You are on page 1of 229
Universidade Federal do Para Centro de Geociéncias Curso de Pés-Graduacio em Geologia e Geoquimica He ccf tras FeevsaaPu ore aa CH “EVOLUCAO GEOQUIMICA DAS CROSTAS LATERITICAS E DOS SEDIMENTOS SOBREPOSTOS NA ESTRUTURA DE SEIS LAGOS (AMAZONAS)”. TESE APRESENTADA POR . SANDRA LIA DE ALMEIDA CORREA Como requisito parcial 4 obtengao do Grau de Doutor em Ciéncias na Area de GEOQUIMICA. Data de Aprovagéo 19/03 / 1996 Comité de Tese;,, yn 9 j MARCONDES LIMA, DACOSTA —_(Orientador ) BS cn Waris GRisTINA MOTTA DE TOLEDO We SONIA MARIA BARROS | Ap the beet dn © EDUARDO DE VRIES LAPIDO-LOUREIRO “HERBERT JOSEF POLLMANN BELEM AGRADECIMENTOS: - Ao Prof. Dr. Marcondes Lima da Costa, orientador deste trabalho; - A Universidade Federal do Para, em especial ao Diretor do CCEN, Prof. Dr. Renato Guerra, pelo apoio durante a realizacao deste trabalho; ~ Aos laboratorios de Microssonda Eletrénica da USP, UFBa, UNB, IAG (USP), pelas anilises realizadas; - A Escola Politécnica da USP pelas analises por microscopia eleténica. - A Profa. Dra. Maria Cristina Motta de Toledo (IG/USP) e ao doutorando (IG/USP) Amaldo Alcover Neto pelo apoio durante minha permanéncia em Séo Paulo; - Ao Prof, Dr. Moacir Macambira e ao Prof. Dr. Thomas Sheller, pelo acompanhamento e discussio das anilises isot6picas realizadas no Laboratério de Geologia Isotépica do Centro de Geociéncias da UFPa; - As amigos Vanda, Ronaldo, Adriana, Leiio, Romulo, Eliene, Rosiney e Sérgio, por todo o apoio durante o desenvolvimento deste trabalho; ~ Aos técnicos dos laboratérios do Centro de Geociéncias da UFPa, Natalino, Vania, Walmeire, Lopes e Rosinha, pela colaboragdo nos trabalhos laboratoriais, - Aos colegas do Departamento de Quimica Francisco Assungio, Harry Serruya, Erivan Souza Cruz e Manoel Quaresma da Costa, pela colaborago durante o curso de doutorado; ~ Ao secretério do Departamento de Quimica, Edilson Rodrigues Lopes e aos funcionérios da ABQPA, Ménica e Juarez, pela colaborago prestada; ~ Ao meu amigo Anselmo Monteiro dos Santos (in memorian), por toda colaborago no inicio deste trabalho; - Ea todos aqueles que colaboraram direta ou indiretamente para a realizagao deste trabalho. SUMARIO AGRADECIMENTOS. LISTA DE ILUSTRACOES. oO ee ABSTRACT. 1, INTRODUCAO.... 1,1 PROBLEMATICA...... 1.2 ASPECTOS GERAIS DE COMPLEXOS CARBONATITICOS. 1.3 O INTEMPERISMO DE CARBONATITOS E DEPOSITOS ASSOCIADOS. 1.4 EXEMPLOS CORRELACIONAVEIS A SEIS LAGOS. 1.5 OBJETIVOS.. 2, ASPECTOS GERAIS SOBRE A AREA DE TRABALHO. 2.1 LOCALIZACAO........ 2.2 ASPECTOS FISIOGRAFICOS 2.3 GEOLOGIA REGIONAL 3. MATERIAIS E METODOB...... 3.1 AMOSTRAGEM. 3.2 TRABALHOS DE LABORATORIO... Pg. Nii 1B 16 7 7 7 20 22 22 3.2.1 Andlises Quimicas, 3.2.2 Anilises Mineralégicas, 3.2.3 Extragdes de Fases Minerais. 3.2.4 Microanilises Quimicas. 3.2.5 Anilises Isot6picas...... 3.3 TRATAMENTO ESTATISTICO.... 4. A CROSTA LATERITICA SUPERFICIAL AFLORANTE. 4.1 ASPECTOS GEOLOGICOS. 4.2 MINERALOGIA...... 4.2.1 Minerais de Ferro. 4.2.2 Minerais de Manganés 4.2.3 Minerais de Titanio..... 4.2.4 Fosfatos........ 4.2.5 Pirocloro, 4.2.6 Cerianita. 4.2.7 Zircio e Quartzo. 4.2.8 Gibbsita.................. 4.3 GEOQUIMICA. Secret 4.3.1 Composigéo Quimica... 4.3.2 Elementos Tragos. 4.3.2.1 NiObIOW. oon Serer ne Pg. 24 27 29 32 32 34 34 45 oA 53 58 61 65 65 65 65 69 69 Pe. 43.2.2 Bario, Manganés e Cobalto.... n 43.2.3 Vanadio, Zircénio e Estanho. 16 43.2.4 Esclindio... os 78 43.2.5 Chumbo e Tério... 82 43.2.6 ftrio...... 86 4.3.2.7 Molibdénio. 86 43.28 Betilio..... 43.2.9 Cromo, Cobre, Gilio, Boro e Prata. 88 43.2.10 Elementos Terras Raras.. 89 5. O PERFIL LATERITICO... pos) 5.1 MINERALOGIA......osonnsntninneneeeenenss 97 5.2 GEOQUIMICA......csconeneniennnentertennnntnnennnen 103 5.2.1 Composi¢iio Quimica dos 90 m de Crosta do Perfil do Furo 1. 03 5.2.2 Composigio Quimica do Perfil Lateritico Estruturado do Furo 3 seco 6 SEDIMENTOS LACUSTRES DA BACIA ESPERANCA.... a 128 6.1 SEQUENCIA LITOESTRATIGRAFICA....... 128 6.2 MINERALOGIA...... 132 63 COMPARACAO MINERALOGICA ENTRE AS CROSTAS SUPERFICIAIS, PERFIS LATERITICOS E SEDIMENTO6...... 135 6.4 OS MINERAIS LATERITICOS. 6.4.1 Grupo da Crandalita..... 6.4.2 Oxi-hidréxidos de Mn Amorfos. 6.4.3 GibbSita. ose eteeeeee 6.4.4 Caolinita..... 6.5 OS MINERAIS PRIMARIOS HERDADOS. 6.5.1 Minerais de Titénio. 6.5.2 Pirocloro, 6.5.3 Monazita....... 6.6 MINERAIS SEDIMENTAR-DIAGENETICOS. 6.6.1 Siderita. 6.6.2 Pirita..... 6.6.3 Sulfato de Calcio. 6.7 GEOQUIMICA. 6.7.1 Composi¢éo Quimica das Camadas. 6.7.2 Curvas Normalizadas dos ETR Segundo as Camadas... 7 CONCLUSOES....... 7.1 ORIGEM DAS CROSTAS SUPERFICIAIS E DO PERFIL DO FURO 1. 7.2 ORIGEM DO PERFIL DO FURO 3......scsosstsssvsnisnratnnsene 136 136 139 139 142 142 142 142 147 147 147 167 168 168 168 177 180 180 180 7.3 ORIGEM DOS SEDIMENTOS DA BACIA ESPERANGA E SUAS RELAGOES COM OS LATERITOS PRE-EXISTENTES. 180 PE. 7B. Aspectos Gerais....cceennnnninnnnnnnnnnnne . 180 7.3.2 Origem da Brecha Carbon: 181 7.3.3 Origem da Argila Carbonosa............. seenennttneeneesensneees 186 7.3.4 Origem do Sapropelito..... 186 7.3.5 Origem da Argila Creme/S0l0.........00.0neono 187 7.3.6 Consideragées. 187 7.4. BRECHA CARBONATICA VERSUS CARBONATITO.... 188 7.5 CONCLUSOES. 190 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS.... SS 191 ANEXOS....ecconrrnnnnnnnnnnnnnnnnnnnin 204 vi | FIGURAS Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 INDICE DE ILUSTRACOES Distribuigo geogrifica mundial dos carbonatitos, com base nos dados de WOOLLEY (1989)... Perfil lateritico © evolugo mineralégica do complexo alcalino-ultraméfico- carbonatitico de Maicuru, Modificado de COSTA et al. (1991). ‘Mapa de localizago da estrutura de Seis Lagos. Modificado de VIEGAS FILHO & BONOW (1976). Mapa geologico da folha NA.19-Z-D, onde destacam-st as estruturas de Seis Lagos. cs Mapa de amostragem da crosta em superficie em Seis lagos. Modificado de VIEGAS FILHO & BONOW (1976). Localizagio das amostras coletadas nos furos de sondagens de Seis Lagos... Esbogo geolégico de superficie da estrutura de Seis Lagos. Modificado de VIEGAS FILHO & BONOW (1976) e ISSLER (1980).. Padrio difratométrico da goethita da crosta de Seis Lagos.... ‘Aspectos microscépicos da goethita e da hematita da crosta de Seis Lagos..... ‘Agregados de cristais de goethita com tragos de Nb (MEV). Goethitas como estruturas de fluxos, portadoras de Nb (MEV)... Goethita fibro-radial em matriz microcristalina (MEV), sendo essencialmente férrica....... vii Pe. 10 4 18 21 23 25 33 36 39 40 41 a2 FIGURAS Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 Figura 20 Figura 21 Figura 22 Figura 23 Figura 24 Figura 25 Figura 26 Figura 27 Goethita com hébito em rosetas (a) na matriz goethitica (b), e 0 espectro ao MEV. Amostra CB-24. Ocorréncia de oxi-hidroxidos de Mn em forma arborescente na crosta de Seis Lagos. Padrio difratométrico da romanechita da crosta de Seis Lagos. Padriio difratométrico dos minerais de Ti na crosta de Seis Lagos... Aspectos microscépicos da ocorréncia de minerais de Ti na crosta ferruginosa de Seis Lagos. Padro difratométrico dos fosfatos do grupo da crandalita da crosta de Seis Lagos. Padrao difratométrico do pirocloro da crosta de Seis Lagos. Padrio difratométrico da Cerianita de Seis Lagos....... Gibbsita (a) envolvendo cristais de goethita (b)... ‘Médias e variagdes das concentragdes dos elementos maiores nas crostas de superficie de Seis Lagos. N=26.. Diagramas ternérios, mostrando a composigo quimica da crosta aflorante em Seis Lagos... Médias e variagdes das concentragdes dos elementos tragos nas crostas de superficie de Seis Lagos. N=26.... Mapa de distribuico dos teores de Nb na area de Seis Lagos... sosnansesseeeee Diagramas de correlagao entre TiO; e Nb na crosta de Seis Lagos. Mapa de distribuig&o dos teores de Ba na area de Seis Lago: vill Pg. 43 46 47 50 31 35 59 62 67 68 70 n 2 B FIGURAS Figura 28 Figura 29 Figura 30 Figura 31 Figura 32 Figura 33 Figura 34 Figura 35 Figura 36 Figura 37 Figura 38 Figura 39 Figura 40 Figura 41 Figura 42, Figura 43 Figura 44 Mapa de distribuigdo dos teores de Mn na area de Seis Lagos... Disgramas de correlagfio entre Mn, Ba e Co na crosta de Seis Lagos... ‘Mapa de distribuigo dos teores de V na drea de Seis Lagos. seen ‘Mapa de distribuigdo dos teores de Zn na area de Seis Lagos. Diagrama de espalhamento de FeO; versus V na crosta de Seis Lagos. Correlagdes entre V, Zn, Sn e Tina crosta de Seis Lagos....... Diagramas de correlagao entre Tio, Nb, V e Sn na crosta de Seis Lagos. ‘Mapa de distribuigaio dos teores de Sc na area de Seis Lago: Mapa de distribuigio dos teores de Pb na drea de Seis Lagos. Mapa de distribuiglio dos teores de Th na drea de Seis Lagos. Correlagao entre Pb e Th nas crostas de Seis Lagos...... Correlago linear entre Y, Nd, Sm, Eu, Gd, Dy, Ho, Er, Yb e Lu na crosta de Seis Lagos... Curvas normalizadas aos condritos de amostras da crosta aflorante - Seis Lagos C\ ee Perfil geolégico esquematico da Estrutura de Seis Lagos. Modificado de VIEGAS FILHO & BONOW (1976)... Distribuigdo dos minerais ao longo do perfil do furo 1 em Seis Lagos... Distribuigo dos minerais ao longo do perfil do furo 3 em Seis Lagos. Evolugao mineralégica simplificada ao longo do perfil lateritico do furo 3, de Seis Lagos. oo Pg. 14 15 16 B 79 80 81 82 83 83 85 87 93 96 99 100 101 FIGURAS Figura 45, Figura 46 Figura 47 Figura 48 Figura 49 Figura 50 Figura 51 Figura $2 Figura 53 Figura 54 Figura 55 Figura 56 Figura 57 Figura 58 Figura 59 ‘Médias e variagdes das concentragdes dos elementos maiores no perfil do furo 1 (crosta).. Distribuigao de TiO; e Nb2Os ao longo do perfil do furo 1 em Seis Lagos. ‘Médias e variagdes das concentragdes dos elementos tragos no perfil do furo 1 (crosta), Distribuigdo de Ba, Co e MnO ao longo do perfil do furo 1, em Seis Lagos. Distribuigao de Pb e Th ao longo do perfil do furo 1, em Seis Lagos. Distribuigdio de Sc e Ce ao longo do perfil do furo 1, em Seis Lagos... Distribuigo deP20s ao longo do perfil do furo 1, em Seis Lagos....... Curvas dos ETR normalizadas aos condritos ( EVENSEN ef al. 1978) das amostras do perfil do furo 1 (crosta).. Comparagao entre os teores médios de SiOz, Al,Os, Fe,Os e perda ao fogo (PF), 0 longo do perfil do furo 3. Distribuig&o dos teores médios de P2Os, TiO2, KxXO, NaxO, MgO, CaO e MnO, segundo os horizontes do perfil do furo 3. one Distribuig&o de TiO: e Nb2Os ao longo do perfil do furo 3, em Seis Lagos. Distribuigio de P2Os , Sr e Pb ao longo do perfil do furo 3, em Seis Lagos. Distribuig&io de Y, V, Cr e Ni ao longo do perfil lateritico do furo 3, em Seis Lagos....oen. esetssesssntn Distribuig&io de Fe,O; e MnO ao longo do perfil lateritico do furo.3, em Seis Lagos. Distribuigo de Zn, Cu e Rb ao longo do perfil lateritico do furo 3, em Seis Lagos. 