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48 O PAPEL DO PROFESSOR NA EAD Djanira Helena de Andrade Coelho, Ms. RESUMO A Educacao a Distancia (EaD) nio é nova no Brasil, a vinda das Escolas Internacionaisem 1904 é considerada como marco histérico de sua implantacao. No entanto, as novas Tecnologias de Informagao e Comunicagao (NTIC's) permitiram a sua rapida expansio, sobremaneira nos cur- sos de graduagdo, pés-graduagiio ¢ extensio. A sala de aula deu lugar ao ensino on-line, com pro- fessores e alunos desenvolvendo atividades separados por tempo e espago, novas possibilidades foram descobertas, novas midias utilizadas, novos profissionais surgiram, O professor tradicio- nal teve sua fungio fragmentada em varias atividades realizadas por uma equipe multidisciplinar e novas competéncias Ihe foram exigidas, deixou de sero transmissor do conhecimento e passou aser 0 mediador da autoaprendizagem do aluno. O objetivo deste trabalho é analisar o papel do professor nesse novo ambiente educacional, servindo de diretriz para aqueles que pretendem atu- ar na EaD. Para tanto, foi importante conceitué-la ¢ localiza-la em seu contexto hist6rico. Analisaram-se as fungdes do professor-autor e professor-tutor exercidas na EaD, e as competén- cias ¢ habilidades necessirias em seu novo mister, com énfase a fungiio de tutoria, por ser 6 tutor aquele que esta mais proximo do aluno e responsavel em manter a motivagao ¢ interagaio do curso eexercer simultaneamente diversas fungGes. Verificou-se que é possivel atuar em diferentes ambi entes, e que se faz necesséria a capacitagao continuada desses profissionais para 0 sucesso dos cursos, ji que atalmente as informagdes envelhecem rapidamente, bem como surgem novas tec- nologias que podem ser utilizadas com éxitonna area educacional. Palavras-chave: Copacit LINTRODUCAO Ooferecimento de cursos na modalidade EaD passa por um periodo de grande expan; Oqueacontece hoje é que as novas tecnologias de informagio e comunicagao aliadas & com- plexidade dos dias atuais permitirama sua ripi- da expansio, com a oferta de cursos via inter- net em diversas areas, Esta modalidade tem atraido sobremaneira, os cursos de graduagio, p6s-graduacao e extensdo; portanto, um pibli- co mais experiente, capaz de auto-gerenciar a sua aprendizagem, O papel do professor assume novos con- tomos ¢ torna-se necessdria a sua capacitacao. Este trabalho, elaborado a partir de uma pesqui- sa bibliogrifica, tem como objetivo servir de guia para aqueles que pretendem atuar nesta dea. Apés um breve historico sobre a Educagio a Distincia no Brasil, apresenta-se 0 seu concei- to ¢ a andlise de alguns papéis desempenhados peloprofessor nesta modalidade deensino. 2 BREVE HISTORICO DA EAD NO BRASIL 0 Jornal do Brasil, cujas atividades inici- aram em 1891, oferecen em sua primeira edi G40, na segao de classificados, curso de dati grafo por correspondéncia. No entanto, consi dera-se como mareo histérico da implantagao de EaD no Brasil, a vinda das “Escolas Internacionais”, em 1904, Fscolas privadas, de origem norte-americana, que ofereciam cursos pagos por meio de correspondéncia em jornais. Embora a necessidade de reformas no campo educacional ja fosse premente, os incen- tivos por parte do govemno ou das autoridades educacionais neste campo foram modesto: Em 1923, teve inicio a educacdo pelo radio, com a eriagdo da Rédio Sociedade do Rio de Janeiro eo oferecimento de varios cur- sos. Em 1936, esta foi doada ao Ministério da Educagio Saide e, em 1937, foi criado 0 Servigo de Radiofusao Educativa do 0 popel do professor na EaD ‘da Educagao, 1939, foi criado o Instituto Radio | Monitor e, em 