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Conveng¢io de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizacées Internacionais ou entre Organiza¢ao Internacionais Nagdes Unidas 1986 48 As Partes na presente Convengéio, Considerando 0 papel fundamental dos tratados na historia das relagdes internacionais, Reconhecendo o caréter consensual dos tratados e a sua importincia cada vez maior enguanto fonte de direito internacional, Notando que 0s prinefpios do livre consentimento e da boa-fé e a regra pacta sunt servanda so universalmente reconhecidos, Afrmando a importincia de reforgar 0 processo de codificagio e do desenvolvimento progressivo do direito internacional a um nivel universal, Convencidos de que a codificagio € o desenvolvimento progressivo das regras aplicdveis aos tratados entre os Estados e organizagdes internacionais ou entre ica nas relagdes ‘onganizagées intemnacionais so meios de consolidar a ordem juri intemnacionais e de servir os fins das Nagdes Unidas, Tendo presente os principi 5 de direito internacional consignados na Carta das Nagdes Unidas, tais como os principios da igualdade de direitos e eutodeterminagio dos povos, a igualdade soberana e & independéncia de todos os Estados, & nfo ingeréncia nos assuntos intemos dos Estados, a proibiclo da ameaga ou uso da forga ¢ 0 respeito universal e observancia dos direitos humanos ¢ pelas liberdades fundamentais para todos, Recordando as disposigdes da Convengio de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, Reconhecendo a rela¢&o entre o direito dos tratados entre os Estados e 0 direito dos tratados entre 0 Estados © as organizagies intemacionais ou entre organizagdes intenacionais, Considerando a importincia dos tratados entre Estados e organizagSes intemacionais ou entre organizagSes intemacionais enquanto um meio eficaz de desenvolver as relagdes internacionais ¢ de assegurar condigées para uma cooperagio acifica entre nagées, independentemente dos seus regimes constitucionais ou sociais, ai Tendo presente as especificidades dos tratados em que as organizagdes intemacionais so partes, enquanto sujeitos de direito internacional distintos dos Estados, Notando que as organizagées intemacionais tém a capacidade para concluir ‘tratados, a qual 6 necessdtia para 0 exercicio das suas fungSes ¢ para a realizagiio dos seus objetivos, Reconhecendo que a pritica das organizagdes internacionais quanto A conclusiio de tratados com Estados ou entre si deverd estar conforme aos seus atos constitutivos, Afirmando que nechuma disposigfo na presente Convene deve ser interpretada de forma a afetar as relagdes entre uma organizagiio intemacional ¢ os seus membros, as quais se regem pelas regras da organizacio, Afirmando sinda que os diferendos respéitantes aos tratados devem, tal como os demais diferendos internacionais, ser resolvidos, de acordo com a Carta das Nagdes Unidas, por meios pacificos ¢ de acordo com os prinefpios da justiga ¢ do dircito intemacional, Afirmando adicionalmente que as regras de dircito internacional consuetudindrio continuario a reger as questdes nfo reguladas nas disposigdes da presente Convensio, Acordaram no seguinte: PARTE Introdugio Artiga 1.° Ambito da presente Convengéo A presente Convengdo aplica-se: a) aos tratados entre um ou mais Estados e uma ou mais organizagdes internacionais, e 5) aos tratados entre organizagdes internacionais, 3148 Artigo 2° Definigées 1. Para os fins da presente Convengio: @) “tratado” designa um acordo internacional regido pelo direito internacional © concluido por escrito: 4) entre um ou mais Bstados ¢ uma ou mais organizagbes internacional ou ii) entre organizagées intemacionais, quer este acordo esteja consignado mum instmmento iinico ou em dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua denominagio particular; 4) “tatificagio” designa o ato internacional assim denominado pelo qual um Estado manifesta, no plano internacional, o sea consentimento em ficat vinculado por um tratado; (& bis) “ato de confirmago formal” designa o ato intemacional, correspondent ratificagéio por um Estado, pelo qual a orgenizago intemacional manifesta, no plano intemacional, o seu consentimento em ficar vinculada por um tratado; (bier) “aceitagio”, aprovagdo ¢ “adesio” designam, consoante o caso, 0 ato intemacional assim denominado pelo qual um Estado ou uma organizagio intemacional estabelece no plano internacional o sou consentimento em ficar vineulado por umn tratado; ©) “plenos poderes” designa um documento emanado da autoridade competente de um Estado ou de um érgo competente de uma organizagéo intemacional que indica uma ou mais pessoas para representar o Estado ou a organizagio nna negociagio, na adogto ou na autenticagdo do texto de um tratado, para manifestar 0 consentimento do Estado ou da organizagio em ficar vinculado Por um tratado ou para praticar qualquer outro ato respeitante ao tratado; d) “reserva” designa uma declaragio unilateral, qualquer que seja o seu contetido ou a sua denominagto, feita por um Estado ou por uma orgenizagao internacional quando assina, ratifica, aceita ou aprova um tratado ou a ele adere, pela qual visa excluir ou modificar 0 efeito juridico 4148 de certas disposigées do tratado na sua aplicagio a esse Estado ou a essa gh onganizagio; @ “Bstado negociador” © “organizaglio. negociadora” —_designam respetivamente: i) um Estado, ou i) uma organizaco internacional, «que participou na elaboragaio € na adogio do texto do tratado; ) “Bstado contratante” e “Organizagiio contratante” designam respetivamente: i) um Estado, ow ii) uma organizagaio intemacional, que consentiu em ficar vinculado pelo tratado, independentemente de este ter entrado ou no em vigor; g) “parte” designa um Estado ou uma organizagio intemacional que consentiu em ficar vinculado pelo tratado e relativamente ao qual o tratado se encontra em vigor; 1). “Bstado terceiro” e “organizagdo terceira” designam respetivamente: i) um Estado, ov ii) uma organizagZo internacional, que no & parte no tratado; i) “organizagao intemacional” designa uma organizagio intergovemamental; |) “vepras da organizagio” designa, nomeadamente, o8 atos constitutivos da organizago, as decisdes e as resolugdes adotada, de acordo com os ditos atos e a pratica estabelecida da organizagio. 2. As disposigdes do n.° 1 respeitantes as expressties utilizadas na presente Convengiio niio prejudicam a utilizagdo destas expresses nem o sentido que Tes pode ser dado no direito intemo de um Estado ou nas regras de uma organizagiio internacional. Artigo 3.° Acordos internacionais néio compreendidos no dmbito da presente Convengiio O facto de a presente Convengdo niio se aplicar: 5/48 1 aos acordos internacionais em que sejam partes um ou mais Estados, & uma ou mais organizagdes intemacionais ¢ um ou mais sujeitos de dircito internacional que nao sejam Estados ou organizagdes; i) aos acordos intemacionais em que sejam pertes uma ou mais organizagées intemacionais e um ou mais sujeitos de direito internacional que no sejam Estados ou organizages; ili) aos acordos intemacionais em forma nfo escrita entre um ou mais Estados e uma ou mais orgunizagSes intemacionais ou entre organizagées intemacionais; ou ix) aos acordos internacionais entre sujeitos de direito intemacional que niio sejam Estados ou organizagGes internacionais; niio afeta: 4) valor juridico de tais acordos; 4) a aplicagdo aos mesmos de quaisquer no:mas enunciadas na presente Convene as quais estejam submetidos por forga do direito intemacional, independentemente desta Convengo; ©) a aplicagio da Convengio as relagdes entre Estados ¢ organizagées intemacionais ou as relagGes entre organizagdes quando estas relagées sejam regidas por acordos internacionais em que sejam também partes outros sujeitos de direito internacional. Artiga 4.° iio retroatividade da presente Convenciio Sem prejuizo da aplicagiio de quaisquer normas emunciadas na presente Convengio as quais os tratados entre um ou mais Estados € uma ou mais organizagdes intemacionais ou entre organizagSes intemacionais estejam sujeitos a0 direito internacional, independentemente da Convengio, esta aplica-sc unicamente aos tratados concluidos ap6s a sua entrada em vigor relativamente a esses Estados o a essas organizagies. 6148 Artigo 5.° Tratados constitutivos de organizagées internacionais e tratades adotados no ambito de uma organizagdo internacional A presente Convengio aplica-se a qualquer tratado entre um ou mais Estados e uma ou mais organizagSes internacionais que seja o ato constitutive de uma organizagio intemacional, e a qualquer tratado adotado no émbito de uma organizagio internacional, sem prejuizo das normas aplicéveis da organizagao. PARTE II CONCLUSAO E ENTRADA EM VIGOR DOS TRATADOS: Seceio 1. Conclusio dos Tratados Artigo 6.° Capacidade das organizagées internacionais para concluir tratados ‘A capacidade de uma organizagio intemacional para concluir tratados & regida pelas regras dessa organizagio. Artigo 7.° Plenos Poderes 1. Uma pessoa & considerada representante de um Estado para a adogio ou a autenticagao do texto de um tratado ou para exprimir 0 consentimento do Estado em ficar vinculado por um tratado quando: 4) essa pessoa apresenta plenos poderes adequados; ou 1) resulta da pritica ou de outras circunstincias que os Estados ¢ as organizagSes intemacionais interessadas tinham a intengdo de considerar essa pessoa como representante do Estado para esses efeitos, sem ter de apresentar plenos poderes. 2, Em virtude das suas fungSes ¢ sem terem de apresentar plenos poderes, sto considerados representantes do seu Estado: a) 08 chefes de Estado, os chefes de governo € os ministros dos negdcios estrangeiros, para a pritica de todos os atos relativos & conclusio de um tratado entre um ou mais Estados e uma ou mais organizagSes internacionais; 7108 4) 08 representantes acreditados pelos Estados numa conferéncia internacional § para a adoglio do texto de um tratado entre Estados e organizagdes internacionais; ©) 08 representantes acreditados dos Estados junto de uma organizagdo internacional ou num dos seus érgios, para a adogo do texto de um tratado nessa organizagiio ou drgdo; 4d) chefes de miss6es permanentes junto de uma organizagio intemacional para tados acreditantes e essa a adogio do texto de win tratado entre os organizagiio, 3. Uma pessoa € considerada representante de uma orgenizagio intemacional para a adogdo ou a autenticagio do texto de um tratado ou para exprimir 0 consentimento dessa organizagio a ficar vinculada por um tratado quando: @) essa pessoa apresenta plenos poderes adequados; ou 5) resulta das circunstincias que os Estados e as organizagdes internacionais interessadas tinham a intengo de considerar essa pessoa como representante da organizagtio para esses efeitos, de acordo com as regras dessa organizagio, sem ter de apresentar plenos poderes. Artigo 8.