104 105 106 107 109 10 M1 1s 116 118, 19 120 121 123 124 FIGURAS Figura 60 Figura 61 Figura 62 Figura 63 Figura 64 Figura 65, Figura 66 Figura 67 Figura 68 Figura 69 Figura 70 Curvas dos ETR normalizadas aos condritos (EVENSEN et al, 1978) das amostras do perfil do furo 3. ‘Mapa cintilométrico sobre sedimentos superficiais da Bacia Esperanca. Modificado de BONOW & ISSLER (1980). Perfil lito-estratigrafico da Bacia Esperanga. Modificado de BONOW & ISSLER (1980)... Coluna lito-estratigréfica ao longo do furo 1SG-04-AM sobre a Bacia Esperanga em Seis Lagos, Modificado de BONOW & ISSLER (1980)...... Padrao difratométrico da gibbsita com tragos de caolinita (amostra 1,40 m de profundidade). Seis Lagos (AM). Cristais e espectro (MEV) de gibbsita (a), manchados de goethita (b). Amostra 474,4 m de profundidade...........0-00 Cristal e espectro (MEV) de rutilo (a) na matriz carbonitica (b) Cristal e espectro (MEV) de bariopirocloro (a) envolvido por cristias de siderita (b), Amostra 420 m de profundidade. Cristal de bariopirocloro envolvido por cristais prismiticos de siderita na brecha carbonatica (MEV)... Aspectos microscépicos de cristais de siderite, enfatizando o processo de ferruginizago dos carbonatos (amostra 388 m)..... Aspectos micromorfolégicos de cristais de siderita sobrepostos aos dxidos de ferro (MEV)... Pg. 126 129 130 131 140 41 143 145 146 148 149 | ; | | FIGURAS Figura 71 Figura 72 Figura 73 Figura 74 Figura 75 Figura 76 Figura 77 Figura 78 Figura 79 Figura 80 Figura 81 Figura 82 Figura 83 Cristal de siderita alterando-se para goethita (MEV) em toda sua superficie. Espectros no infravermelho do carbonato de ferro (amostra 245,6 m) (a) com e sem (b) matéria orginica... Padrdo termogravimétrico da siderita de Seis Lagos (amostra 245,6 m), Parimetros da cela unitiria de sideritas diagenéticas e hidrotermais de GIL et al., (1992), comparados com os parémetros das de Seis Lagos. Diagrama isocrénico “Rb/*Sr vs. “Sr/Sr das amostras totais da brecha carbonatica e de cristais de siderita (puros e impuros). “Aspectos microscépicos de pitita em matriz goethitica sua relago com siderita (amostra 358,9 m).. Aspectos micromorfologicos de cristais de pirita e sua associagio com siderita (MEV)..... Cristais e espectro (MEV) de sulfato de cilcio (a) em matriz carbonitica (b). Diagrama SiOz-Fe,0;-AbOs salientando a composigéo quimica das camadas da Bacia Esperanga... Curvas dos ETR normalizadas dos condritos (segundo EVENSEN ef al., 1978) de amostras de sedimentos da Bacia Esperanga..... Esquema evolutivo para sedimentagio no Lago Esperanca... Correlagdo estatistica (Modo Q) entre os materiais lateriticos ¢ lacustres da bacia Esperanga. Diagrama Eh-pH para fases de Fe, segundo JONES & BOWSER (1978).... 153 154 160 165 169 170 im 176 178 182 183 185 TABELAS Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8 Tabela 9 Tabela 10 Tabela 11 Tabela 12 Pg. ‘MineralizagSes associadas com lateritos derivados de complexos carbonatiticos... Exemplos de ocorréncias com depressdes que desenvolveram sedimentagio lacustre sobre crostas lateriticas derivadas de complexos carbonatiticos.. ‘Metodologia utilizada na determinagio de elementos maiores e tragos em amostras geologicas de Seis Lagos... Composigo mineralogica (% em peso) parcial da crosta de Seis Lagos... Pardmetros da cela unitiria de goethitas de Seis Lagos (CB-21, CB-104, CB-79 CB-114), goethitas puras e aluminosas. Composigio quimica do plasma formado de oxi-hidroxidos de ferro, obtida por microssonda eletrénica, da crosta de Seis Lagos. Oxidos em % peso. Composigiio quimica da rocha na qual ocorre romanechita... Composigdo quimica dos minerais de titfnio por microssonda eletrénica (% em C80) sen Pardmetros da cela unitaria de ilmenorutilo, rutilo e brookita da crosta de Seis Lagos e da literatura... Reflexées de difragio de raios-X e suas intensidades relativas para a florencita de Seis Lagos, de varias ocorréncias e do JCPDS.... Composig#o quimica média dos fosfatos do grupo da crandalita, obtida por microssonda eletr6nica, na crosta de Seis Lagos. ‘Comparagao das reflexes do pirocloro identificado em Seis Lagos com a pandaita de Cataléio e do JCPDS.. xiii 15 26 35 37 48 52 54 56 37 60 TABELAS Tabela 13 Tabela 14 Tabela 15 Tabela 16 Tabela 17 Tabela 18 Tabela 19 Tabela 20 Tabela 21 Tabela 22 Tabela 23, Tabela 24 Principais reflexes de diftagdo de raios-X da cerianita de Seis Lagos ¢ do JCPDS. partir da composi¢ao quimica.. Composigao quimica do material, no qual foi identificado a cerianita. ‘Composigao quimica da cerianita, recalculada a partir da tabela 15... Concentragdes de elementos tragos (ppm) em algumas ocorréncias mundiais e a média crustal. Concentragdes dos elementos terras raras (ppm) em amostras de superficie da crosta lateritica......... Relagdes ETRL/ETRP, Ce/Ce* e (La/Yb),, em amostras da crosta lateritica de Seis Lagos. Concentragées dos elementos terras raras (ETR) em ppm, das amostras do perfil do furo 1... Relagdes ETRLIETRP, (La/Yb)x ¢ Ce/Ce*, que indicam o fracionamento dos ETR no perfil do furo 1... Concentragéo dos elementos terras raras (ETR) em ppm, das amostras do perfil do furo 3. Composigo mineralégica média das amostras de calha e pontuais da bacia ‘Comparagies das reflexdes dos fosfatos do grupo da crandalita dos sedimentos lacustres com a florencita das crostas superficiais de Seis Lagos ¢ do JCPDS... xWw Pe. 63 63 64 90 o1 12 M4 125 134 137 TABELAS Tabela 25 Tabela 26 Tabela 27 Tabela 28 Tabela 29 Tabela 30 Tabela 31 Tabela 32 Tabela 33, Tabela 34 Tabela 35 Composigao quimica de plasma dominantemente fosfitico na matriz da camada argila creme/solo de sedimentos da Bacia Esperanga, obtida por microssonda eletrénica.... Comparagdes das reflexes do pirocloro dos sedimentos lacustres com o das crostas superficiais e do JCPDS. Reflexées das sideritas de Seis Lagos (amostra 388m de profundidade) e do JCPDS.. Composigo quimica parcial da siderita separada por piocessos quimicos e com estereomicroscépio. Elementos em % (peso)... Comparagio da composigao quimica média (% peso) da matriz. carbonética (1) de um cristal de siderita (2)... Parfimetros da cela unitéria de sideritas hidrotermais, diagenéticas e de Seis Lagos. ‘Composigio isotpica de °C de Seis Lagos, de sidreitas diagenéticas e de minerais de carbonatitos. ‘Composigao isotépica de "0 de Seis Lagos, de sideritas diagenéticas e de minerais de CAYDONEEEOS sessorneeensnnnsrn Razées quimicas (Rb/Sr) e isotépicas ("’Sr/**Sr) em amostras totais e concentrados de siderita da brecha carbonitica. scoot Composig#io quimica média (% em peso) das amostras pontuais e de calha da Bacia Esperanga. Concentragao média dos elementos tragos (ppm) das amostras pontuais de calha da Bacia Esperanga, av 138 144 152 156 157 159 161 162 164 172 173 RESUMO © estudo sobre a evolugiio mineralégica e geoquimica das crostas lateriticas ¢ dos sedimentos sobrepostos na estrutura de Seis Lagos (Amazonas), foi baseado em amostras de crostas lateriticas superficiais e trés furos de sondagem. Na caracterizagao quimica dos materiais estudados foram empregados métodos clissicos e espectroanaliticos. Na caracterizagao mineral6gica foi utilizado difragdo de raios-X, microscopia dtica, espectroscopia no infravermelho ¢ termogravimetria (ATD e ATG). Foram efetuadas andlises por sistema dispersivo de energia (EDS), que foram aplicados nos estudos micromorfolégicos das crostas e sedimentos da Bacia Esperanga. Nas amostras de siderita foram determinados os is6topos de “C e “O e razdes isotopicas *"Sr/*Sr. Na tentativa de datar as amostras totais e siderita da brecha carbonitica, foi utilizado o método Rb/Sr. As caracteristicas texturais, mineralogicas e geoquimicas observadas nas crostas superficiais e do perfil do furo 1, mostraram origem lateritica para esses materiais. A assinatura carbonatitica das crostas foi indicada pelos minerais como ilmenorutilo, Nb-rutilo, Nb- brookita, pirocloro © monazita, tipicos de carbonatitos e rochas associadas ¢ resistentes aos processos lateriticos e pelos teores elevados e anémalos de Nb, ETR, também de Ba, Ma, Th, Co, Zr, Sc, V, Mo e Be. O perfil do furo 3, que se apresentou estruturado em horizontes bem distintos, caracteristicos de perfil Iateritico, mostrou composi¢iio quimica-mineral6gica indicativa de derivagao lateritica a partir de rochas aluminosilicatadas pobres em ferro, como as encaixantes (granitos e gnaisses) de Seis Lagos. Os sedimentos da bacia Esperanga mostraram que tiveram como érea fonte os diferentes horizontes dos perfis lateriticos e grande contribuigdo orgénica vegetal e animal. Os materiais que constituiram a brecha carbonitica, foram provenientes das crostas ferruginosas lateriticas dada a semelhanga geoquimica entre esses materiais, a presenga dos minerais resistatos da crosta ferruginosa e de minerais tipicos de ambiente sedimentar-diagenético, essencialmente ferrosos como pirita e siderita. A argila carbonosa demonstrou ter como area fonte os horizontes argilosos lateriticos como aqueles do perfil do furo 3 e, que a deposigo desta camada ocorreu em momento de menor subsidéncia da bacia Esperanca, quando as crostas ferruginosas que estavam situadas em niveis mais elevados tinham sido erodidas e os horizontes argilosos estavam expostos. A camada de sapropelito indicou a instalagao de um ambiente Acido redutor prolongado, dada pela sua elevada espessura, que sua constituigZo quimica-mineralégica foi contribuida também pelos lateritos, principalmente, dos horizontes argilosos, ¢ que a formacao de pirita foi a mesma daquela, da brecha carbonitica. A camada de argila creme-solo foi constituida também dos horizontes argilosos, como indicou sua composi¢ao quimica-mineralégica Na brecha carbonatica da sequéncia litologica da bacia Esperanca no foram encontrados minerais tipicos de carbonatitos, a excegiio dos resistatos (ilmenorutilo, Nb-rutilo, Nb-brokita, Pirocloro e monazita) e siderita no comuns nessas rochas, mas minerais lateriticos como gibbsita grupo da crandalita, As filiagdes geoquimicas encontradas entre crostas ¢ brecha carbonitica e argilas/sapropelito e horizontes argilosos lateriticos foram notaveis, O no alinhamento dos pontos analiticos no diagrama isocrénico (“Rb/*Sr vs. “Sr/*Sr) obtidos tanto das amostras totais como de cristais de siderita da brecha carbonética no foram compativeis com rochas homogéneas, como seriam esperados para carbonatitos, ao contrério do espesso pacote sedimentar. Os resultados mineralégicos, geoquimicos ¢ isotépicos demonstraram que a brecha carbonitica no corresponde rocha carbonatitica, e que os sedimentos da bacia Esperanga incluindo a brecha carbonética tiveram como érea fonte principal os diferentes horizontes dos perfis lateriticos, onde a crosta ferruginosa foi a fonte de grande parte dos sedimentos da base da coluna (base da bacia, provavelmente) ¢ os horizontes argilosos das camadas superiores. Isso permitiu que em toda a extensio da coluna, fosse transferida a assinatura geoquimica da fonte primiria geradora dos lateritos que foram rochas carbonatiticas, e preservada nos lateritos, ABSTRACT The study of the mineralogical and geochemical evolution of the lateritic crusts and the overlying sediment in the structure of Seis Lagos (Amazonas State) has been based on the analyses of samples from the surface lateritic crusts and from three boreholes as well. In the chemical characterization of the examined material, it has been used both classic and spectroanalytic methods, while in the mineralogical characterization, x-ray diffraction, optical microscopy, infrared spectroscopy and thermogravimetry (DTA and DTG) have been employed. Energy dispersive system analyses (EDS) have been performed and applied to the micromorphologic study of the crusts and sediments from the Esperanca Basin. In siderite samples, it has been determined "°C and '*0 isotopic contents as well as the *’Sr/“‘Sr isotopic ratios. The Rb/Sr method has been used in an attempt to date whole samples and siderites from the carbonatic breccias. The textural, ‘mineralogical and geochemical features observed, both in the surface crusts and in the profile of the borehole number 1, point to a lateritic origen for those materials. The carbonatitic signature of the crusts is indicated by typical minerals of carbonatites and associated rocks such as ilmenorutile, ‘No-rutile, Nb-brookite, pyrochlore and monazite, which are resistant to lateritic processes; by high and anomalous contents of Nb, REE, as well as, Mn, Th, Co, Zr, Sc, V, Mo and Be. The profile of the borehole number 3 is arranged in well distinct horizons, what is characteristic of lateritic profiles, shows chemical and mineralogical compositions indicative of a lateritic derivation from aluminosilicatic iron-poor rocks, as those of the wall rocks (granites and gneisses) of Seis Lagos. ‘The sediments of the Esperanga Basin show evidence of being derived from the different horizons which make up the lateritic profiles, with a