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Governos regenciais + Regéncia Trina Perma- nrente: José da Costa Car- valho, Jodo Bréulio Mu- niz e 0 general Francis- code Lima e Silva (1831 1835). *+ Regéncia Una: padre Dio- 90 Antonio Feijé (1835- 1837). + Regéncia Una: Pedro de Aragjo Lima (1837-1840). {[ Revéncia:nesse caso, governo transitério de um pais, instituido fem razo da ausénc 0u do im- Pedimento do soberano, Detalhe de A abicactio de Dom Pedro I, pintura de Aurélio de Figueiredo, c. 1890. Palacio Guanabara, Rio de Janeiro (R).A representacio do principe herdeiro Dom Pedro ll (a0 centro, no colo da imperatriz Dona Amelia) demonstra a continuidade da ‘monarquia no Brasil, apesar da abdicagdo de seu pai. O periodo regencial G O sistema regencial Em abril de 1831, Dom Pedro | abdicou da Coroa brasileira e retornou a Portugal, deixando seu filho Pedro de Alcantara, de apenas 5 anos de idade, ‘como o novo imperador do Brasil. Conforme previa a Constituicao de 1824, adotou-se o sistema politico da Réi ‘a maioridade do imperador. GHa, que deveria vigorar no pais até Desde a primeira elei¢ao para a Regéncia, em 1831, até a declara¢3o da maioridade de Dom Pedro Il, em 1840, o Brasil foi governado por dife- rentes regentes, que detinham as atribuicdes do Poder Executivo, mas nao as do Poder Moderador. Os regentes nao tinham autoridade, por exemplo, Para dissolver a Camara dos Deputados nem para estabelecer acordos internacionais. Tendéncias politicas do periodo regencial Durante a Regéncia, nao havia consenso entre as elites sobre a forma como deveriam se organizar institucionalmente, nem sobre o papel do Es- tado. Essa divergéncia explica, em parte, a grande instabilidade politica que caracterizou o periodo. Trés grupos principais representavam os interesses de diferentes segmentos da elite brasileira * Uberais exaltados. Grupo formado por proprietérios rurais, camadas mé- dias urbanas, militares e padres, que defendiam as liberdades individuais @ a descentralizagao administrativa, conquistando a simpatia de setores Com poder e influéncia locais. Alguns membros defendiam a republica. * Liberals moderados. Grupo composto de proprietarios rurais (especial- mente cafeicultores) e comerciantes das provincias do Rio de Janeiro, Sao Paulo e Minas Gerais, que defendiam a monarquia constitucional e a manutengao da escravidao. De fato, foram eles os dirigentes politicos do Brasil durante a Regéncia Trina Permanente, entre 1831 e 1835. + Restauradores. Grupo consti- tuido por comerciantes por- tugueses e membros da admi- nistrag3o publica, que defen- diam uma monarquia forte e um Estado centralizado. Pre- tendiam restaurar 0 governo de Dom Pedro, mas acabaram perdendo forga politica apés a sua morte, em 1834, As diferencas que dividiam as elites expressavam as difi- culdades de conciliar o modelo liberal com as bases de um Es- tado que garantisse a manuten- G40 dos interesses dos grupos dominantes, G Reformas regenciais Para conter a instabilidade politica apés a abdica- ¢40 de Dom Pedro |, foi formada a Guarda Nacional, ‘em 1831. O intuito era constituir uma guarda armada de cidadaos - nos moldes da Repiiblica Francesa - Para garantir a seguranca de todo o territério e, even- tualmente, das fronteiras do pais. Servia também de reforco contra rebelides e conflitos regionais. A proclamacao do Ato Adicional de 1834 modifi- cou a Carta Constitucional outorgada em 1824, alte- rando a relacao entre o governo centrale as provincias, ‘que conquistaram mais autonomia com a criacao das Assembleias Provinciais. As provincias, por meio do Ato, ficavam encarregadas de cuidar das suas despesas e distribuir os impostos arrecadados