1941, 0 Instituto Brasileiro, que ofereciam cursos pro- jlizantes por correspondéncia. Juntos mrmais de nove milhdes de profissionais, sthoje, tendo passado por diversas atua~ «, incorporado novas tecnologias a fim aienderasnecessidades do mercado. Em 1947, foi fundada a Universidade do Senac, Sesc ¢ emissoras associadas, |0 objetivo de oferecer cursos comerciais ofonicos, durou até 1961. O Servigo al do Comércio (Senae) continua ofere- do cursos.a distinciac hoje totalmente infor- matizado, oferece cursos em diversas modalida- ‘nclusiveespecializacao via intemet. Em 1961, a Diocese de Natal criou 0 mento de Educagao de Base(MEB), visan- 9 a democratizagio do acesso a Educagao, por eio da alfabetizacao de jovens eadultos. Tivemos a implantagio de outros proje- os importantes, como o projeto Saci, de 1967 a 1976; 0 projeto Minerva, de 1970.2 1980. © © Telecurso, implantado em 1977 pela “Fundagio Roberto Marino, langou o programa de supletivo a distancia para 1° e 2° graus, utilizando Tivros, video e TV. Hoje o telecurso 2000 ¢ desen- ~ yolvido com recursos do Fundo de Amparo 20 “Trabalhador (FAT) em parceria entre o Ministerio do Trabalho © Emprego, por intermédio da "Secretaria de Formagio Desenvolvimento " Profissional (SEFOR); a Confederagio Nacional dda Industria (CNI) através do Servigo Social da Indistia (SES; a Federagao das Industrias do Estado de So Paulo (FIESP); o Canal Futura e a Fundacio Roberto Marinho. Em 1991, iniciou-se 0 programa Jornal da Educagao ~ Edigdo do Professor, produzido pela Fundacdo Roquete-Pinto, Em 1995, foi incorporado TV Escola (Canal educativo do MEC), como nome de Salto para o Futuro, bus- ca-se a formacao continuada de professores ¢ alunos dos cursos de magistério. Além de encontros presenciais em telessalas, utiliza-se material impresso, TV, fax, telefone e fax. ‘Apartir da década de 1980, coma abertu- ra da legislagdo nacional, iniciou-se o ofereci- mento de cursos superiores a distincia, Até ento, o desenvolvimento da EaD era predomi- nantemente ensino fundamental ¢ médio & capacitagao de professores. AUniversidade de Brasilia (UnB), através do Programa de Ensino a Distancia (PED), ofe- receu efn 1979 um curso de extensto université- ria, sendo pioneira nesta area. Em 1989, foi cria- doo Centro de Educaco Aberta, Continuada, a Distancia (Cead-UnB) e segundo o Abred, em 2006, contava com 75.683 alunos, €a instituigao ‘com maiorniimero de alunos nesta modalidade. Oficialmente, a educagio.a distancia surgiu no Brasil com a edigio da Lei de Diretrizes Bases da Educacio, em 1996. Foi normatizada pelos decretos 2494/98 ¢ 2.561/98 e Pela Portaria Ministerial 301/98. A portaria 2.253 de 2001 que regulamenta o ensino superior permitiu a oferta a distancia de até 20 por cento da carga horaria dos cursos reconheciddos, por meio do uso de tecnolo- gias da informagaoe comunicagao. © Brasil ja sediou eventos nacionais ¢ internacionais de educagao a distancia, possui mos a Associagio Brasileira de Educagio a istincia (Abed)' e a Secretaria de Educagao a Distancia (Seed), no Ministério da Educagao Cultura (MEC). Diversas instituigées j4 esto credenciadas para o oferecimento de cursos nes- ta modalidade, destacando-se os cursos de gra- ‘duagdo, sequenciais e pos-graduagiio Jaru sense Em 2004 tinhamos 309.957 alunos matriculados em instituigoes autorizadas pelo Sistema de Ensino a ministrar cursos a distancia, em 2006 ‘essentimero subiu para 778.458", ‘AEaD permite o uso de diversas tecnolo- gias, um leque enorme de possibilidades e inte- ragio entre professores e alunos de diversas locais, o que faz dela uma forte ferramenta para a democratizacao do saber, indo ao encontro das necessidades mundiais de propagagao do conhecimento, o que justifica a sua grande acei- tagdono mercado atual. 