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y Estratégia Aula 00 TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciario - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Edital) Aut Ricardo Torques 04 de Janeiro de 2023 Sumario Conceito Fontes 1 - Conceito 1 2 - Classificagdo .. ol. 2.1 - Fontes materials versus fontes formats scene 1 2.2 - Fontes primérias versus fontes secundérias a8 2.3 - Fontes diretas versus fontes indiretas... 13 3 - Competéncia Legislativa em Matéria Eleitoral....c.n0 ot i : cassie 4 - Resolusdes do TSE.... 14 5 - Medida Proviséria Eleitoral . essen . a7 6 = Consultas 17 7 - Conceitos juridicos indeterminados no Direito Eleitoral 19 Principios de Direito Eleitoral ..scseessese siserciainoninsnsnnitnasianeninereneicienasnitactn2O. 1 - Introdugéo_ 20 2- Principio da lisura das eleigdes 23 soneneueunanniennnsananeneneinasanennine 2A 3 - Principio da celeridade eleitoral...... 4-- Principio da anualidade eleitoral . iOS) 4.1 - Ultratividade da lei eleitoral 26 4.2 - Vigéncia versus eficécia.. 26 43 - Prazo de um ano 27 4.4 - Cléusula pétrea.. 228 4.5 - Conceito de processo eleitoral 28 _— ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-E i www.estrategiaconcursos.com.br a9 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 4.6 - Principio da anualidade e « verticalizagiio dos coligegSes.nmnnninnnnnnnnnnnnnnie 47 - Lei do Ficha Limpa e 0 principio da anvalidade.. 8 - Jurisprudéncia eleitoral e o principio da anvalidade 5 = Principio proporcional e majoritério... 6 - Principio da moralidade eleitoral 7 = Principio da soberania populor 8 - Principios republicano e democrético... 8.1 - Forma de Governo... 8.2 - Forma de Estado...... 8.3 - Sistema de Governo... 8.4 - Regime de Governo Questées Comentadas ......-. i saiaseanimrcsmamane FCC Gabarito, pe TSE - Concurso Unificado (Analista Judicirio - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Edi 2 www.estrategiaconcursos.com.br a9 Ricardo Torques ‘Aula 00 APRESENTACAO DO CURSO DIREITO ELEITORAL PARA O TSE - CONCURSO UNIFICADO Iniciamos nosso Curso Regular de Direito Eleitoral em teoria e questées, voltado para provas objetivas e discursivas de concurso publico. Este Curso de Direito Eleitoral é voltado para o cargo de Analista Judicidrio - Area Administrativa para 0 concurso TSE - Concurso Unificado. Alista de questes adotadas no material contard com questdes elaboradas pela FCC e, de forma excepcional, pela VUNESP com intuito de ampliar a quantidade de questdes para treinar seus conhecimentos. Devido a procura e perspectiva de novos concursos que cobrem Direito Eleitoral, ele poderd ser usado para estudar tanto para concursos de Tribunais Eleitorais (TREs), como para concursos de Procuradorias, Defensorias, Magistratura e Ministério Publico. Trata-se de reformulacao de um curso que temos trabalhado desde 2014, quando redigimos esse material pela primeira vez. Desde ento, acompanhamos a maioria das provas de Direito Eleitoral, percebendo a tendéncia de bancas, os assuntos mais cobrados, os novos conceitos doutrinérios relevantes e a Jurisprudéncia. Além disso, é premissa desse novo curso dar atengio especial as sucessivas alteragdes legislativas, imente pela Emenda Constitucional 111/2021, 2 14.192/2021, Lei n® 14.208/2021, Lei n® 14.211/2021 e Lei Complementar 184/2021 e jurisprudenciais do STF e do TSE. Estamos atentos também, dentro dessa nova proposta metodolégica, as disparidades existentes entre a legislac3o que, embora vigente, ¢ inaplicdvel ou esté tacitamente revogada. Ademais, nos aspectos processuais, o material esta totalmente de acordo com a Lei n? 13.105/2015, 0 Novo CPC. Por fim, submetemos nosso material a uma revisdo completa de contetido e questdes. Esse material est saindo do forno, diretamente para vocé. Espero que goste! Os assuntos serdo tratados para atender tanto aquele que estd iniciando os estudos na area eleitoral como aquele que estd estudando ha mais tempo. Os conceitos sero expostos de forma didatica, com explicacdo dos institutos juridicos e resumos da jurisprudéncia, quando importante para a prova. Trata-se do curso mais completo de Direito Eleitoral que dispomos, espinha dorsal dos nossos cursos especificos, preparados e adaptados para cada edital. Confira, a seguir, com mais detalhes, a nossa metodologia. Metodologia do Curso FB 1 -concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Ei 3 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 As aulas levar3o em consideracao as seguintes “fontes”, ou seja, os matizes a partir dos quais os nossos materiais so estruturados: FONTES Doutrina, quando Assuntos Jurisprudéncia essencial e relevantes no relevante do STF e ||| "aconstitucional majoritaria cenério juridico do TSE. e TSE pertinentes Para tornar 0 nosso estudo mais completo, é muito importante resolver questées anteriores para nos situarmos diante das possibilidades de cobranga. Traremos questdes de todos os niveis, inclusive questées cobradas em concursos juridicos de nivel superior de Direito Eleitoral. Vamos explorar todas as bancas e todo 0 portfélio de questdes de que dispomos. Algumas aulas terao mais de 100 questées! Vistos alguns aspectos gerais da matéria, tecamos algumas consideracées acerca da metodologia de estudo. As aulas em .pdf tém por caracteristica essencial a didética. Ao contrario do que encontraremos na doutrina especializada de Direito Eleitoral (a exemplo de José Jairo Gomes, para citarmos o principal expoente neste ramo), 0 curso todo se desenvolverd com uma leitura de facil compreensao e assimilacao. Isso, contudo, nao significa superficialidade. Sempre que necessario e importante, os assuntos seréo aprofundados. A didatica, entretanto, serd fundamental para que, diante do contingente de disciplinas, do trabalho, dos problemas e questées pessoais de cada aluno, possamos extrair 0 maximo de informagées para ahora da prova. Para tanto, o material sera permeado de esquemas, gréficos informativos, resumos, figuras, tudo com a pretensdo de “chamar a atenc3o” para as informacées que realmente importam. Com essa estrutura e proposta pretendemos conferir seguranca e tranquilidade para uma preparacao completa, sem necessidade de recurso a outros materiais didaticos. Finalmente, destaco que um dos instrumentos mais relevantes para o estudo em .pdf é 0 contato direto e pessoal com o Professor. Além do nosso forum de duvidas, estamos disponiveis por e-mail e, eventualmente, pelo Instagram. Aluno nosso nao vai para a prova com divida! Por vezes, ao ler o material surgem incompreensées, diividas, curiosidades, nesses casos basta acessar o computador e nos escrever. ‘Assim que possivel, responderemos a todas as diividas. € notdvel a evoluco dos alunos que levam a sério essa metodologia, Teremos videoaulas! Essas aulas destinam-se a complementar a preparac3o quando estiver cansado do estudo ativo (leitura e resolugao de questdes) ou até mesmo para fazer a revisio. Vocé dispord de um conjunto de videos para assistir como quiser, podendo assistir on-line ou baixar os arquivos. Com outra didética, voc disporé de um contetido complementar para a sua preparacao. Ao contrério do PDF, evidentemente, AS VIDEOAULAS NAO ATENDEM A TODOS OS PONTOS QUE VAMOS ANALISAR NOS PDFS, CG te cenmennannam-dasene fag nmestrateiaconcursos.com.br va) Direito Eleitoral -2023 (Pré-Eaitshy ~~ 4 NOSSOS MANUAIS ELETRONICOS. Por vezes, haverd aulas com varios videos; outras que terdo videoaulas apenas em parte do contetido; e outras, ainda, que nao conterao videos. Nosso foco é, sempre, o estudo ativo! Nao obstante, ser o material mais completo em PDF e video do mercado. Assim, cada aula serd estruturada do seguinte modo: Teoria de forma eR Referéncia e andlise Sdmulas e metopotocia |») —pensamento | —>| a leeislacao jurisprudén doutrinario “| Rertinenite ac pertinentes relevante e assunto. comentada. dominante. v y “image Pea complementares . aceornan principe tépicos |—>| scrredeterninados | >| _ APROVAGAO! provas comentadas. da matéria. bre determinado ‘Apresentaco Pessoal Por fim, resta uma breve apresentacio pessoal. Meu nome é Ricardo Strapasson Torques! Sou graduado em Direito pela Universidade Federal do Parana (UFPR) e pds-graduado em Direito Processual. Estou envolvido com concurso pliblico hd 10 anos, aproximadamente, quando ainda estava na faculdade. Trabalhei no Ministério da Fazenda, no cargo de ATA. Fui aprovado para 0 cargo Fiscal de Tributos na Prefeitura de Sdo José dos Pinhais/PR e para os cargos de Técnico Administrativo e Analista Judiciaris TRT 42, 12 e 9° Regides. Hoje, sou professor em dedicacao exclusiva, por paixdo! Quanto & atividade de professor, leciono exclusivamente para concursos, com foco na elaboracdo de em pdf. Temos, atualmente, cursos em Direitos Humanos, Direito Eleitoral e Direito Processual Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer diividas ou sugestées. Terei o prazer em orientd-los da melhor forma possivel nesta caminhada que estamos iniciando. E-mail rstestrategia@gmoil.com Instagram: @eleitoralparaconcurso ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-E 5 www.estrategiaconcursos.com.br a9 <2 _—— Ricardo Torques ‘Aula 00 CRONOGRAMA DE A\ Segue a distribuigdo dos assuntos por aulas, conforme cronograma: AULA eon) rar Aula00 | Conceito e fontes aa ‘Aulao1 _ | Codigo Eleitoral (Lei n® 4.737/1965 e alteragdes posteriores): Introduc30; Dos Orgéos da Justica Eleitoral ( Introdugo), ‘Cédigo Eleitoral (Lei n® 4.737/1965 e alteracGes posteriores) Introduc30; Dos Orgéos da Justica Eleitoral - (Justica Eleitoral | 18/01 = parte |) ‘Cédigo Eleitoral (Lei n® 4.737/1965 e alteracdes posteriores): 11/01 Aula 02 Aula 03 | introduco; Dos Orgdos da Justica Eleitoral (Justica Eleitoral~| 25/01 parte Il) Aula04 | alistamento Eleitoral - Parte | 01/02 Aula05 | Alistamento Eleitoral - Parte Il 08/02 Lei de Inelegibilidade (Let Complementar n® 64/1990 e alteracdes posteriores da Lei da Ficha Limpa - Lei| 15/02 Complementar n? 135/2010). ‘Aulao7 | Lei dos Partidos Politicos (Lei n2 9.096/1995 e alteracdes Aula 06 22/02 posteriores) Aula 08 Lei das Eleicdes (Lei n? 9.504/1997 e alteracdes posteriores) ( 01/03 Parte) Aula 09 Lei das Eleicdes (Lei n? 9.504/1997 e alteracdes posteriores 08/03 (Parte Il) Aula 10 Lei das Eleicdes (Lei n? 9.504/1997 e alteracdes posteriores 15/03 (Parte IN!) Aula11 — | pas Eleigées (Parte |) 22/03 ‘Aulaa2 | Das EleigBes (Parte 1) Disposicées Varias: Das Garantias |" >. (9, Eleitorais Aula 13 | Dos recursos; 05/04 Aula14 | Disposicdes Penais (Processo-Crime Eleitoral) 12/04 Aula15 | Disposicdes Penais (Crimes Eleitorais) 19/04 Fornecimento Gratuito de Transporte, em Dias de Eleicao, a Aula 16 Eleitores Residentes nas Zonas Rurais (Lei n° 6.091/1974 e 26/04 alteragées posteriores) _ TSE - Concurso Unificado (Analista Judicirio - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Edi 6 www.estrategiaconcursos.com.br 49 | Aula 17 ‘Stimulas do TSE. 03/05 Essa é a distribuiggo dos assuntos ao longo do curso. Eventuais ajustes podero ocorrer, especialmente por questdes diddticas. De todo modo, sempre que houver alteragdes no cronograma acima, vocés serdo previamente informados. _— TSE - Concurso Unificado (Analista Judicirio - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Edi 7 www.estrategiaconcursos.com.br a9 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 INTRODUGAO AO ESTUDO DO DIREITO ELEITORAL CONSIDERAGOES INICIAIS Na aula de hoje iremos tratar dos assuntos iniciais de Direito Eleitoral. Em termos de estrutura, a aula sera composta dos seguintes capitulos: Conceito de Fontes de Principios de Direito Direito Direito Eleitoral Eleitoral, Eleitoral S80 assuntos, muitas vezes, no referidos expressamente em edital, contudo, formam a base de compreenso da matéria. Além disso, alguns tépicos, como fontes do Direito Eleitoral e alguns dos principios que estudaremos (principio da anualidade), por exemplo, sdo fundamentais para a prova. Boa a aula a todos! Antes de iniciar, gostaria de deixar um convite a vocés: ACOMPANHEM NOSSO TRABALHO PELO INSTAGRAM. Lé teremos diversas informages titeis, provas comentadas, artigos, tudo sobre provas de concursos eleitorais. Aproveitem! @eleitoralparaconcurso Boa aula! CONCEITO 0 Direito Eleitoral é a disciplina que trata, prioritariamente, de tudo o que envolve eleigées. Busca concretizar a soberania popular (art. 14 caput da CF) j4 que o sufrgio é uma forma dos cidadaos participarem da vida publica. Desse modo, delimita quem poderd votar (alistamento eleitoral) e quando determinada pessoa