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SVetor fe VinnintnAnnAnnnnnnnnnnaanse Instrumento de Avaliagdao Neuropsicolégica Breve NEUPSILIN 2009 ‘Volume 1 - Colegéo NEUPSILIN Rochele Paz Fonseca Jerusa Fumagalli de Salles Maria Alice de Mattos Pimenta Parente Autoras do instrument e organizadoras do livro 1 DITORA PSICO-PEDAGOOICA TDA. ‘on Cuba a8 CEP O01. 009 = ees Fl 136-035 Foe 345 C300 Gumvemreoe eb _vendostmoreatora. come Dados Internacionais de Cataloga¢io na Publicagio (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasi NEUPSILIN : Instrumento de Avaliagao Neuropsicologica Breve / Rochele Paz Fonseca, Jerusa Fumagalli de Salles, Maria Alice de Mattos Pimenta Parente, autoras do instrumento & organizadoras do livre . — Séo Paulo : Vetor, 2009 — (Coleco NEUPSILIN, vel. 1) Virios colaboradores Bibliografia | NEUPSILIN —Neuropsicolégica breve ~ Manuais I. Fonseca, Rochele Paz. I. Salles, Jerusa Fumagalli de. Il. Parente, Maria Alice de Mattos Pimenta. 9.02228 CDD-155.28 indices para catélogo sistematico: 1. Avaliagiio Neuropsicolégica Breve : Manuais Psicologia 155.28 ISBN: 978-85-7585-267-5 (Obra Completa) ISBN: 978-85-7585-247-7 (Vol. 1) Responsivel Técnico: Rochele Paz Fonseca — CRP: 07-15133 Projeto grifico e diagramacao: Vetor Editora Capa: Enio Martinho AVETOR Editora, em cumprimento & determinagiio do Consetho Federal de Psicologia adverte que este material foi considerado de natureza psicolégica pelo CFP. Portanto, seu contetido ¢ uso profissional esta restrito aos psicélogos, conforme previsto na Lei n°. 4.119/62. Contudo, ressalta que as autoras do instru- ‘mento discordam da classificagdo técnica atribufda por considerar sua natureza multidisciplinar (ver co- mentério em Nota das Autoras). Copyright® 2009 VETOR Editora Psico-Pedegdgica Ltda E proibida a reprodugao total ou parcial desta publicagdo, por qualquer meio existente e para qualquer finalidade, set autorizagao por escrito dos editores, inclusive informatizar, RHAAA AAA A Aaa i NOTA DAS AUTORAS As autoras consideram que, por sua natureza interdisciplinar, o instrumento é util a outros pro- fissionais COM FORMACAO EM NEUROPSICOLOGIA, quer seja para pesquisa ou avaliagéo. O NEUPSILIN nao serve a diagnésticos psicolégicos, mas sim neuropsicolégicos. A Neuropsicologia é historicamente e por definigéo, interdisciplinar, constituindo-se um campo de trabalho e investigagio de varias areas do conhecimento que se interessam pelas relacées entre fungbes mentais e sistema nervoso central. Conforme Howieson e Lesak (2006)', os profissionais nesse campo tém formacées em areas diversas, como Neurologia, Psiquiatria, Neurocirurgia, Psicologia, Fonoaudiologia, entre outras. A AVALIACAO NEUROPSICOLOGICA 6 um processo complexo que envolve ferramentas como entrevistas e questionarios (anamnese), escalas, observacao em contexto clinico e em situagées ecolégicas, tarefas experimentais e também a utilizagéo de instrumentos farmais (testes) para a investi- gagao das fungies neurocognitivas preservadas e das deficitarias. Assim como as autoras, a Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp), que ha mais de 20 anos vem defendendo a pratica intordisei- plinar da Neuropsicologia, discorda da classificagao técnica desse instrumento como restrito a uma ‘inieca classe profissional. A SBNp adverte para a importéncia de formagéo c/ou experiéneia clinica na 4rea da Neuropsicologia para melhor uso do instrumento. Dra. Jerusa Fumagalli de Salles Dra. Rochele Paz Fonseca Dra. Maria Alice M. Pimenta "Howieson, D. B, & Lezak, M.D. (2008). A avaliagio neuropsicolégiea. In: S.C. Youdofeki, de RB, Hales (orgs. Neuropsiquiatr rodidneias na pratica clinica (pp. 195-215). Porto Alogre: Artmed FG TEED a aaa AGRADECIMENTOS Muitas pessoas contribuiram direta ou indiretamente para a idealizacdo, para a construcio e para a condugao de todos os estudos tedricos ¢ empiricos que possibilitaram a publicagéo do Instrumenio de Avaliagio Neuropsicolégica Breve NEUPSILIN. Nosso sincero “muito obrigada!” a todos. Agradecemos primeiramente a Vetor Editora que fomentou bolsas de auxilio pesquisa para oito colaboradores, além de sempre motivar a equipe de pesquisa com doagao de livros, instrumentos e outros materiais clinico-cientificos. A toda a equipe e familia Vetor nossa imensa gratidao por todo o apoio, mas prineipalmente pelo investimento e pela confianga no projeto de pesquisa e na equipe de pesquisadores e colaboradores. Que esta parceria plantada com a semente do NEUPSILIN nos permita colher mais ¢ mais frutos, contribuindo para a comunidade elinica e de pesquisa da neuropsicologia brasileira, Um agradecimento especial ao Dr. Glauco Bardella, Diretor da Vetor Editora, por todo seu empenho e dedicacao, ao estatistico Cristiano Esteves, por seu rigor e cuidado com todas as anélises do nosso instrumento. A nossa equipe que trabalhou arduamente, de forma ética, em busca de um produto com qualidade clinica e cientifica. A neuropsicologia s6 tem a ganhar com vocés! Um agradecimento especial a quem permanece nos grupos de pesquisa das autorss do NEUPSILIN: Josiane, Fabiola, Gigiane, Mirella, Camila, Francéia, Jaqueline, Juliana, Leticia, Murilo e Nicolle. Mais instrumentos estdo sendo cons- truidos ou adaptados com a participagao essencial de cada um de vocés. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul que uniu as trés autoras do instrumento e oportu- nizou a formagao de uma equipe admiravel. Aos Professores Denise Bandeira, Clarissa Trentini e Claudio Hutz pelas discuss6es enriquecedoras c esclarecedoras sobre a interface entre a neuropsicologia e a psicometria. Aos juizes especialistas que participaram do processo de construgio do NEUPSILIN: Anténio Jaeger, Camila Cruz, Caroline Reppold, Christian Kristensen, Clarissa Trentini, Daniela Schneider-Bakos, Gabriela Wagner, Lenisa Brandao e Vitor Haase. A Sociedade Brasileira de Neuropsicologia que apoia a construgao e divulgacio cientifica deste instrumento desde 2005. A equipe de neurologistas do Servigo de Neurologia do Hospital de Clinicas de Porto Alegre, che- fiado pela Profa. Dra. Marcia Lorena Fagundes Chaves. Agradecimentos especiais sio dirigidos as neurologistas Dras. Rosane Brondani e Sheila Martins. A Circe Petersen ¢ & toda a equipe da Projecto por nos apresentar a Vetor Editora e pelo constante apoio ao projeto de pesquisa. Ao Prof. Dr. Yves Joanette, importante pesquisador internacional em neuropsicologia, por ter prefaciado o presente manual Agradecemos, ainda, a todos os participantes dos estudos empiricos que permitiram a eonstrugio deste instrumento de avaliagdo neuropsicol6gica. Finalizamos com toda nossa gratidao a quem contribuiu de alguma maneira com a concepgio e 0 nascimento do Instrumento de Avaliagao Neuropsicolégica Breve NEUPSILIN. Rochele, Jerusa e Maria Alice Equipe NEUPSILIN Autoras Rochele Paz Fonseca (PUCRS) Psicéloga. Fonoaudidloga. Professora Adjunto da Faculdade de Psicologia e do Programa de Pés- Graduagao em Psicologia, area de concentracao Cogni¢go Humana da Pontificia Universidade Catélica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Coordenadora do Grupo de pesquisa Neuropsicologia Clinica e Experimental (PUCRS). Jerusa Fumagalli de Salles (UFRGS) Fonoaudidioga. Professora Adjunto do Instituto de Psicologia e do Programa de Pés-Graduagao em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Coordenadora do Niicleo de Estudos em Neuropsicologia Cognitiva (NEUROCOG) (UFRGS). Maria Alice de Mattos Pimenta Parente (UFRGS) Fonoaudidloga. Professora Adjunto do Instituto de Psicologia e do Programa de Pés-Graduagao em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Coordenadora do Laboratério de Neuropsicolinguistica (NEUPSILIN) (UFRGS). Professora colaboradora Profa. Dra. Denise Ruschel Bandeira — Professora Adjunto do Instituto de Psicologia e do Programa de Pés-Graduagao em Psicologia, UFRGS. Profissionais colaboradores Josiane Pawlowski - Psicdloga (subcoordenadora da equipe) Cristiano Esteves ~ Estatistico (equipe Vetor Editora) Fabiola Schwengber Casarin - Fonoaudisloga Gigiane Gindri — Foncaudidloga Kelly da Costa Machado ~ Pedagoga e Psicopedagoga Larissa de Souza Siqueira — Fonoaudiéloga Mirella Liberatore Prando — Fonoaudidloga Estudantes de graduacdo em Psicologia — auxiliares de pesquisa Bruna Madrid - UNISINOS Camila Rosa de Oliveira — UFRGS Débora Fortes de Fraga — UNISINOS Francéia Veiga Lietdke - UFRGS Gabriela Damasceno Ferreira — UFRGS Juliana de Lima Muller — UFRGS Jaqueline de Carvalho Rodrigues — UFRGS Leticia Leuze Machado ~ PUCRS Marilia Silveira ~ UNISINOS Murilo Ricardo Zibetti - UFRGS Nicolle Zimmermann ~ UNISINOS Thais Ferrugem Sarmento — UFRGS nonnnnnAnnnnwnnar 1 tnanununnan SUMARIO PrefSeio wn. Yves Joanette Apresentagéo. 1. Pressupostos te6ricos que embasaram a construgio do NEUPSILIN eH Maria Alice de Mattos Pimenta Parente 2. Processo de construgio do NEUPSILIN..... Rochele Paz Fonseca, Jerusa Fumagalli de Salles e Maria Alice de Mattos Pimenta Parente 25 3. Normas de aplicagao do NEUPSILIN... i Rochele Paz Fonseca, Jerusa Fumagali de Salles, Maria Alice de Mattos Pimenta Parente eJosiane Pawlowski 4, Normas de pontuagao do Instrumento de Avaliagao Neuropsicolégica Breve NEUPSILIN : Rochele Paz Fonseca, Jerusa Fumagalli de Salles, Maria Alice de Mattos Pimenta Parente, Joviane Pawlowski e Denise Ruschel Bandeira 5. Evidéncias de fidedignidade do NEUPSILIN. Jerusa Fumogalti de Salles, Josiane Pawlowski, Cristiano Bsteves ¢ Denise Ruschel Bandeira 6. Evidéncias de validade do NEUPSILIN ......00000 Josiane Pauclowshi, Cristiano Esteves, Denise Ruschel Bandeira e Rochele Paz Fonseca 70 7. Dados normativos do NEUPSILIN 0.000 Rochele Paz Fonseca, Jerusa Fumagalli de Salles, Maria Alice de Mattos Pimenta Parente, Cristiano Esteves, Josiane Pawlowski e Denise Ruschel Bandeira 83 8. Perfil neuropsicolégico de um caso de acidente vascular encefalico de hemisfério direito. n 109 Gigiane Gindri, Fabiola Schucengber Casarin, Mirella Liberatore Prando, Larissa de Souza Siqueira, Jaqueline de Carvatho Rodrigues, Francéia Veiga Liedtke, Bruna Madrid da Rosa e Rochele Paz Fonseca 9. Perfil neuropsicolégico de um adulto neurologicamente saudavel.......... 17 Camita Rosa de Oliveira, Nicole Zimmermann, Jaqueline de Carvalho Rodrigues, Murilo Ricardo Zibetti e Jerusa Fumagalli de Salles 10. Consideragoes finais.... Referéneias....... eee eee ee eee nee 125 Be 124 oo ge a PREFACIO A deseri¢&o sistematiea das habilidades cogni- tivas de individuos ao longo de sua vida é um ponto-chave para todos os profissionais da satide que desejam oferecer suporte e estratégias de intervengao aqueles que apresentam déficits cognitivos ou neuropsicolégicos. Tais descricoes devem ser compreensivas no que diz respeito aos diferentes dominios da cogni¢éo humana, tais como linguagem, atengao, fungées executi- vas, entre outros. Hlas também devem ser bem entendidas com base nos pressupostas iedricos mais recentes e aceitos da neuropsicclogia, da neuropsicolinguistica e das neurociéneias cognitivas. Essas descrig6es sistemdticas das habilidades cognitivas também devem conside- rar as particularidades culturais e lingufsticas do ambiente, que representam condigées essen- ciais para uma avaliagéo valida, e fatores que influenciam 0 modo como o eérebro se encontra fancionalmente organizado. Todo esse aparato deve ser oferecido aos profissionais da saude em uma abordagem bem pensada e facil de ser implementada. ‘Com isso em mente, as autoras do Instrumento de Avaliagéo Neuropsicolégica Breve NEUPSILIN reuniram esforgos junto com colaboradores e com. a equipe da Vetor Editora para desenvolverem uma ferramenta clinica que permitisse deserever de uma forma compreensiva os prineipais domi- nios e componentes das habilidades cognitivas no decorrer de um intervalo impressionante do ciclo vital. Agradecemos as professoras doutoras Rochele Paz Fonseca, Jerusa Fumagalli de Salles e Maria Alice de Mattos Pimenta Parente por terem dedicado o tempo necessdrio e reunido esforgos para proporem uma bateria de avaliacéo neuropsicologica que é, de acordo com intimeros critérios de qualificacao, exemplar, Estou convencido de que muitos profissionais dasatide encontrargo no Instrumente de Avaliagdo ‘Neuropsicolégica Breve NEUPSILIN uma ferra- menta vélida e muito “til que thes possibilitard descrever com qualidade o perfil cognitive em suas miltiplas dimens6es que podem ser afeta- das, assim como naquelas habilidades cognitivas preservadas. Com essas informagées em maos, os profissionais poderdo planejar e oferecer um. adequado programa de tratamento e reabilitacéo