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(Ciel Psychiae Psicologia da Saiide e Psicologia Hospitalar Clayton dos INTRODUGAO O presente capitulo tem como objetivo apresentar ao leitor as definicdes de Psicolo- Eda Suide ¢ Psicologia Hospitals, bem como suas respectivas formacde dreas de atua fine lustragdesclincas, com o intuito de aproximé-o da pritica do psicélogo nestes con, isos eda perspectiva psicologica e psicossocial nos multiplos fendmenos humanos Iicionados as adversidades do adoecimento fisico, PSICOLOGIA DA SAUDE AOMSIWHO (1946/2014) declara em sua Constituiso como um dos ples bisicos Fa cicidade dos povos suas relagées harmoniosas e a preacupagio de que: "a sade é Am stado de completo bem-estar isco, mentale socal, endo consiste apenas na auséncia tk doenga ou de enfermidade’:Além disso, reconhece a importincia dos aspectos mentag Ssorils no que se refer sade eno apenas aauséncia de enfermidades (Olivera som), ‘A Pclogia da Sale €o campo do conecimento que estuda, a partir das peropec Htnspsicoligicae psicossocial, os miltiplosfendmenos humanos relacionados fe adver fades do adoecimento, tendo como sujeitos-alvos todos os individuos dos cendrios das fuses de sade, ais como pacientes, familiares, profssionais da itea ou membres da | {anunidade. partir de conceitos e tori pscologcas, seu objetivo ¢ promore ve Borda qualidade a asistencia prestada a softimento psiquico, buscando sa promo: fio suide, prevencio tratamento de doencas, mudancas de estilo de vida, deservol Minento de comportamentos que promovam satide e o aperfeigoamento do sistema de Folica piblicas de sade (Turato, 2008; Matarazzo, 1980; Barros, 1999) Assim como no hd um predominio de ideas e praticas na Psicologia, tampouco Prsponderincia em tal ciéncia que gere uma concepgio de acao na area da sate de for macoesa posiblitando uma variedade de atuagdes eestlos,causando diversidade de 74 __ Psicologia da sate hospitalar perspectivas e nomenclaturas para descrever a pritica profissional do psicélogo na ir da satide, dificultando o fortalecimento da profissio na area, mas abrindo um campo vs to para a pesquisa, Podemos dizer que a Psicologia na area da satide seria como um grat de guarda-chuva, sob o qual se agrupam varias praticas ¢ perspectivas, as quais podem Initicas, priticas, con. sicologo da satide na nao apenas complementares, mas até mesmo antagonicas; um campo dlisciplinaratce ado com outros saberes, como afirma o modelo biopsicossocial, e marcado pela inde nicio do objetivo psicol6gico a ser delimitado, tornando-se um conhecimento em pa manente desenvolvimento (Santos & Jac6-Vilella, 2009). eis sobre 0 que 'A Psicologia da Saisde (do ingles health psychology; do espanhol psicologia dela) garantir a consotidaca ld), divisio 38 da American Psychological Association (APA) desde 1978 (Wallon, 195 imento, p. ex. de tem atualmente ¢sté consolidada também na Europa, Asia e em alguns paises da América WosSistema Unico de ¢ tina com pesquisas crescendo em nimero e qualidade (Castro & Bornholalt, 2004). Car = formagio de psicéloge tudo, nas nagées latinas, ainda ha insuficiéncia de estudos que possibilitem intervensSdfimlll™ géado no modelo clini ripidas nos problemas de saiide de cada regio, de acordo com as especificidades ecm im Pelicioni & Chia textos socioeconémicos (Alves etal, 2011). Além disso, houve um répido crescimentodi lal gxistente em servicos | ido de obra disponivel, mas com insatisfatéria incorporagio dos profissionais nos se les focals seguindo o antig res de sate (Castro & Bornholdt, 2004). Bee iecimento das suase No Brasil, a Psicologia da Satie surge como pratica profissional de forma maissite =" = fim sua formacio, matizada e reconhecida em instituigdes de sate na década de 1970, passando a ter de vvancia na comunidade académica e cientifica, sobretudo na década de 1990 (Santos ee 6-Vilela, 2009). Bases biolégicas, s ‘Avaliagio, assessor Politicas e organiz: ‘Temas profissionai Com a busca pela compreensio de como os fatores bioligicos, comportamentase th ecicnentos de ciais influenciam a saide ea doenga, 0 psicdlogo da saide pode atuar de diversas mane ras, tais como (Almeida & Malagris, 2011: ‘Além de formagio ) Giteja preparado para = Foco na promogio de satide e prevencio de doengas, por meio de fatores psc Siersequipe como ATUAGAO DO PSICOLOGO DA SAUDE cos que fortalecam a saiide e reduzam o risco de adoecer. = Disponibilizagao de servigos clinicos a individuos saudéveis ou doentes em dif tes contextos,tais como pacientes com dificuldades de ajustamento & condi dee fermo. E No Brasil, o Consel = Auxilio a pacientes no desenvolvimento de métodos psicoligicos para ajudé-lsamé Ne deem 2016, com a Res nejar problemas de saide,tais como ansiedade devido a longa internaclo, conte = wee do possivel“psicol das condigies de dor, entre outros. | Kubo e Botomé (2« Pesquisa e investigacao. © doinadequado, pois de #Ensino e formacio. logias etécnicas que sic lades de estudo e Em sua atuagio, também deve ser considerada a habilidade de analisar detalhadamet Segundo Castro e E te 0s fatores culturais, psicoldgicos e emocionais predisponentes & doenca, assim commis da Satide, 0 que o levot conhecimento de epidemiologia e fatores psicossociais de risco para doencas fisics AN 4, Além disso, por mu ocupar um lugar de atuagao marcado basicamente pela diversidade, seja de historias debates sobre a pritica #8 quais podem sae disciplinar artigy: ado pela indef = intervene lcidades e con 'scimento da Ponas nos seto rma mais sistes Sando a ter reles bo (Santos & Jae timentais e so, iversas manef= "8 psicolégi. em diferen- digdo de ene ios a ma- 'o, controle hadamen- Sicas. Ao Orias, te- Psicologia da Saude ¢ Psicologia Hospitatar 75 RMAs prices, concep¢des, abordagens e instituigbes em que essas priticas ocorrem, 0 tlogo da sade nio deixa de ser psicélogo (Santos & Jaco-Vilella, 2009), © académica dos psicélogos no Brasil é defi- Tefletindo o desconhecimento destes pro. nndo que ainda hé muito pata ser feito para onsolidacao desta no pais. As lacunas se devemn também pela falta de cone. iment. ex. de temas pertinents a sade publica ais como dos programas e polices Basis Unico de Sadide - SUS (Alves etal, 200). Tal deficiéncia também ovorre na b Botasiode psiclogos da América Latina e est vinculada ao tratamento individ La “Felon modelo clinico, o qual ainda é a base daidentidade destesprofissionais (Schoo. b Bil elcon’ & Chiatione, 2002). No entanto, devido& crescente demanda de trabalho Boise em servicos pablicos, muita vezes, psicdlogos continuam trabalhando em tac Hsisseguindoo antigo modelo clinico individual, atuando na rea da said sem ter con ‘hecimento das suas especificidades (Castro & Bornholdt, 2004), Ema formacio,é importante que o psicdlogo da saide tenha contemplado conhe © Simentos tas como: J & Bases biologicas sociais e psicolégicas da satide e da doenea, | Aveliaco, assessoramento e intervencao em satide Poiteas e organizacio de saide ecolaboracao interdisciplinar © “Temas profisionais,éticos elegais B® Conhecimentos de metodologae pesquisa em sade (Castro & Bornhoudt, 2004) Alem de formacéo, também & necessirio que o psicdlogo tena compromisso socal Sil repaado para lidar com problemas de saide de sua regio ¢ tenha condigdes de atwarem equipe com outros profissionais (Castro & Bornhoudt, 2004), ESPECIALIDADE PSICOLOGIA EM SAUDE No Brasil o Conselho Federal de Psicologia defini a especalidade Psicologia em Sa dem 2016, com a Resolugéon. 