° Confirmagiio posterior de um ato praticado sem autorizagéo Um ato relativo & conclusio de um tratado praticado por uma pessoa que, nos termos do artigo 7°, no pode ser considerada como autorizada a representar um Estado ou uma organizagio internacional para essa finalidade no produz efeitos juridicos, a menos que seja confirmado posteriormente por esse Estado ou por essa organizayao. Artigo 9.° Adogéio do texto 1. A adogio do texto de um tratado efetua-se pelo consentimento de todos os Estados e de todas as organizagGes interacionais ou, consoante o caso, de todas as organizagies participantes na sua elaboragao, salvo o disposto no n° 2, 2. A adosio do texto de um tratado numa conferéncia internacional efetua-se de acordo com o procedimento acordado pelos participantes nessa conferéncia. Se, todavia, ndo se alcangar um acordo relativamente a tal procedimento, a adogdo do texto effetua-se 3/48 por maioria de dois tergos dos participantes presentes ¢ votantes, salvo se estes decidirem, por igual maioria, aplicar uma regre diferente. Antigo 10.° Autenticagdo do texto O texto de um tratado entre um ou mais Estados e entre uma ou mais organizacdes intemacionais € considerado como auténtico e definitivo: a) segundo 0 procedimento nele previsto ou acordado pelos Estados © organizagdes participantes na sua claboragio; ou 4) na falta de tal procedimento, pela assinatura, assinatura ad referendum ou subrica, pelos representantes desses Estados e dessas organizagées, do texto do tratado ou da ata final de uma conferéncia em que o texto seja consignado, © texto de um tratado entre organizagbes internacionais ¢ considerado auténtico definitivo: a) segundo procedimento nele previsto ow acordado pelas organizagies participantes na sua elaboragio; ou 2) na falta de tal procedimento, pela assinatura, assinatura ad referendum, ou rubrica dos representantes desses Estados e dessas organizagies do texto do tratado ou da ata final de uma conferéncia em que o texto se encontra consignado. Artigo 11.” Formas de manifestasio do consentimento em ficar vineulado por um tratado © consentimento de um Estado em ficar vinculado por um tratado pode manifestar- se pela assinatura, a troca de instrumentos conslitutivos de um tratado, a ratificagio, a aceitagio, a aprovagio ow a adesfio, ou por qualquer outra forma acordada, © consentimento de uma organizago internacional em ficar vinculada por um tratado pode manifestar-se pela assinatura, a troca de instrumentos constitutivos de um tratado, a ratificagio, a aceitagio, a aprovaco ou a adesio, ou por qualquer outra forma acordada. 9148 Artigo 12,° Manifestasdo, pela assinatura, do consentimento em ficar vineulado por um tratado 1. O.consentimento de um Estado ou de uma organizagao intemacional em ficar vinculado por um tratado manifesta-sc pela assinatura do representante desse Estado ou dessa organizagio quando: 4) 0 tratado prevé que a assinatura produz esse efeito; 4) de outro modo, se estabelega que os Estados negociadores e as organizagies negociadoras ou, consoante 0 caso, as orgenizagdes negociadoras tenham acordado que a assinatura produzitia esse efeito; ou ¢) intengo do Estado ou da organizacao de atribuir esse efeito a assinatura resulte dos plenos poderes do seu representante ou tenha sido menifestada no decurso da negociagao, 2. Para as finalidades do disposto no n.° 1: 4) arubrica de um texto vale como assinatura do tratado quando se estabelega que os Estados negociadores ¢ as organizagdes negociadoras ou, consoante © caso, as organizagées negociadoras assim tenham acordado; 4) a assinatura ad referendum de um tratado pelo representante de um Estado ou de uma organizagdo intemacional, se confirmada por esse Estado ou organizago, vale como assinatura definitiva do tratado. Artigo 13.° Manifestagio, pela troca de instrumentos constitutivos de um tratado, do consentimento ‘em: flear vinctlado por um tratado O consentimento dos Estados ou das organizages intemacionais em ficarem vinculados or um tratado constituido pelos instrumentos trocados entre eles manifesta-se por essa troca quando: 4) 0s instrumentos preveem que a sua troca produz esse efeito; on 4) de outro modo, se estabeleca que esses Estados e essas organizagdes ou, Consoante o caso, essas organizaydes acordaram que a troca de instrumeatos produziria esse eftito. 10/48 Artigo 14.° Manifestagéo, pela ratificagiio, ato de confirmagao formal aceitagéio ou aprovacéo, do consentimento em ficar vinculado por um tratado 1. O consentimento de um Estado em ficar vinculado por um tratado manifesta-se pela ratifieagdo quando: a) o tratado prové que tal consentimento se manifesta pela ratificagdo; b) de outro modo, se estabeleca que os Estados negociadores e as organizagies negociadoras acordaram na necessidade da ratificagao; ¢) orepresentante do Estado tenba assinado 0 tratado sob reserva de ratificagao; ou d) a intengio do Estado de assinar o tratado sob reserva de ratificagiio resulte dos plenos poderes do sen representante ou tenha sido manifestada no decurso da negociagio. 2. O consentimento de uma organizagio internacional em ficar vinculada por um tratado ‘manifesta-se por um ato de confirmagao formal quando: @) © tratado prevé que tal consentimento se manifesta por um ato de confirmagao formal; 4) de outro modo, se estabeleca que os Estados negociadores e as organizages negociadotas, ou consoante o caso, as organizagSes negociadoras acordaram na necessidade do ato de confirmagao fornal; ©) o representante de organizaco tenha assinado 0 tratado sob reserva de um ato de confirmagao formal; ou @ a intengio da organizagio de assinar o tratado sob reserva de um ato confirmagdo formal resulte dos plenos poderes do seu representante ou tenha sido manifestada no decurso da negociacéo. 3. © consentimento de um Estado ou de uma organizagzo internacional em ficar vinculados por um tratado manifesta-se pela aceitago ou aprovago em condighes andlogas as aplicdveis & ratificago ou, eonsoante 0 caso, eum ato de confirmagao formal. 11/48. Artigo 15.° Manifestagdo, pela adesiio, do consentimento em ficar vinculado por wm tratado © consentimento de um Estado ou de uma organizagdo internacional em ficar vinculado por um tratado manifesta-se pela adesio quando: @) 0 tratado prevé que tal consentimento pode ser manifestado por esse Estado ou essa organizagio por adesio; 4) de outro modo, se estabelega que os Estados negociudores e as organizagées negociadoras ou, consoante 0 caso, as organizagdes negociadoras acordaram em que tal consentimento poderia ser manifestado por esse Estado ou essa organizagao por adestio; ou © todas as partes tenham acordado posteriormente que tal consentimento poderia ser manifestado por esse Bstado ou essa organizagio por adestio. Artigo 16.° Troca ou depésito dos instrumentas de ratiftcagtio, confirmaciio formal, aceitagao, aprovacio ou adesio 1, Salvo disposig#o do tratado em contritio, os instrumentos de ratificagdo, os instrumentos relatives a um ato de confirmagiio formal ou os instrumentos de accitagdo, aprovagto ou adesio estabelecem o consentimento deum Estado ou deuma organizagio internacional em ficar vinculado por um tratado entre um ou mais Estados e uma ou mais organizagSes internacionais no momento: @) da sua troca entre os Estados contratantes ¢ as organizagSes contratantes, 8) do sex depésito junto do depositirio; ou ©) da sua notificagio aos Estados contratantes e as organizagées contratantes ou a0 depositirio, se assim for acordado. 2. Salvo disposigaio do tratado em contrario, os instrumentos relativos a um ato de confirmago formal ou os instrumentos de accitagio, aprovagéo ou adestio estabelecem 0 consentimento de uma organizagio internacional em ficar vinculada por um tratado entre organizagdes intemacionais no momento: @) da sua troca entre as organizagbes contratantes; 4) do seu depssito junto do depositario; ow 1248 c) da sna notificagiio as organizagdes contratantes ou ao depositério, se assim “yh for acordado. Artigo 17.° Consentimento em ficar vinculado por uma parte de um tratado ¢ escolha entre disposicées diferentes 1. Sem prejuizo do disposto nos artigos 19.° a 23.*, o consentimento de um Estado ou de uma organizagdo intemacional em ficar vineulado por uma parte de um tratado sé produ, efeito seo tratado o permitir ou se os Estados contratantes ¢ as organizagies contratantes ou, consoante o caso, as organizagées contratantes nisso consentirem. 2. © consentimento de um Estado ou de uma organizagio intemacional em ficar -vineulado por um tratado que permita escolher entre disposig&es diferentes s6 produz efeito se as disposigdes a que tal consentimento respeita forem claramente indicadas. Artigo 18.° Obrigagiio de néio privar um tratado do seu objeto e do seu fim antes da sua entrada em vigor Um Estado ou uma organizagio intemacional deve abster-se de atos que privem um tratado do seu objeto ou do seu fim quando: a) esse Bstado ou essa organizagao intemacional tenham assinado o tratado ou trocado 0s instrumentos constitutivos do tratado sob reserva de ratificagao, aceitagio ou aprovagao, enquanto esse Estado ou orgenizagio nfio manifeste a sua intengdo de nfio se tomar parte no tratado; ou b)_ esse Estado ou essa organizagtio tenham manifestado 0 sea consentimento em ficar vinculado pelo tratado, no periodo que precede a entrada em vigor do tratado e com a condigio de esta néo ser indevidamente adiada. SECCAO 2. Reservas Artigo 19.° Formulagiio de reserva Um Estado ou uma organizagio intemecional pode, no momento da assinatura, da ratificagio, confirmagio formal, aceitago, aprovagéo ou adestio a um tratado, formular uma reserva, a menos que: 13/48 4) areserva seja proibida pelo tratado; 4) otretado apenas autorize determinadas rescrvas, entre as quais néo figure a reserva em causa; ou ¢) nos casos nao previstos nas alineas a) e b), a reserva seja incompativel com © objeto eo fim do tratado. Artigo 20.