inicial que contribuiré para a reitengracdo do cliente ou paciente a seu meio. Tenho certeza de que o Instrumento de Avaliag&o Neuropsicolé- gica Breve NEUPSILIN se tornaré.um “padrao ouro” no Brasil, e que esta bateria inspiraré a construgio ou a adaptagéo de abordagens simi- lares em muitas outras culturas e linguas. Professor Yves Joanette, PhD, Diretor de pesquisa do Centre de Recherche du Institut universitaire de gériatrie de Montréal (Centro de Pesquisa do Instituto universitario de geriatria de Montreal, Professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de Montreal, Quebé, Canads. Oo eee ea APRESENTACAO O Instrumento de Avaliagdo Neuropsicolé- gica Breve NEUPSILIN é fruto de um extenso trabalho de pesquisa em Neuropsicologia Cli nica e Cognitiva, embasado om vérias areas de conhecimento: psicologia cognitiva, psicologia experimental, psicolinguistica, psicometria, fonoaudiologia, neurologia, entre outras. Cons- titui-se em um instrumento brasileiro cuidado- samente claborado por trés profissionais da area de neuropsicologia, com experiéneia académica eclinica. Além disso, contou com a colaboragio, na forma de juizes especialistas, de varios outros profissionais experientes em Neuropsicologia, Neurologia Comportamental ¢ Psicometria. Dessa forma, apresenta-se como uma ferramenta ‘itil de avaliagdo neuropsicolégica aos profissio- nais, clinicos e pesquisedores, interessados pelo desenvolvimento neuropsicolégico ao longo do ciclo vital, da adolescéneia ao envelhecimento. Ao apresentar normas para uma amostra de individuos procedentes do Estado do Rio Gran- de do Sul com idades entre 12 e 90 anos, com diferentes niveis de escolaridade, o instrumento pode ser aplicado a uma vasta gama de pessoas, neurologicamente saudveis, assim como com, quadros neurolégicos (ou neuropsiquidtricos), adquiridos ou de desenvolvimento. O Instrumento de Avaliagdo Neuropsicolégica Breve NEUPSILIN examina o desempenho nos seguintes processos neuropsicolégicos: orienta cao témporo-espacial, atenc&io concentrada, per- cepeao visual (de tamanho, de campos visuais, de faces), habilidades aritméticas (caleulias sim- ples), linguagem oral e escrita (niveis da palavra e da sentenca), meméria verbal (de trabalho, episédica, semdntica, prospectiva) e visual (re- conhecimento), praxias (ideomotora, construtiva ¢ reflexiva) e fungées executivas (resolugsio de problemas e fluéncia verbal fonémica). Foi dada énfase as fungdes linguagem e meméria, pela grande ocorréncia de queixas a elas relacionadas © pelos complexos subprocessos envolvidos em cada uma dessas fungées. Sua versao final resultou em tarefas curtas e de resoluggo acessivel por pessoas neurologi mente saudaveis. Pode ser classificado como um, instrumento de avaliagio neuropsicolégica breve porque possui um tempo reduzido de aplicacao (entre 80 € 50 minutos), duragéo superior aos instrumentos de triagem (aproximadamente 10 minutos) ¢ inferior as baterias neuropsicol6gi- cas completas (entre duas a 10 sessées). Avalia ito fungées neuropsicolégicas por moio de 32 subtestes. O presente manual, organizado pelas trés autoras do NEUPSILIN, foi redigido em nove capitulos, com diferentes colaboradores. No primeiro capitulo, os pressupostos tedricos que embasaram a construgao dessa ferramenta cli- nica e de pesquisa sao apresentados, podendo ser consultados aspectos conceituais dos processos psicolégicos examinados no NEUPSILIN. No segundo capitulo, 0 processo de construgéo do instrumento 6 sintetizado. O terceiro capitulo traz as normas de aplicacao gerais e especificas para cada subteste do NEUPSILIN, permitindo a0 clinico e/ou pesquisador as condigdes neces- srias para que o utilize em suas atividades de avaliagéo neuropsicolégica. Em complementa- ridade, o quarto capitulo apresenta as normas de pontuacdo e interpretacdo dos 32 subtestes, com escores quantitativos e qualitativos. Nos quinto e sexto capitulos, mostram-se evidéncias de fidedignidade e de validade do NEUPSILIN, qualidades psicométricas fundamentais para a construgio de um instrumento de avaliagao. No 1 Rochole Paz Fonseca + Jerusa Fumagalli de Salles + Maria Alice de Mattos Pimenta Parente sétimo capitulo, os dados normativos para cada subteste podem ser consultados na avaliacdo de cada caso. Por fim, 08 capitulos 8 e 9 trazem iustragées da aplicabilidade do NEUPSILIN em estudos de casos, Por ser um instrumento breve, aplica-se tanto 20 contexto clinico, pablico ou privado, como ao contexto hospitalar. O material, de facil manuseio, permite até mesmo avaliagées realizadas no leito, Nessesentido, possivel, mesmo que nao desejével, fracionar a aplieacio em duas sess6es, consideran- do as limitagSes de tempo de atendimento (impor- tante no contexto hospitalar) e também atendendo ag necessidades de cada paciente. Dessa forma, a primeira sessdoiria até os subtestes de Meméria de trabalho, cobrando-se, apés. tarefa Span auditivo de palavras em sentengas, o subteste de Meméria prospectiva; e, na segunda sessio, deve-se realizar o restante da avaliacdo. Sugere-se a leitura cuidadosa deste manual antes da aplicagao do instrument, jé que o em- 2 basamento tedrico-metodolégico 6 fundamental, tanto para uma eficiente aplicagao quanto para uma correta interpretagdo dos resultados. Este embasamento esté apresentado de forma sueinta ¢ pontual, mas com uma extensa sugestéo de bibliografias, nacionais e internacionais, extre- mamente titeis para quem deseja se aprofundar nessa érea de estudos, Com o objetivo de constituir uma ferramenta Util, cientifica, padronizada, vélida e fidedigna para uma avaliagdo breve das fungées neuropsi- coldgicas, desejamos a todos sucesso na utiliza- do deste instrumento, sempre fundamentando sua prittica na ética de pesquisa e atuagao clinica. Esperamos que este manual seja consultado e reconsultado quantas vezes forem necessérias para que o NEUPSILIN seja mais uma ferra~ menta que auxilie nos processos preventivo, diagnéstico, prognéstico e terapéutico na rotina neuropsicolégiea elfnica e de pesquisa. Rochele Paz Fonseca Jerusa Fumagalli de Salles Maria Alice de Mattos Pimenta Parente nnoniannanononnan nouonan n } iau4u 1 A PRESSUPOSTOS TEORICOS QUE EMBASARAM A CONSTRUGAO DO NEUPSILIN A Neuropsicologia clinica refere-se ao estudo das relagdes entre as fungées cognitivas huma- nase seus substratos neurais. Tradicionalmente ela dirige seu foco aos distirbios cognitivos de pacientes com lesdes no sistema nervoso central. Atualmente, com os conhecimentos de Psicome- tria, da Psicologia Cognitiva, das Neurociéneias e das Ciéneias da Linguagem, de um lado, e com os avangos de imagens cerebrais de outro, uma. especial atengao tem sido dada aos mecanismos cognitivos de individuos sem lesio. ‘A Neuropsicologia é, portanto, uma rea emi- nentemente multidisciplinar que exige conhe- cimentos transdisciplinares. Isso significa que o trabalho neuropsicolégico exige a colaboragso de profissionais de diferentes formacies na avaliagao de um paciente, na medida em que esse processo requer informacdes médicas € informagées dos comportamentos e processos linguisticos e cognitivos. Além disso, esses profis- sionais que atuam em Neuropsicologia precisam, ter uma formagio que abrenja todas as areas de conhecimento que emabasam ou que contri- buiram para a formagéo da ciéncia neuropsi- colégica. Recentemente, a Psicologia brasileira criou uma especialidade em Neuropsicologia, 0 que significa, que psiedlogos que querem atuar na area precisam de uma formagio especial. Apesar de outros campos profissionais, como a Medicina, a Fonoaudiologia, a Lingtistica e a Psicopedagogia, ndo terem criado uma especiali- zacdo nessa dea, isso nao quer dizer quendo possam, atuar em Neuropsicologia, nem que nao possam rea- lizar avaliagdes neuropsicolégicas. Entretanto, a exemple da Psicologia, é altamente recomendavel que tenham conhecimentos neuropsicolégicos, a fim de compreender o trabalho e qualificar sua atuagao. Como disse Lebrun (1983) a respeito Maria Alice de Mattos Pimenta Parente dos estudos neuropsicoldgicos da linguagem, & neuropsicolingiiistica ~ neuropsicologia da lin- guagem — nao éum amélgama de conhecimentos, mas tem um corpo préprio de conhecimentos e de método de trabalho e de pesquisa. Dessa for- ma, o profissional que quiser trabalhar na érea deve conhecer esse corpo tedrico-metodolégico e utilizar instrumentos ¢ recursos apropriados. A.avaliagio neuropsicolégica tem por objetivo principal descrever a preservacio (ou deteriora- Go) ou 0 desenvolvimento de fungies cognitivas e associé-las a possiveis lesdes ou disfungées cerebrais. Existem avaliag6es neuropsicolégicas dirigidas a apenas uma funcdo cognitiva (como as avaliagées de linguagem para diagnéstico das afasias, de fungées executivas para o exame da sindrome disexecutiva, etc.) e avaliagdes di- rigidas a uma determinada populagéo normal ou patolégica (avaliacées infantis, baterias de provas para diagnéstico de opilepsia, ete.) Ha, ainda, avaliagdes neuropsicolégicas que procuram dar um panorama geral do estado cognitive do paciente. As tiltimas, denominadas baterias neuropsicolégieas, podem ser extensas ou breves. Nesta illtima categoria, enquadra-se o NEUPSILIN. A caracterfstica prineipal de uma bateria neuropsicoldgica é ter eomo base um modelo de funcionamento cognitive do eérebro em busea da detecgao de funcées que estejam preservadas e daquelas deficitérias. Outras caracteristicas, de tipo operacional, englobam eonter um conjunto de tarefas de diferentes fungées cognitivas; ser suficientemente sensivel para detectar distir- bios cerebrais; poder ser aplicada em situagées hospitalares, se necessério; ter normas adequa- das & populagéo para a qual se destina, ete, 13 Rochele Paz Fonseca + Jerusa Fumag: 1.1. As BASES DE UMA AVALIACAO NEUROPSICOLOGICA Arelagdo entre a avaliagio neuropsicolégica ¢ um modelo de funcionamento cognitivo foi muito bem demonstrada por Luria, em meados do século XX. Ele desenvolveu uma avaliagso considerando aspectos fisiolégicos das areas cerebrais ¢ modelos de processamento das fun- gées cognitivas (teoria dos sistemas funcionais). Atualmente, em razdo da evolucdo da Psicologia Cognitiva e das Neurociéneias, tem-se conheci- mento de provas que so sensiveis e apropriadas para detectar distirbios cognitivos. Portanto, a avaliagdo neuropsicolégiea atual 6 formada por provas que avaliam fungdes cogni- tivas que tém uma base neurobiolégica. Em de- corréncia dessa relagao com os sistemas neurais, geralmente as baterias avaliam o funcionamento do sistema atencional, dos diferentes sistemas perceptuais (visual, auditivo e somestésico), do sistema motor e de fungSes mais eentrais como linguagem, memeéria, habilidades aritméticas e fungées executivas. No processo de investigacéo do desempenho em tarefas que examinam essas fungées, um conceito-chave desde a construgéo do um instrumento neuropsicolégico até a inter- pretacdo dos resultados dele derivados 6 0 de dissociacéo. LAL. As dissociagées A sogunda grande caracteristica da avaliagao neuropaicol6gica é ser sensivel a uma dissocia- ¢éo. Uma dissociagéo em Neuropsicologia é a discropancia caracterizada pela perda, distiirbio ou falha no desenvolvimento de uma fungéo (ou algumas funcées), enquanto outra (ou algumas) encontra-se preservada ou desenvolvida. A dissociagao é chamada simples, quando essas diferengas se encontram no mesmo paeiente. Uma dissociagdo dupla é aquela que mostra dois, pacientes com falhas e preservagdes opostas. A importancia de detectar diszociagbes ¢ que, com frequéneia, uma leséo cerebral provoca fa- thas em apenas algumas fngdes. Por exemplo, a grande maioria de afisicos tem a linguagem 14 fe Salles + Maria Alice de Mattos Pimenta Parente deficitaria, mas apresentam percepgéo visual preservada; pacientes amnésicos podem ter Gificuldades de meméria, mas fungdes motoras ¢ linguagem preservadas e assim por adiante. Sao frequentes, também, dissociagées dentro de uma mesma fungéo, como os affsicos com dificuldade de nomeagéo de objetos, mas sem falhas de compreensao de palavras; os pacientes com falhas de memsria de trabalho, mas no com distarbios de meméria semAntica; com distir- bios de eserita, mas nao de linguagem oral, ete. Portanto, a avaliagdo neuropsicologica deve ser capaz de descrever as diferentes funcoes e seus subcomponentes que tém representacéo distinta, ou relativamente distinta no eérebro, em vez de fornecer um escore geral. O NEUPSILIN, como uma bateria breve, apresenta tarefas capazes de avaliar as seguintes, fangSes cognitivas: orientacéo témporo-espacial, atencao (concentrada e focalizada), percepcdo (visual), meméria (de trabalho, verbal episédica, semantica, visual de curto prazo e prospectiva), habilidades aritméticas, linguagem oral e eseri- ta, praxias (ideomotora, construtiva ereflexiva), ou seja, organizagéo motora, e fungées executi- vas (componentes resolugéo de problemas ¢ fluéncia verbal fonémico-ortogréfiea). Neste capitulo sero dados conesitos introdutérios sobre eseas fungées que incluem seus sistemas e/ou processos cognitivos e seus substratos neu- rais. Na medida em que o presente capitulo nao pretende ser exaustivo, sugere-se uma revisdo em Sternberg (2008), além da consulta a lista final de referéneias deste manual, que inclui obras que aprofundam tematicas em avaliagéo neuropsicolégica e em psicologia cognitiva para uma revisao de cada processo psicolégica bésico ou fungao neuropsicoldgica. 