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MILTON SANTOS POR UMA ECONOMIA POLITICA DA CIDADE: O Caso de Sao Paulo Sao Paulo, Len 594559 | rion ISBN 85.285. Foi feito 0 depésito legal. Rua Monte Alegre, 9 5014-001 Sto Paulo, $I ‘Telefone: (O11) 873-3359 301.3609 $4443 5 I3%e- de publicagso reservados cnologia HUCITEC Rua Gi "elefones: (011)543 4A Involugio metropolitana e economia segmentadat 0 caso Sumario Nota introdutoria 5 1A primaz 2.Sa0 Paulo, me! 1a de So Paulo metrépole 13, ole internacional do Terceiro Mundo 17 (O Terceizo mundo e os lugares mundiais 17 Ocomando do setor financeiro 25 Inckistria cultural e produgao cientifica 29 Osetor da pu de 3: icidade 3 Olintercambio de pessoas 37 Sao Paulo, metzépole informacional 40 io Paulo e anova divistio metropolitana do lade emodemidade perversa 46 50 ybalho 43 aeametropole 53 ole cresce menos que o pais como um todo 54 O crescimento regional tende a ser menor nas metropoles 57 enointerior 62 ‘A expansio do emprego na capit Ganha-se mais no campo? 67 A qualidade de vida nointerior 70 ‘A involugéometropolitana 74 Bibliografia 76 de So Paulo 79 Nas mete6poles, 0 at da populacio Acconvivencia entre atividades fabris de expresso diferente 85 ento do emprego é maior que 0 8 SUMARIO A periferiano pélo 91 Segmentacio metrop: Meio ambiente constr criagéo de atividade: Implicagées te6 Bibliografia 113 98 cas 105 tana e circuito superior marginal 10 € 0 papel do me! 5 Por uma economia politica da cidade 115 Espago e economia politica ti Urbanizagio e socializagio Cidade e econom = Cidade e socializacio capital: A divisiio do trabs 15 17 120 122 hoe oespagoconstruide 125 Valores de uso, valores de troca, valor Giferencial do espago Sistemas hegeménicos ecapitais particulares 134 Questées de planejamento Il: Estadk politica social da cidade 142 8 hegemonizados, interdependéncia e hierarquia st6es de planejamento I: capil a eral liberal ¢ oa Nota Introdutéria fe Este volume retine novos ensaios sobre a metrépole pau- listana. Depois de alguma’hesitacio, decidi entregé-los para publicagéo. f sempre dificil tomar a decisao de dar a puiblico oresultado de uma refiexdo; sempre, por isso mesmo, consi- derada inconclusa. Nao seria melhor esperar ainda passar aos leitores um conjunto de estudos mais alentado? 'ssa pergunta freqiientemente persegue os autores e muitos se véem, passado o tempo, sem publicar coisa nenhuma Quantos manuscritos jazem em nossas gavetas, gracas a tais Indecisbes? Se publicacos na hora cer talvez houvessem liés, a maior ret intelect fragmentada: o caso de Sio Paulo, Nao cabe, aqui, uma resposta afirmativa simples. Trata-se, na verdade, de dupla continua- s&0. De um lado, este volume representa um momento de pegquisa mais ampla, um processo em cu servacdo e leitura analitica da urbanizacao brasileira em geral e da me- tr6pole paulistana em particular. Se os resultados aparecem de forma separada, nfo sio, todavia, propriamente fragmen- tarios, jé que, entre eles, Cabe aqui aludir a0 outro lado dessa reflexdo. Ela é, também, através de uma andlise empirica, a continuagao cle uma reflexao tedrico-me- todolégica bem mais ampla e mais antiga. Desse esforgo, s80 femunhas uns poucos capitulos de livros e algu 9 10 NoTAINTRODU seqiiéncias espaciai do que chamo de meio técnico-cientifico Esses temas também vém sendo desenvolvidos por mim em diversos cursos de pés-graduagao na Universidade d $30 Paulo, retomados em cursos de graduagao, apresentados em reuniGes cientificas no Pais e no estrangeiro, mas, apesar do imenso trabalho jé empreendido e da reflexao envolvida se esforco, ainda ndo pude redigir 0 volume de sintese que, hé tantos anos, desejo produzir. Nem creio que valha a pena expor, neste momento, com detalhe, as razées mais profundas desse fato. O principal & que a idéia vai fazendo seu caminho, lentamente como toda nova idéia nao bafejada pela moda; e as prdprias resisténcias A sua afirmagéo tém 0 inétito de exigir do estudioso ainda mais estudo e mais rigor Este volume representa, apenas, um degrau a mais nessa marcha pela reconstituicéo de nosso campo déestudos, & luz da hist6ria contemporanea. Alguns desses estucios podem parecer envelhecidos. Para muitas varidveis, néo foi possfvel encontrar dados mais re- centes. Por exemplo, o Recenseamento de 1991, do qual espe- révamos a atualizaco de muiitas cifras, ainda nao esté publi- do, exceto em termos muito gerais. Devo alguns agradecimentos, como sempre. Estes vao, em primeiro lugar, aos alunos que acreditaram, comigo, ser essa uma via de renovagao do proceso de conhecimento da so- ciedade, por intermédio da andlise do fendmeno espacial. 8 de justica elementar citar nomes dé orientandos meus, no doutorado e no mestrado, que vém hé tempos colaborando, direta ou indiretamente, nessa tarefa: os professores Set Gertel, Denise Elias, Gilene Gomes, Manuel Lemes, Luiz Cruz Lima, Maria Iticia Cunha, Maria Cecilia Linardi, Wilson faria Angela Faggin Pereira Leite, Marita Pimenta, Laura Silveira. De alguns colegas, venho, também, recebendo apoio, seja pela discussao de certos aspectos do problema levantado, seja pelo desenvolvimento de certos NOTAINTRODUTORIA 11 Ana Clara Torres Ribs Leila Cristina Dias, Roberto Lobato Correa, Maria Adelia A. de Souza, Rosa Ester Rossini, Lia Os6rio Machado, Milton Santos Filho, Ana Fernandes, entre os que, mais de perto, troixeram-me indagacées, diividas, eriticas, tudi repre- sentando reforgo a decisao de levar adiante esta e outras empreitadas. Como em outras oc minha mulher Marie-Héléne esteve, sempre, atenta a minha elaboracao das idéias e vigi- lante quanto a forma de exprimi-las, além de haver aceito a tarefa de datilografar, mais de uma vez, os meus manus- Devo, afinal, reconhecer o apoio financeiro da FAPESP, do CNPq e da FINEP em diversos momentos e com diversos objetivos. A verdadeira pesquisa universitéria é una eo que aparece, para fins de agradecimento burocratico, como uma peca isolada, somente é vilido se, em vez de constituir um “produto” de uma pesquisa espasmédica, aparece como um. aspecto a mais de uma investigagio integrada, cuja ambic&o teérico-metodolégica transcende um resultado solitario e tan- to se revela em tm trabalho te6rico como em uma busca empirica. 1 A primazia de Sao Paulo metropole af Qs fazer com as estatisticas nesta fase da histéria em que os miimeros se impdem porque ofuuscam, aumentando o nos- 50 desnorteio? Se é verdade que a Cidade do México, segundo os tiltimos dados dispontveis, passou a crescer com menos impeto, a aglomeracao paulistana pode ser mundialmente considerada como a mais populosa, com perto de 17,000.00 de habitan- tes. Trata-se de um gala .vidoso! Durante todo este século, a area de Sao Paulo aumenta mais que a populagéo, dela fazendo a mais extensa cidade do mundo: mais de oiten- ta quilémetros no sentido leste—oeste e mais de quarenta na dirégio norte—sul. Esta é também a metrépole onde mais se trafega em transp de superficie sobre pneus. So diaria~ mente cerca de oito milhdes de viagens de énibus, mais do dobro de passageiros que emLondres, quatro vezes mais que em Nova York, cinco vezes mais que em Paris. Se nas capitais dos paises desenvolvidos, 0 usudrios dos téxis so relativa- mente mais frequientes (média didria de trinta por téxi em Noya York, de 25 em Londres, de 21 em Paris e de treze em S80 Paulo), esta é a camped mundial em niimero de taxis com cerca de 35 mil, transportando diariamente cerca de 450 mil passageiros. E 0 uso do automével é, também, records Dado, talvez, mais importante, para caracterizar a sua rea- lidade, é o fato de que a metrépole paulistana é, no mundo, juntamente com Téquio e Los Angeles, a aglomeracao com fimero de trabalhadores na industria. Deixando de is de 450 mil pessoas em 1988) e as maior fora a construcéo civil ( 14 APRIMAZIA DE SAO PAULO MBTROPOLE amadas “outras ati il ocupados), exam quase da regio metropolitana de Séo pessoas trabalhando, quase um tero (32, des em fébricas. Sem ind tria no total do emprego metropolitano aproxima-se dos 40% Onde, no mundo, tal ntimero? E curioso observar, contrariamente ao que esté na teoria, que o emprego indus~ trial em Séo Paulo, entre 1960 e 1980, cresceu mais que a opulagao ativa, e mesmo que o emprego tercirio. A enorme e populosa Sao Paulo é, pois, operosa e operéria, mas também nao hé outra aglomeracio no Terceiro Mundo onde as atividades intelectuais oferecam tantos empregos e onde a classe média seja téo mumerosa. Estes dois wltimos fenémenos se afirmam quando, paradoxalmente, aumenta na cidade o niimero de pobres. Cidade abastadla e cidade pobre formam uma s6 cidade. Os dados acima — e outros da estatistica metropolitana atual — podem parecer contraditérios, mas respondem a ‘uma l6gica. O que significam? Sao Paulo é a tinica entze as grandes cidades do Terceiro Mundo a ter bem perto dela uma zona agricola dinamica. Ao longo de um século, e desde 0 inicio do seu processo de modernizagio cosmopolita, tanto a cidade como a sua regiao foram aceitando todos os instru- mentos de modernidade que se criavam na Europa e nos Estados Unidos e com os quais cidade e campo, a cada etapa, erindo-se vantajosamente na diviséo internacional do trabalho: estradas de ferro e de rodagem, portos, plantacées, bancos, modelos de consumo, escolas, modernizagéo admi- trativa, urbanismo etc. Desse modo, a expansao do campo e 0 desenvolvimento urbano se influenciam, criando um conjunto dinamico que impulsionou a economia do Pais, e fazendo crescer uma classe média na capital eno interiot. Por Sao Paulo foi a cidade dos trépicos com maiores taxas de nento industrial e econdmico. As demais aglomeracbes APRIMAZIA DE SAOPAULOMETROPOLE 15 gigantes da Asia, Africa e América Latina (incluindo 0 pré- prio Brasil) n4o contaram com um mundo rural tao aberto & modernizagao. A base industrial foi o alicerce para que S40 Paulo hoje se tornasse uma cidade informacional, um centro internacional de servigos. Sao Paulo é, agora, relativamente menos forte, em produto e em emprego industrial, mas sua forca aumen- tou, no Pafs e no mundo, gragas ao fato de que a atividade de servigos se desdobra, criando um expressivo setor tercié- rio de comando, baseado' na informacio (concepeio, dire 40, coordenagao, controle). Somente em atividades técnicas Gientificas, artisticas e afins, havia em 1986 quase seiscentos mil empregos, triplicado que foi seu mimeo em quinze anos, a0 passo que o emprego total apenas crescia em 90%. Mas a pobreza também aumenta: eram 31,8% dos assalariados ga- nhando menos de trés salarios minimos em 1988, Sao Paulo & a metr6pole econdmica de um pafs subdesenvolvido, onde néo hé melhor lugar para os pobres que as grandes cidade: uma metrépole internacional e uma metr6pole involufda. A linguagem dos niimeros é apenas intrigante, j4 que s6 aparentemente eles sto divergentes. © problema é descobrir 05 mecanismos infernais de sua légica, de modo a propor € construir uma outra 2 Sao Paulo, metr6pole internacional . do Terceiro Mundo ae apéia e pelas relacbes que cri do trabalho leva a uma verdladeira mundializacao dos res. Destes, alguns séo lug dentre as quais se destacam metrépoles globais. Grandes cidades do Terceiro Mundo, cada vez mais numerosas, in- racteristicas