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fernanda regina vilares XN L- ' 4 @ © oe oa J «7 - n ’ Ws vn aw Pgitcr00 D’PLACIDO} Scanned with CamScanner coon a, cages ema a. aude Mets ntl Sato feorehesoce ‘a otis oso Www.€D/TORADPLACIDO.COM.BR Tofesesetosrsenad, enhura ae desa cbapte se dia, oxqusquer nels sem is evade Gogo gata owes ppLicibo VIUARES, fea Regia, ‘gocotrladites paras operas pois Belo Horner Dita 207. 15 57885-905-615-0 1. Dita 2 Det Process Pra Tl I Astor ong Ez Rola Bw 2 evitar a aversio que tem 0 ‘meu pensamento a0 ato de acabar”. Fernando Pessoa Scanned with CamScanner No capitulo anterior, restou assentado que a agao controlada é um método de investigacio tipico da fase inicial da persecugio penal, na qual sio levados a cabo os atos investigativos. Assim, para uma completa compreensio do instituto é importante realizar uma anilise profunda da atividade de investigagao, para que o conhecimento acerca desse objeto seja utilizado para uma melhor definicao dos limites e controles do objeto central do estudo nos capitulos posteriores. Neste capitulo, ‘© cerne sera a investigacao criminal, seu objeto, metodologia, carac- teristicas da fase inicial da persecugio penal, na qual se desenvolve, e sua relagio com a inteligéncia criminal. 2.1. Investiga¢ao criminal 2.1.1. Considerag6es introdutérias Se efetuarmos uma pesquisa em um catilogo de uma biblioteca juridica qualquer no Brasil, veremos que poucos sio 0s livros nacio- nais dedicados exclusivamente ao tema da investiga¢io. Se a busca pretender encontrar obras que construam uma teoria geral da inves- tigago de forma sistematizada, ela provavelmente serd infrutifera.” * © mesmo nio se observa na doutrina estrangeira, sobretudo na portuguesa, que se destacou nessa pesquisa. Manoel Monteiro Guedes Valente tem inti- meras obras ¢ artigos juridicos dedicados 4 Teoria do Direito Policial dando €nfase, portanto, a investigagio perpetrada pela policia e zelando pelo respeito aos direitos e garantias fundamentais. Para o autor, “[..,] a ciéncia policial é essencial para a realiza¢io do ser humano por dotar a Policia de um padrio de actuagio cientifico racional epistémico centrado em um equilibrio construtivo. Este equilibrio alcanga-se se a ciéncia policial desenvolver o seu estudo dentro dos elementos da construtividade juridica — legitimidade, validade, vigéncia “ Scanned with CamScanner [esse contexto, considerando que o objetivo desta tese & propor , adequada regulamentacio legal para um instrumento utilizado ng investiga¢io do crime organizado, revela-se indispensavel © estaba. lecimento das premissas, dos limites e dos fins da investigaco, poj,, como bem pontuou José Braz, [...] nio basta saber Direito para se ser investigador criminal, ainda que ndo se possa ser investigador criminal sem se saber Direito”.** Isso porque a tarefa de investigar ultrapassa os limites do mundo juridico e depende da utilizagio de miétodos adequados e raciocinio légico, universais 4 produgio de conhecimento em qualquer érea.” De outro lado Eliomar daSilva Pereira afirma que, sem olvidar a importincia das novas técnicas de investigagao e da inteligéncia poli- cial, é certo que a dinimica,a organicidade e a transnacionalidade do crime exigem a construgio de um metaconhecimento que possibilite ‘uma visio do conjunto e de suas relagdes, de forma a “[..] subsidiar ages e estratégias eficazes de investigacio e orientar a obtengao de rovas mais condlizentes coms particularidades de certos tipos penais, tendo ainda em conta o respeitoacertas limitaces intransponiveis de garantias legais”. Para isso, ¢ indispensivel dar a investigago criminal ientifica © devido enfoque metodologico.” ficvidade ~ e dos clemento flosfco,histrios e politicos — concepeio tall do pov, concepo dogma do erhumano e coneepeio dogmatica de sgema