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DIvULeAGAo A VIDA VEIO DAS NUVENS INTERESTELARES Oscar Toshiakt Matsuura Instituto Astrondmico e Geofisico - USP Se antes da evolug3o darwiniana houve uma evolugéo ao nivel fomolecular, o problema da origem da vida se reduz ao problema daor gem de substancias pré-bidticas a partir de uma origem ablolégica. As substancias pré-bidticas mais importantes so os constituintes dos éci dos nucleicos (um acdcar, quatro bases e um fosfato) e das protefnas (21 tipos de aminodcidos); os constituintes dos polissacarideos (glu- cose) © da clorofila (anéis nitrogenados). Particularmente as bases dos idos nucleicos também levam anéis nitrogenados. € popular a hipétese da origem da vida conhecida pelo nome de hipdtese do caldo primitivo proposta por volta de 1920 por Haldane © Oparin. Apesar de seu sucesso através de experimentos de laboraté rio feltos por Miller em 1953, essa hipétese que situa o caldo primi- tivo aqui na prépria Terra, esbarra em dificuldades: para que ela se- Ja vidvel requer-se uma atmosfera no oxidante, totalmente diferente da atmosfera que hoje envolve a Terra, o que dificilmente pode ser con cebido. Mals. Sendo oxidante e tendo uma camada de ozona protegendo as formas mais complexas de vida contra a agao deletéria da radiagio ultracvioleta do Sol, faltaris essa radiagdo que é requisito essen- cial para a hipétese do caldo primitivo. Nido € de hoje a id tas regides do Cosmo, ao invés de ter se originado na Terra. 0 famoso Lord Kelvin, conhecido dos fisicos pelos seus importantes trabalhos em a Ja havia intufdo que a vida pudesse ter vindo do espa- go exterior trazida na forma de esporos. Mas, mals recentemente, adu- ade que a vida tivesse vindo de recéndi- Termodinamica zindo argumentos da astrofisica contemporanea, Hoyle e Wickramasinghe, na Inglaterra, propuseram um modelo de origem extra-terrestre da vida com base nos seguintes ponto (1) existem moléculas pré-biéticas no meio Interestelar; (2) remanescente da nuvem interestelar que deu origem ao Sis- tema Solar, cofservou a salvo moléculas pré-bidticas mesmo depois da 29 fase de altas temperaturas a que foi submetida a nebulosa solar primi tiva e depois da constituigdo dos planetas; (3) © interior de ndcleos de cometas seria um local adequado pare abrigar moléculas pré-bidticas e até mesmo para organizé-las em formas ainda mais complexas, dando assim, origem a formas primitivas de vida; (4) a vida teria sido transportada para a Terra através de co metas, através de frequentes colisdes desses objetos com a Terra ha cerca de 4 bilhdes de anos; junto com a vida teria vindo a componente volatil da atmosfera terrestre e a agua dos oceanos. Esse modelo tem, sem divida, vulnerabilidade em pontos impor- tantes, mas ndo deixa de suscitar uma discussie apaixonante e constru tiva. Neste artigo tentarei expd-lo seguindo fielmente a linha orig nal de seus autores. Mesmo dos tomos que compdem as moléculas tanto dos seres vi- vem da astroffsica. A teoria cosmo- vos, como nio vivos, a explicas 16. a da "Grande Explos go isotrépica em microondas feita pela primeira vez por Penzias jo" & hoje muito aceita; a captagao da radi Wilson da Bell Telephone Laboratories em 1965 € compativel com a idéia uns 13 bilhdes de anos com a explosio de de que o Universo comegou h una bola superquente © superdensa constituida de neutrons © fétons.lo 90 nos primeiros instantes desta histéria césmica haveria lugar para reagées termonucleares capazes de gerar hélio, hidrogénio pesado e talvez outros elementos pesados. Mas a maioria deles deve sua forma gao a uma fase posterior, no interior de estrelas, através de reagoes termonuclares. Sdo bilhdes de galaxias que compartilham de um movimento ge- ral de expansio do Universo, certamente Iniciada na Grande Explosao. A nossa Galaxia, a Via Lactea, tem cerca de 200 bilhdes de estrelas , mais poeira e gis praticamente concentrados sobre um disco com diame tro de cerca de 50.000 anos-luz e com espessura de uns 300 anos-luz. Nosso Sol nao & senio uma das estrelas