particular Sob certos aspectos, Rio de Janeiro e Brasflia podem, tam- bém, ser consideradas cidades mundiais, sobretudo a prime ra. Todavia, é Sao Paulo que merece com mais razd0 esse tivo, apés haver concorrido vantajosamente com o Rio de Janeiro, neste meio século, para obter uma situac&o de prima- 2ia hoje incontestavel, gracas & sua produc&o material e inte- lectual. Dela pode-se dizer que é uma metrépole onipresente em,todo 0 territ6rio nacional, sendo também 0 lugar em que dade de artificializar ainda mais o meio de vida e de trabalho, sim como a prépria vida. Uma tecnosfera — nature 18 SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO, nicizada com base cientifica — e uma psicosfera — também artificializada — aparecem como condicées sem as quais 0 presente momento histérico ndo se afirmaria. Os novos siste- mas de objetos respondem, como dads infra-estruturais, As novas necessidades do proceso direto da produgio. A con- formagio das mentes, para a aceit de existéncia, a comegar pela imersio no consumo, é dado supra-estrutural essencial, Por isso, o tema das relacdes entre a intemacionaliza as cidades ganha nova dimensao com o processo de globali- zagao por que passam, hoje, todos os continentes. Pelos obje- tos em que se ap6ia e pelas relagées que cria, a nov do trabalho leva a uma verdadeira mundializagao dos luge- res. Esses Iugares, mais que antes, tém um ar de familia, pela sua materialidade e pelas relagbes que permitem. A unidade das técnicas que presidem a instalagdo.dos novos objetos se dé em nivel mundial, assim como a unidade das relacdes que os animam. Unicidade técnica e unidade do motor sio os grandes dados inovadores de nossa época e que asseguram a Passagem de uma situagto de mera internacionalizacdo a uma situagéo de globalizacéo (Santos, 1985) para cuja efe- tivac&o a operac&o das multinacionais contribui largamente’ A participagio de empresas deca nostrada sob diferentes aspect, de acordo com os per Pib induseal a5 gra |quase todos os ramos ex "8. Com mn SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO 19 Essa mundializagdo dos lugares permite a criagdo de luga- res especializados e de lugares complexos®. Os lugares espe- cializados para responder a uma demanda mundializad consagram-se a uma tipologia limitada de atividades exigen- tes de infra-estruturas precisas e também especializadas. Os lugases complexos sao, habitualmente, as metr6poles e grar- desvidades, onde o meio humano permite a floragio de uma multiplicidade de atividades localmente complementares e, nos diversos subespagos metropolitanos, o meio técnico diferenciado e adaptado para recebé-las. Lugar composto € complexo, cada grande cidade inclui, pois, subespacos espe- ializados, fundadios na cién 1a técnica, concebidos para permitiz, de um ponto de vista geoeconém cia possivel a determinado tipo de fangao. Entre as grandes cidades, destacam-se, pela complexidade maior de suas atividades, as metr6poles globais. Nessa fami- lia, cada vez mais numerosa, incluem-se grandes cidades do ‘erceiro Mundo, as quais, entretanto, ostentam caracterfsti- cas particulares, devidas & modernizagao incompleta sua e do respectivo pats, segundo condicdes préprias a cada Esta- do-Nacao. Um dado contum as metrépoles mundiais do Ter- ceiro Mundo vem, entretanto, do fato de que, inseridas em uma diviséo internacional da trabalho exigente de fluidez, a diviséo territorial do trabalho prépria a cada pais conhece imitagGes. As restricdes existentes a uma mobilidade dos fatores mais completa tende a teforgar a posicéo de certas regi6es e de certos lugares. No caso brasileiro, a regiao privi- leginda € o Sudeste e os lugares privilegiados sao as metrépo- les, 4s quais recentemente também vem juntar-se um grande produtos de matérias plisticas ia (3240), miners no (60%), produtos 20 SAO PAULO, MET nuimero de cidades médi: cola e industrial. acas ao desenvolvimento agri- A RELEVANCIA DO $ ESTE O caso brasileiro é distinto do |, para quem © desen imento territorialmente desigual do préprio modo de producao capitalista gera regides centrais basea- das na presenca predominante de setores industriais do tipo Departamento I (bens de capital) e regides periféricas com inchistrias do tipo Departamento Il (bens de consumo em articulac&o com 0 antigo modo de produgio rural Essa idéia merece confrontac&o com a realidade empirica © caso brasileiro permite também umia di8eusséo em torno da observagao de Jean Gottmann A rigueza econ6mica e o poder politico nem sempre coin- cidiram em sua distribuigao espacial; na verdade, muitos paises viveram um delicado equilibrio, em que os detento- io essencial das mais pobres secies do territ6rio, dando-lhes influéncia polft ingit o dinamismo freqiientemente turbulento das areas mais ricas e economicamente mais avancades. Costuma-se dizer da Franca que ao norte cabia pagar os impostos, enquanto o sul fazia politica. Uma formula idén- tica poderia ser aplicada aos Estados Unidos, durante cer- to tempo. (Jean Gottman, The Evolution of Concept of ory, p. 40-1.) No Brasil, tanto o desenvolvimento econ os diversos setores industriais ea agricultura moderna) quan © poder politico se localizam, cumulativamente, na mesma area, 0 Sudeste, onde se associam, nas grandes e médias “idacies, todos os tipos de atividade econmica. émico (ineluindo SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO 21 A Regidio Sudeste, formada pelos estados de Minas Gerais, {rito Santo, Rio de Janeiro e Sao Paulo, ocupa 10,86% da rea do Brasil, onde, em 1980, viviam 43,47% da populagzo ional. A densidade demogréfica (56,31) era quase quatro vvozes maior que a brasileira (14,07) naquela data. A popula iGo, que em 1983 represen- ava 46,50% da sileira, 6 responsavel por mais de 60% lo produto interno bruto do Pais, ao passo que a sua produ giiono setor secundério aleanga 72,2% do total brasileiro, Um wstudo recente (Faissol e outros, 1987, p. 96-7) mostra que apenas quatro areas, isto & 4 Regio Metropolitana do Rio de Janeiro, a Regio Metropolitana de Sao Paulo, a Regio de Campinas e a Regido de Ribeirao Preto perfazem 61% do valor da transformacao industrial, a passo que o que cha-~ mam de “complexo industrial brasileiro” representa 77% desse valor. Esta area, que coincide grosseiramente com a Regiéo Sudeste, foi chamada por nés (M. Santos e A. C. T. Ribeiro, 1979) de “regiao concentrada”, 4rea que é naior do que o “campo aglomerativo” proposto por M. Storper (dez. 1987 A Regio Sudeste retine 62% dos pesquisadores, 65% das instituigdes de ensino e pesq s vagas oferecidas e 59% dos candidatos a ingressar em cursos superiores, 61% dos respectivos alunos e 65% dos formandos, assim como dos programas de pés-graduagio e 92% dos programas das bolsas e auxilios & lugares polarizadores, mas de fc estdo presentes © esa propria abo to, énecesirio esclaecer dein ja metropolitanatal come mais etensa, no exemplo citado, 0 mai parte clo proprio Estado, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO Pesquisa oferecidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvi- mento Cientifico e Tecnolégico, 80% das bolsas de doutorado programas de cooperagio inter m informativo da Socier ‘gresso da Ciéncia n° 63 de 8.11 a 14.11.1986) A regitio concentrada era responsével, em de 68,3% da energia elétrica e, em 1980, consumo. Ai as ligacdes telefnicas in- { exam feitas 53,4% d terurbanas completadas (Fany Davidovich, abril-junho 1987) ecirculavam quase trés quartos da frota nacional de veiculos icenciados que utilizam uma rede rodovidria quase quatro vezes mais clensa que a nacional. J& em 1971, para um indice brasileiro de 47,9 km de estradias de rodagem por 1.000 km, 0 Estado de $0 Paulo mantinha a relacéo 415,3 km por 1.000 km’, Em 1983, apenas no que refere as estradas municipais, densidade quilométrica do Sudeste era de 42,9 a0 passo quea brasileira era de 13,8. Baty OSudeste arrecadava, no primeixo trimestre de 1982, cerca de 63% da receita nacional do Imposto sobre a Circulagéo de ‘Mercadorias (ICM). Era, também, nessa érea, onde se encon- travam, em maior percentual, os mais altos salérios, que sustentam uma volumosa classe média e um nfvel de consu mo mais elevadlo que no resto do Pais. Af estavam 79,5% dos domicilios possuicores de geladeiras e 82,9% dos proprieté- ios de automéveis. Também nessa regido estava a esmaga- dora maioria das residéncias ligadas as redes de gua (79,7% ede esgotos (83,7%) (IBGE, Censo Demagrifico 198 E na regiao do Sudeste (Séo ‘alo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espirito Santo) que se concentra a maior parte da atividade econémica envolvida com as relagdes internacio- nais do Brasil, a comecar pelas empresas multinacionais de origem brasileira ou’ estrangeirat garden rand no estrangeiro. Das das nos Estados Unidos ‘Hong Kong cujo raio de SAO PAULO, METROPOLE DOTERCEIRO MUNDO 23 Em 1985, regio contava com 67,81 naiores do Pais, Ali se encontravam, nessa mesma data, empresas do Pais. Ali se encontravam, nessa mesma data, oito dos treze centros de comutagio dos servigos RENPAC d telecomunicagéo e cinco dos nove centros ce concentyago (F. Benakouche, 1988, p. 104), ao passo que lhe cabiam 64,2% do total dos servicos telef6nicos brasileiros (: io dod COM, 1984, p. 64-5). No Sudeste achavam- também em 1985, 45 das maiores indhistrias a gadas a eletrOnica. Das 25 maiores empresas no mercado brasileiro de equipamentos para comunicagées, vinte.também af estavam presentes (S. B. Magaldi, 1986) J - Ne drea financeia, a supremacia do Sudeste verificagéo. Segundo Banco Central h undos Miituos de Agées, 82% dos Fundos Miituos de Renda Fixa, 89% das Sociedades de Arrendamento Mercantil, 45% das Sociedades de Crédito Imobilidrio. Ali se encontravam, entdo, 66% das sedes das sociedades cooperativas, 79% dos ie, 1988, p. 1250), operagio émultinaco Grou, Lienergence des gn ‘Dente asim dos e na prospecgio de petrleo, comeralzagio de produto ss c les. Firmas como as se- fo em todos 03 Cali ete, Paulo. 