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Ha muitos anos que se vem _ tentando difundir esclarecimentos sobre a religido Afro no Brasil. Diversas sdo as verses apre- sentadas por muitos pesquisado- res e babalorishas, no sentido de trazer melhores esclarecimentos para todos aqueles que, de uma forma ou de outra, procuram bus- car conhecimentos nesta tao mi- lenar cultura. Mas... até hoje ainda nado foi apresentada uma total definicgao que pudéssemos chegar a um completo denominador comum. E por qué? Primeiro, como é infinitamente incalculavel o potencial da cultura africana, cada antropdlogo e pes- quisador, define, de acordo com sua visdo antropolégica, e a seu préprio conceito, “o que nao deixa de estar absolutamente certo”. Segundo, babalorishas e ialo- tishas que transmitem conheci- mento a sua cla, (filho-de-santo), tem uma visdo perfeita de sua propria linhagem, e por esta ra- z&o, sempre existem controvér- sias. Controvérsia esta, que, de uma certa forma, é perfeitamente aceitavel e compreensivel. AGO-IE, VAMOS FALAR DE ORISHAS? Capa: Léo-Noll Revisao: o Autor Impressdo e acabamento: Edigdes Renascenca Waiter Calixto ié, vamos falar de Orishas? / Walter Calixto Ferreira (Borel) — Porto Alegre : Renascenga, 1997. 184 p.. 21cm. 1. Usos e costumes africanos - Brasil. 2. Supers- tig6es, crengas africanas - Brasil. 3, Religides africa- nas - Brasil. |. Titulo. Il. Borel. 398.3(=96:81) 299.6(81) Bibliotecaria: Jane Silveira Hessel CRB10/861 Direitos reservados ao Autor Walter Calixto Ferreira - “Borel” Rua Clara Nunes, 5066 Restinga - Porto Alegre - RS Edigdes Renascenga Ltda. Fone: 334.4399 Porto Alegre - RS CGCMF 89539175/0001-85 Inser. Estadual 096/2574945 SUMARIO Apresentagao Prefacio .. Introdugado Capitulo | - A religiéo Africana no Brasil Algumas nag6es africanas vindas para 0 Brasil O sincretismo Diferentes costumes entre as diversas nagdes no Brasil... eee Amiscigenacgado A umbanda na rel A influéncia da culinaria africana Capitulo I! - Orishas .... As divindades africanas Caracteristicas de alguns orishas elementares de CULO veeeeeseeeceseeeeeee Um pouco do vocabulario nago-" Capitulo III - A casa de religido . Os cargos e postos dentro de uma casa de religiao 67 Og4ns-nil, os batedores de atabaque ou tambo- reiros Alguns instrumentos usados para os toques do ritual Esclarecimentos . A iniciagaéo de um filho de santo O jogo de Ifa Capitulo IV - Canticos em nag6 de ashés para os orishas .. Bara 89 Ogun 95 lansa 105 Agandjt 113 Shang6...... 115 Odé e Otin 424 Osséin .... 129 Shapana 135 Oba . 143 Ibédji 447 Oshtn . 154 Yémandja Oshala .... Encerramento . AGRADECIMENTOS e A Federacdo Afro-Brasileira do RS, AFROBRAS, meus efusivos agradecimentos. e Ao meu querido amigo e irmao de lei, Jorge Verardi, presidente da Afrobras, por todo o carinho e incentivo re- cebido. « Ao meu bom amigo jomalista, Ruf Leite Pratini, pelos grandes trabalhos de épocas passadas, expresso aqui meu reconhecimento e gratidao. « Aos meus irmaos, amigos e mestres, Pedro Barbosa “Pedro da lemanja’ e Dario Paiva “Tureba do Ogun (falecidos), por todo o carinho a mim dedicado em seus ensinamentos, que com desprendimento e respeito sem- pre fizeram-me compreender a dignidade e o valor de nossas raizes. « Ao saudoso e inesquecivel amigo, Luiz Antonio da Sifva “Luizinho do Bara”, Esha Lana. e A minha querida e prestimosa, lya-Mi Eleda, Rita Ga- ribaldi “Ritinha do Shang6", por tudo que me foi trans- mitido. “Mi-ila-n'la adupé, lowé Oloriin, Ki Olortin ki6.” Tiwo Omékurin Borel “Tuailé” Tradugao: Minha querida e grande mae, gragas a Deus por ter te conservado a vida e que Deus Ihe conserve sempre em perfeita paz, junto a ele. Teu filho, Walter Calixto “Borel” HOMENAGEM ESPECIAL Guiomar Eulalia Calixto - “Minha Mae” Nascida em Fevereiro de 1886. Falecida em Outubro de 1964. HOMENAGENS POSTUMAS Aos inesqueciveis babalaorishas que me viram nascer, e que foram para mim um exemplo: ° Valdemar Antonio dos Santos (Tiemar do Shang6) Alfredo Barbosa (Alfredo sarara do Shang6) Manoel Matias (Manoelzinho do Mont’ Serrat do Shapa- na) Pai Joaozinho do Bara “Eshu - Bi” Pai Jauri “Oshtin Fumiké” Pai Alcebiedes “Shang6 Agandju” Mae Andreza (Yalorisha Mi) “Oshun Panda” Mae Deolinda “Shang6 lo-Mi” Mae Moga “Oshin Tuké” Mae Otilia (Otilia Barbadinha), “Ogtin Djéco” Maria Isabel Lemos (Mae Tota), “Oya Ladja” Maria Julia da Silva (Mae Morena do Shangd) M&e Nicola “Shangé