da Via Licte: Dentre todas as fases da vida de uma estrela em que ela deve sua luminosidade as reagdes termonucleares, a fase em que ela permane ce na Sequéncia Principal € a mais duradoura. No Sol ela deve durar cerca de 10 bilhdes de anos. Nesse estagio, no nicleo da estrela, as reagdes termonucleares formam hélio a partir do hidrogénio. Ao mesmo tempo em que se produz elementos quimicos mais pesados, Iibera-se t © esforgo que vem sendo feito recentemente no sentido de se explorar a fusio nuclear como fonte alternative de energia nao & bém energi outro sendo o de criar, em laboratério, condigées fisicas para a rea- Nizagdo dessas reagdes termonucleares. Quando a estrela tiver queima- do cerca de 10% de cla Princi- fo, ela abandona a Seq) u hidrog 30 pal, 0 ntcleo de hélio comega a se contrair concomitantemente com a expansdo das camadas mais externas da estrela. Nessa fase de espanto- 5 expensdo a estrela torna-se uma Gigante ou Supergigante, fase pela qual o Sol deverd passar daqui uns 5 bilhdes de anos. 0 hidrogénio das camadas externas é queimado até a sua exaustéo e entao, naturalmente, © nove combus vel a ser queimado € 0 hélio comprimido no nicleo es- telar @ aquecido a uma temperatura capaz de provocar a ignigaéo da re: 30 que transforma © hélio em carbono. © destino Final de uma estrela depende de sua massa. Se ela é menor que o Sol, se transformara em and branca. Has se ela & muito maior, as reagdes termonucleares sintetizando elementos cada vez mais pesados podem atingir um regime de Instabilidade, daf resultando vio- lenta ejegio de matéri com elementos pesados ao meio interestelar: é © caso de supernovas que surgem na razdo de duas ou trés por século, em nossa Galaxia. A’baixa temperatura das supergigantes favorece a ecorréncia da convecgao da matéria, isto é, 0 borbulhanento da maté- ria e€ seu escape ‘para o meio interestelar, bem como a condensagao de gases em graos de poei Isto serve para mostrar que a matéria processada nuclearmente no interior das estrelas tem diversas oportunidades para ingressar no meio interestelar. Mas 0 que se pode depreender dos estudos diretos sobre o m interestelar? Jé sd0 classicos os estudos da extingdo da luz estelar Provocada pela poeira interestelar. 0s estudos mais antigos se res- tringiam principalmente & regido visivel do espectro eletromagnéti- 0; como @ poeira extingue mais a luz azul (de comprimentos de onda mals curtos) do que a luz vermelha (de comprimentos de onda mais lon= 905), a radiagio estelar que consegue chegar até nds é avermelhada. Um exemplo desse avermelhamento pode ser visto num por de Sol através de uma atmosfera empoeirada. Mais recentemente, a extingao foi também estudada no ultra-violeta © no infra-vermelho. Hi uma absorcao carac- teris ca devida a graos interestelares por volta de 2.200 Angstrons (ultra-violeta), além de diversas bandas relativamente largas de ab- sorg entre 4.400 © 7.000 Angstrons. Compostos orginicos com anéis nitrogenados poderiam dar conta dessascaracter{sticas. Em especi ta interpretacao é atr. te, pols se basela em grdos compostos de ele mentos ebundantes no Universo, a saber, 0 carbono, o nitrogénio e o io. Polissacarfdeos podem dar da luz espalhada pela poel oxigénio, em combinagao com o hidro conta também do comporta: nto da polarizag ra interestelar, Observagdes no Infra-vermelho em nuvens circunstelares, envol. vendo estrel gigant. que ejetam matéria, bem como em nuvens inte teleres, revelaram a presenca de poeira que absorve nas vizinhanca 3 dos 3 © dos 10 microns. Muitos atribuem a primeira absorgio a graos de gelo © a segunda, a graos de silicato. Esta ditima absorgao & vis ta frequentemente em nuvens circunstelares de supergigantes vermelhas ricas de oxigénio. Hoyle e Wickamasinghe propuseram uma substancia dni ca, feita de elementos cosmicamente abundantes, capaz de explicar ao mesmo tempo as duas absorgoes e, para surpresa deles mesmos, verifica ram que polfmeros organicos como a celulose em mistura com hidrocar- bonetos eram capazes de explicar as propriedades observadas. ou