significant vegetable- and animal-derived organic contribution. The materials which constitute the carbonatic breccia are thought to be originated from lateritic ferruginous crust due to the existing geochemical similarities among them, to the presence of resistate minerals of the ferruginous crust and to the presence of essentially iron- bearing minerals, typical of sedimentary-diagenetic environment, such as pyrite and siderite. The carbonaceous clay proved to be derived from lateritic clayey horizons, as those of the profile of the borehole 3, and the deposition of this layer took place in a moment of lower subsidence rate in the Esperanga Basin, when the ferruginous crust, positioned at higher levels, were being eroded and the cayey horizons were exposed. The sapropelite layer indicates, considering its large thickness, that a development of a long-lasting acid and reducing environment might have taken place; its chemical and mineralogical composition received contributions from laterites, mainly from the clayey horizons; and the pyrite formation has been the same of that of the carbonatic breccia. The beige-colored clay bed, as it is indicated by its chemical and mineralogical composition, was also formed by clayey-horizons material In the carbonatic breccia of the Esperanga Basin, typical carbonatite minerals have not been found, except for the resistates (ilmenorutile, Nb-rutile, Nb-brookite, pyrochlore and monazite) and siderite, where the last one is not a common constituent of those rocks. Lateritic minerals, however, such as gibbsite and those of the crandallite group have been found. The geochemical filiation reported among crusts, carbonatic breccias, clay/sapropelite and clayey lateritic horizons is noteworthy. The nonalignment of the points plotted in isochronic diagram (“Rb/*Sr vs. "Sr/*Sr), obtained either from the whole sample or the individual siderite analyses of the carbonatic breccia are not compatible with homogenous rocks, as it would be expected for carbonatites, although they are with the thick sedimentary pile. The mineralogical, geochemical and isotopic data demonstrate that the carbonatic breccia composition does not correspond to that of the carbonatites and thus the sediments of the Esperanga Basin, including the carbonatic breccia, might have had the various horizons of the lateritic profiles as their source, where the ferruginous crust might have largely been the source for the sediments of the base of column (probably the basal portion of the basin) as well as the clayey horizons of the upper beds might have been. This made possible that, along all the extension of the stratigraphic column, the geochemical signature of the carbonatitic source rock, from which the laterites were generated, was transferred to the sedimentary rocks as well as it was also preserved in the laterites. 1 INTRODUCAO 1.1 PROBLEMATICA A estrutura de Seis Lagos, morfologicamente representada pelo Morro de Seis Lagos e ainda por dois outros pequenos morrotes ao norte desta, foi reconhecida geologicamente pelo ento Projeto RADAM em 1975, quando fazia mapeamento geoldgico ao milionésimo na regio Amazénica, a servigo do DNPM. A forma subcircular da estrutura maior (0 morro) e 0 seu modo de ocorréncia inusual nesta regido, fez com que nesse mesmo ano se iniciasse um projeto de reconhecimento e de detalhe sob a incubéncia da CPRM-SUREG-Manaus dentro do Projeto Seis Lagos, envolvendo mapeamento geol6gico, levantamentos geofisicos geoquimicos, e sondagens rotativas, A estrutura de Seis Lagos é recoberta na sua quase totalidade por espessa crosta lateritica, ferruginosa com teores andmalos de Nb e ETR. Sobre esta crosta estabeleceram-se depresses onde algumas foram assoreadas com sedimentos lacustres, outras ainda constituem lagos ou 4reas pantanosas (VIEGAS FILHO & BONOW, 1976; CORREA ef al. , 1988). Bacias lacustres sobre lateritos so reportadas por COSTA (1990 a) na ocorréncia de Jandia (NE do Pard). Os lateritos geralmente formam o substrato desses ambientes de sedimentagio, em varias partes da regio ‘Amazénica, como em Carajés, Maicuru, Maraconai (Para) e em Seis Lagos (Sto Gabriel da Cachoeira-Amazonas) (COSTA, 1990 a). BARDOSSY (1983) também destaca a frequéncia de coberturas sedimentares lacustres e pantanosas sobre depésitos lateriticos, em especial os bauxiticos. Sobre corpos lateriticos derivados de estruturas circulares de complexos carbonatiticos ou sugestivos deles, além daquelas amazénicas, conhece-se varios exemplos no mundo, como em Mt. Weld, na Austrélia (LOTTERMOSER, 1990), Matongo-Bandaga, na Repiblica de Burundi, Bonga, em Angola (MARIANO, 1989), ¢ mais no Brasil como Catalio (GO) e Araxi (MG) (CARVALHO, 1974; ISSA FILHO et al., 1984). Embora sejam frequentes estes exemplos de coberturas sedimentares sobre crostas lateriticas, poucos trabalhos foram realizados no sentido de identificar as relagdes geoldgicas entre 08 lateritos e a sedimentago lacustre e as pantanosas, cujos registros (sedimentos, contetidos floristicos e faunisticos) poderdo fornecer dados imensurdveis para o entendimento da evolugéo ‘geol6gica nao s6 dos lateritos como dos eventos que the sucederam. Seis Lagos, pela riqueza em lateritos complexos derivados de estruturas circulates tipo carbonatitos sobrepostas por varias bacias lacustres, onde uma foi detalhamente amostrada, se apresentou como uma oportunidade para realizar estes estudos, 1.2 ASPECTOS GERAIS DE COMPLEXOS CARBONATITICOS Vistos em planta os complexos carbonatiticos podem ser circulares, elipticos e lineares. Ocorrem como corpos macigos (plugs, stocks), diques, veios, como corpos intrusivos simples (Barreiro, Sukulu, Mabounié, Panda Hill) ou complexos (Tororo, Phalaborwa, Ondurakorume, Jacupiranga) (WOOLEY, 1989; GOMES ef al., 1990) Os complexos carbonatiticos tém distribuigaio mundial (Figura 1), ocupando terrenos do Proterozéico até Cenozbico (BIONDI, 1986). Segundo HEINRICH (1980), os mais velhos sto aqueles de Phalaborwa, na Africa do Sul (1100 a 2000 Ma), Lackner Lake e Bancroft, no Canada (1090 Ma) e Moutain Pass, na Califémia (900 a 1000 Ma). No Brasil, sio considerados Pré- cambrianos, as ocorréncias Angico dos Dias, na Bahia (2011 Ma, U/Pb) e Mutum, no Para (1026 Ma, K/Ar), ficando a maioria no Mesoz6ico (GOMES ef al., 1990). Segundo os dados de ULBRICH & GOMES (1981), as idades (K/Ar) dos complexos brasileiros variam de 65 a 130 Ma, Na Amazénia, a idade (Rb/Sr) do complexo alcalino-ultraméfico-carbonatitico de Maicuru & de 589418 Ma (COSTA ef al,, 1991). Os complexos alcalino-carbonatiticos podem hospedar importantes depésitos e jazidas minerais de Nb, Ti, Ba, ETR, P, Ue Cu (BARRON, 1982; LIMA, 1982; RODRIGUES & LIMA, 1984, REEDMAN, 1984; LAVAL ef al,, 1988; MARIANO, 1989; LOTTERMOSER, 1990), conforme mostra a Tabela 1. A maioria dessas mineralizagoes é encontrada também no perfil de alteragio intempérica (perfis lateriticos), formados sobre esses complexos, podendo atingir dezenas a centenas de metros de profundidade. No Brasil so conhecidas importantes jazidas de Nb, Tie P, em Araxé, Salitre, Tapira, Catalio, Jacupiranga (SILVA ef al., 1979; RODRIGUES & LIMA, 1984), Seis Lagos, Maicuru, Maraconai (JUSTO & SOUZA, 1984, FONSECA & RIGON, 1984; LEMOS & COSTA, 1987; LEMOS & COSTA, 1989; LEMOS, 1990; COSTA et al, 1991; ANGELICA & COSTA, 1993), tanto nas rochas sis como no perfil de intemperismo. 1.3 O INTEMPERISMO DE CARBONATITOS E DEPOSITOS ASSOCIADOS Varios complexos carbonatiticos especialmente aqueles que hoje situam-se na faixa intertropical, apresentam-se recobertos parcial ou totalmente com manto de intemperismo, chegando a desenvolver espessos perfis lateriticos. Os exemplos esto especialmente na América do Sul (Muri, Maicuru, Seis Lagos, Catalio, Araxa, Jacupiranga), Africa (Sukulu, Mabounié, Mrima Hill) e Australia (Mt. Weld). No mapa da Figura 1 esto indicados os nomes dos complexos recobertos por manto de intemperismo. A composicao litolégica desses complexos a base de rochas constituidas de silicatos ferromagnesianos e carbonatos, muito susceptiveis 20 intemperismo quimico certamente tem contribuido para extensiva e profunda alteragdo intempérica _ desses complexos. E sobre esses complexos que se encontram por sinal os mais espessos perfis de alteragio intempérica (SILVA ef al., 1979; ISSA FILHO ef al., 1984, RODRIGUES & LIMA, 1984), 10 *(6861) A37100M ®P sopop sou e80q Woo'soyyOUEGIDD Sop jDIPUNW DD>15p46085 ODSINGI4SIq - | DANBIZ Tabela 1 - Mineralizagdes associadas com lateritos derivados de complexos carbonatiticos Depésito Mineralizagies _Referéncias Mabounié/Gabio NoeP LAVAL ef al. (1988) Sukulu/Uganda Nb REEDMAN (1984) Mrima Hill/Quénia ETR DEANS (1978) Sokti/Finlandia P VARTIAINEN & PAARMA (1979) ‘Ngualla/Tanzénia Nb MARIANO (1989) Mt. Weld/Australia Nb LOTTERMOSER (1990) Bonga/Angola Nb MARIANO (1989) Lueche/Zaire Nb MARIANO (1989) Matongo-Bandaga/Burundi Nb MARIANO (1989) Catalio /GO Nb, TieETR — VALARELLI (1971), CARVALHO (1974) Salitre/MG Ti RODRIGUES & LIMA (1984) Tapira/MG Ti, ETReNb RODRIGUES & LIMA (1984) Araxi/MG Nb ISSA FILHO et al. (1984) Maicur/PA TieP LEMOS (1990), ANGELICA (1990), COSTA etal, (1991), ANGELICA & COSTA (1993) Maraconai/PA Ti FONSECA & RIGON (1984) Anitapolis/SC P RODRIGUES & LIMA (1984) Jacupiranga/SP P DEANS (1978); RODRIGUES & LIMA (1984) Juquid/SP P ALCOVER NETO & TOLEDO-GROKE (1989); ALCOVER NETO & TOLEDO (1993); ALMEIDA et al, (1994) Mato Preto/PR ETR,TheP LAPIDO LOUREIRO & TAVARES (1983); RODRIGUES & LIMA ((1984) Ipanema/SP P RODRIGUES & LIMA (1984) Pogos de Caldas/MG U,ETReTh — RODRIGUES & LIMA (1984) Barra do Rio Itapirapua/SP EIR LAPIDO LOUREIRO & TAVARES (1983); RODRIGUES & LIMA (1984) © manto de intemperismo lateritico sobre complexos carbonatiticos ao contrério de outras litologias, ¢ muito complexo do ponto de vista geolégico, mineralégico € geoquimico. As variagdes so muito grandes tanto lateral como verticalmente. Mesmo assim esses complexos quando intemperizados e, nio modificados por intensa erosio, apresentam em geral em superficie ‘um encouragamento parcial ou total (crostas) a base de oxi-hidréxidos de ferro, descrevendo um relevo abaulado, irregular e mesmo cérstico como Mt. Weld (Austrélia), Bonga (Angola), ‘Matongo-Bandaga (Burundi), Mrima Hill (Quénia). Essas crostas podem alcangar centenas de metros de espessura como Muri-Suriname, Seis Lagos-AM, Maicuru-PA (COSTA, 1990 b). Séo em geral fortemente magnéticas (Maicuru) (LEMOS, 1990) e ou radioativas (Seis Lagos, Muri) (VIEGAS FILHO & BONOW, 1976). Minerais incomuns de éxidos-hidroxidos de Mn, ETR, Ti, Nb, fosfatos de Ca, Sr, Ba, ETR, U, entre outros ocorrem nessas crostas (FORMOSO et al., 1989; MARIANO, 1989; COSTA , 1990 b). Sob as crostas desenvolvem-se em geral espesso horizonte saprolitico extremamente complexo em fungo das litologias afetadas, como rochas ultraméficas (piroxenitos, glimeritos, dunitos), carbonéticas (carbonatitos) e alcalinas (sienito, traquitos, fondlitos). A espessura desse horizonte pode assim variar de unidades a varias dezenas de metros, que além da natureza litolégica também depende das condigdes ambientais reinantes do tempo de atuaco nos mesmos. O quimismo ¢ a mineralogia desse horizonte saprolitico é por conseguinte também muito complexo. Minerais herdados (ilmenita, magnetita, pirocloro, apatita, zirclo, bastnaesita, monazita, xenotima, micas) convivem com minerais neoformados, desde argilominerais simples (1:1) a complexos (2:1) na estrutura e no quimismo, a varias espécies de aluminofosfatos (Ca, Ba, Sr, ETR, Cu), de oxi-hidroxidos de Fe, Mn, ETR, Nb, Ti, que refletem a natureza complexa do substrato (FORMOSO et al., 1989; MARIANO, 1989; COSTA, 1990 b) No contato da zona superior do horizonte saprolitico com a crosta ferruginosa, localmente, desenvolvem-se segdes ou mesmo horizonte rico em aluminofosfatos e hidroxidos de aluminio, a exemplos