Dada” Otilia Tavares da Silva “Ossdin Becun Tola” oe eoeoeoeeeoeooeoe Dedico esta obra a minha inesquecivel esposa e filhos. Cecilia Hedilce Neuza Beatriz José Alberto Auriestela Waldir Walter Walter Calixto Ferreira “Borel” Nascido em 07/06/1924, na cidade de Rio Grande, neto materno da extinta Yalorisha la-Magali-Yala (Ma&e Domingas). Teve sua iniciag&o com 0 ja extinto Waldemar Anténio dos Santos (Tiemar do Shang6), com a falta deste, deu prosseguimento a seus conhecimentos com a também extinta "Mae Andreza da Oshtin” e mais tarde finalizou-se com a também extinta Mae Rita Garibaldi “Ritinha de Shangd’”. Grande estudioso das raizes negras no RS, e que muito tem dado de si para difundir os valores negros, o que constitui uma gloria para os irmaos de lei do estado. APRESENTACAO Foi s6 eu abrir a porta do carro, na frente da casa de Nagao da muito saudosa Mae Moga da Oxum, e logo ouvi, no siléncio da noite, no compasso cadenciado das pulsagées surdas dos tambores, uma voz muito alta, clara e bonita, puxando os canticos de Batuque. Desci a longa escadaria, abri a porta, cumprimentei o pessoal e fiquei ali deslumbrado, admirando a perfeicéo e naturalidade com que o cantor pronunciava as frases jéje-nag6 e a precisao com que suas mos habeis tiravam sons do instrumento. Quando parou o canto, perguntei baixinho para Mae Moga: Quem é ele? E a resposta veio rapida: Ah, este 6 0 famoso Borel, tu nado conheces? N&o, eu s6 o conhecia de nome, pois fazia apenas alguns meses, que eu come- ara a pesquisar a religiao. No intervalo dos toques, ao entrevista-lo, logo me dei conta que o Borel nao era um simples tamboreiro: ele conhecia profundamente os canticos e seus significados. E nao s6 isto, era muito inteligente e observador, além de falar com muita familiaridade ndo apenas do Batuque, como também de outras tradigdes religiosas afro- brasileiras que conhecera de perto, como o Candomblé bahiano ou a Macumba carioca. Nos anos que se seguiram iria reencontra-lo muitas vezes, percebendo que ele conhecia diversos cAnticos que o pessoal chamava “do funde do bat”, muitos antigos é tradicionais, que s6 os mais velhos filiados sabiam res- ponder corretamente. Para quem nao sabe, um tamborei- ro, ao atuar numa casa de batuque, seja ou nao filiado a ela, nao é apenas um instrumentista e cantor, pois as- sume, de fato, a segunda responsabilidade, depois do chefe da casa, pelo bom éxito dos cérimoniais. E ndo é para menos, pois é através de sua voz e instrumento que os orixas s&o chamados. Assim, ele precisa saber que canto deve ser tirado, em que momento e por qué esta sendo tirado. Isto 6, tm de ser um grande conhecedor do fundamento da religiéo, a tradig&o. Deve-se levar em conta que cada /ado (au modalidade ritual) tem dezenas de c&nticos diferentes, cujas musicas e letras precisam ser sabidas na ponta da lingua, sendo que nada disto esta escrito, pois a transmiss&o de tais conhecimentos é oral. Como se percebe, nao é facil dominar este universo tao complexo, e € por esta razo que a maioria dos tam- boreiros “mastiga” as letras das mlsicas, pois nao sabe pronuncia-las devidamente. Mas. ainda tém mais: o tam- bor de batuque é descendente do “tambor falante” do Bé- nim, na Africa, a terra dos Jéjes que legaram uma heran- ga cultural muito forte para o Rio Grande do Sul. O an- cestral do nosso instrumento reproduz os sons - agudo, médio e grave, das linguas Jéje e loruba, que sao tonais, ou seja, é o tom, a intensidade do som de cada silaba, que da o sentido da palavra. E falante, porqué imita os sons da voz humana. Dai a razdo por que estes povos podem se comunicar a distancia através de tambores. O tambor de Batuque, desde que esteja em maéos compe- 20 tentes, acompanha também modulagdes dos cAnticos. Pensando em tudo isto, entdo, é que me deslumbrava, naquela noite, com o desempenho extraordinario daquele tamboreiro que eu agora conhecia pessoalmente. Mas néo é para menos que Borel navega com tanta tranquilidade por estes mares: filho de Xangé God6é com Oxum Docé, de raiz Ijexa-Oid, veio ao mundo e viveu entre gente de muito peso na religido. Neto de ventre da africana Magali Yala, ele nasceu em 1924, em Rio Gran- de (justamente na cidade onde teria surgido o primeiro templo de Batuque, no inicio dos anos 1800). Com quatro anos fez uma seguranga na bacia da av6, vindo depois com a familia para Porto Alegre, onde com seis anos fez o primeiro Bori, pelas