de nitrogé E sabido que a abundancia maior de oxigé! nos fluxos de matéria ejetada pelas estrelas depende criticamente do fato de a estrela ter experimentado, ou ndo, reagdes termonucleares conhecidas como ciclo do carbono-nitrogénio (C-N). Na matéria estelar que passou por este processo, abunda o nitrogénio; caso contrario, a- bunda 0 oxigénio. Assim as nuvens cunstelares de estrelas que pas- saram pelo ciclo C-N propiciam a formagao de polissacarideos que re- querem 0 oxigénio para estabelecer as ligacdes do polfmero. No caso oposto, cri se condigdes para formar anéis nitrogenados, cujas absor ges seriam tipicas aa matéria interestelar. A formagao dessas cadeias de moléculas pode ter lugar nos pré prios fluxos estelares, quando a temperatura cal para cerca de 1.200K. Fortultamente colisdes bindrias podem dar origem @ um anel nitrogena= do; se todas as moléculas seguissem esse caminho, o processo de forma 30 seria sem divida muito pouco eficiente. £, porém, vidvel um meca- nismo no qual uma pequena cadeia inicial de an de molde, no sentido de que cada fragmento da cadela po s desempenha o papel crescer ra pidamente em longas cadeias-filhas, numa légica que lembra a prépria divisio celular. Esse seria um processo nao sé eficiente, mas explosi vo. Ap porte da matéria Interestelar para a Terr xima indagagdo que surge naturalmente se refere ao trans imediatamente tas que esc, sa como se a maloria dos come- Vén en mente, os cometas. Poucos sio 0s conhecimentos sobre co: pam a sérias controvérsias. Tudo se pi tas de longo perfodo proviessem de uma nuvem aproximadamente esférica envolvendo o Sistema Solar, denominada Nuvem de Cort, a cerca de um ano-luz do Sol (o que é uma substancial fragio da distancia entre a Terra e a estrela mais proxima). 0s estudos mals recentes sobre come- tas tém revelado que a coma, gerada quando o cometa se aproxima do Sol, contém poelra e gas constituldo de stomos, radicals, Tons, molé simples © complexas. Acredit ulas s€ que tudo Isso seje produto da vapor! zagdo do nucleo cometarlo pela asa0 da radlagio solar. 0s componentes gasosos requerem uma estrutura sélida do nicleo multo peculiar, con- quanto surgem quase que sinultaneamente a cerca de 3 unidades astroné micas do Sol. Muitos dos radicals observados podem ser explicados co- mo produtos de dissociagao de polissacarideos hidratados. Por sua vez, também a poeire parece poder ser explicada em termos de grios de gra- fite ou silicato recobertos de polissacarideos. Inicia-se agora no Ins tituto Astronémico e Geoffsico da USP o desenvolvimento de um sistema para medir caracteristicas da radiagéo infra-vermelha de qraos come rios. Isso fol viabil zado agora, embora um instrumento com potencia- lidade técnica similar tivesse sido pleiteado ha muitos anos, dada a ine: vermelho tem tido nes- €1 importancia que a astronomia do infr ta Gltima década. Os impactos meteoriticos registrados em 1908 e en 1947 na Si- béria tiveram possivelmente origem cometaria. A probabilidade de coli s30 de um cometa coma Terra dias de hoje. Seria da ordem da probabilidade de um desastre em usina nuclear. Todavia, para que os cometas tenham desempenhado o papel pr. muito pequena, mas nado nula mesmo nos visto por este modelo, & preciso que em épocas passadas as suas coli- s5es com a Terra tenham ocorrido com muito maior frequéncia. Parece que informagées pertinentes podem ser obtidas através do estudo de meteoritos. Muitos se surpreendem quando afir: Terra & diariamente bombardeada com muitas toneladas de neteorito felizmente, hoje, @ maior contribulgao se deve aos de menores dimen- ses. Em épocas bem determinadas do ano a queda de meteoritos cresce de mancira notavel, formando chuveiros procedentes de diregdes bem de sagem da Terra por mos que a finidas. Esses chuveiros se correlacionam com a pa Srbitas cometérias, onde provavelmente se encontram restos de matéria cometdria. Um tipo muito particular deles sio os carbondceos condri- tos. A idade de sua formagao excede as vezes a idade da formagao da crosta terrestre. A existéncia de graos finissimos em aglomerados nao compactados mostra que eles nunca foram aquecidos a temperaturas su- perlores a cerca de 500 K. A sua razao isotépica de Ne?