece cranscender o da relacio entre uma ciéncia particular ¢ a filosofia, Hoje, Freud ¢ estudado nao so- mente por psicblogos, mas também por filésofos — para nao dizer cambém dos literatos, artistas, etc. -, ¢ sua influéncia na flosofia contemporanea, especialmente nas linhas pos-estruturalistas ¢ pos-modernas, ¢ patente. Isto apesar do carater evidentemente primitivo da filosofia de Freud. Pa- receria haver por tris da atracao exercida por Fi que cle concretamente di: reud algo que vai além do 7 como se se intulsse, em suas teorias ¢ métodos, para realizar, na pratica, um PROJETO (ise contemporiinea tem em Sigmund ar ou em Nietasche, um de seus relevantes CULTURAL, De fato, a cultura Freud, como em Hegel, em M, ser AY 18 nada, Losada, Bucnos Ai @ Froud, ian eves Madd 1994-1996, le oe L. Wirtcensrein, Olimos erin 2X, Mi mi os H. MARCUSE, Eros ciulizarion. 1 7 i P. - Yok 1977, es KR Popper}. Fo RICOEUR, Freud una interpretacidn de la culeurts se .M. ‘CLES, The Se fuera i Fraud Lafibnoiay (ts Nietche, Frei, i Self and ics Brain, Springer Internation®l "ayn fbf Pid, Barctlong) ane Buenos Aires 1995; P-L. ASOM 2 APRAXIS Da, Psiconogia “pais”. E certo que a psicologia nao é som geralmente, este significa uma escola particular ent jente Freud, mas é inegavel que, Pata 0s psicdlogos algo mais que o fundador de te outras: a psicandlise A atracao exercida por Freud e pel em geral, aleangou também os ambien somente houve importantes Psicdlogos cuparam com esta dificil fildsofos.? a psicandlise, como pela psicologia €8 cristos, académicos ou nao. Nao © psiquiacras catdlicos* que se preo- problematica, senio também influences teologos € Apesar da abundance bibliografia, pouca clareza tedrica ¢ prética se obteve soi este problema, A conseqiiéncia foi uma enorme confusao entre 0s catdlicos que se dedicam 4 psicologia, ¢ uma deformacao pratica em muitos ambitos da vida crista em que estes intervém. Sente-se hoje, com forga cada vez maior, a necessidade de lancar elareza sobre este tema, que afeta to profundamente a vida de incontaveis pessoas, ¢ até agora nao parece ter encontrado canal adcquade [para discutir-sel. Que se pode dizer da escola tomista com, respeito a este tema? Devemos reconhecer que, nela, se encontra muito pouco ou quase nada explicitamente referido a psicologia e ao seu estatuto epistemoldgico. Pareceria que esta- mos diante de um tema incdmodo, inoportuno, dificil de entender desde a perspectiva tomista, espécie de mal-entendido perante 0 qual a confusio do pensamento contempordneo nos coloca. Isto ¢ em parte acertado, mas é também verdade que nao se refletiu suficientemente sobre o problema, 4. A.Gemetis-G Zonini, Fneroducciin a la pricologia, Miracle, Barcelona 19583; R. ALLERS, Nacuraleza ean del card, Labor, Barcelona 1950,V. 6 YON GEBSATTL, age Homi Bes 2 cer persona ic, Verlag Neues Forum, Schweinfurt 1964: | Canuso, Anilisis psiquico y fntess oan ee "1954; W, Dalat, Umwercung der Poychoanalyse, Herald, Wien 1951; G. 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Yon BALTHASAR, I male Le repel nee una prspectva cisiano-orindoxa fl muy Teadraic, Modsid 199 Tapes des malades mca. epic de Tren srésen importante obra de J-C. LancHter, Thevepeurtis Introdugao geral or completo nas maos de pensadores q. e estranhas as do Doutor Angélico, a uadra-lo, de modo simplista, € ee : -se a eng! ? ee oa ee jcas dos psicdlogos contemporineas, no Ambito das ‘ciencia, ‘obras ¢ as praticas SS sient ra m sua vertente Pp : ga acaptar a Tazo de seu poderoso influxo pessoal desta omissao esta em que, dos tomistas, a psicologia deixa de existir ¢ de deixado quase P' este sido endo sao tocaent . Ai ii mn orientagao € inte particulares"; ou, © Deste modo, nao se che cultural. A gravidade nio ser objeto de atengo influir de modo consistente, Ai ¢ dos proprios membros da Igreja- , 5 a omissa em que. (ETO. nuante para esta omissa0 esta em que, Do-périody Certamente, um ate! Pp me de maior desenvolvimento do tomismo See rs nao se havia manifestado claramente em sua nature! je, depois de mais de cem anos da findacio da psicanilise, ¢ facil de perceber. A isto soma-sea dificuldade de que, aparentemente, Santo Tomas nao se ocupa do que hoje se chama “psicologia’, especialmente da pratica que se Ihe atribui, senao, para utilizar uma expresso que ndo lhe pertence, de “antropologia filosofica’, ¢, portanto, de “psicologia racional”, e nao de “psicologia empirica” — terminologia sobre a qual muito se pode dizer. Nisto consiste, em parte, o problema a ser solucionado. Isto nao faz, com que, ademais, se deixe de encontrar, aqui ou ali, nas obras de alguns tomistas, sejam ou nao referidas a temas explicicamente psicoldgicos, idéias interessantes que ressaltaremos a0 longo deste trabalho. Em gera nao propriamente por e mutitas vezes traumatico, na vida das pessoas podemos distinguir o material tomista sobre este tema em: 4) Mengdes incideneais sobre a ubiquacao epistemoldgica da psicologia (em geral, com enfoque sobre a “psicologia experimental”),7 b) Artigos que se referem a pontos particulares, ou a escolas determi- nadas, mas que nao desenvolyem 0 sobre 0 inconsciente, tema em seu conjunto (por exemple. REP hot ge eis Tinto, as paixdes, a psicandlise, etc.):° ——— 6 Nesta passagem, Echavarela fez Ne i peologiaeaquanto ciéacia [Nora do Conde Sontemporanse mene, o mundo eae” # Sidney Silveira, doravante N.C’ ‘ente-nodltimo capfeulo, & CEG Tsoy, sslapsych; 48852104 Ay TEPC eudienne et NIC AGING athe Wn Gen Psychologie scolastiquen 4 '* Cogteatva sod Evaluation en The tee hate mas (0? 