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= | fever, ‘sivia. volo ds dirs darter nor Be Reid TD menos oc FEse 5, gana tee Se ery do Cisne ae 2 a Et Carpet 197. ca Posfacio: Conceituando o Género Heleieth LB, Saffoti ‘Todas a8 atividades humanas sio medisdas pela cultura, pois € gragas a este verdadeiro arsenal de signose simbolos Aue aquelas atvidades adquirem sentido e os seres humanos tomnam-se capazes de se comunicar Desta sorte, a0 nivel da Sociedade, nfo existem fenémenos naturas. ‘Embora se pensasse superada a fase histérica de a biolo- ‘la éo destino, surgin na décadade 1980 continua grassando atualmente um retomo assustador a posses essencialistas, ‘inculando a mulher natureza eo homem cultura, Oacervo de teoras,aeumulado em ues decénios de pesqusasferinis- tas, permite a defesa da postura que advoga a construgio social do género, a fim de se combate a escalada 05 Pensa “Thenfo ouservador,atamente dletéio ao avango das Tuas polftcas pela igualdade socal, desenvolvidas por categorias sociaisdiseriminadas [Nilo se trata de buscar qualquer outa igualdade situada fora do campo socal, na medida em que isto levara, inexo- rayelmente, a uma esséncia masculina e a uma esséncia feminina. Tampouco se tata de negardiferengas ent ho- ‘mens e mulheres, © que representaria intolerncia, mas de entendé-las como fruto de uma convivincia social mediada am pela cat, “As mares ue ecapran 6 Brey Fe peta cl metsmo com os homens (~) dfendem Ue rin een enon eos opaato a lesen sm gular anbighidae™ (Darcy de Olive 1991. P- 1. se pensar (ou nar pr) difeegs, asim come 2g dade einjunnte, envlvesériaseemads, anna ae rege poe conc belt primase Sansa segine fru: clia {un hearse agai o mesmo valor 8 igualade 2 ie destin pdiaem qo ao conte um pa Soi, renga ma red elunvo, mas sf coda uma a condido dt sumamenl in pode aferena fou cour, som it ut Chaaras wengo aus Go igualiade? Tei co o'ne no houvesse resell send fi aireciaio so das dimensies um es sila < pelagnno epde mecioa US mo pros a Dest sor, adferenganfio63eclo ako nds (ais, 191). A pessoas stuam-sen face oi tibuiHofeonquista do poder— gener rsuenis chaos de deta ts smiinds que preset com lass srt aaa desseelanges de queso ora. dexrmint utes cats, Assim, adscussfo sobs fasem rig far semdo isladamente, uma vez ve Ae edo inulamento que els 6 Ora 32" pene 0 orients de conto ascminatc, Asif pall Po rveiam no falda eon sea al fees tects fernnn iinta uma ese se, aut, bg et long deseo case, No se prod, scaling ¢ lap dciereng, como feza cide ls ae postr intlectuns gue coneebem o Ene Iso ooo or, num dscurso qe admiteexpcamet ve Sood genero,esee, obvamentcamban® ades-e-00 Need rien, dicot sede iets 0290 0 cides sna diferenge, quando a igualdade abe m nike a SE cel ance sa hen ha Ne te ete Sina imtteatncne Selig a ppeaeriteeae Soe oe eee none sooek eV iene Sick caret rmoniy eae me _ cali espages da vidi apse ame tt pein Sees coca ss nis, consent oto fino co Sek taints ahaa Sianvemermsnde rage es ce, pons Sens oO ae ainieae (p. ix-x). aimee eerie hese get lisse sociale em ragaletaia Asin et vez oer eee Se TAS ao, Sra eaasist-, rnc ave et si cote mpi oo see sSOatae ean mcs hgh eran epee nas cen trom. m3 aun siuao gree dis : on real Com que a nta- hae i Gee Como wo pest ge 2 PSD Gio ea ant gues ou Bia ise aan ca aid ena Sn ti i Cos Fe cm amon Sed en tat tera de epee Se weet sinc cmon Sgeamtiem o mere fei coms oe ses naan tg gun ee © EER a ant aie eel it lade de ven 0, OFS pepe orate sain itn nen Sem pan ‘simultfinea da classe soci so sine onion man aan eet wenn ope etcetera te esesizadora a desen ica pics means eh ms construpfo origintia do género, bem como na dirego desu desconsirugovreconstrugo. -Evidentemente, o nivel da subjetividade € privilegindo, sganhando relevo, desta forma, a auto-representagio. Nos {terstfios das préticasinsttudas, nas margens dos dscursos Competent, nas brechas da estutura de poderfsabernascem cotiianamente novas representagbes,sobretudo auto-repro- sentagbes, que vio