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PRINCÍPIOS E TÉCNICAS
em que:
Tr = a transpiração na unidade de tempo:
ψr = o potencial hídrico na superfície da raiz;
ψa = o potencial hídrico do ar;
R = a resistência total.
Quanto maior a diferença de potencial hídrico entre o meio radicular e o ar, mais
forte será o fluxo de transpiração. Quando essa diferença é muito elevada, a resistência
total (R) não permite que o equilíbrio entre os potenciais hídricos seja atingido
rapidamente e, por conseqüência, um déficit hídrico ocorre na parte aérea da planta,
mesmo que haja volumes abundantes de água em torno das raízes. O manejo do estado
hídrico da planta exige, por isso, o controle tanto da disponibilidade de água às raízes
como da demanda atmosférica.
A absorção de água pelas raízes depende também da temperatura e do teor de
oxigênio em torno delas. A temperatura influencia o fluxo agindo sobre sua fluidez.
Com valores abaixo de 15°C, os ácidos graxos aumentam sua viscosidade, dificultando
o fluxo da água. O oxigênio é necessário para manter a funcionalidade das raízes,
especialmente de suas extremidades, que é a porção mais ativa na absorção hídrica e
mineral. Quando as temperaturas atingem valores acima de 25°C, o fluxo hídrico
diminui em razão, principalmente, da redução da disponibilidade de oxigênio para a
respiração (Cortés, 1999).
5.2 Métodos de monitoramento da irrigação
O manejo da irrigação no cultivo de hortaliças consiste basicamente em
monitorar a disponibilidade de água em torno das raízes, repondo os volumes
consumidos pela evapotranspiração, antes que um déficit hídrico se estabeleça na
planta. Vários métodos existem para efetuar o monitoramento da irrigação. Aqueles
mais utilizados na produção comercial são a tensiometria e o uso de modelos preditivos.
• Tensiometria: um tensiômetro consiste em uma cápsula porosa conectada a
uma escala graduada por meio de um tubo capilar. A cápsula é inserida no interior do
solo ou do substrato onde as raízes crescem. À medida que a disponibilidade de água
diminui, a coluna liquida existente no interior do tubo capilar se desloca, indicando o
potencial hídrico.
A principal vantagem dos tensiômetros consiste na simplicidade operacional,
pois podem ser adquiridos no comercio e instalados facilmente no interior das culturas,
sendo também de fácil leitura. Entretanto, têm o inconveniente de exigir calibrações
especificas para cada tipo de solo, pois o potencial matricial está intrinsecamente
associado à composição e à estrutura do meio radicular. No cultivo em substrato, a
disponibilidade de água depende também da concentração salina (potencial osmótico)
no interior do substrato, que pode variar rapidamente de valores baixos para limites
críticos, quando a transpiração é intensa. O tensiômetro não é adequado para medir o
potencial osmótico. Por esse motivo, seu uso é mais generalizado nos cultivos
realizados no solo, tanto em ambiente natural como protegido.
• Modelos preditivos: os modelos preditivos estimam a transpiração a partir de
modelos com, pelo menos, duas variáveis, uma de natureza física e outra fisiológica.
Esses modelos têm a seguinte expressão genérica:
Tr = µA + τB
em que:
A = variáveis físicas do ambiente como a radiação solar e/ ou o déficit de
saturação:
B = o IAF da cultura, µ e τ são coeficientes de ajuste.
Esses modelos encontram ampla aplicação nos cultivos em substrato, porque
podem estimar as necessidades de água em intervalos de poucos minutos e permitem o
manejo da (ferti) irrigação por meios informatizados (Baille, 1994; Cortés, 1999).
Caron & Parent (1989) tentaram padronizar algumas normas a serem observadas
para interpretar os teores de elementos minerais nas folhas do tomateiro, amostrando um
universo de 733 culturas, durante um período de quatro anos. Essas culturas
representavam uma amostra de 30% das lavouras mais produtivas na região do Quebec,
no Canadá, com rendimentos de frutos variando entre 4 e 6,5 kg de frutos por planta.
Essas normas foram denominadas pela sigla DRIS (Diagnosis and Recommendation
Integrated System), sendo estabelecidas a partir do ajustamento de curvas de
concentração dos macronutrientes determinadas nas folhas no decorrer do ciclo das
culturas.
O modelo proposto foi do tipo potencial, incorporando simultaneamente a
concentração dos nutrientes e interações decorrentes da proporção segundo a qual esses
nutrientes são fornecidos às plantas.
Para utilizar esse modelo na prática, é necessário determinar, em laboratório, a
concentração dos nutrientes nas folhas em um dado momento do ciclo. Em seguida,
esses valores são introduzidos como variáveis de entrada do modelo, para fazer a
estimativa do estado nutricional da cultura naquele momento do ciclo. Finalmente, o
modelo é capaz de indicar se existe algum nutriente que esta sendo limitante ao
crescimento das plantas (Lopez, 1998).