pode se candidatar a algum cargo politico eletivo (inelegibilidades, registro de candidaturas...) Estuda, também, todo o processo de escolha dos nossos representantes, desde 0 momento em que é escolhido pelo partido politico como candidato até 0 momento em que temos a declaracdo, pela Justica Eleitoral, do vencedor das eleigdes. Em suma, o Direito Eleitoral regula a maneira pela qual a soberania popular é exercida*. + TENORIO, Rodrigo, Direito Eleitoral, So Paulo: Editora Método, 2014, p. 29. TSE - Concurso Unificado (Analista Judicirio - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Edi 8 www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 Didaticamente, podemos afirmar que esse ramo do direito possui algumas matérias que so préprias. Séo varias as peculiaridades do Direito Eleitoral quando comparado com outras disciplinas juridicas. Vocé perceberd isso 4 medida que evoluir no estudo. — Portanto, desde logo, devemos assimilar que o Direito Eleitoral é um ramo do Direito que ERB 1282 de diversas assuntos relacionados as eleigdes. Vejamos, entdo, trés conceitos trazidos pelos doutrinadores. Notem que em todos eles existem varios temas que so préprios da disciplina. Segundo Francisco Dirceu Barros” 0 Direito Eleitoral é ramo do Direito Publico que trata dos institutos relacionados com os direitos politicos e das eleigdes, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares dos mandatos eletivos e das instituicdes do Estado. Para Marcos Ramayana®: Ramo do Direito Publico que disciplina o alistamento eleitoral, o registro de candidatos, a propaganda politica eleitoral, a votacio, apurago e diplomacao, além de organizar os sistemas eleitorais, os direitos politicos ativos e passivos, a organizacao judicidria eleitoral, dos partidos politicos e do Ministério PUblico dispondo de um sistema repressivo penal especial. Por fim, de acordo com José Jairo Gomes*: # Direito Eleitoral é o ramo do Direito Publico cujo objeto sao os institutos, as normas e€ os procedimentos regularizadores dos direitos politicos. Normatiza o exercicio do sufrégio a r Os conceitos acima sao interessantes a medida que exemplificam varios assuntos abrangidos pelo Direito Eleitoral e que serao estudados em nossas aulas. Dos conceitos acima podemos identificar alguns pontos em comum. Nés denominaremos esses pontos de elementos caracterizadores do conceito de Direito Eleitoral. KO Direito Eleitoral é um ramo do E comum a distincao entre ramos do Direito Publico e ramos do Direito Privado. O Direito Privado envolve as relagdes entre pessoas fisicas e juridicas no ambito particular (obrigacées, indenizacdes, contratos). As normas de Direito Publico tratam de interesses, diretos e indiretos, do Estado. Em razdo disso, possuem uma 2 BARROS, Francisco Dirceu. Direito Eleitoral. 10! edic&o. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2011, p. 01. 3 RAMAYANA, Marcas. Direito El ral. 102 edigo, rev., ampl. e atual., Niteréi: Editora Impetus, 2010, p. 14. * GOMES, José Jairo. Di ito Eleitoral, 10? edicdo, rev. ampl. e atual., Sdo Paulo: Editora Atlas $/A, 2014, p. 20. GB 1e -concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Ealit 9 bw www.estrategiaconcursos.com.br Ricardo Torques ‘Aula 00 formulago especifica ao retratar temas de caréter politico ligados 4 soberania, assuntos afetos a administracao dos negécios publicos, defesa da sociedade, entre outros temas de interesse da coletividade. 0 Direito Eleitoral disciplina como serdo as eleigdes, quem poderd votar, quem poderd se candidatar a determinado cargo politico. A lisura do processo eleitoral ¢ de interesse de toda coletividade, portanto de interesse publico. % 0 Direito Elei ral possul institutos e normati dade prépr Isso denota que a disciplina possui autonomia cientifica e didatica, razdo pela qual é tratada como matéria auténoma em relagao as demais disciplinas juridicas. ‘Ademais, a disciplina possui diversas normas especificas, tais como o Cédigo Eleitoral, a Lei das Eleicées, a Lei dos Partidos Politicos, a Lei de Inelegibilidade, as quais disciplinam regras e principios préprios da area eleitoral. Embora possua alguns institutos préprios, 0 Direito Eleitoral nao é independente das demais disciplinas Juridicas. Vale dizer, & auténomo apenas e, em razdo disso, ha intersegdes desse ramo com o Direito Constitucional e com 0 Direito Administrativo. % 0 Direito Eleit itos politicos e as eleicbes de modo geral. Esses dois temas sdo o cerne do Direito Eleitoral. Todos os demais institutos juridicos eleitorais decorrem dos direitos politicos e das eleicées propriamente. Nesse contexto, a disciplina de Direito Eleitoral compete tratar do alistamento eleitoral, do registro de candidatos, da propaganda politica eleitoral, da votacdo, apuracdo e diplomacdo, da organizacao dos sistemas eleitorais, dos direitos politicos ativos e passivos, da organizaco judicidria eleitoral, dos partidos politicos e dos crimes eleitorais. Portanto, quanto ao conceito de caracterizadores... {0 Eleitoral devemos memorizar os seguintes elementos DIREITO ELEITORAL - ELEMENTOS CARACTERIZADORES {disciplina direitos| e normatividade politicos e préprios eleigées € ramo do Direito| Publico Antes de encerrarmos essas primeiras nogées é importante saber que 0 Direito Eleitoral atua no sentido de conferir legitimidade ao processo eleitoral. Assim, a escolha de representantes, com observancia dos ditames legais, conduz a regularidade do proceso de escolha. Essas normas so criadas para a protecio de bens juridicos relevantes, a exemplo da democracia, da representatividade da pessoa escolhida para 0 cargo @B_ 1 -concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Eeits}y~ 10 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 eletivo, da normalidade do pleito, da igualdade de tratamento entre aqueles que concorrem a cargos politicos eletivos. S40 todos bens juridicos essenciais para a vida em sociedade. Finalizamos, assim, 0 conceito de Direito Eleitoral! Ha um quantitativo interessante de questdes acerca do assunto. Ademais, nessa fase inicial do estudo, o conhecimento das fontes de Direito Eleitoral é importante para que possamos nos ambientar com a matéria. 1- Conceito A expressao “fontes” refere-se aos modos de elaboracao e de revelacao da norma juridica. A palavra fonte remete a ideia de origem, de nascedouro, de surgimento. £ justamente esse o conceito de fonte para 0 direito: Fonte é aquilo que dé origem ao direito ou, mais especificamente, as normas juridicas. Quando pensamos em fontes do direito eleitoral, a primeira coisa que surge & mente é a Constituico Federal, a Lei n? 4.737/65 (Cédigo Eleitoral), a LC n? 64/90 (Lei de Inelegibilidades) etc. De fato, 0 conjunto de regras que compdem 0 Direito Eleitoral constitui fonte do Direito Eleitoral. Contudo, essas fontes normativas, como veremos, so apenas uma das espécies de fontes do Direito Eleitoral. 2 - Classificagao Em Direito, a classificagao de institutos tem por finalidade auxiliar 0 estudo de determinada matéria. As fontes podem assumir diversas classificacbes. Para fins de Direito Eleitoral, interessam trés delas: 2.1- Fontes materiais versus fontes formais Essa primeira distin¢3o é bastante simples, todavia, a correta compreensao e abstragio. e algum esforco de {As fontes materiais representam o conjunto de fatores que levam ao surgimento da norma juridica. So 0 fundamento para a edi¢do das fontes formais. Os movimentos sociais e politicos, pela aprovacio de leis eleitorais, sio exemplos de fontes materiais. A doutrina, segundo alguns, constitui fonte material, pois inspira 0s legisladores a adotarem, em forma de regra, os pensamentos dos juristas e influencia os tribunais no momento de edi¢ao de suas resolugdes. ‘As fontes formais, por sua vez, constituem o produto da fonte material. As fontes formais so, portanto, as normas juridicas. Todas as normas produzidas em nosso ordenamento sao influenciadas por fontes materials @, apis discussao e votagao pelos érgaos legislativos, tornam-se fontes formais. _— TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciéio - Area Administrativa) Direito Eleitoral -2023 (Pré-E 1 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 Entre os principais exemplos de fontes formais destacam-se: ‘© Constituigdo federal que trata de temas como: capacidade eleitoral ativa e passiva, plebiscito, referendo, partidos politicos entre outros. ‘© Leis eleitorais como a Lei n® 4.767/65 (Cédigo Eleitoral), a Lei n° 9.504/97 (Lei das Elei¢des), a 9.096/95 (Lei dos Partidos Politicos). * Leis eleitorais subsididrias, nao so leis eleitorais, mas tm aplicaco subsididria no direito eleitoral com exemplo temos o Cédigo Civil tratando de domicilio, doacées ou ainda a parte geral do Cédigo Penal bastante aplicada nos crimes eleitorais. * Resolugdes/instrucdes da Justica Eleitoral, aqui devemos ficar atentos pois a edicdo de resolugdes sofreu impacto com as recentes alteragées legislativas do ano de 2021. ‘* Estatuto dos partidos politicos, que tem fundamento no §1° do Art.17 da CF, e tratard de assuntos como infidelidade partidaria e coligacdes. ‘* Princ{pios juridicos (sero estudados ainda nesta aula). ‘Ao contrério das fontes formais, as fontes materiais no possuem caréter vinculativo e funcionam como substrato tedrico para a edicao posterior de fontes formais pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciario. eleitoral no exercicio da fun¢3o normativa. J4 as fontes formais so normas juridicas, de cardter abstrato, gerais e que delimitam a vida das pessoas. Logo, é possivel sofrer consequéncias juridicas por violar uma norma formal. Jé a violagao a uma norma material significa meramente um pensamento dissonante. 2.2 - Fontes primarias versus fontes secundarias Tradicionalmente, a doutrina distingue fontes primarias de fontes secundarias de Direito Eleitoral. ‘As fontes primérias s8o aquelas decorrentes do Poder Constituinte (origindrio ou derivado) ou do exercicio da fungio tipica do Poder Legislativo (Poder Constituido). Esses conceitos so aprofundados no Direito Constitucional. Devemos lembrar que cada um dos poderes reserva fungées tipicas: a0 Executivo, administrar; a0 Judiciério, julgar; e 20 Legislativo, legislar e fiscalizar. Assim, compete ao Poder Legislativo editar as leis eleitorais, fontes primérias eleitorai A principal fonte priméria € a Constituicdo Federal, fruto do Poder Constituinte Origindrio e, por isso, manifestagio direta da soberania popular. Dela emanam todas as demais normas primérias do nosso ordenamento juridico, em razdo da supremacia e da superioridade hierarquica da Constituiggo Federal. Em razio da superioridade hierérquica conferida a Constituigo, o seu Texto prevé a competéncia para que 0 Poder Legislativo discipline normas de Direito Eleitoral, por isso falamos que o Poder Legislativo é um Poder Constituido. Trata-se de poder constituido pela Constituicao para legislar normas, entre elas, as de Direito Eleitoral. ‘As fontes secundarias, por sua vez, sdo aquelas que se prestam a interpretar e a regulamentar a norma priméria infraconstitucionais. Desse modo, o fundamento de validade das normas secundarias é retirado do préprio texto infraconstitucional e nao da Constituicao. Assim, ao se questionar determinada norma de carater secundario, devemos verificar se ela est, ou nao, de acordo com a legislaco. Se estiver dissonante, seré considerada ilegal. @B_ 1 -concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Eeits}y~ 12 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 A fim de compreender melhor 0 assunto, vejamos: Fontes ) ll Fundamento de validade Primarias Como as fontes primarias retiram fundamento de validade da Constitui¢ao, sujeitam-se ao controle de constitucionalidade. J4 as normas secundérias, por retirarem fundamento de validade das fontes primarias, sujeitam-se ao controle de legalidade. As fontes primarias criam regras; as secundarias, regulamentam. A titulo ilustrativo, cita-se, como exemplo de fonte primaria, a Lei n? 4.737/65 (Cédigo Eleitoral) ou a LC n2 64/90 (Lei das Inelegibilidades). J4 entre as fontes secundérias esto as Resolucdes do TSE e do TRE. Sigamos! 