maos do famoso Waldemar do Xangé (Xangé Camuca). Com onze anos foi para a casa de também famosissima Mae Andrezza Ferreira da Silva, da Oxum, da Colénia Africana, onde aos quinze anos, assentou seus orixas. Com o falecimento da babal6a, em 1953, vinculou-se ao templo de Rita Garibaldi, Mae Riti- nha do Xangé6, de quem recebeu 0 axé de buzios. Como tamboreiro, sua vida também comegou cedo, aos sete anos, com o finado Queza. Depois foi comple- tando seu aprendizado com Pedro da Yemanja e Tureba do Ogum, uma dupla com maos, voz e fundamentos de ouro. Quando Jodozinho da Goméia, veio pela primeira vez a Porto Alegre, na casa do falecido Luis do Bara, era Borel quem tirava os axés (canticos). Nao bastasse a longa convivéncia e aprendizado com todas estas figuras legendarias do Batuque, Borel passou longas temporadas no Candomblé de Gantois, embora nao fosse filiado a casa. Na Bahia também convi- via com um dos mais importantes mestres de capoeira, 21 Camafeu de Oxdssi. No Rio de Janeiro, onde morou muitos anos, freqiientou aulas de aperfeigoamento em lingua ioruba (que ja conhecia de bergo, por parte da avd) com o Prof. José Ribeiro, estudioso de linguas sudanesas e bantos. No mundo da arte, entre outras realizagdes, as- sumiu a vice-diretoria do Teatro Experimental do Negro, em Porto alegre, de 1957 a 1959. Desde aquele dia em que conheci 0 Borel, na casa de M&e Moga da Oxum, parece incrivel, mas la se vao, quase trés décadas! Qual nao foi minha surpresa quando recebi de meu velho amigo 0 convite para fazer a apre- sentagao deste trabalho, 0 que me deixou ao mesmo tempo, tanto honrado e envaidecido, quanto-confesso- cheio de preocupagées. Pois leitor, coloque-se em meu lugar: eu, um simples pesquisador, que mal e mal conse- guiu desvendar um pouquinho deste mundo imenso e fascinante que é o Batuque, apresentar um livro logo de quem: de um dos maiores conhecedores do assunto... O que posso dizer, apenas, é que a obra condensa um pouco da enorme sabedoria que o autor acumulou ao longo dos seus 72 anos de intensa e estreita convivéncia com 08 cabegas-grandes, trilhando os caminhos dos mistérios e fundamentos da religido. O mais adequado seria dizer que se trata, simplesmente de uma verdadeira pérola! Fago votos, entretanto, que o livro seja apenas o primeiro de uma série de outros, que nos permitam beber desta fonte de imensos e preciosos ensinamentos que o Borel personifica. 22 De minha parte, sou franco: declaro desde ja que nao me contentarei com sé uma pérola: Eu quero 6 0 co- lar inteirinho! Norton F. Corréa* * Professor da Universidade Federal do Maranhdao, autor do li- vro “O Batuque do Rio Grande do Sul’, doutorando em antropologia pela PUC de S&o Paulo. 23 PREFACIO Este pequeno livro tem a Unica finalidade de levar ao conhecimento do amigo leitor, alguns pontos t&éo de- batidos e pouco esclarecidos sobre a religido Africana, principalmente no Rio Grande do sul, onde ainda existe muita coisa a ser esclarecida, nao so aos adeptos da reli- giao, como para muitos que procuram através de pesqui- sas, conhecimentos para elucidagdes de muitas contro- vérsias existentes dentro da religiao Africana. Se procurarmos nas grandes obras de Nina Rodri- gues, Artur Ramos, e de muitos outros grandes mestres da antropologia, e grandes conhecedores das origens negras, iremos certamente encontrar muitas explicagdes para estas controvérsias da religido africana no Brasil, principalmente no RS. Com o grande numero de adeptos, constituido por um elevado percentual de nao esclarecidos, é necessario que se transcreva alguma coisa para um pouco de escia- recimento, afim de que ndo se perca de uma vez por to- das as raizes de nossas origens. 25 Pego humildemente aos meus irmaos de lei, que compreendam a finalidade deste trabalho, e a mensagem de amor que vos transmito com o mais puro desejo de que vos seja util e proveitoso como esclarecimento e re- gistro. O Autor 26 INTRODUGAO Inicio esta obra vos dizendo que, todos nés temos indistintamente, nosso dia, nossa hora, e como tal, creio haver chegado os meus. Em primeiro lugar, quero vos deixar bem claro, que nesta pequena obra, por mim transcrita, nado ha nenhum aspecto de vaidade em difundir conhecimentos com obje- tivo de sobrepujar o valor e a honestidade dos meus ir- maos dentro da religido africana. E muito menos ensinar algo que ja existia mesmo antes de meus ancestrais, e que se manteve latente através dos séculos até nossos dias. E sabido por todos os meus irmaos de lei, que nossos ancestrais trouxeram em sua bagagem a pura e fértil sernente da religiao africana, que plantaram em solo brasileiro, com todos os seus misticos conhecimentos e que por séculos e séculos, foi para eles 0 ar, o sangue, e a vida. Mas, por no portarem uma alfabetizagao adequa- da com o novo meio, n&éo deixaram registros escritos, para que fosse seguido a risca, por seus futuros descen- dentes. A ndo ser os ensinamentos transmitidos de ore- Iha a orelha, que se arrastaram através dos tempos, che- gando até nossos dias um tanto deturpado. 