Diversas restrições podem ser apontadas ao método descrito acima. A primeira é
o tamanho da amostra necessária para que seja representativa do estado nutricional da
cultura de toda uma região de produção. São poucas as regiões do globo que dispõem de
meios adequados para a coleta de um elevado número de dados, como aquele
empregado no modelo de Caron & Parent (1989). Essa tarefa poderia ser realizada pelo
acumulo de informações no decorrer de períodos longos de tempo. Entretanto, a coleta
das informações constitui apenas a etapa mais simples do método. O ajustamento das
equações e suas respectivas interações é uma etapa complexa. O fato de as normas
estabelecerem-se a partir de rendimentos máximos da cultura pouco auxilia na
estimativa das doses máximas de fertilizantes a serem aplicadas, a fim de prevenir o
acumulo de nutrientes no solo.
Uma forma alternativa de interpretar os teores de nutrientes medidos pela análise
folhar foi sugerida por Rattin (2000), para o N em plantas de tomateiro. Essa forma
consiste em estabelecer uma relação entre os teores medidos na quinta folha, contada do
ápice para a base da planta, no decorrer do crescimento, e os teores críticos de diluição
da planta inteira. Esse autor estabeleceu uma relação entre a evolução do N entre esses
dois compartimentos da planta, que pode ser empregada para inferir o estado nutricional
da cultura (Figura 28) (ver capítulo 6.3.3).
em que:
M = massa do solo, em t há-1;
Bd = densidade do solo, em t m-3.
• Disponibilidade de P e K acima dos limites de segurança: esta etapa tem por
finalidade calcular a quantidade total dos dois nutrientes citados, existentes na massa de
solo determinada no item anterior. Os limites de segurança considerados são de 30 g t -1
(para o P) e de 100 g t-1 (para o K) e indicam os teores mínimos a manter no solo, a fim
de evitar o esgotamento desses dois nutrientes.
P1 = (Po – 30 g t-1) x M,
em que:
P1 = disponibilidade de P, em kg ha-1;
Po = teor de P indicado pela análise do solo, em g t-1.
em que:
K1 = disponibilidade de K, em kg ha-1:
Ko = teor de K indicado pela análise do solo, em g t-1.
N2 = N1 x 1,25
P4 = P3 x 3,33
K4 = K3 x 1,176
em que:
N2, P4 e K4 representam as quantidades de N, P e K finais a serem aplicadas,
respectivamente, em kg ha-1, levando-se em consideração a eficiência do sistema de
irrigação a ser empregado.
As quantidades de N, P e K calculadas referem-se a todo o ciclo de
desenvolvimento da cultura. Essas quantidades deverão ser divididas em várias
aplicações, levando-se em conta o crescimento da cultura, a fim de aproximar-se ao
máximo das necessidades da cultura em cada fase do ciclo. Para tal, estimativas como
aquela mostrada na Tabela 8 podem ser empregadas. Dessa forma, pode-se reduzir as
perdas por lixiviação, principalmente nos períodos e/ou regiões com elevada
precipitação pluviométrica.
6.5 Emprego do CO2, na produção de hortaliças
O aumento da concentração do CO2, atmosférico é uma técnica que vem sendo
empregada há varias décadas para o aumento da produtividade das hortaliças cultivadas
em ambiente protegido. Quando a concentração normal, em torno de 340 µLCO 2 L-1,
aumentada para valores de ate 1.000 µLCO2 L-1, observa-se um aumento na fotossíntese
e uma redução na transpiração da cultura (Figura 31). Esses efeitos são variáveis de uma
espécie para outra, podendo atingir até 30% para o rendimento e em torno de 10% sobre
a transpiração (Alpi & Tognoni, 1999). Como conseqüência, obtêm-se maior
produtividade e maior eficiência de uso da água.
O efeito de concentrações elevadas de CO2, sobre a fotossíntese é explicado
principalmente por dois fenômenos. O primeiro refere-se à capacidade máxima do
processo de assimilação enzimática pelas reações da fotossíntese. Uma concentração de
CO2, mais alta no ar significa uma maior disponibilidade desse gás no interior dos
estômatos, deslocando, para cima, a curva de resposta da assimilação líquida à radiação
solar. Ocorre ao mesmo tempo um aumento no nível térmico ótimo para a fotossíntese,
retardando a diminuição da taxa fotossintética por efeito das altas temperaturas. O
segundo efeito refere-se à competição do CO 2, com o O2, nas reações da enzima
ribulose bifosfato carboxilase-oxigenase, o que reduz a fotorrespiração e o custo
energético por unidade de CO2, assimilado (Alpi & Tognoni, 1999).
Essa explicação é empregada também para justificar por que o efeito das altas
concentrações de CO2, é baixo em plantas C4.
Para ser efetiva, a técnica de aumentar a concentração do CO 2, do ar deve vir
acompanhada de níveis elevados, mas não excessivos, de radiação solar e temperatura
do ar. Por suas características, só pode ser empregada economicamente em ambientes
fechados, nos quais as fugas de gás para a atmosfera sejam minimizadas. Por essas
razões, seu uso encontra-se limitado a estufas com boa vedação e somente durante os
períodos em que a ventilação não for efetuada.
Uma forma alternativa que tem sido apontada para aplicar o CO2, às culturas de
hortaliças e a fertirrigação. Por meio dessa técnica, o gás é misturado à água usada na
irrigação.