pelo governo cen- tral. 0 Ato Adicional também criou a Regéncia Una com mandato de quatro anos, eleita pelo voto censitario. A aprovacao do Ato Adicional causou uma divi- 30 entre os liberais moderados: 0s que apoiavam a centralizac3o do poder e a revogac3o do Ato forma- fam 0 grupo dos regressistas; ja os defensores do Ato Adicional e da autonomia provincial formaram ‘© grupo dos progressistas. Os conflitos entre os dois grupos marcaram todo o periodo regencial. G Revoltas provinciais Rebelides eclodiram em todo o pais ao longo do periodo regencial. Razées politicas (como disputas entre diferentes grupos locais ou entre as provincias '@ 0 governo do Rio de janeiro) ou a insatisfagao com a pobreza, a escravidao e as duras condi¢ées de vida foram alguns dos motivos das revoltas regenciais. A maior parte delas foi violentamente reprimida, mas, ainda assim, tais movimentos desestabilizaram a regéncia progressista do padre Feijé e favoreceram a chegada ao poder dos regressistas, em 1837. Para muitos estudiosos, a pacifica¢ao do territério signifi ‘couareafirmacao da ordem imperial e a consolidaco do Estado nacional brasileiro. Cabanagem (Para, 1835-1840) Muito préxima da antiga metrépole, a provincia do Para contava, em sua elite, com numerosos co- merciantes portugueses. Assim, os paraenses nio aceitavam com facilidade as ordens do governo regencial, do Rio de Janeiro. A situacao politica instavel se somou uma crise econémica, que levou boa parte da populacao a pendria. Os habitantes da provincia eram, em geral, negros alforriados, indios e mestigos. Chamados de “cabanos", eles trabalhavam para os comerciantes na extracdo das “GfOgasiolsertao”. Em 1835, estourou uma grande rebelido popu- lar. Os rebeldes perseguiram a elite portuguesa e proclamaram a independéncia do Para, mantendo Por um ano o controle da provincia. Divergéncias internas, porém, fragilizaram 0 movimento. Apos a retomada de Belém pelas forcas federais, 95 cabanos se refugiaram no interior, onde conti- nuaram lutando. Apés longos e violentos conflitos, tropas legalistas (do governo) reconquistaram o controle do Para. Estima-se que 30 mil pessoas tenham morrido no conflito. ada (Maranhao, 1838-1841) A provincia do Maranhéo passava por uma intensa crise econémica na primeira década do século XIX em razao da concorréncia do algodao produzido no sul dos Estados Unidos. Esse cenario de instabilidade, aliado 8 miséria da populacao local, resultou na eclosao da revolta popular conhecida como Balaiada. 0 movimento recebeu esse nome porque um dos seus primeiros lideres, Francisco dos Anjos Ferreira, era artesao de balaios. Outra lideranca do movimento foi o negro Cosme Bento das Chagas, que se destacou coman- dando cerca de 3 mil escravos fugidos. Nesse ambiente conturbado, os escravos forma- ram diversos quilombos, desestabilizando a rigida estrutura social vigente. Para conter o movimento, 0 entao coronel Luis Alves de Lima e Silva foi nomea- do presidente da provincia e consequiu, em pouco tempo, par fim a rebeliao. Parte dos revoltosos foi anistiada, Cosme foi enforcado, e os demais negros foram reconduzidos a escravidao. Fonte: istoé Brasil 500 anos: atlas historico. Sao Paulo: és, 1998. p. 57. Revolta dos Malés (Bahia, 1835) Em 25 de janeiro de 1835, eclodiu em Salvador ‘a Revolta dos Malés, organizada e conduzida por escravos e ex-escravos das etnias haussa e iorubé, na época conhecidas como nagé. Existem diferentes interpretagées sobre a origem da palavra “malé"; o mais provavel é que denominas- ‘se, na lingua ioruba, o africano muculmano. Embora Co levante tenha recebido esse nome, africanos nagés do islamizados também participaram do movimen- to, Reunidos, os