27 E isto faz com que va se perdendo a verdadeira esséncia, a pura esséncia da religidio africana. Na tentativa de puder continuar mantendo vivo os ensinamentos transmitidos por nossos avés, é que atre- vo-me a fazer, ou melhor, escrever esta pequena obra na esperanga de que seja Util, & todos os meus queri- dos irmaos de lei. Existe um grande mal entendido, quanto a mescla da religido africana no Brasil. Tenho visto milhares de vezes, ser discutido por meus irmaos de lei, a autenticidade da pratica em relagdo a pratica de outro, cada um querendo ser mais auténtico e isto me faz pensar que nao é mais nem menos, do que falta de esclarecimentos. O que acontece é que, a religido africana, ao ser introduzida no Brasil, ja por si mesma sofreu uma mescla de rituais, costumes, e até de dialetos, dado ao entrela- gamento de varias tribos aqui chegadas, que apesar de professarem a mesma religido, cultuarem o mesmos orishas, tinham seus ritos diferente de acordo com os costumes da tribo. E é natural, que nos dias de hoje, dado que os en- sinamentos nos foram passados de orelha 4 orelha, por nossos antepassados de acordo com a sua concepgao de suas raizes, tenhamos algumas controvérsias em nossas praticas, em nossos costumes e rituais. Mas, isto no invalida a autenticidade da religiao, nem o valor espiritual de nenhum filho de lei. 28 INTRODUGAO Inicio esta obra vos dizendo que, todos nds temos indistintamente, nosso dia, nossa hora, e como tal, creio haver chegado os meus. Em primeiro lugar, quero vos deixar bem claro, que nesta pequena obra, por mim transcrita, nao ha nenhum aspecto de vaidade em difundir conhecimentos com obje- tivo de sobrepujar o valor e a honestidade dos meus ir- maos dentro da religiéo africana. E muito menos ensinar algo que ja existia mesmo antes de meus ancestrais, e que se manteve latente através dos séculos até nossos dias. . E sabido por todos os meus irmaos de lei, que nossos ancestrais trouxeram em sua bagagem a pura @ fértil semente da religido africana, que plantaram em solo brasileiro, com todos os seus misticos conhecimentos e que por séculos e séculos, foi para eles o ar, 0 sangue, e a vida. Mas, por nao portarem uma alfabetizagao adequa- da com 0 novo meio, nao deixaram registros escritos, para que fosse seguido 4 risca, por seus futuros descen- dentes. A ndo ser os ensinamentos transmitidos de ore- Iha a orelha, que se arrastaram através dos tempos, che- gando até nossos dias um tanto deturpado. av E isto faz com que va se perdendo a verdadeira esséncia, a pura esséncia da religido africana. Na tentativa de puder continuar mantendo vivo os ensinamentos transmitidos por nossos avés, é que atre- vo-me a fazer, ou melhor, escrever esta pequena obra na esperanga de que seja util, & todos os meus queri- dos irmaos de lei. Existe um grande mal entendido, quanto a mescla da religido africana no Brasil. Tenho visto milhares de vezes, ser discutido por meus irmdos de lei, a autenticidade da pratica em relagdo a pratica de outro, cada um querendo ser mais auténtico e isto me faz pensar que ndo é mais nem menos, do que falta de esclarecimentos. O que acontece é que, a religido africana, ao ser introduzida no Brasil, j4 por si mesma sofreu uma mescla de rituais, costumes, e até de dialetos, dado ao entrela- gamento de varias tribos aqui chegadas, que apesar de professarem a mesma religido, cultuarem o mesmos orishas, tinham seus ritos diferente de acordo cam os costumes da tribo. E é natural, que nos dias de hoje, dado que os en- sinamentos nos foram passados de orelha a orelha, por nossos antepassados de acordo com a sua concepgao de suas raizes, tenhamos aigumas controvérsias em nossas praticas, em nossos costumes e rituais. Mas, isto néo invalida a autenticidade da religiao, nem o valor espiritual de nenhum filho de lei. 28 © que é necessario, 6 que cada um procure co- nhecer suas origens, para com humildade respeitar 0 va- lor de outro irmao de lei. oo Mesmo porque, a religido africana é imutavel, dado que ela tem e mantém um panteon hierarquico dos seus Orishas, e que no difere em nenhuma tribo. — Como disse antes, somente os costumes e rituais diferem. 