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cronerliyuley 4, Nao 36.0 homem & 0 que ele proprio concebew ser, mas também o que quer ser apis este impulso para aexistencia, O homem nada mais é sends aqualo que se fox OER NO MUNDO Do ponta de vista temporal, o exlstencialismo presenta caricterfsticas ce uma filo: Ws idéias do séeulo, sofia que marca o final de uma époea, trazendo as iltimas resson, XIX, para inic 5 do qui uma nova fase. Para os filésofos existe inteligéncia pode intuit a em Si, por isso a simples experié § se OpSEM ao positivismo. O. nsdlo e determinagiio do set, que necessaria smo promove a busca da com cia empftica, Contudo, o existeneialismo nao oferece resistencia aos prinespios do racionalismo, embora recuse as iia de abvohuto e ce universal cultivadas tanto por Platiio e Aristételes quanto por Hey sem que sejam reguladas por esséncias ou Para o existencialismo, as coisas exist lormente, pela atividace mental, porque ‘iis do ser, As exs@ncias slo eriadas, post 1 logico d realidade, Dessa forma, a exis ¢ proprio da estrutura mental atribuir um card téncia precede a esséneia, O objeto da filosofia existencialista & a condigao problemitica do homem enquanto ser no mundo; ela trata dos homem conereto, que esti sujeito A Morte, que se relaciona com os outros, que vive € busea um sentido py 354 © Arusto em xeque Para a filosofia existencialista, a existéncia éa busca do ser, a busca de um esta ,,de uma condigiio ou de um modo de ser que garantam a realizagio de exigencias ou eessidades consideradas fundlamentais para o ser humane. Faz parte da natureza humana a tendéncia ao prazer, 0 bem-estar e até A reli sido; Sio formas que constituem manifestagdes da busca do homem por um comple mento e uma estabilidade que naturalmente Ihe faltam, A procura é propria da sua “ondigdo de ser finito; se ohomem precisa buscar algo que nao esté nele, que nao ¢ ele algo que ele deve conquistar, é porque tem consciéi essa cortente de pe \cia de sua finitude. Desse modo, samento exige que o individuo se conscientize de que a sua exis téncia se resume Aquela busca e que ela sé tem sentido, s6 se fundamenta, em virtude da sua natureza constitutiva limitada e instavel. Essa visio do existencialismo elimina qualquer possibilidade de satisfagio no final da procura, mas abre possibilidade da conquista e da realizagdo pessoal. E a existéncia cotidiana, a seqaéngia das escolhas, que dé ao individuo sua realizagao pessoal e nao a espera de algo que venha a acontecer no final do proceso. De certa forma, é uma nega gio do princfpio da aceitago do sofrimento para a vitoria final. Nao se sabe o que haver’ ho final, o que importa, portanto, éa existéncia no cotidiano, Deve-se abandonar qual- quer desejo de dominagao e de poder, que s20 ilusdrios e conduzem inevitavelmente a0 desespero. Em ver disso, deve-se consolidar a capacidade de buscar e conquistar, reconhe cendo-se as proprias limitagdes e trabalhando profundamente sar com ilusdes, O existencialismo, d nho e o reconhecimento da natu esses limites, sem se disper- forma, exige ao mesmo tempo um forte empe- eza finita do ser human. g & © afito: obra pintada por Edvard Munch, em 1893. A ‘pintura expressionsta deu &n- fase ds sensacbes interiores do ‘artista, reakzando nas artes um ‘movimento anslogo aquele ue 0 existencialsmo fez na filosofa Oexistencialismo © 355 O homem nasce do homem Oempenho do individu é fundamental para manter o vinculo es istencial con- sigo mesmo € com os outros; constitui a forma de vencer as limitagdes naturais, que tanto condicionam quanto estimulam as ages humanas, e de imprimir uma diregao consciente d existéncia. Assim, a condigio de finitude que, & primeira vista, pareceria uma debilidade humana transforma-se em forga ¢ poténcia; ou seja, através do seu empenho, o individuo tem a possibilidade de se libertar dos obstéculos que o mundo lhe apresenta, Assim, para aquele que se empenha profundamente em tealizar-se, 6 mundo apresenta-se como tum instrumento para a auto-realizacio. Desse modo, aceitando o mundo como um conjunto de fatos ordenados, a autén- agao do ser acontece pela transcendéncia existencial, ou seja, pela necessidade de 0 individuo ultrapassar aS influéncias e as condicionantes impostas pela sociedade e pas- sara existir individualmente. Entretanto, essa transcendéncia sé se completa pela coexis- téncia; portanto, pelo compartilhamento do mundo com 0 outro, Por mais empenhado que esteja o homem em sua realizagio, ela nfo se dé em um contexto de isolamento. A idéia de coexisténcia define o relacionamento entre individuos como essen- cial. Essa importdncia é comprovada por dois aspectos fundamentais da vida, o nasci- mento ea morte. O reconhecimento do nascimento € a aceitacao de que a sua existén- cia nao € unica, medida que mostra que havia pessoas antes de nés, nossos pais, por exemplo, que nos geraram; o fato de nascer significa admitir a existéncia do outro e, Por conseqiiéncia, a existéncia da comunidade que deu origem ao individuo e coma qual ele coexiste. Dar-se conta do nascimento € perceber a natureza essencial que cons- titui a ligagao do homem com a comunidade e o carter concreto e individual da pré- pria existéncia. No entanto, a existéncia nao se basta a si mesma, € necessario transcendé- la por meio da coexisténcia. Pela idéia de