° Aceitagéio das reservas e objegdes ds reservas ‘Uma reserva autorizada expressamente por um tratado nio exige a aceitagio posterior dos Estados contratantes e organizagSes contratantes ou, consoante 0 caso, das organizagdes contratantes, a menos que o tratado assim o preveja, Quando resulte do nimero restrito dos Estados negociadores © das organizagdes assim como do negociadoras ou, consoante 0 caso, das organizagdes negociadoras, objeto ¢ do fim de um tratado, que a sua aplicagiio na integra entre todas as partes & uma condiggo essencial para o consentimento de cada uma em vincular-se pelo tratado, uma reserva exige a aceitago de todas as parte Quando um tratado for disposigio do mesmo em contriri 1m ato constitutive de uma organizagiio intemacional, salvo , uma reserva exige a aceitaclo do érgio competente dessa orgenizagio. . Nos casos nfo previstos nos nimeros anteriores, salvo disposigao do tratado em contrat: @) 4 accitagio de uma reserva por um Estado contratante ou por uma organizagdo contratante constitu o Estado ou a organizacdo intermacional autores da reserva como parte no tratado relativamente 20 Estado ou & organizagao que aceitaram a reserva, s¢ 0 tratado estiver em vigor ou quando entrar em vigor para o Estado ou organizago autores da reserva e para 0 Estado on organizagdo que a tenham aceite; 4) a objegio feita a uma reserva pot um Estado conttatante ou por uma organizagio contratante nao impede a entrada em vigor do tratado entre 0 Estado ou a organizagio intemacional que formularam a objegio ¢ 0 Estado ou organizagdo autores da reserva, salvo se intengo em contrério tena sido expressamente manifestada pelo Estado ou pela organizago que formularam a objegiio; 14/48 a @) um ato pelo qual um Estado ou uma organizagfo intemacional manifeste 0 ag w seu consentimento em ficar yinculado pelo tratado e que contenha uma reserva produz efeito desde que, pelo menos, um Estado contratante ou uma organizagdo contratante tenham aceite a reserva, 5, Para os efeitos dos n.* 2 ¢ 4, salvo disposigo do tratado em contrério, uma reserva considerada como aceite por um Estado ou uma organizagao internacional quando ‘estes ndo formularam qualquer obje¢o reserva, nos 12 meses seguintes & data em ‘que reveberam a notificagtio ou em que manifestaram o seu consentimento em ficar -vinculados pelo tratado, se esta for posterior. Artigo 21.° Bfeitos juridicos das reservas ¢ das objecGes ds reservas 1. Umareserva formulada em relagao a outra parte, de acordo com 0 disposto nos artigos 19.°, 20." ¢ 23.": 4) modifica, quanto ao Estado ou organizagao internacional autores da reserva, nas suas relagdes com essa outra parte, as disposigdes do tratado sobre as quais incide a reserva, na medida do previsto por essa reserva; & 4) modifica essas disposiges na mesma medida quanto a essa outra Parte, nas suas relagdes com 0 Estado ou com a organizagio intemacional autores da reserva. 2. A reserva niio modifica as disposiges do tratado quanto 4s outras partes, nas suas relagdes inter se. 3. Quando um Estado ou uma organizagio internacional, que tenham formuledo uma objegdo a uma reserva, no se oponham & entrada em vigor do tratado entre si ¢ 0 Estado ou a organizagao autores da reserva, as disposigbes sobre as quais incide a reserva no se aplicam entre 0 Estado ou organizagdo autores da reserva ¢ 0 Estado ou organizagio intemacional que formularam a objegio, na medida do previsto pela reserva. 15/48 Artigo 22.° Retivada das reservas e das objegdes as reservas 1, Salvo disposigo do tratado em contrério, uma reserva pode ser retirada a todo o tempo, sem que 0 consentimento do Estado ou da organizagio intemacional que a aceitaram seja necessério para a sua retirada. 2. Salvo disposigio do tratado em contrério, uma objegio a uma reserva pode ser retirada a todo o tempo. 3. Salvo disposigao do tratado em contrario ou se de outro modo acordado: @ a retirada de uma reserva s6 produz efeitos em relagiio a um Estado contratante ou uma outra orgenizayo contratante quando este Estado ou esta organizagio dela tenham sido notificados; 4) aretirada de uma objego a uma reserva s6 produz efeitos quando o Estado ou a organizaco autores da reserva tenham sido notificados dessa retirada, Artigo 23.° Procedimento relativo as reservas 1, A reserva, a aceitago expressa de uma reserva ¢ a objegdo a ume reserva devem ser formuladas por escrito ¢ comunicadas aos Estados contratantes ¢ as organizagées contratantes ¢ aos outros Estados e organizagées intemacionais que possum vir a ser partes no tratado, 2. A reserva formulada no momento da assinatura de um tratado, sob reserva de ratificagio, ato de confirmagiio formal, aceitagio on apzovagio, deve ser formalmente confirmada pelo Estado ou organizagao intemacional que @ formularam no momento em que znanifestam o seu consentimento em ficar vinculados pelo tratado. Neste caso, a reserva considcra-se formulada na data em que tiver sido confirmada, 3. A aceitagio expressa ou objegio a uma reserva, se anteriores & confirmagio da reserva, niio necessitam de ser confirmadas, 4. A retirada ou a objegio a uma reserva devem ser formulada por escrito, 16/48 B SECGAO 3. Entrada em vigor dos tratados e aplicacio a titulo provisério Artigo 24.° Entrada em vigor Um tratado entra em vigor nos termos e na data nele previstos ou acordados pelos Estados negociadores e organizagSes negociadoras ou, consoante 0 caso, as onganizagdes negociadoras, Na falta de tais disposigdes ou acordo, um tratado entra em vigor logo que 0 consentimento em ficar vinculado pelo tratado seja menifestado por todos os Estados negociadores ou organizagées negociadoras ou, consoante 0 caso, todas as onganizagées negociadoras, Quando 6 consentimento de um Estado on de uma organizagao internacional em ficar vinculado por um tratado for manifestado em data posterior & da sua entrada em vigor, 6 tratado entra em vigor relativamente a esse Estado ou essa organizagio nessa data, salvo disposigio do tratado em contrétio, As disposigées de um tratado que regulam a autenticagio do texto, a manifestagao do a da sua entrada em consentimento em ficar vinculado pelo tratado, os termos ou a da vigor, as reservas, as fungdes do depositario, bem como outras questdes que se suscitam necessariamente antes da entrada em vigor do tratado, so aplicaveis desde ‘o momento da adogio do texto. Artigo 25,° Aplicagéo a titulo provisério . Um fratado ou uma parte de um tratado aplica-se a titulo provisério, antes da sua entrada em vigor se: @) © proprio tratado assim o dispuser; ou 8) 0s Estados negociadores ou as organizagées negociadoras ou, consoante o caso, as organizagées negociadoras assim acordaram, de outro modo. Salvo disposigio do tratado ou acordo dos Estados negociadores e das organizagies intemacionais negociadoras ou, consoante o caso, das organizagdes negociadoras em contrario, a aplicagio « titulo provisério de um tratado ou de uma parte de um tratado relativamente a um Estado ou a uma organizagéo internacional cessa se este Estado 17148 if ou esta organizagio notificar os Estados ¢ as organizagSes, entre os quais 0 tratado & ue aplicado provisoriamente, da sua inten¢do de nfo se tomar parte no mesmo. PARTE Il Observancia, aplicaco ¢ interpretago dos tratados SECCAO 1, Observancia dos tratados Artigo 26,° Pacta sunt servanda Todo o tratado em vigor vincula as partes e deve ser por elas cumprido de boa-fé. Artigo 27.° Direito interno dos Estados, regras de organizagées internacionais e observancia dos tratados 1. Um Estado parte num tratado nao pode invocar as disposigtes do seu direito interno ‘para justificar o incumprimento de um tratado. 2. Uma organizacio internacional parte num tratado nfo pode invocar as regras da ‘organizago para justificar o incumprimento de um tratado. 3. As regras enunciadas nos nimeros precedentes nilo prejudicam 0 disposto no artigo 46". SECCAO 2. Aplicacao dos tratados Artigo 28.° No retroatividade dos tratados Salvo se 0 contririo resultar do tratado ou tenha sido de outro modo estabelecido, as disposigdes de um tratado nfio vinculam uma parte no que se refere a um ato ou facto anterior ou a qualquer situago que tenha deixado de existir & data da entrada em vigor do tratado relativamente a essa parte. 18/48 Artigo 29.° Aplicagéo territorial dos tratados Salvo se 0 contrario resultar do tratado ou tenha sido de outro modo estabelecido, tim tratado entre um ou mais Estados e uma ou mais organizagSes internacionais ¢ vinculativo para cada Estado parte relativamente a totalidade do seu territério, Artigo 30.° Aplicagio de tratados sucessivos sobre a mesma maiéria 1. Os direitos ¢ obrigagdes dos Estados c das organizagées intemacionais partes em tratados sucessivos sobre a mesma matéria sio determinados de acordo com os anfimeros seguintes. 2. Quando um tratado estabelece que esté subordinado @ um tratado anterior ou posterior on que nfo deve ser considerado incompativel com esse outro tratado, prevalecem as disposigies deste tltimo, 3. Quando todas as partes no tratado anterior so também partes no tratado posterior, sem que o tratado anterior tenha cessado de vigorar ou sem que a sua aplicagdo tenha sido suspensa nos termos do artigo 59.°, o tratado anterior sé se aplica na medida em que as suas disposigées sejam compativeis com as do tratado posterior. 4, Quando as partes no tratado anterior nffo sto todas partes no tratado posterior: a) nas relagdes entre duas partes em que ambas so partes de ambos os tratados 6 aplicdvel a norma enunciada no n.° 3; b)_ nas relagbes entre uma parte em ambos os tratados ¢ de uma parte apenas num deles, 0 tratado no qual ambos sto parte rege os seus direitos obrigagées reofprocos, . On.'4 eplica-se sem prejuizo do disposto no artigo 41.°, ou de qualquer questo de cessagiio da vigéncia ou de suspensio da aplicagdo de um tratado nos termos do artigo 60.°, ou de qualquer questio de responsabilidade que possa nascer para um Estado ou para uma organizagdio internacional da conclusto ou da aplicago de um tratado cujas disposigées sejam incompativeis com as obrigagbes que The incumbam relativamente a.um Estado ou uma organizaciio, por forga de outro tratado. 