°/Ne2? é aném Solar, Indicando que se tr la se comparada com os padres do Sistem ta de matéria condensada em regides distantes do Sistema Soler, pro- vavelmente nas vizinhangas de uma supernova. Assim, esses meteoritos nte intereste- constituiriam amostras intactas de componente genuln: lar. 0 carbono desses meteoritos encontra-se na forma de compostos or ganicos que podem ser solivels e insoldveis; a parte Insoldvel consti de algas fossilizadas de cinco similares na Terra. Isto ex tui estruturas regulares semelhantes tipos diferentes, dos quals 36 quatro clui a possibilidade de contaminag parte do material organico Insoldvel consiste de estruturas nao auito diferentes da celulose. Mais recentemente foi irta a presenga de aninodcidos. Sabe-se que os aminoacids (como os acicares) podem se apresentar como Isdmeros levdgiros (L) ou dextrégiros (0). Enquanto que 03 aminoacidos de origem nao bloldgica séo racémicas, quase todos féssels. Outre terrestre des co! 33 0s aminodcidos de origem biolégica aqui na Terra séo L, e todos os agiicares sio D. A opgao por um dos Isémeros confere maior estabilida cos de para as longas cadeias de moléculas. Os exemplares de carbo condritos Murray (EE.UU) © Hurchison (Australia) apresentom uma misty ra racémica de aminodcidos, enquanto que os exemplares Orgueil (Fran- a) © Ivuna (Tanganika) apresentam mais aminodcidos 0. Finalmente a componente soldvel apresenta um espectro de ab- sorga0 no ultra-violeta tipico de angis nitrogenados. Esses meteori- tos parecem ser grdos de silicato com polimeros orgénicos e organis- mos fGsseis remanescentes de um Processo de vaporizagéo sofrido por um grdo cometario. Qual € entdo a sequéncia de eventos que explicaria a vinda da matéria interestelar para os cometas © daf para a Terra, em momentos oportunos da histéria do nosso Sistema Solar? O melo Interestelar é revelado por exemplo pela emissio do hi drogénio atémico neutro na linha de 21 cm. Em regides préximas de es- trelas quentes o hidrogénio apresenta-se lonizado pela radiacso ultra cvioleta da estrela central formando as RegiSes HI. Linhas no ultra cvioleta revelam a presenga do hidrogénio molecular em nuvens mals den 525 ou nuvens Intereste léculas de serem dissociadas pela radlagao da estrela central, como ainda atuam como catallsadores proplciando a formagio das mesmas. Ade mais raios césmicos podem ionizer étomos, sendo que os fons resultan- Fes, onde # poeira nip apenas protege as mo- tes reagem muito mals eficiente: inte com os dtomos neutros, do que os Préprios étomos neutros entre si. Como Prova de que Isso nio é mera detectado » presence de moléculas organicas © inorginicas em nuvens Interestelares através através de rédio-telescépios te conjecture tados vi- da radlagao tipica de microondas devida principalmente a bracionais das moléculas. Fol encontrado por exemplo o formaldetdo que 1 € unidade bisica para a formagio de pollssacarideos, assim como o do férmico que pode contribulr na formacao de aminoscidos sa results de um processo de compressao witaclonal. Este colap- Interestelar tipica pos Durante 0 co- Essa materia mais da ténue matéria Interestelar pelo colapso so esté ma origem de toda estrela. Uma nuv. Sue massa correspondente 9 cerca de allhares de sél Jando orl a mithares lapso ela se fragmenta em mithares de part de densificazses. 