de perfis lateriticos mais comuns como aqueles bauxiticos fosfaticos (Carajés, Maicuru) (LEMOS & VILLAS, 1983; KOTSCHOUBEY & LEMOS, 1985; LEMOS, 1990; COSTA et al., 1991; ANGELICA & COSTA, 1993). A Figura 2, a partir de um exemplo isolado da Amaz6nia, ilustra esquematicamente um perfil lateritico desenvolvido sobre complexo carbonatitico. Essa complexidade de perfis lateriticos desenvolvidos sobre complexos carbonatiticos tem despertado interesse dos pesquisadores desde muito tempo (EBY, 1973; DEANS, 1978) e até hoje vem sendo investigada ainda com maior intensidade. A frequéncia de bacias lacustres e sedimentos lacustres sobre o manto de intemperismd desenvolvidos sobre esses, complexos, € no somente sobre eles, abre perspectivas para se conhecer a evolugio global da regidio em que se insere a estrutura, pelo menos desde a formagio dos lateritos, 1.4 EXEMPLOS CORRELACIONAVEIS A SEIS LAGOS Em termos gerais, estruturas circulares com crostas lateriticas e recobertas parcialmente com sedimentos lacustres so reportados em varios locais (Tabela 2). Os exemplos mais Pproeminentes so conhecidos em Mt Weld (LOTTERMOSER, 1990) e Catalio I (CARVALHO, 1974). Em Mt, Weld, os sedimentos acumulados sobre a crosta lateritica ferruginosa, contém minerais provenientes desta crosta, como pirocloro, monazita, fosfatos do grupo da crandalita cerianita (LOTTERMOSER, 1990). Também foram encontrados vestigios de microplantas, radiculas de plantas e gros de quartzo detritico (Willet ef al. apud LOTTERMOSER, 1990) Os sedimentos argilosos das depresses em Catalio I, sfio possivelmente de idade Terciaria (CARVALHO, 1974). Uma delas conhecida como Lagoa Seca, contém caolinita e cristais de 14 VLIHL309 — — — VIIUL3NOVINONSW7I VLIL3NOW > VIN OISVLVNY- 7 << ————_ VLINSAO 43d en We) ose ViIS@ald — -— -TVHANIW OTIDNY -TW¥aNIN OTIouy= — SOITOBIANY “SOINSXOU Id VLITT3AWM. - V.UCNYM -VLITWANVYD va ognys— — ~~ A Wd ——— —olwNosuvo ENB! Seoniow aunoziwox ‘sows © 50 e = = Perfil lateritico @ evolugdo mineraldgica do complexo Figura 2 alcalino-ultramdfico-carbonatitico de Maicuru. Modi cado de COSTA et al. (1991). Tabela 2 - Exemplos de ocorréncias com depressdes que desenvolveram sedimentago lacustre sobre crostas lateriticas derivadas de complexos carbonatiticos. Ocorréncia Fonte Mrima Fill (Quénia) Bonga (Angola) Chiriguelo (Paraguai) Matongo-Bandaga (Burundi) Cerro Impacto (Venezuela) Mt. Weld (Australia) ‘Twareitau (Guyana) Araxé (MG) Catalio I (GO) MARIANO (1989) MARIANO (1989) MARIANO (1989) MARIANO (1989) MARIANO (1989) LOTTERMOSER (1990) MARIANO (1989) ISSA FILHO er al. (1984) CARVALHO (1974) 16 vivianita, Numa outra depressio, completamente alagada, que constitui uma das cabeceiras do Corrego do Chapadio, os sedimentos argilosos so de origem recente e ricos em matéria orginica, (CARVALHO, 1974). Embora no derivadas de carbonatitos, as espessas crostas lateriticas da regio de Carajés contém imimeras bacias lacustres, com sedimentos no fundo. Esses sedimentos em um lago da Serra Sul, foram pesquisados por SOUBIES et al., (1991), apresentam idade de aproximadamente 50,000 anos A. P., e so constituidos de siderita, quartzo, goethita, caolinita, illita e minerais da crosta lateritica, como anatisio e rutilo. Em Seis Lagos o pacote rochoso sondado pela CPRM na rea correspondente & Bacia Esperanca foi investigado parcialménte por ISSLER (1980), BONOW & ISSLER (1980), que concluiram como sedimentos apenas os primeiros 73 m (as argilas cremes ¢ o sapropelito) e admitiram a sequéncia carbonética como sendo carbonatito 1.5 OBJETIVOS Considerando a complexidade e a abundancia de lateritos derivados de estruturas circulares tipo carbonatitos, sobrepostas por varias bacias lacustres, Seis Lagos surgiu como um exemplo para realizar estudos no sentido de identificar as relagdes geolégicas entre os lateritos e sedimentos lacustres. Dentro deste contexto, foi proposto um trabalho de cunho geoquimico para identificar as relagdes entre os materiais lateriticos e lacustres. Neste trabalho pretende-se com base nos dados geol6gicos, mineralégicos, quimicos e isotépicos 4) qualificar a natureza da crosta lateritica ferruginosa, quanto as rochas que deram origem a sua formagao; b) qualificar a natureza dos sedimentos da bacia Esperanga; ©) estabelecer correlagdes entre crosta lateritica ferruginosa ¢ os sedimentos da bacia Esperanga; 4) propor um modelo de evolugio geoquimica das crostas e dos sedimentos lacustres. 7 2 ASPECTOS GERAIS SOBRE A AREA DE TRABALHO 2.1 LOCALIZAGAO A estrutura geologica de Seis Lagos conhecida geograficamente como Morro de Seis Lagos, esta situada no municipio de Sdo Gabriel da Cachoeira (noroeste do Estado do Amazonas), 1a regifio do Alto Rio Negro (Figura 3). Da cidade de Sao Gabriel da Cachoeira, Seis Lagos pode ser alcangado através da rodovia BR-210 (So Gabriel da Cachoeira-Cucuf) até chegar as margens do igarapé Ié-Mirim, afluente do igarapé 14 pela margem direita. O acesso fluvial a borda do morro principal € feito utilizando-se pequenas embarcagdes a remo, num percurso de aproximadamente 2 horas. O mesmo percurso pode ser feito por trilha terrestre de dificil localizago e movimentagio. So Gabriel da Cachoeira esté ligada a Manaus por via aérea e fluvial A Area em que se encontra a estrutura de Seis lagos, insere-se geograficamente, na Folha NA.19-Z-D-V (coordenadas geogréficas: 0°00” ¢ 0°30” N, 66°30" e 67°00” W). 2.2 ASPECTOS FISIOGRAFICOS relevo da regitio onde se situa a estrutura é quase plano, ligeiramente ondulado, rebaixado, esculpido sobre o Complexo Guianense, com altitude média de 75 m. Neste relevo sobressaem-se formas tipo pio de agicar sobre as rochas granitbides desse Complexo ¢, isoladamente a estrutura de Seis Lagos, que atinge altitude maxima de 360m. Além dessa estrutura, ocorrem duas outras bem menores situadas ao norte da maior. A estrutura de Seis Lagos de contorno superficial, quase circular, tem cerca de 6 km, no seu eixo maior que esté orientado para NE-SW. A superficie dela na encosta ¢ no topo € muito irregular, dada por conjunto de depressdes ¢ morros, Nessa superficie foram observadas 11 70°30" coLGmsra & Area de estudo + Complexo Guianense © Lagos Figura 3- Mapa de localizagGo do estrutura de Seis Lagos. Modificodo de VIEGAS FILHO & BONOW(1976), depressées jt assoreadas, enquanto outras 6 so ainda lagos ativos. A rea denominada Esperanga, temporariamente ainda acumula Agua e ¢ coberta com vegetacdo, formando brejos lamacentos, © clima atual é tropical imido chuvoso, sem estagdes definidas. Em Sio Gabriel da Cachoeira, a precipitagdo média anual é de 2.900 mm, distribuida por quase todo o ano, e as temperaturas anuais apresentam isotermas entre 24 e 26° C (ROESSING ef al., 1976). ‘A vegetagiio regional é tipica de floresta equatorial aberta, apresentando grandes arvores, muito dispersas, com frequentes grupamentos de palmeiras (buritiranas) ¢ elevado mimero de faner6fitas sarmentosas (cipés), que circundam as Arvores e recobrem por completo o estrato inferior (SILVA et al., 1976). ‘Na estrutura de Seis Lagos, a vegetago mais comum é do tipo escleréfita arbustiva, a qual se desenvolve notadamente, nos locais de ocorréncia de canga. A altura média das arvores nesses locais néo ultrapassa sete metros. Nas encostas, é comum uma vegetagdo rasteira entremeada com Arvores de porte médio (SILVA et al., 1976). A rea ja foi palco de varios incndios naturais, impedindo o desenvolvimento continuo da vegetaciio. A drenagem na regitio apresenta cursos d’égua adaptados as estruturas geologicas (falhas ou fraturas) (ROESSING ef al., 1976). Segundo VIEGAS FILHO & BONOW (1976), os igarapés juntos ao morro, mostram trés tipos principais de padréo de drenagem: (1) radial centrifuga, observada na encosta oeste da estrutura; (2) radial centripeta, caracteristica das depressées da estrutura; (3) anelar, como do igarapé Ié-Mirim, que circunda a estrutura, 20 2.3 GEOLOGIA REGIONAL Segundo VIEGAS FILHO & BONOW (1976) a regio do Alto Rio Negro onde se localiza Seis Lagos, & constituida por rochas representadas, dominantemente, por migmatitos gnaisses, pertencentes a0 Complexo Guianense, que estio recobertas, em parte, por sedimentos conglomeraticos e areniticos da Formagao Roraima, que & posicionada no Proterozéico (Figura 4), A estrutura de Seis Lagos se situa na forma de intersegiio de grandes falhamentos NE-SW e NW-SE. Segundo JUSTO & SOUZA (1984), a estrutura de Seis Lagos deve ter se instalado no Mesozéico. No ambito da Folha NA.19-Z-D, onde a Formagdo Roraima esta representada, jé na regio limitrofe Brasil-Venezuela, encontram-se imensos platds, escarpas e picos, dos quais destacam-se © Pico da Neblina e a Serra do Padre. Seis lagos situa-se na rea de dominio do Complexo Guianense, bastante arrasada 0s principais “trends” estruturais tém orientago NW-SW, secundados por outros N-S. No local de maior intensidade de intercruzamento destas falhas é que esto localizadas as intrusivas alcalinas/carbonatiticas, como Seis Lagos (JUSTO & SOUZA, 1984). 7” Fratura J, Contato Camada com mergulho © Crostas lateriticas(Seis Lagos) tom 0 © 20 30 40 0 © mM 80 90 _10Km ee —— OP COMPLEXO GUIANENSE - GNAISSES,MIGMATITOS, ANFIBOLITOS ,GRANITOS,GRANODIORITOS, QUARTZO DIORITOS E DIORITOS,SINTECTONICOS, GRUPO RORAIMA - ARENITOS ORTOQUARTZITICOS , CONGLOMERA ODS, ARCOSEDS, SERICITA QUARTZITOS E FILONITOS ASSOCIADOS A ZONAS DE FALHAS. Figura 4-Mapa geoldgico da folha NA.I9-Z-D, onde destacam-se as estruturas de Seis Lagos. 22 3 MATERIAIS E METODOS 3.1 AMOSTRAGEM ‘As amostras utilizadas no presente estudo foram obtidas da seguinte maneira: ‘Ainda em 1984, a CPRM-SUREG-Manaus cedeu aliquotas dos furos denominados 1, 3 € 4, a0 entiio Nacleo de Ciéncias Geofisicas e Geologicas (NCGG), hoje Centro de Geociéncias (CG) da Universidade Federal do Para (UFPa). Em 1989 essa mesma empresa cedeu amostras da crosta superfical ao professor Marcondes Lima da Costa, orientador deste trabalho. Em janeiro de 1992, foi realizada viagem ao campo, com nova coleta de amostras, Assim, foram coletadas amostras nas bordas dos lagos do Drago, da Pata e do Malaquita. Nessa mesma época, 0 Departamento Nacional da Produgio Mineral-DNPM (Distrito de Manaus), por solicitagaio do prof. Marcondes, cedeu aliquotas de amostras do testemunho de sondagem do furo 4, realizado na Bacia Esperanga em 1975. As amostras foram tomadas em toda a extensio do furo de sondagem, que é de 493 m de profundidade. As amostras de sedimentos do furo 4 cedidas pela CPRM-Manaus em 1984, eram representativas do intervalo de 5 metros, e por isso so aqui denominadas de “amostras de calha”, ¢ as cedidas pelo DNPM-Manaus em 1992, correspondem as amostras pontuais e doravante denominadas de “amostras pontuais”. Portanto, os estudos sobre os sedimentos da bacia Esperanga basearam-se nos dois tipos de amostragem. ‘A malha de amostragem das crostas em superficie realizada pela CPRM, de onde foram tomadas aliquotas para realizar 0 presente trabalho, esté indicada na Figura 5, Nessa figura esté também indicada a localizagao dos demais furos realizados e cujas amostras sio motivos de estudo neste trabalho. © Amostragem de superficie © Furo de sondagem(i2aaicy 2908 [J Amostras estudadas © Sedimentos locustres Figura 5-Mapo de amostragem da crosta em superficie em Seis Lagos, Modificodo de VIEGAS FILHO & BONOW (1976). 23 24 ‘A localizagdo das amostras coletadas ao longo dos furos de sondagem é mostrada na Figura 6, Nos furos 1, 3 ¢ 4, as aliquotas de amostras foram feitas com intervalo de 5 metros. Pelo exposto, apenas 0 furo 4 dispde tanto de amostras de calha como pontuais. ‘No total foram coletadas cento e trés (103) amostras, sendo que noventa ¢ oito (98) foram estudadas em detalhe neste trabalho. 