de xa. B neste send, que defendemos 2 insergio da ciéncia lial apaz de responder imprevinbiiddee ncerteza dos nossos dias 3 diminigo da teoria do pane ena sob o ples da periulosidade e da seguranja,no mundo cenifio que impSe aos ents um pensar célee sem diminuiio ou lesio do leo ental ds dicts e liberates fuandamentas do ser humano" Ver Ciaca Policia: conbutos eflexivsepstémicos. Revista Busia de Citas Polis, Bras, 1.2 ul der 2010, p85 [BRAZ, Joe. Imes Crinina prin o mld ea prove os desis da sora ininldade 2 ed Coimbra: Aiea, 200,11, Po tl raao, no decor~ ter da caborago dexe enblho conversa con agus profisonais atuantes 1 rea plicil, noedament, delgado de police Aseor da Seeretaria de SegurangaPablia,de mania 3 worn tee ms rica el solugdo dos problemas consatidos pela pesquisa. © Veritem 13.1 sabre detnigo de modo PEREIRA Elmar da Sia. Ti inex cnn Coimbra: Almedina, 2010p. 28-30, No mesmo sentido, Deion Fetora Pacheco afta gue" Sequrane pblca teria resultados muito mais efevos 4 0 noes jlices tnvolids de una forms ou de outa com inestigaylo criminal, como ps, Tia ¢ promotor de Justa, abt pre coniderel de many cafe ris desiads 3 dogma juin por dscpins como metodlog ie A metodologia preconizada pelo autor tem direta relagio com 0 objeto central do nosso estudo: a agao contralada.” Isso porque ela exige organizagio dos agentes policais, cordenagao da atividade e definigio de objetivos a serem aleancados com a formulacio de uma estratégia eficiente. Nesse sentido, é preciosa a visio de Eliomar da Silva Pereira, que define a investigagio como pesquisa administrada estrategicamente“[..] capaz de dizer 0 ca- minho da investigagio, devido ao dominio que tem das fnalidades da investigagio e ao controle que deve ter de seus limites”. O investigador, antes de solucionar o problema, deve entendé-lo € aventar hipéteses a serem testadas. Para tanto, é essencial haver organizacio e metodologia pré-definidas. Nao se pode olvidar, entretanto, que toda essa atividade seri Jevada a cabo em meio ao constante confito existente entre a maior ceficiéncia exigida na investigagio da criminalidade organizada ¢ os direitos e garantias individuais previstos na Consttuigio, de maneira que também devemos apresentar uma solugio para esse problema se quisermos propor limites para a utilizagio da ago controlada.” Por fim, o método de investigagio que seri exposto deve ter © condio de auxiliar a tarefa de definir previamente e com clareza ‘pesquia pars Géncas humanas ou soca modosqunttavs para ciénias hhumanas, métodos de pesquisa par Jungs Criminal e Criminologia'e avis de intligéncia (andlise,conta-intelgencia¢ operagbes de intliginc)" Ver iret proce penalties 5. re ample asl com 3 Lis 11.340/2006 (Ll Maria da Pena), 1145/2006 Lei Aire), 1417/2006 (Simla Vinculante), 11.435/2006, 11 449/2006e1.464/2007 €aADIS112- STE Niter6i Impetus, 2008, p. 161 * A ao contolada jf fi clasiicada como método no item 14.1 do Capicalo anterior, tendo em vista que presspse um planejamento eenvolve a uilizagio de diversos meios de investigcio para possbltar a conecusio de seu cbjeiv. Justamente por teresa caracterisic,o eso dh metodloga de invesigagio tio importance para sua adequada utiizagio. Ese tema ft iniciado no ier 41.3.1 seri aprofindado no item 2.14 % PEREIRA, Eliomar da Silva. Tera daimesigao criminal. 