14193) 141) 195° 8 ‘ APRAXIBDA Psteoriog - a Fa, Boe i ©) Obras sistemiticas, mas que tomam como centro de interesse a “*psicologia experimental”, nem sempre bem distinguida de outras formas de psicologia; a maior parte delas data de, 20 menos, cingfienta anos? _A) Sao praticamente inexistentes as obras sistemsticas dedicadas ex- clusiva ou principalmente & praxis da psicologia a partir de um ponto de vista tomista. Um “classico” ¢ a tese doutoral em Letras de Roland Dalbiez, O Método Psicanalitico ¢a Doutrina Freudiana,® que no entanto nao trata do tema em geral, mas refcrido exclusivamente 4 psicandlise de Freud. Por outro lado, nela nao ha referencias a Santo Tomas, apesar de seu autor ser considerado neotomista ou neoescolistico. Reservaremos um jutizo sobre esta antiga obra, de influéncia norAvel, para mais adiante. O mesmo se pode dizer de obras andlogas, como a de V. White, Deus eo Inconsciente, que trata da psicologia de Jung." Mais recentemente, referida diretamente 20 nosso tema, faga-se mengo 4 obra de A. Stagnitta, La Fondazione Medievale della Psicologia. Struttura Psicologica dell’Etica Tomista ¢ Modelli Sciencifici Contem- poranei. Passioni, Frustrazioni e Depressione, Virtil." Apesar do grande mérito de haver enfrentado este tema, 0 livro padece, a nosso juizo, de duplo defeito: conhecimento insuficiente da psicologia pritica contemporanea —nio diferenciada com clareza das outras formas de psicologia ~¢ de seus Bi; MARITAIN, eFreudismo y priconndlisie, en Cuatro ensayes sabre cl epritu en su condiin carnal, Desclée de Brouwer, Bucnos Aires 1943; M. HUDECzECK, «Linconscio nella doerrina di S. Tommaso», cen Sapiencia, (1957) 5-22; F. W. BEDNARSKY, «La psychanalyse de laggressvité& la lamigre de la pay Ghosynthise de saint Thomas @’Aquin», en Anglicum, 58 (1981) 389-419; TH. CREM, «A Thomistic Explanation ofthe Neurosle,en Lael Tbe ce pllephiqu, 2 (1968) 294-300, M. Stock, «Sense Councciousness According to St. Thomas, The Thoms, 24 (1958) 415-886; «Some Moral [sues in Povchoanalysin The Thoms 23 (1960) 18-186 A. Pi, x, Thomas nd the perchology of Feud > Doninscan Seudies 3 (1952) 1-34; P. NOLAN, Sait Thonias and zhe Unconscious Mind, Catholic University ‘of America, Washington D.C. 1953; ete: gla ex Consejo Superios de Invertigiciones Ciendfces, CEM. BannAabo, Ineroduaciin ala pricolog'a experimental, Conse tel Madrid 1943 Estudos de pscolgta experimental, Consejo Superior de lnvestigacioncs Clentficas, Madrid eee paanmay Poole cola, Ciena Mes, Barcelona 1240, Historia dl pile ein ae a ae fons Made 1957, sol geal Morac, Madrid 1961, CORNELIO Fant a fenonerologia della peso, Moccia, Brescia 1961; Penson personne, EUNSA, Pamplona 1978. : J ‘ 5 sque et la doctrine Freudienne, Desclée de Brouwer, Paris 19492 (2 10 R Dap le pe. han adorn edo, Chub de Lestores, Buenos ites 1987 -volued) trl esp sie ; | Madeid 1955. se inconstence, Gredos; Madeid I 11 Wire, Dios della piealogics Serna pscloica dlleticn tomisiae model tira, Ediioni Studio Domenicano, Bologna _Jondazione medieval 2 A ee, fon, fruserzion e depression 1993. __ Incrodusao.geral : ssoal de encarar , pocntes; € um modo demasiado pe 2 2 lng discurfvel nalguns pontos. Pc demos conduzir adiante. ho esta na visao tomista da prs. lereggen em diversos escritos ssidade de se redescobris principais ex] de Santo Tomas, esclarecimento que preten S © ponto de parsida do nosso trabal no a io An xis da psicologia proposta por Ignacio 5 Nestes, o autor demonstrou a nece: : psicologia crista — com especial énfase em Santo Toms, aindy que também chamando a atengio para outros autores (como S20 Joao dy ci y i sicologia cont : Cruze Santo Inicio de Loyola) ~ € os perigos que a psicologia contempord rra, nao somente pelos desvios tedricos que se encontram em seus jontos. Por i880, CreMOs necessirig 5 ¢ cursos. riqueza da nea ence ; principios, senio também pelo espirito anticristao que muitas vezes estg no seu fundo, espirito que guarda afinidade com importantes correntes da filosofia moderna, as quais tém em Hegel a sua expressao mais elaborada, O trabalho que aqui empreendemos é devedor destes ensinamentos, razaio pela qual citaremos com freqiiéncia as obras deste autor, Estrutura e método do presente estudo Nossa investigagao dividir-se-4 em uma introducio, seis capitulos uma conclusio. Cada capitulo contar4 com divisdes e subdivisoes em segGes € pontos. No Capitulo 1, “Filosofia da Histéria da Praxis da Psicologia”, faremos uma andlise histérico-filosofica das idéias ¢ movimentos que confluiram para a configuracao atual da Psicologia, Deste modo, buscaremos elucidar aud sinificacar per nomen, o significado acl da psicologia, que corresponde clap etal eu prs esponde Ss pengmat ot ieee ae plea omas.° Faremos isto mostrando as raizes a, Tel montando as origens do pensamento acerca do homem e seu comportam = i ento, na Grécia Antiga, verificando © 13 CEL Avpenecory, « M4 "Seige" ane d° IN, C] tia, EDUCA, Buenos Aires 1999. 15 Ce mn 1Ponerioran Analticor, 2, 13, 30 APRAxIS DA PsicoLocia desenvolvimento que conduziu a0 modo atual de conceber a psicologia, com suas aporias. Esta tarefa é muito importante, porque a ignorancia so- bre o pano de fundo losdfico e cultural da psicologia conduzira depois a erros € superficialidades no modo de conceber as relagdes entre psicologia, filosofia ¢ teologia, o que, por sua ver, produzira grande desorientacio na pritica. Ainda que nao Item estudos desse tipo, a perspectiva ou atitude desde as quais sao encarados costumam ser discutiveis. E necessdria uma interpretagao profinda a partir da perspectiva tomista Com este ponto de partida, pensamos que ficar4 preparado 0 caminho para compreender-se como ¢ pos el cfetuar uma meditagao acerca da psicologia a partir do contributo de Santo ‘Tomds, A este respeito, con- vem que’se facam duas cois: szantes de tudo, demonstrar que no Aquinare se encontram amplamente desenvolvidos os temas centrais que hoje se acribuem 4 psicologia, Trata-se da pergunta an est. Em segundo lugar, uma vez determinado que, em Santo Toms, ha algo que corresponde a praxis uid ese. A primeira dessas interrogagées, responderemos nos capitulo 2 a 4. Esta ¢ da psicologia, buscaremos responder a uma segunda pergunt a parte central da tese ¢ a mais longa, porque nao parece imediatamente evidente que em Santo ‘Tomds haja uma psicologia que trate dos temas dos quais se ocupa a nova psicologia, Trata-se de quatro longos capitulos: um referido a visto tomista da estrutura da personalidade (Capitulo 2); outro, ao vinculo entre normalidade ¢ virtude (Capitulo 3); um terceiro, no qual se analisa como entender, a partir de Santo Toms, 0 tema das “enfermidades da alma” ese busca explicar seus prineipios dinamicos e principais formas (Capiculo 4); no Capitulo 5, exerair-se-ao as conseqiiéncias que desta visio se seguem para a pratica. Recolhendo o dito nos capitulos anteriores, se buscard apresentar como deveria ser uma psicorerapia findada nas con- clusdes da psicologia de Santo Tomds. A demonstragao de que o Aquinate se ocupa ampla ¢ profundamente dos cemas da