30QUEEEAD A sigla EaD significa Educagio a * Mais informagies no site: http:/vww2.abed.org.br/abed asp. * Mais informagies no site: htp:/portal.mec.gov.briseed! *Dados da Abraed, disponiveis no site: hitp:/www.abraead.com.br/anuario/anuario2006 pet. Interacdo | Varginha |V.I2| n°12 | p. 48-55 | 2010 49 50 Distincia, Mas o que realmente isso quer dizer? Alguns autores defendem que a nomenclatura ideal seria Ensino a Distancia, considerando que © “congeito de educagiio pode ser entendido como o processo de desenvolvimento de um ser humano com vistas a sua integragao individual e social ...]” (FILATRO, 2003, p.45)equeo “con ccito de ensino esta relacionado a unv esforco intencional e orientado de pessoas, grupos ou instituigdes para formar ou informar os indivi- duos” (FILATRO, 2003, p.46). Na sua correta definigao, alguns aspec- tos so relevantes: a) separagao espacial e temporal: ocorre uma separago espacial entre alunos e professores © 08 proprios alunos que no se encontram presentes em um iinico local como ocorre com o ensino preseneial. Grande parte das atividades desenvolvidas € assincrona, ou seja, 0s professores ¢ alunos estio separados no tempo, héiuma auto-programagao de hori rios para estudarde acordo coma disponibili- dade decadaum; b) planejamento: a EaD precisa ter 0 apoio de uma instituigao de ensino, que deve plane- jar, acompanhar e supervisionar os cursos oferecidos; ©) uso de tecnologias: os cursos devem ser ofereci- dostendo como suportemidias, quepodem vari- arcomo telefone, ridio, CD, televisio, intemete outros, deacordo cam cada projeto; 4) autonomia: sem as limitagdes de tempo ¢ espago, 0 aluno toma-se independente, ele deve buscar o conhecimento em seu proprio ritmo, Algumas ferramentas permitem uma maior interagdo entre alunos e professores, sem, no entanto, retirar da EaD sua caracte- ristica de ensino auténomo. Conelui-se que “EaD ¢ uma modalidade de educagio em que professores e alunos éstio separados, planejada por instituigdes e que uti~ liza diversas tecnologias de comunicagio.” (MAIA; MATTAR, 2008, p.6). O decreto 5.622 de 19/12/2005 que regu- lamenta o Ensino a Distancia, previsto no arti- go 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educagio, assim define EaD: Art. 1o Paraos fins deste Decreto,caracte- Fiza-sea educagaoa distancia como mod lidade educacional na qual a mediagio di tico-pedagégica nos processos de ensino aprendizaigem ocorre com a utilizagao de meiose tecnologias de informago ecomn- nicagio, com estudantes € professores desenvolvendo atividades educativas em lugaresou tempos diversos 40 PROFESSOR VIRTUAL papel do professor muda substancial- mente na EaD. Primeiramente suas fungdes pulverizadas, nao existe aquele professor centralizador, responsivel pela elaboragao ¢ exectigo de uma aula, O professor deixa de ser uma entidade individual para se tornar uma entidade coletiva, pode ser considerado uma ‘equipe, que inclui entre outros um técnico, um artista grafico, um tutor, um monitor e um autor (MAIA; MATTTAR, 2008). A EaD requer novos profissionais e novas posturas dos antigos, apresenta caracte- risticas proprias mio sendo possivel apenas transpor 0 conteiido do presencial para o com- putador. O papel do professor sofre imensa modificagio, deixa de ser predominantemente 0 centro do proceso e passa a acompanhé-lo, exige-se do professor competéncias de tutoria, autoria, gestao, avaliagdo e capacidade de tra- balharem equipe, surgem os designers que sfio responsdveis pelo planejamento e desenvolvi- mento