1.2. ORFENTAGAO TEMPORO-ESPACIAL Geralmente as avaliagdes neuropsicolégicas iniciam-se com tarefas de orientagéo témporo- espacial operacionalizadas por perguntas que verificam se o paciente tém nogio da data e do dia em que se eneontra. [sso porque a sua perda pode indicar um prejuizo cognitive genérico e complexo. Em lesdes focais, a perda de orienta- 5 & = = = & = = E = = & & = = eee ee ee Instrumento de Avaliagao Neuropsicolégica Breve - NEUPSILIN do témporo-espacial pode estar associada a um distiirbio visuo-espacial, que seré discutido mais adiante, mas também aum estado semicomatoso (coma), que ocasiona um quadro confusional. Nos quadros degenerativos, essa perda esta associada a um declinio cognitivo geral ou com predomi- néncia em uma fungéo, tal como a de meméria. Mesmo sem ser um distiirbio que ocorre isola- damente, é um bom indice do quadro demencial. Pode ser também uma prova que contribui para dissociar quadros focais, tal como o “derrame”, daqueles degenerativos, tal como a deméncia do tipo Alzheimer. Por exemplo, um paciente com dificuldades de reconhecer caminhos, mas sem nenhuma dificuldade em saber onde vive, provavelmente tem um distirbio especifico mais frequente em lesdes focais. Jé quando ambas as dificuldades séo simultdneas, é importante realizar uma avaliagio neuropsicolégica mais detalhada e demorada, acompanhada por exa- mes neurolégicos apropriados para descartar ou comprovar um quadro degenerativo. Assim, a orientagéo témporo-espacial néo constitui um sistemaneural simples eindependen- te dos demais, mas requer recursos atencionais, visuais, de raciocinio e meméria, Sao os desem- penhos nas demais funcées que irdo caracterizar arazdo dessa dificuldade témporo-espacial 13. AreNcio Nao existe apenas uma definigéo de atencio, pois ela néo se constitui em uma tinica experién- cia qualitativa. No contexto da teoria do pro- cessamento da informagio, a atengio tem sido designada como todo o processo assoriado & sele- doe 8 organizagio da informacéo, isto é,a uma atividade que processe os componentes basicos necessdrios para a concentracao e a agio. ‘Tantoa terminologia como sua classificagao é confusae variada. Muitas vezes, o alerta é classi- ficado como um dos processos atencionais, outras vezes como um pré-requisito para ocorrer uma atividade atencional. Do ponto de vista fisiols- ico, 0 oposto de alerta ou estado de vigilaneia é 0 sono, ¢ 08 diferentes graus intermediarios 5&0 denominados estados de conseiéneia, Por ser um. pré-requisito para processos perceptuais e por estar associado ao estado de alerta, este tiltimo © 08 processos atencionais s4o avaliados no inf- cio de um exame neuropsicolégico, pois falhas podem interferir em quaisquer tarefas de uma bateria neuropsicolégica De tal modo, a atencao pode ser classificada de acordo com dicotomias, baseadas em dissociagbes observadas em diferentes quadros. Entre elas, en- contra-se a dicotomia atencéo seletiva ou focalizada versus atencéo dividide e a dicotomia atengio tran- sitéria versus atengio mantida ou concentrada. Na primeira dicotomia, a atencdo seletiva permite selecionar um estimulo entre um aglo- merado de estimulos, por exemplo, prestar a atengao na fala do interlocutor apesar do rufdo ambiental. A atengio dividida permite manter a atengéo em dois ou mais estimulos diferentes. Ela énormalmente mais simples quando os estt- mulos séo de natureza diferente, como ouvir uma musica e bater palmas. Entretanto, é dificil ficar atento a dois estimulos de natureza: semelhante, como prestar atenedo no que o interlocutor esté falandoe ao mesmo tempo ler um romance (duas atividades de linguagem, uma oral e outra escri- ta), Na segunda dicotomia, a atengéo transitéria permite passar a atengio de-um estimulo a outro, enquanto 2 atengéo mantida permite realizar tarefas prolongadas. Todos esses tipos de aten- ¢40 podem ainda ser de diferentes modalidades, conforme o sentido que recebe os estimulos, por exemplo, atengdo visual ou auditiva. Os estudos neuropsicolégicos tem mostrado que, para a atengdo visual, existem duas vias. A primeira é responsavel pela atencéo espacial, ou seja, por diferentes ciclos para a transferéncia atencional de um estimulo localizado no espacoa outro estimulo. Essa via encontra-se no pulvinar (responstivel pelo proceso de desengajamento do estimulo conhecido), no e6rtex parietal superior do homisfério esquerdo (processo de mudanca atencional do estimulo “velho” ao novo) e no co- Kiculo superior (engajamento ao novo estimulo). A segunda via est envolvidana escolha de ages apropriadas e no controle do comportamento. Esea via passa por regiées frontais e compreende 0 giro do cingulo e o génglio basal. 15 Rochele Paz Fonseca + Jerusa Fumagalli de Salles + Marla Alice de Mattos Pimenta Parente 1.4, Percercao c6rtex humano possui trés sistemas per- ceptuais bem desenvolvidos, Eles sao o visual, 0 auditivo-visual e o somestésico. Outros animais possuem sistemas perceptuais mais desenvolvi- dos do que o homem, como no easo do olfato, bastante desenvolvido em cées. Um sistema muito importante para o homem 6 0 de reconhe- cimento de faces. Isso porque, sendo o homem um animal essencialmente social, reconhecer a face de seu interlocutor é o primeiro passo para a comunicagio, ou, no easo de uma face que identifica um estranho ou um inimigo, a ndo comunieagéo e a fuga. ‘Todos os sistemas perceptuais dependem de receptores sensoriais, 03 neurénios especiali- zados que detectam um determinado tipo de evento fisico. Nesse sentido hd neurénios que partem da retina ocular e dirigem-se para a zona cortical da pereepedo localizada no cértex do lobo occipital (processamento de estimulos perceptivos visuais), ou neurénios que partem da céclea, na orelha interna, e dirigem-se para as éreas auditivas corticais (processamento de estimulos perceptivos auditivos), ©, por fim, de todo 0 corpo partem neurdnios que trans- mitem nossas sensacées tateis, de movimento corporal, ou seja, a somestésica, Neste capitulo sera especialmente abordada a percepgao visual, com énfase na de faces. 1.4.1, Percepgao visual Os neurdnios que partem da retina captam informagéo luminosa de pontos especificos do espago e passando pelo quiasma 6ptico, levam essa informagao para a érea visual priméria situa da no eértex visual do lobo occipital. Uma leséo nessas fibras visuais pode acarretar um quadro denominado hemianopsia, que corresponde a ‘uma cegueira do hemicampo (metade do campo) visual do lado contralateral a lesdo. Conforme a altura da lesdo, o paciente também pode apre- sentar uma quadrantopsia, ou seja, a perda de apenas um quadrante do campo visual. Na hemianopsia, o paciente pode fazer mo- vimentos répidos com os olhos, os movimentos 16 sacédicos, realizados automaticamente. Assim, com esses movimentos, a falha de campo visual 6 compensada e poderd enxergar todos os obj tos apresentados ao seu redor. A hemianopsia 6 bem parecida, em algumas circunstncias, com a heminegliggncia. Esta tiltima 6 um distirbio atencional e pereeptivo dirigido ao espago visual. ‘Nesse caso, o paciente nao perde a percepgao de partes do campo visual, mas perdea atencao ¢in- teresse por uma das metades do campo. Ele, por si s6, nao é capaz de movimentar os olhos para compensar sua dificuldade. Por isso, esbarra-se com facilidade, néo consegue ler, ¢ identifica erroneamente figuras, pois enxerga apenas a metade da palavra ou da linha. Para diferenciar a hemianopsia e a hemine- gligéneia, 0 examinador precise controlar 0 movimento ocular. O paciente hemianéptico s6 nao consegue ver o que se encontra no lado con- tralateral de sua lesdo, quando seus olhos esto imobilizados, o que acontece por um curto espaco de tempo no exame neurolégico, denominado exame de confronto, ou no exame neuroftalmo- légico, denominado campimetria, J4 na avalia- gio de heminegligéncia, o movimento dos clhos no 6 controlado, ¢, por meio de tarefas, como 0 teste de cancelamento de tragos, verifica-se se ele é capaz de busear todos os estimulos de um espago tridimensional ou bidimensional (emuma folha de papel). Apesar de a heminegligéncia ocorrer apés lesGes de ambos os hemisférios, ela 6 muito mais frequente apés lesbes no hemisfério direito. AsinformagGes das fibras visuais que chogam ao eértex cerebral nas areas 17 ¢ 18 do lobo occipital tém também uma representagao topo- grffica, on seja, cada término neural das fibras @ seus receptores correspondem a um ponto do cespago. Nessa regiao existem células especiali- zadas para tracos horizontais, verticais, cantos, etc. Uma das percepedes que essa area analisa 6, portanto, a percepgio de tamanho de linhas, verificada, por exemplo, por meio do confronto de linhas de diferentes dimensdes. O sistema perceptivo visual possui duas vias. Uma delas segue éreas corticais superiores, ou seja, lobo parietal superior, indo até o pré-frontal e outra parte para regiées laterais, em direcéo finhonnnnnnnnnnndnannadaanag Instrumento de Avaliagao Neuropsicolégica Breve - NEUPSILIN a0 lobo temporal. A primeira via é responsdvel pela orientacéo espacial, ou seja, em responder A pergunta “Onde?”. A conexo com a zona tempo- ral, por sua vez, 6 responsdvel pela percepgao de objetos, ou seja, responde a pergunta “O qué?” Por essa razio, s4o frequentes as dissociagées entre reconhecimento de figuras e de objetos, da localizagéo espacial de tragos de desenhos ou da localizacdo no espaco tridimensional. O reconhecimento de figuras e de objetos envolve diferentes processos, que podem ocorrer de forma bottom-up, ou seja, da periferia a proces- 0s mais centrais, ou fop-down, que ocorrem no sentido inverso, de processos centrais aos peri- féricos. Provavelmente, na maioria dos objetos que percebemos, esses dois processos interagem entre si. Partindo dos mais periféricos, o reco- nhecimento de objetos envolve identificagéo de tamanhoe direcéo de linhas ou manchas, eapaci- dade de agrupamento, integracao ¢ diferenciacéo figura-fundo, reconhecimento de formas, cons- tncia de tamanho (saber que um objeto longe pode ser menor do que mesmo objeto quando estéi perto), eonsténcia de posigéo (saber que a mudanga de posi¢éo pode causar mudancas na forma, mas 0 objeto é 0 mesmo) e de classe de objetos (saber que um mesmo objeto pode ter formas bem distintas, mas pertencer & mesma classe, por exemple, diferentes tipos de cadeiras), assim como o reconhecimento de seu nome. 1.4.2. Percepeaio de faces A percepeao de faces é uma atividade de re- levancia no cotidiano do ser humano. Para essa atividade, o eérebro humano reserva uma regiao relativamente extensa no hemisfério direito. Assim como a percepeao do objeto, a percepeao de faces pode decorrer de diferentes processa- mentos. Esses podem ser de origem perceptiva ou de reconhecimento (meméria) propriamente dito, Falhas de origem perceptiva causam distor- Ges, auséncia de elementos, etc. Pacientes com dificuldades de reconheeimento so capazes de dizer se duas faces sao iguais ou diferentes, mas néo de quem sio essas faces, se so ott ndo de pessoas conhecidas. 1.5. Memoria O estudo da meméria tem se desenvolvido muito com 0 avanco das pesquisas sobre epi- lepsia, prineipalmente quando o foco epilétieo se encontra no lobo temporal. Entretanto, nao 6 apenas essa regido que atua em mecanismos mneménicos. 