2.3 - Fontes diretas versus fontes indiretas Outra classificago comum na area eleitoral é a distingdo entre fontes diretas e indiretas. Das classificacdes, essa é a mais tranquila! As fontes diretas sdo assim denominadas porque disciplinam direta e especificamente assuntos de natureza eleitoral. Destacam-se a Lei n? 4.373/65 (Cédigo Eleitoral), a Lei n® 9.096/95 (Lei dos Partidos Politicos), a LC 1n® 64/90 (Lei de Inelegibilidade), a Lei n® 9.504/97 (Lei das Eleigdes) e as Resolugées do TSE. Paralelamente, existem as fontes indiretas, ou seja, normas que so aplicadas ao Direito Eleitoral apenas de forma subsi ou supletiva. Destacam-se 0 Cédigo Penal e o Civil, bem como 0 Cédigo de Processo Penal e o de Processo Civil. Por exemplo, tanto 0 CPC quanto o CPP estabelecem um rol de situagées nas quais os magistrados servidores da Justica séo impedidos, ou suspeitos, de atuar. Essas hipdteses serao aplicadas subsidiariamente a0 Direito Eleitoral, ou seja, s80 normas indiretamente aplicadas. Nao sdo normas de Direito Eleitoral, mas que indiretamente se aplicam ao nosso ramo. Com isso, encerramos a classificago, de acordo com a doutrina. Na sequéncia, vamos analisar alguns assuntos especificos que envolvem a aplicacao das fontes: 3 - Competéncia Legislativa em Matéria Eleitoral Se analisarmos 0 art. 21 e seguintes da CF ~ que determinam as regras de competéncia ~ veremos que compete & Unido legislar privativamente sobre Direito Eleitoral. Logo, todas as normas eleitorais, @B_ 1 -concurso Unificado (Analista Judicidrio - Area Adminis bw www.estrategiaconcursos.com.br va) Direito Eleitoral -2023 (Pré-Eaitgy 13 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 decorrentes do exercicio da funcdo legislativa, so primérias. Essas normas retiram o fundamento de validade direto do Texto Constitucional e esto sujeitas ao controle de constitucionalidade. Em relagdo a essa regra de competéncia, o STF jé entendeu que a lei estadual ndo pode dispor sobre matéria eleitoral, sob pena de violar o art. 22 | da CF. Aqui precisamos aprofundar um pouco a materia. € relevante tratar do art. 22, pardgrafo unico, da CF, que prevé a possibilidade de a Unido editar uma lei complementar autorizando os Estados a legislarem sobre questées especificas arroladas nos incisos do art. 22. Considerando que legislar sobre Direito Eleitoral esta entre os incisos do art. 22, podemos concluir que seria possivel delegar aos estados-membros a competéncia legislativa em materia eleitoral? Essa é uma questo bastante complexa. Respondendo a pergunta, em tese, nao! Ha controvérsia quanto a referida possibilidade em nossa disciplina, uma vez que o processo eleitoral e as regras aplicdveis as eleicdes so as mesmas para todo o territério nacional. Nao se delega competéncia para que 0s estados-membros possam legislar, de maneira especifica, sobre a matéria. Em decorréncia disso, ndo temos lei complementar federal que autorize lei eleitoral especifica pelos estados-membros. Logo, NAO E POSSIVEL QUE A UNIAO DELEGUE COMPETENCIA ELEITORAL, SOBRE TEMAS ESPECIFICOS, AOS ESTADOS MEMBROS. Dito de outro modo, leis estaduais ndo podem ser fontes do Direito Eleitoral, no obstante a redaco do art. 22, pardgrafo unico, da CF. 4 - Resolugdes do TSE ‘As Resolugdes do TSE sdo normas de cardter infralegal e regulamentar, por meio das quais o TSE dé cumprimento a legislaco infraconstitucional. Por serem normas juridicas, so consideradas fontes formais, de cardter secundario e diretas. As resolucdes do TSE guardam uma peculiaridade dentro do ordenamento juridico brasileiro j4 que, como regra, os tribunais nao detém capacidade legislativa A atribuigdo normativa para edicao de Resolugdes é conferida ao TSE pelos arts. 1° pardgrafo Unico e 23, IX, do Cédigo Eleitoral. Da leitura do art. 105, da Lei n® 9.504/1997 podemos concluir que as Resolugdes do TSE sio normas que estabelecem regras, gerais e abstratas, editadas para a execucdo da legisla¢ao eleitoral. Notem que o fundamento de validade de tais normas esta na legislagdo eleitoral. Recentemente a Lei 14.211/2021 inseriu 0 art. 23-A no Cédigo Eleitoral vedando expressamente o exercicio do Poder Regulamentar do TSE quando o assunto for organizacao dos partidos politicos e restringindo a atua¢do normativa do Tribunal Superior as matérias especificamente autorizadas em lei. Vamos verificar 0 que diz 0 novo dispositive: ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Editsly~ 14 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 Art. 23-A, A competéncia normativa regulamentar prevista no pardgrafo Unico do art. 19 e no inciso IX do caput do art. 23 deste Cédigo restringe-se a matérias especificamente autorizadas em lei, sendo vedado ao Tribunal Superior Eleitoral tratar de matéria relativa 4 organizacao dos partidos politicos. STF reconheceu a constitucionalidade das Resolugdes do TSE que sistematizam o processo eleitoral. 0 objetivo principal das Resolugdes é regulamentar as eleigdes. Em anos eleitorais, o TSE edita diversas Resolucdes que disciplinam procedimentos nao previstos na legislagao eleitoral. Essas regulamentacdes aplicam-se a todos aqueles que concorrerem as eleicdes, de modo geral e abstrato e com cardter vinculante. Precisamos aprofundar um pouco mais! Ha diversos autores que afirmam que as Resolugdes do TSE possuem carter normativo primério, normatizando hipdteses nao reguladas pela norma eleitoral. Tal entendimento predominou na doutrina, uma vez que, antes da Lei n® 12.037/2009, a redacao do art. 105 era mais simples e no continha menco expressa ao carter regulamentar e 8 impossibilidade de criar ou restringir direitos. Desse modo, entendia-se que as resolugées do TSE tinham cardter legal. Esse entendimento foi, inclusive, adotado pelo STF. Assim, duas posigdes bem claras destacam-se: 12 posigao: as Resolugdes do TSE sdo fontes primérias, as quais inovam a ordem juridica, A primeira posi¢go fol adotada pelo STF no julgamento da ADI n2 3.999 e ADI n® 4.086, aces em que 0 Plenario confirmou a constitucionalidade da Resolucdo n® 22.610/2007, que disciplinou o processo de perda de mandato eletivo por infidelidade partidéria. Em sintese, discutiu-se que a referida Resolugo disciplinou, de maneira inovadora, o processo de perda de cargo eletivo, matéria que somente poderia ser disciplinada por norma editada pelo Poder Legislativo. OTF entendeu que, de fato, a matéria “fidelidade partidaria” deveria ser editada pelo Poder Legislativo, em razo da regra de competéncia constante do art. 22, I, da CF. Contudo, a exigéncia da fidelidade partidaria € extraida do proprio Texto da Constitui¢ao ~ mais especificamente do art. 17, 12, da CF ~e, assim, nao faz sentido aplicar a regra da fidelidade partidaria apenas quando o Poder Legislativo decidir legislar. Entendeu © STF que a Resolucdo do TSE n® 22.610/2010 é uma norma transitéria e de carter excepcionalmente primario, que se justifica face a demora do Poder Legislativo em editar uma norma para disciplinar a matéria. Desse modo, nesse caso, o STF concluiu que a Resolugo do TSE, além de ser fonte formal direta seria, também, fonte primaria. Em razdo disso, poderia sujeitar-se ao controle de constitucionalidade. Vejamos, em seguida, outro posicionamento do STF. 22 posicdo: as Resolugdes do TSE so fontes secundérias, as quais no podem inovar na ordem juridica ‘A Resolugdo do TSE n2 20.993/2002 determinou a verticalizacao das coligagdes partidérias. Em termos simples, 0 TSE obrigou os partidos a adotarem a mesma composi¢do da coligagio nacional para concorrer _—— FB 1 -concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Ei 5 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 nas eleigdes estaduais e municipais, sem possibilidade de outros arranjos entre os partidos nos estados- membros e nos municipios. Em razio disso, varios partidos politicos ingressaram com ago declaratéria de inconstitucionalidade perante O STF, questionando a norma criada pela Resolucao. Em sintese, 0 STF afirmou que as Resolucées possuem carater secundario e destinam-se a interpretar a norma eleitoral. Em razdo disso, nao poderiam sofrer o controle de constitucionalidade. Desse modo, as Resolugdes do TSE ndo podem criar obrigaces, mas apenas regulamentar a legislacdo eleitoral. Esse é 0 entendimento, inclusive, de Francisco Dirceu Barros*: A reforma eleitoral alterou totalmente o art. 105 caput da Lei n° 9.504/1997 e ao estabelecer as principais caracteristicas de uma resolucao, mitigou o seu cardter de ato normativo primério, pois nao seré possivel uma resolugdo restringir direito ou estabelecer sangGes distintas das previstas na Lei 9.504/1997._ E como se portar diante de questées de prova? ‘A segunda posi¢So é a mais condizente com a técnica juridica e com a redagdo do art. 105, caput, da Lei n? 9.504/1997, que teve atualiza¢ao em 2009. Considerando, ainda, a recente inclusdo do Art. 23-A do Cédigo Eleitoral podemos destacar alguns limites as Resolucdes, quais sejam: ‘© possuem caréter requlamentar; ‘* _nio podem restringir direitos ou criar obrigacdes; e © destinam-se é fiel execugéio da lei; ‘© devem tratar apenas das matérias especificamente autorizadas em lei; ‘+ no podem tratar de organizagdo dos partidos politicos. Logo, AS RESOLUCOES DO TSE DEVEM SER CONSIDERADAS FONTES SECUNDARIAS DO DIREITO ELEITORAL. Contudo, devido possibilidade de encontrarmos Resolugdes do TSE que tratam de assuntos disciplinados na Constituigdo, devemos concluir que, EMBORA SECUNDARIAS, ALGUMAS RESOLUCOES DO TSE SUJEITAM-SE AO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, E NAO MERAMENTE AO CONTROLE DE LEGALIDADE. Vocé somente marcaré essa segunda conclusdo se a questao de prova deixar isso claro no enunciado ou na alternativa. Para efeito de prova, devemos levar em consideracdo as seguintes informacées.. > BARROS, Francisco Dirceu. Direito Eleitoral, p. 07/08. 7 TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciéio - Area Administrativa) Direito Eleitoral -2023 (Pré-E 6 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 RESOLUGOES DO TSE FONTE FORMAL FONTE DIRETA FONTE SECUNDARIA (excepcionalmente primaria) it | A nossa vantagem aqui é a seguinte: as questdes nao tém perguntado se é fonte priméria ou secundaria, limitam-se apenas a questionar se é fonte formal/material e direta/indireta. 5 - Medida Provisoria Eleitoral ‘As medidas provisérias constituem uma espécie normativa peculiar priméria, geral e com forca de lei. Ao contrério da regra (norma editada pelo Poder Legislativo), elas sao editadas pelo Poder Executivo. Além do Presidente da Repiblica, aplicando-se o Principio da Simetria possuem legitimidade para editar medida provisdria o Governador de estado ou o Prefeito caso haja expresso cabimento na constituigdo estadual e na lei organica Municipal. A medida proviséria tem validade por 60 dias, prorrogaveis por outros 60 dias, e sera utilizada apenas em situacdes de relevancia e de urgéncia. Passado esse periodo, se a medida provisoria no for convertida em lei, perderd sua eficdcia. A valida edi¢o de medida proviséria exige que a espécie normativa no verse sobre determinados temas constitucionalmente vedados, sao os chamados limites materiais da medida provisria. Ha vedaco expressa da constituigdo nos termos do art. 62. $49, |, da CF para edicdo de medida proviséria no Ambito do direito eleitoral. Além disso a possibilidade de Medida Proviséria Eleitoral contraria frontalmente o principio da anualidade, prescrito no art. 16, da CF, 0 qual estudaremos um pouco mais a frente. Portanto... E VEDADO A MEDIDA PROVISORIA DISPOR SOBRE DIREITOS POLITICS, PARTIDOS POLITICOS E DIREITO ELEITORAL. 