psicologia, ¢ 0 modo como procede, nos ira fazendo entrever a resposta 4 segunda questo: quid est, “o que ©& a psicologia, ou o que ¢, para Santo Tomis, o que hoje a psicologia estuda, qual ¢ seu perimetro epistemoldgico. No Capitulo 6, nos ocuparemos da analise epistemoldgica da praxis da psicologia, que se nos mostrar em toda a sua complexidade -niveis diversos, os quais cerio sido manifestados ao longo do estudo. ai Bis~ Incrodugto geral a “ Hick ay = _— ei a praxis coma filo. ya luzas relagoes desta p sree Alosof, rare ae eh ie Esperamos. pelo qual os distintos = Pistemoldpicg, psperamos Ges fetividade. ja, mos! 1 ag werdade ceteris ea reologia. coerencia, ¥ , F vodem-se integrat com noe fase Gi método que seguiremos, p Com base no que fol na analise dos textos do peg, 4, prin centrar-se-4 P romas, ¢ da doutrina is jg Santo Tomas, © 5 requisitos, um cs i a aie re impliqucy comovum de seus Tod tudo ea que isto seg a ooljeta principal duéesey Po" CONS a eyo meds et de carter hist6rico, mas sim, a um sb cipalmente, * que deles se depreende. Pois bem, aind, Nosso trabalho histdrieo, n0 p para alcangé-lo nfo lativo e pratica. Especulacivo, Igico de uma disciplina ou co Jo nos encontramos diante de uma ciéncia shee porque se trata de determines oe ce cempo, espec junto de disciplinas, o carater epistemol Pricico, porque, aparentemente, n nte deuma. tedrica, em sentido aristotélico, senao de uma arte ou Ciencia pratica, ou, ao menos, de uma praxis em sentido amplo, cujos fundamentos tomistas Isto convenceu-nos da importancia de nao apenas queremos determing expor o pensamento do Aquinate em macéria psicoldgica, mas, para colo- carem evidencia sua atualidade ¢ utilidade, compard-lo constantemente, tanto quanto possivel, com as afirmagoes dos mais importantes autores contemporineos nesta matéria. Dentre eles cabe mencionar certamente ©s principais representantes da “psicologia profunda’, sobretudo Sigmund Freud, como também Alfred Adler ¢ Carl G. Jung. Além destes, estabele- ceremos relacoes ci i We i oat goes Cont CUETOS autores, os quais, por sua influéneia pritica (A. Maslow, A. Ellis, ete,), por st: icaeceadiloed ‘ Schneider, V. E, Frankl, B, oe i oe sing i acan, ete.), ou por s Jo com opensimento tata (R. Alles) pres eee ae entam interesse particular e podem de modo completo organico, o que Mas i ne Somente enquanto permitem elucidat t conexg, ‘Ses. com 6 pensamento do Aquinate. estas telacges ‘ « for posstvel recorrer #8 . P Fema estudado e estab Para tornar efetivas Palavras mesmas an 8, quando nj, a ; . inda que partindo do seu pensamer eracd, “4 leque f “80¢S pessoais que arribuiremos*° fa Adis ag cnt despertadas pelo estudo de" Mao de ut et: E 0 que o proprio Sm"? CCID ce cS Si de que desenvolve as semen" Doutor Angélieo, emos consi, + NO sentid lod a dos escritos de Santo Agostinho": “Quando Boécio diz mas a vés.., moscra que autoridade segue ao escrever, vale dizer, a de Agostinho; mas nao de tal modo que diga somente o que se encontra nos livros de Agostinho, senao também as coisas que Agostinho disse sobre a Trindade, vale dizer, que as Pessoas divinas convém nas propriedades absolutas ¢ se distinguem nas. relativas, ele as recebe como sementes ¢ principios dos quais se vale para esclarecer a dificuldade das questécs, E, assim, a explicagio da verdade por muitas razdes ¢ fruro das sementes recebidas de Agostinho. Se estes frutos sao convenientes e fecundos, ¢ algo que confla 20 juizo do leicor"s¢ Evidentemente, os erros que em nossa andlise se puderem encontrar nao sedevem atribuir a Santo Tomds, mas sim A impericia deste seu intérprete. Se, em alguns pontos, nos estendemos sobre temas preliminares, ge- ralmente j4 conhecidos para filésofos ¢ tedlogos, ¢ porque queremos que estes frutos do pensamento do Aquinate cheguem também aqueles que se ocupam da praxis da psicologia, e que nem sempre sao versados neles. Ao desenvolver extensamente alguns temas que, talvez, se poderiam ter abreviado um pouco, pensamos em particular nos cardlicos — tantas vezes incompreendidos ¢ desamparados diante de doutrinas e prétieas que superar a formagio tedrica que receberam (inclusive nas universidades catélicas) € que querem exercer esta atividade de modo acorde com sua fé ¢ com a verdade. Seja como for, segundo cremos, isto nao deixard de contribuir para que se compreenda mais “graficamente” 9 aleance € a sicuacio da psicologia. st ultima implica pér em > Tomas, isco Peal oue an alo) AEN OIE) Wa MASE TCHR iL O estudo pratico da personalidade humana hos classicos e na tradigao 1, A Etica de Aristételes como ciéncia do cardter E CONVENIENTE, AO COMECAR UM discurso sobre qualquer tema, saber do que se est falando. Por este motivo, a filosofia clissica comegava sempre pela definigao do nome (quod significatur per nomen). Que se entende pelo nome de “psicologia”? Geralmente, ha dificuldade para descobrir que, antes do século XVIII ou XIX, existia uma verdadeira psicologia, ¢ isto em parte por conta de um problema terminoldgico. O uso do elemento compositivo “-logia” para significar o discurso cientifico sobre determinada materia € nomeadamente moderno — sendo talver a tmica excecao a “teologia’, que ja se encontra em Aristorcles, como sindnimo de “filosofia primeira” ou “sabedoria” (a metafisica).” Em particular, 0 uso corrente de “Psicologia” ~ e de “Antropologia” —, embora tenha antecedentes remotos (s. XVI), popularizou-se somente a partir do século XVIII. £ comum entre historiadores da psicologia que seguem Rudolf Eucken® dizer que Melanchton® foi o primeiro a usar esta denominacio, embora isto niio seja exato.” Goeckel (Goclenius) parece ser o primeiro a ter usado este ter- 17, Em-verdade; Aristéreles fala somence uma vex-em tcologia, preferindo, em geval, dizer “iéncia teolé- ica’ (piseéme theologke); sobre isso of. M. E. SACCH, «Los nombres dela metafisicas, in Sapient, 56 (2001) 668-672. 