3. Chama a atengéo a escolha pelo temo "sm sade” on B_ "ez possvel“psicologia da saide” o que leva aalgumas relexdes Kubo ¢ Botomé (2001) afitmam que Psicologia da Said seria um termo considera fonadequado, pois demarcaria de forma limitada os fendmenos e suas larder, tecnn, ifs tknicas que sd reconhecidamente do campo da sade, sem defn imtes ps, Silades de estudo ede itervengio da Psicologia em relagdo a tal campo sazundo Castro Bormholdt (2004), ha uma resstnca nacional ap termo Psicologia tt Satie, o que olevou a nio ser considerado uma especialidade da Psicologia brane £3 Alem disso, por muito tempo, foi encarada apenas como referéncia tebrce vada can debates sobre a prética da Psicologia em hospitas, havendo uma confusdo entre os te 76 Psicologia da saude hospitalar ‘mos Psicologia Hospitalar e Psicologia da Saiide, mesmo que esta tiltima ja tena se ex pandido para além dos hospitais (Reis et al., 2016), [Nessa concep¢io, ao tratar de fendmenos mais complexos, o termo Psicologia em Sai de seria uma definigao mais abrangente. E uma area em constru¢ao, possibilitada pelo de senvolvimento da epidemiologia social, da saiide piiblica e da prépria Psicologia (Kubo & Botomé, 2001), ¢ refletindo nos servigos de saiide em que o psicblogo pode atuar (Reis et al, 2016), PSICOLOGIA HOSPITALAR A Psicologia Hospitalar é a atuagio da Psicologia mais tradicional na area da satide do pais, chegando a ser confuundida com a Psicologia da Sade, ea primeira especialida de psicolégica nesta érea, de forma a ser importante conhecer sua hist6ria. O INICIO DA PSICOLOGIA DA SAUDE NO BRASIL E A PSICOLOGIA HOSPITALAR Conforme levantou Oliveira (201), as primeiras incursdes de psicdlogos em hospital no Brasil ocorreram na década de 1950 com pesquisas e intervene: es pontuais. Como exemplo, tém-se o estudo do médico Raul Briquet e da psicdloga Betty Katzenstcin para a introdugao do sistema de alojamento conjunto da maternidade do Hospital das Clini «as, em 1950 (Cytrynowicz, 2004), ea criagao de uma equipe multidisciplinar no Servigo de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP pelo Prof. Dr. José Fernandes Pontes, em 1957 (Rodrigues, 1998) Um trabalho reconhecidamente precursor foi o de Mathilde Neder que, no periodo de 1952 a 1954, iniciou um trabalho como colaboradora na Clinica Ortopédica e Trauma tol6gica do Hospital das Clinicas da USP, dirigindo, coordenando ¢ criando servicos e uunidades de Psicologia (Oliveira, 201) psic6logo ja era solicitado em instituigées de saiide para integrar equipes multi. ciplinares hi no minimo quatro décadas, ou seja, antes mesmo da profissao ser regula mentada no pafs, em 1962 (Campos, 2010). Em 1997, foi fundada a Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH) com o objetivo de ampliar 0 campo de conhecimento espe- cifico e promover o profissional que trabalha nessa area, Uma década depois, o Conselho Federal de Psicologia instituiu o titulo profissional de especialista em Psicologia e regula mentou onze especialidades (CFP, 2007). Entre essas, estava a Psicologia Hospitalar As intervengé: em Psicologia na érea da satide, em especial hospitalar, ainda esto sendo construidas citam quatro possiveis fatores para esse estado inicial do tema: ‘= Recente histéria do campo quando comparada com a historia da Psicologia no mundo. "= Dificuldade de sistematizagio devido as especificidades tanto do adoecimento quan to da hospitalizagao, = Dificuldade na regularidade do atendimento psicolbgico em razio da rotina hospital = Baixo nimero de psicdlogos em instituisies hospitalares (Oliveira & Rodrigues, 2017). OFOCC Ado dade det paciente gio de pc de, da ret Malagris gicos qu de doent Dea principa alha en Gru Gru Am Enf ur Sen Pro Ave Av Co De uma ec ridtrica mado} enferm A vidade sujet Thor co que de des A gto de ji tenha se ex- cologia em Sati- vilitada pelo de- clogia (Kubo & leatuar (Reis et area da saiide ira especialida- DLOGIA os em hospital ontuais. Como atzenstein para pital das Clini- nar no Servigo sé Fernandes ue, no periodo. fica e Trauma- ndo servigos € sipes multidis- ao ser regula. le Brasileira de to espe- 1s, 0 Conselho logiae regula- {ospitalar ar, ainda esto do tema sia no mundo. mento quan Psicologia da Sadde e Psicologia Hospitalar 77 (OFOCO NOS ASPECTOS PSICOLOGICOS DO ADOECIMENTO ‘Adoenca é uma situacao de perdas, sejam