6 - Consultas ‘As consultas consistem na atribui¢ao conferida aos TREs e ao TSE para responder questionamentos em matéria eleitoral feitos por autoridades competentes, desde que no se refira a um caso concreto ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Editsly~ 17 www.estrategiaconcursos.com.br a9 Ricardo Torques ‘Aula 00 propriamente, pois seria uma forma irregular de antecipar o julgamento de determinado processo judicial eleitoral. Assim, a consulta constitui uma forma de orientar as partes envolvidas no proceso eleitoral, com a finalidade de evitar processos judiciais. Dessa forma, apés as consultas, os interessados sentem-se seguros dos atos praticados durante todo o proceso das eleigdes, sem a necessidade de recorrer as aces judiciais. ‘A competéncia para responder as consultas é atribuida ao TRE e ao TSE. Quanto a este, a competéncia estd prevista no art. 23, Xil, da Lei n? 4.737/1965, jd em relacdo ao TRE, disciplinada no art. 30, Vill, do CE. Ha uma diferenca bastante relevante entre essas competéncias que, comumente, é objeto de prova. Veja 0 esquema abaixo... autoridade de jurisdicao federal TSE - formuladas por [érgio nacional de partido politico CONSULTAS ‘autoridade publica TRE - formuladas por partido politico Um Tribunal Regional Eleitoral se qualifica como autoridade com jurisdi¢o federal e, em razo disso, poderia formular consultas ao TSE? Vamos por parte... Primeiramente, esta corretissima a conclusao de que os TREs so autoridades de jurisdicdo federal. Trata-se de 6rgdo especializado do Poder Judiciario Federal, que detém competéncia territorial dentro do Estado, Em decorréncia disso, podemos concluir que o TRE poder formular consultas ao TSE. Isso mesmo! No estudo dos Regimento Internos de Tribunais Eleitorais encontramos, por vezes, a referéncia de que o Tribunal poderé formular consultas ao TSE. Sempre houve entendimento pacifico que a consulta nao possuia carater vinculante, muito menos erga omnes sendo inclusive este o entendimento do STF. Porém uma recente alteraco legislativa modificou esse entendimento. Foi incluido pela Lei 13.165/2015 0 artigo 30 ao DL 4657/42 conhecido como Lei de Introdugao as Normas do Direito Brasileiro (LIND8) que determina carter vinculante as respostas 2 consultas até que haja ulterior revisdo visando uma maior seguranca juridica. O Tribunal Superior Eleitoral ja incluiu esta alteracao nas anotacdes de sua legislacao sinalizando que adotard 0 entendimento. _—— FB 1 -concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Ei 8 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 7 - Conceitos juridicos indeterminados no Direito Eleitoral Primeiramente, a partir da doutrina de José Jairo Gomes®, é importante compreender que hoje podemos falar em um microssistema eleitoral, no sentido de que hd um conjunto normativo que informa as regras legals e infralegais desse ramo juridico. Esse microssistema, como se sabe, é coordenado pela Constitui¢o Federal. A CF esté no dpice e fixa os parametros e principios gerais a serem observados na edificaco da legislaco. A partir dai, surgem as demais leis eleitorais, entre elas a Lei n° 9.504/1997, a Lei n° 9.096/1995, a Lei Complementar n° 64/1990, entre outras, Eventualmente, normas infraconstitucionais que violem a CF serao declaradas inconstitucionais, por respeito a hierarquia do microssistema eleitoral. De forma complementar, temos um arcabougo de resolugdes, entre as quals destaca-se a Resolucao TSE n° 23.659/2021, que disciplina o alistamento eleitoral no processamento eletronico do cadastro eleitoral. E onde entra a questo dos conceitos juridicos indeterminados? Os conceitos juridicos indeterminados estéo inseridos dentro do microssistema eleitoral. Séo varias as normas que se utilizam desses conceitos, desde a CF até as Resolugdes do TSE. Esses conceitos trazem a representagao de algo, de forma intelectual e abstrata, porém, nao delimitam uma solugdo especifica. S40 conceitos indeterminados, que admitem diversas solucdes a depender do contexto no qual se inserem e dos valores existentes. Ao se defrontar com esses conceitos juridicos indeterminados, o intérprete do Direito Eleitoral deveré utilizar de parmetros objetivos para construir a interpretago adequada. Ele levaré em consideracao os valores existentes, as peculiaridades do caso que esta sendo interpretado, os costumes, a finalidade, as consequéncias ete. Abstratamente falando parece dificil, mas nao 6! Temos diversos exemplos de conceitos juridicos indeterminados dentro do Direito Eleitoral. Citamos: ° GOMES, José Jairo. Di ito Eleitoral, 132 edicao, rev. ampl. ¢ atual., Sao Paulo: Editora Atlas S/A, 2017, p. 29. _— TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciéio - Area Administrativa) Direito Eleitoral -2023 (Pré-E 9 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 liberdade © legitimida de das eleicoes 20 CONCEITOS JuRIDICOS moralidade soberania popular oportunidades Sabemos que nao é possivel atuar de forma imoral no Direito Eleitoral. Uma vez ocorrida a violacdo & moralidade, que é um conceito juridico indeterminado, pergunta-se: qual a consequéncia? A resposta é: DEPENDE! O intérprete ird construi-lo a luz do caso concreto, tendo em vista uma série de circunstncias que envolvem aquele caso. Por exemplo, pode envolver a cassaco do registro da candidatura, pode implicar inelegibilidade, pode gerar, inclusive, crime eleitoral. Tudo depende do caso concreto! Conclui-se, portanto, que o Di oral é repleto de conceitos juri depende da circunstancia que envolve o caso concreto. 0s indeterminados, cuja aplicag3o Fechamos 0 estudo de fontes! RINCIPIOS DE DIREITO ELEITOR. 1- Introdugao ‘As normas juridicas podem se revelar por intermédio de regras juridicas ou de principios. Essa frase é muito relevante € @ sua correta compreenséo ¢ fundamental para o entendimento do Direito contemporaneamente. Assim... regras NORMAS JURIDICAS| principios a TSE - Concurso Unificado (Analista Judicirio - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Edi 20 www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 Desse modo, as diversas leis eleitorais que estudaremos compreendem inumeros dispositivos. Nesses dispositivos encontramos regras e principios. Além disso, os principios podem constar explicita ou implicitamente no texto de determinada lei. Os principios explicitos sdo aqueles que esto prescritos expressamente na legislacao. Cite-se o principio da anualidade eleitoral, previsto no art. 16, da CF. Os principios implicitos so aqueles que, embora ndo estejam expressamente referidos em um dispositive legal, sdo extrafdos da interpretago sistematica do texto legal. Por exemplo, o principio do duplo grau de jurisdicdo nao é previsto na Constituicao de forma expressa, contudo, orienta toda a estrutura do Poder Judiciario. As regras so enunciados juridicos tradicionais, que preveem para uma situacao fética uma consequéncia juridica. Por exemplo, se alguém violar o direito 8 imagem de outrem (fato), ficara responsavel pela reparacéo por eventuais danos materiais e morais causados a pessoa cujas imagens foram divulgadas indevidamente (consequéncia juridica). N3o ha como fixar modo gradual no seu cumprimento, havendo conflito entre regras diferentes ele seré resolvido em termos de validade. Os principios, por sua vez, segundo ensinamentos de Robert Alexy, s80 denominados de “mandados de ago” que condicionam todas as normas e servem de pardmetro para a interpretago dos institutos Juridicos. Os principios constituem normas com cardter mais amplo, aplicaveis a diversas situaces faticas a depender do contexto envolvido. Sao espécie de normas que exigem a realizagao de algo, da melhor forma possivel, dentro das possibilidades faticas e juridicas, determina que o bem juridico deve ser protegido na maior medida que as circunstancias permitirem. Assim, percebe-se que os principios poderao ser aplicados em graus diferenciados As regras so aplicadas a partir da técnica da subsuncdo, ou seja, se, ocorrer a situacdo de fato, haveré a incidéncia da consequéncia juridica prevista. Ou a regra aplica-se aquela situacdo ou nao (técnica do “tudo ou nada’), Para os principios, ao contrério, a aplicago pressupde o uso da técnica de ponderacao de interesses, pois, a0 depender da situago fatica, assegura-se o principio com maior ou menor amplitude (técnica do “mais ou menos”). Por exemplo, se o julgamento do processo demorar mais de um ano, poderd implicar violago ao principio da celeridade. Nés sabemos que as eleigdes tém data marcada para ocorrer e a posse dos eleitos também. Em razdo disso, todos os processos relativos aos candidatos, especialmente aqueles que podem implicar a perda de mandato eletivo ou a inelegibilidade, devem ser julgados até a data das eleigdes ou, no maximo, até a data da diplomacao ou da posse. J4 para 0 proceso crime, 0 decurso de cinco anos nao implicara, necessariamente, violag’io ao mesmo principio. Na drea penal, entende-se que o processo deve tramitar com seguranca, pois no ¢ juridicamente aceito violar garantias de ampla defesa ou gerar alguma situacao de inseguranca sob 0 pretexto da celeridade. Notem que a consequéncia de uma sentenca ou acérdao penal poderd acarretar a restrigo a liberdade do condenado. S80, portanto, dois contextos diferentes em que o mesmo principio poderd ser aplicado em maior ou menor escala, com consequéncias distintas. @B_ 1 -concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Eeitsly~ 21 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 Isso ndo acontece em relagdo as regras. Lembre-se do exemplo que demos no inicio. Se o sujeito praticar 0 fato juridico, e esse se amoldar perfeitamente aos termos da regra juridica, haverd incidéncia com o surgimento das consequéncias decorrentes. Nao ha maior ou menor aplicacao da regra. Quanto a natureza, os principios fundamentam as regras de modo que constituem a “ratio” da norma fundamentada. As regras, por sua vez, buscam fundamento nos principios, 0 que lhes confere forma e amplitude. Vimos que os principios so gerais, aplicam-se a diversas situagSes porque possuem uma carga valorativa. Em razo disso, os principios, muitas vezes, so utilizados para justificar a aplicacao da regra juridica. Isso significa dizer que varias regras juridicas so pensadas (racionalizadas) a partir dos principios envolvidos. O principio possui a caracteristica de espiral. Ao mesmo tempo que ¢ influenciado pelo ordenamento juridico, © principio o influencia Por exemplo, hd uma regra na Constituicéio que disciplina uma acao eleitoral que tem por objetivo impugnar 0 mandato eletivo (AIME). Essa aco deveré tramitar em, no maximo, um ano. Essa regra é fundamentada no principio da celeridade, pois no processo eleitoral, em funco dos valores e principios envolvidos, sera considerado célere 0 processo que tramitar no prazo referido. Assim, o legislador, valendo-se da racionalidade dos principios que envolvem o Direito Eleitoral, fixou a regra constante do art. 97-A, da Lei n° 9.504/1997 considerando como duracao razodvel do processo que possa resultar em perda de mandato eletivo o periodo maximo de 1 (um) ano. Os principios possuem alto grau de abstracdo, podendo abranger diversas situages heterogéneas, de modo que se concretizam em graus diversos. As regras, entretanto, possuem baixo grau de abstracdo, pois abrangem tdo somente situacdes homogéneas. Distinguem-se, ainda, os principios das regras quanto & aplicabilidade. Os principios sujeitam-se a técnica interpretativa, em razdo da indeterminabilidade ou da generalidade do seu comando. As regras, por seu turno, possuem aplicaco direta e imediata, desde que se enquadrem na situacéo objetivamente especificada. Assim... ae ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-E 2 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 REGRAS. PRINCIPIOS + mandados de determinacao + aplicado por subsungéo * técnica do “tudo ou nada" * buscam fundamento nos principios + possuem reduzido grau de abstracdo indeterminabilidade + aplicacao direta e imediata + mandados de otimizacio + aplicado por ponderacao de interesses * técnica do “mais ou menos" * constituem a ratio das regras * possuem elevado grau de abstracdo e de indeterminabilidade + dependem da interpretacao Vimos, assim, as diferengas entre os principios e as regras. Notamos também que os princfpios possuem enorme relevancia e séo fontes formais do direito eleitoral, uma vez que so normas ao lado das regras Jjuridicas. Na sequéncia, veremos uma série de principios aplicdveis ao Direito Eleitoral, que podem ser objeto de cobranca em provas. € importante registrar, contudo, que existem principios especificos de determinados institutos de Direito Eleitoral, bem como principios origindrios de outros ramos juridicos que podem ser aplicados ao Direito Eleitoral. Naturalmente, esses principios sero estudados futuramente, com o desenvolvimento da nossa matéria. Aqui, na aula introdutéria, vamos centrar nossa aten¢3o nos principios mais relevantes e que so exigidos em provas com maior frequéncia, 2 - Principio da lisura das eleigdes Informa o referido principio que a atuacao da Justica Eleitoral, do Ministério Publico Eleitoral, dos partidos politicos e dos candidatos deve ser pautada na preservacao da lisura das elei¢des. Por lisura compreende-se a conduco das agées e atitudes com sinceridade, com franqueza. Esse é 0 sentido do principio eleitoral, a conducdo franca, leal, sincera das eleicbes por todas as partes envolvidas no proceso eleitoral, com vistas ao exercicio legitimo da democracia. 