24 SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO bancos de investimento, 88° lades distribuidor (6% das sociedades de crédito, financiamento e investimen. to, 63% das sociedadies corretoras, 100% das sociedades de investimento de capital estrangeiro. As cooperativas de cré dito do total nacional ele documento do Banco Central do ital social das instituig6es finan- exfil concentrado, no qual com, entre outros, os se- ceiras revela, igualme novamente se destaca 0 guintes indices: Bancos comer Bancos de dese 14% 3330% A menor concentragio dos estabelecimentos da Area ban- céria se deve ao fato de que o Banco do Brasil, maior banco brasileiro, tem sua see em Brasilia Para atribuir essa relevancia ao Sudeste, fatores politicos ¢ econdmicos se conjugaram, ao longo deste século, benefi- clando primeiro o Rio de Janeiro, antiga Capital Federal, e depois Sao Paulo. A construgao e o funcionamento'de Brasilia alteraram, de aigum modo, esse quadro, jé que a nova capital do Pafs logo se impés como pélo de decisées politicas e, mais tarde, tam- bém econémicas. Pode-se admitir que o Brasil dispoe, hoje, de tés importantes centros de comando: Rio de Janeiro, Brasilia ¢ S0 Paulo, ainda que este diltimo disponha de maior poder de controle. Séo Paulo é uma grande metrépole industrial do Terceiro PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO 25 mente Sio Paulo, Los An- les e Téquio sio comparéveis quanto a importancia e ao mo de um crescimento industrial sustentado, no corrente uerra. Com seus mais de dois milhées de trabalhadores , abriga, com aquelas duas outras m¢ s, uma das majores massas de operérios do planeta abalhadores representam quase 32% da populago veupada na drea metropolitan, niimero que 86 de longe € aleangado por outras regides metropolitanas brasileiras (Por- 8,0%). Sua produgao trial 30% do valor da produgio nacional b no setor secundério, asileira Ocom A tradligio financeira da praga do Rio de janeiro de certo modo ainda se mantém, nao apenas quanto a importancia do patriménio liquido dos bancos de desenvolvimento, como ‘em outras areas, conforme mostram os dados seguintes, que Ihe dao superioridade em relagio a Sao Paulo: INDO DO $ETOR FINANCEIRO Perce Rio de Janciro 86,0 404 516 58.2 Deve-se, porém, levar em conta, no exame desses dados, gue os bancos de desenvolvimento contavam sozinhos com 20 passo que 0 do conjunto dos bancos era de 5,926 bilhdes de cru- zeiros. Brasil conta com trinta dai duzentas 26 SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO com sete dos cingiienta maiores bancos do Terceiro Mund Entre as fizmas, dezesseis eram estatais e catorze particula- res. Dentre os bancos apenas dois cram governamentais, Daquelas trinta firmas, doze se encontram em S4o Paulo, onde tinham sede nove das catorze empresas privadas. Dos sete bancos brasileiros contidos na lista dos cinqiien! maio- S40 Paulo conta com trés dos cinco privados, os outros dois estando em Belo Horizonte e Curitiba (Pierre Grou, Op, , 1988, p. 22-80) e com um (Banco do Estado de So Paulo) dos dois maioves que slo estatsis, o outro sendo o Banco do Brasi Em 30.6.1986, estavam no Rio de Janeiro quatro das cinco ‘ociedades corretoras de cambio no Brasil, a outra estando em Sao Paulo, Sio Paulo, porém, mantém sua prioridade em diversas outtas éreas do universo financeiro, Af se encontravam 502 das 1.207 secies das instituigdes da éreddo mercado de capi tais (847 no Rio de Janeiro), 18 dos 38 bancos de investimento ‘H1.no Rio), 61 dos 122 Fundos Miituos de Agées (37 no Rio), Dos bancos brasil om atividade no estrangeiro, exce- $0 feita ao Banco do Brasil, instituigao estatal, a quase totali dade das agéncias correspondia a instituigées de Sio Paulo, sobretudo 0 Banco de Estado de Sao Paulo, o Banco Real ¢ 0 Banco Itai Os bancos brasileiros com tés ou mais agéncias no exte- ior eram, em 1984, os seguinte: SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO 27 de 1986, catorze estavam em Sao Paulo e Homente cinco no Rio de Janeiro. Em 1989, a cota desta tiltim ie So Paulo jé conta: 3 (H. K. Cor- cidade continuava a mesma, ao pas va com dezoito, para um total brasileiro de eiro, 1990, p. 11) Em 1984, Séo Paulo dispunha igualmente da maioria de tras instituigGes financeiras cujo controle acionério era in- termacional; para um total de 41 bancos vinculados, 28 es- tavam em Séo Paulo e treze no Rio de Janeiro. Quanto as Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento, mum total nacional de treze, havia nove em Sao Paulo e quatro no Rio de Janeiro. Dois tergos das Distribuidoras de Titulos e Valores também estavam em Sao Paulo. Eram cinco no Rio, para um total brasileiro de catorze (H. K. Cordeiro, margo 1988 C. e C.) Jé os trés bancos de investimento vinculados ao capital internacional preferiam a vizinhanca do poderoso Banco Nacional de Desenvolvimento Econémico, no Rio de Janeiro. De um modo geral, porém, é em Sao Paulo que a atividade financeira ligada ao financiamento corrente das empresas en- contra maior express&o, com dois dos trés bancos comerciais de capital superior a um trilhao de cruzeiros e quinze dos bai omerciais (de um total de noventa) com capital su- perior a cem bilhes de crazeiros em 1984 (Roberto Lobato Correa, jun. 1985, quadro 2, p. 4). Em 1981, Sao Paulo contava com cerca de 23% das sedes bancérias do Pais, porcentagem gue passa para 33% em 1985, ao passo que o Rio de Janeiro conhece uma diminuicao (80% e 9% respectivamente) (Ro- berto Lobato Correa, “Concentracao bancaria e os centros de gestio de territério”, Revista Bras fia, 51 (2), p. janho 1989, p. 21-7) 1¢ dos dados relativos ao patriménio liquido do sistema baneério brasileiro em 1968 e 1984 mostra a expanséo de Sao Paulo, Seus percentuais, em relagdo ao Brasil co 1m, em diversas dreas, um crescimento ex- pressivo. Brasilia, a Capital Feder que se refere aos banc as a também registra avancos no Comercais e caixas econdmicas, rasil € a Caixa Bev ndmica nas ae eridos de Rao Janeiro, capital federal ia ha tan Presenea de sociedade: ciagées de poupang bém, o reforco lidtio e de asso ss depois, "4 @ empréstimo, eriada: _ Aros gaa © Rio de Janeiro perde, assi de sua importincia come coniny HS transferéncia da Capital Federal par, inresistivel ascensio de Si Paul), macial numa economia . tt6pole as condigdes espetaculars, la consideravel anceiro, em parte pela Brasilia, em parte pela Bracas a sua posic Sie Paulo, sua posigo pri- dle mereado que encontra nessa sree © 0s meios para um desenvol pel de “epicentzo do 1967, p.19q) Peenwe dose SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO 28 Mas 0 Janeizo conseguiu guardar a sede do Banco ional de Desenvolvimento Econémico, principal insti- ‘Ao governamental respon al, ¢ tal fato lhe jonais. Sao Paulo, entretanto, vai ampliando o seu papel de centr nanceiro. Somente nos primeiros seis meses de 1990, quatro stituicdes financeiras decidiram transferir sua sede princ pal do Rio de Janeiro para Sao Paulo (Citibank, iro, Unibanco e Banco Garantia). Entre as gran- s industriais, registra-se a nwdanga multinacional FIAT (Folha Paulo da hol 20.9.1990). Inposre ODUGAO CIENTIFICA, A cidade do Rio de Janeiro tornou-se conhecida como tria cultu Paulo a condicao e capital da produgdo cientifica pura e aplicada, gracas ao volume de trabalhos de ciénci Jes mento produzidos em suas universidades, institutos ¢ laboratérios. Até que ponto essa diviséo do trabal al ainda é valida? E no Rio de Janeiro que se encontram as sedes principais cadeias nacionais de televisdo, a poderosa e multi- nacional Rede Globo, cujas novelas encontram mercado na América Latina enos demais continentes, ea Rede Manchete, ao passo que as cadeias paulistas pouco ultrapassam a condi- 80 de redes regionais, excecio feita & 4 presente em grande mimero de estados. Mas, dos quatro jornais diérios jacionais, dois se encontram no Rio de Janeiro e dois em Séo Paulo, um dos quais é o de maior tiragem no Pais. Fora do eixo Rio-Sao Paulo, existem apenas ‘CULTURAL as dues 30 SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO dois dos dez maiores jornais, um em Salvador e outro em Porto Alegre. E também no Rio de Janeiro que se encontra a maior parte da producio cinematogréfica e do respectivo comércionacio- nal e internacional. Breall jm Sto Paulo | Produtores de cinema 14 % 5 132 10 38 2 Sao Paulo, por suas trés univ des estaduais, e so- bretudo pela Universidade de Sao Paulo, representa muito mais da metade de toda a pesquisa cientifica produzida no Pais, em todos os campos do saber. Seus institutos es lizados, que de longa data se empenhavam na pesquisa apli- cada a0 desenvolvimento industrial e agricola, mais recen- temente se voltam para dominios de ponta como as biotec- nologias, os novos materiais, a energia nuclear, a informatica ea eletrOnica, as quimicas finas e o material bélico. Essa atividade de investigacio tanto se realiza nas universicdades | paulistanas como em universidades e institutos situados na zona de influéncia metropolitana, o que thes permite v intercémbio eficaz de informagées. Coma facilidade de trans- portes e comunicagées, contatos fretjiientes e contatos face a .ce séo possiveis, geranco desse modo o clima indispen- el ao maior rendimento de atividades intelectuais de alto nivel. " Era em Sio Paulo onde se encontrava, em 1985, 0 maior | mtimero de editoras de livros e folhetos. Eram 264, para um total brasileiro de 583, o Rio de Janeiro vindo em segundo om 136, a terceira colocacdo cabendo ao Parand, com fimero de tftulos traduzi vam total nacio- (ETROPOLE DO TERCEIRO MUNDO 31 SAO PAUL Le 1.680, era o Rio de Janeiro quem obtinha a primazi 69 titulos, $40 Paulo vindo em seguida com 701 ¢ 0 Rio inde do Sul com 78. Quando, porém, € contabilizada a vdéncia dos autores de livros e folhetos publicados até 5, S20 Paulo obtém a maioria esmagadora, com 1445 uum total de 2.488, os lugares seguintes cabendo ao Rio Janeiro, ao Parand e a Minas Gerais, com 450, 194 OF 17, nectivamente (IBGE, ‘ico do Brasil, 1989, p. 72, 674, 675). . ‘Um estudo recente empreendido por trés pesquisado- para a FAPESP (Fundagao de Amparo & Pesquisa do Hlaclo de S40 Paulo) mostra, uma vez mais, o papel de S80 ilo na produgao cientffica brasileira, considerando a sua tt total de revistas cientificas tidas como rele Revistas consideradas [Ne abpalutos 3 100,00 O-detalhamento desses ntimeros é ainda mais revelador Distinguidas essas revistas consideradas relevantes em tr6s grupos (prioritrias, importantes e de importancia relative), Fe importincia relativa e pouco mais de 45% dos tftulos importantes. Sua presenga, entretanto, era muito signil tive entre as revistas prioritérias, com quase sessenta por cento do total. 92. SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO Brasil S80 Paulo 59 167 2a 251 O papel da propaganda na sociedade contemporanea € 0 Seu peso em todos 08 aspectos da vida naci induz a uma rediscusstio do papel de Rio de J 0 pel de Janeiro como capital cultural do Pats. f fato que a an 1 da Repti blica mantém seu peso no funcionamento da indtistria cult- ral. Esta, porém, & cada vez mais, suporte da pi cuja metrépole, entretanto, é Séo Paulo. Pod qiléncia, com base em sua forg cada vez mais fntimas entre brasileira cidade, le-se, em conse- econémica e nas relagies @ economia e a cultura, admitir que Sao Paulo esteja se tornando; iguatme ee ja se torando; iguémente, metrépole DA PUBLICIDADE A relagao entre a propaganda ¢ os fendmenos de intern cionalizacdo jé é bem conhecida. Conforme assinalam Breton x (1989, p. 107), a publicidade se tornou “um meca- nismo indispens4vel ao funcionamento de nossas sociedadles capitalistas de mercado”. A publicidade ilustra bem a idéia de pélo mundial: Sao Paulo é centro difusor de interesses publicitérios de intimeras marcas firmas interacionais® © seu papel de relais de outras metrépoles 6 assegurado pelo fato de que a publicidade deve fer um sabor local para ser a eas mensagens de natureza global exigem tim trate. SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO 33 nto especifico, condizente com a sociedade receptora. Esse de elaboracdo publicitéria retine, mais uma vez, em S40 to das pessoas, no é paradoxal que, num pei licidacle aumentem, enquanto a con- lidade da propaganda diminui, Segundo agéncia Gallup ade 8, Paulo de 31.12.1989), a confiabilidade 26,9% para 184% entre 1984 e 1989 (mais do que a visio: de 38,1% para 32,2% no mesmo periodo). Todavia, nvestimento em publicidade