elas de satide, autonomia, tempo, capaci: dade de trabalhar ou até mesmo da pr6pria vida (Simonetti, 2004), Na hospitalizagao, 0 ,caracterizado pela sense paciente pode ser levado a um processo de despersonalizac: ode perda de identidade ¢ autonomia, resultante da diminuigio de sua individualida- ausado pela rotina hospitalar com seus ho- deyda retirada do seu cotidiano e do est tis rigidos, limitacoes dietéticas, de sono, de mobilidade, entre outras (Almeida & Malagris, 012). No processo de adoecimento, sio importantes tanto os aspectos psicolé gjcos que interferem na continuidade da doenca, incentivando a permanéncia no papel de doente, quanto os que ajudam no restabelecimento da satide (Simonetti, 2004). De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2007), 0 psicélogo hospitalar atua principalmente nos niveis secundirio e terciério de atengao a saiide. Tal profissional tra halla em instituicdes de saiide realizando atendimentos terapéuticos em: Grupos psicoterdpicos. Grupos de psicoprofilaxia, Ambulatérios. Enfermarias em geral (médica, cirtrgica, ortopédica, queimados, pedidtrica etc.), uml Semi-intensiva e neonatais. Pronto-socorro (PS). Avaliagio diagnostica, Avaliagio psicodiagnéstica, Consultoria e interconsulta com pacientes em todas as fases de tratamento. Destacamos que o psicdlogo de ligacio é aquele que, necessariamente, faz parte de tuna equipe multidisciplinar, como em equipes hospitalares de transplante, cirurgia ba- titica ou cardiologia. a 0 psicdlogo em formato de consultoriae interconslta sera cha: mado para atender um determinado paciente pertencente a uma enfermaria, como uma enfermariacinirgica ou médica. ‘A Psicologia Hospitalar busca 0 entendimento e tratamento dos aspectos psicol6gi cos em torno de toda e qualquer doenga (Simonetti, 2004). Seu objetivo principal é di. minuigio do sofrimento provocado pela internagao (Vieira, 2010), com foco na subjeti videde do paciente de hospital geral e em busca de auxilié-lo a lidar com os elementos subjetivos que citcundam a doenga. Enfim, o objetivo € auxiliar 0 enfermo a lidar da me Thor maneira com os desafios desse momento dificil da vida junto ao sofrimento psiqui- \cialmente desencadeadora de quadros co que advém dessa experiéncia marcante e po. dedesadaptagao emocional (Amorim, 2004)- ‘A Medicina ndo contempla o ser humano em sua integralidade, de maneira que a atua «0 do psicélogo hospitalar pode nao somente escutar o pedido de ajuda do paciente, mas 78 Psicologia da saude hosptalar também buscar compreendé-Io em toda a sua dimensio humana (Mosinann & Lustose, 201) através do oferecimento da escuta e da possibilidade da fala (Vieira, 2010), fim de evitar a situagio em que o paciente se v8 deixando a posicio de sujeito e passando a de objeto de intervencao. ESTRATEGIA PSICODINAMICA: OFERECIMENTO DA ESCUTA E ELABORAGAO POR MEIO DA FALA A pluralidade da psicologia manifesta-se na Psicologia da Saiide, assim como na Ps: cologia Hospitaar. Ainda que ambas objetivem cuidar do sofrimento psicoligico do pa ciente internado, as compreensoes e estratégias de intervencio sao diferentes em cada abordagem psicoldgica ‘A abordagem psicodinamica almeja acionar um proceso de elaboracio simbélica do adoecimento (Mosimann 8 Lustosa, 2011). Nas palavras de Laplanche e Pontalis (2001), a elaboragio seria a expressio usada por Freud para designar o trabalho realizado pelo aparelho psiquico coma finalidade de dominar as excitagbes que lhe chegam e cuja acu mulagio corre o risco de ser patogénica, Tal trabalho consiste em integrar as excitacoes no psiquismo e estabelecer entre elas conexdes associativas O inicio da doenga cria uma situacao de vida peculiar, qual reivindica, do paciente, a capacidade de adaptagao, uma vez que exige dos mecanismos fisioldgicos seu potencial para restabelecer a homeostase e mobilizar defesas psicoldgicas no intuito de lidarem com © rompimento do equilibrio psiquico que ocorre