30-31. Quan do estamos no imbito da criminalidade organiza a complexidade cleva-se signiicaivamente,exigindo maior concetragioedefngao de bjeivs pra, quando utlizada aaj ontolada,nio se cai em nenhum dos dos extremos: encerri-la antes da abtengio de elementos informativs suficientes para arqui- var o inguétto ou promover a deninca ou prorrogaindefinidamente sem cfetuar a devida prisio e perzecucio dos suspeitas em busca de um standard probatério inatingivel. © Ver item 3.5. Scanned with CamScanner quais 0s standards necessarios para a deflagragao de uma a¢io pena, modo a se tera compreensio do material que se pretende obter pe meio da aja controlada e, consequentemente, estabelecer seu devia procedimento, Em outras palavras, a tentativa de sistematizar 0 estuda da investgacio criminal tem 0 objetivo de embasar a elaboragio da, perguntas que deverio ser respondidas no iter persecut6rio, determina, a forma de obtengio dos dados que serao trabalhados para formar g conhecimento necessirio as suas respostas e estabelecer o parimetro para que sejam consideradas satisfat6rias para a eventual propositura da acio penal ou o possivel arquivamento da investigagdo pela com- provagio da inexisténcia do fato ou de sua ilicitude ou, ainda, por falta de elementos suficientes. Ocorre que nio é possivel ter uma compreensio global da inves- tigacio criminal sem antes entender a esséncia de uma investigagio de forma genérica, ou seja, sem recorrer aos conceitos de investiga¢io ¢ ‘metodologia cientifica aplicaveis a qualquer 4rea do saber. Assim, cum- ‘pre tecer mais algumas consideragdes sobre a investigagao cientifica e seu método,haja vista a tarefa iniciada no item 1.3.1 do Capitulo I, para depois, analisarmos 0 que torna a investigagao criminal especial, © contexto em que se realiza ¢ © método a ela aplicado. 2.1.2. Investigacao cientifica: definicdo e método © ato de investigar relaciona-se com a necessidade de se en- contra a solucio para um problema, entendido como ponto sobre 0 qual é necessirioo esclarecimento por meio da atividade investigativa. Essa é admitida como atividade de natureza zetética, que se ope a dogmtica, uma vez que procura e perquire, ¢ nao estabelece uma certeza indiscutivel Nesse tema, foi dada énfase ao estudo de dois Autores: Eliomar da Silva Pereira e Luiz Henrique de Araujo Dutra,” ‘que propdem diferentes padres de investigagio. E certo que ambos “PEREIRA, Eiomar ds Sv, Tori de wep cininal.p.39-47. O trecho 2 seg sintetia a natrea do ato de investiga "Em sinc, com base nessa ‘concepeio cétiea e antecedent e moderada que podemos falar a investgapo como avidade sedis, tendo em visa uma atid metodica que se rexguarda doe vicos da presngio conic combate a razfo ing bid, p47. © importante observar que Eliomar daSilva Perera tem formasio juridi- 6: eon» ergo cial cam 0 cope efor un or smetodologics Pars eno, vlizou-se dos ensinamentos Ge alguns ElGsofo, inne or pas is Hentique de Araujo Dutt, catedrtco de Filosofia dg trazem considerages relevantes num espectro muito mais amplo do que & necessirio abordar aqui. Assim, considerando a irea de con- centragio deste estudo, seri extraido apenas 0 que realmente pode trazer alguma inovacao & utilizagio da aio contolada ‘Com base no pensamento de J. Dewey." Eliomar Pereira da Silva prope um padrio de investigagio que possu cinco elementos: cexisténcia de uma situagio indeterminada;instituigio de um proble- ‘ma; determinagao da solugio de um problema; raciocinio; ¢ cariter ‘operacional dos fatos-significados.” ‘Em brevissimas palavras, para que se possa falar em investigagio é necessirio haver uma situagio incerta quanto 20 resultado, que enseja a realizagZo de uma indagacio ea consequente busca para sua respost, possibilitando a unificagio da situagio, Assim, sendo a stuagio inde terminada’ objeto da investigagio, ea deve ser problematizada, isto & deve-se instituir adequadamente o problema a ser reolvido, Cumpre cenfatizar que um problema bem colocado éessencial para 0 bom desin- de da questio, pois é ele que determina os dados que serio selecionados, as hip6teses que serio consideradas elevantes ¢,por conseguinte, quais stigestdes serio acatadas." Nesse sentido, eclarecedoro trecho a seguir: A delimitasio adequada do problema real da investigagio implica em ganho de tempo substancal, na medida em ue se