0 lobo frontal, 0 sistema Iimbico ea amigdala, entre outras regides, também tem um papel importante. Os estudos neuropsicoldgicos privilegiam as teorias de miltiplos sistemas de meméria. Essas teorias preveem que um sistema de meméria possa estar falho enquanto outros continuam preservados, ou seja, foi elaborado a partir do conhecimento das dissociagées dos déficits mneménicos. ‘Uma primeira diviséo de sistemas de meméria encontra-se na dicotomia meméria de curto prazo ede longo prazo. A meméria de eurto prazo se- ria aquela que tem pouca duragio e que se perde apés esse periodo, enquanto a de longo prazo é mais duradoura, podendo durar a vida inteira. Ha alguns anos, sempre se questionava qual era o tempo necessério para se considerar uma meméria como de curto ou de longo prazo. Bsa questo foi resolvida pelo conceito de meméria de trabalho. A meméria de trabalho tem a fun- ¢ao de guardar as informagdes necessdrias para uma tarefa e, portanto, sua duracao depende do tempo dessa tarefa. Como ela precisa arquivar diferentes informagées em um mesmo momento (dupla tarefa), pois as tarefas geralmente exi- gem varios recursos cognitivos, a meméria de trabalho possui um forte contetido atencional, denominado central executivo. A meméria de longo prazo, que fiea armaze- nada por longo tempo antes da recuperacéo das suas informagses, pode ser dividida em memé- rias declarativas ou explicitas e nao declarativas ou implicitas. As primeiras sfo aquelas que po- dom ser verbalizadas, por exemplo, saber quem. 6 0 presidente do pafs, enquanto as iltimas se relacionam, em geral, a um procedimento, nao sendo facilmente verbalizaveis, por exemplo, saber como dirigir um automével ou consertar uma méquina fotografica digital. As memérias declarativas podem ser episédicas ou seménticas. 7 Rochele Paz Fonseca + Jerusa Fumagalli de Salles + Maria Alice de Mattos Pimenta Parente A meméria episédica refere-se 2 eventos expe- rienciados, enquanto a meméria semantica, a fatos, geralmente armazenados ou aprendidos, sob forma verbal, por meio do conhecimento geral de mundo e de conceitos. Por exemplo, a lembranga de nossas sensagées no primeiro dia da escola refere-so a meméria episédica. Entre- tanto, lembrar do coneeito de escola, o que é uma escola, refere-se a meméria seméntica. Outro tipo de meméria que pode estar falha durante a idade mais avangada, em situagdes de estresse e apdés leses do cértex pré-frontal, é a meméria prospectiva. Ela refere-se & lembranca de uma intengao de acéo anteriormente planeja- da, Por exemplo, lembrar de tomar remédio, de dar um reeado, do hordrio de um compromisso. Alguns autores discutem se a meméria prospecti- va € um tipo de meméria episédica ou, ainda, se faz parte de uma das funcées executivas, de planejamento e monitoramento, que serao abor- dadas mais para o final deste capitulo. Qualquer que seja a classificagéo, ela envolve fungies mne- ménicas muito importantes para a vida didria e sua avaliagéo goralmente tem valor ecolégico por sua alta demanda no dia a dia, Todas as memérias podem ser classificadas quanto modalidade da informagéo. Nesse sen- tido, ha memérias visuais e memérias auditivas, verbais ou nao verbais. No que diz respeito as etapas de meméria, descrevem-se trés: codificacdo, armazenamento ou registro e recuperagao (por evocagao ou por reconheeimento). Na primeira, as informagoes sio interpretades, na segunda, consolidadas e, na terceira, buscadas quando necessArio, As ta- refas de meméria geralmente so feitas por meio da evocacao verbal. Entretanto, elas podem ser realizadas por tarefas de reconhecimento: minando deve identificar se jé viu certa pessoa, objeto ou informagdo anteriormente. A compara- go entre as duas tarefas permite discriminar se o déficit corresponde a uma falha predominante ‘emuma das fases do processamento da memoria. Se o paciente tiver dificuldades em evocagio, mas nao em reconhecimento, a dificuldade en- contra.se na terceira fase, ou seja, na evocagio da informacéo. Entretanto, se tiver dificuldades nas duas tarefas, sem dificuldades de pereepea exa- 18 provavelmente ele tem um distirbio no arma- zenamento. 1.6. HABILIDADES ARITMETICAS As dificuldades de processar ntimerose quan- tidades e de realizar céleulos aritméticos so chamadas discaleulias ou acaleulias. A acaleu- lia frequentemente acorre em associagéio com distirbios de linguagem (afasias), mas existe descrigées de dupla dissociacéo entre afasias © falhas no processamento numérico. HA varios tipos de dificuldades que podem ocorrer nesse quadro, Uma delas ¢ dificuldade de transposigéo da leitura do ntimero apresenta- do graficamente a emissio verbal. Nessa trans- posigéio podem ocorrer erros chamados lexicais, ou seja, a troca de um algarismo por outro, por exemplo, ler “quatro” quando o algarismo 6 9; ler vinte e cineo, quando o ntimero 645, Existem também erros sintéticos, aqueles que nao con- sideram adequadamente a casa decimal. Estes so observados em mimeros que possuem uma casa com 0 algarismo zero (0). Por exemplo, ler quarenta e quatro a partir do ndimero 404, Dificuldades em fazer contas também devem ser analisadas quanto ao tipo de erro. Erros operacionais so aqueles que mostram dificul- dade em lidar com quantidades. Por exemplo, 14+25=87. Entretanto, erros especiais podem ocorrer em eéleulos, quando 0 paciente esquece de “levar um”, ou seja, resolver 0 cdleulo quando a some € maior que nove ou a subtragéo exige empréstimo do algarismo da posigéo numérica anterior. Nes multiplieagdes e nas divisées, falhas espaciais podem comprometer bastante a opera- 0, devido a erros nas disposigées numéricas. Dessa forma, a acaleulia tem sido verificada na Jeitura de mimerose na execugio de contas simples, €0s tipos de ermos tém sido relevantes para oneu- ropsicSlogo qualificar o desempenho do paciente. 1.7. LincuaGem A linguagem pode ser oral ou eserita, Além disso, pode ser estudada quanto aos componen- tes receptivo ou compreensivo e produtivo ow RoaAapnnnnnnnanannnnnonnonnda Instrumente de Avaliagao Neuropsicolégica Breve - NEUPSILIN cexpressivo, havendo trés niveis de complexidade de unidades linguistieas: palavra, sentenga e discurso. 17.1. Linguagem oral Por ser uma fungéo muito desenvolvida no homem, pela sua importancia na vida huma- na, assim como devido a uma grande extenséo cortical responsdvel pela atividade linguistica, a avaliagéo da linguagem ocupa um lugar de destaque na avaliagao neuropsicol6gica. Quanto & sua representagéo cortical, geral- mente uma extensa area do homisfério esquerdo esta envolvida em atividades linguisticas. A representagéo hemisférica esquerda para a lin- guagem é mais frequente em destros, adultos e escolarizados. Em outras palavras, existem fato- res genéticos (dominancia manual, sexo e idade) assim como culturais (escolarizagao, bilinguismo tipo de estrutura linguistica) que podem alte- rar a representagio hemisférica da linguagem. Nesses casos, tais individuos possuem repre- sentagdes mais difuusas, com maior participagéo do hemisfério direito, Além disso, aspectos nao literais da linguagem, representados pelo pro- cessamento de brincadeiras, ironia, sarcasmo, metéforas, textos com moral da histéria, tm representagéo mais em hemisfério direito. Areas frontais esto envolvidas com aspectos de produgéo da fala enquanto areas mais pos- teriores, com aspectos mais receptivos. Desse modo, conforme a localizacio e extensao da lesa, © tipo de distirbio de linguagem oral, denomi- nado afasia, pode alterar. De forma geral, dois tipos predominam, ou seja, s4o maisnitidamente deiectados. Nas afasias expressivas ocorre perda da.capacidade de emissiio maior do que a perda da capacidade de compreenséo; enquanto nas afa- sias receptivas, perda da compreensio maior do que da emissao. Outro tipo também frequente 6a afasia de condugdo, com dificuldades de repeticao © com um grande mimero de trocas fonolégicas (sons), mas sem grande perda da compreenséo. As afasias transcorticais podem ser de tipo mo- tora ousensorial. A primeira caracteriza-se pela presenga de uma inércia da emisséo e ecolalias e a segunda por dificuldades de eompreensio e de emissdo discursiva sem trocas fonolégicas. Como quadros puros néo so muito frequentes, muitas vezes as alteragées adquiridas de linguagem séo classificadas como afasia mista, Para o diagndstico e o estabelecimento do tipo de perda linguistica, 6 necessaria a comparacéo entre tarefas de nomeacéo (objetos e figuras preto © branco), compreensio oral (palavra e frase), emiaséo de linguagem automética (nimeros, dias da semana, etc.), repetigao de palavras e frases. Mesmo em pacientes que possuem uma dominancia hemisférica para a linguagem no hemisfério esquerdo, seu hemisfério direito também atua em fungdes comunicativas, como ‘no processamento de inferéncias. Esses proces- samentos precisam apoiar-se em outros dados.co- municativos e nao apenas no que aestrutura da emisséo do interlocutor se refere explicitamente. Em geral, a linguagem implicita ou figurada é examinada por meio de frases metaféricas e de provérbios, 1.7.2, Linguagem escrita Distirbios de linguagem escrita normalmente estéo associados aos de linguagem oral. Entre- tanto, pode existir uma dupla dissociacéo, Falhas de linguagem oral sem dificuldades de escrita podem ser diagnosticadas como apraxias para a linguagem. O quadro inverso, falhas de leitura ou falhas de escrita sem outras difieuldades nas diferentes modalidades da linguagem sio as alexias ou agrafias puras, Tanto as dificuldades de leitura como as de escrita podem se apresentar de diferentes formas, Isso gerou uma classificagao baseada em modelos cognitivos sobre o processamento da leisure e da escrita. De forma sucinta, existem diferentes pro- cessos ou rotas que podem gerar diferentes tipos de dificuldades. Por exemplo, aleitura segmentada ou silabada, dita leitura fonologica, impede a leitura de palavras com grafia ambigua ou irregular. No portugués, um exemplo seria a palavra “fixo”, que pode ser lida de diferentes formas, devido a miiltipla representacéo sonora da letra X. De outro modo, a leitura lexical (global) permite decodificar palavras frequentes melhor do que nao frequentes, mas pode suscitar difieuldades 19 Rochele Paz Fonseca + Jerusa Fumagalli de Salles + Maria Alice de Mattos Pimenta Parente com nao palavras, ou seja, palavras inventadas, inexistentes. Na avaliagdo da leitura é muito importante a comparagio entre tarefas (leitura, compreenséo eccrita, escrita espontinea, escrita copiada e es- ctita ditada), além da andlise do tipo de erro de acordo com o tipo de estimulo grafico dado. 1.8. Praxtas Praxias sao as habilidades dirigidas a execu- go gestual. Diferentes movimentos compéem um gesto, de forma que a préxis se refere a um processo de execucao de um ou de uma série de movimentos s&o fungées motoras. As dificuldades gestuais sao denominadas apraxias. Pacientes com apraxias podem nao apresentar dificuldades motoras, mas a0 reali- zar uma agéio, como pegar uma xicara de cha ou se vestir, podem ter muita dificuldade. Elas podem ser classificadas como as que afetam os movimentos simbélicos, a manipulagéo real de um objeto, a pantonfmia do uso de um objeto ou mesmo sequéncias de gestos nao significativos. Tais dificuldades podem ocorrer em tarefas de comando verbal ou mesmo por imitagao dos ges- tos do examinador. Hxistem também quadros de praxias especificas, como a apraxia bucofacial, a apraxia para se vestir (apraxia do vestir) © a apraxia para andar. As dificuldades préxicas dos membros supe- riores tém sido divididas de acordo com um mo- delo que considera diferentes niveis mentais de representacéo da ago. A apraxia melocinétiea corresponde a falha om sequenciar movimentos, mesmo 0s nao significativos. Existe na literatura neuropsicolégica uma discusso sobre se a apra- xia melocinética é realmente uma dificuldade gestual ou de realizagao de seqiiéncias complexas de movimentos. AAapraxia ideomotora corresponde a dificuldade de imagem mental do movimento e o paciente néo é capaz de realizar movimentos familiares sema presenga do objeto. Hla ocorre geralmente associada a problemas de linguagem ¢ a lesées no hemisfério esquerdo, Existem, entretanto, casos menos frequentes que evidenciam uma dissociagéo dupla, com dificuldade seletiva de 20 apraxia cu afasia. Quanto a localizacéo de lestes do hemisfério esquerdo, so mais frequentes as Jesées posteriores, localizadas no lobo parietal Lesdes no corpo caloso e na area suplementar motora também podem provocar apraxia ideomo- tora. Em contrapartida, a apraxia ideatéria cor- responde a dificuldade gestual na presenca de objetos. Hla ocorre, geralmente, em pacientes com grandes dificuldades cognitivas genéricas ¢, portanto, em pacientes com doenga de Alzhei- mer moderada ou grave. Entretanto, pode estar presente na sintomatologia de pacientes com lesdes focais, principalmente quando elas sio miiltiplas. Tem sido também encontrada apés lesdes parieiais esquerdas. Hi, ainda, a apraxia construtiva, que se ca- racteriza pela dificuldade em construir imagens ‘partir de um modelo real ou da representacao mental de imagens semelhantes com as quais © individuo ja tenha tido contato prévio, Desse modo, o paciente pode ter dificuldade de juntar pecas em um quebra-cabeca, copiar desenhos, desenhar conforme sua meméria uma figura solicitada. A apraxia reflexiva refere-se a dificul- dade de imitar gestos do outro, principalmente, de uma sequéncia gestual. ‘9. FuNcOEs EXxECUTIVAS As fungées executivas esto envolvidas no controle e na regulagdo de processos cognitivos mais simples, bem como em comportamentos direcionados a metas ¢ orientados para o futu- ro, Elas podem abranger controle da resposta inibitéria, manutencéo e mudanga da atengio, planejamento, eategorizagao, flexibilidade cogni- tiva, iniciagao, entre outros. Por apresentar uma sintomatologia complexa e também variada, 08 déficits de funges executivas tém sido chama- dos de sindromes frontais ou disexecutivas. S40 ativadas pela regido pré-frontal, ou seja, pela parte mais anterior do lobo frontal. ‘Uma das caracteristicas dos pacientes que apresentam Jesdes nas rogides pré-frontais é 0 descontrole inibitério que pode ser manifesta do por um padrao inibitério ou, 20 contrério, por um padréo desinibitério. Pacientes com padréo inibitério apresentam uma diminuicgo & = = = = = _— = = = Hee eee a Instrumento de Avalia¢ao Neuropsicolégica Breve - NEUPSILIN da espontancidade, da modulacao emocional. Essas earacterfstieas podem ser observadas em qualquer atividade cognitiva, como no didlogo. Os pacientes precisam que o interlocutor dirija a conversa, néo comegam uma conversa ou um, t6pico por si mesmo. Sua fala pode ser monotd- nica (sem mudancas prosédicas ou melédicas) e sem modulagio de ritmo. Geralmente, esses pacientes apresentam inéreia ou reducdo de movimentos. Em contrapartida, pacientes com padrao desinibitério tém difieuldades de organizagio e de atenedo coneentrada e dividida, falam mui- to, so agressivos tanto verbalmente como por gestos impulsivos. Nao conseguem realizar uma atividade pela dificuldade atencional, por falhas de planificagao e de meméria. No aspecto cognitivo, pacientes com dificul- dades executivas possuem falhas em ativida- des dirigidas a uma finalidade. Isso envolve a ativacao conjunta de diferentes funcées, 0 que se chama resolugéo de problemas. Este ultimo componente corresponde a uma atividade com- plexa de fungdes atencionais, mneménieas e de planificagao, dirigida a uma finalidade especifica. Um “problema” pode ser a interpretagdo de um texto, a criagdo de uma maquete, um quebra-ca- beca, um problema matematico, etc. Nas ditas atividades de resolugao de problemas esto en- volvidos processos intencionais que planificam um conjunto de agées faturas; flexibilidade cognitiva e processos inibitérios que permite, um individuo mudar de uma acéo ou atividade Asubsequente; e processos estratégicos, aqueles nao aprendidos nem automatizados, criados para solucionar uma situacao especifica Conctusio Da forma didatica apresentada com as fungées descritas separadamente, pode-se ter a impresséo de que a cognigéo é uma espécie de mosaico com pecas justapostas. Esse possivel entendimento equivocado ou, no mfnimo, limitado, deve ser sanado. A avaliagio neuropsicolégica, apesar de composta por diferentes tarefas, nunca objetiva testar dreas cognitivas separadas, visto que as fangées cognitivas nunca atuam separadamente. Uma primeira proposta de relagao entre as fungées pode ser a de um processamento sequencial de direeao bottom-up, ou seja, de mecanismos mais bésicos ¢ poriféricos para mais centrais. Nesse sentido, processos emocionais e intencionais ativariam a atengéo, que sele- cionaria os estimulos para serem percebidos & processados de forma mais eentral pela lingua- gem, raciocinios verbal e ndo verbal e resohucao de problemas, a fim de ze planificar uma agio para o individuo agir (todas essas etapas em um intervalo de milissegundos). Entretanto, sio co- nhecidos e frequentes os mecanismos top-down, ou seja, aqueles comportamentos que se iniciam por mecanismos centrais, como, no caso de uma intenedo ativar o raciocinio, o individuo pensa verbalmente sobre sua intengio e planificagéo, observa os estfmulos externos por meio de pro- cassos perceptuais e atualiza a acao. A atividade humana, no entanto, pode apre- sentar sequéneias variadas que no seguem necessariamente uma diregéo bottom-up nem top- down. Por exemplo, uma pessoa andando (agao automatica) sente uma sensagéo esquisita no pé (processo de percepgio somestésica), analisa essa sensagio (processos mais contrais) e decide parar para tirar a possivel pedra do eapato (planificagéo de outra sequéncia de ages). Processamentos es tratégicos para resolugao de problemas corriquei- ros podem alterar constantemente sequéncias preestabelecidas e, até mesmo, atos autométticos. Essas diferentes possibilidades de ativages das diversas fumedesmostram que elas trabalham em ‘uma complexa inter-relacéo. Cabe ressaltar também que cada tarefa de uma avaliagéo neuropsicolégica envolve miiltiplas fungées. Jé foi salientado que em todas, as falhas atencionais podem interferir no seu desempenho. Além disso, muitas exigem boa compreenséo de linguagem ou adequadas praxias, ete. Faz-se, en- tdo, necesséria a avaliagdo minuciosa e qualitativa, da tarefa ou seja, de quais fungbes so necessérias para a sua correta exeeuedo. Por fim, para delinear a dificuldade especifica do paciente, o raciocinio clinico neuropsicolégico exige constantemente a comparagao entre tare- fas. Dificuldades em uma tarefa de compreenséo de frases com estimulos visuais, associadas a aa Rochele Paz Fonseca Jerusa Fumagalli de Salles + Maria Alice de Mattos Pimenta Parente deficits de reconhecimento de figuras e localiza- cdo de pontos no espago, sugerem que, na tarefa de linguagem, falhas pereeptuais podem estar afetando o desempenho linguistico, e ndo que estejam presentes falhas linguisticas primérias. Dessa forma, 0 neuropsiedlogo deve enten- der que a avaliagio neuropsicolégica néo é um somatério de tarefas, mas que elas representam uma ou varias fungdes que trabalham de forma 2 coordenada em diferentes atividades. HA uma cooperacdo entre processos cognitivos e zonas de ativacio cerebral. Por fim, o profissional deve estar atento & validade ecolégica da avaliacéo. Além de uma série de provas, 6 muito importante uma boa entrevista com o paciente e com os familiares, assim como, se possivel, a observagao de atuagées do paciente em tarefas de vide diéria, HGP eee ee aa 2 O Instrumento de Avaliagao Neuropsicolégiea NEUPSILIN foi construido & luz deum conjunto de pressupostos te6ricos e metodoldgicos. Para a adequagéo de um instrumento de avaliacéo neuropsicolégica as caracterfsticas populacio- nais de um pais, no processo de construgéo do NEUPSILIN mais especificamente, foi funda- ‘mental eonsiderar a interface de pressupostos da neuropsicologia (Lezak, Howieson & Loring, 2004; Strauss, Sherman & Spreen, 2006), da psicologia experimental (Sevilla, 1997), psicologia cognitiva (Sternberg, 2008), da psicolingiifstica (Harley, 2001) eda psicometria (Pasquali, 2003; Urbina, 2004), No que diz respeito aos pressupostos tedrico- metodolégieos da neuropsicologia, dois grandes conceitos foram importantes: modularidade e dissociagéo, A modularidade preconiza que 0 sistema cognitive possui subsistemas ou pro- cessadores cognitivos de certa independéncia, Assim, por exemplo, haveria dois médulos de meméria quanto & modalidade de entrada dos estimulos: meméria visual e meméria verbal. Em complementaridade, a nocdo de dissociagéo evidencia fungies preservadas e deficitarias, isto 6, um paciente pode, apés uma lesdo cerebral, ficar com sua habilidade de nomear objetos pre- servada, mas com sua habilidade de compreen- der o que seus interlocutores falam prejudicada. Associados aos pressupostos neuropsicolégicos, na construgéo de um instrumento de avaliacéo cognitiva devem ser considerados eritérios psico- lingufsticos, prineipalmente na formulagdo dos itens ou estimulos verbais de diferentes complexi- dades (palavras, néo palavras, senteneas, textos). Sao exemplos desses critérios no nivel da palavra: familiaridade (a palavra “agua” que representa uma bebida é mais familiar do que 0 vocdbulo “foice”, que é uma ferramenta), extenséo lexi- PROCESSO DE CONSTRUCAO DO NEUPSILIN Rochele Paz Fonseca Jerusa Fumagalti de Salles Maria Alice de Mattos Pimenta Parente cal (a palavra “boi” é muito mais curta do que “hipopétamo”), prototipicalidade (0 vocdbulo “cachorro” é mais protot{pico da classe de signi- ficados animais do que “hiena”), coneretude (0 estimulo “copo” 6 conereto, enquanto “amor” é abstrato), entre outros. Para uma revisio, con- sulte Brookshire (2003), Harley (2001), Parente e Salles (2007). Além disso, mais dois pilares teérieo-metodo- I6gicos nortearam a construeso do NEUPSILIN: psicométricos experimentais. No que tange 20s pardmetros psicométricos, devem-se buscar evidéncias de dados normativos (no minimo, quanto aos fatores sociodemograficos idade e escolaridade) de fidedignidade e de validacao (para uma reviséo, consulte Geisinger, 1994, 1998; Pasquali, 2003; Urbina, 2004). A uniéo dos pressupostos até 0 momento abordados permite que dois interesses sejam unidos: no processo (como cada fungio cognitiva e seus componentes so processados em nossa mente) eno produto (escore indicativo do desempenho). Por fim, a psicologia experimental contribui na manipulacéo experimental de varidveis que potencialmente interferem no desempenho de cada tarefa. Por exemplo, um estimulo apresen- tado em dupla modalidade sensorial (uma frase a ser explicada pelo paciente é lida e mostrada por eserito pelo examinador), tende a ser mais facilmente processado pelo individuo. O desenvolvimento do NEUPSILIN, com base nos pilares anteriormente expostos, justifica-se nos seguintes aspectos: 1. Necessidade de instrumentos construidos com normas de aplicagéo e pontuagao pa- Gronizadas para uma amostra da populagio brasileir 23 Rochele Paz Fonseca + Jerusa Furnagalli de Salles * Maria Alice de Mattos Pimenta Parente 2, Necessidade de um instrumento breve de avaliagéo das fungbes neuropsicolégicas para uso no contexto clinic, hospitalar ede pesquisa, que pudesse ser aplicado em uma ‘inica sessao, fornecendo a caracterizagio de um perfil neuropsicolégico inicial. Demanda de instrumentos de avaliagéo neuropsicolégica especificos para indivi- duos com e sem lesao cerebral, baseados simultaneamente em conhecimentos neu- ropsicolégicos, psicolinguisticos, experi- mentais e psicométricos. Neste contexto, o NEUPSILIN tem por obje- tivo fornecer um perfil neuropsicolégico breve, quantitativo e qualitative, mediante a identifi- cago de preservagao ou projuizo das habilidades neuropsicologicas orientaedo témporo-espacial, atencéo, percepedo, meméria, calculias, lingua gem orale escrita, praxias e alguns componentes das 2 fungdes executivas. 1, PROCEDIMENTOS DE CONSTRUCAO O NEUPSILIN foi construido mediante a rea- lizagdo das seis etapas sintetizadas a seguir: 24 1. Construgéo de uma verséo preliminar do instrumento com basena experiéncia clinica € de posguisa das trés autoras. Além disso, consultou-se a literatura de avaliagéo neuropsicolégica (por exemplo, Pefa- Casanova, 1987; Daneman & Carpenter, 1980; Lezac et al., 2004; Ortiz, 2005; Ostrosky-Solis, Ardila, & Rosselli, 1999, entre outros) e outros instrumentos na- cionais e internacionais publicados, como 0 Mini-Mental (Brucki et al., 2003; Chaves & Izquierdo, 1992), o NEUROPSI-Evalua- cién Neuropsicolégica Breve en Espanol (Ostrosky-Solis et al., 1999) e o Protocolo ME86o — Protocolo Montreal-Tolouse de Exame Linguistico da Afasia (Nespoulous, Joanette & Lecours, 1986). A partir dessa etapa, definiram-se os atributos, elaboran- do-se suas definigdes constitutivas (0 que significam teoricamente) e operacionais (como podem ser coneretizadas, trans- formadas em tarefas de avaliagéo, com instrugdes e itens ou estimulos). 2, Anilise de jufzes especialistas independen- tes, em duas subetapas: a) julgamento da importancia da incluso de cada subteste considerando o construto a ser avaliado e © objetivo do instrumento eb) julgamento da pertinéncia de cada item diante do cons- truto examinado, Participaram dessa etapa sete juizes peritos em neuropsicologia e dois peritos om avaliagdo psicolégica. 3. Reformulagao do instrumento: os itens que apresentaram fndice de concordéncia entre 08 juizes inferior a 0,80 foram subs- tituidos por novos itens sugeridos pelos especialistas e acordados entre as autoras do instrumento. 