3.2 TRABALHOS DE LABORATORIO As primeiras amostras recebidas dos furos 1,3 e 4, infelizmente, foram cedidas ja pulverizadas. Nas demais, “in natura”, foram feitas descrigdes de séus aspectos macroscépicos como cor, texturas ¢ estruturas de acordo com a sistemitica adotada por ALEVA (1983). Aliquotas dessas amostras foram pulverizadas a <170 mesh ¢ secas em estufa a 105°C, para fins de andlise quimica, difragio de raios-X, infravermelho, entre outras técnicas utilizadas. 3.2.1 Andlises Quimicas Com o objetivo de conhecer a composi¢ao quimica dos materiais lateriticos e sedimentares, procedeu-se andlises quimicas dos elementos maiores ¢ tracos, utilizando métodos clissicos espectroanaliticos, Os elementos analisados com os respectivos métodos ¢ laboratorios encontram-se na Tabela 3 Na selegio dos fundentes empregados nas aberturas das amostras, o que melhor resultados apresentou foi a mistura de fundentes metaborato de litio/tetraborato de litio (1/1), utilizado na proporgio 1/10 (amostra/fundente). Esta abertura foi utilizada em todas as anélises por via Umida. *20607 818g we weGopuos ep so4ns sou sopoyojoa sosysowD sop opd0z1ID007 - 9 DINbIy {1 we epopipurjaid) ojos 9p soryowy 4 (.w wo epopipuryaid) syonyuod sousowy — x 1 86+ so14puoqios owe osowogio2 oxSav [=| osedoudos [=> =o wm) owo1o 1619 o10s ound (w)s0pojeyo so1mowy + Durie o21pw ousoy [=]! optaion 9p equortion [= ‘080}/610 eyuor! 40H osoujuno squozyi04 [5 fs ouna ommuy6nie) voyseioy 048015 |, toung MIOVONOS 30 SONNS SO VYYd VONIDI7 26 Tabela 3 - Metodologia utilizada na determinagéo de elementos maiores ¢ tragos em amostras geologicas de Seis Lagos. Técnica analitica Elementos analisados Laboratério Gravimetria Sie Perda ao fogo CG Titrimetria C orginico CG Colorimetria Fe, TieP cG Fluorescéncia de raios-X Sr, Y, Zr, Rb, U, The Nb CG/GEOSOL Espectrometria Optica Be, Ag, Ba, Ga, Mo, Sn, Mne Sc GEOSOL Espectrometria de plasma La, Ce, Nd, Sm, Eu, Gd, Dy, Ho, Er, GEOSOL YbeLu Absorgiio atdmica Na, K, CaeMg cG CG- Centro de Geociéncias da UFPA GEOSOL - Geologia e Sondagens LTDA (MG) 27 3.2.2 Andlises Mineralégicas = Difrago de raios-X Com a finalidade de obter informagies gerais a respeito da mineralogia dos materiais lateriticos e sedimentares, foram analisadas 103 amostras por difratometria de raios-X, através de uum difratémetro Philips modelo PQ-1050 do Centro de Geociéncias da UFPa. Essas anilises permitiram avaliar semiquantitativamente as principais fases mineralégicas nos materiais amostrados, bem como selecionar amostras para andlises mais acuradas. - Microscopia éptica As amostras foram examinadas através de segdes delgadas sob 0 microscépio ético, para realizagao de estudos micromorfolégicos ¢ identificagio mineral - Espectroscopia no infravermelho Com o objetivo de acompanhar as transformagies softidas pelas amostras, durante os ensaios quimicos, a espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), foi utilizada com grande eficiéncia, principalmente, nas amostras contendo carbonato. Essas andlises foram realizadas em um espectrometro Perkin Elmer FT-IR, modelo 1760X, do Centro de Geociéncias da UFPa. ~ Anilises termogravimétricas (ATD e ATG) Nas andlises termogravimétricas (ATD e ATG) foram empregadas nos concentrados da siderita, como padrio foi utilizado alumina calcinada. Essas anilises foram realizadas no Laboratorio de Quimica Pesquisa da UFPa, utilizando-se um instrumento termoanalitico modelo 28 STA-1500, acoplado a um registrador. As informagées obtidas foram utilizadas na caracterizagio da siderita dos sedimentos lacustres. ~ Determinago dos parémetros da cela unitéria, Na determinago dos parémetros da cela unitaria dos carbonatos, foi adicionado 30% de fluorita como padrdo interno ao peso da amostra, para corrigir os erros nas medidas de d (A). Para cetianita, minerais de Ti (ilmenorutilo, rutilo ¢ brookita), fosfatos do grupo da crandalita ¢ pirocloro, nao foi utilizado padrao interno, e a determinagao dos pardmetros se baseou apenas nos difratogramas de fases quase puras destes minerais. Os valores foram calculados através do método dos minimos quadrados, utilizando um programa desenvolvido pelo Prof. Thomas Scheller do Centro de Geociéncias da UFPa, Essas determinagées foram utilizadas na caracterizagao desses minerais, = Cilculo das densidades As densidades dos minerais de titanio e cerianita, foram calculadas atavés da equagao: ik p- Zx Nx < onde; M0 peso molecular do mineral; Zé 0 mimero de formulas por unidade da cela unitéria; N éomimero de Avogrado; V 0 volume da cela unitéria (¢ 0 produto dos parémetros da cela unitéria expresso em cm*). A densidade é expressa em g/cm’, Os valores obtidos das densidades dos minerais acima foram comparados com os da literatura, 29 3.2.3 Extracées de Fases Minerais Extragio dos Minerais de Tie ETR Na separagio de fases mineralégicas, como os concentrados de minerais de tténio e de ETR, foram utilizados os seguintes procedimentos: (1) Tratamento da amostra com HCI (1:1) a quente, seguida de digestio em banho-maria por 1 hora. Depois a amostra foi lavada com agua deionizada, seguida de secagem a 105°C. residuo obtido foi submetido a diftago de raios-X; (2) Tratamento da amostra obtida em (1) com HINOs diluido, seguido de aquecimento em banho- maria, seguindo o procedimento (1); Extragio de Carbonato para Anilises Isot6picas Com a finalidade de realizar anilises isotépicas, quimicas e determinar as dimensdes da cela unitéria dos carbonatos, foi utilizada a sistemética de remogdo de minerais (Carver apud INGRAM, 1971; TESSIER et al, 1979), com adaptagbes para siderita 1) remogao dos argilominerais: inicialmente a amostra foi fragmentida e desagregada, depois levada ao ultrassom, para remogdo paulatina dos argilominerais. 2) remogao dos oxi-hidréxidos de ferro: apds a remogo dos argilominerais, a amostra foi tratada ‘com HzC20s (Acido oxélico) s6lido, Al metilico, agua deionizada e aquecimento da solugo sob bico de bunsen até ebulicao. Repetiu-se este procedimento até dissolugao dos oxi-hidroxidos de ferro, Nesta etapa forma-se oxalato de ferro como impureza, qué ¢ eliminado com H,SOx diluido a frio, uma vez que o HCl recomendado na literatura, nio réspondeu positivamente ao ensaio. O acompanhamento destes procedimentos foi feito por diftagio de raios-X. 3) remogo de matéria organica: na eliminago desse constituinte, foi utilizado HO, 30% e HNO; diluido com aquecimento brando (evitando-se a ebuligo). Inicialmente, quando apenas o peréxido era usado, uma parte do ferro oxidava-se e recobria o carbonato com uma pelicula vermelha de hematita, identificada por diftagdo de raios-X, o que era indesejavel para este trabalho, O HNO; foi utilizado para impedir a formagio de hematita. A espectroscopia no infravermelho foi utilizada para verificar a presenga do constituinte indesejavel. 4) em lupa binocular removeu-se as particulas restantes de sulfetos e oxi-hidréxidos de Fe e Mn. 3.2.4 Microandlises Quimicas Foram efetuadas andlises por sistema de dispersio de energia (EDS) e por sistema de dispersio do comprimento de onda (WDS), em segdes polidas dé amostras da crosta e de sedimentos. A anilise por dispersio de energia objetivou a identificag&o de elementos quimicos presentes em fases mineralégicas e a selegdo destas para as andlises quimicas quantitativas subsequentes. ‘A anilise por dispersio do comprimento de onda foi aplicada na determinago da composig&o quimica parcial dos minerais de titanio, ferro e fostatos do grupo da crandalita, além das matrizes goethitica e carbonética, As andlises foram realizadas nos Institutos de Geociéncias da UNB, UFBA e USP, nos laboratérios de microssonda eletrénica, e 0 equipamento utilizado foi uma sonda Cameca SX-50 nos dois primeiros, € no terceiro, uma sonda JEOL SUPERPROBE TXA-8600. Também foram feitas andlises ao microscépio eletrdnico de varredura (MEV) com EDS, nna Universidade de Halle (Alemanha), no Instituto Astronémico e Geofisico (IAG-USP) e na Escola Politécnica (USP), que foram aplicadas nos estudos micromorfolégicos das crostas sedimentos. : : 3 3.2.5 Anilises Isotépicas ‘Nas amostras de carbonato (siderita), foram determinados os isétopos de °C e "0. Essas anilises foram realizadas no laborat6rio de is6topos estaveis do Cenrtro de Energia Nuclear para Agricultura (CENA/USP) em Piracicaba/SP. Nas amostras de sedimentos da bacia Esperanca, no intervalo de 245,6 m a 492 m (brecha carbonatica), foram determinadas as raz6es isotépicas ‘’Sr/**Sr. Essas andlises foram realizadas no Laboratério de Geologia Isot6pica do Centro de Geociéncias da UFPa, utilizando um espectrémetro de massa ISOMASS modelo VG.54 E. ‘Virias anélises foram realizadas com o objetivo de datar o material da brecha carbonética. O método utilizado foi Rb/Sr, e foram analisadas tanto as amostras totais como os carbonatos isolados (siderita). Todas as tentativas néo deram resultados consistentes. Os resultados isot6picos obtidos foram utilizados na caracterizago dos carbonatos. 3.3 - TRATAMENTO ESTATISTICO Foi utilizado 0 software “GEOQUANT” para a andlise fatorial modo Q, com os dados padronizados para média zero e varianga unitaria com solugdo varimax. ‘Na andlise fatorial foi utilizado o modo Q que forneceu, com base nas cargas dos fatores € estes em correlagao com as variaveis, dois fatores principais que correlacionaram as amostras € a composigao quimica, 32 4 ACROSTA LATERITICA SUPERFICIAL AFLORANTE 4.1 ASPECTOS GEOLOGICOS Do ponto de vista textural, estrutural e de coloragio, a crosta aflorante é praticamente homogénea em todas amostras analisadas. Ela é marrom-avermelhada, com modo de ocorréncia similar a de um “chapéu de ferro”. Crostas desta natureza esculpindo e sobrepostas a estruturas circulares, sugerem uma derivagfo por intemperismo de complexo alcalino-ultraméfico- carbonatitico subjacente, como em Cataléo (GO), Araxé (MG), como mostrado anteriormente (CARVALHO, 1974; ISSA FILHO ef al., 1984). A crosta lateritica ocorre como lajedos ¢ blocos soltos sobre 0s lajedos, e se constitui na litologia predominante da superficie de Seis Lagos (VIEGAS FILHO & BONOW, 1976). ‘Normalmente é porosa, constituida principalmente de oxi-hidréxidos de ferro, as vezes apresenta~ se com aspecto de brecha, ou ¢ maciga. ‘A crosta € radioativa (em torno de 6.000 cps), 0 que a difere das demais sobre complexos carbonatiticos da regio, que, embora no radioativas, so magnéticas como Maicuru, Maraconai (COSTA et al,, 1991; FONSECA & RIGON, 1984), O mapa litolégico de superficie da estrutura de Seis Lagos esta representado na Figura 7. Os dados quimicos obtidos preliminarmente por CORREA ef al. (1988), permitem classificar as crostras em niobifera na parte central, manganesifera na porgdo sudoeste ¢ nas demais areas essencialmente ferruginosa. A crosta niobifera contém concentragées anémalas de nidbio, a manganesifera € composta de oxichidréxidos de manganés (cristalinos e amorfos) ¢ a essencialmente ferruginosa constituida de oxi-hidréxidos de ferro. Sobre essa crosta encontram-se sedimentos argilo-carbonosos ¢ carbonaticos, representativos de pequenas bacias lacustres. Os limites externos da crosta se fazem com as rochas encaixantes muito intemperizadas. 33 N + + + + + + + \ + + ‘ i+ + + V+ ae ai +7 ie 6 : , at le + ‘ MS . = a) + re va ay SPEEA ‘ Po Nereis y* dll + Syrrnt SUIELL LLL + + + a Sedimentos lacustres (4) Totus [==] Crosta ferruginosa(<89,10% Fe,0;) [2] Crosta ferruginose niobitera(<2,9°%e Nb ou 4,15 % Nb0g) pay Crosta ferruginosa manganesiteral< 19 °/e Mn) (++) Eneaixantes : granitos @ gnaisses Figura 7~- Esbogo geokigico de superficie da estrutura de Seis Lagos. Modificado de VIEGAS FILHO & BONOW(I976)¢ BONOW 8 ISSLER (1980). 34 4.2 MINERALOGIA A crosta de Seis Lagos segundo a difrago de raios-X, esta constituida de - Minerais de ferro: hematita e goethita; - Minerais de manganés: hollandita e romanechita; - Minerais de titfnio: Nb-brookita, Nb-rutito e ilmenorutilo; - Fosfatos: grupo da crandalita e monazita; - Cerianita; - Pirocloro; - Silicatos: zircdo € quartzo; - Gibbsita. 