descartam elementos que, ou ji estio presentes nos ‘Universidade Federal de Santa Catarina, cujos trabalhos foram urilizados coma base deste Capitulo Segundo o autor, J. Dewey adom o instrumentalismo pragmstco, dferencian~ do-se do pragmatismo metafisico, que reduz verdade & utiidade. Assim, no pretende definie a verdade, mas um procedimento para deteminaro sigwifca- Go das proposigdes. Enfatizando os procedimentos para obter conheciment J. Dewey aproxima-se da metodologia cientifica contemporinea e, por isso, € aadotado como paradigm da logica pelo autor estudado Ver Tera da investigaao Griminal.., p.40. Luiz Henrique de Araijo Dutra apresenta os momentos da investigagio de J. Dewey com outros termos, in vrbis"(I) a existineia de uma situacio indeterminada, (2) a constitugio de um problema, (3) a determinagio dda solugao para tal problema (hipétee), (8) a consideragio das implicagies € ‘consequéncias da hipéteselevantada,¢ (5) corroboragio da hipétese (por meio da experimentagio e observagio) "Ver Pragmitica da investigngao: modelos in= tencionais na investigagio policial. Revita Brasilia de Cinias Policia, Brasilia w An. 1, jan/jun 2010, p. 139. ” PEREIRA, Eliomar da Silva. Op.cit, p. 41-5. * Ibid, p. 41-43. Scanned with CamScanner att cia tthieatecni et tt, * Posto 0 problema, deve ser determinada sua solic, mais é do que uma hipétese formulada a partir das condigs*\y extraidas daquilo que foi observado, o que é feito por meig ciocinio, consistente na operago que atribui significagio ag, ."* constituintes do problema investigado. Dessa maneira, na medi, que sio dotados de significados, os fatos so expressos por meis,* proposicées ou simbolos, adquirindo um cardter operacionaln 4, coberta da solugio, apresentando-se como 0 momento de verify: dhs hip6teses."" Esse caminho proposto pelo autor para solucon, © problema pode ser entendido como um método — procedimey, ara atingir um fim — " dividido da seguinte maneira: métodos investigacio em sentido estrito, utilizados para encontrar ou descobri, uma solugio; e métodos de verificacio, que controlam, em momenta Posterior, a aceitabilidade da solugio. Luiz Henrique de Araujo Dutra adota outro padrio de invest. ta¢%0 cientifica que, embora seja semelhante ao ja descrito, apresenu, mais etapas e introduz a ideia de modelos, que sera pormenorizadaa seguir." Aproxima-se do que ji foi exposto na medida em que visu- aliza a investigacio como um processo desencadeado por um fato."* Para compreender essa ideia, é necessdrio enumerar as sete etapas que devem ser percorridas durante o procedimento investigativo. Sio clas: i) a constatagao de uma situacio (problema) que nao é abarca- da pelo modelo tradicional; * ii) a elaboragd0 de um novo modelo * hid, p43, nom 19, PEREIRA, Eliomar da Silva. Teoria da investigapao criminal. p. 44-45. '' Sobre 0 conceito de método, er item 1.3.1. "= PEREIRA, Bomar da Siva, Op.cc,p 146A divso em etapas inspira em .Camap& preci e cormponde i csificado que apresenaremos ante dos atospratiados no bajo ds fie incial da persceugio penal em atos de = vetigalo (hiptee e contro da dligenchyc to de ierugto ecrlfiagzo). " Noten enu aor eligi penne elu no dearer dos tox tendo deine en 2001,qu pads deimenipaiown costenes pone por gusto eapas a eaber:o probkmass hp; a ee Astaro ae Bur ta Henrique de Ajo Pogmaics dimen aso id, 138. "aa 6 situagdo que denomin "vil de expectava, pois ndo se encont ‘uma slugio pronta pars o problema no modelo previamente erids “neon a 4 que englobe uma situagio idealizada proxima daquela primeira; ii) © teste da consisténcia do novo modelo com a teoria de base; iv) a elaboracio de situagdes de observagio experimentagio que permi- tam comparar 0 novo modelo com situagio real (modelo-ponte); ) a construgio de contextos ou a busca de situagdes que possam fornecer informagdes relevantes de acordo com o modelo-ponte; vi) consolidacio dos dados obtidos na observagio e experimentagio; € vii) a incorporagio do novo modelo 4 teoria."