4, Anélise seméntica dos itens ¢ brainstor- ming: trés grupos de quatro pessoas, 12 estudantes de grupos de pesquisa em neuropsicologia, foram entrevistados na modalidade brainstorming. Os itens com dificuldades de compreenséo foram substituidos e reapresentados aos partici- antes, Na segunda versio dos estimulos, foram eleitos os itens sem problemas de compreenséo. 5, Andlise final pelas trés autoras: fez-se uma anélise dos novos itens apés a reformula- cdo proposta pelos juizes. Essa andlise foi feita pela primeira e segunda autoras; as discordancias foram submetidas a terceira autora que estabeleceu um consenso. 6. Estudo piloto e elaboragéo da versio fi- nal do instrumento. A segunda verso do NEUPSILIN foi reanalisada por sete das 12 participantes da etapa 4. As normas de aplicagio e de pontuagéo foram, entdo, aprimoradas. Além disso, a versio do instru- mento foi aplieada em 16 individuos (adul- tosneurologicamente saudaveis, com média ctdria de 29,7 anos média de eseolaridade de 11,35 anos, igualmente distribufdos quanto ao sexo) em um estudo piloto, que gerou outras adequacées nos procedimentos de aplicagso. As versées finais dos estimulos © dos manuais de aplicacéo e pontuagao foram aprovadas pelas autoras. Para uma reviséo do proceso detalhado de construgio do NEUPSILIN, consulte Fonseca, Salles e Parente (2008). PAoinhthnhohAanAnAnhnnnndnnkaadna Noras DE APLICAGAO DO NEUPSILIN INSTRUGGES GERAIS *+ Nao seré permitido ao individuo mexer ou pegar 0 livro de estimulos durante a apli- cagéo; este deverd ficar alinhado e centra- lizado com referéncia & mesa de avaliagéo a0 centro do individuo avaliado, + O examinador deveré apresentar os esti- mulos ao individuo, respeitando a ordem indicada pela numeracao presente no canto inferior das paginas do livro de estimulos. + Dever-se-é evitar que o individuo visualize © protocolo de aplicagao. * Os estimulos de atengao (subteste repeticao de sequéncia de digitos) e de meméria néo poderao ser repetidos ao individuo. Todos os demais estimulos poderao ser repeti- dos apenas uma iiniea vez. As instrugées de todas as provas deverdo ser repetidas quantas vezes for necessdrio para que 0 individuo entenda-as. No entanto, o ideal 6 que se fale apenas uma ou duas vezes. + Sugere-se marear o horario de inicio e de término da avaliagdo com o NEUPSILIN. + Sugere-se que quaisquer observacées qualitativas nao previstas na andlise das respostas no protocolo de aplicacéo sejam. registradas pelo examinador para andlises complementares posteriores. + Para todos os subtestes e itens seré accita uma tiniea autocorregio, com excegio da tarefa praxias ~ construtiva, em que seréo aceitas duas autocorrecées, isto 6, trés tentativas. + Nos casos em que o individuo consulta 0 rel6gio para ver a data e/ou para desenhar © reldgio na tarefa praxias - construtiva, durante a aplicagio deve-se pedir para néo olhar; deve-se anotar quando isso aconte- seguinte instruga Rochele Paz Fonseca Jerusa Fumagatli de Salles Maria Alice de Mattos Pimenta Parente Josiane Pavrlowski cor. O individuo recebe a pontuagio confor- me normas presentes no Capitulo 4 nesses itens, mesmo quando olha o rel6gio, + Ter disponfvel para aplicacdo: caneta esfe- rogréifica azul (subteste nomeacéo); relé- gio (nao pode estar no pulso do aplicador ~subteste nomeacio); cronémetro; folhas brancas (cinco meias folhas utilizadas frente € verso para cada registro das res- postas); Iépis ou caneta para utilizagao do individuo a ser avaliado (um para a tarefa de meméria prospectiva que néo deve ser usado durante toda @ aplicagao; outro para uso do examinando durante a avaliacao); prancheta ¢ caneta para o examinador. Rapport INICIAL O examinador deverd ler para 0 individuo 0 seguinte rapport: Vou lhe pedir para fazer algumas tarefas que envolvem palavras, niimeros e figuras. Vou rocurar sempre lhe explicar clarumente 0 que deve ser feito. Caso voeé niio compreenda, por favor sinta-se é vontade para pedir que eu explique novamente. Também solicito que ndo pegue os materiais, deixando-os sobre a ‘mesa na posigiio em que eu colocar: Pronto(a)? Podemos comegar? MEMORIA PROSPECTIVA O examinador deverd ler para o individuo a ‘Vou the dar este papel e, ao final do teste, voce precisa escrever seu primeiro nome nelee me 25 Rochele Paz Fonseca + Jerusa Fumagalli de Salles « Maria Alice de Mattos Pimenta Parente devolver. Saiba que este procedimento faz parte da avaliagéo e que ex néo vou lembré- lo novamente do que deve ser feito. Portanto, quando eu disser “pronto, terminamos a avaliagéo”, voc® deve se lembrar de escrever seu nome no papel e me entregan 1. ORTENTACAO TEMPORO-ESPACIAL Oexaminador deveré ler as perguntas presen- tes no protocolo de aplicagéo para o individuo e anotar suas respostas. A instrucao é a seguinte: Vou the fazer algumas perguntas: Que dia da semana é hoje? ou Qual o dia da semana em que estamos? Que dia do més é hoje? Em que més estamos? Em que ano estamos? Em. que local estamos agora? (Caso 0 indivi- duo ndo responda de modo espeetfico, pergun- tar: “Mas aqui, que lugar é este?”) Em que cidade estamos? Em que estado estamos? Em que pats estamos? 2. ATENGAO 2.1. Contagem inversa Oexaminador deverd ler a seguinte instrugéo para o individuo: Conte de 50 para trés, até 30, Conte de 50 a 30, em vor alta, O examinador deveré marear, no protocolo de aplicacao, todos os némeros emitidos pelo individuo, incluindo as intrusdes, Deverd anotar também o tempo desde o término da instrugéo até o fim da contagem. Caso 0 individuo néo pare no namero 30, o examinador deve deixé-lo terminar e anotar 0 niimero em que ele parou. Conta-se 0 tempo até © digito 30, mesmo que ele tenha continuado a contagem (falta de inibigdo). 26 2.2. Repeticao de sequéncia de digitos Oexaminador deveré ler a seguinte instrucéo para o individuo: Vou lhe dizer uma sequéncia de nttmeros. De- pois que eu falar, vocé deve repetir os ntimeros na mesma ordem em que eu lhe falei. Anote todos os digitos repetidos, na ordem exata emitida pelo individuo, até mesmo se houver intrusées e inversdes. Observagdes 1. Dé pausa de meio segundo entre a emissio de cada digito, correspondente ao intervalo necessario para o fechamento dos labios entre cada emissao. 2. Mantenha a mesma entonagéo em todos os digitos. 3. PERCEPGAO 3.1. Verificagio de igualdades e diferencas de linhas (Livro de estfmulos, pégs. 3-16) O examinador deveré ler para o individuo a instrugo a seguir. Apds a leitura da instrucéo, deverd mostrar cada um dos pares de linhas in- dividualmente, seguindo a numeragao no canto inferior direito dos estfrmilos. Deveré também anotar as respostas dadas para cada par de li- has (por exemplo, $ para sim e N para nao ou, ainda, = para igual e # para diferente, ficando SSNNSS ou ==#%==). Diga-me se estas duas linhas sio do mesmo tamanho ou néo. 3.2. Heminegligéncia visual (Folha de aplicacao “Bloco de Heminegligéncia”) O examinador deveré entregar a folha com os tragos para o individuo e ler a seguinte instrugao: Nesta folha ha varios tragos, vocé deve riscar todos os tragos que enxergar. Instrumento de Avaliagao Neuropsicolégica Breve - NEUPSILIN Se oindividuo néo entender, explicar: “riseo, como se fosse fazer uma cruz, cortar 0 trago.” O examinador deverd anotar, no verso, o lado em que a folha foi entregue para o individuo avaliado, preenchendo o nome do examinando conforme a orientagio em que a folha foi entre- gue. Deverd também cuidar para que a folha fique centralizada na mesa (na horizontal) com referéneia ao individuo avaliado, 3.3. Pereepcao de faces (Livro de estimulos, pags. 10-13) O examinador deveré ler para o individuo a instrucéo a seguir. Deveré mostrar cada par de fotos individualmente, seguindo a ordem do Livro de estimulos. Vou the mostrar pares de fotografias de pessoas, sendo uma delas de frente e outra de lado, de perfil. Voeé deve me dizer, para cada par, se so a mesma pessoa ou duas pessoas diferentes, Quando mostrar as fotografias, deveré fazer a seguinte pergunta para cada par: Ea mesma pessoa ou nao? As respostas do individuo deverao ser anote- das (por exemplo, S para sim e N para nao ou, ainda, = para igual e # para diferente, ficando NSS ou #= 3.4, Reconhecimento de faces (Livro de estimulos, pags. 14-16) O examinador deverd ler a seguinte instrucéo: Vou the mostrar um cartiéo com dois rostos. Vocé vai olhar com atencéo. Depois, dentre 4 figuras, voce vai indicar quais as que foram apresentadas anteriormente. Feito isso, deverd mostrar para o individuo a péigina do Livro de estimulos com dois rostos dese- nhados durante cinco segundos (pég. 15). Apésisso, retirar o estimulo, apresentar a pagina com os qua- tro rostos (pag. 16) e fazer a seguinte pergunta: Destes, quais rostos que Ihe mostrei antes? Anote as respostas do individuo. 4, MEMORIA 4.1, Meméria de trabalho A) Ordenamento ascendente de digitos O examinador deverd ler a seguinte instrugao para o individuo: Vou the dizer alguns niimeros, vocé deve repeti- Jos em ordem erescente, ou seja, do menor para o maior. Por exemplo, seeu the disser 7, 3; vocé deve responder 3, 7. Entéo, eles vao estar em qualquer ordem. Tem que repetir os niimeros na ordem do menor para o maior numero. Anote as respostas do individuo. Observacdes 1) Noexemplo, dé a resposta para o individuo endo o deixe responder, para evitaro treino da tarefa. 2) Se o paciente erra o primeiro item da iarefa, repete-se a instrugéo, mas ndo se fornece ao paciente 2 resposta correta a este item. 3) Apés trés erros conseeutivos, descontinue aprova. B) Span auditivo de palavras em sentengas Oexaminador deverd ler a seguinte instrugéo para o individuo: Vou lhe dizer algumas frases. Apés a leitura de cada uma, vocé deve repeti-la, memorizan- do, ao mesmo tempo, «.tiltima palavra de cada frase. Depois vou Ihe perguntar quais sao as ultima palavras destas frases em ordem. Feitoisso, deveré ler a primeira frase do primeiro loco. Apéso término da repetico da primeira frase do bloco pelo individuo, ler a segunda frase do pri- meiro bloco. Apés o término da repetigéo da ttima frase do bloco, deverd fazer a seguinte pergunta: Quais sdo as tiltimas palavras destas frases? Proceder da mesma forma com os detais blo- cos, lembrando que a pergunta somente seré feita apés a repetigéo da Gltima frase de cada bloco. a Rochele Paz Fonseca + Jerusa Fumagalll de Salle Para cada bloco, todas as respostas deveréo ser anotadas, na ordem de evocacéo, bem como as alteragies na repetigdo das frases (se houver). Observagdes 1. Néo descontinue a prova, mesmo em caso deerros consecutivos. No entanto, seo indi- viduo néo for eapaz de reproduzir as duas primeiras frases, nem de forma incorreta, nao aplique a tarefa (por exemplo, em ca sos de afasia nao fluente severa, distirhio adquirido da linguagem que prejudica predominantemente as habilidades expres- sivas). 2, Caso o individuo avaliado repita além das ‘iltimas palavras das frases do bloco atual, as Giltimas palavras das frases do bloco an- terior, diga novamente a instrucéo (apenas nesse caso), enfatizando que apenas as palavras do bloco de frases lido deverao ser lembradas. bloco que jé passou nao deve ser considerado. 8. Caso haja alteragdes na repetigéo das fra- ses, marque um “x” na easela alteragdes fonologicas, quando houver trocas de sons, ou na casela outras, deserevendo na linha em braneo a alteragéo 4.2, Meméria verbal episddico-semantica A) Evocacio imediata A instrugdo a seguir deverd ser lida pelo examinador. Apés a leitura, deveré proceder a leitura da lista de palavras presenteno protocolo de aplicacao, Vou the dizer uma lista de palavras. Preste bem atencao, pois depois que eu acabar, voeb deve repetir as palavras que lembrar dessa lista em qualquer ordem. Depois de algum tempo vou voltar a the pedir as palavras dessa lista, Observagio Fazer um intervalo de meio segundo entre a leitura de cada palavra, Ler todas com a mesma entonagao. 28 Maria Alice de Mattos Pimenta Parente Lembrete As provas 4.2.Be C serdo aplicadas apés a linguagem oral 4.3. Meméria seméntica de longo prazo O examinador deveré ler a seguinte instrugio: Agora vou the fazer duas perguntas que vocé deve responder: Qual a capital do Brasil? Quais as cores da bandeira do Brasil? As respostas deverdo ser anotadas. No caso das cores da bandeira do Brasil, todas as cores faladas pelo individuo deverdo ser anotadas, mesmo que excedam as cores esperadas. 