0 colapso prossegue até que a pr. lapsada cresca 20 ponto de po F oposigéo & agio gravitacional. Quando estas duas forgas estio proximas do equillbrio tem-se formado A radlacao emltida por uma proto-estrela & gerade nao termonuclear ganha la contragao, peratura da estrela val crescendo 2 quelma do hi uma proto-este gracas & energia gravitacion po, at tura de gnigio p. agora lenta. Ao mesmo t ©, a0 atingic a tempi 34 proto-estrela passa a ser uma estrela da Sequéncia Principal. At se ingresso na Sequéncia Principal, uma estrela como o Sol gasta cer- ca de 20 milhées de anos. Nao hd razées para crer que a Natureza aproveite toda a maté- ria da nuvem nterestelar para o fabrico das estrelas. Uma parte dela se frustra de participar da formagao da estrela e poupa suas moléculas complexas & destruicdo pela radiagao da estrela central. Como, porém, essa matéria tem chance de chegar 4 Terra? Para responder esta questao devemos enfrentar o problema da formagio do Sis- tema Solar. Entre as teorias catastréficas e quiescentes ja propostas, es tas Gltimas vém recebendo um consenso cada vez mais universal diante dos resultados mais recentes obtidos na area. 0 paradigma das teorias quiescentes € ainda a velha teoria de Laplace que todos conhecem. Uma teoria aceit el deve dar conta das propriedades relevantes do Siste- “ma Solar. Uma delas consiste no fato de que o Sol gira muito lentamen te, isto é, contém apenas 2% do momentum angular do Sistema Solar, ao passo que encerra 99,9% de toda a mass: vem deu origem a0 Sol e aos planetas, podemos imaginar no infcio uma + Se um mesmo fragmento da nu- enorme esfera girando lentamente, depois girando cada vez mais depres $2 no decurso da contragdo gravitacional, pela conservagao de momen= surge um bojo equatorial e, com tum angular. Com o aumento da rotag toda plausibilidade, em algum instante a nuvem colapsante se ver na vagdo em que a forga centrifuga comega a superar as forgas gravita mais, quando 0 bojo se transforma num disco de ejegao de matéria. Isto € designado crise da rotagao. Ora, 0 campo magnético af presente poderia atuar como um transmissor de momentum angular da condensacao central 3 matéria ejetada (futuros planetas), assim como os ralos de uma roda de bicicleta. € 0 que pode prever a magneto-hidrodinamica. 0 30 vezes maior que o Sol seria uma proto-estrela com di atual, temperatura de uns 3.500 Ke luminosidade cerca de 150 vezes etro ui maior que a atual. Por outro lado, o aquecido em ejegao foi ao mesmo tempo se expandindo e se resfriando. Quando a temperatura che- gou aos 1.500 K condensaram-se "planetesimais" de substancias com tem is malo- Peratura de fusao mais alta: ferro e silicato. 0s planetesi res fixaram-se nas proximidades do local de formacdo, desacoplando-se do gas em expansao e descrevendo af Srbitas quase circulares ao redor do proto-Sol. 0 material ainda volétil prosseguiu sua viagem a re- gides mais externas, € a0 atingir cerca de 100 K se condensou nos "pla- ‘cometesimals" compostos de agua, didxido de carbono e amGnia. 0 grosso da perda de momentum angular ter-se-ia dado com a perda definitiva de grandes quantidades de hidrogénio e hélio, sem con- digdes de se condensar. Posteriormente esses planetesimals constitul- netesimais" ou 35 im aglomerados; colisées dentro deles propiciaram a formagao de pla- netas compactos. Fases finais de sua formacao envolveram colisdes vio- lentas a ponto de causar fusdo e a segregagao das rochas, do ferro na Terra. Neste contexto a Terra teria uma palsagem desoladora para a vi da. Teria cicatrizes de colisdes com planetesimels, como é hoje a Lu ndo teria atmosfera nem agua e as variagées de temperaturas seriam ex tremas. Esta concepgao explicaria a segregagao quimica que permite Elassificar os planetas internos como terrosos ¢ os externos como com postos principalmente de carbono, nitrogénio e oxigénio combinados con hidrogai e Plausivel ainda supor que a fase de formacao de planetas nas regides esse em atraso relativamente aos planetas nas re- na forma de metano, amdnia, dléxido de carbono © agu. mais externas es gides mais internas. Assim, quando a crosta terrestre ja estava for- mada, havia ainda uma multidao de objetos na fase de acumulacao a al- tura das Grbitas de Netuno e Urano. Certamente sua matéria estaria misturada ou contaminada com grios e moléculas complexas da nuvem in- terestelar primitiva, poupada da segregagio quimica e da destruicao de suas moléculas mais complexas. A deflex: da Srbita desses objetos poderia trazé-las para o interior do Sistema e Provocar impactos com a Terra. Nesses impactos, pois, a Terra teria