18 Geschichte der philosophischen Terminologic, Leipzig 1979, 75, n. 2, 19 Alunode eologiscde Martinho Ler, de quem foi profesorde prego, rare MeLascrrtoy (1497-1560) {oi um dos pincipis pedagogs do protescancsmo, em sus primérios Ele éconsiderady pr snus como o grande sistemacizador do que, hiscoricamence, econvencionow chamarde Reforma IN. C] 20 Segundo Jean Boole: «(..) nulis documentis comprobari povest. Cujus filsae adcributionis racio desumenda, ue videtus ex eis quae dict Bretcschneider initio operis, quod edidit De Anima, inelye illius Reformaroris: “Mclanchtonus primus inter Getmanos, quos scimus, prycholegian in hoe libro Filosofia da historia da praxis da psicologian 37 ou discurso sobre aalma”, Cop, 5 modificagdes, tanto devas roria da Filosofia, como a me je ¢ bastante comum diss; co ¢ “cienet mportante Jongo da his os adiante- Hoj eventualmente, : por objeto a descrigio ¢ a mensurag, mum definir a psicologia nio com, erimoldgi rico sofreu i *alma” a0 gnalisarem™ Josdfica, QU cal”, que teria Também ¢ co fendmenos psiqu do do carater € daconduta humanos, ou, mais eu sentido mo. S y sentido seman res da nogao de que sei ayata farores culeurais : guir uma psicolOsi® fil gia “experimen estudaria a alma, de i psicolo er Hlos fenomenos psiquicos- da alma, nem dos estul Talade” Por vezes se insiste em que no se trata d im os individuos (por isso, é“clinica’)s icos, mas da conduta* Parece ciencia seribuir-se psicol0gi® I, de sta “personal emgeri othomem’ em geral, mas conhecer eractavit'» (J. BCOLE, «Editoris Introductio», VI-VIL, a CH. WOLFE, Gesammelte Werke, Herausegeben sd Bearer von J. Ecole, IL Abteilung: Lateinische Schriften. Band V. Peychologia empirica, Georg ‘Olms, Hildesheim 1968). CER. Goctentus, FYXOAOITA, hoc est, De Hominy perfectione, anima et inprimis orto hngjus, commentationes acdispucationesquorurdaey Theologorum ce Philesophorum noserae aetatis, quos proxime sequens pracjatinen pagina esendic Philoophiae seuss lect jacundae t utilis, Maxpurgi, 1590, 15942, 15973. GEN Susi, Disine lsppeolo Larose, Paris 1965; Comegamos, entiio, nossa revisio da historia da psicologia pelas origens do pensamento ocidental sobre a conduta ¢ o melhoramento do homem, vale dizer, pela filosofia da antiga Grécia* Como se sabe, foi Sécrates a 1 ee de res ht “agit non seulement de connsitre, mais aiden; 20 es a ue met la recherche obese des preocupatons cu nrpit one er ae Ie prytoleg cl Wi pti psesarala sty as __" go, comegou 2 refletit nag ee sm, em Oposigao 20 telativisms am encontrar antecedentes 1 da Filosofia, *“Sdcrateg onsciente preci reo proprio home: mbora disso se poss: m famoso historiado! ocentro de sua mensagem ética, €, por tant, amento filosofico”.” Isto mostra até que ha ligada ao interesse profundo pela | do homem. Essa idéia socraticg om, de modo mais ¢ que : o cosmos, € S17 sob: sobre “ unista dos sofistas, ¢! sos aurores. Segundo tt aa ‘cura da alma’ como aniiclea essencial de seu pens: Glosofia, em suas origens, se ac magao ¢ desenvolvimento integra’ a latdo, que a aperfeigoou, integrando-a em uma na € do universo, ¢ de opor em out apresen como o pontoa wansfor passou ao seu discipulo PI concepeio completa ¢ orginica da natureza humta Plardo passou a Aristotcles. Para Platao, o desenvolvimento pleno da personalidade humana con. siste em alcancar a saiide integral, de corpo ¢ alma," ¢, sobretudo, lograr a harmonia nas energias préprias, produzida pela virtude (arecé).» Para cada “parte” da alma, a virtude consiste em desempenhar sua fungao do melhor modo, em uma ordem mutua.” Assim como a virtude é a satide da alma," a enfermidade da alma € 0 vicio, que tende a confundir-se, como em Socrates, cam a ignorancia — esta identificacao sera abandonada por Aristoteles.* Em Aristéceles, chega 4 sua culminacio a concepeao antiga do aperfei- ‘oamento da i i ¢ 0 da personalidade; por isso, queremos nele nos deter em especial. G: REALE, Copa prima esac I sahice. Heonceto di uon den, 38.1 metic grec han woo da Omero a Plate; RafFxello Cortina, Miléo, 1999, 183 rent ce Manno raggione ne soseneie I sean nog si seconda cui non si pub curare una spss em ‘inter0" del conpo ron oe : ‘ ne * Pineero dellwomie if fa insien ee OC es pene ‘0 tleorpo,analogamente non si pu cane tl coy eee 29 Ibidem, 264; «Seconds Platon, ; ‘ssi per un “ordine” intrins “armonica disposizio “ FINSCEO, Per: is 10 Thier, 269. 6 i Selebsne la prychopathologie cout en de ene thérapeutique des neadies spires nec are cen Caren Nao Ie alain Gest ols tun diagnostic ee d'une therapeutiqe® symptoms) Piolo gan Frinack, "ENE FonC tren 49° ES: AGOSTINHO, c 10, Confesiones LX, E respondi: ‘Um homem? oe E00, interior. A panei. desde a terra até . so eve Cimtetio:Pois a cle 50 3 ‘ceren, te s irque Ainicavidy ue todos queinatn ser felizes Po como, nturadda, ni0 querem realmente avid be aca desea Comer oesptria eepiito corm aca catélico Rudolf Allers reconhece na divisao interior das “duas vontades’, de que fala Agostinho no |. VIII, c. 16 das Confissoes, um antecedente, €,em realidade, a verdadeira versao do “inconsciente dinamico”” B. A grande sintese medieval Nao cabem diividas de que todo esse desenvolvimento que, durante a Parristica, se foi cumulando com respeito a0 conhecimento pratico da pessoa emitico, na Idade humana aleanga sua plenitude, desde o ponto de vista sis Média. Isto se deveu a varios fatores, o primeiro dos quais ¢ que o conjunto de fontes c experiéncias era ja tao grande ¢ evoluido que permitia um trabalho de sintese. Fm segundo lugar, a descoberta ¢ introducio de Aristételes, no século XIII, facilitou 0 desenvolvimento ¢ a eseruturagao cientificos desse trabalho. Uma figura notavel, neste sentido, foi seguramenté Santo Alberto Magno. Este grande doutor foi um prodigio intelectual que cultivou todas as ciencias do scu tempo € escreveu sobre todos os temas, desde os mine- rais ¢ as plantas até Deus c 0s anjos. Ademais, facilitou enormemente a assimilagio de Aristéveles, que chegaria 4 culminagao em seu discipulo Santo Tomds de Aquino. Alberto Magno destacou-se nao somente como “psiedlogo pratico”, no sentido em que vimos falando, mas inclusive como psicdlogo experimental, em varias de suas obras. Para constatar isto basta lermos, por exemplo, seu tratado De animalibus.