com a sua eclosio (Balint, 1975). Retomando Freud (1912/1980), Simonetti (2004) entende que o psicdlogo hospitalar de orientagio psicodindmica busca auailiar os pacientes conduzindo-os & palavra, para que falem de si da doenga, dos familiares ou do que quiserem, em tuma entrevista psico- Jgica que ao leigo pode parecer uma conversa normal, mas que, na verdade, é bem mais do que isso, jé que ¢ através da inguagem que se dard a elaboracao. A atuacio do psic6logo hospitalar precisa ir além das intervencées baseadas na rea- bilitagao e em tratamentos eminentemente biolSgicos que apresentam pouca énfase na compreensio, tanto da experincia subjetiva como no contexto social dos pacientes. As sim, torna-se necessério que 0 psicdlogo tenha uma abordagem biopsicossocial do pro- cess0 de satide-doenca, contemplando os aspectos biolbgicos,psicoldgicos e socais com atengio integral &saide do sujeito que adoece (Almeida, 208) No contexto hospital, o psicologo compartia espaco com outros profissionals ea sua pre- ssenga dé voz ao emocional do paciente, dos familiares e da equipe. O SETTING TERAPEUTICO NA REALIDADE HOSPITALAR Os espagos e condicdes hospitalares sio muito diferentes do setting da atuagio clint ca em consult6rio. Dificilmente o atendimento psicolégico pode ser feito em espaco pri- vativo, pois q terrompido a de suas fungé opaciente 20 mmeida & Mal Oatendi hospitalizagé sua historia ¢ tativas a inte troem a resp oferecida a0 da identifica também é ¢ Vieira, 2010 A partir se podendo cciente poder dro que inv ais se ajus psicoterapia dem tornar ‘Tambér em que éle ‘mo conseq! ‘ou aqueles Nas ent também fa (visita méd para esclare Com re consultoria Sistemad ral. avalla rmarias a 0s p no de (amorir 3 Vides vosinann & Lustosa, ieira, 2010), a fim de eito e pasando a de 3CUTA E assim como na Psi- o psicolégico do pa diferentes em cada oragao simbélica do ie e Pontalis (2001), valho realizado pelo chegam e cuja acu itegrar as excitagées indica, do paciente, gicos seu potencial uito de lidarem com Balint, 1975). 2sicblogo hospitalar 9-08 palavra, para na entrevista psico: erdade, é bem mais es baseadas na rea 1m pouca énfase na I dos pacientes. As- »sicossocial do pro- igicos e sociais com jonais ea sua pre 1g da atuagao clini Psicologia da Satide e Psicologia Mospitalar 79 satio, pois quase sempre ocorte& beira do leto (Vieira, 010), podendo ser adiado e in terrompido a qualquer momento por médicos, enfermeiros e técnicos no cumprimento de suas fungdes, Nos casos de grandes engermarias, 0 atendimento acontece inclusive com opaciente ao lado de outros internos, o que prejudica severamente a questo do siglo (Al meida & Malagris, 201). (0 atendimento é focal, breve e frequentemente emergencial. Busca conhecer 0 que a hospitalizagdo significa para o doente e para sua familia, assim como saber mais sobre a sua historia de vida, os aspectos estrtamente relacionados a doenga, is difculdades adap tativas&internagao, as processos diagnésticos e ao significado que os pacientes cons troem a tespeito de si e do mundo a partir do adoecimento. A intervengio psicologica ¢ oferecida ao paciente, que tem a opga soberana de recebé-Ia ou nio, sendo a sua deman Je ou.a equipe multiisciplinar. O atendimento nessas condigoes da identificada junto a também é disponibilizado para os familiares dos internados (Almeida & Malagris, 201; Vieira, 2010}. AA partir da avaliagéo do paciente, é feito um planejamento terapéutico, mesmo nao se podendo prever qual seria duragio do tratamento, uma vez que em muitos casos 0 pa~ ciente poderd ter alta antes do esperado, ser transferido de unidade, ter uma piora no qua dro que inviabilize o atendimento ou até mesmo ira ébito. Os tipos de psicoterapias que sais se ajustam as necessidades dos pacientes internados sio as intervengdes de crise, as psicoterapias de apoio (Amorim, 2004) ¢a técnica da Psicoterapia Breve, uma ver.que po: ‘dem tornar mais gil o processo