coexisténcia, somos levados a assumir alguns outros aspectos fun- damentais da condigao humana: a solidariedade, que € um dos alicerces da comunidade, © amor e a amizade, caracteristicas propriamente humanas da existéncia. A relagio existencial revela-se como um elo de solidariédade que apéia o individuo na sua debi- lidade e na sua insuficiéncia e o obriga a “render-se” ao outro. O amor € a forma mais reveladora de reconhecimento do outro, uma ve: que possibilita a cada individuo ver no outro um “outro de si mesmo”. Nessa medida, o amor supde uma transparéncia extrema, em que o individuo é para o outro o mesmo que € para si. Ja amizade multi- Plica a possibilidade de interagao entre os homens e constitui a base de formacao de uma comunidade com interesses e diregSes comuns. ~ Assim sendo, 0 ser humano nao pode encontrar a si mesmo sem coexistir, 0 que equivale a reconhecer que a realidade e a ordem do mundo. dependem essencialmente de seus vinculos com os outros, ou seja, a sua fidelidade A comunidade a que pertence, a0 amor e & amizade determina a sua existéncia, A morte, por outro lado, nio deve ser reconhecida como um fim, mas antes ‘como uma possibilidade comum a todos os individuos de resolver o vineulo coexistencial, ‘ou seja, por si mesma, no deve ser encarada como uma limitagao, Constitui a possibi- do nao-possivel, que também esta presente em toda e qualquer ago humana, visto que cada aczio deve necessariamente levar em conta o futuro. Assim, pelo fato de constituir um horizonte dle possibilidades, o futuro encerra sempre uma ameaca latente, 356 @ A razilo em xeque sibilidade de fracasso, A partir do moment em que reconhecemos essa saxats aceitamos © FSCO do frrcasso e do prejulzo ¢, tal como acontece em roxas as Ayes de riseo, somos obrigados a enfrentar a responsabilidade de cecil entrentando essa ameaga do tempo que o homem consegue subtrairse de su banal para fazer a historia, encontrando-se no mundo ¢ na comunidade de ce taz parte. O futuro nao é pré-constituido no passado, de forma a fazer da historia esso continuo € certeito, em que cada agdo é uma conquista prevista, sem s, desvios ou disperses. Ao contritio, 6 homem precisa transcenderse para en ticado do seu ser, ¢ para isso precisa entrentar o risco do fracasso. © existencialismo pretende arancar o homem de seu j restitur-lo ao seu destino, libertando-o, poiso homens s6 é livre quando tem um proje to, quando constrsi ung histéria, O indiferentismo andnimo € uma expressio que dus o desinteresse generalizado pelos grandes assuntos humanes, como por exemplo a politica e are A liberdade manifesta-se no ato de decisto pela fidelidade ao seu prsprio eu, na posibilidade de cada um se reconhecer na sua verdadeira natureza ¢ de se realizar Frama comunidade baseada em valores de solidariedacle. O existencialismo nio oferece tim sistema fechado, mas um modo de o homem entender-se e encontrarse por conta propria, buscando fespostas esclarececoras distantes cos dogmatism ¢ ceticismes Nictsche e Kierkegaard foram os precursores da filosofi cer que destacaram a singularidade da existéncia, ¢ Jean-Paul existencialista, uma. tre € considerado o seu fundador. Ligam ‘omo Karl Jaspers e Martin Heidegger, quanto no da literatura, como o eseritor franeés Albert Camus. e ao existencialismo figuras de destaque, tanto no campo da sofia, Oexivenciatiome @ 357 O absurdo e a liberdade Albert Camus (1913-60), romancista, dramaturgo e ensaista francés, fol um dos expoentes da literatura existoncialista. Durante a Segunda Guerta Mundial, fol editor do Combat, jornal da Resisténcia francesa. Em 1957 ganhou © Prémio Nobel de Literatura. Morreu em 1960 num acidente automobilistico. Autor de A peste (1947) e O homem revoltado (1953), entre oa humana entre outros. O texto de Camus a seguir ilustra bem a luta da pe a liberdade © o destino. A liberdade 6 uma necessidade, mesmo ciente de que ha algo que nao se escolhe — a morte. Esta idéia de que “sou’, a minha maneira de agir como se tudo tivesse um sentido [...], tudo isto se encontra desmentido de maneira Vertiginosa pelo absurdo de uma morte possivel. Pensar no amanha fixar um objetivo, ter preferéncias, tudo isto supde a crenca na liberdade, mesmo que as vezes as pessoas se certifiquem de que n&o a experimentaram. Mas, nesse momento, essa liberdade superior, essa liberdade de ser que ¢ a Unica a poder fundar uma verdade, sei entdo que ela nao existe. A morte esta ali como Unica realidade. [..] O absurdo aniquila todas as minhas possibilidades de liberdade eterna, da-me, e exalta, pelo contrério, a minha liberdade de agao. Esta privagao de esperancas e de futuro significa um aumento da disponibilidade do homem Antes de encontrar 0 absurdo, o homem vive com finalidades, com uma preocupagao de futuro [...]. Ele avalia as suas possibilidades, conta com o mais tarde, com a sua reforma ou com o trabalho dos filhos. Ainda julga que qualquer coisa na sua vida se pode dirigir. Na verdade, age como se fosse livre, mesmo que todos os fatos se encarreguem de contradizer tal liberdade. Depois do absurdo, tudo fica abalado. O mito de Sisto, Albert Camus. ee ‘em 1927 por René Magrite. Para os exister amentais na vida humana, alstas a morte é uma saco da vida, quad idade sempre pre determina as caracterist

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