29 CAPITULO | A RELIGIAO AFRICANA NO BRASIL Algumas nagées africanas vindas para o Brasil SUDANESES Yorubas Nag6, Oyé6, Idjesha, Kétu, Ybadan Daomei Djéji (Gége), Fon, Mahy Costa do Ouro Ashanti (Negros minas) BANTUS Angéla Benguela Congo Cabinda, e outras mais de pequeno porte. Os géges por muito tempo dentro da propria Africa, dominaram completamente os Nagés e os Ashantis. Logo depois, os mulgumanos dominaram os géges e muitas outras nagGes. 33 E natural que deste dominio, houvesse um grande entrosamento de costumes, ritos e dialetos. / com a vinda para o Brasil de escravos negros oriundos de varias tribos indiscriminadamente, mais se acentuou a mescla. Uma vez chegados ao Brasil, viram-se os negros em completa dificuldade em compreenderem-se entre si motivado por costumes e dialetos diferentes. Foi necess4- rio entéo uma assimilagéo mutua mais intensa para um melhor entrosamento. Ent&o, mais um vez, houve o dominio dos géges sobre outras nagGes, com excegdo dos nagés, que se mantiveram fiéis aos seus costumes, 0 que nao impede que ainda hoje, sintam a influéncia dos géges. 34 O Sincretismo Apoés o século XV, comegou 0 trafico de escravos negros para o Brasil, iniciado pelos portugueses, seguido logo adiante pelos franceses e holandeses. E desnecessario dizer que todos estes paises, eram e continuam sendo religiosamente cristaéos. Os por- tugueses que pela soberania da descoberta, eram consi- derados os legitimos donos do solo brasileiro, e em nome do cristianismo, escravizavam, criavam leis ditatori- ais, impondo sua soberania através do chicote, dos gri- Indes, e dos pelourinhos. E muitas vezes causando a propria morte dos seus escravos negros. Ora, sentindo-se os negros brutalmente arrancados da sua liberdade, para um estado de estupido escrava- gismo, era natural que eles se apoiassem na Unica coisa que nao Ihe haviam arrancado: Sua crenga, sua fé em seus Orishas, Unico consolo para sua condigéo de escra- vo cativo, Por isto a noite, depois da ardua e dolorosa labuta didria, jogados a propria sorte nas fétidas senzalas, en- tregavam-se de corpo e alma, ao cantico e aos rituais de seus deuses orishas, na esperanga de poder aplacar sua dor fisica e moral. E isto, nao era bem visto pelos senho- res de engenho, por considerar uma ameaga contra a sua soberania, pois de certa forma, temiam os deuses cultuados pelos negros. Temiam também por motivos po- liticos, que os negros pudessem se rebelar através de uma insurreigdo, e com isto estaria em jogo, sua situagao politica, como houve mais tarde, na Bahia, por parte dos Haussas, de 1807 a 1815. 35 Foi ai que surgiu a brilhante idéia de cristianizar os negros, para que renegassem seus deuses orishas, e com isto, os brancos poderiam ficar de donas totalmente da situagéo sobre os negros, impedindo-os de praticar seus cultos, ficando cada vez mais submissos as condi- ges de escravos. Mas, 0s que os senhores de engenho néo sabiam € que os negros apesar de adorarem seus deuses orishas, ndéo eram politéicos, e sim monotéicos. Pois acreditavam num so Deus criador do Universo, e de tudo que nele existisse. Os Orishas, eram divindades espiritu- ais, que representavam todos os elementos naturais, como: O sol, a lua, 0 fogo, a agua, o mar, os rios, a mata, etc... E cada um desses elementos, era representado por um orisha, em harmonia com o grande universo. Ai entdo, surgiu o sincretismo, para que ndo sen- tissem mais a opress&o por parte dos senhores escrava- gistas, e no caso de nao quererem aceitar o cristianismo os negros tiveram a sublime idéia de associar os santos catélicos com seus orishas africanos, e desta maneira podendo continuar cultuando seus Orishas, através dos santos catélicos. Mas, néo esquegam meus irmdos de lei, que isto nao tem valor real, € simplesmente um sentido figurado, pois este sincretismo difere de um estado para o outro, de acordo com a concep¢ao de cada tribo ou de cada nagao. E nao aconteceu sé no Brasil, mas também em outros paises para onde foram levados os negros como escravos. 