consiruindo 0 género em outos terms, Desta sorte, 0 g8nero nto éconcebido como camisa-de-forg, Pole-seafitmar que, para esta autora, o g8neroapresenta um carder substantivo, na media em que designa categorias sociais,¢ uma dimensfo adjetva, ou Sea, sua face normati- zadora. E também o caso de Welzer-Lang (1991), quando firma que “A violencia doméstic tem um genero: omascu- Tino, qualquer que sea o sexo fisico do(a) dominante” (p 278) que “No imagindrio masculino, a mulher nfo existe como sujeito. Ea 6, sejao objeto a ser tomado, a consumir, feja um outro homes” (p. 114). Hi, todavia, autores, que prescndem do genero enquanto esignante de substancia, encarando-o exclusivamente como uma elago entre sujeitossocialmente construfdas em con- textos hstSrcos determinados. “Como um fenmeno con- textual e mutével, o género nfo denota um ser substantivo, mas um relativo ponto de converpéncia entre configuragdes de relagdes, cultural e histricamente espectficas™ (Butler, 1990, p. 10). © conceito humanista do género enquanto aributo de uma pessoa nfo serve como ponto de partda para ‘uma concepeio relacional, na qual tanfo a pessoa quanto 0 _génez0 slo frutos do contextohistérico que os consti, CConceber género como uma relago ence sujeitoshisto- ricamente situados é fundamental para demarear o campo de batalha e identificar o adversrio, Nestas circunstincias, 0 / {nimigo da mulher nfo 6 0 homem nem enquanto individvo, rem como categoria social, emboraseja personificado por le, O alvo a atacar passa ser, numa concepgéo relacional, us 6 padi dominante de rela de genero, Diferentemente do {que ae pensa com freqlénis,o nero no regula somente as relagdes ents homens e mulheres, mas nommatiza também ‘elgSes homenvhomem ¢ reaptes mulbermulhet Deste ‘modo, a violécia cometda por una mulher conta outa é {ao produzida pelo gnero quanio a violénciaperpetada por tum homem contra uma mither. A adequada eompreensi0 deste fenbmeno responders pelafomlaglo de esvatégias de Jura com maior potensal de xt, enquanoasngulanzaco doing pods fazer perder devsta 0 6 constitu plas tes contadigdes socas bésics: géneo, ragaletia classe social (Safi a ai, 1992) “Além dese nserver num universo eonceitualrelacional, que raramente€ encontrado em: outras auras (Whitbeck, 1983; Safi, 1991), Buler sponta camithos de transforms. 0 social deumna formabastate orginal Formula oconceto Aointlgdade de gear, ou sj, coeréaciaecontmuida- e ent’ sexo, gene, pritica socal e deseo. Em outras palaveso gener cltiralmentiateigivel institu emantém Felggescapazes do expressar 0 compleno sexo/gtoro pelo deseo sexual realizado na préic sexual. Obviamente, esta conrecia waduzo par hegemtnico de lags de gnero fu a maiz dominante do sua ineligibilidade cultural. Nada Impede, entetanto, que ouras matizes de intcigibilidade ‘concortam pra subvert acrdem de gnero. Nest seni, pode-se pensar em diverss patos do observagio (Satis 1991)— os lugares deondeflam as feinists, por exemplo —a pais dos quis sto inroduzidos pais altenativos de relagbes de gEnero.Além disso, hi que se reservar um ngar tapcil para a margin, capaz das mai originals combi ‘nagies para desta acoertncia ea contnuidade do genero, ‘0 sea sus lgicahegemnica, Em um exso como no out, odes dar uma sigiicatva ampli dos Limits da inte~ Tigibilidae carl do gener, o que permite acoexsénia visas matizes de signficagdes itlgives, No limite, m6 sunt asim, de apenas 0 gue seria uma sea de enorme siva eadjetvamente a, assim de apenes (que soca subst alento)elminaracontadito cpital-abalbo? Acreditando o ue propci eases Sf yridadesreslanies 2 FO se que a quantidide, a partic de cero ponto, se transmuta em {i Neo coc S10 I ce qualidade (Marx, 1959), tendee a imaginar vin sociedad | Ran dedi on eopenons Ea hut qufnime (ou quase) com grandes varagbes de aividades, | dentemente de ss con dif ‘mas com pequenas dferengas no que tange ao padrSo de vida, | eEeemtlona ona de ac {faa Teri deta oa tls peed lemon topia de and W sei, desta forma, um nico vida, | ESR