de atividades. A cooperagao entre todos os envolvidos no processo é primordial para 0 seu éxito. Como nos adverte Moran: As possibilidades educacionais que se abrem so imensas. Os problemas tam- bém sio gigantescos, porque niio temos experiéneia consolidada de gerenciar pessoas individualmente © em grupo, simultaneamente, a distincia. As estrutu- ras organizativas e os curriculos terao de ser mais flexivos € criativos, o que nao parece ser uma tarefa ficil de realizar, Numa sociedade de mudanca acelerada, além da experiéncia intelectual, do saber cespevifico, ¢ importante que haja muitas pessoas para sinalizar com possibilidades ‘concretas de compreensao do mundo, de aprendizagem experimentada de novos caminhos, com testemunhos vivos — cembora imperfeitos - das imensas possi- bilidades de erescimento-em todos os cam- pos. (MORAN, 2007, p. 168-169). 4.10 professor autor ou conteudista © papel do professor na EaD. Este profissional & 0 responsavel pela elaboragio ¢ organizagio de conteiidos. Escrever para FaD requer certos conhecimen- tos sobre o ambiente ¢ 0s recursos disponiveis © 0 desenvolvimento de algumas habilidades, akém do conhecimento da propria disciplina A leitura na tela do computador é mais lenta que no papel, portanto, indica-seo uso de ntencas e pariigrafos curtos, mas que fechem a ideia que se pretende passar; evitar frases invertidas; deve-se focar poucos conhecimen- tos em cada aula, no entanto, sem diminuir a qualidade da informagao. Os textos elaborados nao devem tera preocupacao tinica de repassar contetidos, devem também reduzir a distancia entre alunos e professores, cumprir as fungdes didaticas de um professor em sala de aula, Para tanto, devem ser escritos de maneira clara, dire- ta, simulando uma conversa, um aconselha- mento, utilizando estratégias didaticas capazes de manter a motivago ¢ 0 interesse do aluno. Atualmente as informagdes envelhecem rapidamente, cabe 20 professor autor manter 0 curso atualizado, fazer as adaptagées necessérias a0 inicio de cada curso, considerando seus objeti- vos,ametodologia utilizadae publico alvo, Em sua experiéneia como avaliador de curso superior a distncia do Ministério da Educaco, Moran comenta que: Alguns professores, chamados. para escrever textos, pereebem quic nio basta serem especialistas em sua dea; precisam aprender a escrever de forma coloquial para os alunos, a comunicar-se afetiv mente com eles, a preparar atividades detalhadas. Mais tarde, convidades para gerenciar alguns médulos a distincia ou Para supervisionar as atividades de pro- fessores assistentes e tutores, constatam que a organizaeio de atividades a distin- cia exige planejamento, dedicagao, comu: nicagdo eavaliagio bem executados, caso ‘contrario, os alunos se desmotivam e des: pparecem. (MORAN, 2007, p.138), 4.20 professor tutor O desempenho do tutor & indispensivel para o sucesso de um curso a distancia, ja que é ele que estd mais proximo ao aluno, muitas vvezesé seu tinico contato durante todo o curso, E importante que apresente certas com- Interacdo | Vorginha | v.12 | n°12 | p. 48-55 | 2010 peténcias e habilidades, jé que deixa de ser con- dutor das aulas © passa a desempenhar um papel administrativo ¢ organizacional, além de ser o principal elo entre material didatico, e alu- noe responsavel em manter amotivagio e inte- rag3o do curso, Para Machado e Machado (2004, p. 5) “o papel do professor como repas- sador de informagdes deu lugar a um agente organizador, dinamizadore orientadorda cons- trugao do conhecimento do aluno ¢ até da sua autoaprendizagem.” Para Souza et al. (2004, p. 5) ele tem um papel fundamental, “pois garante a