adquirido as moléculas Pre-bidticas bem como a componente volatil da atmosfera e dos oceanos. Um fato que vem endossar esta teoria & 0 fato de que entre os materials voléteis, os gases raros sao realmente muito raros na Terra, €m comparagao com @ quantidade de oxigénio presente na forma de agua 0s oceanos, nitrogénio na atmosfera, se se toma por base as abundan- cias da nebulosa solar primitiva. Esta discrepancia nao & explicavel ea termos de um processo de segregagio por evaporacgao, conquanto as mas- a8 atémicas nao sido tao discrepantes entre si. Certamente o degasa- mento das rochas & responsivel pela maior parte dos gases raros hoje existente na Terra. Os volitels existentes em quantidade malor teria vindo de fora, nos cometesinais. Neles a presenga dos gases raros se ria praticamente nula, pols nao se condensariam mesmo nas balxes tem- peraturas da regido de Urano e Netuno. Pode-se mesmo admitir que moléculas pré-bidticas tenham podi- primitivas de vida ja nos préprios cometas. Viberar calor no Interior dos do evoluir para formi Reagdes entre moléculas organicas pode nicleos cometérios fundindo a matéria sob a crost. possivel gracas a reacdes entre a jo de matéria liquefeita providencial- posterlor libe: térla organica ea de calor formada. Um tal bo adas mais exterlores constitulria inte isolado termicamente pelas Privilegiado para o caldo primitive. Neste esquena de origem extra-terrestr: to poderia ter delxado vestIglos em um loca da vida, seu surgimen Indfetos 36 de bactérias e algas fossilizadas em rochas sedimentares datando cer- ca de 3 bilhGes de anos. Esses espécimes no seriam os mals antigos, dada a lculdade de preservacio desses fésseis. A imigracdo da vida 3 Terra ter-se-ia dado hd 4 bithdes de anos, época em que se regis- tram os Gltimos eventos catastréficos de impacto na superficie lunar. Vaporizando-se pela agdo do Sol e do impacto, os cometesimals Eriaram uma atmosfera rica em gis carbénico. Gragas a0 conhecido efei to de estufa do gas carbénico, a Terra ter-se-ia transformado num pla neta com calor, permitindo a fusio dos gelos, a vaporizagio da aqua, © processos convectivos envolvidos nas chuvas e a formagio dos ocea~ nos. € pre: lo fato de que se dissolve na ma de carkonatos. Como a solubilidade do gis carbénico decresce com Fvel que 0 conteddo de gas carbénico fosse diminuido, pe qua e depois se fixa nas rochas na for a temperatura, have: to o resfriamento da Terra. Isto é coerente com o fato de que fdsseis uma conspiragso de fatores para tornar bem len de formas de vida compativeis com temperaturas mais elevadas sao mais antigos do que os de formas compativeis com temperaturas menores. Ha ainda amostras de rochas datando cerca de 4 bilhdes de anos que esti- veram em contato direto com a agua no estado Ifquido, o que nao seria possivel se nao fosse um forte efeito de estufa lutando contra a bai- jade solar daquela época (75% da atual). Estas consideragdes permitem Iévar esta discussio um pouco mais xa lumino adiante, tocando em pontos como o da existéncia de vida Inteligente em outros lugares do Cosmo. © tempo de evolusio da rios bilhdes de anos. Como o perfodo que medeia entre a entrada da es @ inteligente na Terra demandou vs- trela na Sequéncia Principal e 3 sua mudanga para Gigante ou Supergi- gante € mais curto para estrelas de maior massa, este fato Impse um Ii mite superior para a massa de estrelas capazes de ter planeta portan- do vida como a conhecemos. Na verdade uma estrela maior tem maior quantidade de combustivel, mas a taxa de quelma cresce com o cubo da Sua massa. Assim a estrela deverd ter massa inferior a 1,5 da massa solar. Has ela nao deve ter menos que aproximadamente 0,7 da massa so lar, pois, quanto menor a estrela, menor a sua luminosidade, sendo pre ciso que © planeta fique cada vez mals préximo da estrela central. Es tima-se que abaixo de 0,7 massas solares, o planeta estaria tao proxi mo da estrela, a ponto de os efeitos de maré se tornarem importantes. E sabido que o atrito resultante faria com que a rotacgio do planeta fosse