* Mas, como diziamos, ésobretudo com Santo Tomas que a assimilacao de Aristdteles alcanga sua maior agudeza, ¢ 0 tema que nos ocupa aqui nao rede gue nb faze 0 gue germ, eaem no que poder eS contentamn sor i, porque 0 que we poctem nfo. qucrem tanto quanto é necesito parn pode Io? § vida bem-aventutada ¢o desfrute da verdade, Fsteé pois o deste de ti, que és verdade, Deus, mink timing salto de minha face, meu Deus 51 CER ALiens, Neeualeeay educacién del cardeter, Labor, Barcelona 1950, 47: “Estas palavras de Santo Agostinko, craduzidas linguagem menos impressionante da caracteralogia, quetem dizcr 0 seguinte: Primeio, qu 5 agdes eo comportamento de um homers maniferege de una yore, sun, .quca vontade, excondida por rds desse comporeamento real, pode sex desconhieckla para o homer de (ques rata, Mas, ao mesme tempo, ess pasagem das‘Confisbcy é primeiraintrodustv ocemens do inconseente’ se nao le un modo exprso, sin com propriedaese também onde, pela primeira ‘yea apacece representa a interpictagie da conclues humana que hoje chamamos finalieute 52 CLM. BARBADO, «La physionomie, le tempérament ct le carsctére, d'aprés Albert le Grand ct la scjente moderne», en Revue Themiste, 14 (1931) 314-351; N. PeNDe, «SaneAllberto Magno, come mndalorsperaa dla cesariacolbortone dell ecg conlabicaglsunanan ings 21 (1944) 326-331, i Filosofia da histria da pris da pscclogia a7 a grande concep¢a0 aristotélica q, profundamente pelo Aguinates is € optsculos. Mas, a principal iae.* Nesta obra, 0 Doutgy gas de Pedro Lombardo Bferivamente, i compreendida licada em varias de suas obra ida, a Summa Theolog do Livro das Senten ¢ incorpora uma grande parte “moral”, rélico € assumido desde a perspectiya é menor neste sentido. ciéncia do caratet (ética) fo ¢ por cle exp! ¢ mais original ¢, sem duv! Angélico afasta-se da eserucura da época seguiam, que os autores |o pensamento aristo segunda, na qual gon Sapien, 54 (1999) 59-68, Alo autor firms ‘em nossos dias se denomina psicologia foi desenvolvida de modo ering ceu contexto,modalidzde, resultados c objetivo, por humanist (p59). E ademais: “Longe de escar relegsda To,» eratado das paixoes, as doutrinas tomistas sobre as quas podera apoar-e uma verdadcita psicologia que no aa nas armadilhas que acompanham a ae rods, que diferememente da filosofia, nao pode ser Seno “cist? — por refers 29 homem historicamente considerado - abaream a maior parte do pensamento do Aquinate” (p.60), Dascrdocom een, omen superildade de pensamento poder tenet ama verdia sincese especulativa enere a doutrins filosofica clissica sobre o homem, tal como aparece formulada atin Ten . — por exemplo, a psicologia de Freud, Jung, Frankl, Piaget, Lacan, Kohut 54 CEM. Paler Cons, ba jamiliacducadora de NH i feu, Sin ela fe ee a do Aquinate antecipa-se a muitos dos ips Srvila Sent cea line Tecllca nami fosese wed Gr Soe fon ae pers até dime parr do comportancite tiie bie eee compreensio ede verapia vidos ecfcuzes, Realizar um i nae o-pacilien coe aii “pons escape canon ae hele um cleo, ata que foe sosoneic ‘aang cpesnode alee coco Sue ee raphe decline arse Francia Cana Vidl quo ee {iedapxinefiecmietanennccs ice te nat de conhecimento humane enc aga eg erting mises prs veridade de sua. experiéneia crista, si 0$ act agora menos aproveitados da enciclopé, Sondasione medieval dela pico se eattta de doutorde Aquino" Cf ambem A. § la a. Sratcura pico CE também A. SrAGNITTA, logic dee % ee leeatomisine model scientific’ concemporane cee Bologna 1993, E necessirio dizer Jim, por veres, da é oe Sits das posturas pés-modemnas, : stienfiche, Ver uma ftidazione page joe € Hania et suot prodoti Lt ls Sonmad feline: 1979. De score ge rice eomparata sl pase tagnitea, ala psicologia della second esclusivamente lo : a speculating, dasa 2 "as ancl . tcl cx wots ee Satine ae raTeeament (aca del ae ums) 0 ero classi ’ smi Seed gli acti umani) contribut per ung ae io.© moderno non snl converge Sneseanicita obo. Beatie 2er cmp dine nt? Hltarione dla loreaureo apriorsiche dic moment dela Boke ge POS hata ct II llega ee ‘anistica, dela personal get Gelling scicmtifien (2) pricoloa cb cogntvicas quan onttpologico invocaro dalla Pl ‘anima... 162-163), $3 CLLANpEREGGEN, «Sanco Toms de Aquinonpsicso que a*atividade correspondente 20 que eminente, ind que, nacuralmente di Santo Tomés de Aquino em sua dimensz0 ‘cerros pontos particulars, como, por exemp] 48 F APRAXIS Dg Pico a. ; . on mais clevada da Revelagio, e enriquecido com os aportes de outros autores h i Sain, i ao Gregorio eldssicos (sobretudo Cicero) ¢ eristdos (Sanco Agostinho, Sao Gregor Magno, Cassiano, etc). O cardter humano n’o somente se dese : : : qlcane partir das virtudes nacurais, mas, na ordem a um fim sobrenatural (ac templagio da esséncia de Deus) a personalidade humana se vé enriquecida ), a principal das lidade isde nvolve a com tracos sobrenaturais (as vircudes infusas ¢ teoldgicas) quais éa caridade, que se ctansforma no centro dindmico da persona cristd. Sobre a sintese psicoldgica tomista, escreve E, Fromm: “Em Tomé: Aquino encontra-se um sistema psicoldgico do qual se pode provavelmente aprender mais que de grande parte dos manuais atuais de tal disciplina; rele se encontram interessantissimos ¢ muito profundos tratados de temas como narcisismo, soberba, humildade, modéstia, sentimentos de inferio- ridade, e muitos outros”. C. Desenvolvimentos cristaos modernos e sintomas de desintegragao Coma decadéncia daescoldstica no século XTY, causada, entre outras coisas, pelo nominalismo, ligado a uma tendéncia racionalista, comegam- -s¢ a vislumbrar os infeios daquilo que conduzird ao formalismo moral € A situacdo de esqueeimento e deformagao da ética, nio mais vista como ciéncia da felicidade humana, mas como cédigo extrinseco de conduta. No entanto, a concepgio tradicional continua a desenvolver-se, ainda que através de canais diversos, nem sempre diretamente ligados a9 Ambito académico. Isto se d4 sobrecudo nos autores misticos. Assim, nesta época, encontramos auténticos “psicdlogos profundos”, como o venerdvel Joao Tauler, 0 beato Joao Ruysbroeck, Joao Gerson, chanceler da Universidade 55 CEA. StAGNUTTA, La fonderione medievale della psicologia, 110-111 (nova 136): «San Tommaso conosce Jpene non solo Aristocele ma anche tare fa psicologia neoplatonica, patrstica « medievale prece- dente, Per esempin, cits continuamente il Damasceno e;sopractucto, il Nemsio (pscudo-Gregorio «dj Nissa) che con la sua De narura hominis, tradorto dal vescovo Alfano della Scuola salernitana, ra- pprescata la base pits natura della aizione scientificae psicologica yrecae araba ove chiaramente definivi idea delltsomo come microcosmo, sincesi di rust eaatceri e le Forme delPuniverso (_.), La Summa Theoogice ivenca il manuale di psicologia scienifica pit sofisticaro del tempo perché queste vengono elaborate ino alle pid estreme comseguense, congruc con la cultura del secolo XIII e oltre.» 