no péra de crescer, atingine » quase 2,2 bilhdes de délares em 1989 (Folha de S. , 4,90) ao passo que, no comego dos anos 80, apenas beirava bilhao de délares (em 1984: 940 milhées) (Paulo C, Milo- 1987, p. 72). ‘A forca da propaganda, a partir das ras, jA tem sido objeto de varios estudos e ainda recente inte, a propésito do Rio de Janeiro, um importante traba~ de interpretacao e sintese foi consagrado ao tema, com 0 judo de Ana Clara Torres Ribeiro, intitulado Rio Met iugto social da imagem urbana, tese de doutoramento $40 Paulo, em 1988. andes cidades bra- rroduco 8 nente importantes para descrever e an iio Paulo. Em 1986, havia, no Brasil, 890 was empregadas; destas nove estavam em Sao Paulo, uma no Rioe uma no Parand. Entre as que dispunham de 151 a 250 apregadios, havia trés em Sao Paulo, uma no Rio e uma no Rio Grande do Sul. Contando entre 101 e 150 empregados, am sete em So Paulo, cinco no Rio e uma na Bahia. SAO PAULO, METROPOLE DO TERCE! Em 1985, Séo Paulo e Rio de Janeiro reuniam, 2. intas, 64,1 do ntimero total de agéncias brasileiras de propaganda No entanto, a receita por elas obtida era proporcio te maior, somando 86,87% do total. Em 197 Rio de Janeiro concentravam (MUNDO men- Sao Paulo e ), 0 que revela um pro- eceita, a0 mesmo tem- a da atividade. Em % des agéncias de propaganda estavam fora do lo-Rio de Janeiro, ao passo que em 1985 eram, 36,81%. As duas grandes metrépoles realizavam, em 1985, a maior parte da atividade publicitaria do Pals, mas € Sao Paulo que, nesse particular, detém a maior forga. Contando-se apenas a3 géncias paulistas, estas eram 49,36% do total em 1985, e sua eceita ascendia a 66,91% do respective total. Em 1980, a receita média obtida pelas agéncias do Rio de Janeiro era mais alta do que a das agéncias paulistanas, mas em 1985 dew-se o inverso. O proceso de concentragao da forga publi- citéria em Sao Paulo tem relacdo de causa ¢ efcito com mai expresso de uma atividade econémica dependente da pro paganda, o que também leva a um tamanho maior das res- pectivas agéncias. Ao mesmo tempo em que se pergunta “se as redes telein- formaticas, juntas a outras comd a telecdpia répida (fax), a teleconferéncia ou o correio eletrénico nao vio permitir a instalacio de firmas — organicamente — mundiais”, Henry Bakis (Géopi Iniversitai- res de France, 1987, p. 68) pde em evidéncia a presente corre- lac entre a existéncia de redes de comunicagko planetirias a possi dacle dos fluxos de informacao ¢ a presenga ¢ funcionamento das grandes firmas com vocagéo internacio- ral (p. 67). SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIROMUNDO 3 nal. que estao wolvimento da 80, aiges e dentro de cada pais. © ntimero de chamacias etadas no télego telefénico internacional do Brasil de 12.519.184 em 1986, para 20.066.438 em 1988. spondéncia postacia (em geral) em 1985 envolvia 2.865, Bes de objetos, ao passo que em 1968 esse niimero chegs 1-146 ithdes. O mesmo fendmeno se dé quanto aos tle- as, cus totais, nesses cos anos, fos am reopectivam = 50 e 27.17.946. Ja internacional cuja ascen- 150 e 27.177.946. Ja 0 telex mal uj aceny em 1978; 16,16 es em 1983) conhece um os kis nos, baixando a quantidade de minutos tarifados de 0).017.348 para 18.298.044. samen ae fate estarialigado ao desenvolvimento, relativamente de formas mais eficazes e expeditas de comu- ja difusao no Pais recente, do nicaggo, como sendo rapid: usuario do sistema de telex, com 65,9% do total, nas a fn- Udsiria & individualmente responsével pela maior quant: le de terminais ativados, com 29,3%, a0 passo que agro- outros 2% do total. Dentro do tercidrio, assim se vigos, 23,7%; setor financeiro, wwerno, 4,9% (H. K. Cordeiro, 1990, uso do fax (fac-simile) vase é, sozinho, responsével por Sio Paulo 6, sozinho, responsével min a0 Rio ao Parand (Sergio Gertel, O com " ro, comtinicagéo ao coléquio de Geografia Brasil-Argentina-Uruguai, S40 Paulo, USP, set. 1988) 36 SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO Os resultados por regio ou localidade confirmam a expec- tativa. Os lugares onde a atividade social — e sobretudo a atividade econémica — tém maior dinamismo internacional, nacional nt regional sao também os maion e recepgao de mensagens. Em 1987, segundo dados do Ministério das Comunicas S40 Paulo era a cidade onde se fazia 0 maior 1 igacbes telefnicas para o exterior. Bram 6,4 milhGes, ao Rio de Janeiro cabendo quatro milhées. Longe vinham cidades como Porto Alegr nentas mil), Brasilia (trezentas mil), Belo Hi Apesar da crise atual de investimentos no setor de telecomu- nicagdes, o niimero de instalacdes telefénicas néo para de crescer em Sto Paulo. Havia 209 aparelhos por mil hab em 1984 e so 224 por mil em 1987 Consideranco-se 0 Estado de Séo Paulo, havia 3; em 1982, quatro milhdes em 1985'e 4,4 milhoes em. ‘onte: TELESP, lo, 10.8.8). A comparar esses sso registrada no Rio de deem 0, Janeiro: O mimero de telegramas taifacos no Pais passa de 18 milhSes em 1984 para 29,7 cerca de 63,18%. Em Sdo Paulo, nb mesmo per ‘fodo, a progres: sao 6 de 4,7 milhoes para 8; 82,97%. Em outras palavras, uma fatia igual a'25,82% do total das mensagens telegréfica expedidas no Pats, ficando em 1987 com wm percentual ainda maior: 28,95%. O niimero médio de chamadas interurbanas diérias em Si Paulo praticamente dobrou em cinco anos. Eram 1,23 nithdes em 1984 e s4o 2,27 milhes didrios em 1988. tes aéreas entre So Paulo e Rio de Janeiro, Séo P CEIRO MUNDO 37 SAO PAULO, METROPOLE DO ncia postada isles (1 Fonte: S, Gertel, 1988: A O INTERCAMBIO DB FESSOAS As exigéncias de articulagio e troca de informagées que am a atividade humana no Sudeste criam enormes nchuindo relacbes face a face cida- silo nec re atores de cena social e econémica das principal les da 4rea e também com Brasilia. Linhas de dnibu muito numerosas em toda essa “regido concentrada’ {réfego de automéveis particulares € 0 maior em todo o Pais. O teétego aéreo intenso permite a criagio das chamadas por: Brasilia, Belo Horizonte e Brasilia. Dessas, a mais antiga ¢ importante € a que liga Rio de Janeiro So Paulo ‘A ponte aérea Seo Paulo—Rio de Janeiro transportou, em 1989, 2,14milhbes de passageiros ¢ 0 seu indice de aprovelta- dia, préximo 205 80%. Sua clientela é bem expressiva desse intercdmbio necessério entre as duas metro poles. So 86% pessoas do sexo masculino e apenas 14% do Sexo feminino. A maioria esmagadora (75,5%) pertence & chamada classe A, isto é, o estrato mais alto da escala s6cio- econémica, S40 23% da classe Be 1,5% da classe C, e, como jé era de supor, pessoas das camadas menos favorecidas, a classes D e E, no comparecem nas listagens. Os passageiros so sobretudo (30,5%), executivos (28,5%) € pro- fi iberais (32,5%), restando 9% para outras ativida- des, Entre as motivagdes de viagem, os negécios (negécios / servigos) preenchem a grande maioria das razGes apontat (782%), fcando 14,1% para o turism idual ou familiar © 2.2% para o turismo em grupos. Os “outros” motivos séo responséveis por §,5% das viagens 1 Dentze 0s que se utilizam da ponte aérea So Paulo-—Rio, 22,7% o fazem pelo menos quatro vezes 20 més. Apenay 272% pagavam suas proprias passagens, a grande maloria tendo sua viagem financiada pelas empresas (85,9%) ¢ por 6rgdos puiblicos (15,0%) (Beatriz H. G. Tage, 1982), Sao Paulo é responsdvel pela eiisstio de 49,70% (pratica- das passagens de avido vendidas no Brasil 175.1986) vi presentes no Pais em 1986, somente 59 contavem com eon de sessenta funcionérios e, destas, 28 estavam em Sao Paulo, Af também se encontravamnove da¥ onze agéncias com mate de 250 funcionarios (Ana Clara Torres Ribeito, 1988, vol. L, tebela Mp. 21 fone dn c, 1986). niimero de passageiros em vos intemacionais quase do. bra entre 1980 e 1988, passandlo de 788.133 pare 1299.006 Gincluindo 0 aeroporto de Viracopos). O volume de carge internacional transportada através do aeroporto de Guar hos é multiplicado por trés entre 1985 # 1988 - , Alguns aspectos da atividade hoteleiva presente em S40 Paulo confirmam a vocacio internacional dessa cidacle. Um estudo, conduzido em 1989 por Claudia Maria Braga Ribeiro, mostra, para os hotéis de cinco gstrelas, uma série de daiog fe da rede de hotéis 5 est Sito Geografia da USP, 1989). Quatro estigados. Neles foi constatado que a maio edes"estrangeiros provinha dos Estacios Unidos seguidos da Argentina, Japéo, Alemanha e Coréia do Sul, Quanto aos héspedes brasileiros, o primeiro Iugar quanto 4 origem era o Rio de Janeiro, exceto em apenas win dow hotel onde esse lugar cabia 20 proprio interior do Estado de $80 SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO 39 economia conhece um grande dinamismo. A. pre- io mareany lo, cuj nga de estrangeiros nesses hotéis de luxo é um +. Nos trés hotéis que responderam a essa questéo os estran: 70s representavain 75%, 50% e 40% da clientela, A atividade de negécios, tanto para estrangeiros quanto ra brasileiros, é a primeira em ordem, vindo em segundo gat, de forma bem caracterfstica, os congressos cientificos e mente depois o turismo e as compras. Quanto & profisséo jos héspedes, os engenheiros e os executivos rivalizam nos imeiros lugares, entre nacionais ¢ estrangeiros, seguidos administradores de empresas, economistas, médicos, ven- sdores e compradores. As pessoas desacompanhadas repre- {entam o maior contingente, e aos grupos cabia o segundo lugar em trés desses quatro hotéis cinco estrelas, onde er posto a disposicéo da clientela um equipamento eletrdnico e informatico, tradutores e um atendimento pelo menos bi- giie. Sko PAULO, METROPOLE INFORMACIONAL orial atinge também a de de So A nova divistio do trabalho & regi nela privilegiando Paulo, mas a respectiva Regiéo Metropolitana. A acumulacéo de atividades intelectuais ligadas a nova modernidade as- segura a essa drea a possibilidade de criagdo de numerosas atividades produtivas de ponta. Ambos os fatos garantem preeminéncia em relagdo as demais subareas e atribuem por isso mesmo, novas candicdes de polarizagio. Atividades motiernas presentes em diversos pontos do Pais necessitam apoiar-se em Sao Paulo para um ntimero crescente de tarefas > fica presente em todo o territ6rio brasi: os de in- 86 essenciais. Sao P: leiro gracas a esses novos nexos geradores de fl formagdo indispensdveis ao trabalho produtivo, Se muitas varidveis modernas se difundem amplamente sobre o territério, uma parte considerével de sua operacéo tras varidveis geograficamente concentradas. depende de 40 shop, ILO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO Dispersdo e concentracdo dao-se, uma vez mais, de modo dialético, isto é, de modo complementar contrad Edes- se modo que Sao Paulo se impbe como uma metrépole oni- presente. Por isso mesmo, e a0 mesmo tempo, como uma metr6pole irrecusével para todo o territério brasileiro. Ainda que o peso da atividade industrial seja muito ex- pressivona aglomeraczo paulistana, se a comparamos com o resto do Pais, nfo é essa fun¢o metropolitana que atualmen: te assegura a Sao Paulo um papel diretor na dinémnica espa- cial brasileira. Esse papel é devido as suas atividades quater- nérias de criacéo e controle, praticamente sem competidor no Pafs, pois agora séo os fluxos de informago que hierarqui zam o sistema urbano. O