0 referido principio encontra previsdo no art. 23, da Lei Complementar n® 64/1990. O dispositivo enuncia que, ao julgar a aco de investigacao judicial eleitoral, a Justica Eleitoral deveré levar em considerac3o diversos valores envolvidos, desde que haja preservaco da lisura eleitoral. plendrio do STF julgou improcedente a ADI 1.082 que questionava o contetido do art. 23 da Lei das Inelegibilidades por violacao aos principios do devido processo legal e contraditdrio. Por fim, leciona Marcos Ramayana’: 7 RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral, 142 edico, atual, Niterdi: Editora Impetus, 2015, p. 31 @B_ 1 - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Eeits}y 23 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 A garantia da lisura das eleigdes nutre especial sentido de protecao aos direitos fundamentais da cidadania (cidadao-eleitor), bem como encontra alicerce juridico- constitucional nos arts. 12, inciso Il e 14 §9° da Lei Fundamental. Trouxemos 0 conceito do doutrinador acima, pelo fato de que ele faz referéncia a dois dispositivos constitucionais. 0 primeiro deles reporta-se a cidadania como fundamento da Republica, e 0 segundo trata das inelegibilidades. Afirma que compete ao legislador infraconstitucional estabelecer ~ a partir de lei complementar-—outras hipoteses de inelegibilidade, por meio de valores que assegurem a lisura do processo eleitoral ao proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercicio de mandato e a normalidade € legitimidade das eleigdes contra a influéncia do abuso de poder. Para a nossa prova... 0 principio da lisura das eleigées impée a atuagao ética, correta e proba dos atores envolvidos no processo eleitoral. 3 - Principio da celeridade eleitoral O principio da celeridade ¢ comum a diversos ramos processuais do direito. Aqui, no Direito Eleitoral, 0 principio da celeridade ganha contornos prdprios no sentido de que as decisées eleitorais devem ser imediatas, evitando-se delongas para as fases posteriores a data da diplomacdo, sendo verdadeiras excecdes 0 casos que possam demandar um julgamento para além da posse®. Notem que a celeridade eleitoral se aproxima da imediaticidade. No Direito Eleitoral, 0 processo deve ser 0 mais rapido possivel. Nesse contexto, temos o principio da preclusao imediata das decisdes eleitorais como faceta da celeridade. Assim, se o partido politico desejar recorrer de decisao no dia das eleicdes perante a Junta, deve impugnar de forma imediata, sob pena de preclusao. Afinalidade desse principio € evitar 0 prolongamento de decisdes eleitorais apds a posse dos eleitos e apos io do exercicio do mandato eletivo. Lembrando 0 ja citado art. 97-A da Lei n® 9.504/1997 que disciplina o prazo de um ano entre a propositura da ago e o resultado final do julgamento para as acdes que possam resultar na perda de mandato eletivo. Tano, quando envolver ages que possam resultar na perda do mandato eletivo DURACAO RAZOAVEL DO PROCESSO ® RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral, p. 38. @B_ 1 - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Eelits}y— 24 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 Sobre 0 dispositivo citado, leciona Marcos Ramayana’: Olegislador tratou de contemplar na Lei das Eleigdes a garantia efetiva da protecao judicial, pois é cedico que se registrou casos em que o diplomado eleito exercia o mandato em toda lenitude pel de 4 (quati 0 ainda nao tinha solugao final. CONSEQUENCIAS DO NAO ATENDIMENTO DO PRAZO ELEITORAL * crime de desobediéncia * infracdo discipli * representag3o ao CN) + representacao a Justica Eleitoral (6rgdo hierarquicamente superior) Esse prazo de um ano restringe-se as aces judiciais que possam implicar perda de mandato (aco de impugnacao ao registro de candidatura, acao de captacao ilicita de sufragio, a¢do de captacao ou gastos ilicitos, ago de investigacao judicial eleitoral, aco de impugnacao ao mandato eletivo). Os demais processos e questdes eleitorais submetem-se a regra geral da celeridade, prevista no art. Se, LXXVIll, da CF. 4- Principio da anualidade eleitoral principio da anualidade, também conhecido como principio da antinomia eleitoral ou anterioridade eleitoral, é considerado o principio mais importante do Direito Eleitoral. Cart. 16, da CF, preconiza: ‘Art. 16. A lei que alterar o proceso eleitoral entraré em vigor na data de sua publicagao, do se aplicando a eleicao que ocorra até um ano da data de sua vigéncia. (Redacao dada pela Emenda Constitucional n° 4, de 1993) Desse modo, a lei que alterar o processo eleitoral tem vigéncia imediata, mas eficdcia contida ou pro futuro. Assim, embora entre em vigor imediatamente, a lei somente produziré “efeitos praticos” apés um ano da data de sua vigéncia. © conceito de lei, neste caso, abrange as leis infraconstitucionais (com a excegio da medida proviséria, vedada em Direito Eleitoral), eventuais emendas e jurisprudéncia consolidada do TSE. Assim, caso uma eventual emenda constitucional crie regra que possa afetar 0 processo eleitoral ou haja mudancas de ° RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral, p. 40. _—— ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-E 5 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 jurisprudéncia consolidada do TSE, que possa frustrar a justa expectativa das partes em relacdo ao processo eleitoral deverdo observar 0 principio da anualidade conforme jurisprudéncia do STF" e do proprio TSE". De acordo com a doutrina, a eficdcia pro futuro tem por finalidade impedir que mudanas casuisticas na legislago eleitoral possam surpreender candidatos, partidos e coligagées. Com isso, assegura-se estabilidade, previsibilidade e seguranca juridica para os envolvidos no processo eleitoral”?. 4.1 - Ultratividade da lei eleitoral Vocé lembra da Lei n? 12.891/2013, denominada de “Minirreforma Eleitoral”? Nesse caso, 0 TSE entendeu que a Lei - que entrou em vigor em 11/12/2013 — somente poderia ser aplicada as eleigdes que ocorrerem aps 11/12/2014, ou seja, um ano apés a publicagdo. Assim, a Lei n® 12.891/2013 tornou-se aplicdvel apenas em 12/12/2014. Em decorréncia disso, os dispositivos revogados pela Lei da Minirreforma Eleitoral permaneceram aplicaveis 4s eleicdes de 2014. Como assim, Professor, um dispositivo revogado pode ser aplicado? Justamente! Como a lei nova néo pode ser aplicada, pois tem que aguardar o decurso de um ano, a lei revogada permaneceré aplicdvel por esse periodo de tempo! Por conta disso, é possivel afirmar que, em razdo do principio da anualidade da lei eleitoral, é possivel falar também em ultratividade da lei eleitoral. Isso significa que uma lei eleitoral, embora revogada, continuard a produzir efeitos pelo lapso de um ano. 4.2 - Vigéncia versus eficacia De acordo com Thales e Camila Cerqueira, o art. 16, da CF, com redacao dada pela Emenda Constitucional ne? 38, aperfeigoou a dogmética juridica, uma vez que a redago origindria mencionava t3o somente a vigéncia da lei eleitoral, Com a reda¢do apés a Emenda, temos a diferenciagao entre vigéncia e eficacia. Victncia Refere-se a existéncia da norma juridica para o ordenamento. Erichcia_ Refere-se 8 producdo de efeitos, que ocorreré tdo somente apés decorrido o lapso de um ano. 1 ADI 3.685, Rel. Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, DJE 22/03/2006. 1! Ac.-TSE, de 27.10.2016, no REspe n° 40487 e Ac.-STF, de 19.8.2012, no RE n° 637485 2 GOMES, José digo, rev., atual. e ampl., Sdo Paulo: Editora Atlas S/A, 2014, p. 248, _— GB 15 -concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 nage 6 a9 bw www estrategiaconcursos.com.br Ricardo Torques ‘Aula 00 Com a redacdo atual do art. 16 temos que, com a publicacao da lei, ela torna-se existente para o mundo juridico. Contudo, apenas adquiriré eficdcia com o transcurso de um ano. Esse prazo de um ano é de vacatio legis? Bi Cuidado! Nao se trata tecnicamente de prazo de vacatio legis. A vacatio legis nada mais R € do que um periodo para que possamos conhecer a legislaco. € um periodo entre a publicacao oficial da lei e 0 inicio da sua vigéncia. Contudo, como se Ié do art. 16, da CF, a vigéncia da norma que altera o proceso eleitoral é imediata, ocorrendo com a publicacdo. Logo, esse tempo entre a publicacao e a vigéncia é zero! Ocorre, todavia, a necessidade de se aguardar um prazo de um ano para a aplicag3o da norma. Esse prazo no ¢ para a vigéncia, mas para a aplicacao (eficacia). Logo, para a prova, vocé deve compreender inicialmente que nao ha vacatio legis para as leis que alterem 0 processo eleitoral. 4.3 - Prazo de um ano Outro aspecto que merece destaque é a contagem do prazo para a eficacia da lei que alterar 0 proceso eleitoral Vejamos o que ensina a doutrina de Thales e de Camila Cerqueira'®: Cumpre registrar que esse principio da “anualidade eleitoral” deve ser entendido como “anualidade e um dia", porquanto estivermos diante de uma lei que altere o “processo eleitoral”, ela nao terd eficdcia para as eleigdes em curso, somente no préximo pleito. Entdo, para surtir eficacia, a lei deve ser publicada (e nao promulgada), no minimo “um. ano e um dia” antes das eleicées. Vimos que a lei que alterar 0 proceso eleitoral no serd aplicada se publicada um ano antes do proceso eleitoral. Vamos ver um exemplo na pratica. O primeiro turno das eleigdes de 2022 ocorrera em 02/10/2022 (primeiro domingo de outubro). Logo, eventuais alterag6es ao processo eleitoral, para que sejam aplicaveis aquelas eleig6es, devem ser publicadas antes do prazo de um ano. Assim, as leis publicadas até dia 01/10/2021, como a Lei 14.211/2021, sero aplicadas as eleicdes de 2022 normalmente. Jd as leis publicadas no dia 02/10/2021 e seguintes, se alterarem © proceso eleitoral, no sero aplicadas as eleicGes que ocorreréo em 2022. 5 CERQUEIRA, Thales Técito e CERQUEIRA, Camila ito Eleitoral Esquematizado, p. 41. _—— TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciéio - Area Administrativa) Direito Eleitoral -2023 (Pré-E 7 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 4.4 - Clausula pétrea As cldusulas pétreas sdo matérias previstas na Constituicdo que ndo poderdo ser alteradas por proposta de emenda a constituigo (PEC), que tenha por contetido restringir ou abolir o direito fundamental nela prescrito. Nossa CF elenca como cldusulas pétreas: CLAUSULAS PETREAS + forma federativa de Estado + 0 voto direto, secreto, universal e periédico * a separacdo dos Poderes * 0s direitos e garantias individuals Para nés interessa o tiltimo item: os direitos e garantias individuais. O art. 16, da CF, disciplina uma garantia fundamental de primeira dimensio, inserido no rol dos direitos politicos. Logo, a jurisprudéncia do STF conclui que o principio da anualidade, insculpido no art. 16, por representar expressdo da seguranca juridica, 6 garantia fundamental e clausula pétrea (ADI n® 3.685). Assim, sao inconstitucionais, por violacao ao art. 60, §42, IV, da CF, propostas de emenda constitucional que restrinjam ou pretendam abolir o principio da anualidade eleitoral, previsto no art. 16, da CF. 4.5 - Conceito de processo eleitoral Por “processo eleitoral” devemos compreender conforme leciona Marcos Ramayana": Inicia-se 0 processo eleitoral com a escolha pelos partidos politicos dos seus pr candidatos. Deve-se entender por processo eleitoral os atos que se refletem, ou de alguma forma se projetam no pleito eleitoral, abrangendo as coligacées, convengées, registro de candidatos, propaganda politica eleitoral, votago, apuragao e diplomagao. Q conceito acima apresentado nao pode ser confundido com o conceito de proceso jurisdicional eleitoral. Conforme 0 conceito que vimos acima, “processo eleitoral" remete a ideia sucesso, o desenvolvimento e a evolugdo do fenémeno eleitoral em suas diversas fases . J4 0 processo jurisdicional eleitoral refere-se as ages que sdo submetidas a julgamento perante as instancias da Justiga Eleitoral. Temos varias agdes eleitorais, como a ago de impugnacao de mandato eletivo - AIME - ou a ago de investigaco judicial eleitoral - AUE. Todas essas espécies de ages relacionam-se com o processo jurisdicional eleitoral, no qual hd um conflito de interesse (lide). RAMAYANA, Marcos. ito Eleitoral, p. 52. ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral -2023 (Pré-Editaly~ 28 www.estrategiaconcursos.com.br a9 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 4.6 - Principio da anualidade e a verticalizagao das coligacées A discussao sobre a defini¢do do que é “proceso eleitoral” é relevante em razdo da celeuma em torno do art. 17, §12, da CF. Odispositivo seré estudado em outra oportunidade, mas, em sintese, assegurou a liberdade de defini¢ao das coligagdes, sem a necessidade de se observar a verticalizac30. Vale dizer, a coligac3o adotada para as eleicdes presidenciais no serd necessariamente seguida a nivel estadual ou municipal, exceto se o estatuto do partido estabelecer de forma diversa. Antes de ser alterado pela Emenda Constitucional 97/2017, o art. 17, §18, da CF foi alterado pela Emenda Const ional n® 52/2006. Nesta Emenda, a regra da desnecessidade de vinculagdo entre candidaturas entraria em vigor imediatamente, aplicando-se as eleigdes de 2006, sem a necessidade de observar 0 princ{pio da anualidade, uma vez que o entendimento do Poder Legislativo é no sentido de que a regra que ago das coligages nao trata de proceso eleitoral pro} Esse entendimento é seguido por parte da doutrina. Vejamos o posicionamento de Marcos Ramayana’: Tecnicamente, portanto, as regras das formacées das coligacées para uma determinada eleigao nao fazem parte de uma fase do proceso eleitoral em sentido restrito, pois, na verdade, as coligagdes antecedem ao registro das candidaturas e séo normas de abrangéncia estatutéria e partidéria Contudo, nao foi esse 0 entendimento do TSE, para quem o carater nacional do dispositivo e a seguranca Juridica das relacdes entre eleitores, candidatos e partidos, com regras eleitorais previamente aprovadas, so valores importantes e essenciais. Esse entendimento foi acompanhado pelo STF. * As alteraces na legislacdo eleitoral ndo podem ser implementadas de forma abusiva ou casuistica, como instrumento de manipulagdo e de deformagéo do processo eleitoral. Desse modo, aos candidatos é assegurado 0 direito de receber o necessdrio grau de seguranca juridica contra alteracées legislativas das regras inerentes as eleicdes. 4.7 - Lei do Ficha Limpa e o principio da anualidade Outra discussdo importante que envolve o principio da anualidade refere-se 8 aplicabilidade da Lei da Ficha Limpa. A Let Complementar n® 64/1990 — denominada de Lei de Inelegibilidade — foi alterada por intermédio da Lei Complementar n° 135/2010, a Lei da Ficha Limpa. 4 RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral, p. 34 °® ADI 3685, Relator(a): Min, ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 22/03/2006, DJ 10-08-2006 PP-00019 EMENT VOL- 0241-02 PP.00193 RTJ VOL-00199-03 PP-00957. ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judicirio - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Editsly~ 29 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 0 diploma foi pulicado em 4/6/2010, data em que entrou em vigor. Na época, foi discutido se essa Lei seria aplicada, ou ndo, as eleigdes de 2010. Se considerada lei alteradora do processo eleitoral, teria eficacia apenas em 5/6/2011, logo, somente poderia ser aplicada as eleicdes de 2012. ‘A matéria foi, inicialmente, submetida & Consulta perante o TSE, o qual entendeu que a Lei da Ficha Limpa seria aplicada as eleigdes de 2010. Entretanto, a matéria também foi submetida ao crivo do STF, que entendeu o contrério. Segundo o STF, a Lei da Ficha Limpa promoveria uma reconfiguracao do resultado das eleicdes, implicando a perda de diplomas por candidatos j4 diplomados. Evidentemente, 0 que vocé adotard na sua prova é 0 entendimento do STF, que hoje é acompanhads, inclusive, pelo TSE, Desse importante julgado ¢ possivel extrair critérios estabelecidos pelo STF para aferir se a alteracéo promovida na legislacao eleitoral é referente ao processo eleitoral. Serd considerada alteradora do processo eleitoral a lei que promover: % Rompimento da igualdade de participac3o dos partidos politicos e dos respectivos candidatos no proceso eleitoral; % Criagdo de deformacao que afete a normalidade das eleicdes; % Introducdo de fator de perturbacdo; e % Promocio de altera¢ao motivada por prop’ casuistico. Assim, numa situagao pratica, devemos analisar se estdo presentes esses critérios para aferir se a lei eleitoral implica alteracdes no proceso eleitoral ou nao. 4.8 - Jurisprudéncia eleitoral e o principio da anualidade Para finalizar a andlise das especificidades que envolvem o principio da anualidade eleitoral, é importante trazer a discussdo enfrentada pelo STF no RE n® 637.485/RJ A Justiga Eleitoral exerce papel fundamental na condugao do processo eleitoral. Assim, os atos judiciais do TSE possuem carater normativo. Desse modo, alteragées jurisprudenciais podem causar sérias repercussdes sobre os direitos eleitorais, afetando a seguranca juridica e a confianca que se deposita no Poder Judicidrio Eleitoral. Em raz8o disso, concluiram os Ministros que é razodvel exigir das decisées do TSE, quando implicarem alteragdes no processo eleitoral, a observancia do principio da anualidade para marcar a eficdcia da decisdo. Com isso, finalizamos 0 estudo do principio da anualidade. Vocés devem ter notado que esse principio ‘ocupou grande parte da nossa aula. Isso ocorreu porque se trata do principio eleitoral m portante previsto na CF e porque afeta diretamente o deslinde do processo eleitoral. Em razdo disso, as bancas de concurso procuram exigir, com alguma profundidade, o conhecimento desse assunto. 5 - Principio proporcional e majoritario O pardgrafo Unico do art. 19, da CF, estabelece que 0 nosso modelo democratico pode ser participativo ou semidireto. Isso significa dizer que a participa¢ao do povo brasileiro nas decisdes estatais poderé ocorrer @B_ 1 -concurso Unificado (Analista Judicidrio - Area Adminis bw www.estrategiaconcursos.com.br va) Direito Eleitoral -2023 (Pré-Eaitsy 30 a9 Ricardo Torques ‘Aula 00 diretamente, como no plebiscito e no referendo, ou indiretamente, por intermédio da escolha de representantes. Por ora, interessa-nos a segunda forma. Para a escolha dos representantes temos dois sistemas eleitorais: 0 majoritdrio e 0 proporcional. Esse assunto sera melhor explicitado na aula sobre a Lei das Eleigdes. Contudo, algumas questdes de prova falam em “principio proporcional” e em “principio majoritario”, o que justifica a andlise, ainda que objetiva, nesta aula. No sistema eleitoral majoritario, serd eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos validos. Essa pode ser: a) simples ou relativa - ser eleito aquele que obtiver 0 maior numero de votos apurados. O sisterna majoritério simples 6 adotado, segundo nossa Constitui¢ao, para as eleigBes de Senador da Repiiblica e de Prefeito de municipio com menos de 200.000 eleitores. b) absoluta — seré eleito aquele que atingir mais de metade dos votos apurados, excluidos os votos brancos e nulos, O sistema majoritario absoluto é adotado nas eleicdes de Presidente da Republica, de Governadores @ de Prefeitos de municipio com mais de 200.000 eleitores. Esse sistema privilegia a figura do candidato ao invés do partido politico no qual esté registrado. O sistema eleitoral proporcional confere maior importéncia ao numero de votos validos do partido politico, Foi instituido por considerar que a representatividade da populagdo acorre com base na ideologia que determinados partidos politicos representam. Esse sistema é usado nas eleicdes de Deputado Federal, Deputado Estadual e Distrital e vereador. 6 - Principio da moralidade eleitoral Trata-se de principio constitucional eleitoral expresso no art. 14, §98, da CF. Segundo o referido principio, a ética deve prevalecer dentro do jogo politico. Dessa forma, se 0 candidato conseguir obter mandato mediante utilizacdo de praticas ilicitas, antiéticas ou imorais 0 exercicio do mandato nao seré legitimo. Contudo, para que determinado candidato possa ser impedido de ocupar um cargo politico para 0 qual foi eleito por imoralidade, é necessdrio que tal conduta venha descrita em lei complementar. Por conta disso, a legislagao estabelece uma série de consequéncias que a inobservancia da moralidade podera implicar. Destaca-se, nesse contexto, a Lei Complementar n° 64/1990, especialmente apds a edi¢ao da Lei do Ficha Limpa, que é a Lei Complementar n° 135/2010. _—— FB 1 -concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Ei 1 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 Para a nossa prova... O principio da moralidade eleitoral estabelece que apenas aqueles que tiverem uma conduta ética e moral poderdo concorrer a cargos politicos eletivos. 7 - Principio da soberania popular Outro principio basilar do Direito Eleitoral é o da soberania popular. A Constituiggo € a norma maxima de um Estado. Regulamenta assuntos importantes como direitos fundamentais, organizago do poder, distribuico de competéncias, exercicio das funcdes politicas e forma de governo. Essas regras dao origem ao Estado, que nada mais é do que um “contrato” aceito por um grupo de pessoas de determinado territério. Para a cria¢io/constituicao do Estado brasileiro foi necessdria a reuniao do povo em nosso territério que, soberanamente, ou seja, sem qualquer interferéncia de qualquer outro pais, estabeleceu a Constituicao. governo soberano refere-se a titularidade do poder para comandar 0 Estado brasileiro. Ao governo, compete regulamentar a vida em sociedade de acordo com os parametros definidos na Constituigao. Compete também executar as prescrigdes da CF e da legislacao infraconstitucional, bem como julgar os conflitos que surgirem no convivio social Asoberania é atribuida ao povo, detentor do poder supremo, e é classificada em interna e em externa. Internamente, a soberania refere-se ao poder conferido ao Estado Brasileiro sobre qualquer outro poder existente na sociedade. O tnico poder institucionalizado, responsdvel por gerir 0 Brasil, so os poderes constituidos pela Constituicdo Federal. lém da soberania interna, nosso pais € soberano internacionalmente, na medida em que nenhum outro Pais, ou organizacéio internacional, poderd sujeitar o Estado Brasileiro & forca. O Brasil é independente e autodeterminado em relacao aos demais pafses. Vamos avancar, na sequéncia, para algumas regras iniciais previstas na CF. Elas iro esclarecer que, embora © poder seja conferido ao povo, 0 exercicio poderd ser atribuido a terceiros, quando ha, entao, a escolha dos nossos representantes. Segundo o art. 12, paragrafo unico: Pardgrafo unico. Todo o poder emana do povo, que o EXERCE por meio de representantes stamente, nos termos desta Constituigao. ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Editaly~ 32 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 Como vimos, 0 documento fundamental que estrutura Estado Brasileiro é a Constituicéo, um documento juridico, que vincula os detentores do poder e os seus exercentes, ou seja, 0 povo € os representantes eleitos. Todos esto sujeitos a I Ao ratificar a submisséo do Estado brasileiro a lei, prevé o art. 12, caput, que o Brasil é um Estado Democratico de Direito. Vamos dest \char essa expresso? O Texto Constitucional define que o Brasil 6 um Estado de Direito, de modo que compete a lei exercer papel fundamental, pois todas as pessoas que residem em nosso territ6rio esto submetidas ao ordenamento juridico brasileiro, composto pela Constituicao e pela legislacSo infraconstitucional. Ademais, segundo nossa Constituigao, o Brasil é um Estado Democréitico. Devemos prestar atengao nesse conceito, porque ele é fundamental para 0 Direito Eleitoral. A democracia refere-se a0 governo do povo, que funda um regime politico pautado na soberania popular, caracteristico de uma sociedade livre, segundo a qual cada pessoa tem o direito de participar livremente das decisdes da sociedade. Segundo a doutrina"”, a democracia é: ‘A forma de organizacao capaz de oferecer aos cidadaos a possibilidade de desenvolvimento integral e de liberdade de participacao critica no processo politico em condigdes de ualdade econémica, polit © povo brasileiro é chamado a participar, com liberdade e igualdade, das decisdes politicas tomadas pelo Estado, como modo de exercer a soberania. Portanto, a soberania materializa-se pela participacdo da sociedade nas decisdes politicas, seja pelo sufragio universal - pelo voto direto, secreto, universal e periédico — seja pelo referendo, plebiscito iniciativa popular. AEC 11/2021 trouxe uma nova forma de exercicio da soberania popular de forma direta. As consultas populares previstas no novo pardgrafo 12 do art. 14 da CF serdo realizadas no momento das eleices municipais e versardo sobre assunto locais, Art. 14 (...) § 12. Serdo realizadas concomitantemente as eleiges municipais as consultas populares sobre questdes locais aprovadas pelas Camaras Municipais e encaminhadas a Justica Eleitoral até 90 (noventa) dias antes da data das eleigdes, observados os limites TENORIO, Rodrigo. Dit ito Eleitoral, coord. André Ramos Tavares, Rio de Janeira: Editora Forense, 2014, p. 04. ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judicirio - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Editaly~ 33 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 F operacionais relativos ao numero de quesitos. _(Incluido pela Emenda Constitucional n° ? 