4.2.1 Minerais de Ferro Estio representados por goethita e hematita que sto os minerais predominantes da crosta, variando de 45,0 a 90,8 %, com média de 81,5 % (Tabela 4) Macroscopicamente a goethita, de coloragdo alaranjada apresenta-se, principalmente, com aspecto terroso, outras vezes o aspecto ¢ nodular, onde observa-se os nédulos cimentados pelo proprio hidroxido de ferro. A goethita também apresenta-se com hébito fibro-radial em volta de cavidades. A hematita, de coloragio cinza a avermelhada apresenta-se com aspecto macigo, preenchendo fraturas ou na forma de plasma. A goethita de Seis Lagos ¢ ferruginosa, como observa-se pelo padréo difratométrico, com disténcias interplanais caracteristicas correspondem a 4,192 A, 2,691 A e 2,449 A (Figura 8). Foram determinados os padrées da cela unitéria (Tabela 5) da goethita de varias amostras (CB-21, CB-104, CB-79, e CB-114), através das reflexGes de 110, 130 e 111, empregando-se o método de SCHULZE (1984). Os valores obtidos foram comparados com os de goethitas puras ¢ aluminosas 35 877 us £0 Lt ‘wayjepueso vp od) ore EL wr oF NAL ®P SopIXQ o7'st lb 0 s‘€l UN 8P SOPIXOPIY-KO pOTL 8°06 o's s'18 (expeutoy) + eIIBCD ° OUNTy ounuryy x Tesauy soft] stag ap wjs010 ep jerored (osad wio 94) vorSoqesourm opsisodwog - p waqeL 36 yynge% 2 VLIHL309 =9 ‘80607 S19g 8p 048039 op 04144905 DP o91249WIO}4)1P ODspod - @ D4NBIY o 91 37 (y861) aZTAHOS (2) (0661) HLA (1) ve 610E 66 819% 69 oo’ £266 119% L6 800° 8686 s09'r eu soo'e L08'6 109'r © sempoos-ty Tle 996% €LL'6 oss’ zeco'e 0656'6 6919" ozo‘ S7s6°6 0619'r (1) seand seampoo8 6EZO'E SES6'6 TIz9'p zz00'e 0Lz6'6 to19'y vll-ao 0v66'7 9£76'6 wey 6L-89 9666°% 0€s6'6 0979‘ 01-9 6EL0'E 09166 88Ls'y Ita % a E 1V% PW vgn — EBD ep soaoUIBIeT eaysoury svsourumpe 9 seund semmpao® “(pLI-€O 8 6L-€O “pOI-O “1Z-€D) SoBe stag ap sempa08 ap exrPImIN vJ20 Ep soNauTBred - ¢ PAUL onde constata-se que no ha variagio dos parimetros entre as goethitas de Seis Lagos e as puras, exceto a goethita da amostra CB-21, que apresenta o parimetro a,, relativamente inferior das demais, comparavel com os de goethitas aluminosas. Inclusive, a goethita desta amostra (CB-21) apresenta colorago amarelada, evidenciando o fato de ser aluminosa. A substituig&o isomérfica de Fe por outros elementos (Al, Co, Ni, Zn), depende do tamanho do raio iénico, que ocasionara expansio ou redugdo da estrutura da goethita (GERTH, 1990), refletindo nos pardmetros da sua cela unitéria, principalmente a, do mineral (SCHULZE, 1984; STIERS & SCHWERTMANN, 1985). A quase auséncia de Al nas goethitas, significa que o ambiente das crostas era pobre em aluminio. Ao microscépio ético, a goethita apresenta-se como plasma alaranjado microcristalino ¢ com hébito fibro-radial, enquanto a hematita ocorre frequentemente como plasma escuro, raramente avermelhado (Figura 9). Ao microscépio eletrOnico de varredura (MEV) com EDS, observou-se varias geragdes de goethitas (Figuras 10, 11, 12 €13), com ocorréncia de cristais euédricos perfeitos, na forma de agregados, de estruturas de fluxos e até de rosetas. A maioria é ferruginosa, algumas contém Al, Ni, Sie P, que a excesdo deste ultimo, so elementos comuns na composi¢ao de goethitas, e raramente contém Nb, As goethitas com Nb sfo aquelas que se encontram como agregados de cristais e na forma de estruturas de fluxo. Os diferentes habitos da goethita, indicam que solugdes coloidais de Fe no meio aquoso, tiveram diferentes migragdes ¢ movimentagdes, sujeitas & transformag6es reconstrutivas , ocorridas por dissolugo e reprecipitagio sob mudangas das condigdes ambientais (TAYLOR, 1987). A maioria das goethitas encontradas nas crostas no so pseudomérficas. ‘A composigo quimica do plasma formado de oxi-hidréxidos de ferro, obtida por microssonda eletrGnica (Tabela 6), de 6 amostras (CB-48, CB-112, CB-24, CB-42, CB-104 e CB- Vazio Plasma hematitico avermelhado Plasma goethitico Quartzo Plasma hematitico avermelhado [- Goethita com hdbito fibro-radial [Plasma goethitico Figura 9- Aspectos microscdpicos da goethita e da hematita da Crosta de Seis Lagos. 40 8 JU les ete —— Figura 10 - Agregados de cristais de goethita, com tragos de Nb (MEV) Ny a B \ Fi A j \ | PYM Neconatedanrmnticod Nutr eeacomedt hf Nec ta > me Figura 11 - Goethitas como estruturas de fluxo, portadoras de Nb (MEV), 41 42 LL Fe Figura 12 - Goethita fibro-radial em matriz goethitica microcristalina (MEV), sendo essencialmente férrica. 43 may | Pat nasmaadaatetl WAV Jens nl Figura 13 - Goethita com habito em rosetas (a) na matriz goethitica (b), ¢ 0 espectro ao MEV Amostra CB-24 44 opesifeue oyuod () opeurmayop oyu —- S608 IL'P8 6F'8L €0'6L 66'6L GEIS PHS 9E'8L LL‘IS 78'S EES SES 09°08 HI'6L OE'0R GEL TOL 100; = 900/000) 20.0) 600) F001 000 roo. 00: 100) 000 110 600 ‘Os wo - = = £10 #10 00:0 o0'0 of0 ozo si'0 O10 +20 £00 oo'0 110 ‘OPO L1‘0 = - slo €z'0 E20 10 £0 110 £€0 LO‘ 900 zI‘o si‘0 soo = “Or 80°0 ~ sto soo 800 O10 40.0 #10 LOO O10 «O10 «£00 «(000 0.0) ONS 800 - = = 110 10 910 900 070 000 Iz'0 o1'0 zo 000 so'o s1'0 ‘OPN soo ITO 000 10 600 000 800 000 +10 0c0 000 910 O10 §©— Od LO ee oe 00'0 10 00°90 00'0 zI0 760 900 100 00'0 100 00.0 000 ©=— 0% si‘0 cal - - €1'0 00% 000 00 FIO EI 100 10 £10 00 000 000 ‘ORT 60 =~ = = 090 840 pO 6E0 SEO SEI b2'0 z0'0 sz0 00 6I'0 cI |= ‘OWL. COR Pi oe es 000 PCO. Te) cc). cid, ONO ClO 20) 010) cc 0c 0.ccO. | OCA £00 800 00'0 00% 600 00'0 £00 000 £I1'0 000 000 o0'0 000 900 000 000 OIZ cel 80 66°. EZ «I'D 89°F 987 000 000 S60 960 000-000 000-000-000) SON 600 90'0 ozo h'0 LIO 40; O10 000 000 000 «60.0 000 000 900 «E10 000 ord 160 910 fz ABT «IE0 000 OOO «EtO Leo IZ «IET LL «600% 000 Lr OT 09d 110 400 80°90 40% «600 100 110 FOO OO'0 SzO GIO GI‘ so «GIO SIO (0z‘0 omw 00 00 110 ZO 0'0 000 000 00'0 «100 «I1'0 00'0 «£00 000 200 zoo £00 oro 460 Of Ob'€ ZS'I £9'0 lo’ Os'l 10°09 60'0 EZ'I 190 £00 100 400 ooo z'0 © “ON col sso Iso seo Ol'Z BLL TET O10 PST Zy «OF'O SIO IO ZI'0 GLO S90 507d sit 09'0 9'0 090 «zz'0 p70 OF'0 Sh'O BIO SHO Br0 OBE 980 ZO «OLz «9% ‘ols oL't 90'S Lr sez 6O'E «ZI WT 6I'0 897% z's Leo €c'0 If0 If0 9s7% BIZ ‘OV SO'TL F9'8L 6L'Z9 $989 LIL I8'L9 ESL OI'pL LO'EL ZEED GO'LL IP'EL GL'SL BB'EL GL'EL TLL ‘Od via GD @) € @ @ oO © ® O © © © WH @W W sopKQ ‘osad % Wo SOpIXG 's08e7] si9g ap S019 ep ‘LoIENA[p EpuOssoroqUT Jod epAgo “oxIRy ap SOPHKOSPHY-IKo ap OpeUOS [PIOUFeUI OpUn op BOTH mb opdisoduio> - 9 Fogel 45 85) com 15 pontos analisados, indica que a goethita contém em média 1,7 % de AlLOs e 1,2 % de SiO, Goethitas semelhantes foram encontradas por HORBE & COSTA (1994) em latossolos amazénicos, que representam uma superficie de acumulagao residual de Fe, Si, Al e Ti, Além destes elementos, a matriz ferruginosa contém Pb, mas é pobre em Ba, Mn, Ga, ERT, Zr, Th e Nb. Anélises de regressiio linear mostram correlagdes Nb-Ti, P-Al-ETR(La, Ce)-Th-(Pb), que correspondem aos minerais de Ti-Nb e 0s fosfatos do grupo da crandalita. A relago Ti/Nb = 0,70 & compativel ao encontrado para ilmenorutilo (0,62) por ADUSUMILLI (1991). Tudo indica assim que a goethita nfo contém esses elementos, mas envolve minicristais de minerais de Ti-Nb e de fosfatos de aluminio, e no sao os principais carreadores de Nb 4.2.2 Minerais de Manganés Os minerais de Mn identificados foram hollandita, romanechita e oxi-hidroxidos amorfos. 0s teores destes minerais so variaveis e expressivos atingindo até 41,9 % (Tabela 4), e compdem fas crostas manganesiferas, situadas na area SW da estrutura (Figura 7). Apresentam-se com aspecto pulverulento, estruturas de segregagdo e por vezes botrioidal. Ao microscépio, 08 oxi- hidréxidos de manganés ocorrem como plasma de colorago negra, preenchendo fraturas ou formando manchas na forma arborescente (Figura 14) sobre goethita microcristalina, A romanechita (BaMns0,o(OH,) é a denominagio atual da psilomelana (Klein & Hurlbut Jr, 1992), que é uma mistura de varios éxidos de manganés. Tem seu padrio difratométrico mostrado na Figura 15, A rocha com romanechita (Tabela 7) é formada basicamente de ferro (42,6 % Fe,0;), manganés (24,5 % MnO), e birio (12,73 % BaO). So elevados os teores de ETR (1,36 %), Be (146 ppm) e Co (200 ppm). 46 Goethita microcristalina Plasma hematitico Oxi-hidroxidos de Manganés Goethita com hdbito fibro-radial © 093 gosmn Figura l4-Ocorréncia de oxi hidréxidos de Mn em forma arborescente na crosta de Seis Lagos 47 ~xnde VLIHL309= 9 ‘VLIHOSNVNO’ =8 ‘80607 8185 @p 048019 DP D}JYoeUDWOI DP CoN 9wOIDIxIP ODIp Od - Sj oundL4 48 > > > > ell 871 9bT sul 007. oz ore oz Obs Obs. mdd ay: a IN 2% nD 9 2g A og ow °9 us a & % aN, sodeay, uso Sse $66 z's ozs oz‘eor ote 09'8rz 00‘LOIZ 00°6919 wdd ny aK 4a on sq PO ng ws, PN 22 eT wa 00%69z ov's6 PHO], So'or ad eet ‘Ord Os tz ‘Onn oro O08 or'o or v1'0 ON zo’ Om ges ONL 9s‘ Od vel SOW 09th fo%d 089d % soprxQ ‘puypaueuos ax1090 fenb wu ‘eypox ep vob opdisodwo; - 1. ePqEL Menos abundante que a romanechita, a hollandita (BaFeMn;Oj<) também ocorre nas crostas como mineral de Ba, bem como os oxi-hidroxidos de Mn amorfos. Estes quando analisados por difragao de raios-X, apresentam domos caracteristicos de substncias amorfas. 4.2.3 Minerais de Titinio Em Seis Lagos os padrées de diftago de raios-X obtidos em concentrados separados para esse fim, mostram que os minerais de titanio so constituidos de ilmenorutilo, rutilo e brookita (Figura 16). O ilmenorutilo se apresenta como o mineral mais frequente. O teor dos minerais de Ti varia de 1,2 a 13,6 % (Tabela 4). Os minerais de titénio encontram-se como griios muito pequenos (166,7 a 259,6 ym), distribuidos na matriz goethitica das crostas ferruginosas (Figura 17), no tendo sido possivel distinguir microscopicamente as trés espécies minerais. Alguns grios apresentam um micleo constituido principalmente de Ti e Nb, além de Fe e uma periferia coloforme, concéatrica, constituida dos mesmos elementos, com o ferro aumentando de teor (Figura 17). ‘A composig&o quimica dos minerais de titfnio, determinada por microssonda eletrOnica (Tabela 8), contém em média: TiO, = 72% Nb.Os = 20,34 % FeO =7,64% além de teores baixos de V;0s, Ta,Os e SnO2, no encontrados em todas as amostras. Estes resultados so compativeis com o ilmenorutilo (Tabela 8). A formula minima calculada a partir dessas anilises é a seguinte: [Tios, (Nbo,3Fe™*n0s)]O2 50 Pyne Dynyooug - oypysoj~ 4 ond = o40|2011d - omuind ovew|| = ut “80807 S1eg ep D48019 OW 11 ep siDseur a a ol a aoe ul Sop oo11spwo}D451p Opspog - 9} DANBIy 2 we & we « # ed fern eo) Fe ), >Fe Figura 17: Aspectos microseépicos da ocorréncia de minerias de Ti na crosta ferruginosa de Seis Lagos ‘opeumuuorep ogu = pu (1661) ITMNASNaV 1 ose wee 6s'€ £6'E Soe SO*AN/OLL vL'S6 zs‘001 $6‘001 Zo'LoL 61001 Sz‘0oL PIol, pu zo 00° L0'0 Loo 000 Ow pu 100 r0'0 zo zo%0 00'0 *0u0 pu 000 000 00° 00° Zo'0 ‘ozIv pu sto oc’ 60'0 60'0 90'0 Zous pu ¥0'0 Lo £00 £0'0 ¥0'0 ZO1s pu ogo 00° 06'0 06'0 o0%0 SOA 6L 400 sro 00'0 00° oro sORL zs‘ol v9'L OL'L SEL ore SOL Ord 1% PEOT 717 LV‘0T 39°81 69°07 SO*aN. vers = O0TL LOL ETL COSEL ETL “OuL owniousuyy «CIPI € z T (osad) % (osed wa 9%) vormgnaye epuossozoqur rod omen ap sqeIOUTUT Sop voRUITD oRSIsodwoD - g waqeL, 83 ‘A composigao quimica do ilmenorutilo da literatura (ADUSUMILLI, 1991), que também foi obtida por microssonda eletrénica (Tabela 8), é uma variedade com teores significativos de Ta, que difere do ilmenorutilo de Seis Lagos que ¢ pobre neste elemento. s pardmetros da cela unitaria dos minerais de Ti, ilmenorutilo, brookita e rutilo (Tabela 9), esto de acordo com os dados da literatura (ADUSUMILLI, 1991; DEER ef al., 1992). A densidade calculada a partir das analises quimicas e dos parametros da cela ¢ de 4,45 ‘g/om?, valor intermedisrio entre o rutilo eo ilmenorutilo de ADUSUMILLI, (1991) Portanto, constatou-se que os minerais de Ti devem ser os principais minerais de Nb. 4.2.4 Fosfatos Grupo da crandalita Segundo a DRX (Figura 18), em Seis Lagos o grupo da crandalita esta representado pela florencita. Os dados difratométricos de Seis Lagos foram comparados com florencitas de varias cocorréncias (Tabela 10), constatando-se sua presenga. Os parimetros da cela unitaria (a, = 6,985620,005 A e c, = 16,2650+0,0210 A) assemelham-se a florencita do Canada a.