papel de comando é devido a essas formas superiores de produgéio nao mate sendo uma conseqiiéncia da integracao cre: ‘ovas condicées da vi dades privilegiadas, tio diferentesda\produgio industrial, todavia, muito a ver com o fato de que essa mesma glomeracto paulistana era, e continua sendo, um centro importante de uma atividade febril complexa. Sem deixar de ser a metr6pole industrial do Pafs, apesar do movimento de desconcentracio da producéo recentemente verificado, Sao Paulo torna-se, também, a metrépole dos servigos, metrOpole terciéria, ou, ainda melhor, quaternéria, o grande centro de decisdes, a grande fabrica de idéias que se transformam em informa agens, das q\ parte considerdvel so ordens. E alis, pelo fato de haver conquistado a posicéio dec dustrial que So Paulo foi capaz de se tomar uma metropo- le informacional, acumulando, em perfodos con um papel metropolit Esse fato t | repercussio sobre o emprego. Se comparacia & ocupacio total, a parcela do emprego corres pondente as atividades técnicas, cient emi ve uma sen SAO PAULO, METROPOLE DOTERCEIRO MUNDO 41 eating les 8 Emprego e Total do emprega 204.893 3352679 408.148 e005 460.467 5.362.593 e048 6:59.124 (RJe SP), 1971; PNAD, Area Metropol ropoltanas, 1981 ©1985, 1976; PNAD, Reloes M 1uanto 0 emprego total cresce 93,81% entre 1971 e 1985, relativo as atividades acima enumeradas aumenta em 83,34%, mostrando uma adaptacdo 4 modernidade e ac novo papel de comando metropolitano preenchido pela me répole paulistana. Somente a titulo de exemplo, lembramos que uma metrépole como Curitiba revine, nessas mesmas tividades, 61.962 empregos em 1981 e 65.001 em 1985. Estamos, agora, diante do fenémeno da “metrOpole transa- cional” (H. K. Cordeiro, 1987), Trata-se de um fato novo, completamente diferente da metr6pole industrial. O dado or- ganizacional é o espaco de fluxos estruturadores do territério endo mais, como na fage anterior, um espaco onde os fluxos, de matéria desenhavam o esqueleto do sistema urbano. No caso brasileiro, vale a pena insistir sobre essa diferenga, pois, conforme jé vimos em ambo mentos, ametrépole & a mesma: So Paulo. Nas condigdes de passagem de uma fase & outra, somente a metrép. 1 tem os meios pata instalar as novas condicdes de com: eneficiando se dessas precondigdes para mudar qualitativamente. A me- trépole transacional assenta sobre a metrépole industrial, néo €a mesma metrépole. Prova de que sua forga nao depende da indvistria é que aumenta seu poder orga: a0 mesmo tempo em que se nota uma desconcentragao da atividade fabri. Onovo fenémeno de metrépole dominante esté relaciona- doa expansdo, dentro das firmas produtivas, ou como estabe- Iecimentos juridicamente independentes de um setor de st 42 SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO vigos. Havfamos jé chamado a atengéo para essa tendéncia (M. Santos, Espaco e sociedade, 1979) ¢, num estudo empi (1990), mostramos a importéncia maior do chamado terciério Sao Paulo em relacéo ao Rio de Janeiro. Coma utilizagéo de estatisticas correntes, vimos que amédia dos sa larios pagos a esse tercidrio colado ao setor industrial era significadamente mais alta na metrépole paulistana do que na metrépole fluminense. Este tiltimo dado parece revelar maior especializago das tarefas e maior qualificagéo dos respectivos agentes em So Paulo. Isto se dé através da tran- sigdo progressiva “de uma economia de bens a uma econo mia de fungdes”, fenémeno assinalado por Barcet, Bonamy e Mayere (1984), onde os ramos que sé desenvolvem e se auto- nomizam séo, dentre outros, a pesquisa, os seguros, o finan- ciamento, as diversas formas de engineering, publicidad, 03 transportes (A. Bailly, 1987, p. 6). Essas atividades so freqiientetheltte interdependentes, wna vez que exigem fluxos de informagao especializados. Trata-se, pois, de fungdes entre as quais muitas se caracteri- zam pela imaterialidade dos seus respectivos produtos ow das condicdes de sua realizagao. A nocio de economia exter- na ganha, desse modo, uma nova dimensio. Os clusters, isto é, 08 agrupamentos de atividades interdependentes so, tam- bém, de u natureza, em que o trabalho intelectual e as relagdes interpessoais ganham relevo. Assim, enquanto as lades de prodiugao material tendema se dispersar, esses novos terciérios tendem a ser geograficamente concentrados. Num pafs como o Brasil, bea parte da produgéio que se desconcentra tem relagGes de interdependéncia com ativida- des presentes nas areas centrais, das quais dependem para a obtencéo de insumos, servigos, informacées. O grau de inter- relacionamento local de tais atividades desconcentradas é pequeno e em certos'casos nenhum. Desse modo, o recurso a0 centro se impbe. Asnecessidades de concentrago geografica desses “novos servigos”, elemento dinamico do processo de cooperacao nes SAO PAULO, MEI ROPOLEDOTERCEIRO MUNDO 43 ovo perfodo, tende, porém, a ser maior que as exigéncias, concentracao industrial no perfodo anterior. De um lado, a manda respectiva é maior nas areas centrais. Trata-se de demanda sujeitaa importantes oscilagées, maiores ainda periferia dosistema territorial, oqueimplica dificuldadede talagio dos “servicos novos’ fora das areas polares. Mesmo intro destas, a tendéncia é a concentrac&o de uma subarea, ivilegiada pela presenca numerosa de atividaciesmodernas, gue tendema se modernizar. O fato, jémencionado, de que rentabilidade dessas atividades pressup6e a proximidade ‘ografica dos respectivos atores, acaba por dar preeminén- nesse particular, a uma s6 metrépole, no caso Sao Paulo. Sao Paulo conhece, na verdade, a sua terceira etapa de indializagao. A primeira, baseada no comércio, é aquela qual a cidade passa do século XIX para o século XX. A egunda é fundada na produgio industrial e dura até os anos a0 passo que a fase atual, baseada nas anteriores, é a da metrépole global, cujas atividades hegeménicas se utilizam «a informasaio como base principal do seu dominio. Sho Pav Em todos os casos, mas principalmente no Terceiro Mun- do, é praticamente impossivel separar as dimensées nacional e internacional do fato metropolitano. O processo de desen- volvimento econémico do Pais € insepardvel do préprio pro- cesso de crescimento, diversificagio e afirmacao da economia urbana. © fenémeno de mundializacao de Séo Paulo é tam- bérh o da conquista de um mercado nacional brasileiro. O filtimo meio século marca um enorme esforco nacional de equipamento do territério e desenvolvimento econdmico cujas etapas beneficiam, todas, a metrépole paulistana, onde, cumulativamente, vém instalar-se os fatores de crescimento. Sao Paulo, alids, entre as grandes metrépoles do Terceiro Mundo, conta com uma notével especificidade que acredite- ‘mos ser uma das mais fortes motivaces de sua fortuna. Entre OE ANOVA DIviskt ETROPOLITANA DO TRABALHO 44 SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO as grandes cidades do mundo subdesenvolvido € a tinica contigua a uma zona de produgio agricola comercial que, de um século, nfo parou de se adaptar & de do mereado (internacional e nacional), por mei um processo con do que ihe permiti adaptar-se, em cada momento hist6rico, as inovacdes produ tivas, que se conheciam no mundo, incluindo unicages e o consumo. O esforco de integragao entre 0 tertit6rio e o mercado, que se realiza em bases nacionais, acaba por beneficié-la, Como a propria cidade também st adaptava, material e funcionalm: ongo deste século, asnovas moder 3,0 que podemos che dade espacial atinge, cada vez mais, um indice elevado, indu- tor do processo de terciarizagdo que acompanha o incessante wvolvimento industrial (Milton Santos, 1991 As fungSes politi plicar 0 sucesso da cidade de Sa8\ Paulo. Séo Paulo é, certamente, 0 tinico estado brasileiro corn meios e forca bas: tantes para organizar a totalidade do seu territério (e, mes- mo, interferir na organizacao dos estados vizinhos tal é, assim, a tinica com verd: vem servindo, 20 longo do século, como instrumento de ampliac&o de sua prépria forca urbana. No Rio de Janeiro, ha a heranga da modernidade anterior, quando o sistema urba- no era comandado por fluxos de ordens politicas e fluxos de matéria. Em Brasilia aparecem. os elementos de comando conrespondente a atualidade do presente, mas a base politica relativamente incompleta. S40 Raulo é a metrépole infor- macional do mercado, cujo dominio quatemério se baseia na forca industrial adquirida desde o periodo anterio Hi, na verdade, ima nova diviséo metropolitana do traba- Iho, que néo mais ihteressa exclusivamente ao Sudeste, pois Brasilia se junta a Sao Paulo e ao Rio de Janeiro no preenchi- mento de fungde mal. O Rio de Janeiro € o grande perdedor, uma vez que, progressivamen: te, abandonam-no as tarefas de centro de decisses polt SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO m favor de Brasilia, e as de centro de atividades e decisées onémicas em favor de So Paulo”. Na realidade, § mbém se vai revelancio como pélo de ini as, fracas ao peso dos seus grandes sindicatos ais e operd- ios, enquanto Brasilia adquire peso econémico com a insta: agao dg bancos e outras empresas. Nesse particular, Bras repete,.8 sua maneira, o fendmeno atualmente vivido por muitas antigas © recentes metr6poles regionais brasileiras que véem associar-se As suas a atividades cuja uscala de interesse é nacional'(M randao, 1979). Instincia econdmica e instancia politica siio, ao mesmo tempo, fator de regulacao e de comando da economia, da so- ciedade e do territ6rio, e isso explica 0 contedido dessa divi: siio do trabalho. Onde é a pura politica que decide, a proemi- néncia de Brasilia é praticamente incontestavel. Onde, toda- ia, 0 fator de controle é a pura economia, a primazia hierér- quica cabe, na maioria dos casos, a SAo Paulo. O que resta 20, Rio de Janeiro, em antbos os casos, € residual. No Rio de Ja~ neiro estd o maior contingente de fun ente em uma cidade brasileira, maior que o de Brasili trezentos mil funcionérios em 1985 na Grande Rio, ena de Sao Paulo 232,000 (PNDA 1985). Em outras palavras, ha ima regulacao do territério extramercado, sob o comando de Brasflia, e uma tegulagao do territério por meio do mercado, conduzida por Sao Paulo. Esses dois comandos so concorren- tes e complementares e 0 préprio territ6rio testemunha essa condligéo dialétia. O caso do Rio de Janeiro é exemplar: uma cidade que vé reduzidos sua namismo g cional, como regional. Outro exemplo, embora de escala dife- tente, é 0 de Sao José dos Campos, a cerca de noventa quiléme- warn em Sto Pa ns 55 privadas. res @apenas dss plies, a0 paso Rio de Janelco havia dez empresas pablicas e dezenove privadas. 