6. Os mimeros precedentes so aplicéveis, sem prejuizo de, em caso de conflito entre as obrigagdes resultantes da Carta das Nagdes Unidas ¢ as obrigagées resultantes de um tratado, as primeiras prevalecerem, 19/48 SECGAO 3. Interpretagio dos tratados Artigo 31° Regra geral de interpretacio 1. Um tratado deve ser interpretado de boa-fé, de acordo com o sentido comum a atribuir aos termos do tratado, no seu context, ¢ & luz dos respetivos objeto e fim. 2. Para efeitos de interpretago de um tratado, 0 contexto compreende, além do texto, predmbulo e anexos inclufdos: 4) qualquer acordo relativo ao tratado e que tenha sido celebrado entre todas as partes quando da conchusto do tratado; 4) qualquer instrumento estabelecido por uma ou mais partes aquando da concluso do tratado € accite pelas outras partes como instrumento relacionado com o tratado, 3, Ter-se-d em consideragio, simultaneamente com 0 contexto: 4) qualquer acordo posterior entre as partes sobre a interpretagiio do tratado ou 2 aplicagio dus suas disposigbes; 4) qualquer prética posterior na aplicago do tratado que estabelega 0 acordo das partes sobre a interpretagio do trutado; © qualquer norma pertinente de direito internacional aplicével As relagies entre as partes. 4, Um termo sera entendido num sentido particular se estiver estabelecido que tal foi a intengdio das partes. Antigo 32.° Meios complementares de interpretagdo Pode-se recorrer a meios complementares de interpretagdo, designadamente aos trabalhos preparatorios ¢ ds circunstiineias em que foi concluido o tratado, com vista a confirmar 0 sentido resultante da aplicagdo do artigo 31.°, ou a determinar 0 sentido quando a interpretago dada de acordo com o artigo 31.°: @) deixe o sentido ambiguo ou obscuro; ou 8) conduza a um resultado manifestamente absurdo ou incoerente, 20/48 Artigo 33.° Interpretacdo de tratados autenticades em duas ou mais Tinguas 1. Quando um tratado tiver sido autenticado em duas ou mais linguas, 0 seu texib faz f8 ‘em cada uma dessas Iinguas, salvo se o tratado dispuser ou as partes acordarem que, em caso de divergéncia, prevaleceré um determinado texto. 2. Uma versio do tratado numa lingua diferente daquelas em que o texto foi autenticado: 86 sera considerada como texto auténtico se o tratado o previr ou as partes o tiverem acordado. 3, Presume-se que os termos de um tratado tém o mesmo sentido que nos diversos textos auténticos. 4, Salvo 0 caso em que um determinado texto prevalece, nos termos do n° 1, quando a comparagiio dos textos auténticos evidencie uma diferenca de sentido que a aplicago dos artigos 31.° ¢ 32.° no permita superar, adotar-se-4 o sentido que melhor concilie esses textos, tendo em conta o objeto e o fim do tratado. SECCAO 4. Tratados e Estados terceiros ou organizagées terceiras Artigo 34.° Regra geral respeitante aos Estados terceiros e ds organizagies terceiras Um tratado nfo cria obrigagdes nem direitos para um Estado terceiro ou uma organizago terceira sem 0 consentimento deste Estado ou desta organizagio. Artigo 35.° Tratados que preveem obrigasées para Estados terceiros ou organizagées terceiras ‘Uma disposigo de um tratado faz nascer uma obrigagao para um Estado terceiro ou uma organizago terceira se as partes nesse tratado entenderem criar a obrigagao por meio dessa disposigdo e se 0 Estado terceiro ou a organizagio terceira aceitarem expressamente por escrito essa obrigagdo. A accitaglo de tal obrigagio pola organizagiio terceira 6 regida pelas regras desta organizagio. Artigo 36.° ‘Tratados que preveem direitos para terceiros Estados ou terceiras organizactes 1, Uma disposigo de um tratado estabelece um direito para um Estado terceiro se as partes nesse tratado pretenderem que essa disposigo estabelega esse direito, por meio 2048, oh R dessa disposigo, ao Estado terceiro, a um grupo de Estados a que este pertenga ou a todos os Estados, caso haja consentimento do Estado terceiro, O seu consentimento presuime-se enquanto no houver indicago em contrério, salvo se o tratado dispuser de outro modo. 2, Uma disposigdo de um tratado estabelece um direito para uma organizagiio terceira se as partes nesse tratado pretenderem que essa disposigo estabelega esse direito, por meio dessa disposig&o, a organizagio terceira, a um grupo de organizagdes a que esta pertenga ou a todas as organizagses, caso haja consentimento da organizagdo terceira. O seu consentimento rege-se pelas regras da organizagéo. 3. Um Estado ou uma organizacao intemacionel, que exergam um direito nos termos do 12 1 oudon.°2, devem respeitar, para o exercicio desse direito, as condigSes previstas no tratado ou estabelecidas de acordo com as suas disposigdes. Artigo 37.° Revogacéo ou modificagao de obrigagdes ou de direltos de teroeiros Estados ou de terceiras organizagées 1, Quando uma obrigagio tenha nascico para um Estado terceiro ou uma organizagio terceira, nos termos do artigo 35.°, essa obrigagdio s6 pode ser revogada ou modificada mediante o consentimento das partes no tratado e do Estado terceiro on da organizagio terecira, salvo sc de outro modo tiverem acordado, 2. Quando um diteito tenha nascido para um Estado tercciro ou uma organizagio terceira, nos termos do artigo 36.°, esse direito nao pode ser revogado ou modificado ppelas Partes se se coneiuir que houve a intengtio de nflo ser revogavel ou modificével sem 0 consentimento do Estado terceiro ou da organizacto terceira. 3. Q consentimento de uma organizagio intemacional parte no tratado ou de uma organizagfio terceira, de acordo com o disposto nos mimeros anteriores, rege-se pelas rogras dessa organizagio. Artigo 38,° Normas de um tratado tornadas vineulativas para terceiros Estados ou terceiras organizagoes pela formacao de um costume internacional disposto nos artigos 34.° a 37.° nfio obsta a que uma norma enunciada num tratado se tome vinculativa para um Estado terceiro ou uma organizagio terceira como norma consuetudindria de direito internacional, reconhecida como tal. 22/48 PARTE IV Revisio e modificagio dos tratados Artigo 39.° Regra geral relativa & revisdo dos tratados ‘Um tratado pode ser revisto por acordo entre as partes. Aplicam-se a tal acordo as normas cnunciadas na Parte II, salvo disposigao do tratado em contrario. O consentimento de uma organizagdo internacional relativamente a0 acordo previsto no n.° 1 éregido pelas regras dessa organizagtio. Artigo 40.° Revisdo dos tratados multilaterais Salvo disposigo do tratado em contrdrio, a revisdo dos tratados multilaterais rege-se pelos niimeros seguintes. Qualquer proposta de revistio de um tratado multilateral quanto s relagSes entre todas as partes tem de ser notificada a todos os Estados contratantes e a todas as organizages contratantes, tendo cada um deles tem o diteito de participar: @) na decisio sobre o seguimento a dar & proposta; ) na negociagdo e na concluséo de qualquer acordo que tenha por objeto rever 0 tratado, Todos os Estados ou todas as organizagées intemacionais que possam tornar-se partes no tratado podem igualmente tomnar-se partes no tratado revisto © acordo que revé um tratado nfo vincula os Estados ou as organizagdes internacionais que sejam jé partes no tratado e que no se tornem partes no acordo que o revé; relativamente a esse Estado ou a essa organizag&o, ¢ aplievel a alinea b) don.’ 4 do artigo 30° Qualquer Estado ou organizagdo internacional que se tome parte num tratado, apés a entrada em vigor do acordo que o reve, se no tiver manifestado intengao diferente, € considerado como: 4) parte no tratado revisto; & 4) parte no tratado no revisto, relativamente as partes no tratado que nfo estejam vinculadas ao acordo que 0 reve, 23148 Artigo 41.° Acordos para modificar tratados multilaterais somente entre algumas das partes 1. Duas ou mais pattes num tratado multilateral podem concluir um acordo que modifique 0 tratado nas suas relagdes miituas, somente quando: 4a) apossibilidade de tal modificagio se encontrar prevista no tratado; ou 1b) essa modificagio nao for proibida pelo tratado e: i) niio prejudique 0 gozo, pelas outras partes, dos seus direitos ao abrigo do tratado ou o cumprimento das suas obrigagSes; ii) niio respeite a uma disposigao cuja derrogacao seja incompat{vel com a realizagio efetiva do objeto e do fim do tratado no seu todo. r de outro modo relativamente ao caso referido na alinea a) 2. Salvo se o tratado dispus do n2 1, as partes em causa deve notificar as outras partes da sua intengfo de concluir 0 acordo e da modificagio ao tratado que este tiltimo prevé. PARTE V Nulidade, cessagao da vigéncia e suspenstio da aplicacao dos tratados SECCAO 1. Disposigoes gerais Artigo 42." Validade e vigéncia dos tratados L.A validade de um tratado ou do consentimento de um Estado ou de uma organizagao internacional em ficarem vinculados por um tratado s6 pode ser contestada de acordo com a presente Convengio, 2. A cessagiio da vigEncia de um tratado, a sua dentincia ou a retirada de uma parte s6 podem ter lugar de acordo com as disposiges do tratado ou da presente Convengao. ‘A mesma regra vale para a suspenso da aplicagio de um tratado, Artigo 43.° Obrigagées impostas pelo direito internacional independentemente de um tratado A nullidade, a cessago da vigéncia ov a dentincia de um tratado, a retirada de uma das partes ou a suspensdo da aplicagdo de um tratado, quando decorram da aplicagéo da presente Convencio ou das disposigées do tratado, nao afetain o dever de um Estado ou de uma organizagdo internacional de cumptir todas as obrigagties consagradas no tratado 24148 a0 qual esse Estado ou essa organizagio internacional se encontrem sujcitos por forea do direito internacional, independentemente do tratado. Artigo 44.° Divisibilidade das disposigbes de um tratado 1. O direito previsto num tratado ou resultante do artigo 56.° de uma parte denuaciar 0 tratado, de dele se retirar ou de suspender a sua aplicagdo s6 pode ser exercido em relagio ao tratado no seu todo, a menos que este disponha ou as partes convenham de outro modo. 2. Uma causa de mulidade ou de cessacdo da vigéncia de um tratado, de retirada de uma das partes ou de suspenstio da aplicagdo de um tratado, reconhecida nos termos da presente Convengdo, s6 pode ser invocada em relagio ao tratado no seu todo, salvo nas condigdes previstas nos mimeros seguintes ou no artigo 60.°. 3. Sea referida causa apenas visar determinadas cléusulas, s6 relativamente a elas pode ser invocada quando: a) essas cléusulas sejam separiveis do resto do tratado no que respeita & sua execugio; 1b) resulte do tratado ou que de qualquer outro modo seja estabelecido que a aceitagao dessas cldusulas no constituiu para a outra parte ou para as outras partes no tratudo uma base essencial do seu consentimento em ficarem vinculadas pelo tratado no seu todo; justo continuar a cumprir 0 que subsiste do tratado. @) niko sejai 4, Nos casos previstos nos artigos 49.° ¢ 50.%, 0 Estado ou a organizagao intemacional com direito a invocar 0 dolo ou a corrupeo pode fazé-lo relativamente ao tratado no seu todo, ou, no caso previsto no n.