rapidamente diminufda. Ora, a rotagio répida minimize as flutua sSes de temperatura entre a noite © o dia. Com rotagao lenta os extre mos de temperatura tornar-se-iam Inaceitaveis. também excluidas as estrelas bindrias ou méltiplas, nas quais os movimentos relativos perturbariam a drbita planetaria a pon- Ficar 37 to de a alterarem sensivelmente em tempos mais curtos que o da emer- géncia da vida. Estimativamente ficariamos assim reduzidos a cerca de 20% das estrelas da Galaxia. €& necessdrio ainda que o planeta se en- contre numa distancia apropriada em relagdo a estrela e que possua ms sa apropriada para reter sua atmosfera. Com isso a porcentagem acima deve cair para 1%. Havendo 200 bilhdes de estrelas na Via Lactea, res tariam 2 bilhdes de candidatas provavels para portaren planetas com vida. 0 ndmero provavel de civilizagées tecnolégicas na Galaxia pode ser obtido multiplicando-se o ndmero de candidatas acima pela razao: (duragao de uma civilizagéo tecnolégica)/(duragio da estrela na Se- quéncia Principal). Se, por exemplo, a civilizagao tecnolégica dura tipicamente uns 300.000 anos, a civilizagdo extra-terrestre mais pré- xima estaria a cerca de 200 anos-luz, com um total de 60.000 tecnolo- gias na Galaxia. A relagdo predador-presa tem sido invocada para se argumentar que a civilizagao na Terra é dnica, pois a Terra nao foi colonizada por seres extra-terrestres apesar de ser colonizavel. Este argumento 56 se fundamenta se se ignora os fatores psicolégicos de um possivel ser Inteligente extra-terrestre; hd muitas razdes para que tal ser nao nos encare como presa. Mais; a colonizagio da Galaxia nao é tecnolo- gicamente factivel, pois mesmo em condigées altamente idealisticas de mandaria varias centenas de milhdes de anos. Do ponto de vista biold gico o alcance da presa passado o tempo de vida do préprio predador & completamente nulo. Para nés seria indtil tentar alcangar uma presa a 200 anos-luz. Numa missdo colonizadora as possibilidades de colonizagao 36 podem ser constatadas quando o veiculo espacial estiver préximo do ob Jeto © isso requer manobras com alta aceleragdo. Nelas & indtil ten- tar economizar combustivel aumentando-se a velocidade de ejeg @ concomitante alta geracao de energia nao é bem aproveitada pelos mo + pois, sores. Fatalmente essas operagdes requerem o uso de baixas velocida- des de ejegao e baixa eficiéncia no aproveitamento do combustivel. A repetigao de indmeras manobras desse tipo, entre sucessos e insucessos na escolha de estrelas candidatas, torna tal empresa tecnologicamente Invidvel. Isto leva fatalmente & discussao de comunicagao extra-terres tre. Un ridio-telelescépio como o do Instituto Hax Planck em Bonn, Alemanha, potencialmente poderia emitir sinais captaveis até a 5.000 anos luz. Suponhamos que os primeiros 7 digitos do nimero “pi codi- Inteligfvel. Sua trans missdo requer cerca de 20 segundos. Uma rede, por exemplo, de 90 te- lescplos iguais a0 de Arecibo, Porto Rico, distribufdos ao longo de linha de longitude na Terra, poderta dar cobertura, de pélo a pé- ficados na forma bindria, constituam a mensag: 38 Jo, a uma faixa de 2° de largura. A cada rotacdo da Terra essa faixa varreria o céu todo © em cada dia a chance de captar a mensagem de um transmissor continuamente ligado em diregdo & Terra serta de 2/360. A Mensagem seria captada 3 razio de umas 20 vezes por dt do-se em conta os problemas de procura de frequéncta de transmissao (ma base de 20 tentativas por dia) e considerando-se um regime mais realista de transmissio Intermitente para a Terra, a escala de tempo Hesmo levan requerida pata o estabelecimento de comunicagao seria multo Inferior & demandada para colonizar a Galaxia Pode o envolvimento do Homem na comunicagao césmica com even- tuals super-intelectos nos representar a aneaca de uma relacao preda dor-presa ao nivel intelectual? Els um bom ponto de partida para di- bito de uma boa fiesao © para testarmos nossa prépri vagarmos no dIsposigao para aceiter o papel de presa 39

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