36 Para que meus irmdos, tenham nogdo do verdadei- ro sentido de como funciona 0 sincretismo, darei algumas explicagdes sobre alguns dos 164 Orishas, para que sin- tam e compreendam, como subdividi-los de acordo com os costumes de cada nagao africana. E normal entre nos, da religido africana, referirmo- nos aos Orishas, da seguinte maneira: » Shang6 é 0 dono da justia; e Ogtin é 0 dono da guerra; e Yémandja é a dona dos mares; etc... O que nao deixa de ser verdadeiro, mas 0 que os meus irmdos ndo devem esquecer, 6 que estes Orishas a que nos referimos, fazem parte dos 16 Orishas de as- sentamento ou os 12 de incorporagao, e estes represen- tam os verdadeiros 148 restantes, que so os exatos re- presentantes simbolicos de todo o elemento da natureza, e estes como disse antes, sao os Orishads de culto so- mente e ndo de assentamento. Darei a seguir alguns exemplos, de sincretismo, nos principais estados brasileiros: 37 Eshu ou Bara Ogun lansa Agandja Shangé Ode Oshdésse Ossain Obaluayé Shapana ou Omult Oba Ibédji Oshun Nana-Burdtku Yemandja Oshala 38 S&o Bartolomeu Santo Antonio Santa Barbara So Jodo Batista S&o Jerénimo Santo Expedito So Jorge Orisha Feminino S&o Francisco Sao Roque, So Bento Responde como lans& Sao Cosme e So Damiao N.S? da Conceigao, N.S? da Gloria, N.S? do Carmo N.S? Sant’Ana N. S* do Rosario Nosso Senhor do Bonfim RIO DE JANEIRO Eshu ou Bara Ogun lansa Shang6d Odé Ossain Obaluayé Shapana ou Omult Ibédji Nana-Burdka Yemandja Oshala Santo Antonio Sao Jorge Joana D’Arc S&o Jerénimo Santo Expedito Orisha Feminino Sao Sebastiao S&o Roque, Sado Bento S&o Cosme e Sao Damiao N.S? Sant'Ana N.S? das Dores Nosso Senhor do Bonfim 39 PERNAMBUCO Eshu ou Bara Ogun Shangé Odé Ossain Obaluayé Shapana/Omolu Ibédji Oshtn Nana-Burtka Yemandja Oshala 40 Santo Anténio Sado Jorge S&o Jodo Batista Santo Anténio Sado Pedro Sao Sebastiao Sao Lazaro S4o Cosme e Sdo Damiao Divindades varias N.S? Sant’Ana N.S? Sant’Ana Nosso Senhor do Bonfim Eshu ou Bara Ogun lansa Agandja Shang6 Odé Ossain Shapana Oba Oshan Yemandja Oshala RIO GRANDE DO SUL Santo Anténio, Sao Pedro So Jorge Santa Barbara So Miguel Arcanjo So Jer6nimo S&o Sebastiao S&o Manoel Sao Lazaro Santa Catarina N.S? Aparecida, da Gloria, da Conceigdo, do Rosario, das Dores N.S? dos Navegantes Divino Espirito Santo a Os Orishds relacionados anteriormente, s&o0 os 12 de Orishas de incorporagao, abaixo os Orishds exclusi- vamente de assentamento: Bac scesseszeseves Desdobramento de ogtin Santa Efigénia ..Cosme e Damiao . Santa Luzia, Oshala andrégino Estes 4 ultimos Orishas, somado aos 12 de incor- Pporagao, completam o numero de 16 Orixas cultuados. Portanto, dos 164 Orishas existentes, subtraindo-se estes 16 , restam 148, que sdo os Orishas que simbolizam di- retamente os elementos da natureza. Por exempio, as caracteristicas de alguns deles, sao: ‘Esha, 6 Orisha que apesar de ser utilizado benefi- camente, representa o mal. Ogun, Orishé da guerra, do ago, do ferro e do tra- batho. fans&, Orisha feminino, senhora dos ventos, dos espiritos dos mortos, os eguns.” E exatamente assim que nos referimos, quando queremos demonstrar a ligag&o do Orisha, com os ele- mentos da natureza. Mas vejam como funciona, em relac&o aos Orishds exclusivamente de culto, que s&o os verdadeiros “Deuses” elementos da natureza, que seré feito a seguir: 42 Diferentes costumes entre as nagées, correspondente aos orishas. CORES RIO GRANDE DO SUL Nag6 Idjésha Bara- Vermelho Ogtin- Vermelho e verde lansa- Bord6, coral e branco Agandju- Vermelho e branco Shang6- Vermelho e branco Odé- Azul escuro Ossain- Verde e amarelo Shapana- Vermelho e preto, roxo Oba- Rosa Oshtn- Amarelo ouro Yemandja- Azul e branco Oshala- Branco Os quatro Orishas de assentamento: Avaga- Vermelho, preto e branco Otin- Azul escuro e branco Ibédji- Micelania de cores Orumila- Branco e preto 43 Oshéssi- Ossain- Obaluayé- Nana Buruku- Ibédji- Oshun- Yemandja- Oshala- 44 BAHIA Candomblé Preto e vermelho Azul-marinho Rosa, coral Vermelho e branco Verde Varias cores Amarelo e preto Roxo Vermelho e verde Amarelo ouro Azul Branco OS DIAS DA SEMANA RIO GRANDE DO SUL Nag6 Idjesha «@ Segunda feira Bara, Elegba + Terga feira Shang6, lans& Quarta feira Shapana, Oba Quinta feira Ogun, Ossain, Odé, Otin ¢ Sexta feira Yemandja, Orumila «@ Sabado Oshtin « Domingo Oshala e todos os outros orishas de culto 45 BAHIA Candombié + Segunda feira Esha, Shapana, Obaluayé, Ogtin, Odé ¢ Terga feira