56 E, FROMM, «Psicologia per non psicologi>, en Lamore per la vita, Mondadori, Milo, 19923, 82, Filosofia da histéria da pris da psicologia a 9 Cartuxo (comentador de Cassiang, da Nuvem do nao-saber, Esta Ga aa plenitude 02 modernidade do Século de Our, raria su ao em Sao Joao da Cruz, oy ore formado no tomismo da Universidad, ficspecialmente ay nay pracica aristotélico-tomista, fundada con, de lamanea, que i cges om profundidade psieoldgiea, yy 9 alcanca novas oo oA compreenda a coincidéncia Profiind, ai, logo depois da Sagrada Escritura, 9 ae Fm suas obras, 0 santo carmelita explica coy Sanea Teres plagio, abe coat aacengao, entre ambos pensadloress 4 mais citado seja Le tragdo a intcragao entre a contemplacao pu oe si as a divina, ea estrutura natural sobrenaturs) ioe ae A explicagao psicoldgica da ne escura (dos sentido ¢ do espirito), ¢ dos vicios inconscientes que saem a BG: nesta purgacag® sio, talvez, uma de suas maiores originalidades, nas quais nao foi superado por nenhum autor posterior. Outro grande autor, que influiria de maneira notavel, direta ou ine dirctamente, na modernidade é Santo In4cio de Loiola, cujos Exercicios Espirituais sto uma grande prova de profundidade psicolgica. que lhe 57 Sobre catia que vai desde a concepeio 0 no sé asi oni # sontepsao da contemplacio no século XIII A sintese de Dionisio, 0 ‘Carnuxo cf ANDEREGGEN, Contemplasion fos ign mister: desde 3 re templacion flesifca y concemplacién msi desde las vances autordads gg Mie Mlla Denise Carano (XV), EDUCA, Buenos Aires 2002. ae 58 Considerada por Pio X mestra de ‘psicalogia misticat 59 PoisSio oto da Gun ni di Crus, SJOAO DA cruz, 1, Hanada ’ done) abcess ht SE aguas mits ue aneaslnaas a alma, enrao. 0. M8 80 via nem sen : alma poss ose sete ye IO Sent uns pg ee SEN Com a luz eae do fogo divino, as é ‘stare oedema eh Porc na are 01S, que se opde kn agbeenal oda ssi € si como suas trey ee Tantra ag oy tas teva8sentied a iy A evas. que as tem em sy a + lumina, ae dlvina hie nao ag em que a luz a acomera, porque ohh epiriuge hah seometese ach a a need csi WOR, desde gu eS MAura} y ‘ Rie pa immagine SHPaes fap atu s ale sia a eS ae ge Ne pe ens anon * 48 Psicologia ha. alex, 0 tinieo Poneifice que‘ d Psicdlogos eanslicos de hoje ef Dist” 1 G. Jung ou Vallejo é reconhecida por autores tao distintos como Car Nagera.* 104 a ambém os Nesta mesma Espanha crista encontramos, no entanto, ceriam na psicologia 4 aay ¢ San Juan, que, contempor‘nea. Um exemplo €0 médico Juan Huarte de San Juan, 4 um método de orien- antecedentes de atitudes € metodologias que reapare em seu Examen de ingenios para las ciencias, apresenta ce tagao profissional haseado nas faculdades da alma (meméria, inteligencia ‘ imaginagao), conccbidas de modo materialista como fungoes do cerebro: Um aristotelismo materialista j4 tinha tido expoentes antigos importantes, como Alexandre de Afrodisia, mas reapareceu com forga no Renascimento (especialmente em Padua), ¢, mais tarde, unir-se-ia a outras correntes que estao na origem da atitude que terminard assinalando a modernidade (como o libertinismo erudito ¢ a mistica heterodoxa), ¢, a0 final, a diregao da mo- derna praxis da psicologia, Entretanto, durante os inicios da modernidade, ¢, 20 menos até meados do século XVII, a corrente principal de pensamento cra de inspiracao nitidamente crista, e os pensadores divergentes, uma minoria de intelectuais heterodoxos. [XIU Congreso Incernacional de Piclagiaaplicada, Roma, 10 de abril de 1958, §2: Quando se considera ‘© homem como obra de Deus, descobrem-se nele duas earactersticas importantes para » desenivol- vimento ¢ 0 valor da personalldade crsti: sua semelhanga com Deus, que procede do ato eriador, 6 ‘ua filiagio divina em Cristo, manifestada pela Reyclagio, Com efeito, a personalidade evist3 se tora incompreensivel se se esquccem estes dads, a psicologia, sobretide 2 aplicada, também se expe 2 incompreensOcs € et0s sos ignora, Porque serrata de fatos raise n20.imagindrios ou jupostos. Que «ses fatos sj conbesidos pela Revelagfo nao retira mada de ua sutentieidade, porque a Revelagio poe o howiem, 04 0 sia, no momento crtico de ulcapuissar os limites de-uma inteligéncia limitada para abandonar-se & inceligéncia infinica de Deus", 62, CEJ. A. Vauusto Nacsa, El “Libro de los Blercicios” visto por un psicoterapeutan, in Revi. Bspiriruatidad, 58 (1956) 15-28, pena de 63 CEJ Hasere ie San JuiaN, Bxahie egos ara la lnc, Bspata-Calpe Buenos Aivee 49 (poruidi de 1695) Natio ro "mest 4 dfereas do aac ea Vortemenre Sie deters que a ead um corsspende em particle. E obra onde o qu l com acengae ehear ent ‘mancia de seu engenho saber escolhera cincia na qual mais progvedird:ese,porventura tierra, professado, entenders se acertou na que pedia sua habilidade natural" 3 vies 64 A mterpretagio naturalist imanentsta do Renascimentovalesomente ppensamos cm autores coma Lelésio, Bruno, Bochme,¢,sobrevido, tinuaria, através do libeccinisme crudieo, no proprio iluminismo, sus rales em movimentos anteriores, como o vereoismo met Baraalgumas de sus linhas O atistorclismo averroisca, que con- Essaslinhas de pensainento deitam eval, combat: “a Sanco Tomes e $40 Boavenuta,o Nominilismo da Eecolattica decaderna eve ee at Alberto, cadence, as correntes gnéstic, ‘edo tipo neoplainisalqumistas cherméicas. No funda. tits sedeumnalanctne eee ceiseiu, desde que © homem decaido se dedicou ao pensamento, ue sempre Flosofin da Hiern da pris da pieolgia 53 I q modern re razao € fe, também € sobretug, 0 jruptur acom a tradicao I ontemporanea, Caracterizad, : Pela de parte das construgses reg, j: ee ri de pensar ¢ viver cristao, é daa icas : ‘ ia linhas. Nos nos c a los 1» harmonia ent vo pconcepsi0 Cl osic0, © modo Feada em poucas duziram 4 c fatores que Com ide de base. Trata-se de tre: oderna, em contraposi¢ao com a harm Oni do periodo anterior, a0 menos nos repre. ¢ que Santo Tomas oun _ a cy moderna easua atic ~pacterigaram a postura mi Foe esssfacores,caracteristica centantes da grande tradigo que resumimos, 1) a oposigao entre razao e fé; b) a separagao entre razdo © experienc; cia; ¢ ) a oposicio entre moral ¢ psicologia. |, A oposigao entre razao @ fé ue se libertar : ima ehapee am dojugodeumaset