° 3, em relagHo apenas a determinadas clausulas, 5. Nos casos previstos nos artigos 51.*, 52.° e 53.°, no & admitida a divisto das disposigdes de um tratado. Artigo 45.° Perda do direito de invocar uma causa de nulidade, de cessacao de vigéncia, de retirada ou de suspensito da aplicagdo de um tratado 1. Um Estado nao pode invocar uma causa de nulidade de um tratado, de cessagio da sua vig@ncia, de retirada ou de suspensdo da sua aplicagdo, nos termos dos artigos 46.° 25148 50.” ou dos artigos 60.° ¢ 62.°, quando, apés haver tomado conhecimento dos factos, esse Estado: @ aceitou expressamente considerar que o tratado, conforme os casos, ¢ vélido, peimanece em vigor ou continua a ser aplicavel; ow 4). deva, em raziio da sua conduta, ser considerado como tendo aceite, conforme 0s casos, a validade do tratado ou a sua permanéneia em vigor ou em aplicagio. 2. Uma organizagao internacional nfo pode invocar uma causa de nulidade de um tratado, de cessag#o da sua vigéncia, de retirada ou de suspensiio da sua aplicagéo, nos termos dos artigos 46.° a 50.° ou dos artigos 60.” ¢ 62.5, quando, apés haver tomado conhecimento dos factos, essa organizagio: 4) aceitou expressamente considerar que o tratado, conforme os casos, é valido, permanece em vigor ou continua a ser aplicdvel; ov )) deva, em raziio da conduta do érgiio competente, ser considerado como tendo renunciado ao direito de invocar essa causa. SECCAO 2, Nulidade dos tratados Artigo 46.° Disposigdes de direito interno de um Estado ¢ regras de wma organizagao internacional relativas é competéncia para concluir tratados 1. A circunstiincia de 0 consentimento de um Estado em ficar vineulado por um tratado ter sido manifestado com violagdio de uma disposigto do seu direito intemo relativa & ‘competéncia para concluir tratados nao pode ser invocada por esse Estado como tendo ciado 0 seu consentimento, salvo se essa violagio tiver sido manifesta e disser respeito a uma norma de importéncia fundamental do seu direito interno. 2. A cireunstincia de 0 consentimento de uma organizago intemacional em ficar vinculada por um tratado ter sido manifestado com violagto de regras da organizagiio relativas & competéncia para concluir tratados nfo pode ser invocada por essa organizagio intemacional como tendo viciado 0 seu consentimento, salvo se essa violagéo tiyer sido manifesta e disser respeito a uma norma de importincia fundamental, 26/48, 3. Uma violagiio & manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado ou qualquer organizagao internacional que procedam, nese dominio, de acordo com a pritica habitual dos Estados ov, consoante 0 caso, das organizagdes internacionais e de boa-f. Artigo 47° Resirigao especial ao poder de manifestar 0 consentimento de um Estado ou de uma arganizagio internacional Se o poder de um representante para manifestar 0 consentimento de um Estado ou de uma organizago intemacional em ficar vinculado por um determinado tratado for objeto de uma restrigdo especial, a inobservancia desta pelo tepresentante nfo pode ser invocada como tendo viciado 0 consentimento que ele manifestou, salvo se a restrigio tiver sido notificada aos outros Estados negociadores e organizagSes negociadoras, anteriormente & manifestago desse consentimento. Artigo 48.° Ero 1. Um Estado ou uma organizagio intemacional podem invocar um erro num tratado como tendo viciado o seu consentimento em ficar vinculados pelo tratado se o erro incidiu sobre um facto ou uma situago que esse Estado ou essa organizagio supunham existit no momento em que o tratado foi concluido e que constitufa uma base essencial do consentimento desse Estado ou dessa organizagao em ficar vinculados pelo tratado. 2. On 1 do presente artigo nfo se aplica quando o Estado ou organizagao internacional em questiio contribuiram, com a sua conduta, pata o erro ou quando as circunstancias forem tais que deviam ter-se apercebido da possibilidade de erro. 3. Um erro apenas respeitante a redagao do texto de um tratado nfo afeta a sua validade; neste caso, aplica-se 0 artigo 80.°. Artigo 49.° Dolo ‘Um Estado ou uma organizacao internacional induzidos a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de umn Estado negociador ou organizagao negociadora podem invocar © dolo como vicio do seu consentimento em ficar vinculados pelo tratado. 20148 Artigo 50.° Corrupedio do representante de um Estado ou de uma organizagao internacional A maniifestagio do consentimento de um Estado ou organizagio internacional em ficarem vineulados por um tratado que tenha sido abtido por meio de cormupgio do seu representante, efetuada direta ou indiretamente por um Estado negociador ou uma ‘organizago negociadora, podem invocar essa corupgfio como vicio do seu consentimento em ficar vinculado pelo tratado. Artigo 51.° Coagiio sobre 0 representante de um Estado ou de uma organizacao internacional A manifestagdo do consentimento de um Estado ou de uma organizagio internacional om ficarem vinculados por um tratado que tenha sido obtida através de coagdo exercida sobre o representante desse Estado ou dessa organizagao, por meio de atos ou de ameagas dirigidas contra ele, & desprovida de qualquer efeito juridico Artigo 52.° Coagiio sobre um Estado ou uma organizacao internacional através de ameaga ou uso da forga E nulo o tratado se a sua conclusio tiver sido obtida através de ameaga ou uso da forca, ‘em violagdo dos principios de direito intemacional consignados na Caria das Nagdes Unidas. Artigo 53.° Tratados incompativeis com uma norma imperativa de direito internacional geral (jus cogens) E nulo 0 tratado que, no momento da sua conclusio, seja incompativel com uma norma imperativa de direito internacional geral, Para os efeitos da presente Convengfo, uma norma imperativa de diteito intemacional geral é uma norma aceite e reconhecida pela comunidade intemacional dos Estados no seu todo como norma cuja derrogagio néo é permitida e que 86 pode ser modificada por uma nova norma de direito intemacional geral com a mesma natureza. 28/48 a SECCAO 3. Cessagio da vigéncia dos tratados e suspensio da sua aplicagiio Artigo 54. Cessacdo da vigéncia ou retirada de um tratado por forga das suas disposigdes ou por consentimento das partes A cessagiio da vigEncia de um tratado ou a retirada de uma parte podem ter lugar: a) nos termos previstos no tratado; ou 1) em qualquer momento, por consentimento de todas as partes, apés consulta com os Estados contratantes ¢ organizagées contratantes, Artigo 55.° Redugiio das partes num tratado multilateral a niimero inferior ao necessério para a sua entrada em vigor Salvo disposigdo do tratado em contrério, um tratado multilateral nfo cessa a sua vigéncia 86 pelo facto de o niimero das partes se tomar inferior ao niimero necessério para a sua entrada em vigor. Artigo 56.° Deniincia ou retirada no caso de um tratado nao conter disposigdes relativas a cessagiio da vigéncia, d densincia ou & retirada 1, Um tratado que nfo contenha disposigées relativas A cessagio da sua vigéncia e niio preveja que as partes possam denuncié-lo ou dele retirar-se nao pode ser objeto de demtincia ou de retirada, salvo: a) se estiver estabelecido que as partes admitiram a possibilidade de dentincia on de retirada; ow b) se 0 direito de dentincia ou de retirada puder ser deduzido da natureza do tratado, 2. Uma parte deve notificar, pelo menos com doze meses de antecedéncia, a sua intengaio de proceder & deniincia ou a retirada de um tratado, nos termos previstos no n° 1. 29148 Artigo 57° _Suspensiio da aplicagao de um tratado por forea das suas disposigdes ou por consentimento das partes A aplicagdo de um tratado relativamente a todas as partes ou a uma determinada parte pode ser suspensa: 4) nos termos previstos no tratado; ou 1b) em qualquer momento, por consentimento de todas as partes, apés consulta com os Estados contratantes e as organizagbes contratantes. Artigo 58.° Suspensiio da aplicagdo de um tratado multilateral, por acordo estabelecido apenas entre determinadas partes 1. Duas ou mais partes num tratado multilateral podem concluir um acordo que tenha por objeto suspender, temporariamente e apenas entre si, a aplicagio de disposigées do tratado se: a) apossibilidade de tal suspensio estiver prevista no tratado; ou b) essa suspensio ndo for proibida pelo tratado e: i) nfo prejudique 0 gozo pelas outras partes dos direitos que Ihes advenham do tratado, nem cumprimento das suas obrigagdes; ii) no for incompativel com 0 objeto e o fim do tratado, 2. Salvo se o tratado dispuser de outro mode relativamente a0 caso referido na alfnea a) do n? 1, as partes em causa devem notificar as outras partes da sua intengdo de concluir 0 acordo e das disposigGes do tratado cuja aplicagao propdem suspender. Artigo 59.° Cessagdo da vigéncia ou suspensto de aplicagao de um tratado implicitas pela conelusdio de um tratado posterior 1. Considera-se que cessou a vigéncia de um tratado quando todas as suas partes tenham conclufdo um tratado posterior sobre a mesma matéria e: 44) tesulte do tratado posterior ou esteja, de outro modo, estabelecido que as partes tinham a intenco de que a matéria fosse regida por aquele tratado; ou 3048 5) as disposig&cs do tratado posterior forem de tal modo incompativeis com a3 do tratado anterior que os dois tratados no podem ser simultaneamente aplicados. 2, O tratado anterior € considerado apenas suspenso se resultar do tratado posterior, ou se stiver, de outro modo, estabelecido que tal foi a inteng#o das partes. Antigo 60.° Cessagio da vigéncia ou suspensio da aplicagio de um traiado como consequéncia da sua violagao 1. Uma violagio substancial de um tratado bilateral, por uma das partes, autoriza a outra parte a invocar a violago como fundamento para 2 cessagio da vigéncia ou para a suspensio da aplicagio do tratado, no todo ou em parte. 2. Uma violagio substancial de um tratado multilateral, por uma das partes, autoriz; a) as ovttas partes, agindo de comum acordo, a suspender a aplicagio do tratado, no todo ou em parte, ou cessar a sua vigéncia: nas relagdes entre cles € 0 Estado ou a organizagio intemacional autores da violac&o; ou ii) entre todas as partes; }) uina parte especialmente atingida pela violagio a invocé-la como motivo de suspensiio da aplicago do tratado, no todo ou em parte, na relagdes entre si © 0 Estado ou a organizagao intemacional autores da violagao;, ©) qualquer outra parte, com exceetio do Estado ou organizagio intemacional autores da violagiio, a invocar a violagiio como fundamento para suspender a aplicagdo do tratado em relag&o a si, no todo ou em parte, se o tratado for de tal natureza que uma violagio substancial das suas disposig6es por uma parte modifique radicalmente a situagiio de todas as partes relativamente a0 cumprimento posterior das suas obrigagSes a0 abrigo do tratado, 3. Para os efeitos do presente artigo, constituem violagdo substancial de um tratado: a) uma rejeigo do tratado nfo admitida pela presente Convengio; ou 1) aviolagdo de uma disposigio essencial para a realizag&o do objeto ou do fism do tratado. 