Neuitro, dia conferido aos Eguns + Quarta feira Shang6, Oshdssi ¢ Quinta feira lans& + Sexta feira Oshala @ Sabado Yemandja, Oshtin ¢ Domingo Ibédji e todos os outros orishas de culto 46 Como podemos ver, meus queridos irm&os, muitas vezes cometemos enganos, tentando transmitir ensina- mentos a outros, ou muitas vezes aceitando os ensina- mentos de alguém nao capacitado, ou pouco esclarecido, @ que s6 pode servir para nos afastar de algo tao simples. Tao simples como foram nossos ancestrais ao nos deixarem o legado de seus conhecimentos, e que hoje vemos, com profunda tristeza, deturpando-se gradativa- mente por falta de maiores e melhores esclarecimentos, permitindo com isto a introdugdo de elementos inescru- pulosos, dizendo-se pais e maes, sem mesmo ter condi- ¢6es para tal, e com isto deturpando ainda mais os senti- dos religiosos, gerando inumeras discordancias nos ver- dadeiros ensinamentos ritualisticos da pura e nobre reli- giao de origem africana. 47 A Miscigenagao No século XV, quando aportaram pela primeira vez em solo brasileiro, os europeus ja encontraram nos selvi- culas “indios", senhores absolutos da terra, e que muito contribuiram para o desenvolvimento sécio-econémico da época. Mas as dificuldades encontradas aqui, naquele momento, n&o permitiam grandes condig6es de sobrevi- véncia, uma vez, que os selviculas nao submetiam-se fa- cilmente a nenhuma condi¢do de cativeiro imposta pelos portugueses. E estes por sua vez, sentiram logo a neces- sidade de adaptagdéo com os costumes encontrados na nova terra. Ao depararem-se com a presenca das indias de tez bronzeada, ingénuas, e completamente nuas, era na- tural que aflorassem o desejo sexual, comegando entao, a primal corrida para um entrosamento entre um povo e outro. No comego, estas uni6es eram um tanto quanto reprovadas, dado a formagao religiosa dos portugueses, e assim arrastou-se por muitos anos, mas com a chegada dos espanhdis, holandeses e franceses, e com a vinda dos primeiros escravos, oriundos da Africa, caiu por com- pleto a mascara do falso pudor, poucos eram os europeus que se faziam acompanhar por seus familiares, e para Agustin que no o faziam tornou-se mais inéspita a nova erra. Comegou assim, a primeira fase da miscigenagado no Brasil. 48 A Umbanda na religiao Africana Quando os descobridores aqui aportaram, ja en- contraram praticas parecidas com as da Umbanda, entre as tribos do Brasil. E bem verdade, que no todo eram formas bem diferentes das que se professam nos dias de hoje, porém com os mesmos sentidos praticos. Acreditavam os indigenas, no manifesto espiritual de seus antepassados ja desencarnados, principalmente naqueles que haviam sido bons guerreiros, ou que tives- sem tido uma morte honrosa, estes eram invocados para que através de vibrag6es espirituais, pudessem ser Uteis na pratica de qualquer ato que seu invocador achasse benéfico, e da mesma forma era professada com finalida- des maléficas, quando julgavam que o espirito invocado fosse de antepassados de indole ma. As grandes tribos do Brasil como: Guaranis, Tupi- nambas, Tapuias, Guaianazes, Aimorés, Carajas, Tupini- quins, Guaicurus, Caetés, Tabajaras, todos tinham como guia espiritual, um pajé feiticeiro que desenvolvia o ato de sacerdécio junto ao espirito invocado para a pratica de culto ou de magia, de acordo com a necessidade do mo- mento. Mais tarde, 0 negro africano trouxe consigo na sua religido o culto ao seus orishas, nesta época, muita gente, embora discretamente, ja praticava cultos com a evoca- cdo de espiritos, mais com formas diferentes das pratica- das pelos indigenas. Assim a coisa foi generalizando-se assustadoramente, no fim do Século XIX, ja ndo se fazia mais segredo da pratica de nenhum dos rituais, tanto do africano, como do amerindio, no século XX, aproximada- 49 mente de 1935 para ca, comegou acontecer um fendme- no (que particularmente, acho muito natural), os adeptos de uma e de outra religido comegaram a fazer um entro- samento em busca de um resultado mais positivo para suas necessidades espirituais, e este entrosamento foi tomando corpo de uma tal forma, que nos dias de hoje é bem raro que num terreiro de umbanda nao haja a pratica do africanismo, porém bastante deturpado. Quando falo em deturpagdo, ndéo tem por sentido macular ou ferir nenhum irmao de lei, pois minha mensa- gem nao tem esta finalidade. O que acontece, é o seguinte, o africano em sua crenga