= 6,99 Ae cy = 16,258 A) (MCKIE, 1962) de Catalio (a, = 6,963+0,008 A e c, = 16,3440,01 A) (VALARELLI, 1971) e da Mata dos Crioulos-MG (a, = 6,963 A e c,+16,33 A) (JCPDS). Os teores médios desses fosfatos é de 1,7% (Tabela 4). Estes minerais no so reconheciveis a0 microscépio éptico, estando em cristais muito finos dispersos na matriz ferruginosa. A Tabela 11 apresenta a composi¢ao quimica dos fosfatos do grupo da crandalita obtida por microssonda eletrénica. Nessa tabela observa-se elevados teores de Ce, La, Nb e Th, além de Ba, Cae Sn, compativeis com florencita. Florencita também tem sido encontrada nos perfis lateriiticos derivados de carbonatitos como Akongo (BRAUN ef al., 1990) ¢ em Bicas (SVISERO ef al., 1984). 54 (661) 1 10 Waa @ (1661) ITTBNASNay tT 16567 =°9 8£00°0 F 08867 =" 865'b=°8 Sv00'0 F 9b19'y =" omy pi'g="9 1200°0 ¥ op91's =°9 816="9 97000 F $8176 ="4 ash's =°k L200°0 F OLLb's =°8 ‘eITyOog 700" =°9 LS10'0 F 8766°% = 9 619 =e LL00‘0 F 0829p = °e ojnruousuy eanqusonry, so3w] stag Tesoury ‘emyeso4y ep 2 SOB] SIag ap ¥ISOID Ep EIPFOONG 9 off ‘ORMOND ap eUPHIUN DO EP soNoUTEI - 6 BOGE "80B0) $185 ©P 01809 Dp D}I|DpUDs9 Dp odnsb Op 04040} sop od1.4pwWO}0I}1P ODIPDY - BI OINBIY WLIZVNOW =", VLIHL309 = 9 ows S04 = (y861) 712 OWASIAS - (©)? @ ‘(1) (os) o = (mst) Sov‘ (or) = (on) 6st (yor) sol (ol) (02) oot (ol) 7" (01) £L9'T (ol) 7 S (or) 89° (mc) $89'T (ou) (%0L) wt (%09) Set (02) wt (m2) zsLit (08) (%0L) 881 (08) 68'T (oe) ss‘ (mse) 06'I (oz) a (ou) 66° (ol) 861 (pl) 0z0'% (08) oT (08) LIZ (yon) 1817 (08) 77 = (oe) zzz (02) svt (or) Iz (ope) ure (os) we (oz) we (si) vert (or) 4 (ou) oe (moe) 19% (%02) 8% - (92) ort (001) £67 (e001) 6% (001) 196% (ol) “ee (x02) eve (eect) Ese'e (e601) Bre (oe) sre (%oL) Z8P'e (%06) £9°S (moo) u's (ot) 99'S. ont Pp om P om Pp (eri-8) saaor @ ocqkepog SoBe] s19g sador Op 2 seraugi1000 SeLIEA ap ‘SORT Sias 9p wifoUaIOg & ered seARIe SOpEpIsUaTUT SENS 2 X-SO ap OBSEBIP 9p SOKO - O1 PEEL, 8? sopestene somod 1 w(osad ura) % soprxQ ‘s08t] Slag op ¥1S0J9 vu ‘“voTUONeZ epuOssoroMU J0d pHgo “exrTepueso wp odruB op sore3so} Sop wIpguT varuNNb ogSisodwoy - 11 }OqEI, Monazita ‘A monazita foi identificada nas crostas apenas por difrago de raios-X, onde ¢ rara (CB- 114, CB-70, CB-21). A presenga de monazita tem sido registrada em perfis lateriticos derivados de complexos carbonatiticos, como mineral herdado. Ela ocorre em Catalio (VALARELLI, 1971; CARVALHO, 1974), nos lateritos de Mt. Weld (LOTTERMOSER, 1990), nos solos sobre carbonatitos em Sukulu (REEDMAN, 1984). 4.2.5 Pirocloro Em Seis Lagos, segundo a diftagdo de raios-X (Figura 19), 0 pirocloro esta representado pelo bariopirocloro (pandaita) (Tabela 12), comparével com o de Cataliio e do JCPDS (Joint Committee on Powder Diffraction Standards). A dimensio de sua cela unitiria (a, = 10,5214#0,0058 A) equivale a pandaita de Catalio (a, = 10,52640,005 A) (VALARELLI, 1971) e de Panda Hill (a, = 10,5620 A) (JCPDS). O pirocloro é um mineral também encontrado em perfis, derivados de carbonatito, como mineral herdado, a exemplo de Araxé (SILVA et al,, 1979), Mabounié (LAVAL ef al, 1988), Sukulu (REEDMAN, 1984) e San Vicente (HODGSON & Le Bas, 1992). Durante a lateritizagio 0 pirocloro sofre modificagdes em suas propriedades quimicas, ‘como perda de Ca e Na (LAVAL et al., 1988; MARIANO, 1989), enriquecendo-se em Ba e ETR, como Wigu Hill (HOGARTH, 1989; MARIANO, 1989), Catalo (VALARELLI, 1971), Araxé (ISSA FILHO et al., 1984), Mabounié (LAVAL ef al., 1988). Em Seis Lagos, os dados obtidos indicam que o pirocloro primério também softeu modificagdes quimicas, enriquecendo-se em Ba, transformando-se em pandaita ‘30601 S185 9p 048019 DP o10190I14 op od1sspwOJOAy!P Op4Pod ~—GI CAN Z os 4 4 « ow = « he vuisaaio =¢9 o1vasod =4 oziwyno =o 0401 201d = r| (1261) ITTV TVA + (07) 06S‘ vest (LD L8s‘t (%0L) 609° ~ (%9) 909° (ms) 18k‘ LLL (%l6) —vIs‘T (%st) 498° oss't (%s7)—198'T (%0L) 6t0'% 010% (ms) szoz (ov) 9517 Ovlz (mer) LbT (or) 969° (%or) 029% (ct) ta9T (001) oro’. (001) olo’e (001) szo'e (os) ost'e (%0s) os‘ (LD ze (%08) 060'9 (%0L) 086° (sz) 80°9 om) Pp cou) P (s87'71e") Sadr soe stag ap osopong ‘SCaOf OP @ ogee ‘op vyepured v woo soe stag we opeoynuapr o10}s0u1d op sagxayar sep opSereduo; - Z1 BEqeL : 4.2.6 Cerianita Em Seis Lagos, a cerianita foi identificada através de difragio de raios-X (Figura 20 Tabela 13) de um fragmento da crosta, constituido essencialmente de goethita fibro-radial imersa em massa criptocristalina também de goethita. Infelizmente o mineral & de dificil visualizaco, devido 0 minisculo tamanho de seus cristais (< 10 ym) e 0 envolvimento por massa criptocristalina de oxi-hidroxidos de ferro. A composi¢ao mineralégica da rocha total encontra-se na Tabela 14, onde o teor de cerianita encontrado & de 1,9 %. ‘A composi¢ao quimica da rocha (Tabela 15) é formada basicamente de ferro (83,06 % de Fe,03), PF (11,19 %) € TR:Os (1,78 %). Como no foi identificado na rocha nenhum outro mineral de ETR, que nfo a ceriantia, toda a concentragao de ETR foi admitida como cerianita, A composigo quimica da cerianita (Tabela 16) foi recalculada a partir da composig&o quimica da rocha total (Tabela 15), cuja formula minima é a seguinte: (Coss, Laos, Ndoos, Xos) O2 X representa a soma dos demais ETR (Sm+Eu+Gd+Dy+Ho+Er+¥b+Lu). A dimensio de sua cela unitéria (a, = 5,3969:+0,0025 A) e sua densidade calculada (d = 7,26 g/cm’), equivalem-se a da cerianita do depésito de terras raras de Karonge (Republica de ‘Burundi-Africa), segundo WAMBEKE (1977). A cerianita, um mineral raro, isométrico, isoestrutural com a fluorita, assim como a torianita ¢ a uraninita, vem sendo noticiada com certa frequéncia em perfis de intemperismo, formada por esse processo, onde ocorre concentragdo de ETR como em Mt, Weld (Austrilia), Karonge (Repiblica de Burundi) e Pogos de Caldas (Brasil) 62 >yno.6 “80607 $18 @p 048019 DP O}1UDI489 OP CoIEWO}A4IP ODIO ~OZ OINB} 4 WLINVIYaO =9, 63 Tabela 13 - Principais reflexes de difragao de raios-X da cerianita de Seis Lagos € do JCPDS. Cerianita de Seis Lagos a (Wo) 3,122 (100%) 2,696 (41%) 1,907 (26%) 1,627 (26%) 1,544 (6%) Tabela 14 - Composi¢io mineralégica da amos! SCPDS (n* 4 - 593) d (V0) 3,124 (100%) 2,706 (29%) 1,913 (51%) 1632 (44%) 1562 (8%) ‘otal portadora de cerianita, calculada a partir da composigo quimica. Mineral Goethita + hematita ‘Nb-tutilo Cerianita Outros Total % peso 92,4 4.2.7 Zircio e Quartzo Esses minerais foram identificados por difrago de raios-X e observados ao microscépio 6ptico. O quartzo apresenta-se como gros monocristalinos raros, bastante fraturados, geralmente com contornos corroidos e suas formas variam de subangulares a subarredondadas). O zircio, um acessorio comum, ocorre como pequenos cristais geralmente prisméticos. 4.2.8 Gibbsita A gibbsita foi identificada por diftagio de raios-X em uma tnica amostra (CB-64) e através de andlises por microscopia eletrénica. A gibbsita encontra-se na crosta envolvendo cristais de goethita, e também preenchendo poros e fissuras deste mineral (Figura 21). 4.3 GEOQUIMICA 43.1 Composi¢io Quimica A Figura 22 mostra as concentragdes médias e as variagbes de Fe0s, AlOs, P2Os, TiO2, K,0, Naz, CaO, MgO e perda ao fogo (PF), nas crostas de Seis Lagos. Os resultados analiticos sio apresentados nos anexos (Tabelas Al ¢ A2). A crosta aflorante caracteriza-se por apresentar concentragées muito altas de Fe,0s, com média de 79,40 % e vatiagdo de 61,76 a 89,07 %, significativas de TiOz, em média 3,84 %, variando de 0,60 a 12,54 %, 0,42 % em média de POs, teores relativamente muito baixos de AlOs (0,20 a 1,51 %), CaO (0,05 a 0,21 %), MgO (0,04 a 0,1 %), NazO (0,06 a 0,14 %) e KzO (0,02 a 0,08 %), compativeis com os seus teores verificados nas crostas lateriticas sobrepostas a complexos carbonatiticos (Sukulu, Maicuru, Mt. Weld). Sio crostas formadas basicamente de Fe, na forma hidratada (alto teor de PF), e Ti em proporgio muito menor. Os diagramas da Figura 23 mostram esse dominio do Fe e a0 66 a dre eter A Figura 21 - Gibbsita (a) envolvendo cristais de goethita (b) 67 yon 1 > “| LI | | a | a “| — ea * e mame «| L x «ce | ; ie 4 home a oe Figura 22 - Médias e variacées das concentrac6es dos elementos maiores nas crostas de superficie de Seis Lagos. N=26. 2o.a203 10 20 30 40 50 60 70 80 9020,P205 20,aig0310 20 30 40 50 60 70 8 S010TIO2 10.TIOZ10 20 30 40 50 60 70 80 90 10,7205 Figura 23 - Diagramas ternarios, mostrando a composigao quimica da crosta aflorante em Seis Lagos. 69 ‘mesmo tempo o espalhamento acentuado dos teores de Al,Os, P203 e TiO2, indicando que, embora em concentragées baixas, so bastante heterogéneas dentro das crostas. Crostas ferruginosas to ricas em Fe, so conhecidas fundamentalmente sobre formagSes ferriferas ¢ sobre carbonatitos. 4.3.2 Elementos Tragos 43.2.1 Nidbio Entre os diversos elementos tragos analisados nas crostas ferruginosas, destacam-se em primeiro lugar as concentrag6es relativamente altas de Nb, em média’0,96 %, variando de 0,084 até 2,9 % (Figura 24), que como Nb,Os alcanga 4,15 %. Esses teores esto distribuidos por quase toda a estrutura e fora dela, como € mostrado na Figura 25, concentrando-se no centro e na parte [NW da estrutura, Na area do lago do Dragdo, proxima ao furo 1 (F1), a CPRM cubou reservas de 2,800,000 toneladas, com teor médio de 4,0 % de Nb.Os (JUSTO & SOUZA, 1984). Na maioria dos lateritos os teores de Nb so inferiores a 40 ppm, sendo encontrados anomalamente apenas naqueles derivados de complexos carbonatiticos (MARIANO, 1989; WOOLLEY & KEMPE, 1989), Grandes reservas de Nb foram encontradas assim em perfis intermpéricos sobrepostos a esses complexos como em Sukulu, Mabounié, Araxé, Catalio (Tabela 1) Em Seis Lagos essas concentragdes de Nb nfo se expressam como pirocloro, como na maioria dos depésitos conhecidos no mundo (HEINRICH, 1980; MARIANO, 1989), mas como ilmenorutilo, basicamente, descrito anteriormente. O diagrama bindrio da Figura 26, que mostra correlagdo positiva entre Ti e Nb, compativel com os dados anteriormente encontrados no item 4.2.3, sugerindo que a presenga apenas do ilmenorutilo pode justificar a quantidade de Nb encontrado em Seis Lagos. ae ob be a ae = Axo 26. Figura 24. - Médias e variagdes das concentracdes dos elementos tracos nas crostas de superficie de Seis Lagos. N: 7 N Nb (ppm) o 840-2460 © 2480-6300 © 6300-11000 oe 11000 - 25000 ° @ 25000 - 29060 NJ *# Furos de Sondagem Contrna ° a Costa f 600m uo Figura 25 - Mapa de distribuigo dos teores de Nb na area de Seis Lagos. 