31/48 © disposto nos niimeros anteriores niio prejudice qualquer disposigaio do tratado aplicével em caso de violagao, 0 disposto nos n.** 1 a 3 niio se aplica as disposigdes rclativas & protegio da pessoa humane contidas nos tretados de natureza humanitétia, nomeadamente as disposigdes que proibem toda a forma de represélias sobre as pessoas protegidas pelos referidos tratados. Artigo 61. Impossibilidade superveniente de cumprimento ‘Uma parte pode invocar a impossibilidade de cumprir um tratado como fondamento para fazer cessar a sua vigéncia ou pata dele se retirar se essa impossibilidade resultar do desaparecimento ou destrui¢ao definitives de um objeto indispensivel ao cumprimento do tratado. Se a impossibilidade for temporaria, apenas pode ser invocada como fundamento para a suspensio da aplicagiio do tratado. A impossibilidade de cumprimento no pode ser invocada por uma parte como fundamento para a cessagéo da vigéncia do tratado, para dele se retirar ou para suspender a sua aplicagio, se essa impossibilidade resultar de uma violagdo de uma obrigestio, por essa parte, decorrente do tratado ou de qualquer outra obrigagao internacional perante qualquer outra parte do tratado. Artigo 62.° Alteragao fundamental das cireunstancias ‘Uma alteragio fundamental das circunstincias que tenha ocorrido relativamente quelas que existiam no momento da conclusiio de um tratado e que néo fora prevista pelas partes ndo pode ser invocada como fundamento para a cessagio da vigéneia de ‘um tratado ou para dele se retirarem, salvo se: a) a existéncia dessas circunstancias tiver constituide uma base essencial do consentimento das partes em ficarem vinculadss pelo tratado; ¢ 3) essa alteragio tiver por eftito a modificagiio radical da natureza das obrigagdes assumidas no tratado, ‘Uma alteragio fundamental das circunstincias nfo pode ser invocada como fundamento para a cessagio da vigéncia ou para a retirada de um tratado, entre dois 32148 é ‘ou mais Estados ¢ uma ou mais organizagdes internacionais, se o tratado estabelecer um limite. 3. Uma alteragdo fundamental das circunstincias nfio pode ser invocada como fundamento para @ cessagiio da vigéncia ou para a retirada de um tratado se a alteracao fundamental resultar de uma violag&o de uma obrigacio, pela parte que a invoca, decorrente do tratado ou de qualquer outra obrigacio intemacional perante qualquer outra parte do tratado. 4, Se uma parte puder, nos termos dos niimeros anteriores, puder invocar uma alterago fundamental das cirounstncias como fundamento para a cessagio da vigéncia ou para a retirada de um tratado, pode igualmente invocé-la como fundamento para a suspensio da aplicagio do tratado, Artigo 63.° Rutura de relagées diplométicas ou consulares ‘A rutura de relagdes diplomaticas ou consulares entre os Estados partes num tratado entre dois ou mais Estados ¢ uma ou mais orgenizagdes intemacionais no produz efeitos nas relagSes juridicas estabelecidas entre aqueles Estados pelo tratado, salvo na medida em que a existéncia de relagdes diplométicas ou consulares seja indispensével a aplicagiio do tratado. Artigo 64.° Superveniéncia de uma norma imperativa de direito internacional geral (jus cogens) Se surgir uma nova norma imperativa de direito intemacional geral, qualquer tratado existente que seja incompativel com essa norma tomar-se-4 nulo e cessard a sua vigtncia. SECCAO 4. Procedimento Artigo 65.° Procedimento a seguir quanto nulidade de um tratado, & cessagio da sua vigéncia, & retirada ou d suspensito da sua aplicactio 1. Uma parte que, com base nas disposiedes da presente Convencdo, invocar um vicio no seu consentimento em ficar vinculada por um tratado ou um fundamento para contestar @ validade de um tratado, cessar a sua vigéncia ov dele se retirar ou suspender a sua aplicagio deve notificar a sua pretensio as outras partes. 33/48, . Nada nos nitmeros ant ‘A notificago deve indicar a medida que se propOe a adotar relativamente ao tratado 08 respetivos motivos. $e, apés 0 decurso de um prazo que, salvo em casos de particular urgéncia, néo deve ser inferior a trés meses a contar de recegao da notificac&o, nenhuma parte formular objegdes, a parte autora da notificacdo pode adotar, de ecordo com o artigo 67.°, a medida que tena previsto, . Se, porém, qualquer outra parte tiver formulado uma objegio, as partes devem procurar uma solugio pelos meios indicados no artigo 33.° da Carta das Nagéies Unidas, . A notificago elaborada ou a objegio formulada por uma organizagio intemacional regem-se pelas regras dessa organizagio. riores afeta os direitos ou as obrigagGes das partes que decorram de quaisquer disposigies vigentes entre elas sobre a resolugiio de diferendos, Sem prejuizo do disposto no artigo 45.°, 0 facto de um Estado ou de uma organizagio interacional nao terem procedido & notificagio prevista no n.° 1, nfo os impede de fazer esta notificago em resposta a outra Parte que exija o cumprimento do tratado ‘ou que alegue o seu incumprimento. Artigo 66.° Procedimentos de resolugéio judicial, de arbitragem e de conciliagio Se, nos 12 meses seguintes a data em que a objesto for formulada, nao tiver sido possivel alcangar uma solugo nos termos do n.° 3 do artigo 65.°, devem segui os procedimentos referidos nos nimeros seguintes, . Relativamente a um diferendo relacionado com a aplicagZo ou interpretagto dos artigos 53.° ou 64.°: a) se o Estado for parte no diferendo com um ou mais Estados pode, por requerimento escrito, submeté-lo 4 decisio do Tribunal Internacional de Justiga; 2b) seo Estado for parte no diferendo em que uma ou mais organizagbes internacionais sto partes, o Estado pode pedir, por intermédio de um Estado Membro das Nagies Unidas, se necessario, a Assembleia Geral, ao Conselho de Seguranga ou, quando apropriado, ao Srgio competente de uma organizagao internacional, que seja parte no diferendo e esteja autorizada, 34/48. de aeordo com o artigo 96° da Carta das Nagies Unidas, a pedir um parecer consultivo ao Tribunal Internacional de Justiga, de acordo com o artigo 65. do Estatuto do Tribunals : ¢) seasNagdes Unidas ou uma organizagto intemacional autorizada, de avordo com o artigo 96.° da Carta das Nages Unides, for parte no diferendo, pode pedir um parecer consultivo ao Tribunal Intemacional de Justiga, de acordo com 0 artigo 65.° do Estatuto do Tribunal; d) se wma orgenizagio intemacional, que nfo aquelas referidas na alinea c), for parte no diferendo, pode, por intesmédio de um Estado Membro des Nagies Unidas, seguir 0 procedimento indicado na alinea b); @) © parecer consultivo proferido, de acordo com as alineas 6), ¢) ou d), seré accite como decisivo por todas as partes no diferendo em causa; f) se0 pedido de parecer consultivo submetido ao Tribunal, de acordo com as alineas b), c) ou d), nfo for satisfeito, qualquer parte no diferendo pode, mediante notificacHo eserita a outra parte ou partes, submeté-lo a arbitragem, de acordo com as regras indicadas no Anexo & presente Convengiio. 3. Odisposto non. 2 éaplicdvel, salvo quando todas as partes no diferendo ali referidas, decidirem de comum acordo submeté-lo a um procedimento de arbitragem, designadamente o procedimento especificado no Anexo a presente Convensio. 4, Em caso de diferendo relativo 4 aplicago ou a interpretagtio de qualquer um dos artigos da Parte V, que nfo os artigos 53.° ¢ 64.° da presente Convengio, qualquer ‘uma das partes no diferendo pode iniciar o procedimento de conciliagio indicado no ‘Anexo & Convengio, dirigindo para esse efeito um pedido ao Secretirio-Geral das Nagoes Unidas. Artigo 67.° Instrumentos para declarar a nulidade de um tratado, cessar a sua vigéncia, proceder 4 retirada ou suspender a sua aplicagiio 1. A notificag&o prevista no n.° 1 do artigo 65.° deve ser feita por escrito. 2. Qualquer ato que declare a nulidade de um tratado, cesse a sua vigéncia, proceda & retirada ou suspenda a sua aplicagio, de acordo com as disposiges do tratado ou com os n.*2 e 3 do artigo 65.°, deve ser consignado num instrumento comunicado as coutras partes. Se o instrumento emanado de um Estado niio for assinado pelo Chefe do Bstado, pelo Chefe do Governo ou pelo Ministro dos Negécios Estrangeiros, 0 35/48 representante do Estado que realize a comunicagdo pode ser convidado a apresentar os seus plenos poderes. Se o instrumento for emanado de uma organizagao intemacional, o representante da organizagiio que realize a comunicagio pode ser convidado a apresentar os seus plenos poderes. Artigo 68.° Revogagtio das notificagses e dos instrumentos previstos nos artigos 65.°¢ 67.° ‘Uma notificagao ou o instrumento previsto nos artigos 65.° ou 67.° podem ser revogados ‘em qualquer momento, antes da produgdo dos seus efeitos, SECCAO 5. Consequéncias da nulidade, da cessagio da vigéneia ou da suspensiio da aplicagao de um tratado Artigo 69." Consequéncias da mulidade de um tratado 1. E nulo um tratado cuja nulidade resulte das disposigdes da presente Convencio. As disposigdes de um tratado nulo nfio tém forga juridi 2. Se, poréin, tiverem sido praticados atos com base num tal tratado: 4) cada parte pode requerer a qualquer outra parte que estabeleca, tanto quanto possivel, nas suas relagdes mituas, a situago que existiria se esses atos niio tivessem sido praticados; 4) 08 atos praticatos de boa-fé, antes de a mulidade ter sido invocada, nfo se tornamn ilfcitos apenas pela nulidade do tratado, 3. Nos casos previstos nos artigos 49.°, 50°, 51.° ou 52°, 0 n° 2 nfo se aplica relativamente a parte a que é imputivel o dolo, 0 ato de corrupgio ou a coagio. 4, Nos casos em que é viciado o consentimento de um Estado ou de uma organizagao intemacionel em ficar vinculados por um tratado multilateral, aplicam-se as normas precedents nas relagées entre esse Estado ou essa organizagio e as partes no tratado. Artigo 70.