111, de 2021) Entenderam a correlacao da democracia com 0 Direito Eleitoral? 0 Direito Eleitoral trata do exercicio da soberania pelo povo brasileiro e pelos diversos. mecanismos previstos na Constituigao Federal. Nesse sentido, segundo José Jairo Gomes**: A soberania popular revela-se no poder incontrastavel de decidir. E ela que confere legitimidad icio do Poder Estatal, Portanto, a conducao do Estado brasileiro ocorre por mecanismos diretos e indiretos de democracia. Ao Direito Eleitoral, portanto, compete estudar esses mecanismos. 8 - Principios republicano e democratico io do poder politico pelos representantes eleitos observa uma série de regras definidas na CF. Essas iviso funcional em esferas de competéncia Oexerci regras distribuem o Poder Politico em trés poderes, com A divisao do Poder Politico em poderes envolve a compreensao da Teoria da Separacio dos Poderes em Poder Executivo, em Poder Legislativo e em Poder Judicidrio. Jd as esferas de competéncia remetem a divisdo geografica do poder entre a Unido, os estados-membros € 0 Distrito Federal e os municipios. Em regra, os paises considerados democraticos possuem a divisio funcional do Poder Politico. Isso no quer dizer que, necessariamente, havera também uma divisdo geografica do Poder Politico. Melhor explicando: 05 Estados unitarios democréticos possuem divisio funcional de poderes, mas no possuem diviséo geografica, ou seja, ndo sao divididos em Unido, em Estados-Membros e em Municipios, tal como o Brasil. A divisdo geogréfica de poderes, portanto, alinha-se ao pacto federativo, nao a separagio de poderes. % GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 98 edico, So Paulo: Editora Atlas $/A, 2013, p. 44, va) Direito Eleitoral -2023 (Pré-Ealtsy ~~ 34 TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciéio - Area Admins 49 www.estrategiaconcursos.com.br <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 Worn Diviso Funcional de Poder Judicidrio, Poder Executivo e Poder Separagdo dos & Poderes Legislative Poderes Divisio Geogréficade Unio, estados-membrose Distrito 44 rederativo Poderes Federal e municipios Nao iremos destrinchar todas as regras relativas a organizagao e a estruturagao do Estado brasileiro. Nao é assunto de Direito Eleitoral. Contudo, uma breve compreensao dessa estruturacao ser fundamental para 0 desenvolvimento da nossa matéria. Em Direito Eleitoral, nés temos representantes eleitos para ocupar tanto o Poder Executivo como o Poder Legislativo. 14 os cargos do Poder Judiciério ndo s3o ocupados por intermédio do voto popular, mas pelo ingresso via concurso publico ou pela regra do quinto constitucional, aplicavel aos Tribunais. Além disso, os poderes Executivo e Legislative desenham-se nas trés esferas de competéncia, ou seja, na Unido, nos Estados-membros e Distrito Federal e nos Municipios. Podemos pontuar algumas observacées importantes: % Nao temos Poder Judiciério Municipal. A estrutura do Poder Judicidrio brasileiro é algada apenas no ambito federal e estadual. > A Justica Eleitoral, embora estruturada nos Estados-membros e Distrito Federal, integra a esfera federal de competéncias. Longe de qualquer profundidade tedrica, tragamos uma ideia geral da estruturagao do nosso Estado, mas que sera fundamental para 0 desenvolvimento dos nossos estudos. Para arrematar o estudo da organiza¢ao e da estrutura do nosso Estado, resta analisar algumas regras gerais, que disciplinam o funcionamento do Estado brasileiro. Vamos fazer referéncia a um esquema tradicional de Direito Constitucional. Para nés, desse esquema interessa as duas ultimas linhas! Forma deGoverno _Reptiblica Formade Estado __Federativa | Sistema de Governo Presiden Regime de Governo_Democratica Deste modo, podemos afirmar que sao principios constitucionais eleitorais 0 principio republicano e 0 principio democrético, que iremos estudar a seguir. ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judicirio - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Editsly~ 35 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 8.1 - Forma de Governo A forma de governo determina como se atinge o poder e disciplina a relacdo entre aqueles que governam 0 Estado e os governados. Desse modo, a forma de governo fixa a sistematizaco do exercicio do poder e a composicdo dos drgdos estatais, Tradicionalmente, existem duas formas de Governo: a Monarquia e a Repuiblica. ‘A Monarquia caracteriza-se pela vitaliciedade e hereditariedade. Isso significa dizer que a pessoa do governante permanecerd no governo durante toda a sua vida, néo havendo proceso eleitoral e, com a sua morte, assumem 0 poder os sucessores. Na Repiblica, 0 governo ¢ do povo. A Republica pressupde que as funcdes governamentais sejam exercidas por cidadaos que foram eleitos pelo sufrégio universal, ou seja, escolhidos para exercerem tal funcao. Nesse sentido, podemos afirmar que a Repiiblica tem como premissa basilar o principio da igualdade, uma vez que no ha possibilidade de adocdo da sucesso hereditaria para os cargos politicos, nem mesmo tratamento diferenciado aqueles que pretendem chegar ao poder. Isso significa dizer que todas as pessoas podem concorrer, em condicées de igualdade, aos cargos politicos previstos em nossa Constituicéo. Na Repiiblica, 0 exercicio do poder supremo é atribuido ao povo, que escolhe seus representantes para “cuidar” da “coisa publica” (Republica). Vejamos as caracteristicas da Repiiblica: (i) 0 exercicio do poder politico € transitério, em mandatos fixos, com renovacdes periddicas. £ por isso, por exemplo, que temos eleicdes a cada 4 anos. (ii) Os governantes sao escolhidos pelo povo, por intermédio do voto. Qualquer cidado tem a prerrogativa de participar da vida politica em condicées de igualdade, desde que preenchidos os requisitos previstos na legisla¢ao. 8.2 - Forma de Estado A forma de Estado se refere a organizacao politico-administrativa dos entes que compGem determinado Estado. Como vimos, so quatro entes federativos: a Unio, os estados-membros, o distrito federal e os municipios. Por isso, a forma do Estado brasileiro é a federativa. Tradicionalmente, a forma adotada por determinado Estado pode ser federativa ou unitaria. 0 Estado unitério € caracterizado pela concentragdo de poder no governo central, 0 qual simplesmente delega parcelas de prerrogativas aos demais entes, na extensao da sua vontade e pelo tempo que interessar. Essa forma de Estado é marcada pela inexisténcia de autonomia para os demais entes governamentais, uma vez que todo o poder é concentrado no governo central TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciéio - Area Administrativa) Direito Eleitoral -2023 (Pré-E 6 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 _—— Ricardo Torques ‘Aula 00 © Brasil, como dissemos, adota a forma de estado federativa (cldusula pétrea - art, 60 $42 | da CF), isso equivale dizer que, no nosso pats, prevalece a descentralizacéo de poder entre os entes politicos. Assim, cada ente federado possui autonomia e uma esfera de competéncia prépria, delimitada pela Constituicao. ‘A autonomia dos entes federados se caracteriza, em especial, pela capacidade de autogoverno, sendo garantida a competéncia orcamentaria, administrativa, legislativa, financeira e, principalmente, tributédria. Podemos citar como outras caracteristicas do federalismo a auto-organizagao que ¢ aptidao de producao de leis pelos entes federados, tendo em vista a possibilidade de os Estados, Distrito Federal e Municipios legistarem, desde que sejam observados certos pardmetros constitucionais e o autogoverno, capacidade que se concretiza com as eleigdes j4 que cada ente federado elege 0 chefe do seu Poder Executivo e os integrantes do Poder Legislativo. Vejamos, também, as principais caracteristicas da federacao: (i) Os Estados-membros influenciam na formago da vontade nacional. Assim, no compete apenas & Unido definir os rumos gerais do pais. No Brasil, a influéncia regional se da pela atuac3o dos senadores, representantes dos Estados-membros, que, no Congresso Nacional, legislam em prol de interesse dos seus respectivos Estados. (ii) A igualdade dos entes federativos. Cada ente federativo possui esfera de competéncia prépria, sem distingdes ou preferéncia entre os entes federativos. A existéncia de uma Justica especifica para resolver os litigios entre os entes. No Brasil, a Justiga Federal é a responsavel por tal competéncia. (iv) A existéncia de um espago de competéncia exclusiva para cada um dos entes federativos. Cada ente federativo possui algumas matérias que somente ele pode tratar e legislar. Um exemplo classico so 0s tributos. O IPTU, por exemplo, é competéncia exclusiva do municipio; o IPVA é de competéncia exclusiva dos Estados-membros; e 0 IR, da Unio. Um ente nao pode interferir na competéncia do outro. 8.3 - Sistema de Governo O sistema de governo adotado pelos Estados representa 0 modo como é conduzido o relacionamento entre 0 Poder Executivo e 0 Poder Legislativo. Os dois sistemas de governo contrastantes séo o parlamentarismo eo presidencialismo. Jd 0 sistema de governo adotado pelo Brasil é 0 presidencialismo. Osistema parlamentarista possui uma maior aplicabilidade do sistema de freios e de contrapesos, tendo em vista que a chefia de Estado e a chefia de Governo sdo exercidas por pessoas diferentes. Nesse sistema, a chefia de Estado é ocupada pelo monarca ou pelo presidente, enquanto a chefia de governo fica a cargo do primeiro ministro ou chanceler, escolhido pelo Poder Legislativo. E um sistema de chefia dual, todavia, 0 poder que possui maior relevancia € 0 Poder Legislativo, tendo em vista que cabe aos seus membros escolher © Chefe de Governo. GB 1 - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Ecits}y~ 37 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 Jano presidencialismo, hé a predomindincia do Poder Executivo. Assim, nesse sistema, existe uma clara separacéo entre quem faz as leis ~ Poder Legislativo - e quem tem @ obrigagiio de executé-las ~ Poder Executivo. O governo ¢ independente do parlamento e a este cabe fiscalizar 0 Executivo. Nesse sentido, as funcdes de chefe de governo e de chefe de estado se concentram em uma tinica figura: 0 Presidente. Vamos as caracteri s do sistema presidenci lista de governo? (iA chefia de Estado e a chefia de Governo so ocupadas pela mesma pessoa. © 0 CHEFE DE GOVERNO ¢ o representante do pats no émbito da politica e da economia interna, Representa o pais nas relacdes com os cidadaos e com os demais entes. QO CHEFE DE ESTADO representa o pais em relacao aos outros paises, ou seja, representa © pais internacionalmente. No Brasil, tanto a chefia de Estado como a chefia de governo sao exercidas pelo Presidente da Republica. (li) Preponderdncia do Poder Executivo. (iii) A chefia de governo é ocupada pelo candidato que, individualmente, alcancar o maior numero de votos. A Constituigao determina que o Presidente serd eleito se obtiver a maioria absoluta dos votos vilidos. (iv) 0 Poder Legislativo néo participa diretamente do governo. Vejamos, por fim, 0 regime de governo! 