* certo que, numa primeira leitura,a compreensio desse proce- dimento apresenta grandes entraves.Todavia, o proprio autor esclarece que essas etapas sio a evolugio de uma primeira proposta de divisio, da investigacio por ele feita, que se resumia & colocagio do problema (que emerge da violagio de uma expectativa) 4 elaboragio de uma hipétese, a descoberta de uma base de dados que sustente a hipstese € A constatagio de acordo entre a hipotese © a base de dadios.'” Se TRA tt oie oh net te Se yin knots com “i emer ee ie ace et fr eee ao en ei na at sacar pein nh nat dete (By ans pot compara novo model com siagio rea ma qual eve proceso Oa eee sete sme hn eae GR eee 2 re mes cn a i Serie ert Sa ee —— : - re Tog «nimi cptmninin tae oe 67 Scanned with CamScanner prestarmos atengio e compararmos 0 que aqui esté posto como textg do parigrafo anterior, notaremos que a nova divisio, com alguma sofisicagio de linguagem, apenas dissecou a etapa da formulagio da hipétese e criow um mecanismo que possibilitou entender como base de dados deve ser conffontada com a hipétese para concluir se cstio em acordo ou nio.A esse mecanismo ele dew o nome de mo- delo-ponte.™ O grande diferencial de seu pensamento, portanto, € a utilizagio do papel das modelos na investigagio. E, para uma melhor compreensio do que se pretende extrair dessa teoria, é necessirio {farer uma breve digresso sobre os modelos cientificos. Modelos cio recursos de pesquisa utilizados para conhecer 0 desconhecido por meio da organizagio dos objetos observados de acordo com as propriedades que apresentam. As caracteristicas co~ ‘muns entre as coisas io identifcadas e, mediante uma abstrago, sio criados 0s modelos, que acabam servindo como classes de padrdes de investigagio a partir de entio. Por meio deles,é estabelecido um parimetro de como as coisas gerimente sio ou acontecem em deter ‘minados segmentos ou condigSes faciitando a atividade de organizar ‘© mundo para melhor entendé-Io."* _Existem diversos tipos de modelos, mas aqui interessa 0 chamado 1modelo-réplica ou modelo representativo das similaridades daquilo que é observado, quer dizer, aquele que revela as caracteristicas ‘comuns encontradas nos objetos de investigacio. Apresentam. duas dimensées:a nomolégica ¢ a analégica.A dimensio nomol6gica é Tormas de reunio eeatament dos dido.o gue expicremos com mais vagar 1 ite reli 3 aividadedeimlignca Ver A atvidade de inteligéncia de Seguranga Pablica. Reta Basia de Cas Pil, Bra v. 2. n. 1, jan/ Jn 2011, p22 A grande ude do modelo-ponte&sumenr a eficénca da investigngo no sentido de ever formulaio de hipéeses e+ manatengio de linhas de invesigagio que no tenham qulgucrcorespondénca com a reaidade. Nesse pnt, muito dusratva a afiemagSo que Guaacy Mingard trib a Sherlock Holmes em seu texto“. evantar hipétss sem tet os dios necessrios & serapalharo raciocinia" Ver © eablho da Intelgécia no Contle do Crime ‘Onnizad, suds venadoy Sto Palo, 21,0. 61,2007, 9.66.03 modelos. ponte serio objeto do item 2.1.4.2 aan, onde eto mais bem exporados © CEDUTRA, Lai Henrique de Araujo. A cigacia eo conheciment human como contro de modelos Philp. 