° Consequéncias da cessagiio da vigéncia de um tratado 1. Salvo disposigio do tratado on acordo das partes em contritio, o facto de um tratado ter cessado a sua vigéncia, nos termos des suas disposigGes ou da presente Convengo: 36/48 sh oak a) isenta as partes da obrigagio de conti iarem @ cumprir 0 tratado; b) nilio prejudica qualquer direito, obrigago ou situagdo juridica das partes criados pelo cumprimento do tratado, antes da cessacao da sua vigénvia. 2, Seum Estado ou uma organizagfio internacional denunciarem um tratado multilateral oudelese retiram, on.°1 aplice-se nas relagdes entre esse Estado ou essa organizagéio cada uma das outras Partes do tratado, a partir da data em que essa dentincia ou essa retirada produzam efeitos. Artigo 71.° Consequéncias da nulidade de um tratado ineompativel com uma norma imperativa de direito internacional geral 1. No caso de um tratado ser nulo, nos termos do artigo 53.°, as partes deve @)_climinar, na medida do possivel, as consequéncias de qualquer ato praticado com base numa disposic&o incompativel com a norma imperativa de direito internacional geral; e }) tosnar as suas relagdes mistuas conformes & norma imperativa de direito internacional geral. 2. No caso deum tratado se tomar nulo ¢ cessar a sua vigencia, nos termos do artigo 64.°, acessagio da vigéncia do tratado: a) isenta as partes de qualquer obrigago de continuerem a cumprit o tratado; b) nfo prejudica qualquer direito, obrigagfo ou situagao juridica das partes criados pelo cumprimento do tratado, antes da cessagio da sua vigenci desde que esses dircitos, obrigagées ou situagdes possam manter-se posteriormente apenas na medida em que a sua manuten¢io nao seja em si mesma incompativel com a nova norma imperativa de direito intemacional geral. Artigo 72.° Consequéncias da suspensiio da aplicagio de um tratado 1, Salvo disposigo do tratado ou acordo das partes em contrério, a suspensio da aplicagio de um tratado, nos termos das suas disposigdes ou da presente Convengiio: 37/48, @) isenta as partes entre as quais a aplicagto do tratado se encontra suspensa da obrigagio de cumprir o tratado, nas suas relagdes nnituas, durante o perfodo da suspensio; b) niio afeta, de qualquer outro modo, as relagBes juridicas estabelecidas entre as partes por efeito do tratado. 2. Durante 0 periodo de suspenséo, as partes devem abster-se de todos os atos tendentes a impedir a reentrada em vigor do tratado. PARTE VI Disposigdes diversas Antigo 73.” Relagito com a Convengdo de Viena sobre o Direito dos Tratados Tal como entre Estados Parte na Convengdo de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969, as relagdes desses Estados, ao abrigo de um tratado entre dois ou mais Estados e uma ou mais organizagées intemacionsis, reger-se-Go por aquela Convengio Artigo 74.° Questies néto prejudicadas pela presente Convengiio As disposigées da presente Convenco nfo prejudicam qualquer questo que possa surgir a propésito de um tratado entre um ou mais Estados e uma ou meis organizagdes internacionais em virtude de uma sucesso de Estados, responsabilidade intemacional de um Estado ou abertura de hostilidades entre Estados. 2. As disposigbes da presente Convengao nfo prejudicam qualquer questo que possa surgit a propésito de um tratado em vittude da responsabilidade intemacional da organizagéo internacional, do término da sua existéncia ou da conclusio da participagéo de um Estado na qualidade de membro dessa organizago. 3. As disposigdes da presente Convengdo no prejudicam qualquer questo que possa surgir a propésito da criagao de obrigagies e de direitos para os Estados membros de ‘uma organizagio intemacional ao abrigo de um tratado no qual aquela organizagio soja parte. 38/48. oh Artigo 75.° Relagdes diplomaticas ou consulares ¢ conclusdo de tratados ‘A rutura ou inexisténcia de relagdes diplométicas ou consulares entre dois ov thais Estados nfo obsta a conclusio de tratados entre dois ou mais desses Estados ¢ uma ou mais organizagdes intemacionais. A conclusio de tal tratado no roduz, por si mesma, efeitos no respeitante a relagées diplométicas ou consulares. Artigo 76.° Caso de um Estado agressor [As disposiges da presente Convengiio nao afetam as obrigagBes que possam resultar, em virtude de um tratado concluido entre um ou mais Estados € uma ou mais organizagies intermacionais para um Estado agressor de medidas tomadas, de acordo com @ Carta das ages Unidas em relegio & agressiio cometida por esse Estado. PARTE VIL Depositarios, notificagdes, retificagdes ¢ registo Antigo 77.° Depositérios dos tratados 1. A designagio do depositirio de um tratado pode ser efetuada pelos Estados negociadores © organizagSes negociadoras ov, consoante 0 caso, pelas organizagées negociadoras, no préprio tratado ou por qualquer outro modo. O depositatio pode set um ou mais Estados, uma orgenizagio internacional ou 0 principal funcionévio administrative de organizagdio. 2. As fungdes do depositério de um tratado tém caréeter intemacional ¢ 0 depositatio esté obrigado a agir imparcialmente no exercicio dessas fungOes. Em especial, a circunstancia de um tratado nfo ter entrado em vigor entre algumas das partes ou ter surgido uma divergéncia entre um Estado ou uma organizagio internacional e um depositario relativamente ao exercicio das fungdes deste tiltimo ndo deve influir nessa obrigagio. 39/48 Artigo 78.° Fung6es dos depositarios 1. ‘Salvo disposig#o do tratado ou acordo em contrério dos Estados contratantes ¢ das organizagdes contratantes ov, consoante 0 caso, das organizagbes contratantes, as fangdes do depositério so designadamente as seguintes: a b) a w assegurar a guarda do texto original do tratado e dos plenos poderes que Ihe tenham sido transmitidos; obter cépias autenticadas do texto original e de textos do tratado noutras linguas que possam ser necessérias em virtude do tratado e comunicé-las as partes no tratado ¢ aos Estados e organizagSes internacionais que possam tomar-se parte no tratado; receber quaisquet assinaturas do tratado e receber e guardar quaisquer instrumentos, notificagdes e comunicagées relativos ao tratado; cxaminar se uma assinatura ou qualquer instrumento, notificaggo ou comunicagao relativos ao tratado revestem a forma devida c, se necessario, suscitar a atengio do respetivo Estado ou organizagio intemecional para a questo; informar as partes © os Estados que possamn tomar-se parte no tratado dos atos, notificages e comunicaedes relatives ao tratado; informar os Estados ¢ as organizagdes internacionais que possam tornar-se parte no tratado quando o nimero de assinaturas ou de instrumentos de ratificag&o, instrumentos relativos a um ato de confirmagio formal ou instramento de aceitagdo, aprovagao ou adestio necessérios para a entrada em vigor do tratado foram recebidos ou depositados; rogistar o tratado junto do Seoretariado das Nagdes Unidas; exercer as fungSes especificadas noutras disposigdes da presente Convengio. 2. Quando surgir uma divergéncia entre um Estado ou uma organizagio internacional e 0 depositirio sobre o exercicio das fungdes deste ultimo, o depositirio deve suscitar a atengiio para a questo: a dos Estados ¢ organizagdes signatirias e dos Estados contratantes & organizagdes contratantes; ou 40/48 sh 4) se for 0 caso, do drgfio competente da organizago internacional em causa, Artigo 79.° Notificagées e comunicagées Salvo disposig&o do tratado ou da presente Convencao em contrétio, qualquer notificagio ou comunicagao que devam ser realizadas por qualquer Estado ou qualquer organizago intemacional, nos termos da presente Convengio: a) sto transmitidas, se nfo houver depositério, ditetamente aos Estados © organizacdes a que se destinam ou, se houver depositirio, a este tltimo; 5) 86 so consideradas como feitas pelo Estado ou organizagio em causa aquando da sua receciio pelo Estado ou organizagio as quais so transmitidas ou, se for 0 caso, pelo depositirio; ©) se tiverem sido transmitidas a um depositario, s6 so consideradas como recebidas pelo Estado ou organizagio a que se destinam apenas quando este Estado ou organizago tiverem recebido do depositirio a informacao prevista na alinea e) do n° 1 do artigo 78.2. Artigo 80.° Retificagéo de erros nos textos ou nas eépias autenticadas dos tratados 1. Se, apés a autenticagio do texto de um tratado, os Estados e organizagdes intemacionais signatirios e os Estados contratantes ¢ as organizagSes contratantes constatarem, por comum acordo, que esse texto contém um erro, deve proceder-se, salvo se os referidos Estados on organizagies decidirem de outro modo, & retificagio do erro por um dos seguintes meios: a) retifi credenciados; .g80 do proprio texto, rubricada por representantes devidamente 5) claboragGo de um instrumento ou troca de instrumentos onde esteja consignada a retificago que se acordou fazer; ou ©) elaboragtio de um texto retificado de todo o tratado, segundo 0 procedimento utilizado para o texto original. 2. No caso de um tratado para o qual existe um deposititio, este notifica 0 erro ea proposta de retificagtio aos Estados e organizagbes internacionais signatarios e aos 414s of Estados contratantes ¢ organizagSes contratantes e fixa um prazo adequado dentro do qual se poder formular objegses a retificagao proposta. Se, expirado 0 prazo: 4) nenhuma objesdo tiver sido formulada, 0 depositirio efetua e rubrica a retificagto do texto, lavra um auto de retificagio do texto e transmite uma cépia do mesmo as partes no tratado ¢ aos Estados ¢ as organizagdes que possam tornar-se parte no tratado; 2) iver sido formulada uma objeciio, 0 depositirio comunica a objegéo aos Estados ¢ organizacdes signatatios e aos Estados contratantes ¢ organizagdes, contratantes. O disposto nos n.** 1 € 2 ¢ igualmente aplicavel quando o texto tiver sido autenticado em duas ou mais linguas ¢ se verifique uma falta de concordancia que, de acordo com os Estados e organizagies signatérias ¢ os Estados contratantes e organizagées contratantes, deve ser retificada. 0 texto retificado substitu ab initio 0 texto defeituoso, salvo decisfio em contrério dos Estados ¢ organizagbes signatérias ¢ dos Estados contratantes e organizagies contratantes. A retificagio do texto de um tratedo que tenha sido registado deve ser notificada 20 Secretariado das NagOes Unidas. Quando for detetado um erro numa cépia autenticada de um tratado, © depositirio deve lavrar um auto especificando a retificagdo e transmitir cépia do mesmo aos Estados e organizagSes signathrios ¢ aos Estados contratantes e organizagSes contratantes, Artigo 81.