terapeutico em hospital geral (Lustosa, 2010). ‘também, €analisada a necessidade de avaliagao psiquiétrica, a qual ocorre nos casos em que é levantada a hipatese de quadros psiquidtricos anteriores & internagio ou mes mo consequentes desta, tais como os transtornos de ajustamento, ansiedade, depressio ‘ou aqueles relacionados & adigao (Santos, 2004). ‘Nas enfermatias, além dos atendimentos aos pacientes e familiar também faz parte da rotina do psicélogo, que acompanha outros profissionais da equipe (visita médica) para posterior discussio do caso de cada paciente (momento importante para esclarecer & equipe 0 que o psicdlogo faz ~ € como faz, Com relacéo a insergio do psicélogo na equipe multidisciplinar, existem o sistema de a visita aos leitos consultoria ¢ 0 de ligacio. o, que no é membro incegrante da equipe mutiprofissio- ntes que estao internados em enfer- ‘esponde a uma solictacao especiica auniia 0 diagnéstico, 0 tratamento Sistema de consultoria:o psi nal, avalia, indica ou realiza um tratamento para 05 pa diversas, Sua presenga € episodica, qua dos profssionais de equipes locals, Sua atuac’ ro de aco, fornecendo orientacdes a0 paciente, aos familiares e aos membro (Amorim, 2604; Bruscato, 2004, dtado por Almeida & Malagris, 2011, 80 Psicologia da sav hospitatar ma de igacio' 0 psic6logo & membro integrante da equipe muitiprofissiona, tendo con tato continuo com os servigos do hospital geral por ser membro efetivo des equipes locals, ‘Atende seus pacientes, participa de reunides clinicas ¢ lida com as caractersticas das rela- (Ses estabelecidas entre equipes, pacientes e familias, d {em cardterinformativo, proflatic e terapéutico (Amorim, Almeida & Malagrs, 201), maneira que seus atendimen Bruscato, 2004, ctado por O TRABALHO INTERDISCIPLINAR E O MODELO BIOPSICOSSOCIAL NA ABORDAGEM PSICOSSOMATICA, AAs equipes multiprofissionais sto aquelas formadas por profissionais de formagies diferentes, tais como médicos, enfermeiros, auxiliates de enfermagem, nutricionistas,f- sioterapeutas, psicdlogos, entre outros. Contudo, nem todas as equipes multiprofissionais atuam da mesma forma, podendo ser classificadas em multidisciplinares e interdiscipli Em uma equipe multidisciplinar de satide, os profissionais avaliam os pacientes de forma independente e elaboram os seus planos de tratam 0 como servigos adicionais, ‘© que culmina em uma associagio sucessiva ou simultinea de recursos de varias disci has para uma determinada tarefa, sem um trabalho verdadeiramente coordenado de equi pe. A solugao de um problema busca apenas informacdes de duas ou mais dreas do co: nhecimento e as disciplinas que contribuem para tal solugao nao sao modificadas ou enriquecidas. Na equipe interdisciplinar, a avaliagao e 0 planejamento da terapéutica sao feilos de ‘maneira colaborativa, de forma interdependente, complementar e coordenada, nao se tra tando de uma fusdo dos diferentes campos do conhecimento, jd que sio consideradas 3s relagbes entre eles. Todos os profissionais envolvidos ampliam seu referencial quando agem em colaboragdo com os demais, mas cada um mantém sua identidade profissional € 0 dominio de uma técnica especifica (Bruscato, Kitayama & Fregonese, 2004), A equipe mutidisciptinar em satide & aquela ern oh forma independente, elaborando planos de tratarmento, mas sen trabalho coordenado de equipe. ais avaliam o paciente de istirnecessariamente um ‘A equipe interciscipinar em satide € aque: forma interclependen rencial, mantendo ue 0s profissionais avaliame planejam de e, complementar, coordenada e inter-relacionade: ampliam seu ree 1a dentidage profi je técnica specifica, As equipes interdisciplinares com psicélogos inseridos no sistema de ligagao sio coe: rentes a0 modelo biopsicossocial, jé que buscam intervir na situagdo clinica a parti da compreensio do paciente de maneira integral, buscando no apenas tratar as doencas, L F ‘mas também a} fatores sociocul no curso da doc