Pes 280 eliberdade humans oe MA Tegia exter] te) . tior (imposta Benge aimente ae DNs aENIS a tiga] EOS de ideal ley OL Bl Acted exe ealismo que oe toa 95, gy lOmin a “lap ings enantio enCk crn herefene ck te AR (ee), Seiad ticos que apresentaram una uma visto msde ened lavori gi os : aca elton dais oe SE ator ads aalinhs, oe \e storiografico imposto tale rid ri ¢ uma pj sone pat PMomeny Mem sche nade Spas s Wisin d resin nea cates, tua ldealitica, secondo coh om mma storia del pe ee - fenebra (yt Perisiero dovesse venit (som ' La resistenza del pens! il pensicro medievle i cabilidade pela propria pela Igreja), tomando sobre si mesmas a responsabilidade pela Prop yimento iluminista: existéncia. Assim define Immanuel Kant 0 mov smenoridade. Ele mesmo culpade “A Tlustragao consiste no fato pelo qual o homem sai da ne ‘ _se do proprio entendi- por ela. A menoridade consiste na incapacidade de servir mento sem a diregao de outro” m, de sua raza0 € de toda heteronomia, se de seus minis- Trata-se de um projeto de emancipagio do home sua liberdade, com respeito a todo vinculo extrinseco, a principalmente da religiio revelada, de suas instituigoc tros, A submissio seria fruto tanto da ignorancia quanto da covardia, que wnfo se deixa iluminar, nem se atreve a chegar h idade adulea. “Sapere aude", atreve-te a saber, ¢ o lema do Iluminismo. Um papel central na emancipagao da razio buscada pelos pensadores ilustrados ¢ levado a cabo pela “ciéncia’.® Trata-se de “reconstruir”, partin- do do zero, 0 conjunto do saber humano, com independéneia em relagio 4 tradigao cientifica anterior (especialmente aristotélica), a Revelacao € a toda hipdtese “metafisica’, considerados como coisa gratuita e fantasiosa. ‘Ademais, o progressismo que caracterizou muitos autores desse movimen- t0 0s impelia a um otimismo com respeito 4s possibilidades da ciéncia humana, destinada a cyoluir de mancira ilimitada. A melhoria do homem. passaria somente pelas maos do homem. © cientista adquire um status quase sacerdotal c messianico, capaz de trazet 0 bem-estar, e prometendo uma futura bem-aventuranga intramundana. 67 Kant, «Respuesta ala pregunca qué cl lascactnts in Elsa dela hscoria, Nown, Bueno Anes 1958, 57. 68 Ummarco chavede projeto minis fo, sem dvida, a Eneetopédie,ceigida por Di i Huber cut ured opptedligie gps ge ae eotes Milao, 1996, 235:"E sabido que a grande publicapio, a Encilopédia,cujo primcito volumeapaecen 1 de flko de 1751, com umn Discuso prliminar de DAlembert, cu cordiretor até 1759, eee objetivo de tragar um inventirio compleso do saber da época: ciéncias do homem, matcrnitin ease ‘ulmiea, tina, nineralogia stenomia, biologi. Fito emu expiitn positive e ac fis rienrado pon uma perepectivd conta male aln das decordinclane dos ecommerce eee incvitives pelos ineereses,pelas iniigs e pelos conflios de infkiénciasf.) Uren ee tende a substitu as tradicionats teorias tcoldgicas c mtallsicas, uma noya selisiae epee ta doctrna do homer reall como se sara, lhereado das peosignes alec originale da sujeigao mondrquic tligiosas, do pecado 69 Detodososmodos, desde 0 ponto de vista propriamente filossfico, de, ¢ mesmo oposigao, entre esses autores: uns mais inclinados ao » encontramos uma grande varicda actonalisme, outros ao-empirisinio: Filosofia da hisréria da précis da 'psicologia 3 davida afetiva e da fantasia, come i m. cionais (dos quais surgiria o interes, : se ifica um Tetorno 20 Cristiani, jo romintica de exaltagio ectos obscuras € itTac eo ocultismo) nao sign Te senvolyimento de alguns motivos jd presentes em alpung 0, como também uma compreensivel reac compen. satoria, A perspectiva imanentista ¢ — no ea aprofan ee, Qual éo papel desempenhado pela psicologia ee Shaan Como acabamos de explicar, a ilustragao pretendeu a li ertagio do home, através do desenvolvimento livre de sua razao, de todo tipo de tirania, ¢ muito especialmete, da Igreja eda religiao revelada em geral, consideradas como fraudes ¢ lesivas da autonomia da razao humana. A psicologia d, Tluseragao sera, portanto, uma tentativa de reelaborar o saber acerca do homem e acerca de seu “dever ser”, sob 0 guiamento da razio cientifics autdhioma} com rechago de todo dido sobrenatural, inclusive metafisico, A reac! bém de outros asp’ pelo inconsciente cradicional, mas o de autores do Iluminism tidos como deméncia ou fanatismo, ou, no melhor dos easos, reinterpre- tando-os como mitos que encerram uma verdade puramente natural, uti) para a instrugao do vulgo. Recordemos, ademais, que o século XVIIL ¢ a época do nascimento da psiquiatria moderna, com o famoso Pinel, que ¢ hoje lembrado pela libertagao dos enfermos mentais das cadeias, em uma historiografia mé- dico-psiquidtriea tingida também de mentalidade Pprogressista” Neste sentideyinao € estranho encontrar nos manuais de histéria da psiquiatria ~sem diivida junto com dados verdadeiros acerca do modo subumano com jue di i ue Gurante muito tempo se trataram estas afeccoes — uma enorme série de afirmagées errada apes ag adas, falsas ¢ caluniosas com Tespeito 4 concepedo medieval, as dels outros, vanelstas; Asks tuts humana, rer ont ARS Cateus, al i & outros, kee Iguns ingenuamente otimistas acerca tenn delibricn rom rope no ann ret fix de uniticagaa dames pends 9 néeessério csclarever em tale dizer, um mocive sobretude policies teligioe neha db ob autotes deste period saa ituministas 1? redsico al haeimicncy def ct nee da Hist 1 CE Por exemplo, j. Post TL (Coord). nena ae “ Esse ummanual yt? dela psquinr i ‘miento moral)", eap, XI de J. POSTEL” Média puta oe tnd pic tl Cth Peon Méxc 200 15410 aa MONE evita as simplifea I Ova Psiquiaer implifeagses que transformam 4 PS on Keri opus cel e,0 que para eles era 0 mesmo, cristd, a qual se resumiria a demonologia caga as bruxas” No entanto, nessa Oca que restirgem todo tipo de teo _cas, espiritistas ¢ ocultistas Pensemos, por exemplo, em . Swedenborg | Dy Despinta de que Kant se ocupa com preocupagio no “Sonhos de um vi- 71 Umexemplo de um julzo, de inicio, ambiguo ¢, em geral, negativo, o encontramos no famosa livro de Le = ee is Sees The history of Pian: ‘The New American Library, New ae tia ot nto tl gps eames smc ts he underground thle of Cicer Ram aiden, fe gal poe Chis pine eres cevard ampertatial dertonologs soil grainy Ortncl era wene a acces le tov supe nail