46 SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO tros de Sao Paulo, uma cidade onde hé numerosas indiistrias e que se vem notabilizando, nos tiltimos decénios, por uma especializaco: a induistria aerondutica e de misseis eas ativida- des espaciais (Wanderley M. da Costa, 1982). Nesse parti- cular, S40 José dos Campos mantém com Séo Paulo nviltiplas relagdes interindustriais e interintelectuais, mas é de Brasilia que recebe o essencial das ordens. O mercado busca impor a s t6rio, seja em cooperacdo, seja em contradigao com as outzas forgas sociais. De um modo geral, é 0 mercado que acaba por se impor a escala superior, ao passo que as demais instancias podem afirmar-se nos intersticios, em escala regional e local. Somente oFstaco Nacional temosmeios deinfluenciarcompor- tamentos em escala do Pafs como um todo, mas 0 fato de ¢ Estado consagre a economia de mercado como regra de vida constitucionalmente garanteaomercado um papel privi- do e reduz a possivel contradigéo erttre 0 piiblico e o mercantil a dimensGes menores. Sao essas as condigées e 03 imites da presenca metropolitana de Sao Paulo. O fato, aliés, de que Sao Paulo se haja tornado uma metr6pole internacio: |, ampliando, desse modo, a escala de suas operagées, fortalece sua posigao diante das outras metr6poles brasileiras. Sua forga tenderd a aumentar a proporgao que uma concepoao liberal de Estado amplie sua presenga na vida nacional. sobre a totalidade do ter- MUNbIALIDADE = MODERNIDADE PERVERSA ‘ A cidade se mundializa, mas‘o resultado desse processo nfo é apenas a adocao de inovacbes caracteristicas de cada perfodo histérico. A evelugo urbana amalgama uma série de dados combiriados, cujas causas sao tanto nacionais quan- internacionais, em proporgdes diversas segundo os setores € 05 momentos, Oprocesso de mundializag&o, no que toca aos higares, obe- dece as leis conjugadas da diviso internacional do trabalho e da divisdo interna do trabalho. assim que se estabelece uma fo territorial wna a cada pais. mal. Em todos os sistem: FB, nesse sentid spectos internacionais que constituem um seu subsistema ieparavel. O mesmo pode ser dito dos organismos urbanos Logica, icas inclividuais particulares dos subsistemas intemacio- nacional e local, senao também regional. A propria paisa yom urbana — o espaco const vlag&o de influéncias. A médernizagao incompleta é, a cada momento histérico, um trago das transformagdes do espaco ke é muito mais sensfvel nos pafses subdesenvolvidos. Outro dado caracteristico dos pafses subdesenvolvidos é 0 aréter corporativo de sua urbanizagao e de suas metz6poles. spordnea exige dos pai- 6 periféricos um esforgo de equipamento mais extenso & intenso do que as modernizagées precedentes. Esse esforgo reclama uma enorme massa.de recursos utilizados na cons- trucdo das infra-estruturas econémicas, de tal maneira que 0 processo de incorporacdo do pafs & globalizagio dé-se em letrimento dos investiméntos sociais exigidos por uma de- mografia e uma urbanizacéo galopantes. Como somente pou- cas firmas podem realmente utilizar, em escala nacional, as, infra-estruturas assim instaladas, a modernizacéo conseqiiente 6 seletiva, deixando fora dos beneficios uma parcela impor tante da atividade Tomemos o exemplo de Sa Em 1969, os maiores estabelecimentos industriais (com mais de quinhentos em- pregados) constitufam 4,5% do ntimero total. Eles emprega- vam 44,7% do conjunto de trabalhadores fabris e eram res- ponséveis por 52% do valor da produgéo e 51,5% do valor da transformacdo. Em 1975, as maiores indtistrias eram somente 15% do total, mas forneciam um percentual de emprego semelhante a0 de 1969 (cerca de 44%), mas jé com um valor produzido que se aproximava dos 69%. Isso significa que a producio se concentrou em um niimero pequeno de estabe- A participacao a modemniciade con 48 SAO PAULO, METROPOLE DO TERCEIRO MUNDO ecimentos que, por sua vez, se tornaram maiores e cada vez multinacionais. A internacionalizagao da economia leva a uma concentrago financeira e econémi a pelas alteracdes das fungGes urbanas e por modificagées brutais da logica interna da cidade. O fato, aliés, faz de que o Pais haja entio, conhecido vii crescimento rapido, faz. com que a ins talacdo, em sucesso répida, de grandes firmas, leve a mu- dangas brutais e igualmente répidas dos papéis dos diversos atores da economia urbana. Isso se dé, alids, em todo o Terceiro Mundo, ainda que e! graus diferentes, Por isso, as grandes cidades dos paises sub- desenvolvidos sao cidades criticas., E 0 caso de Sao Paulo (mas, também, do Rio de Janeiro e das outras cidades metropo- litanas), onde se concentram as varidveis mais modernas ¢ as firmas mais importantes ¢ onde, também, a crise se manifesta mais claramente, até mesmono préprio espaco urbano, chama do a atender aos reclamos novos e préméntes de grandes fir- mas com peso ainda maior na economia urbana. As necessi des de espaco muclaram, tanto em fungéo dos requisitos da produgio como da circulago, mais exigente de rapidez. Por isso, a cada dia que passa, mais o espaco tem que ser prepa- rado cle maneira particular para cada tipo de produgao. A ci- dade, tal qual ela era, deixa de ser higar adequado para a pro- dugdo moderna, sendo necessério acrescentar outras éreas, técnica e cientificamente construfdas para responder, deli- beradamente, a esses reclamos precisos. Isso se dé ao mesmo tempo em que novas vias de circulagdo tém que ser criadas, para que a produgo possa escolar rapidamente, num mundo em que a economia é cada vez mais uma economia de fluxos O que isto significa? Se a necessidade de modificar a cida- de, reconstruindo o espaco urbano, faz-se sentir de forma re- petida e a fracos intervalos, o erério piiblico é chamado a ter despesas sempre maiores, toda vez que a cidade se torna in vidvel para o grande capital. Por conseguinte, hé iclos suces- sivos de inviabilizag&o e reviabilizacdo da cidade, aumentan- do a superficie urbana, titil aos grandes capitais, estendendo SRO PAULO, «1 &rea urbana de forma especifica, de maneira a permitir as condigées exigidas pelas grandes firmas em matéria de go geografico. O espaco das grandes firmas é um espaco particular, especial, organizaclo de forma especifica, a0 passo que a cidade tomada como um todo vai mudando de fungao. Desse modo, néo basta atribuir o aumento do tamanho urba- no apenas & légica dos vazios especulativos, pois também mos de considerar a l6gica espacial das grandes firmas. Valeria a pena, alis, rediscutir um conceito ce modo geral, familiar aos economistas e -planejadores, isto é, a nogao de economias e deseconomias urbanas. Diz-se que a cidade se torna deseconémica quando as condigdes de realizagio da chamada economia (ler: economia moderna) jé nao so ai as melhores. Por isso faz-se um novo plano urbano ou remenda- se 0 jé existente, de modo a criar novas economias urbanas, de aglomeragao, ot o que seja, de modo a viabilizar, de novo, a produgao. Na verdade, esse conceito é uma faca de dois gu- mes; pois 0 mesmo espaco construido pode tornar-se uma deseconomia para as firmas muito grandes e, ao mesmo tem: po, um economia para as pequenas firmas. £ por isso que os pobres e a economia pobre se instalam dentro das cidades, e, as vezes, no seu centro. No caso de S4o Paulo, atividades con- sideradas menos nobres se instalam em dreas que foram abandonadas por atividades inais poderosas. O mesmo dado tem significagdo diferente se nos preocuparmos coma econo- mia moderna ou com a economia dos pobres e das firmas menos poderosas. Os pobres nao parecem ter sido objeto de Pregcupacio dos economistas espaciais. Se a pobreza tem sido freqiientemente estudada por gedgrafos, soci6logos, an- tropélogos etc., a economia, salvo excegdes honrosas, parece poder passar sem esse incmodo, o que reduz a possibilidade de compreender a realidade total, da qual os pobres so parte integrante, em maior niimero alids. Retomando o exemplo de Sdo Paulo, verificamos que a crise urbana também se revela através da necessidade de investimentos macigos sempre maiores para “reabilitar” a (ETROPOLE DO TERCEIRO MUNDO 49 50 sAo METROPOLE DO cidade, em contraste com a proclamada incapacidade do poder pabli investimentos. Nao é bas- tante realgado 0 fato de que a realizacdo desses investimentos significa a impossibilidade de oferecer & populagio os servi: G08 sociais que ela espera e de que precisa. Como a cidade se torna, cada vez mais, um espaco que se organiza pa as grandes mas, iss0 reduz 03 recursos priblicos poss 4 populagao, agravando smporanea libera e re- pele mao-de-obra menos qualificacla nos espagos que especia- lizam (com atividade industrial ou agricola) e encaminha grandes levas de pobres para as grandes cidades, onde se de- frontam com enormes problemas para suibsistir. As grandes Gidades do Terceiro Mundo séo repositérios, ao mesmo tem- po, dos elementos da modemnidadee ce uma grande massa de deserdados, gerados, emboa parte, como funcao dessa mesma moderizagio que, assim, vé acentuado Setearater perverso. BIBLIOGRARIA BAILY, Antoine. Less BARIS, Henry. Céopol pour un réexamen des sec- Tom. XVIn- 1, 1987, p. 5-13, PUR, 1987. BOISGONHER, Pierre, Une double personalité internationale, CORDEIRO, Helena Koha, \cipais pontos de controle da economia lorétiea. Anos 16 p- 153-95, Rio Claro, 1987. 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Hoje, porém, apreciando a evolu- 40 de numerosos indicadores econémicos e sociais das di- versas dreas metropolitanas brasileiras, em relacdo ao que se passa com o resto do pais tomado como um todo (e, particu- Jarmente, em confronto com as regiGes do interior qui conhecem um processo, de modernizacao), consid autorizados a propor a idéia segundo a qual a situago atual dessas grandes cidad ugares cent des eram con 880 no territ6rio daquilo o que chamamios de meio cientifico- técnico (M. Santos, Metamorfoses do espaco habitado, Séo Paulo, Hucitec, 1987), por sua vez, conseqiiéncia da difusdoem esca- Ja mundial das varidveis que caracterizam o presente periodo historico. Segundo essa iciéia, as transformacbes recentemen- te ocorridas na face da Terra, e em um grande niémero de lugares, estariam marcadas por contribuicées da ciéncia e da tecnologia, de modo que os lugares se caracterizariam em fungéo das diferencas de informagao neles contidas. O meio geogréfico estaria, assim, conihecendo uma mudanca funda- xando de ser meramente um meio natural ou um meio técnico e se transformando em um meio técnico-cient{- 54 A REGIAO CRESCE MAIS QUE A METROPOLE fico ou, ainda melhor, um meio técnico-cientifico-informa- ional. Esse novo substrato da vida social contibui para a instalago de novas relagbes sociais, trazendo conseqiténcias a0 processo de urbanizacdo. No caso brasileiro, podemos apontar como resultados dessa evolucéo a supramencionada invohigéo metropolitana, fendmeno paralelo e interdepen- dente de um crescimento regional mais importante que o da metrépole! e da tendéncia a uma melhor qualidade de vida no interior A MBTROPOLE CRESCE MENOS Ot como uM TODO A Regio Metropolitana de Sio Paulo continua a concen- trar uma parcela riqueza nacional, despropor: cional en 4 sua parte na populacio brasileira, mas sua participacao na formacao do PIB nacional esta diminuin do, como se pode ver na tabela abaiXo. \s,. 