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DIVISAO TERRITORIAL DO TRABALHO E NOVA REGIONALIZACAO (*) I — Capitalismo e Divisaio Social e Terri- torial do Trabalho © surgimento do capitalismo, como modo de produgio dominante de uma formacao econémico- social, pressupte 2 existéncia de formas avancadas de diviso do trabalho © 2 permanente redefinigao das proporges e do significado social e territorial desta divisio. LIPIETZ (1977) apresenta esta divisio do tra~ batho social sob dois aspecius: — uma divisdo “horizontal”, a divisio entre ramos de atividade; a diviséo cidade-campo: a di slo inter-urbana; a divisio entre comunidades (Io- cais, nacionais e intemnacionais), ete.; — uma divisio “vertical” entre grupos socias, dominantes e dominados, presentes no processo de trabalho dos mais variados setores e que, na base econdmica se definem em relagao & posse ou nao dos meios de produggo (1) Na verdade, hé interagdo entre divisio social © divisSo técnica do trabalho. Na divisio “horizontal” esti contida uma divisdo “vertical” que subordina a expressio econOmica, politica © social das atividades e conseqiientemente dos sujitos coletivos (explorado- res ¢ explorados; dominantes ¢ dominados) que as integram Qualquer processo de trabalho, em suas etapas intelectuais ou na produgio stricta sensu, implica na Léa Goldenstein (##) Manoel Seabra (**) uutiizagio de meios matcriais, que t&m uma dimenséo espacial, 0 que leva a divisfo social e téenica do tra- balho a ter uma dimensio tenitorial, Essa divistio territorial, no seado alheia aos dados objetivos re- prosentados pela diversidade das condicoes aaturais, € a dimensio espacial das formas de divisfo social do trabalho (LIPIETZ, 1977). Sob 0 capitalisme, o desenvolvimento das ativie dades econdmicas nfo se d4 de maneira uniforme entre of diversas ramos @ seus setores. Esse desen~ volviameute desighal no € meramente fruto da repro dugio de uma situagio historicamente presente nos primérdios da definigio do modo de producio capi- talista, Resulta de detcrminagGes que interferem no processo de acumulacéo de capital ¢ guardam aspec tos ora mais especificamente técnicos, ora mais espe cificamente econdmicos ou poltico-econdmicos. E. ainda, do todas as formas de desigualdade que opoem exploradores e explorados, dominantes ¢ dominados, e, em particular, a burguesia e 0 proletatiado ‘Técnicos, no sentido de que no existem condi- ‘g6es de conhecimento cientifico © teenolégico que possam ser aplicadas igualmente em todos os ramos da atividade econdmica. Neste sentido persistem, por (2) — Recebide para publicagdo em outubro de 1980, (52) — Respectivamente Professor Adjunto e Professor Asshtente Doutor do Departamento de Geosrafia da Facul- ‘ade de Filosofia, Letras © Cidacias Humanas da Universi ade de Si0. Patio (1) — Implica também formas manuais e intelec- fais presentes no procesto. de trabalho 22 cexemplo, significativas diferengas entre a agriculrura ea indastria (2) Mais especificamente eoondmicos, no sentido dde que as varias mercadorias, que so produzidas em ‘um mesmo periodo, néo tém @ mesma dimensdo de mercado real e potencial (no surgiram todas 20 mesmo tempo, ete), consideradas, & claro, as dife- rengas relacionadas com a propria estrutura do com sumo. A simples considerago deste aspecto suge- re a exisiéncia de setores mais ou menos dinimicos ri atividades econdmicas em ditegio aos qua's mi- sa 0 capital Econ6micos também, no sentido de que, do mesmo modo que © conhiecimento c'enttico-tecno- logico tem uma dimensdo hist6rico-eumulativa. — nio se oferecendo a realidade objetiva de uma vez para sempre ao cientisia — 0 aprendizado das t6o- nicas de complexidade extremamente diversi, pot parte da forca-de-trabalho em