een clon re Sears rete re sec ating eI cis, sem as rete distints. As utopias da igualdade chegaram a.um gigantesco jmensa gaa ds Fe a expeciaizaio de panes Seca pore, ene oa fates, fo emia iferen do mas vig a cteencigd 8. Ha, pois, que esa ides, conformando-s8 fs nferecio Pe oa igual aire Thais vada dferenciagGessciis, O mundo caminba neste Theres obomens seem gical SVEN sentido. Ha vista o admero de grupos énicosdefendendo, naiferenga,o gue Pode 0p esta rzio VEL ‘inclusive com armas, suas cults, embora as veces, a3 a mals modest 6, ‘especificidades desta culturas tenham sido’ mantidas em silencio por un Estado homogeneizadz. Por outro lado, ppoder-se-ia dizer que o mundo estéerescentemente globali- ado. As duas afirmagées sfo igualmente verdadeiras, En- ‘quanto alguns processos (de comunicagéo, por exemplo) € ‘alguns stores da sociedade (a economia & um deles) se {ntemacionalizam, outros tomam-se ainda maisrestrtos,par- ticulaes e até singulares. Basta lembrar, neste sentido, 28 ‘conseqiéncias do fundamentalism islimico para as mulhe- res, Neste contexto, hi que se cavar expago saudavel tanto para a homogeneizario, como para a diferencia. Se se puser énfase exclusivamente sobre a primera, a segunda Impor se pela forg, como esté oconrendo em varias regides do planeta, jf que o ser humano se enriquece através da diferengae nfo por intermédio da mesmic. ‘A.diferenga contudo, & 0 locus privilegiado da consttui- ‘fo das relagdes de podet. Scot (1990, p. 16) chega mesmo 4 afirmar que “o género & 0 primero campo no seio do qual, ‘0u por meio do qual, 0 poder é artculado”, Pare a postura aqui assumida, araja/etniaeaclase social io também filtros 2 de percep eapeceps,sevindo, por va de conseqt- ‘ay de primero paras organiza das relagbes de podee. ‘Afimar que ogaero vem em prineir lgar significa a buirlhe primis sobre os dems eos de etturgo 0 lal o qu contaia asides macleaes ag express, Colo- ‘ae 0 Us eixos na mesma posiglo,acreditando-s qu6 ‘ag abso lense ordend fos em emmos de sua capacidade Gecestabelecer Spticas de pereepo eandlse da realidade. A ‘coajuntra do moment dterminasl qual do ts eos de- tera preeinéacia nos suetos em infer Hf que se pr ‘em relevo a reciprocidade entre, de uma parte, o género, a fageftia ea eats, de ota, sociedad como um tod. Par simplifcar, omarte apenas o gener, fcando-e com a ‘mesma autora: "a politica constdio. gineeo-e-0-gener0 ‘const a pola” Sen. 16) ~ Como as mulheres foram, nas sociedades simples, objeto de troca por parte dos homens (Lévi-Strauss, 1976) 60 si0, eboradsfryadaments nas sociedadescomplexas, a taefa de esibelecralisngas ficou acarg dos homens. As maule- tes sempre foram os velculos das negocios. Or, aplica Pronde o poder 6 por exceléacia, exereido — conse em hegocia, em faver© detazer aliangas. Esta lide tina 0: homens nfo soment na negocio, mas na peroepyfo da oportnidade de estabelecer tal ou qual alana com al ou Gua facgo. As mulheres fo recebem este weino. Desta forma, o género € sim um eo a prir do qual o pode é atcuiado, Est ariculapio procesta-se em detrimento das Iiulheres,Poucss fo ah que chegamn aos palamentos do undo inter. Em i chegando, moscamese canbestas na TegociagHo enti, como no podeia deixar dose, nesfss no exerscio do poder. O importants, porém, 6 sar qu thd Sepeode de expeseacin una vex qu x epeiinges,o8 Sef, at diferengas, nfo se insrevem nos panos natural ou diving sim no social. Em tendo ete 0 Testo, convém. chmara tengo doer paraofatodequendoeistem duas 230 ee = tp Hester dled do Giga Soe mee ‘Somente uma cultura falolo, rca Sead, bso slo a qul citar es Ce donee Rum 2 per hain) eae Ere Rees maces 21 Referencias bibogrfcs: ALTHUSSER, Louis [iolgle etapprisiéologgues "Bat In: "ALTHUSSER, L Poston, Ps Bion Soca, 976. Tamblm ‘maa Pete, 11, juno 197. BUTLER, Jit. Gender rouble: eriom and subversion of ety. ‘New Yor: Rouledg, 1990, DARCY de OLIVEIRA, Rsk, Hoga da deren: ofemnino ener gene Sto Pal: Bator Bases, 191. 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