inter-relacio personalizada e continua do aluno no sistema e se viabiliza a articulagdo necesséria entre os ele- ‘mentos do processo ¢ execusao de objetivos pro- postos”, e como mediador exerce papel relevan- ie “atuando como intérprete do curso junto a0 aluno, esclarecendo suas dividas, estimulando- © 8 prosseguir , ao mesmo tempo, partcipando daavaliagao da aprendizagem”. Otutorassumediversas fungdes simultane- amente, dependendo do nivel de orientagao que Ihe € solicitado e do ambiente em que atua. Para tanto, é mister que tenha certos conhecimentos, competéncias ¢ que desenvolva algumas habili- dades especificas para atuagioem EaD. 4.2.1 Niveis detutoria 5 niveis de tutoria variam de um curso para o outro, que vao desde um acompanha- mento mais estruturado e direto, mais proximo do aluno, até o mais aberto, que the permite maior autonomia e inicia Jonassen (apud GIANNELLA; STRUCHINER; RICCIARDI, [20007]) pro- poe trés niveis diferentes de orientagao: a) tutoramento (scaffolding): da um suporte sistemitico ao estudante, até que-ele seja capaz de agir sozinho, como, por exemplo, iniciar uma tarefa, demonstrar os procedi- mentos e, posteriormente, dar seguimento a atividade de maneira aut6noma, b) treinamento (coaching): objetiva motivar os alunos, analisar suas atividades, promover feedback e dar conselhos, provocar reflexdes ~ _ earticularos conhecimentosadquiridos; c)modelagem (modeling): caracteriza-se por ofe- recerao aluno um exemplo docomportamento ou da atividade pretendida, por meio de relato st 52 de casos parecidos, mostrando como as solu- Ges foram tomadas ou demonstrando como um especialista perseguiria a solug3o de um determinado problema, Oaluno analisaos pro- cedimentos eas solugdes, comparando-os com problema que precisa resolver e tenta encon- {rar suas proprias respostas, 4.2.2 Ambientes de atuagao do tutor Ha diferentes: ambientes de aprendiza- gem, dentro dos quais os tutores desempenham papeis diversos. Alguns cursos so totalmente on-line, outros sio mistos, oferecem atividades via Web e tém encontros preseneiais, seja para tirar dividas ou por exigéncia do MEC para realizagao de atividades e avaliagdes, As aces de tutoria variam de acordo com as situagdes de aprendizagem, que em EaD podem apresen- tar-se através dos estudos individuais, dos tra- balhosem equipe enos encontros presenciais, ‘Uma das caracteristicas da EaD é a auto- nomia e independéncia do aluno, ele & o res- ponstivel pela sua aprendizagem. Nesta fase de estudos individuais, as agdes do tutor so no sentido de orienté-lo, servir de guia, tirar suas davidas emanté-lomotivado. Estamos acostumados com 0 ensino pre- sencial, cujo foco esti no professor, a grande evasdo nos cursos a distancia se da justamente pelo sentimento de abandono, Cabe ao tutor fazer com que 0 aluno se sinta acolhido, que apesar do estudo ser individual, ele nao esti sozinho. O grau de interatividade vai depender da proposta pedagogica e da metodologia utili- zada em cada curso, interferindo nas agdes do tutor, que segundo a Universidade Catélica de Brasilia (2002, p. 37) no ensino individual, con- sisteem: a) responder perguntas e dividas sobre o con- tefido eametodologia de um programa; b) preparar bancos de respostas para perguntas mais frequentes; ©) preparar esquemas de contetido para expli- cagdessolicitadas, 4) providenciar respostas para perguntas e divi- das sobre contetidos que tangenciam conte- tido deum programa; e) corrigir e devolver trabalhos realizados pelos alunos; £)selecionartrabalhos de alunos para envio aos par- ticipantese utlizi-losematividades sugeridas; g) estimular os alunos a elaborarem um plano de estudoe