religiosa, tem um panteon de seus orishas, que mantiveram-se através dos séculos, imutaveis e fiéis a este principio, sem influéncia vibratéria de espiritos, que ja tiveram passagem por este plano terreno. Em qualquer nagao africana, a panteologia dos orishas so as mesmas, de Bara a Oshala. Seu ritual consiste em sacrificios de animais, to- ques de atabaques, canticos na linguagem de origem, rigidez nos rituais de iniciagao, imutaveis em qualquer nac&o africana. Enquanto que na Umbanda, por ndo portarem este mesmo panteon, foi e é mais facil, haver mescla de qualquer outra religiéo mistica. Na pratica, no rito e na sua iniciagao, percebe-se acentuadamente a _ diferenca entre um terreiro e outro, e por esta raz4o, devemos estar sempre atentos para ndo sermos incautamente ludi- briados por fatsos caboclos ou falsos orishas. E além do mais, termos consciéncia de quando abragarmos uma ou outra religido (africana ou amerindia) saibamos subdividi-las de acordo com suas normas e 50 preceitos, afim de que ndo venhamos a incorrer no grave erro da deturpagao. E como exemplo, € comum vermos nos dias de hoje, criticos radiofénicos mal informados e até mesmo pregadores de outras seitas religiosas, manifestando-se nas mais absurdas criticas, sobre o africanismo religioso, criticas que na verdade, nao tem nada a ver com a fun- damentagdo da pura religio africana, e ao meu ver para que isto tivesse um fim (no bom sentido, é claro), bastaria que cada um de nés, nos conscientizassemos do puro valor de nossas raizes, e nado permitissemos, que ele- mentos inescrupulosos e embusteiros, maculassem o que para nés ha de mais puro e sagrado, a fim de nao nos ridicularizarmos no conceito dos menos esclarecidos. E isto, meus queridos irmaos, s6 depende de nés! 51 A influéncia da culinaria africana Os colonizadores no Brasil, j trouxeram consigo seus habitos, costumes e maneiras, na sua culinaria. Mas ao chegarem aqui, encontraram dificuldades em manter estes costumes, uma vez que aqui, ndo en- contraram elementos necessarios para o preparo das mesmas iguarias, as quais estavam acostumados. Era dificil aos colonizadores, uma horticultura es- pecializada, ou mesmo desenvolver um sistema que vies- se beneficiar na melhora de sua culinaria. Além de que, interessavam-se mais em plantios que pudessem trazer divisas, como, algod&o, cacau, cana de agucar, babagu, etc... Nos produtos horti-granjeiros, e até mesmos na pecuaria, ndo havia um desenvolvimento adequado, po- rém com a vinda do negro escravo, a coisa comegou a mudar de aspecto. Submetidos a condigdo de cativos, os negros, ao contrario dos silviculas, eram mais dedicados a culinaria, e com um vasto cardapio trazido da cozinha africana, é natural que logo fossem influenciando os brancos da épo- ca, acabando por dominar boa parte do sistema culinario brasileiro. Resultado, hoje em todo o Brasil, nado existe uma s6 cozinha, por mais requintada ou humilde, que nao te- nha a presenga marcante da culinaria africana. 52 CAPITULO II OS ORISHAS As divindades africanas Quando falo em panteon hierarquico da religiéo africana, quero dizer que existe uma ordem nos Orishas, em qualquer ponto da Africa, bem como, no Brasil. Estes Orishas, sao os mesmos no sentido simbdli- co, embora muitas vezes, mudem de nome de acordo com suas origens tribais ou nagdes, mais isto nao invalida o seu sentido hierarquico. Existem 164 Orishas na sua totalidade, que podem ser cultuados de acordo com o critério de quem os cultua. Quando falo em 164 Orishds, refiro-me desde a criagéo dos deuses elementares, até os Orishas de ma- nifestagdes e de incorporagado, que sao em numero de 12 (doze). No Brasil, mais especificamente no RS, o nagé Oyo e o Idjesha, predominam quase na sua totalidade (apesar da grande influéncia do gége), e onde se mantém mais fiéis aos principios ritualisticos de origem. O africano, apresenta os Orishas em diversos des- dobramentos, de acordo com a coligagao entre um e ou- tro, para falar disto com maiores detalhes, eu teria que escrever um livro exclusivo deste assunto, o que farei fu- turamente. De forma resumida, o africano divide os deuses em duas partes distintas: Voduns e Orishas: Voduns, seriam propriamente ditos, 148 dentro destes 164, e seriam Orishas apenas de culto. Os outros 16 restantes, seriam os Orishas de assentamento, dos quais 12, sao de incorporagao. 55

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