4.4. Meméria visual de curto prazo (Livro de estimulos, pags. 17-23) O examinador deveré ler a instrugao a seguir para o individuo. Vou the mostrar uma figura por alguns se- gundos. Vooé deve prestar bastante atencao, pois depois que eu tirar a figura, vocé deveré reconhecé-la entre trés figuras. Depois disso, o examinador deveré mostrar © primeiro estimulo durante cinco segundos e retiré-lo (Livro de estimulos, pag. 18). Em seguida, deverd apresentar as trés figuras se- guintes (Livro de estimulos, pag. 19) ¢ fazer esta pergunta: Qual dessas figuras é a que eu acabei de lhe mostrar? O examinador deverd proceder da mesma for- ma com todas as figuras. Deveré anotar no proto- colo de aplicacdo qual figura foi selecionada pelo individuo avaliado para cada trio apresentado. 5. HABLLIDADES ARITMETICAS O examinador devera entregar para o in- diyiduo uma folha em branco ¢ ler a seguinte instrugéo: PUPP Eee eee Instrumento de Avaliagdo Neuropsicolégica Breve - NEUPSILIN Vou the pedir para fazer algumas contas. Voce deve usar este papel para montar a conta e fazer o cdleulo. Vou considerar somente o resultado escrito no papel. Quanto é...? 6. LinguaGem 6.1. Linguagem oral A) Nomeagao O examinador deverd ler para o individuo a instrugéo a seguir. Ap6s isso, deveré mostrar um relégio de pulso (fora do pulso) e perguntar qual nome do objeto mostrado. Fazer 0 mesmo com acaneta esferogréfica azul, lembrando que esta deve ser diferente da utilizada pelo examinador para anotar as respostas no protocolo. Vou lhe mostrar dois objetos e pedir para que ‘me diga o nome deles. Apés a leitura da instrugéo: Qual 0 nome disso (o que 6 isso}?(mostrando 0 relégio fora do pulso) Qual 0 nome disso (0 que 6 isso)? (mastrando uma caneta esferografica azul) Nota: Esses objetos no podem ter sido vis- tos antes da tarefa de nomeaco pelo individuo examinado. O examinador deverd ler a instrugio a seguir. Apés sua leitura, deverd mostrar a primeira figura e perguntar o que é. Em seguida, devera mostrar a segunda figura e fazer novamente a pergunta (Livro de estimulos, pags. 25 0 26). Vou the mostrar duas figuras pedir para que me diga o que é. Apés a leitura da instrugdo: O que é isso? (mostrando a figura da escada) O que é isso? (mostrando a figura da cama) Nota: Deve-se evitar apontar para as figuras, para que itens especificos nao sejam nomeados (por exemplo, travesseiro na figura cama). B) Repetigao O examinador deverd ler a seguinte instrugéo: Vou the dizer algumas palavras para.vocé repetir: Vocé deverti sempre repetir como escuté-las, Apés a leitura da instrugdo, devera proceder a leitura das palavras para que 0 individuo as repita, Feito isso, procederd a leitura da instru- cdo seguinte para a repeti¢ao das pseudopala- vras. Depois de ler essa instrugio, deverd ler as peseudopalavras para que o individuo as repita. Deveré anotar no protocolo de aplicagéo a for- ma exata como 0 individuo repete as palavras e pscudopalavras (transcrigdo literal), até mesmo com as possiveis alteragées na repetigio, Agora, vou lhe dizer algumas palavras sem significado para voeé repetir. Vocé deveré sempre repetir como escutd-las. ©) Linguagem automatica examinador deveré ler a seguinte instrugio: Conte de 1 a 10 em voz alta. Apés o término da contagem, deverd ler esta instrugdo: Fale para mim todos 03 meses do ano, em ordem. ‘Em ambosos casos, as respostas do individuo deverao ser anotadas no protocolo de aplicacao. A emissio deve ser registrada para anélise qua- litativa posterior. D) Compreensio (Lioro de estimulos, pags. 27-30) examinador deveré ler a seguinte instrugio: Vou ihe pedir para me mostrar algumas fi- guras. Apés isso, deveré mostrar 0 primeiro cartéo (Livro de estimulos, pig. 28) e solicitar que o indi- viduo Ihe mostre a figura representando a mio: Mostre a mao. Em seguida, deveré mostrar o segundo cartéo Wivro de estimulos, pag. 29) e solicitar que o 29 Rochele Paz Fonseca + Jerusa Fumagalli de Salles + Maria individuo lhe mostre a figura em que o menino olha 0 eachorro. Mostre a figura em que 0 menino olha 0 ca- chorro. Feito isco, deveré apresentar o terceiro cartéo (Livro de estimulos, pag. 30) e solicitar que o individuo lhe mostre a figura em que o homem xinga o eachorro porque ele derrubou o lixo, Mostre a figura em que o homem xinga 0 ca- chorro porque ele derrubou o lixo. 0 examinador deverd anotar as respostas do individuo. Em easo de erro, deveré marear um '«” na casela correspondente ao lugar da figura apontada pelo individuo, E) Processamento de inferéncias examinador deveré ler para o individuo a seguinie instrucéo: Vou the falar algumas frases, vocé deve me dizer o que elas significam. Apés isso, deverd ler as frases para que 0 individuo explique seu significado. As respostas deverdo ser anotadas. Observasies 1. Quando o individuo responder com outra metéfora, pedir para explicar com outras palavres, 2. Caso 0 individuo responda com alguma explicagdo que o examinador considere ambigua, ou seja, passfvel de interpretagao literal e nao literal, uma nova explicagéo deverd ser solicitada. Lembrete Aplique as provas 4.2.B e C. 4.2, Meméria verbal episédico-semantica B) Evocagao tardia 0 examinador deveré ler a soguinte instrugio: 20 je Mattos Pimenta Parente Vocé se lembra daquela lista de palavras que eu pedi para voce guardar? Diga-me todas as palavras que lembrar daquela lista, As respostas deverdo ser anotadas. C) Reconhecimento O examinador deverd ler a seguinte instrugéo: Agora vou lhe dizer algumas palavras e vocé deve dizer se a palavra estava naquela lista apresentada anteriormente ou ndo. Para cada palavra lida, anote a resposta do individuo dentro dos parénteses & esquerda das palavras (S para sim e N para nao). 6.2. Linguagem escrita A) Leitura em vor alta (Lioro de estimulos, pags. 31-43) O examinador deveré ler para o individuo a instrugdo a seguir. Apés a leitura da instrugdo, deverd apresentar cada palavra individualmente, respeitando a ordem do Livro de estfmulos, para que o individuo as leia em voz alta. Vou lhe mostrar algumas palavras escritas; voeé deve 1é-las em voz alta. Para as pseudopalavras, o procedimento 6 0 mesmo e a instrugao é a seguinte: Agora vou the mostrar umas palavras sem signi- ficado, para voeé também ler em voz alta, O examinador deveré anotar a forma exata como o individuo Ié as palavras e pseudopalavras, (iranscrigio literal) B) Compreensio escrita (Livro de estimulos, pigs. 44-47) O examinador deverd ler para o individuo a seguinte instrugao: Vou lhe mostrar algumas palavras e frases es- critas. Vocé vai lé-las, em siléneio, ¢ apontar «a figura que corresponde ao que leu. Po HUUGuUE Hub Instrumento de Avaliacao Neuropsicolégica Breve - NEUPSILIN ‘Apés isso, deveré apresentar as palavras e frases eseritas junto com as figuras equivalen- tes, seguindo a ordem do Livro de estimulos. ‘As respostas devertio ser anotadas. No caso de erro, marque um “x” na casela correspondente a0 lugar da figura apontada pelo individuo. C) Escrita espontinea examinador deverd entregar uma folha em branco para 0 individuo e ler a seguinte instrugéo: Escreva uma frase. Se o individuo perguntar qual frase, o exami- nador deveré responder “qualquer frase, a que vocé quiser”. D) Escrita copiada (Livro de estimulos, pig, 48) examinador deverd entregar uma folha em branco para o individuo e mostrar a pagina do Li- rode estimulos com a frase “O médico trabalha no hospital.” (pag. 49). Leia a seguinte instrucdo: Copie esta frase. E) Escrita ditada 0 examinador devera entregar uma folha em branco para o individuo e ler a instrugdo a seguir. Feito isso, deverd ler as palavras para que 0 individuo as escreva na folha. Vou ihe ditar algumas palavras que vocé deve escrever. Para as pseudopalavras, 0 procedimento 6 0 mesmo ¢ a instrugdo a ser lida pelo examinador éa seguinte: Agora. vou lhe ditar umas palavras sem signi- fieado, que vocé deve escrever. 7. Praxias 7.1, Ideomotora examinador deverd ler as seguintes ins- truese Mosire-me como se faz para se pentear. Mostre-me como se faz para escovar os dentes, Mostre-me como se faz para se despedir com tehaw. 7.2. Construtiva (Livro de estimulos, pags. 50-53) O examinador deveré apresentar uma figura por vez na ordem do Livro de estimulos. Para cada figura, deveré fornecer uma folha em bran- co e ler a seguinte instrugao Voce deve copiar esta figura. ‘Apés fazer isso com as trés figuras, deverd entregar uma folha em braneo para o individuo e ler a seguinte instrugao Vooé deve desenhar um relégio. Coloque todos ‘0s niimeros e os ponteiros mareando 15:45. Observacao Caso 0 individuo nao esereva os mimeros, por exemplo, quando coloca riseos no lugar de miimeros, 0 examinador deverd lembré-lo que a tarefa exige todos os mimeros e ponteiros, 7.3. Reflexiva O examinador deveré ler a seguinte instrucéo: Vou fazer alguns gestos seguidos (um atrés do outro) para. vocé imitar na mesma ordem em que eu fizer. Primeiro vocé me observa fazendo e depois repete os gestos que eu fiz. Apés a leitura da instrugdo, o examinador deverd exeeutar os gestos, conforme indicado no protocolo de aplicacéo, para que o individuo os reproduza. 8. FUNCGES EXECUTIVAS 8.1. Resolucao de problemas (O examinador deverd ler a instrugéo a seguir. Responda a uma pergunta: “B verdade que quanto mais pessoas estiverem dentro de um carro, mais rdpido ele anda?” at Rochele Paz Fonseca + Jerusa Fumagalli de Salles + Maria Alice de Mattos Pimonta Parente Agora vou lhe fazer uma afirmagao e vocé deve responder a préscima pergunta com base (ow a partir) nessa.afirmagdo: *A magé.é maior doque alaranja. Qual fruta éa menor das duas?” ‘As respostas emitidas pelo individuo deverao ser anotadas no protocolo de aplicagio. 8.2. Fluéncia verbal O examinador deverd ler a seguinte instrucio: Diga-meo maior nimero de palavras que voce conhece que iniciam com a letra R, durante 1 minuto. Néo valem nomes préprios. Observacéo Para pessoas de baixa escolaridade, além de instruir sobre a letra F fazer o som de /ff (fEff0tt). Além disso, para esas, deve-se explicar: “Nao valem nomes de pessoas, cidades e ruas.” O tempo deveré ser cronometrado (sessenta segundos) e as palavras emitidas pelo individuo anotadas. MEMORIA PROSPECTIVA Ao final, o examinador deveré dizer: Pronto, terminamos a avaliagéo. Espere 80 segundos; caso o individuo néo entregue a folha com seu primeiro nome escrito, o examinador deverd dizer (pista): Vocé nao ficou de fazer algo para mim ao final da avaliagéo? HUE eee 4) NorMas DE PONTUAGAO DO INSTRUMENTO DE AVALIACAO Normas GERAIS + Para todos os subtestes e itens seré aceita uma tinica autocorregdo, com excegio da tarefa Praxias — Construtiva, em que se- ro aceitas duas autocorrecées, isto 6, trés tentativas. + Quando ndo for dada uma resposta, pon- ‘tna-se com escore 0. + Caso haja um padrao de uso de apenasuma das metades da folha, isso também pode ser sugestivo de heminegligéncia. + Nos casos em que o individuo consulta 0 relégio para ver a data e/ou para desenhar o relégio na tarefa Praxias ~ Construtiva, durante a aplicagio deve-se pedir para no olhar; deve-se anotar quando isso aconte- cer. O individuo recebe pontos nesses itens, mesmo quando olha o relégio. 1. OrtENTACAO TEMPORO-ESPACIAL Cada acerto deve ser pontuado com escore 1. Observacdes 1. Nolocal ou lugar, aceitar também o bairro eacidade 2. No ano e més, aceitar também quando 0 individuo fala o ntimero correspondente Exemplo: més 5, ano 9 (maio de 2009). NeuropsicOLoGicA Breve NEUPSILIN Rochele Paz Fonseca Jerusa Fumagaliide Salles Maria Alice de Mattos Pimenta Parente Josiane Pawlowski Denise Ruschel Bandeira 2. ATENGAO 2.1. Contagem inversa Escore 1: éatribufdoum esvore de 1 ponto para cada ntimero contado adequadamente. Accita-se como correta a omisséo do primeiro (50) ou do ‘iltimo (30), totalizando, portato, um maximo de 20 pontos. Seré aceita uma autocorrecao na resposta, considerando essa filtima na pontuagéo final. A partir da segunda autocorreedo, ainda, cada autocorreedio corresponde a menos 1 ponto no escore geral, sendo todas as autocorregées computadas para a pontuagdo geral. Entao, pode ocorrer deo participante acertar tudo ¢ perder 2 pontos equivalentes a duas autocorregées além da primeire, Cada omissio, intrusio e inversao corresponde & diminuicao de 1 ponto. Para a pontuacéo final sobre 20, devem-se seguir os provedimentos abaixo: 1°) parte-se do escore 20 quandoa pessoa tiver contado 50 e/ou 30; 2%) subtrai-se 1 ponto para cada omissio, intrusio e inversio efetuada; 39) subtrai-se 1 ponto para cada autocorregio, a partir da segunda; 4°) a pontuagéo minima é zero, mesmo que a contagem resulte em um escore negativo. Nota: Nas autocorrecées, nao considere como erros os mimeros retomados como repetigdes. ‘Veja 0 exemplo 6. Rochete Paz Fonseca + Jerusa Fumagalli de Salles + Maria Alice de Mattos Pimenta Parente Escore 2: ff um escore qualitative que deve ser mareado com um “x” quando houver ocorréncia de inibicéo, ou seja, quando o individue finalizar a tarefa no néimero 30 ou 31 (quando omitir o 30), sem continuar com 29, 28, 27, 26.... No en- tanto, ha casos em que esse escore ndo so aplica. Quando 0 individuo erra muito, oscilando, por exemplo, entre contagem inversa e direta, com muitas omissées ou interrupgéo da contagem antes do 31, deve-se marcar essa casela com a expressao “N.A.”, nao se aplica. ‘Anélise qualitativa: Deve-se marcar a caselacon- tagem direta comum “x” quando oindividuo contar na ordem direta pareial ou integralmente. Exemplos: Contagem direta parcial: 50,49,48,47,46,45,44,43,44,45,46,47,48,49,50... Contagem direta integral: 50, 51, 52, 58, 54, 55... 