8.4 - Regime de Governo O regime de governo adotado no Brasil é 0 regime democratico, que permite, exatamente, a aplicagao do Direito Eleitoral. Na verdade, a Constituico Federal consagrou o Brasil como um Estado Democratico de Direito, o que caracteriza, segundo Francisco Dirceu Barros": Uma convergéncia de vontades entre os legalmente administrados (povo) e aqueles que legitimamente administram (governo). A participacao popular nas decisées do governo eleito confere-Ihe maior legitimidade, 0 que permite, pelo menos em tese, a fiscalizacdo do governo e a possibilidade de discussdo na tomada de decisdes. Esse regime de governo pressup6e uma intera¢éio entre os entes governamentais e a sociedade. Tem como principio a participacao popular e o respeito aos direitos fundamentais dos cidadaos. ® BARROS, Francisco Dirceu. Direito Eleitoral, p. 15 TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-Editaly~ 38 www.estrategiaconcursos.com.br a9 <2 No Brasil, a democracia é exercida, em regra, de forma indireta, ou seja, 0 povo nao toma as decisées politicas direta e pessoalmente, uma vez que os representantes so eleitos pela sociedade para, em seu nome e segundo os seus interesses, escolherem os caminhos que sero seguidos. Assim, para formagdo de uma democracia representativa indireta, hd a necessidade de que os representantes sejam legitimamente eleitos. um esquema que vocé deverd levar para a prova: '* Forma como se atinge o poder FORMA DE GOVERNO * Repdblica '* Organizaco politico-administrativa dos entes que compéem. FORMA DE ESTADO determinado Estado + Federal +0 modo como é conduzido o relacionamento entre o Poder SISTEMA DE GOVERNO Executivo e 0 Poder Legislativo * Presidencialismo + Convergéncia de vontade entre os legalmente administrados REGIME DE GOVERNO (povo) aqueles que legitimamente administram (governo) * Democratic Desse modo, chegamos ao final deste tépico. _—— ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-E 9 www.estrategiaconcursos.com.br a9 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 CONSIDERAGOES FINAIS Chegamos ao final da nossa aula inaugural! Vimos uma pequena parte da matéria, a qual é, sobremaneira, um assunto muito relevante para a compreenséo da disciplina como um todo. A pretensdo desta aula é a de situd-los no mundo do Direito Eleitoral, a fim de que no tenham di em assimilar os contetidos relevantes que virdo na sequéncia. uldades Além disso, procuramos demonstrar como sera desenvolvido nosso trabalho ao longo do Curso. Quaisquer duividas, sugestées ou criticas entrem em contato conosco. Estou disponivel no férum do Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Facebook. Aguardo vocés na proxima aula. Até ld! Ricardo Torques [Mq sttestrategio@gmail.com @eleitoralparaconcurso _— TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciéio - Area Administrativa) Direito Eleitoral -2023 (Pré-E 0 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 QUESTOES COMENTADAS FEC 1, (FCC/TRE-SP - 2017) A explicacao do Tribunal Superior Eleitoral - TSE sobre o funcionamento desse sistema é a seguinte: Os votos computados sao os de cada partido ou coligacdo e, em uma segunda etapa, 0s de cada candidato. Eis a grande diferenca. Em outras palavras, para conhecer os deputados e vereadores que vio compor o Poder Legislativo, deve-se, antes, saber quais foram os partidos polit depois, dentro de cada agremiacao pa que conseguiu um ntimero minimo de votos, observar qui so os mais votados. Encontram-se, entdo, os eleitos. Esse, inclusive, é um dos motivos de se atribuir 0 mandato ao partido e nao ao politico. - Agéncia Camara Noticias. O sistema eleitoral descrito no texto é 0 a) misto. b) distrital, ¢) majoritario simples. d) majoritario de dois turnos. e) proporcional. Comentarios Questo tranquila, que explora o sistema proporcional. A ideia do sistema proporcional é simples: se 0 partido teve 20% dos votos, terd direito a 20% das vagas disponiveis. Se teve 60% dos votos, tera direito a 60% das vagas. Afirma-se, assim, que a distribui¢do de cadeiras serd mais equanime ao distribul-las dentro do partido e ndo para os candidatos. Desse modo, a alternativa E é a correta e gabarito da questdo. 2. _,{FCC/TRE-SP - 2017) Acerca das fontes de Direito Eleitoral, a) a funcao normativa da Justi¢a Eleitoral autoriza que sejam editadas Resolucdes Normativas pelo Tribunal Superior Eleitoral com a finalidade de criar direitos e estabelecer sances, possibilitando a revogacao de leis anteriores que disponham sobre o mesmo objeto da Resolucao Normativa. b) as normas eleitorais devem ser interpretadas em conjunto com o restante do sistema normativo brasileiro, admitindo-se a celebraco de termos de ajustamento de conduta, previstos na Lei n® 7.346/85, que disciplina a Aco Civil Publica, desde que os partidos politicos transijam, exclusivamente, sobre as prerrogativas que Ihes sejam asseguradas. _— FB 1 -concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Ei 1 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 c) 0 Codigo Eleitoral define a organizacao e a competéncia da Justica Eleitoral, podendo ser aplicado apesar de a Constituicao Federal prever a necessidade de lei complementar para tanto. d) as Resolugées Normativas do TSE, as respostas as Consultas e as decisées do Tribunal Superior Eleitoral so fontes de Direito Eleitoral de natureza exclusivamente jurisdicional e aplicdvels apenas ao caso concreto dos quais emanam. e) 0 Cédigo Eleitoral, a Lei de Inelegibilidades, a Lei dos Partidos Politicos, a Lei das Eleicdes, as Resolucdes, Normativas do TSE e as respostas a Consultas séo fontes de Direito Eleitoral de mesma estatura, hierarquia e abrangéncia, podendo ser revogadas umas pelas outras. Comentérios Questo tedrica! O assunto fontes é sempre quente na FCC. Aalternativa A esta incorreta. ‘As Resolucdes do TSE séo normas de carster infralegal e regulamentar, por meio das quais o TSE da cumprimento a legislac3o infraconstitucional. Por serem normas juridicas, so consideradas fontes formais, de cardter secundério e diretas. Aalternativa B parece dificil, mas é facil e esta incorreta. As normas de Direito Eleitoral so de ordem publica e, em face disso, inderrogaveis. Desse modo, no se admite a flexibiliza¢o — ou melhor, a transago ~ pelos partidos politicos sobre prerrogativas a eles asseguradas no pleito eleitoral. Aalternativa C é a correta e gabarito da nossa questdo. Segundo a Constituic&o de 1988, a organizac&o e a competéncia de tribunais, de juizes de direito e de juntas eleitorais, devem ser tratadas por lei complementar. De acordo com o que dispde o art. 121, caput, da CF. 0 CE, contudo, foi editado como uma lei ordindria. E ai, como fica? Significa dizer que as normas estao revogadas e nao podemos aplicar as regras dos arts. 11 ao 41, que tratam da organizacao e da competéncia do TSE, do TRE, dos Juizes e das Juntas Eleitorais no Cédigo Eleitoral? Como a andlise de compatibilidade é apenas material, ndo interessando a forma, afirma-se que 0 CE foi recepcionado como lei complementar, embora, na origem, tenha sido editado como uma lei ordindria. Esse 6, inclusive, o entendimento do STF sobre a matéria. Aalternativa D esta incorreta. Lembre-se de que: Resolugdes do TSE: fontes normativas; Decisdes da Justica Eleitoral: fontes jurisdicionais (¢ a jurisprudéncia); Consultas: Tendo em vista a recente alteracdo legislativa na LINDB as consultas ganharam cardter vinculante até que ocorra ulterior revisdo do seu contetido. Nao se aplicam apenas ao caso concreto. Yvy _—— ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-E 2 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 Por fim, a alternativa E estd incorreta, pois as Resolugdes do TSE sdo fontes secundarias. Logo, nao podem ser equiparadas a0 CE, LI, LPP e LE que sao fontes formais primérias. 3. (FCC/TRE-RR - 2015) incluem-se dentre as fontes diretas do Direito Eleitoral: a) 0 julgados que compdem a jurisprudéncia dos Tribunais Eleitorais. b) os entendimentos doutrindrios relativos ao Direito Eleitoral. ¢) as resolucdes do Tribunal Superior Eleitoral d) as leis estaduais. e) as leis municipais. Comentarios Aalternativa C esta correta e 6 0 gabarito da questo. ‘A questo é bastante tranquila. Habitualmente, as fontes formais so distinguidas em fontes diretas e em fontes indiretas. As fontes diretas so aquelas que tratam especificamente de Direito Eleitoral, como 0 Codigo Eleitoral e a Lei de Inelegibilidades, por exemplo. As fontes indiretas séo aquelas aplicav subsidiariamente ao Direito Eleitoral, como, por exemplo, normas processuais civis € penais. [As Resolugdes do TSE so consideradas ora como fontes primérias, ora como fontes secundérias do Direito Eleitoral, segundo amplamente discutido em aula. De todo modo, devemos lembrar que tais fontes sdo formais pelo fato de que estabelecem comandos gerais que regulamentam e disciplinam o proceso eleitoral. Ademais, como tratam especificamente de Di Eleitoral, podemos afirmar que sao fontes diretas, o que torna a alternativa C correta. Lembre-se de que julgados e entendimentos doutrindrios no possuem caréter de fontes formais (mas apenas materiais), com finalidade interpretativa, de forma que nao se encaixam propriamente no contexto. Nao seria possivel classificar uma fonte material em direta e indireta. Além disso, concluiu a FCC que as leis estaduais e munici Eleitoral, muito menos diretas, is no se enquadram como fontes do Direito 4, (FCC/TRE-PR - 2012) Obedecerd ao principio da representacao proporcional a elei¢ao para a) a Camara dos Deputados. b) 0 Senado Federal. ¢) Governador de Estado. d) Prefeito Municipal. e) Presidente da Reptiblica Comentiérios _—— FB 1 -concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Direito Eleitoral - 2023 (Pré-Ei 3 bw www.estrategiaconcursos.com.br 49 Ricardo Torques ‘Aula 00 Aalternativa A é a correta e 0 gabarito da questao, uma vez que, em relacao ao Senador, ao Governador de Estado, ao Prefeito Municipal e ao Vice-Prefeito Municipal é aplicado 0 principio majoritario. 5. (FCC/TRE-AC - 2010) Adotar-se-d o princi io majoritério, dentre outras, na eleicSo direta para a) a Camara dos Deputados e Assembleias Legislativas. b) 0 Senado Federal, para Prefeito e Vice-Prefeito. c) as Assembleias Legislativas e Camaras Municipais. d) 0 Senado Federal e para a Camara dos Deputados. e) as CAmaras Municipais, para Prefeito e Vice-Prefeito. Comentérios Aalternativa B esta correta e € 0 gabarito da questo. Lembrem-se, apenas, de que o vice-Prefeito se elege com 0 Prefeito em elei¢io majoritaria. 6. (FCC/TRE-PB - 2015) Adotar-se-a o principio majoritario na elei¢go para a) Presidente e Vice-Presidente da Republica, Governador e Prefeito e Vice-Prefeito. e-Governador de Estado, Senado Federal, b) Governador e Vice-Governador de Estado, Senado Federal, Camara dos Deputados, Prefeito e Vice- Prefeito. ©) Senado Federal, Camara dos Deputados, Assembleias Legislativas e CAmaras Municipais. d) Presidente e Vice-Presidente da Republica, Governador e Vice-Governador de Estado, Senado Federal e Camara dos Deputados. e) Senado Federal, Cmara dos Deputados, Assembleias Legislativas, Prefeito e Vice-Prefeito. Comentérios Lembre-se de que: O majoritario simples (maior ntimero de votos): a) Senador; € b) Prefeito (200.000 eleitores ou menos) S absoluta (atingir mais da metade dos votos): a) Presidente; b) Governadores; € c) Prefeito (mais de 200.000 eleitores) Q proporcional (votos do partido): a) Deputado Federal; b) Deputado Estadual; e c) Vereador Portanto, a alternativa A é a correta e 0 gabarito da questo. _— ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-E 44 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2 Ricardo Torques ‘Aula 00 VUNESP 7. (VUNESP/Pref. Sertdozinho-SP - 2016) Assinale a alternativa correta. a) Alei que alterar 0 processo eleitoral entraré em vigor na data de sua publicacdo, no se aplicando a eleicdo que ocorra até um ano da data de sua vigéncia. b) As leis e os regulamentos que alterarem o processo eleitoral somente entraro em vigor um ano apés sua promulgacao. ¢) A lei que alterar 0 processo eleitoral entraré em vigor na data de sua publicagao, aplicando-se a eleicéo que ocorra até um ano da data de sua vigéncia. d) As leis e os regulamentos que alterarem o processo eleitoral entrarao em vigor na data de sua publicacao, aplicando-se a elei¢&o que ocorra até um ano da data de sua vigéncia e) Alei que alterar 0 processo eleitoral entrard em vigor imediatamente apés sua promulgacao. Comentarios Aalternativa A esté correta e é 0 gabarito da questo, pois é 0 que dispde o art. 16, da CF. \Vejamos os erros das demais alternativas: b) As leis e 0s regulamentos que alterarem 0 processo eleitoral somente-entrarse-em-vigor : ~ ¢) A lei que alterar 0 processo eleitoral entrar em vigor na data de sua publicagéo, d) As leis © os-ragulamentos que alterarem o processo eleitoral entrarao em vigor na data de sua publicacio, apliea eleigao é 7 e) A lei que alterar 0 processo eleitoral entraré em vigor imediatamente-apés-sua promulgagde. Em relagdo a alternativa E, cumpre um esclarecimento. Promulgar significa introduzir a lei nova no ordenamento juridico. € o momento em que se reconhece a existéncia da norma como valida. A publicago, por sua vez, € 0 ato de dar conhecimento a toda a sociedade da existéncia dessa lei, momento em que passaria a ser exigivel. No caso do principio da anualidade, a exigibilidade ¢ diferida. Embora publicada somente serd exigivel apds 0 decurso do prazo de um ano. De todo modo, as expressdes no podem ser consideradas, tecnicamente, como sinénimos. Ademais, pela redagdo da alternativa A nao poderiamos, de modo algum, optar pela alternativa E _—— ‘TSE - Concurso Unificado (Analista Judiciério - Area Administrativa) Dieito Eleitoral -2023 (Pré-E 5 www.estrategiaconcursos.com.br 49 <2

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