1987, 19801987 368747315 105923 26.859,40 pe: 2707/33 4439/67 7051872 7278233 45.247°56 Beas Estado de Sto Paulo Grande Sto Patslo Fonte: Emplase, 1987, Tabela IL. 33. ‘ Comparandio esses dados, constatam-se, pelo menos, dois fatos: em referéncia ao total do PIB, como em relacao ao PIB AREGIAO CRESCE MAIS QUEAMETROPOLE 55 er capita, tanto se recluz a parte do Estado de Séo Paulo em a0 Pafs como um todo, como diminui o quinhao da ie Sao Paulo, em relacdo ao respectivo estado e com o ais. H isso que indicam os fndices abaixo, calculados por 6s, e pelos quais se nota uma clara perda de importancia relativa, quanto a esses dois indices: pec 35 eS 2 234 fe Sto Pat 198 A tendéncia, alids, nao é tao recente. Tomando-se o indice cem para a zenda interna por habitante em 1970, tanto para 0 Brasil como para 0 Estado de Sao Paulo e a Grande Sao Paulo, 0s indices correspondentes a 1982 eram, respectivamente, 176, 153 e 12 : outras areas do Estado de Sao Paulo e o Pais como um tox cAleulo. A renda relacdo & do Brasil, baixa de 25,46 para 22,15% em 19822, Como vemos, a tendéncia vem de longe. as gscalas,uma baba dos valores, mas ela é muito mais acentua ragko prulistann. PIB por habitante (em cruzados 980 52225 102550 1908160 17.9450 BIS 179530 Fan A. Coro As perdas, Grande &: do levamos 8, entre 1970 Renda 19% 585.239 642.940 , foram ain: Omes Bras da maiores p iores para a n Paulo do que para o Estado de Sdo Pau relago ao Pais tomado como um to em conta a renda interha por habitante. , enn, se d& quan JE A METROP REGIAO CRESCE MAIS (© CRESCIMENTO REGIONAL TENDE A SER MENOR NAS METROPOLES No decénio de 80, enquanto os indicadores macroecond- cos indicam crise no Pais tomado como um todo, certas vas do interior mostram tendéncia praticamente sust a0 crescimento. No caso do Estado de Sao Paulo, a p (ga do interior magio da riqueza nfo para de crescer, passo que a da Grande Séo Paulo es Em 1988, a Grande Sao Paulo fica com 49,6% do total da riqueza produzida r da pelo in terior, a quem jé cabem 50,4% os do 6.5.1990). O tamanho das cidades jé no ‘crescimento das estatisticas econémicas, mas, tustamente, o contrério. Levando-se em conta a evolucéo do valor adicionado segundo o tamanho urbano, ela somen- te é positiva nas cidades,até cingiienta mil habitantes, com uum indice de 2%, ao passo que essa taxa era negativa nas aglomeragées maiores: — 2%, nas cidades entre qiienta ¢ 250 mil, de — 11% rias entre 250 e um milhao e de —21,3% nas aglomeragdes miliondrias (O 28.1.1990), Alids, a participagio da Regio Metropolitana de Sao Pau- Jo na renda interna do estado jé se vinha reduzindo desde antes. No decénio 1970-1980, a baixa € de 65,3% para 6 (SEADE, 1983). Segundo de Philip Gunn, essa parti- cipagio teria siclo de 65,72% em 1970 e de 58,45% em 1982. O interior do estado crescendo mais do que a drea me~ tropolitana. A renda média das erioranas, que repre- sentava 13% da renda média nacional em 1970, alcanga 05 16% em 1982 (P. Gunn, dez. 1985). ‘A Regio Metropolitana de So Paulo tem, ainda, uma critério para AREGI cia de que al artigo de 1984 (Urbanizacao bra ne 13) 60 _AREGIAO CRESCE MAIS QUE A METROPOLE Quanto a prod ‘dade da mao-de-obra (valor adicionado Por emprego) e com base nos resultados do Censo Industrial de 1980, regides como as de Campinas, vale do Paraiba, Bauru etc. comparecem coi indices superiores aos da Gran. de Sao Paulo. Quanto a rentabilidade (valor adicionado me. Ros gastos com méo-de-obra) esas mesmas regides e mais outras duas, as de Sao José dos Campos e Taubaté, ea de Ribeitdo Preto, apresentam nfveis superi O faturamento, pelo Tesouro do estado, do Imposto sobre Circulagao de Mercadorias e Servigos (ICMS) revela, entre 1980 e 1988, uma evoh ores dados do SEADE (Fi , 2.1.1990), 0 estado como um todo conhece uma regressio (menos 16,2%), mas esta se deve substancialmente a 4rea metropolitana, onde o fatura mento caiu 30,7%, ao passo crescimento de 5, le no interior verifica-se um ‘evelador, o consunid' dé tnergia, cresce mais, depressa na indtistria que no comércio, enas cidad les maiores a evolugao é bem maioies, tiva do que ni volugto do consumo de ent ca (entre 1980 e 1587 irmada no que se refere as novas liga- na inchistria, pois elas aumentam 57% nas cidades com inenos de cingiienta mil habitantes, 48% naquelas entre cingtient 18% onde a popula- ‘0. A Grande Sao Paulo contava com 7% do total de ligagées elétricas industriais em 1978; elas 880 54,94% em 1983, ‘1860 Spd se Gea Ho er Cones eo A REGIAO CRESCE 2, uma nova divisio territorial do trabalho 1 e é ainda mais 4, dara Pais. némeno privile; 7 sive oa prop ia pee desenvolvida do Brasil. v se e, por exemplo, o caso da Regigo de Campinas, cuj a eva im jo industrial recente pode ser comparada com a da Regio Metropolitana do Rio de Janeiro. No periodo 1960-1980, 0 \imero de estabelecimentos indus rand Rio ¢ 194,9% na regio de Campinas, ao passo que « ] pessoal ocupadio aumenta,respectivamente 165,2% 6458 2% Quanto ao valor da produgéo, o da regito de Campinas representava 26,3% da do Grande Rio em 1960 ¢ 52,7% e 1970, mas em 1980 alcanga 104,1% antiga Capital Federal. Pode-se paulista vieram instalar-se industrias m« na porte, cujo desempenho seria 0 fundamento desses condluir ¢ Ano eR) 1970 ala (212%) iis 128%) 806%) 1980 490.26 745 261.620 | 1775575.000 | i RIOR conta 0s cinco tiltimos momentos censité- 1960, 1970 e 1980), a proporsaio de emprego no setor secundério que cabe a Regiso Metropolitana (com- parada com 0 Estado de Sao Paulo) conhece uma expansdo até 1970, caindo ligeiramente em 1980. Quanto ao emprego no setor terciftio, a parte correspondente a érea metropol na cresce bem depressa até 1960, observando-se a partir um tendéncia de queda relativa, apenas aliviada em 1980. dat es BM oe TM aN we Tesco 42 S743 un8 sian * S684 79 5505 4298 Fonte: 8. Ne O emprego cresceu cerca de 9,8% em todo 0 estado, entre 1980 e 1988, segundo dados de Ministério do Trabalho. Mas a evolugao no interior (14,2%) foi maior que na capital (7,29 Segundo estudo da Federacao das Indtistrias de S80 Paulo, © interior do estado contava com 35,70% da mio-de-obra industrial do estado em 1980 e em 1988 seus 2,1 milhdes de nstituem 38% dos trabalhadores lo, 27.11.89). Entre 1960 e 1970, a aumenta mais Wepressa na Grande Sao Paulo do que no Estado de So Paulo como um todo, passan- do de 39,9% do total estacual em 1960 a 484% em 1970. AREGIAO CRESCE MAIS QUEAMETROPOLE 63 De fato, mais de dois texco no Estado de Sao Paulo o for decénio. Considerado apenas 0 setor sec dos sfo os seguintes dos novos empregos criados m na Grande Séo Paulo, nesse \détio, os resulta- 1.053310 2.008.584 950.374 11285. 3 En Desse modo, a forga de trabalho industrial cresce mais 1 Grande Sio Paulo do que no estacio tomado como um tod: Mais de dois tercos dos novos empregos industriais de Sa0 Paulo terdo sido criados na Regiao Metropolitana de So Paulo. Quanto ao setor terciério, a situagéo é a seguinte: utras vegies do et Est 19 deSko Paulo Granda Sto P 60 «CL ORRSBD 081.587 509.868 70 7.328 72a 1.343.442 70-60 542259 3366477 Em muimeros absolutos, a forga de trabalho empregada nos nervigos aumenta mais que a forga de trabalho industrial, as a parcela dos novos empregos terclérios criados no Esta- ode Sao Paulo que cabe a Granite S4o Paulo é menor que a 0s novos empregos industriais, alcangando perto dos 6 io dois tergos como no caso do emprego industrial, Pode-se daf depreender que, em relago ao Estado de Sao aulo, o,emprego tercidrio da Grande Sao Pai iderado jobalmente cresce menos depressa que o emprego secun- io examinado segundo os mesmos parametros? E que o cimento do emprego tercidrio no interior seria m 1960 4517.98, 1970 637282 196041970, 1.855.244 1.278.036 is de 90% 64 A REGIAO CRESCE MAIS QUE A METROPOLE © decénio 1970-1980 mostra uma outra situacdo, que se poderia identificar como a chegada de uma nova tendéncia. Quando consideramos o incremento do ntimero de empre- gos no setor secunditio e tercidrio, vemos que a variacao do primeiro, maior na Regiéio Metropolitana até 1970, torna-se relativamente mais importante no interior etre 1970 e 1980. Orecente crescimento dos postos de trabalho no setor secun: dario é bem mais significativo que no terciério, embora os absolutos correspondentes a este iiltimo crescam igeiramente entre 1970 e 1980 ercensal do acho 1940-50 1970-80 3720 7750 10110 87,70 ser tercdcio 1940 78.05 1950 25.06 1960 35,0 1970 40,83 1980 496 A participacao do interior no emprego secundério, que marcava uma evolugéo negativa desde 1940, conhece um incremento importante, quando passa de 35,32% em 1970 para 39,34% em 1980. Quanto ao emprego terciério, os ga- nihos sao relativamente pequenos, passando de 43,79 do total do estado em 1970 para 43,94% em 1980. Os dois indices sao, todavia, coerentes. Hé, de um lado, marcada desconcentracao industrial a partir dos anos 70, ga~ rantindo ao interior um posicio melhor neste setor, mesmo que muitas das fabricas instaladas descentralizadamente ofe- recam menores indices de emprego, pelo fato de serem tecno- AREGIAO EMAISQUEAMETROPOLE 65, logicamente mais avancadas. Houve, igualmente, nesse pe~ rfodo, acentuada modernizagéo agricola. Esses dois movi- mentos de modernizacio afetam o tercidrio geograficamente pr6ximo, impondo-lhe alteragées quantitativa e qualitativa- mente importantes. O interior se terciariza, gracas @ expan- sao do setor ptiblico e da agricultura moderna, levando A maigPnecessidade de emprego ligado a esfera da circulagéo (também no setor industrial) e sugerindo um mais alto teor de trabalho intelectual necessério, tanto na prodig&o como na regulagio da atividade produtiva. Nesse sentido, ha des- centralizacéo de empregos de qualidade, em relacio a Capi- tal e a Regido Metropolitana. No perfodo técnico-cientifico atual, os setores tercidrios de comando tendem a se concentrar ainda mais geograficamen- te, beneficiando, a0 menos num primeiro momento, as locali- dades onde o potencial em matéria cinzenta é mais diversifi- cado e maior. Esses lugares séo, também, mais atrativos para 08 pobres. Modernidade e pobreza, participago plena e nao- participagio sao, nas grandes cidades, as duas pontas do pro- cesso de modernizacéo contemporanea, sendo, assim, res- ponséveis pela expansdo,global do setor tercidrio. O exame dos dados relativos & evolugéo do emprego nesse setor, no interior na Regio Metropolitana de Sao Paulo, deve, pois, evar em conta essas condigdes concretas. Desse modo, 0 fato dle que o emprego terciério dé sinais de expanséo no interior (43,79% em 1970 e 43,94% em 1980, em relagio ao Estado de Si0 Paulo como um todo) e que o emprego nos servicos tenha, nesse perfodo, erescide um pouco mais no interior (65,60%) do que na Regio Metropolitana (64,60%), pode ser uidado como um indicador de uma evolugo que apenas 0 Recenseamento de 1991 deverd confirmar ou infirmar, mas sntemente é positiva para as regides interioranas. Tomando-se ntimeros recentes quanto & administracéo pu- ica, verifica-se, desde 1980, aceleracio na oferta de empre- 108 no interior em relagao ao estado como um todo (e, evi- ntemente, muito mais em relacdo & Regiéo Metropolits 66 A REGIAO CRESCE MAIS QUE A METROPOLE Sendo 0 indice cem pé 1988 era 129,52 na Gra a 1980, a oferta desses empregos em ide So Paulo e 166,25 no interior. (Oferta de exspregos na Administgfo Publica (em milhares) 1980 1984 nde Sa0 Paulo | ae e02 de Séo Paulo 615 aaa O movimento que conduz a uma evolugéo mais répida do emprego nos setores secundério e tercidrio no interior de S40 Paulo é, pois, relativamente recente, coincidindo comas gran- des transformacées que afetam o espaco e a sociedade, gracas & expansioo paralela do meio técnico-cientifico no estado eda modernidade social e econdmica contemporanea. Mauciangas