de administragio do tempo; h) provocar e estimulara participagdocom per- guntasc desafios; acompanhar a realizagio das atividades pelo aluno, considerando em que momento se encontra em relagio ao conjunto do progra- ma eaos demais colegas, quando se tratar de ‘uma turma que progride em conjunto; j) ser a presenga que minimiza a solidio do aprendiz, manifestando-se periodicamente para dialogar com o aluno, mesmo sem ter sido solicitado; ) verificar o que esta acontecendo com aque- les que nio se manifestam por um certo periodo, pois sdo os principais candidatos a abandonaro programa, tutor deve ainda incentivar o trabalho em equipe, 0 que aumenta a interatividade diminui a desisténcia. Para isso pode estruturar e incentivar trabalhos em grupo, bem como promover a troca de experiéncias. Alguns tutores atuam também nos encon- tros presenciais, Podem participar desde o pla- nejamento e a coordenagao ou apenas como ani- madores destes. Fa chance que tem de aumentar seu contato com os alunos, de fazer com que se sintam integrantes de um grupo. 2.3 Fungdes do tutor tutor desempenha, concomitantemen- te, diferentes fungdes em EaD. Exerce papéis administrativos, organizacionais, sociais, tec- noldgicos, pedagdgicos e intelectuais (MATA; MATTAR, 2008). Como organizador, deve definir as regras do curso e deixé-las bem claras para os alunos, definir calendérios, objetivos, gran de interatividade e expectativas quanto ao desem- penho dos discentes. Feito isto, deve trabalhar na administracdo do tempo quanto ao acesso a0 material e realizagdo das atividades (apesar de haver flexibilidade temporal, esta ¢limitada e deve ser administrada em fiang&o dos objeti- vos do curso e de seu desenvolvimento). Seu papel social é extremamente impor- tante, pois como jé foi dito, & o clo de ligagao entre os alunos e o curso, Para tanto deve possuir elevado grau de inteligéncia interpessoal, fome- 0 papel do professor na EoD. cer feedback rapido, de maneira clara e comple- 1a, enviar mensagens de boas-vindas, de agrade- cimento, saber lidar com as diferengas e formar um senso de comunidade na turma, ‘Seu papel tecnolégico esti focado no auxi~ lio. interpretagdio do material visual e multimidia disponibilizado. Ainda deve incentivar a constru- ao do conhecimento, desenvolvendoo climainte- Jectual do curso, por meio da elaboragio de avali- agiio deatividades ¢ incentivoa pesquisa. Todo o trabalho do tutor deve ser desen- volvido, tendo em conta trés elementos deter minantes: tempo, oportunidade e risco segun- do Litwin (2001 apud MACHADO; MACHADO, 2004, p. 3-4). ‘a) tempo: o tutor deve aproveitar ao maximo, seu tempo, que & sempre eseasso, pois nao sabe seo participante voltaraa procura-lo; b) oportunidade: esti diretamente ligada a questo cdo tempo, hora de aproveitar o contato do alu- no para apresentar-Ihe uma resposta satisfatoria, poisnio sabese terdoutraocasido para fazer, ©) tisco: ha 0 risco de evasio, o aluno pode no retornar, Também o risco de que nao tendo aproveitado a oportunidade para esclarecer com clareza a diivida do aluno, este siga com uma compreensio parcial, o que pode leva-lo a uma construgaio erronea sobre 0 assunto ¢ nem sempre o tutor ter’ comoadverti-o. Sobrearelevinciae complexidade da tuto- ria, Dias (2007, p. 112) adverte que “a fungao do tutor nao se resume em digitar textos, disponibi- para leitura e consulta, elaborar exer- cicios e corrigir avaliagdes. Sua fungZo é muito mais ampla: ser um bom comunicador, ou seja, terempatia, interagir, trocar, construit” 4.2.3 Competéncias ¢ habilidades necessarias Atutoria Para que exerga de maneira satisfatoria suas funges dentro de diferentes