1.n.2,p.247-286,s60/de ogg 1p 257-258 c 266-267; DUTRA, Luts Henrgue de Araso. Os Moston = Pragmitica da ives. Sntiae Studia S30 Paul, «3, 22008, 9, mais abstrata e tem a ver com a organizagio das les que presidem ‘os fendmenos, algo comum no que se refere is ciéncias exats. Ji a dimensio analégica refere-se as semelhancas relevantes entre fos objetos, as suas caractersticas particulares. Asim, seri possvel classificar um fenémeno por meio da comparagio com o tipo’ que tum modelo confere tendo em vista as peculiaridades que apresenta Essa itima é a mais importante na pragmética da investigacio, pois permite comparar a situagio modelo abstrata com o ocorrido na realidade ¢, a partic disso, posbilta a tomada de conclusées € atuacSes por parte do investigador.” "Em linhas gerais, o investigador analsa uma stuagio e verifica se & possivel enquadré-la num modelo pré-existente. Caso asituagio no seja contemplada pelo modelo, elabora um novo modelo que posta englobé-la e o testa confrontando-a coma teoria que emba~ sou a criagdo do peimeiro modelo, est incornpleto. Para efetivar tal compara¢io, 0 investigador elabora situagSes de experimentacio, denominadas modelos-ponte, fzzendo a ligagio entre 0 abstrato € © concreto.A partir def passa a obterinformayées relevantes por meio das observa¢es, consolida os dados e os compara com 0 modelo abs- trato que, se aprovado, é incorporado & teoria. Em suma, 0 esquema “{..] se inicia com a violagio de uma expectativa, termina com © centendimento de que aguilo que era inesperado deve ser esperado ‘em determinadas condiges”." importante ressaltar que a distingdo entre os dois tipos de ‘modelos reside apenas no grau de abstragio. Assim, em diferentes ‘contextos o grau de proximidade dos modelos-ponte para com, de tum lado, os modelos te6ricos e, de outro, os dados empiricos,é rela~ tivo. Os modelos-ponte sio mistos, ou seja fazem a ligagio da teoria com a realidade, de modo que podem ter maior ou menor grau de abstragio em relagio aos dados empiricos. Para tentar exemplificar 0 procedimento de criagio e utilizaga0 dos modelos de representagio em sua dimensio analégica, é aril pensar nas ciéncias biologicas, precisamente na divisio dos seres vvivos. Conhecemos as classes dos peixes e dos mamiferos. Ao se identificar uma baleia, ser que possi barbatanas e vive em meic wa eo conhecimento human... *DUTRA, Luiz Henrique de Araujo ci 269 ¢ 280. °™ DUTRA, Luiz Henrique de Araujo. Pagmstica da investgacio.., . 140. «0 Scanned with CamScanner aquitico, existe a tendéncia de incluf-la na classe dos peixes de acordo com 0 modelo conhecido, existiriam caracterigy comuns entre eles. Todavia, algumas caracteristicas afastam espécie-tipo do modelo dos peixes, como a forma de reprody,s, Assim, é necessério comparé-la com as caracterfsticas do modelo da ‘mamiferos,e,concluindo-se por sua pertinéncia a esse, atualizé-lo 4. maneira a abarcar mais essa espécie. Todavia, poder-se-ia imaging, uma situacio em que nio fossem constatadas semelhangas suficiente, para alargar um modelo, sendo necessaria a criagdo de uma terceir, classe de seres com caracteristicas peculiares que os diferenciam dos peixes e dos mamiferos."® Outros exemplos podem ser pensados.A fisica qudntica surgiu justamente da observacio de que a fisica clissica, que se aplica ‘0s fenémenos relativos a tudo que é maior do que um atomo, iio era suficiente para entender 0 que ocorria com as particulas menores do que ele. Assim, todo um processo de criagao de teorias ¢ experimentagées foi levado a cabo com 0 escopo de elaborar um novo modelo que satisfizesse as novas necessidades, chegan- do a uma teoria que foi objeto de dividas durante décadas, pois cla parece ser ‘esquisita’. Contudo, muitos cientistas imaginaram experimentos que poderiam ligar a teoria com a realidade (mo- delos-ponte) ¢, as poucos, foram confirmando sua existéncia, Um exemplo disso é 0 famoso experimento mental chaimado de “gato de Schrédinger’."° E possivel, ainda, pensar em outra situa¢do ilustrativa, ago- 12 percorrendo todas as sete etapas propostas por Dutra. Embora Einstein tenha sido um dos precursores da fisica quantica, existiam inconsisténcias entre esta ¢ a teoria da relatividade.'