na composigo setoral do emy metrépole en 190195 1970 1980 259898 502.138 60.66%) (62,604) 259.192 734%) 1540-1950 1950-1960 42235 1shise 3.20%) 278.906 (aa, 10%) 526.922 (65,00%) 327.475 650%) ‘Ta do quena prestacao de servi AREGIAO CRESCE MAIS QUE A METROPOLE 67 estado de Sto Paulo 1 da PEA urbana na me! ior, 1940-1940 Disirbuigio st 194 1980 Nei, Soma 992 Ne K Remo 23898 an 87 yaa i69 35 S557 4 Lames 80 Ba wm 33 eros as Ser terse sas ai fanaa 384 Fone eV. abel MP0? Hi outros dados ainda que permitem discutir, segundo prismas diferentes, a tese da involugéo metropolitana. Um s éa tendéncia, que comeca a se firmar nas dreas em que © capitalismo amadurece, & reverséo do leque salarial, de ira que as ocupagées urbanas podem ser menos bem $ que 0 séo as do campo. Fiquemos com um caso to. Pelo menos entre os que ganham pouco, isto é, entre os que ganham menos de dois salérios minimos, 0 percentual relativo a essa classe de renda no cémputo total dos ativos é,no Estado do Parana, menor na atividade agrico- oumesmono comércio de dices, respectivamente, de mercadorias, apresentando i 44,26%, 76,57% € 49,57%. Levando-se em conta exclusivamente os que tém rendi- mento inferior a um salério minimo, a parcela relativa é meno no comércio de mercadorias e muitissimo maior no setor prestacio de servicos E considerando apenas os que percebem entre um e dois salérios minimos a atividade agricola (16,93%) se coloca em situagao de inferioridade relativa ante a prestacéo de servicos (20,32%) e 0 comércio de mercadorias (31,08% 68 A REGIAO CRESCE MAIS QUE A METROPOLE 404.308 233% 248.803, 36,05% sonens 60789, 158% 436975 semelhante. Na capital, a'renda de imigrantes que vivem no bairro do Nordeste de Amaralina era menos favorével que gracdo, isto se tre pessoas ocupadas em agricultuia numa zona de emi- regio de Cruz das Almas. A desvantagem 4 tanto aos baixos rendimentos quanto no que se refere as, ndas mais altas. Mando (Crue dee nar que nos defrontamos com uma tendén- cia que nao seria exclusiva do Brasil e suas areas mais deser das, mas se produziria em, outros paises? Quanto América Latina, um estudo de Victor E, Tokman (Estrategia rollo_y 108 ochenta, 1981) mostra d fendmenos (tabela 4, p. 143): Em primeiro lugar, comparada a curva dos salérios mfnimos urbanos e dos salrios agricolas entre 1966-67 ¢ 1978-79, a evolugao & favorével aos salérios agricolas em diversos pafses, como Argentina, Brasil, Col6m- bia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamé, Pa- we Uraguai. raguai, P AREGIAO CRESCE MAIS QUE A Em segundo salétios na construgao naquele mesmo periodo, e: Costa Rica, Chile, Nicarégua, Panamé, Paragu: guai. Os ntimeros so globais para cada u social Pelacionado as circunstancias regior a conclusdes mais efetivas e validas. No Brasil, em 1983, 0 percentual de pessoa: 58%, ao passo que que entre esse percent % (PNAD, IBGE, 1983). De um modo geral, aliés, no caso brasileiro, tende a crescer rela nte mais nas areas urbanas, no Pafs tomado como um todo. A nitida é, porém, nas areas de fronteira, segu santa Sao Paulo, Paran Evolugio da rend 86 50 David Denslow e William G1 1982, Quanto ao Estado de Séo Paulo, especific: 108 70 se nota uma evolugio positiva dos s certas atividades rurais em comparac&o com mo da capital. En cipio de Séo Paulo, cujos g ultrapassados por diaristas residentes e volan lugar, a comparacao entre saléric paises como Brasil, itura ganhando menos de dois saldrios m operdrios da const era de 74% e de 79% na prestacao de servicos Sreas urbana Colémbia, Perue Uru- desses paises, devendo-se supor que 0 exame do proceso econémico e permita chegar s ocupadas na arenda média yurais que nas evolucao mais lo conjunto dos estados de Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro, arina e Rio Grande do Sul. eas urbana e rurais entre 1970 e 1950 q amente, j Arios pagos em 0 saldtio mini- 1970, somente os tratoristas ganhavam mais, em média, que o portador de salério minimo no m ambém © CRESCE MAIS QUE A METRO! or corrente dos LE. A QUALIDADE DE VIDA NO INTERIOR Certos indices de qualidade de vida aparecem como me- Ihores no Interior do que na metrépole. No Estado de Sao Paulo, evolugéo planejada e evolugéo espontanea se conjugam para assegurar esse resultado posi- tivo. Gracas, de um lado, ao Programa de Desanvolviment Cidades Médias e, de outro lado, & modernizago da agricul- ntracéo industrial e ao aumento da tercia- P : das quarenta e duas Regides Administrativas) véem aumentar mais rapidamente o ntimero de ligagbes residencia’ das de égua, de esgotos e de energia elétrica e baixar mais rapidamente os ¢ mortalidade infantil, ainda que hi quanto a disponibilidade de leitos hospitalares. "a canalizagio de recursos para estas cidades no constitui obra de acaso, mas fazem parte da estratégia do Estadg e do Capital Monopolis- tae, para tanto, necessitam de um planejamento centralizado que coordene a agéio dos 6rgaos setoriais”. A natureza dos indices utilizados permite aceitar como vélida as rago, em um perfotio limitado. compa- Seade, vol i, 223, 1981 € ecidades médias ado Lp. 33 1: L, FT. Claro. 1985, p. 34 ebtatisticas vitais favorecem, também, o interior do Estado de Sao Paulo, em comparacio coma capital ea Regido Metropolitana de Sao Paulo. Em 1985, a va de vid: era de 68,5 no interior e de 67,9 Grande Sa mado isoladamente). JA qu: probabilidace de morte, ela era maior na Grande Sao Pau que no interior para 0: jens entre 15 e 65 anos, e para homens e mulheres entre zero e cinco anos. De ada mil 72 AREGIAOCRESCEM AMETROPOLE nascidos no interior, eram 30,8'0s que moztiam antes de ear tum ano, esse indice subindo para 53,9 na Grande cia da problemética econdmica sobre a mortalidad no Estado de Sao Paulo. Uma das tabelas que esse autor organizou deixa ver como a evolucao do fenémeno traz van- tagens para a maior parte das regides do interior & Fegiso metropolitana. Um outro dado a levar em conta quando se comp: qualidade de vida na Regiéo Metropolitana e no interior é 0 relativo as habitacdes subnormais. Enquéitto na Grande Sao Paulo, somando-se cortigos, favelas e outras formas inferio- res de residéncia, o percentual facilmente ultrapassa'25%, a proporgéo de favelados na populago urbana foi assim recen temente estimad: 73 AREGIAO CRESCE MAIS QUE A METROPO! urbana de 80,4% supera os 78% dos Estados Unidos ¢ 81% das casas dispéem de energia elétrica, os indices de qualida- | de de vida podem ser comparados com os de alguns paises, europeus e com os Estados Unidos. Por exemplo: 4,7% das pessoas tém curso superior completo, ao passo que na Aus- tria esse indice é de dado semelhante ao da Itdlia e que € 0 d Portugal; 87,9% sabem ler e escrever, o que é compara percentual espanhol; 66% das-residéncias contam con deiras (65% na Hspanha’ délares (a média brasileira é 60% menor) é comparével A da Espanha tomada como um todo, que é (ve 225.1985). ‘banas, a comparagao entre o que se passa na Re opolitana eem outras regides (do interior) do estado nao é desvantojosa para estas tiltimas, spadas ‘ Jost do Rio Preto MLE. Gongalves eV. C.Semeg! 1888, p.28, Tab. 11 E igualmente revelador o fato de que as taxas de analfabe- tismo sejam superiores na Grande Séo Paulo as registradas 1982) no interior, isto 6, 20,16% ¢ 15,86% respectivamente No interior de Sao Pat onde a populacao considerada J4 quanto ao rendimento médio, este pode até ser mais, consideravel em alguns municfpios do interior do que na ena Regio Metropolitana, fato que é valido também xatros estados 74 REGIAO CRESCE MAIS QUE A METROPOLE 50 53 43 22 0 José dos Campos fode Minas Gerais 37 aa 42 124, 125, A INVOLUGAO METROPOLITANA Annogéo deinvolugao metropolitana, apesar de sua filiagio intelectual, nao pode ser confundida coma idéia deinvolucao urbana proposta no fim dos anos 60 por Armstrong e McGee (1968) e nada tem a ver coma idéia de “ruralizagéo urbana”, tratada por diversos autores, como notadamente Bryan Ro- berts (Cities of Peasants, Londres, Edward Amold, 1978; Ciuda- des de campesinos, México, Siglo VeirtiunieEditores, 1980) ins- piradlos, talvez, em uma literatura na qual se destacam, entre outros, Frank Bonilla (Rio's Favelas — The Rural Slum within the city, American University Field Staff Reports Service, South American Series, VIN, n.°3, 1961, p. 1-15) e em Jacqueli ne Weisslitz (Migration rurale etintégration urbaineau Pérou, Espaces et sociétés n.° 3, 1971, p. 45-9). Os migrantes se instala- tiamna cidade, guardando, porém, muitas de suas caracteris- ticas rurais, que iriam influir na economia, na cultura e no habitat, tese, alids, contestada, entre outros, por Anthony e Elisabeth Leeds (Brasil and the Myth of Urban Rurality, in City and Ce in the Third World, Cagnbridge, Sukenkman, 1970). Segundo outra vertente, a urbanizacéo se constituiria, em grande parte nos pafses subdesenvolvidos, de “aldeias ur- banas” habitadas pelos “rurais da cidade”. Mesmo as grandes cidades seriam cidades pré-industriais no dizer de Gedeon Sjoberg (The Pre-industrial City, Glencoe, The Free Press, 1960) ede Emrys Jones (Towns and Cities, Oxford University Press, 1966). Essa é uma discussio de certo modo ultrapassada. A nosio de involueio urbana, tal como a propuseram W. * vidades econ6micas modemas sobre 0 territ6rion AREGIAO CRESCE MAIS QUE A METROPOLE 75 Anmstrong e T. G. McGee (Revolutionary Change and the Third World City: a Theory of Urban Involution, 1918, 1968, p. 353-77) responde a outras preocupagoes, ja que eles nao véem na cidade nenhum dualismo estrutural, mas, nela reconhecem um organismo unitério, em que a pobreza urbanaseexplica como conseqiiéncia do proceso demoderni- zacag'capitalista. Pelo fato de que, nas cidades, diversas ati- vidades crescem ao mesmo tempo em que aumenta oniimero de pobres, haveria "involugo”. Essa idéia se aplicaria, entéo, ainda melhor s cidades intermediiérias, consideradas incapa- zes de se desenvolver gracas ao peso das grandes cidacies. Nos dias atuais, as cidacles tocadas pelo proceso de mo- demizacio agricola ou industrial tfpico do perfodo técnico- cientifico conhecem um crescimento econémico consideré- vel, ao paso que é nas grandes cidades que se acumulam a pobreza e atividades econdmicas pobres, uma reverséo em relagéo ao perfodo anterior. O interior modernizado se de- senvolve e as metr6poles conhecem taxas de crescimento relativamente menores. Daf a nossa designacao de “involu- so metropolitana” que, de alguma forma, defronta a antiga nogo de “involugao urbana’ Tais resultados parecem dever-se & desconcentragao de ati- onaleao fato de que, como se mostra claro para o Brasil e para o Estado de Séo Paulo, 0 crescimento de um bom niimero de regiées é maior, em termos relativos, que o da Regio Metropolitana. Para certas dreas seria, dificil empregar 0 termo crise se as pudéssemos considerardemaneiraisolada em relagoao Pais. §, sobretudo, nas grandes cidades onde a crise vai se localizar. nos permite falar, no Brasil, de "in- de atracéo dos pobres pela metrépole, onde vem engrossar uma demanda de empregos formais e de servigos urbanos que a cidade do capital monopolista ndo atende. A economia urbana se adapta a essa situago, segmentando-se, através do

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