detnonslogy, sel gig Orin] influences ene dels, Ot ce ee Eh selection of the trend he prefers. One can readily admire the darable scout ahicn of hi monster the reno he i sae sa the unhioel eres . the psychological genius of St, Augustin che encyclopedic scho- Go ee hom ‘Aquinas, and che enlightened outlook of Avicenna and Maimonides, which stands out sharply againse a background of prevailing obscurancism. Bt oni can also deplore the intellectual sterility of the scholastics, che ae to prehistoric demonology, and the insticutionalization ofthe vial principles of Christian ethics that led in dime co unparalleled excess of intolerance and injury commited inthe name of chose principle”. Em particu, 0 julzo sobre Santo Toms ¢ sumamente injusto (88): “What St. Thomas did to Aristotle’s teachings is a classical example ‘of the common historical pattern that an originally pionceting accomplishment, after becoming ins titutionaligaced, can become rigid dogma and ee greatese impediment for future development. These and other principles become itionalizaved that even into the eighteenth century Aristotle remained unyelding fortress of reactionary and oppressive thought. The influence of St. Thomas in the history of psychiary thus must he seen as reerogressive”. Estes julzos manifestam 0 pano de fundo de PROGRESSISMO ILUSTRADO gue gula os autores, que véem ma psicanilise a realizago maxima da psicologia eda priquiatria Estas afirmacdes sto, em sua maior medida, fllas. A comegar pela interpre facie que Santo Toms faz de Aristoreles, que, no século XIII, er2 una novidade (inclusive vista por alguns setores da Igreja como perigosa) ¢ nao um autor ahengoado e recomendado pelas autoridades tclestlsticas, A incorporagio que Santo Tomds efecua de seu pensamenco 3 teologia & uma enorme sgenialidade, que ta pode sex julgada a partir do ponto de visea parcial de seus sparces& psiquiaria. Gusto a0 reseante, baste-nos aul recorday que muice antes de a Glancropia taseeada libereat os ‘enfermos de suas correntes, foram grandes santos os primeiros a traté-los dignamente, como Sio joio de Deus, como o-mesmo Alexander recimhéve: E nist nao fizeram outra coisa seni imitar Cristo ¢ “seguir seus ensinamentos, Jean-Claude Larcher demonstra, de modo itrefurével, que este também foi ‘Simodo de agire pensar dos Padres orientale cf. Théraneigue des maladies mwas, 14Alos que la paychiatrie moderne apparatt pour une grande par déchirée,chinme nous avons vu, pa des ores conttadietoires ou précendant chacue la valeur de son point de wue il est inedressane de conseater qi lipenséechrétienne a développe une conception compless des malsdis mentales qutreconnait J cut vig eois causes posibles organique, démoniaque et sprituclle, ce ois éiologies donnane Tides thérapeurigues ferences ecspécfiqucs Cela permet embléede comtaterlaradicae aus- seid de afirmacon, szezrépandu parm es historensquellesfaurait conga fli tks maladies tmenrales que comme Feffet dune possession démonisque 2 8 edenborg (1688-1772) foi ‘unta especie de polimara esordrico, éxeéntrico, que influenciow ee eens nis cif etre oko quarts do esulo XVII €0 primeno do a ef Kancarmaisconbccio de Ligado 4 wagonariaocsetitorsueso oto fundidor de tum rigo que tinh por base 0 relato do Genesis, por ele derurpado 0 Rico de Swedenborg, Este, na sua eee ce gcse grou Aprende Tebtofoi Cowpens Metal Metre Tedeafo Tuininado, Indo Azul e Irmo Vermelbo: Caredrdrico de ‘Matemdelct na Universidade de Upsilia, Filosofia da hisedria da praxis da psicologia 55 illi s (fundador da psicologi: ide William James (fun ae rae tbs facts ca F também em Mesmer € a teotia do ude apresentada sob roupagem cientifica, ¢? €a medicina sion: ft experimental nos Estados Uni i pura fia “magnetismo animal”, pura ta sob r : Ia hipnose e pelo inconscient passos prévios paraa criaga0 da psicanalise7s lo das Luzes a origem da pedagogia partir das propostas educativas que prepararia o interesse pel da Nacurphilosophie romintica, Pode-se identificar também no Secu! cientifica, que levantard voo sobretudo a i constitui o an- apresentadas no “Emilio”, de Jean-Jacques Rousseau, que i i i opri ator tecedente do retorno 40 irracional ¢ impulsive, préprio de autores como Goethe” ¢ Schiller, e depois do romantismo. Estes, junto a autores como Swedenborg éautor dos tratadosintinulados Psicologia Emplrica e Ptcolegia Racional de interesse apenas para historiadores da psicologia, em nossa opiniao. [N. C.] fics tae wR L, GEYMONAT, «La scienza tedesea nel period romantico la Narurphilosophic, lL. ae ‘magnetism animale» en Stora del penser filosfico c scientifico, vol, IV, Garzanti, Milano 1981, 253: «Franz Anton Mesmer (1733-1815) era divenuto medico a Vienna. pel 1766 con una dis- sertezione De planeeara infu in corpus humarum. La forza che spersa per i cieli é causa prima della sgcavitezione € forse anche di ruse le proprier4 del coxpi secondo Mesmer- agisee anche sulluomo, (Questa forza o magmetismo naturale lea tute le cose in una segreta simpatia ¢ penetrando ael sistema nervoso degli organismi agisee come magnetism animale, La salute cla malattia sarcbbero condizio- nate da tale fluido ¢ Mesmer raccoglieva attorno ad un magico apparechio capace di concentrarlo i pazienci che accorrevano numerost. 1! successo, che non pote ortenere a Vienna ed ebbe a Parigi, a forse pit che un erionfo della ciarlarancria una seonficea della medicina ufficiale di fronte a fenomesi di nevrosi e di isterisma che le practiche di Mesmer ponevano in evidenza, Convulsfon, staid jpnos! ed sonnambulismo, celebrai dai seguaci del nuovo indirizzo come pruwa del “uid”, aagono ai romantiei non meno delloscura dottrina che alludeva suggestivamente ai termi git dibarcuti dellznima del mondo, della interrelaafone universal, del galvanismo ¢ della polarich Questi stati abnormi della psiche umana appaiono come il laro notrumno della vita. La dualitd-entro cui si rrova IVomo, dualiea di materia c gpirito, male c hene, individuale e uniyersale, a livello di ma imbolizzata dalla oscusich dalla luce, dalla novte e dal giorrio, dalla. erocosmo veniva miticamente si ‘una visione sul polo oscuro ¢ nocturne della viea e suggeriva un terra ¢ dal sole. I! mesmerismo apri legame dell uomo col ritmo alterno del cosmo». CE. E. Pavesi,

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