* Diante dessa ‘situagio-problema’ (i) o fisico Juan Maldacena criou, em 1997, 0 "0 exemplo fl inspirado ma observario do autor, quando arma que o homem “o] we cera smaaridade entre bale e pits, uma smilaridade irelevante | para a teoria biolégica tual [...".Ver DUTRA, Luiz Henrique de Araujo. A I Giéncia eo conheciment human... 271 °° Disponivel em: hup:/wwwastoporp/2013/08/05/o-que-e-esatalfaica- | “quanta. Acesio em: 14 dex. 2014 Sobre aexperiéncia deo gato de ScheO- Anger armou-se que" J stroaorelaivsmo quintco cm adel de que tam guts echado der de uma caixa ext tanto vivo quanto mort, ngeata tio abrirmos a caiae term certeza de ual 0 verdad estado do gato" "Foi a irritagio com alguns: promunciara edlebre ase" modelo do Universo hologrifico, (i) no qual a gravidade surgiria de cordas vibratérias infinitamente finas em um mundo de dez dimensGes. Neste, o mundo ‘rel’ seria uma das dimensbes € nio teria gravidade, ¢ o resto, apenas um holograma, © novo modelo proposto, em um primeiro momento, é testado com teoria de base da fisica (ii). Posteriormente,sio pensados experimentos com base no novo modelo que, aplicados 4 realidade, podem vir a confirmat sua coeréncia, os modelos-ponte. No caso da teoria do Universo como holograma, algumas simulagdes foram idealizadas com base nna teoria das cordas (iv). Duas delas foram colocadas em pritica por ‘Yoshifumi Hyakutake. Na primeira, foi calculada a energia interna de um buraco negro ¢,na outra,a energia interna de um cosmo sem gravidade (v). Os dois cilculos concordaram. Como ainda existem davidas sobre alguns outros pontos, novos experimentos devem ser pensados e realizados, mas os cientstas ja afirmam que esss simula- Ges confirmaram numericamente 0 modelo proposto (vi)-A. part de agora, portanto, o modelo do Universo hologrifico e ateoria das cordas foram incorporados A fisica quintica (vi)."" E certo que a utilizagio dos modelos é tanto mais icil quanto maior a possibilidade de abstragio, sendo mais adequada as ciéncias naturais e empiricas. Outra é a realidade no que diz respeito as cién~ cas sociais, que nio permitem o mesmo nivel de abstragio. Todavia as ferramentas intelectuais wtilizadas para organizar © conhecimento ‘podem ser as mesmas, desde que se tenha consciéneia das limitagSes {nsitas a0 objeto de estudo."” ‘© tema seri retomado com relagio as ciéncias criminais no item 2.1.4. Por ora, basta afirmar que a exposigio dos dois padroes de investigagio mostrou-se interessante para of fins deste trabalho por destacarem dois pontos essenciais para a ealizagio de uma ati- vidade de pesquisa proficua:a boa formulagio do problema ¢ a uti- lizagao dos modelos. Entendemos que a elaboragio de Dutra é mais diditica, além de ser muito itil aos nossos objetives a0 introduzir 0 ‘ew wrastroptorg/2013/08/05/0-que-e-esta-tal-fsica-quantica/. Acesso em: 14 dez. 2014, 5 Bxemplo elaborado com base em texto cientifico para leigos extraido de hhup://hypescience.com/o-universo-e-na-verdade-um-holograma/. Acessa fem: 14 dez. 2014. Me DUTRA, Luiz Henrique de Araujo. cignca e © conhecimento humano....F 276-278, Scanned with CamScanner conceito dos modelos. Isso porque, sen iidenb de investigacao cuja finalidade é a coleta de G80 controladg ning suficiente para a persecucdo dos lideres das Me Material Probatéri ela depende de um bom conhecimento de wie criminosas se dio, o que permitird a selecio das técnicas oes fatos geralmente ibilitem a obtengio dos dados almejados con te que possil en¢ao los almejados com o minimo d, interferéncia possivel nos direitos individuais dos investigados, He tem, ainda, grande relacdo com a inteligéncia criminal, como apt caremos no item 2.3.3. Mas ndo podemos deixar de lado o avango representado pelo destaque do bom entendimento do problema ¢, consequentemente, da formulagio das indagagdes pertinentes, para que seja encontrada uma boa solug4o ou, em outras palavras, para que seja elaborada uma hipdtese atil. Toda essa explanacio tedrica acerca do enfoque cientifico da investigagio ser utilizada nos itens a seguir para andlise da atividade policial no ambito da persecugio penal, analisando-se o contexto em que ocorre ¢ os modelos que utiliza. 