tica, Cabe ao ps dos profissionai adoecer, de forr ce (Bruscato et Rodrigues, sistemitico das fangées orginic gel (4977), a0 ds ‘mano. Os autor que busca supe: a expressio do seu meio, onde drigues, Campc ‘O modelo bioy Sbciais no proc FORMAGAO Com relaga e Bornholdt (ac 4. Clinica: of 6gicas ind: 2. Pesquisa e 3. Programag Segundo es qualidade da at cazes para cade Apesar diss que o campo d modelo clinico, €0 surgimento capitulo. A sab 3 Vide Capitulo Adesvio virou sional, tendo con- 2s equips sticas das re us aendimentos itado por SOSSOCIAL ais de formagies fi multiprofissionais nutricionista res ¢ interdiscipli mos pacientes de rvigos adicionais, de virias discipli ordenado de equi- mais éreas do co. © modificadas ou utica slo feltos de lenada, nio se tra © consideradas as ferencial quando idade profissional +e, 2004). ime planejam de mpliam seu refe le ligacdo sao coe Psicologia da Satie ¢ Psicologia Hospitalar 81 mas também a promogaio de saiide (Bruscato et al., 2004) {atores socioculturais, biolégicos ¢ psicolégicos, interagindo e influenciando na origem € f preciso preocupar-se com os no curso da doenca, assim como Engel (1967) situa 0 objetivo da abordagem psicossomé- tica, Cabe ao psicélogo, membro de uma equipe com tal caracteristica, apontar a atengao dos profissionais para a individualidade de cada paciente e para os aspectos subjetives do adoecer, de forma a colaborar para a humanizagao do atendimento que esse grupo forne- ce (Bruscato etal, 2004). Rodrigues, Campos ¢ Pardini (2010) compreendem a psicossomitica como o “estudo sistemitico das relagdes existentes entre os processos sociais, psiquicos e transtornos de funcdes orginicas ou corporais’ partindo-se do modelo biopsicossocial, proposto por En- ge! (1977), a0 desenvolver seu pensamento sobre o complexo funcionamento do ser hu mano, Os autores também a consideram um “exercicio pretensamente interdisciplinar’ aque busca superar fragmentagbes e cruzarfronteirasdisciplinares. A doenga € vista como aexpressio do organismo, reveladora de como um individuo lida com ele mesmo ¢ com ‘eu meio, onde respostas fisicas ¢ psiquicas estdo concomitantemente relacionadas (Ro- drigues, Campos & Pardini, 2010). 1205, psicologicos ¢ imento hurnano. Hrelagao dos aspectos bi FORMAGAO DO PSICOLOGO HOSPITALAR Com relagao a formagio do psicélogo que atua especificamente em hospitais, Cas eBornholdt (2004) entendem ser fundamental uma boa capacitagdo em trés dreas basicas: 1. Clinica: o psicOlogo deve tera habilidade de realizar avaliagées e intervengbes psico légicas individuals e em grupo. 2. Pesquisa e comunicagio: o profissional precisa conseguir coordenar pesquisas ¢ co municar informagoes de carter psicol6gico a outros profissionais da equipe. 3, Programacao: deve ser capaz de consttuir e gerenciar programas de sade possivel melhorar a Segundo essas autoras, por meio dessa formagio integrada, qualidade da atengio prestada, assegurar que as intervencbes instituidas sejam as mais efi- ‘cazes para cada caso, reduzir custos e ampliar os conhecimentos da dea, ‘Apesar disso, pesquisas sobre a atuacio do psicélogo no contexto hospitalar mostram que o campo descrito é bem diverso, jé que, concomitantemente, hé um predominio do modelo clinico, da falta de pesquisa e a énfase no atendimento individual (Carvalho, 2013), 0 surgimento de modelos de intervengio mais proativos, tais como os apontados neste capitulo, A saber: 82 Psicologia da sate hospitalar Novas formas de acolhimento. Preparacio pré e pos-ciringica Intervengdes breves, Utilizagio de modelos preventivos. Atendimentos domiciliares. Intervengao na comunidade, nos grupos, nas acoes de educacao em satide, Educagio permanente (Reis etal, 2016) APRESENTACAO DE CASOS CLINICOS DENTRO DO CONTEXTO HOSPITALAR - ATENDIMENTOS EM UTI E EM ENFERMARIA Considerando as particularidades do contexto hospitalar e com intuito de ilustrar e explorara teoria explanada, apresentamos dois casos