ambientes de aprendizagem a que esta sujeito, nec de um profissional com certas competéncias, adquiridas por intermédio do desenvolvimento de algumas habilidades esséncias. Listamos algumas, sendo que nio so exaustivas, outras podem surgir dentro de cada contexto. Saber comunicar-se. A comunicagaio em FaD € ponto fundamental, é importante nao confundir 0 meio (as tecnologias) com a pro- Interacdo | Varginho |V.12 | n°12 | p. 48-55 | 2010 pria comunicagdo, Nao se conta neste ambien- Te com recursos como o tom da voz, os gestos, as expressdes faciais e outros que facilitam a compreensio. Quase toda a comunicacao é fei- ta de forma escrita, Deve-se usar linguagem clara, direta, o mais proximo possivel de uma conversa informal, para o aluno sentir como se estivesse falando diretamente como professor. Ser bom ouvinte. Como orientador, o tutor deve saber ouvir para poder auxiliar o aprendiz. Ele nio € detentor do conhecimento, mas é uma ponte para que o aluno o construa. A empatia, capacidade de se colocar no lugar do outro, de forma respeitosa, atenta, valorizando suas expe- riéncias e colocagdes, aproxima as pessoas € diminui aevasio. Gonzalesadverte: ‘© tutor, tal qual um pa, deve dentro das suas limitagdes temporais, estar pronto para ‘ouvir, apoiare ofientar o filho quando este solicitar, Sem essa disponibilidade, 0 fio se ompe, tornando-se dificil & retomsada. da relagio pedagogica em niveis satisfat6rios. A falta de confianga no tutor, o desamparo softido pelo aprendiz num momento da sua jomada, em geral, leva evasio irreversivel © a0 desapontamento indesejavel para os cnvolvides no sistema educacional. & um sentimento softido por uma erianga quando seatira sem medo nos bragos do pai-protetor este a deixa cair indesculpavelmente, A indiferenga machuca ¢ afasta, (GONZALES, 2005p. 84), Saber trabalhar em grupo, Todo o traba- Iho de EaD & desenvolvido por uma equipe. Esta competéncia & necessaria tanto no trata- ‘mento com os colegas de trabalho, como no ncentivo 4 interagao entre os alunos ¢ com estes, espirito de lideranga, humildade e cordi- alidade alicercam este relaciénamento. Saber lidar com as diferengas. A diversi- dade geografica e cultural é uma das caracte- risticas da educagdo a distancia, Pode ter alu- nos de diversas localidades, com costumes dife- rentes ¢ isso nao deve ser visto como um obsti- culo, mas como uma oportunidade de eresei- mento, de troca de experiéncias, que depen- dendo do curso pode ser explorada na pritica pedagégica. Deve-se respeitar as caracteristi cas individuais de cada um Ser investigative. Aprender a aprender. Busea-se a construgio do conhecimento, por intermédio de técnicas variadas de investigag3o 3 € propostas de esquemas mentais para criagio de uma nova cultura, indagadora e plena em proce- dimentos de criatividade (SOUZA, 2004), 5CONCLUSAO AEducagaio a Distincia esti em expansono Brasil e no mundo. A necessidade de capacitagio, de formagao continuada, de qualificagao de mio de obraem oposigao a necessidade de trabalhar, ocus- toe temponecessirio para o ingresso em curso pre- sencial, tem garantidoasuaexplosio. As NTIC's tém permitido a oferta de dife- rentes cursos, com caracteristicas diversas, atendendo a um piiblico cada vez mais diversi- ficado. A educagao on-line, intermediada por tomando os cursos mais acolhedores, No entanto, como qualquer novidade sofre com algumas resistencias e alguns conce- itos pré-estabelecidos em razao de experiénci as anteriores. Hoje podemos assegurar que & possivel ministrar cursos de qualidade a dis- Lancia, vai depender do planejamento do curso, dos profissionais envolvidos e também do papel desempenhado