80, 31, 32, 33, 34, 35... Exemplos: 1) 50 49 48 47 46 45 44 43 49 41 40 3938 37 36 35 34 33 32 31 30 29 Escore 1: 20 pontos/20, Rscore 2: ( ) ocorréncia de inibicdo (essa casela néo 6 marcada com um “x”, pois 0 indivfduo nao interrompeu no mimero 30 {ou 311, conforme instrufdo). 2) 49 48 47 46 45 44 43 42 41 40 39 38 38 37 36 35 34 33 32.31 30 Escore 1: 20 pontos ~ 1 ponto pelo mimero 38 repetido = 19 pontos/20. Escore 2: (X ) ocorréncia de inibigéo (pois inibiu o restante da contagem inversa). 8) 50-49 48.47 46 45 44 43 42 41 40 39 38 37 36 35 84 82 31.30 Escore 1: 20 pontos ~ 1 ponto pelo nimero 33 omitido = 19 pontos/20. Escore 2: (X ) ocorréncia de inibigéo (pois inibiu o restante da eontagem inversa), 4) 50 49 48.47 46 45 44 43 42 41 40 20 31.39 38 37 36 35 34 33 32 31 29 30 Escore 1: 20 pontos ~ 3 pontos pelas intru- sbes dos mimeros 30 e $1 e pela inverssio 29 30 = 17 pontos/20. 34 Eseore 2: (X) ocorréneia de inibigéo (pois inibiu o restante da contagem inversa). 5) 50 49 48 47 45 (Opal!) 47 46 45 44 43 42 41 40 39 88 37 36 35 34 33 32 31.30 Escore 1: 20 pontos. Explicag&o: Nao perdeu pontos, pois reali- zou apenas uma autocorregao. Mesmo que tenha retomado 0 47, fez para corrigir 2 omissao do 46. Portanto, a segunda emis- séo dos mimeros 47 ¢ 45 nao é considerada repeticao (erro) Escore 2: (X) ocorréneia de inibigao (pois inibiu o restante da contagem inversa). 6) 50 49 48 47 46 44 (Opal!) 46 45 44 42 41 (Opa!) 44 43 42 41 40 39 38 87 36 35 34 28.32.31 20 Escore 1: 19 pontos. Explicacéo: Os digitos sublinhados foram os considerados para a pontuagao. O ponto perdido corresponde a segunda autocor- reco, que deve ser diminuida do escore geral. Escore 2: (X) ocorréncia de inibigéo (pois inibiu o restante da contagem inversa), 1) 49 48 46 45 44 43 42.41 40 41 42 43 44 45, 46 47 48 49 50 Escore 1: 20 pontos ~ 1 por nao ter dito 50 ou 30 na ordem correta; 10 pela omissao dos niimeros 47, 39, 38, 37, 36, 35, 34, 33, 82.e 31; e, ainda menos 10 pontos pela in- truséo dos nimeros de 41 a 50 na ordem direta = 0 ponto/20. Escore 2: (N.A.) ocorréneia de inibigdo (essa casela é mareada com N. A., pois nesse caso o individuo inverteu a ordem de contagem, impossibilitando a verificagio da ocorrén- cia de inibigao). (X) contagem direta parcial (marea-se & casela porque comecou com uma contagem inversa e depois mudou para contagem di- reta) 2.2, Repeticao de sequéncia de digitos Escore 1: seré atribuido 1 ponto para cada digito repetido corretamente (na ordem correta) I Instrumento de Avaliagéo Neuropsicolégica Breve - NEUPSILIN ‘A partir da primeira intrusfo, inverséo, omiss&o ou troca de posigdo, a contagem é interrompida. 0 escore maximo é de 7 pontos, 1 para cada digito. Dé-se escore 7, mesmo quando apés a repetigao correta dos 7 digitos, o individuo adiciona um néimero. Isso deve ser registrado. Caso a pessoa examinada responda agrupando 08 digitos de dois em dois ou de trés em trés, pontua-se até o nimero dito isoladamente. Por exemplo, em vez de 4/9/2/8/1/4/3, se 0 individuo responde 49/28/3 (quarenta e nove, vinte e oito, tréz), reeebe escore 0; se responde 4/92 (quatro, noventa e dois), recebe escore 1, pois o ntimero 4 foi evocado corretamente. Escore 2: informar o niimero de intrustes, inversées, omissées e trocas de posigo realiza- das nas caselas correspondentes. Exemplos: Modelo: 4928143 1. 49212 43 = 3 pontos/7 (1) intrusées (naimero 12) (0) inversées (2) omissées (mimeros 8 ¢ 1) (2) trocas de posiggo (mimeros 4 e 3; mes- mo parecendo que esses nimeros estéo na mesma ordem que no modelo, na medida em que os mtimeros anteriores foram repe- tidos inadequadamente, no se pode afir- mar que esses tiltimos néimeros estejam na ordem esperada). A repeticao dos ntimeros finais 4 3 indica, no entanto, a ocorréncia do fenémeno de recéneia. 49281493 =6 pontos/7 (1) intrusdes (segundo nimero 9) (0) inversées (0) omissoes (1) trocas de posigéo (ntimero 8, pois de- veria estar no lugar do segundo nuimero 9 que foi uma intruséo) 3, 492813 =5 pontos/7 (0) intrusdes (0) inversdes (1) omissées (segundo ntimero 4) (1) trocas de posigio (ntimero 3, que foi ante- cipado pela omissio do segundo ntimero 4) 4, 4928413 = 4 pontos!7 (0) intrusées (1) inversdes (nimeros 1 e 4 para 4e 1) (0) omissbes (1) trocas de posigio (ntimero 8) 5, 49.2 = 3 pontos!7 (0) intrusées (0) inversdes (@& omissées (niimeros 8, 1, 4e 3) (0) trocas de posigéo 6. 492843 =4 pontos/7 (©) intrusées (0) inversées (1) omissdo (nitmero 1) (2) trocas de posigao (segundo mimero 4 e 3, que foram antecipados pela omisséo do niimero 1) 7. 498123 =2 pontos/7 (0) intrusoes (0) inversoes (1) omissées (segundo nimero 4) (4) trocas de posicéo (ndimeros 2, 8, 1 8) 8, 4928128 = 5 pontos/7 (1) intrusdo (segundo ntimero 2) (0) inversées (1) omissées (segundo nimero 4) (1) trocas de posigéo (ntimero 3) Observacao A troca de posigao corresponde a todo mimero evocado, presente no modelo, que vier depois de um erro cometido, seja esse erro uma intrusio, uma omisséo ou, até mesmo, uma inversao. 3. Percercao 3.1. Verificagao de igualdades ¢ diferencas Para cada item adequadamente verificado, atribua 1 ponto. 35 Rochele Paz Fonseca Jerusa Fumagalli de Salles + Maria Alice de Mattos Pimenta Parento Respostas esperadas Quarto par: nao, nao séo iguais. Primeiro par: sim, s4o iguais, do mesmo tamanko, Segundo par: sim, so iguais, do mesmo tamanho, ‘Toreeiro par: néo, néo sio iguais; ou entéo, nao, esta é maior, ou aquela é menor. Quinto par: sim, sio iguais, do mesmo tamanho. Sexto par: sim, so iguais, do mesmo tamanho. 3.2, Heminegligéncia visual Atribua 1 ponto para tragos mareados em toda a folha de estimmulos, Atribua 0 no caso de ausén- cia de mareagéo em uma das metades ou em um quadrante da folha, Caso 1 ou 2 tragos nao sejam mareadosem uma das metades da folha, mantenha escore de 1 ponto. Caso haja alguns tragos aleaté- rios espalhados pela folha que néo tenham sido riscadas, mantenha o escore de 1 ponto (ressalta- se que esses tragos nao podem estar juntosemum_ quadrante ou em uma metade da folha, ou seja, trés tracos juntos j& sugerem heminegligénci 3.3. Percepgao de faces Atribua 1 ponto para cada resposta correta. 1. ni 26 3. 6 o 6 a mesma pessoa ‘mesma pessoa amesma pessoa Resposta esperada para cada dupla de faces apresentada 3.4, Reconhecimento de faces Atribuir 1 ponto para cada reconhecimento verdadeiro. Esta correto mesmo que o individuo aponte os desenhos reconhecidos fora de ordem. Caso 0 individuo reconhega mais de duas faces, atribui-se escore 0, assinalando-se a casela da anélise qualitativa abaixo eam um “x Anélise qualitativa: (_) reconhecimento de mais de duas faces Respostas esperadas Instrumento de Avaliagao Neuropsicolégica Breve - NEUPSILIN 4, Memoria 4.1. Memoria de trabalho A) Ordenamento ascendente de digitos Atribua 1 ponto para acerto e 0 para erro. Como apés trés erros consecutivos a prova é descontinuada, os demais itens nao aplicados receberdo 0. Considerar como maior sequéncia vepetida corretamente aquela composta pelo maior mimero de digitos, com pelo menos um dos itens do bloco respondido corretamente. B) Span auditivo de palavras em sentencas + 2pontos: para a palavra do item repetida na ordem correta, do inicio ao fim, para cada bloco de senteneas. Apés.a primeira inverséo, intru- so, omisséo ou troca de posicéo, as demais palavras repetidas so consideradas fora de ordem, recebendo, no méximo, 1 ponto cada. 1 ponto: para a palavra do item repetida fora de ordem. * Oponto: quando a palavra no for repetida nem fora de ordem, ou seja, quando for omitida, ou para palavras néo presentes no modelo (intrusées). Anilise qualitativa: Marque a quantidade de intrusdes: Conjunto 2: ) intrusdes Conjunto 3:( ) intrudes Conjunto 4:(_) intrusdes Conjunto 5: ( ) intrusdes Observacao geral Caso haja alteragies na repetigao das frases, marque um “x” na easela alteragdes fonolégicas; quando houver trocas de sons, na casela outras, descrevendo na linha em branco a alteragio. O maior conjunto de palavras repetido corre- tamente é aquele om que todas as palavras foram. evocadas em ordem, ou seja, todas as palavras receberam escore 2. Exemplos Modelo Resposte do individuo Pontuagaio 94 49 (9) (1) 82 82 (0) (4) 736 é 367 (0) (4) 195 519 (0) (1) 4275 2457 (0) (4) 8913 9138 () (4) 53692 23569 (0) (4) 39214 32149 (0) (4) 216873 123678 (0) (4) 695241 : 142569 (0) (4) Total: 5/10 Maior sequéncia repetida corretamente: (0) (2) (3) (4) ) 6) a7 Rochele Paz Fonseca + Jerusa Fumagalli de Salles + Maria Alice de Mattos Pimenta Parente Exemplos a ‘Amenina sentou na cama. © coetho comeu racao Avaca mordeu 0 milho, (© menino subiu no sétéo. Aaula ocorreu no patio. Amulher pegou 0 vaso. professor leu 0 jomal. ‘A vov6 passou a calea. © passaro bicou a planta. © porco dermubou a cerca. Acrianga cortou a perma. Atitia colocou o brino. © amigo comprou um carro, A moga gostou do sitio, Total: 18 /28 Cama 2)(1) (0) Ragao 21) Mitho Qo @(1) 0) Q(1) (0) Jornal amo Vaso QM Caiga 2a Planta ao 2) (1) (0) (2) (1) (0) (2) (1) (0) (2) (4), (0) (2) (1) (0) ‘Maior conjunto de palavras repetido corretamente: (0) (2) (3) (4) (5) Explicagio na mareagéo do iiltimo conjunto de frases desse exemplo: esperava-se cerca como primei- ra palavra; como o individuo evocou cerea como a primeira palavra, reocbeu 2 pontos. Asegundapalavra esperada era perna, que no apareceu em nenhum. momento na resposta do individuo, reeebendo esco- ‘re 0. A terceira palavra esperada era brinco, que nao sendo evocada, recebeu escore 0. Asquartae quinta palavras esperadas eram carro. sitio, que aparece- ram fora de ordem, recebendo pontuacéo 1 2. Amenina sentou na cama. Cama {2) (1) (0) O ovelho comeu ragéo. Racdo 2)(1) (0) Avaca mordeu o milho. (2) (1) (0) ‘© menino subiu no séto. (2) (4) 0) Aaula ocorreu no patio. Patio (2) (1) (0) ‘Conjunto 8: (1) intrusdes (palavra menino) Amulher pegou 0 vaso. Vaso (2) (1) (0) O professor leu 0 jomal. Jorma (2).(1) (0) Avové passou a calga. Planta (2) (1) (0) O passaro bicou a planta. (2) 4) (0) © porco derrubou a cerca Acrianga cortou a pema. Atitia colocou o brinoo. © amigo comprou um carro. ‘Amoga gostou do sitio. Total: 11 /28 (2) (1) (0) Maior conjunto de palavras repetido corretamente: (0)(2)(8)(4)(5) 38 HUERHHHERHHERHRARERHRRee ee Instrumento de Avaliago Neuropsicolégica Breve - NEUPSILIN 3. ‘Amenina sentou na cama. © coelho comeu ragao. Avaca mordeu o milho. (Omenino subiu no sétéo. (Repeticao: O menino subiu no sépéo.) Aula ocorreu no patio. ‘A mulher pegou 0 vaso. (Repeti¢ao: A mulher pegou o vajo.) 0 professor leu 0 jormal. A vov6 passou a calea. © passaro bicou a planta. 0 porco derrubou a cerca. (Repetiedo: O gato derrubou a cerca.) Ariana cortou a perna, AAtitia colocou 0 brinco. © amigo comprou um carro. Amoga gostou do sitio. (Repeticao: A moga amouo sitio.) — Total: 6 /28 Maior conjunto de palavras repetido corretament (x) alteragio na repetigéo das sentencas (x) alteragbes fonolégicas (ver frases O me- nino subiu no s6pdo e A mulher pegou 0 vajo) 4. ‘Amenina sentou na cama. O coelho comeu racéo. Avaca mordeu o milho. ‘O menino subiu no sétdo. Aaula ocorreu no patio. ‘Amulher pegou o vaso. O professor leu 0 jornal. Avov6 passou a calca. © passaro bicou a planta. (© porco derrubou a cerca. Acrianga cortou @ perma. Attia colocou o brinco. O amigo comprou um carro. sentou na cama (2) (1) (0) ‘come ragao 0) sto VOD witho eo (10) Vaso aM Galea (2) (0) Planta (2a) (0) ao @mM@ (2)(1) (0) 1) 0) (1) (0) (2).(1) 0) (0) (2) (3) (4) (5) (+x) outras: substituigéo de palavras sem relagdo fonolégica, mas semantica (O gato der- rubou a cerca), (2) (1) (0) So aeaig OO OO —______aprimeitaémilho (1) (0) a segunda eu néolembro (2) (1) (0) ____atemsiraépatio 2) (1) SP —_asegundaealereira euniolembo (2) (1) (0) tanta (2) 4) (0) N&o lembro das primeiras 4; sei que a Ultima (2) (1) (0) (2)(1) @) (2) (1) @), (2)(1) @) (2) (1) (0) ‘Amoga gostou do sitio. Total: 7 /28 Maior conjunto de palavras repetido corretamente: (0) (2) (3) (4) (5) 39

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