° Registo e publicagio dos tratados Apés a sua entrada em vigor, os tratados sio transmitidos a0 Secretariado das Nagdes Unidas para efeitos de registo ou arquivo ¢ inscrigiio, conforme o caso, bem como para publicagao. A designagiio de um depositério constitui autorizagio para este praticar os atos previstos no nimero anterior. 42/48 PARTE VIIL Disposigées finais Artigo 82.° Assinatura A presente Convengfo esta aberta & assinatura, até de dezembro de 1986, no Ministério Federal dos Negécios Estrangeiro da Repiiblica da Austria, e seguidamente, até 30 de junho de 1987, na Sede das NagSes Unidas, em Nova lorque: a) de todos os Estados; b) da Namibia, representada pelo Conselhio das Nagdes Unidas para a Namibia; 6) das organizagies intemacionais convidadas a participar na Conferéncia das Nagdes Unidas sobre o direito dos tralados entre Estados ¢ orgenizagSes internacionais ou entre organizagéies intemacionais. Artigo 83.° Ratificagtio ou ato de confirmagao formal ‘A presente Convengtio seri submetida a ratificago pelos Estados pela Namibia, representada pelo Conselho das Nagées Unidas para a Namibia, ¢ a atos de confirmagio formal pelas organizacbes intemnacionais. Os instrumentos de ratificagio © os instrumentos relatives aos atos de confirmagio formal serio depositados junto do Sccretério-Geral das Nagbes Unidas. Artigo 84.° Adesio 1. A presente Convengiio esté aberta & adesdio de todos os Estados, da Namibia, representada pelo Conselho das Nagées Unidas para a Namfbia, ¢ de qualquer organizagiio internacional que tenha a capacidade para concluir tratados. 2. Um instrumento de adesto de uma organizacao intemacional incluiré uma declaragiio atestando que a organizagdo tem capacidade para concluir tratados. 3. Os instrumentos de adestio serio depositados junto do Secretério-Geral das Nagdes Unidas. 43/48 Artigo 85.° Entrada em vigor 1. A presente Convengio entrar em vigor no trigésimo dia apés a data do depésito do trigésimo-quinto instrumento de ratificagaio ou adesio pelos Estados ou pela Namibia, representada pelo Conselho das Nagdes Unidas para a Namibia, 2, Para cada Estado ou para a Namibia, representada pelo Conselho das NagSes Unidas para a Namibia, que ratificar a presente Convenglo ou a ela aderir, apés a satisfag#o da condigdo estabelecida no n.° 1, a Convengéio entrard em vigor no trigésimo die aps © depésito, por esse Estado ou pela Namibia do seu instrumento de ratificagao ou adesio. 3. Para cada organizagdo intemacional que deposite um instrumento relativo a um ato de confirmagao formal ou instrumento de adesfio, a Convengiio entrard em vigor no trigésimo dia apés tal depésito ou na data em que a Convengio entrar em vigor em conformidade com 0 n° 1, consoante o que ocorrer mais tarde. Artigo 86° Textos auténticos O original da presente Convengao, cujos textos em drabe, chings, inglés, francés, russo espanhol fazem igualmente £6, seré depositado junto do Secretério-Geral das Nagdes Unidas. Em f€ do que os plenipotenciérios abaixo assinados, devidamente autorizados pelos respetivos Goveios, ¢ 0s representantes devidamente autorizados do Conselho das ‘NagSes Unidas para a Namibia e de organizagdes internacionais assinaram a presente Convengio. Feito em Viena, a vinte © um de margo de mil novecentos e oitenta e seis. 44/48 Ds ANEXO PROCEDIMENTOS DF. ARBITRAGEM E DE CONCILIACAO ESTABELECIDOS EM APLICAGKO DO ARTIGO 66." I, CONSTITUICAO DO TRIBUNAL ARBITRAL OU DA ComIssAo DE CONCILIACAO O Secretirio-Geral das Nagdes Unidas elaboraré e manterd uma lista de juristas qualificados, da qual as partes num diferendo poderio escolher as pessoas que constituiro um tribunal arbitral ou, consoante o caso, uma comissio de conciliacio. Para este fim, todos os Estados que sejam Membro das Nagdes Unidas e todas as Partes na presente Convengio serio convidadas a designar duas pessoas, ¢ os nomes das pessoas assim designades sero incluidos na lista, cuja cépia sera transmitida 120 Presidente do Tribunal Internacional de Justiga, © mandato de uma pessoa eujo nome conste da lista, incluindo aquele de uma pessoa designada para preencher uma eventual vaga, é de cinco anos e pode ser renovado. Uma pessoa cujo mandato expire continuard a exercer as fungées para as quais foi escolhida, de acordo com os niimeros seguintes. Quando uma notificagaio tiver sido feita em conformidade com a alinea f) do n° 2 do artigo 66.° ou quando um acordo sobre 0 procedimento previsto no presente Annexo tiver sido alcangado, de acordo com o n.° 3, 0 diferendo seré submetido a um tribunal arbitral. Quando um pedido tiver sido dirigido ao Secretirio-Geral, de acordo com 0 n.° 4 do artigo 66.°, este submeteré o diferendo a uma comisstio de conciliagdo. Tanto o tribunal arbitral como a comissio de conciliaggo serio constituidos de acordo com os seguintes termos: Os Estados, as onganizagdes intemacionais ou, consoante 0 caso, os Estados ¢ as organizeebes que constituam uma das partes no diferendo designaro por comum, acordo: 4) um arbitro ou, consoante o caso, um conciliador, que podem ou néo ser esvolbidos da lista referida no n.°1; € 5) um étbitro ov, consoante 0 caso, um conciliador escolhidos de entre aqueles que constem da liste © que néo sejam da nacionalidade de nenhum dos Estados ou que tenham sido nomeados por nenhuma das organizagées que sejam parte no diferendo, desde que o diferendo entre duas organizagies internacionais néo seja ditimido por nacionais do mesmo Estado. s Estados, as organizagdes intemnacionais ou, consoante 0 caso, os Estados ¢ as onganizagdes que constituam a outra parte no diferendo designariio dois érbitros ou, consoante 0 caso, dois conciliadores, pelo mesmo método. As quatro pessoas escolhidas pelas partes sero nomeadas no prazo de 60 dias, apés a data em que a outra parte no diferendo tiver recebido a notificagiio, de acordo com a alinea f) do n.* 2 do artigo 66,°, em que um acordo quanto ao procedimento previsto no presente Anexo tiver sido aleangado ou em que o Secretério-Geral tenha recebido o pedido de conciliagéo. ‘As quatros pessoas assim escolhidas, no prazo de 60 dias apés a data da iltima nomeago, nomeario da lista um quinto arbitro ov, consoante o caso, um quinto concitiador, que seré o presidente. Sea nomeagao do presidente ou de qualquer um dos drbitros ou, consoante 0 caso, dos conciliadores nilo ocorrer no prazo acima estabelecido, a nomeagio seré feita pelo Secretério-Geral das Nagdes Unidas, num prazo de 60 dias apds 0 termo daguele prazo. O Secretério-Geral pode nomear, como presidente, uma das pessoas inscritas na lista ou um dos membros da Comisstio de Direito Internacional Qualquer um dos prazos, dentro dos quais as nomeagdes devam ser feitas, pode ser prorrogado por acordo entre as partes no diferendo. Caso a Nagao Unidas seja uma das partes ou se encontre incluida numa das partes no diferendo, o Secretério-Geral transmitiré o pedido acima mencionado a0 Presidente do Tribunal Internacional de Justiga, que exercerd as fingSes atribuidas ao Secretério-Geral, de acordo com a presente alinea. Qualquer vaga serd preenchida pelo método estabelecido para a nomeagio inicial. ‘A nomeagio de é:bitros ou conciliadores por uma orgenizegio intemacional, prevista nos n.°* 1 2, rege-se pelas regras dessa organizagfo. Il, FUNCIONAMENTO DO TRIBUNAL ARBITRAL Salvo acordo em contrario das partes no diferendo, o Tribunal Arbitral decide o seu proprio procedimento, garantindo a cada parte no diferendo uma oportunidade plena para ser ouvida e apresentar 0 seu caso. 46148 if 10. un 12. 13. © Tribunal Arbitral, com o consentimento das partes no diferendo, pode convidar qualquer Estado ou organizacao internacional interessados a submeter os seus pontos de vista, oralmente ou por escrito, As decisdes do Tribunal Arbitral so adotadas por uma maioria de votos dos seus membros. Em caso de empate, o voto do Presidente é decisivo. Quando uma das partes no diferendo nao comparega perante 0 Tribunal ou se abstenha de se defender, a outra parte pode solicitar ao Tribunal que prossiga com © proceso € profira a sua sentenga. Antes de proferir a sua sentenca, o Tribunal deve assegurar-se que, nfio 36 disp5e de jurisdigio sobre o diferendo, como o pedido também se encontra devidamente fundamentado, de facto ¢ de direito. A sentenga do Tribunal Arbitral deve confinar-se 4 matéria do diferendo ¢ fandementar as razbes em que se baseia, Qualquer membro do Tribunal pode apresentar uma opinido separada ou dissidente. A sentenga 6 definitiva e ndo € suscetivel de recurso, devendo ser respeitada por todas as partes no diferendo, 0 Secretario-Geral faculta ao Tribunal a assisténcia e as facilidades que este possa vir a requerer. As despesas do Tribunal so suportadas pelas Nagdes Unidas. ILL, FUNCIONAMENTO DA COMISSKO DE CONCILIAGAO A Comisséo de Conciliagao estabelece 0 seu proprio procedimento. A Comissio, com 0 consentimento das partes no diferendo, pode convidar qualquer parte no tratado a submeter os seus pontos de vista, oralmente ou por escrito, As decisdes € as recomendagies da Comissiio so tomadas por uma maioria de votos dos seus cinco membros. A Comissio pode suscitar a atengio as partes no diferendo para qualquer medida que posse facilitar uma resolug&o amigével. A Comissio ouve as partes, examina as pretenses € as objegies € apresenta ropostas as partes com o objetivo de alcangar uma resolugio amigavel. A Comissiio apresenta 0 seu relatério no prazo de doze meses subsequentes a sua constituigo. O seu relatério & depositado junto do Secretério-Geral ¢ transmitido as partes no diferendo. O relatério da Comissio, incluindo quaisquer conclusdes 47168 4 nele referidas quanto 20s factos ou ao direito, nfo é vinculativo para as partes e nfo tem qualquer outra natureza que nfo a de recomendagdes submetidas & consideragio das partes com 0 objetivo de facilitar uma resolugao amigavel do diferendo, Sccretério-Geral faculta & Comissio a assisténcia ¢ as facitidades que esta possa requerer. As despesas da Comissto so suportadas pelas Nages Unidas. 48/48 Eu. Susana Vaz Pao, Diretora do Departamento de Assuntos Juridicos do Minisiério dos Negécios Estrangeiros, certifico que esta tradugdo, no total de quarenta ¢ oito paginas. por mim rubricadas e seladas, esid em conformidade com 0 original do texto na sua versio oficial em lingua inglesa, depositada junto das Nagdes Unidas Lisboa, 6 de outubro de 2020 tilacoal Susama Vas Patto SS ee eee ee ee ee et ee re ee ee ee ee Sere a ee Re, ee eg ee ee oh he lis ——= == == === oss .=—==— = == _ —:

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