43.2.2 Bario, Manganés e Cobalto Outro elemento trago que se apresenta em concentragdes muito elevadas é o birio, em meédia 0,43 % de Ba, variando de 71 ppm a 11,4 % (Figura 24), Os teores de Ba mais elevados ocorrem na parte SW da estrutura e nas enCOSTAs (SW) desta, e os mais baixos na parte central (Figura 27). Nas crostas de Seis Lagos ocorrem romanechita ¢ hollandita, além de barita descrita por VIEGAS FILHO & BONOW (1976). Concentragdes de birio em crostas lateriticas geralmente estio abaixo dos niveis crustais, exceto em crostas ferruginosas ricas em fosfatos de aluminio como mostram os exemplos do Gurupi (Itacupim e Jandia) (COSTA, 1980), Crostas derivadas de complexos carbonatiticos normalmente apresentam valores anémalos de Ba, a exemplo de Sukulu, Figura 26 - Diagramas de correalagio entre TiO: e Nb na crosta de Seis Lagos 72 13 Mt. Weld, Catalio e Araxa, onde ocorrem como gorceixita e hollandita (REEDMAN, 1984; LOTTERMOSER, 1990), Ba (ppm) © 210-300 | NX M\ © 300-710 ie S| © 710-1270 Esperance. © 1270-6200 | @ 5200-11910 Ay JY + Furos de Sondagem Contome ° _ Sa 600m 2b at Figura 27 - Mapa de distribuic&io dos teores de Ba na area de Seis Lagos, © manganés, um elemento menor, na crosta de Seis lagos encontra-se em concentragdes anomalas, em média 2,30 %, e variagio de 0,03 a 19,00 % (Figura 22). Esses teores tem distribuigao na area de Seis lagos (Figura 28) semelhante aos do Ba. Os elevados teores de Mn estiio relacionados a elevados teores de Ba, formando romanechita ¢ hollandita. Isso € ressaltado na correlagao positiva.entre Mn e Ba nas amostras com ocorréncia desses minerais (Figura 29). As amostras isoladas, que contém elevados teores de Ba e baixos de Mn, nao contém esses minerais, podendo indicar a presenga de barita, que foi encontrada em Seis Lagos (VIEGAS FILHO & BONOW, 1976), porém n&o identificada nas crostas aqui estudadas, Crostas lateriticas ricas em manganés est€io normalmente relacionadas formagdes manganesiferas primérias {sedimentares, 74 ‘metamérficas), como Carajas, Serra do Navio, e também sobre crostas derivadas de complexos carbonatiticos como Sukulu e Mt. Weld. Mn (ppm) © 140-320 © 320-960 © 960-2400 © 2400 - 8800 @ 8800- 195100 + Furos de Sondagem Cantarno ° a Cresta ~ - 600m uo 0 cobalto também se encontra nas crostas em valores anémalos, média de 42 ppm (Figura 24), e fortemente correlacionavel com Ba e Mn (Figura 29), onde deve fazer parte dos minerais oxi-hidroxidos (cristalinos e/ou amorfos) desses elementos, Naquelas amostras (CB-48, CB-58 CB-114) em que no ha correlagio positiva com o Ba, é porque este deve estar na forma de barita, que nao contém Mn, com que 0 Co se correlaciona negativamente. Esse comportamento semelhante do Co com Mn e Ba é classico de depésitos supergénicos de manganés, onde ocorrem na forma de oxi-hidroxidos (LELONG ef a/., 1976). A correlagao altamente significativa entre ; Monazita ‘A monazita foi identificada nas crostas apenas por difragdo de raios-X, onde é rara (CB- 114, CB-70, CB-21). A presenga de monazita tem sido registrada em perfis lateriticos derivados de complexos carbonatiticos, como mineral herdado. Ela ocorre em Catalio (VALARELLI, 1971; CARVALHO, 1974), nos lateritos de Mt. Weld (LOTTERMOSER, 1990), nos solos sobre carbonatitos em Sukulu (REEDMAN, 1984). 4.2.5 Pirocloro Em Seis Lagos, segundo a difragao de raios-X (Figura 19), o pirocloro esta representado pelo bariopirocloro (pandaita) (Tabela 12), comparével com o de Cataliio e do JCPDS (Joint Committee on Powder Diffraction Standards). A dimensio de sua cela unitiria (a, = 10,521440,0058 A) equivale a pandaita de Cataldo (a, = 10,52640,005 A) (VALARELLI, 1971) de Panda Hill (a, = 10,5620 A) (JCPDS). O pirocloro ¢ um mineral também encontrado em perfis derivados de carbonatito, como mineral herdado, a exemplo de Araxé (SILVA et al., 1979), Mabounié (LAVAL ef ai., 1988), Sukulu (REEDMAN, 1984) e San Vicente (HODGSON & LE BAS, 1992). Durante a lateritizagio © pirocloro sofre modificagdes em suas propriedades quimicas, como perda de Ca e Na (LAVAL ef al,, 1988; MARIANO, 1989), enriquecendo-se em Ba e ETR, como Wigu Hill (HOGARTH, 1989; MARIANO, 1989), Catalio (VALARELLI, 1971), Araxi (ISSA FILHO ef al., 1984), Mabounié (LAVAL ef al., 1988). Em Seis Lagos, os dados obtidos indicam que o pirocloro primério também softeu modificagdes quimicas, enriquecendo-se em Ba, transformando-se em pandaita. 85) com 15 pontos analisados, indica que a goethita contém em média 1,7 % de AlOs ¢ 1,2% de SiO, Goethitas semelhantes foram encontradas por HORBE & COSTA (1994) em latossolos amazénicos, que representam uma superficie de acumulagdo residual de Fe, Si, Ale Ti. Além destes elementos, a matriz ferruginosa contém Pb, mas é pobre em Ba, Mn, Ga, ERT, Zr, The Nb, Anélises de regressio linear mostram correlagdes Nb-Ti, P-AI-ETR(La, Ce)-Th-(Pb), que correspondem aos minerais de Ti-Nb e os fosfatos do grupo da crandalita. A relagio TW/Nb = 0,70 & compativel ao encontrado para ilmenorutilo (0,62) por ADUSUMILLI (1991). Tudo indica assim que a goethita nfo contém esses elementos, mas envolve minicristais de minerais de Ti-Nb e de fosfatos de aluminio, e nfo so os principais carreadores de Nb. 4.2.2 Minerais de Manganés Os minerais de Mn identificados foram hollandita, romanechita e oxi-hidréxidos amorfos. Os teores destes minerais sto variaveis e expressivos atingindo até 41,9 % (Tabela 4), ¢ compoem as crostas manganesiferas, situadas na area SW da estrutura (Figura 7). Apresentam-se com aspecto pulverulento, estruturas de segregagio e por vezes botrioidal. Ao microscépio, os oxi- hidréxidos de manganés ocorrem como plasma de coloragdo negra, preenchendo fraturas ou formando manchas na forma arborescente (Figura 14) sobre goethita microcristalina A romanechita (BaMnOy6(OH,) & a denominagéo atual da psilomelana (KLEIN & HURLBUT Jr, 1992), que ¢ uma mistura de varios éxidos de manganés. Tem seu padrio diftatométrico mostrado na Figura 15. A rocha com romanechita (Tabela 7) é formada basicamente de ferro (42,6 % Fe,03), manganés (24,5 % MnO), e bario (12,73 % BaO). Sio clevados os teores de ETR (1,36 %), Be (146 ppm) e Co (200 ppm). on 78 Figura 29 - Diagramas de correlaco entre Mn, Ba e Co na crosta de Seis Lagos. 76 esses elementos, aliada aos seus teores elevados, sugere a influéncia também de rochas ultramaficas. 4.3.2.3 Vanadio, Zire6nio e Estanho Os teores de Zr (70 a 1200 ppm) e V (24 a 1250 ppm) (Figura 24) distribuidos na crosta de Seis Lagos (Figuras 30 e 31) esto dentro da normalidade de crostas lateriticas se comparando com os dados de KRONBERG ef al, (1979), COSTA (1982), REEDMAN (1984), LOTTERMOSER (1990) e COSTA ef al. (1991) (Tabela 17). n | ¥ (ppm) JON \ ° 126-270 Fa aca © 270-400 Esperanga © 400-600 é @ 600-1251 + Furos de Sondagem Contoma ° da Cros 600m oa Figura 30 - Mapa de distribuiglio dos teores de V na area de Seis Lagos, Em Seis Lagos ao contririo das crostas ferruginosas em geral, o V nao se correlaciona com Fe (Figura 32). A correlagiio é mais significativa com Zr, Ti e em parte com Sn (Figura 33), (6L61 “J 14 QUANOW nde eSpugare,y) jeisruo wrppu (7) (0661 “AASOWAALLOD PPM WW op souiore| (9) (9261 “TIOWHS pnde seneg 7 [Josys) sesaszy9 seqxneg (¢) (#861 ‘NVINGAAY) "MINS ap soantia}Ly sojos (>) (6L61 “72 12 QUARNOW) Bugzeuy ep soonrxneg sows9ye] (¢) (4.0661 ‘VLSOD) !dtuny ap sooneysoy sonore] (Z) (1661 ‘7 9 VLSOQ) Morey ap esouranLiay #75039 (|) Let = oust me - 00zs-L9 Ya Vz = = ol Lt-l> = us St - - o0s-¢ SII-IZ ~ 95 eI = ” osel-st sit vI-I> ss 4d oe 0001-001 = ost-s o0r-0r = S91 1-60 = A wl = ~ O8h-s si-s‘0 82S-b7 8981 9 oa o9I-s s‘0-€0'0 zos-1 ou °9 +801 000S>-0081 7 L69€-8E ToL uw 06 0-005 om "01-006 el LI9-1 7 Pe z91 %I-0S = 000S-0zt —-000Z-00Z-——«HLOZ-£97 ~ % le 0001-001 - 08-01> ore S9-EL a A wl = es Ose-t> £0 9st = ow sz ~ ol sos = se - a w (9) ) (r) © © wo ‘oquaurayg "yersruo eipaur e 2 sterpunur serougiros0 seune we (wd) soden sowawidye ap seodemUADUOD - Lt BPqEL, n | 2t(ppm) © 70-100 © 100-150 160 - 260, 260 -540 @ 540-1201 + Furos de Sondagem 20m _e — Figura 31 - Mapa de distribuiglio dos teores de Zr na area de Seis Lagos. As concentragdes de Sn so para crostas lateriticas muito elevadas, variando de <10 a 460 ppm (Figura 24) (a média crustal é de 2,1 ppm), retratando rochas com fortes anomalias para Sn. Assim, que em Seis Lagos, V, Zr e Sn, se correlacionam entre si e com o Ti, Minerais de Zr e Ti (zircao ¢ ilmenorutilo), devem ser responsaveis por essa correlagao, jé que so os mais abundantes. As correlagdes de Ti com Nb, V e Sn (Figura 34), por este lado, indicam que os minerais de titinio-nidbio so carreadores de grande parte do V e Sn. Vanidio e estanho sto descritos com freqigncia associados a esses minerais em ambiéncia supergénica sobre complexos carbonatiticos (MARIANO, 1989) 43.2.4 Escandio Encontra-se em concentragdes muito elevadas, superiores as ocorréncias conhecidas com anomalias de Sc (Zheltorechensk, na Ucriinia, e Oka, em Quebek) (TARKHANOV ef al., 1992; EBY, 1973), com média de 249 ppm, variando de 119 a 600 ppm (Figura 24). Teores anémalos 18 vy v (ppm) 14005) 1200 1000 Fe203 (%) Figura 32 - Diagrama de espalhamento FeO, versus V na crosta de Seis Lagos 80 oath Figura 33 - Correlagées entre V, Zr, Sn e Tina crosta de Seis Lagos ror (9 Figura 34 - Diagramas de correalagio entre TiO;, Nb, V e Sn na crosta de Seis Lagos 82 de Sc retratam a influéncia de rochas alcalinas e também de fosfatos (COSTA, 1982). Nos lateritos do Gurupi, os teores mais elevados de Sc estio relacionados com os fosfatos de aluminio (COSTA, 1982), Nas crostas superficiais o Sc se correlaciona parcialmente com 0 Ce, nao se correlacionando com nenhum outro elemento. Os elevados teores de Sc encontram-se distribuidos por toda estrutura de Seis lagos, principalmente na parte central (Figura 35). Sc (ppm) © 119-176 © 176-200 © 200-240 © 240-360 @ 360-600 ee an Figura 35 - Mapa de distribuiglio dos teores de Sc na area de Seis Lagos. + Furos de Sondagem Contorno ° 4.3.2.5 Chumbo ¢ Torio Os teores de Pb (250 a 1250 ppm) e Th (61 ppm a 0,55 %) (Figura 24) sio muito elevados, muito superiores as crostas lateriticas em geral. Eles sio encontrados por toda a drea estudada de Seis Lagos (Figuras 36 ¢ 37). Teores dessa ordem de Pb, sio reportados sobre Figura 36 - Mapa de distribuigio dos teores de Pb na area de Seis Lagos. Figura 37 - Mapa de distribuigdo dos teores de Th na area de Seis Lagos. 83 Pb (ppm) © 250-400 © 400-570 © 570-800 © 800-1040 @ 1040-1251 + Furos de Sondagem 600m Ws Th (ppm) © 61-712 742-1410 © 1410-2020 2020 - 2720 2720 - 5501 + Furos de Sondagem 600m a4 crostas gossinicas formadas as expensas de corpos sulfetados com minerais de chumbo (TAYLOR, 1987). Crostas lateriticas com fosfatos de Al contém teores elevados de Pb, especialmente as derivadas de rochas de complexos carbonatiticos como em Mt. Weld (LOTTERMOSER, 1990), em Maicuru (ANGELICA, 1990), mesmo assim inferior a de Seis Lagos. O diagrama de correlagfo entre Pb e Th apresentado na Figura 38 mostra correlacionamento positivo entre entes elementos em algumas amostras. As elevadas concentrages de Th esto relacionadas com elevados teores de La, Ce Nd, e em poucas amostras com P, indicando a presenga de fosfatos, cujo mineral identificado é a monazita, carreador de BTR (La, Ce e Nd), como nos lateritos de Cataléo (MORTEANI & PREINFALK, 1996). As amostras em que Pb Th se correlacionam positivamente devem ser as portadoras de monazita. © chumbo nfo apresenta nenhuma correla¢o significativa com os demais elementos. O Th é responsavel pela elevada radioatividade em Seis Lagos, pois os teores de U estio abaixo do limite de detecgdo (< 15 ppm). Thipem) 1000 * * 200 300 400500 oo 00 700 800 900 1000 1100 1200 1300, Pb (pam) Figura 38- Correlacao entre Pb ¢ Th nas crostas de Seis Lagos 43.2.6 ftrio 0 itrio ocorre em concentragées desde ao nivel crustal até muito elevadas (<10 a 1.080 ppm) nas crostas de Seis Lagos, predominando os valores elevados (Figura 24). Teores dessa ordem so muito anémalos e devem espelhar a presenga de rocha mineralizada em itrio no substrato. Em Sukulu e Mt. Weld, ocorrem teores dessa grandeza, formados sobre rochas de complexos carbonatiticos. Esse elemento é encontrado em ambiente supergénico formado as expensas de rochas alcalinas, a exemplo dos perfis lateriticos do Pitinga, Amazonas (HORBE, 1990), cujo substrato alcalino contém xenotima, YPO,. Em Seis Lagos o itrio apenas se correlaciona com os ETR (Nd ao Lu), dominantemente os pesados (Figura 39) e negativamente com Ti, A correlagio Y-ETRP é tipica de xenotima (MARIANO, 1989) ou churchita (LOTTERMOSER, 1990). E possivel que ocorra em Seis Lagos o mineral xenotima, ou na forma hidratada, a churchita, que, talvez pela pequena quantidade ¢ quigé diminuto tamanho dos cristais nio foi possivel identificar. 43.2.7 Molibdénio Em um quarto das amostras analisadas, 0 Mo foi encontrado em valores acima do limite de detecso (

You might also like