rebeldes formaram uma forca de aproximadamente 600 combatentes. Os objetivos dos malés nunca ficaram muito claros. E provavel que lutassem contra a escravidao e contra a conversao forgada ao catolicismo. H4 também indicios de que pretendessem constituir na Bahia uma nacao controlada por africanos muculma- nos. A crise econémica em Salvador, coma continua escassez de alimentos e o aumento dos precos, tam- bém ¢ apontada como razao para a revolta. © movimento foi rapidamente sufocado. Os es- cravos nagés Pedro, Goncalo e Joaquim e 0 liberto Jorge da Cruz Barbosa, principais lideres da revolta, foram mortos, e os demais envolvidos, punidos com acoitamentos, prisdes e degredos. 10 lembrangas da Arica, além dos depoimentos dos revoltosos, 0s objetos malés confiscados pela policia: anéis, tessubis (o rosario malé), abadas, amuletos e escritos drabes. Estes iltimos constituiam testemunho, embaracoso para os brancos, de que 0s africanos conheciam a escrita, sinal de civiliza- a0. [...] Os escritos érabes davam testemunho de ma crenca trazida da Africa e aqui reproduzida e ampliada, j4 que o isla era uma religiao em franca expansio entre 0s africanos na época do levante.” REIS, Jo José. O santo da Bahia muculmana, Revista de Histria da Biblioteca Nocional. Disponivel em “worn reistadehistorin com br/sec20/dossie-imigracao- Italians) ‘sonho-da-bahia-mucuimana>. Acesso om 23 fev 2016. eit a incon cuore Jhurd CLAUDE GEOFTRON DE YAAENEUVE ~ BBLOTECA Revolucao Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835-1845) A Revolugao Farroupilha ou Guerra dos Farra- os foi a revolta mais longa do Brasil imperial, que comecou durante a Regéncia e terminou no Segun- do Reinado. Ela foi motivada principalmente pelos elevados impostos cobrados pelo governo central sobre o charque produzido na entao provincia de ‘S40 Pedro do Rio Grande do Sul. Esses impostos beneficiavam os produtos importados dos paises da Bacia Platina, que ficavam mais baratos. Os rebeldes também estavam descontentes com o isolamento da provincia, que praticamente nao participava das decis6ées tomadas no Rio de janeiro. Em 1835, 0 governo provincial foi deposto, sendo proclamada a Repablica de Piratini. O rico estanciei- ro e militar Bento Gongalves assumiu a presidéncia da Repdblica Rio-Grandense. Em 1839, comandado pelo revolucionario italiano Giuseppe Garibaldi e sua companheira, Anita, 0 Exército rebelde ocupou a provincia de Santa Catarina, proclamando a Re- pGblica Juliana. Até por volta de 1840, os rebeldes controlavam importantes areas do interior da provincia. O quadro comecou a mudar a partir de 1842, quando 0 jovem imperador Dom Pedro II nomeou Luis Alves de Lima € Silva, o futuro Duque de Caxias, para presidente da provincia. Habilmente, Caxias se aproveitou das divergéncias entre as liderancas farroupilhas para dividir 0 movimento e criou barreiras para o escoa- mento dos artigos produzidos na reptblica que se destinariam ao exterior. O movimento foi vencido pelas tropas imperiais, mas sem a repressio que mar- couas outras revoltas do periodo. Os rebeldes foram anistiados, e muitos deles acabaram incorporados as fileiras do Exército. Além disso, 0 governo imperial elevou os impostos sobre o charque estrangeiro, atendendo a antiga reivindicacdo dos rebeldes. Drogas do sertio: espécies vegetais dda regio amazénica de uso medicinat eculinrio, como anil, castanha-do-paré, ‘cacau, urucum ¢ baunitha. Representacao de sacerdote ‘mucuimano do Senegal usando ‘amuletos istamicos (1780), gravure de René Claude Geoffroy de Villeneuve. Biblioteca da Universidade da Virginia, Charlottesville, Estados Unidos.

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