2.1.3. Especificagao da investigacao criminal pelo contexto e objeto A investigagio criminal, como qualquer outra, é uma pesq4!s’ uma atividade dirigida ao fim de encontrar algo, No entanto, di- ferencia-se das demais por conta da particularidade de seu objeto € do contexto em que se realiza, Dutra afirma que o contexto no qual a investigacio se desenvolve caracteriza sua natureza. 1850 © essencialmente importante para entendermos a especialidade da investigacao criminal,” Algumas condi¢é: jetivas si, Bia it 50 di eu a ndigdes objetivas sio responsaveis pela caracteriZ3~ ¢40 do ambiente em que a atividade investioat oe investigativa ocorre, tais Com" "" DUTRA, Luiz Henrique de Araujo. Py Segundo 0 autor, nossa conduta abare como sinénimo de a nue Ut evento voltado de proposita, mas como um ‘ento voltado a outro, jutro, sem © qual nio pode ser compreendid P lo.N i um evento intencional, pois consiste em aye a0’ tvestigaco & sempre uum fim, qual seja encontrar algo, Nem por isso deen et° dirigido para os fatores ambientais, que vio definir ver que a relagio entre certa forma social é necesséria, Scanned with CamScanner Pe 5 , investiga—lo.” Todas do proprio procedimento de investiga Tos enumeradas indicam, em éima andlise, a existenis 4. ay penal com leis especifcas, operadores oe instrumen, «6 existe porque o crime é uma realidade inerente aso, ic exto em que haja un, pode se entendido dentro do context? &™ 4 : i sn mardi Afi o dei & 2 avidede ans fim de transgredir a norma." - ang, asim, aprciculridade 40 Ob/%0 4 ite, crime, ov 8 conduta humana tpica eit ti Conte desse objeto especial, a investgagdo criminal eects particularidades no que concerne a0 conceito de todo a ela apicado.** No que tange & verdade buscada por meio criminal, hi que se ter em mente o fato de ser hist” proposiges que tratam de fatos pretéritos na0 acessiveis 00 momey | duane difrentementedasciéncisexatase experiments a to 20 método, apesar de nao existir nenhuma determina¢3° egal de camo investiga deva ser levada a cabo, existem regras DEER | ‘to, probe-se a utlizagio de algumas técnicas para obtenrio a dados quando ensejan viola 2 direitos fimdamentas.™ No mis | 4 de wma inves, pristbrica © rete, ® DUTRA Lue Henrique de Araya. Op ct, p. 146-147. "hid, p47, "=O coc dominume radon que aot acorn inaita ented 0 om a qu oncordmo. (id, omar ds Si. Ti siege a a de dno roma ee ¢ tarefa do presente estudo propor algumas etapas 2 serem seguidas no procedimento investigativo, de modo a Em, regras PO- sitivas com 0 escopo de potencializar a el geri a atividade investigativa & muito depen: Seus agentes, No entanto, seria interessante propor a fegras que a sstematizem e que otimizem seus resultados, or ora,este item sera restrito ao destaque da particularidade do ‘objeto da investigagio. Eliomar Pereira da Silva afirma que 0 crime é dotado de uma complexidade ontolégica e justfica tl aseryi0 com base na teoria da tridimensionaidade do Direito de Migue! Reale, uma vez que a norma penal incriminadora, assim como qualquer outra, possuj estrutura tridimensional, ow seja, apresenta tum fato subjacente, um valor que confere significagio a esse fato € uma norma que integra esses elementos um a0 outro." Nesse sen «ido, 0 tipo penal € 0 responsivel pela igacdo da dimensio fitica do crime com 2 normativa ¢ seri tanto mais di 4 investigagao criminal qa feréncia a elementos objetivamente observaveis, dha legalidade.™ Note-se que, d€ Jo exposto no item anterior, de © tipo também seria um modelo so vedada cuja existéncia deve set aque descreveria a averiguada ma realidad»

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