clinicos atendidos em contexto hos- pitalar pelas autoras deste capitulo, Neles, é possivel observar as complexidades que o psi célogo pode encontrar neste contexto, bem como as especificidades de cada caso. ‘Maria do Carmo primeiro caso a ser apresentado € cirdirgico e foi atendido em uma UTI do Hospi tal Universitario (HU) da USP. A paciente, aqui chamada de Maria do para recuperar- Jarmo, 69 anos, foi internada na UTI do HU de procedimentos cirtirgicos realizados na regio abdominal. Ela en contrava-se extremamente angustiada com a necessidade de ser submetida a mais um pro- cedimento cirtirgico ainda nesta internacao, pois nao gostaria de ser entubada novamen te, procedimel to que Ihe causava enorme aflicdo e medo intenso, mas que era essencial para a realizagao da cirurgia. Frente a isso, a equipe multidisciplinar da UTI solicitou 0 atendimento psicolégico. Maria do Carmo relatou que, na tiltima vez que foi intubada, passou por uma terrivel angiistia de morte e que se ecusava a submeter-se a mais um pro- ccedimento cirtirgico, responsabilizando o filho caso autorizasse a realiz; se eventualmente viesse a dbito. 10 da cirur Esta ilustragio clinica possibilita pensar a respeito da experiéncia subjetiva dos dif rentes atores atuantes e fios para a pratica clinica ‘uma internagio, e, deste modo, exemplificar os diferentes des: sim como explicitar a demanda existente nesse contexto e re forcar a importincia da presenga do psicélogo, podendo este profissional, a todo ‘momento, reconstruir € repensar suas condutas. Foram necessarias intervencdes em to dos 05 niveis: com a paciente, sobre as compreensdes sobre o procedimento; com o fami liar, que se sentia culpado e sobrecarregado pelas decisdes importantes que deveria assu. mit; € com a equipe multidisciplinar, que se encontrava ang A interver iada frente a situagio, ‘io psicoterpica possibilitou a reelaboragio de fantasias e reestruturou concepgdes que a paciente tinha tanto sobre seu processo orginico, quanto a respeito das intervengies da equipe de sade. Peculiaridades também estavam presentes neste contex- to hospitalar, como o setting terapéutico (a UTI) eas representages mentais que evocam e suscitam fantasias e mecanismos defensivos especifcos. E comum o pac em geral, const codinamica necessit espera que seus sint significado simbélic peragio do ego feric E importante gt cou necessirio), dese {que se encontram d se ainda como obj. tes agdes: = Avaliar a for atual = Trabalhar com orginico, = Propiciar a mo! = Desenvolver as Opsiquismo sea preensao do quee Aliangada aos do psicélogo no cc 0 psicélogo quante liagio psicolégica, dencia condicoes periodo da intern: Marlene segundo ree do psicélogo dian trabalho com abot nar, 0 que demon uum paciente em c: vidor Paiblico Est Marlene, non gua devido ao cig iodo pré-cirargic taco que se man ATEXTO RIA tuito de ilustrar e em contexto hos: xidades que o ps cada caso. oa UTT do Hospi dana UTI do HU sdominal, Ela en- daa mais um pro- tubada novamen- ue era essencial la UTI solicitou 0 que fol intubada, sea mais um pro: 10 da cirurgia e subjetiva dos dife. os diferentes desa- vesse contexto e re- ofissional, a todo itervengBes em to. nento; com o fami. sque deveria assu- snl situagao, slas e reestruturou anto a respeito das entes neste contex Paicologia da Satie © Psicologia Hospitalar 83 E comum 0 paciente nao apresentar demanda para atendimento psicol6gico, sendo esta, em geral, construfda pela equipe que o acompanha. O psicélogo de orientagao psi codinamica necessita estruturar sua forma de ago, compreendendo que o paciente nio espera que seus sintomas sejam decifrados por uma interpretago ou contenham algum significado simbélico, mas sim o restabelecimento de sua homeostase psiquica e a recw peragao do ego ferido em seu narcisismo. £ importante que tal psic6logo trabalhe com o paciente (e familia, quando possivel e/

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