pelo aluno. A capacitagao dos profissionais envolvidos nesta modalidade éessencial parao seu éxito, uma vez que ela possui carneteristicas proprias que requerem novas e diferentes competéncias ¢ habi- lidades dos envolvidos, bem como o acompanha- mento do surgimento de novas tecnologias, que possam serutilizadasna pritica docente. computadores, permite uma grande interagao entre os alunos ¢ entre estes ¢ 0s professores, diminuindo os efeitos da distancia espacial ¢ ‘THE PROFESSOR’S ROLE IN THE DISTANCE EDUCATION ABSTRACT. ‘The distance education is not new in Brazil, the upcoming of Internationals Schools in 1904 is considerate the historic mark of the implantation. However, the New Technologies of Information and Communication (NTIC’s) permitted the rapid expansion, especially in the grad- uation courses, specializations and extension. The classroom gave place to distance education, with teachers and students developing activities separated by time and space, new possibilities were discovered, new software utilized, appeared new professionals. The traditional teacher had his functions fragmented in various activities done by a multidisciplinary team and new knowl- edge were expected from them, they were no more transmitting the knowledge ¢ had to start being the mediator of the student self learning. The purpose of this work is to analyze the role of the teacher in this new educational ambient, working as a guide for those who pretend to ingress in distance education. For this matter, it was important to give concepts and its historic concept. The teachers - author's and teachers ~ tutor's functions worked in distance educations were analyzed, also their knowledge and abilities that are necessary for this new proposal, with emphasis to the tutorial function, as the tutoris the person closer to the student and responsible in keeping the moti- vation and interaction in the course, and also is simultaneous in very different functions. It was verified that itis possible to act in different places, and that it is necessary to continuing education of these professionals for the good success of the courses, as the information grow old quickly, as new technologies appears to be utilized with success in the education area Keyworks: Capacitaion. Distance Education, Interaction, Tutor. © papel do professor na EaD 55 REFERENCIAS: DIAS, Marly Moreira. Técnicas, procedimentos e recursos de ensino. Alfenas: Unifenas, 2007. 161 p. FILATRO, Andréa. Design instrucional contextualizado: educacao e tecnologia. Si0 Paulo: Senac, 2003. 215 p. GIANELLA, Rabetti Tais, STRUCHINER, Miriam; RICCIARDI, Regina Maria Vieira. Ligdes aprendidas em experiéncias de tutoria a distancia: fatores potencializadores ¢ limitantes, [20002] Disponivel em: . Acesso em: 30 out. 2008. GONZALES, Mathias. Fundamentos da tutoria em educacao a distancia. Sao Paulo: Avercamp, 2005. 94 p. MACHADO, Liliana Dias; MACHADO, Elian de Castro. O papel da tutoria em ambientes de EaD. 2004. Disponivel em: , Acesso em: 02 jul. 2008 InteragGo | Varginhe | V.12 |n*12 |p. 48-55 | 2010 MAIA, Carmem; MATTAR, Jodo. ABC da FaD: a educacao a distineia hoje. Sio Paulo: Pearson, 2008. 138 p. MORAN, José Manuel. A educagio que desejamos: novos desafios e como chegar 14, 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 2007. 174 p. SOUZA, Carlos Alberto et al, Tutoria na educagio a distincia. 2004. Disponivel em: . Acesso em: 16 jul. 2008. UNIVERSIDADE CATOLICA DE BRASILIA. Curso de formagao de professores para atuarem em ambientes virtuais, 2002. Disponivel em: . Acesso em: 30 out, 2008.

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