reproduedo, implica significativemente diferengas de duragéo. Em outras palavras, de custo social. Isto nos remete 2 questo dda qualificago da mao-de-obra ¢ 4 interferéucia des- ta qualifieagio no valortrabalho (e conseqitente- mente no prego de produgéo) das mercadorias Pela tendéncia ao nivelamento da taxa de Tucro dentro de um mesmo ramo e entre os ramos (transfe- réncias de mais-valia dos ramos com baixa compo sigdo onginica do capital para os de alta), chega-se a0 cardter combinado do desenvolvimento designs entre ramos ¢, portanto cidade-campo, interregional, internacional Econdmicos ainda, mas com dimensio politica mals nitida, quando se considera as diferencas de valor da forga-de-trabalho de mesma qualificagao de ‘um lugar para outro, de um mesmo pas ou de pate ses diferentes, em decorréncia de sua abundancia numérica relativa ¢, 0 que nfo deixa de guardar re- Iago com esta expresséo numérica mas nao se limita 2 isto, sobretudo pela dimensdo da forca sindical © politica dos assalariados frente aos patrécs © ao Es- facio. Isso nos remete as formas mais recentes de intercdmbio desigual entre setores de atividades — de um mesmo pais ou no nivel internacional (3) . Assim, a aventuada diferenca de tecnologia que se pode aplicar (por razées técnicas © cconémicas} A agricultura de um lado e & indiistria de outro, per- mite a concentrag#o do capital sob forma de traba- Iho morto e trabalho vivo em um territério restrito. Dai o cardter concentrador ¢ urbanizador da chama- da Revolugo Industrial A divisfo t6enica do trabalho, intensificando ¢2- dda vez mais as relacdes inter-industriais, as necessida- des. infra-estruturais, a existéncia de um complexo ‘meseado de mio-de-obra, a concentragio banciria, de servigos em geral (inctusive instituigSes de caré- ter clentifico © teenolégico) os mals variados, tor nam, de fato, a grande cidade um meio muito favor‘- vel & acumulagio capitalista. Essa desigualdade nao sc resume as diferengas de desenvolvimento entre cidade © campo. O de senvolvimento des'gual das cidades e do campo, de uma Grea para outra do territ6rio do pais, adquite dimensio nacional ¢ ainda internacional. ‘As acentuadas desigualdades de desenvolv:men- to entre os paises que constituem o sistema mundial, diferenciando-os, de maneira evidente, em dois gran- des conjuntos (desenvolvidos-subdesenvolv.dos; do- minantes-dominados; centrais-periféricos; ete) é uma desigualdade combinada que se produz e reproduz pelos mecanismos do intereémb‘o desigual. Ese intercimbio designal teria, em uma de suas formas, explicagéo na chamada “lei das vantagens comparativas” (Ricardo, citado por Lipictz), segun- do a qual, na divisio internacional do trabalho, aos pafses que tém condigdes de produair a menor custo (2) — & preciso reafirmar que sob 0 capitalismo, em particular, o propria desenvolvimento da pesguisa clea: tifica ¢ tecroldgica € condicionado pelas necessidades (© portanto inlereses) da acumulacio do_capital G) — LIPIETZ “G977) “fez distingao entre duas formas de “iotetehmbio desigual”. Denomina & primeira interedmbio desigual no sentido ‘emplo ¢ a segunda de “interedmbio desitual 0 sentido restrito” reservam-se os process0s de trabalho mais sofistca- dos, transferindo para os outros 0s mais banais. 0 que implica em um interedmbio desigual em favor dos pafses que detém os ramos de mais alta composigao orginica do capital (LIPIBTZ, 1977). Na atualidade, sob 0 capitalismo monopolista, com a penciragfio nos chamados paises dependentes dos ramos de alta composicdo organica, o intercimbio desigual tende a assumir nova forma, relacionada com 0 custo de reproducio da mao-de-obra. O que faz com que o trabalhador do pais dependente de- sempenhe um duplo papel: enquanto produtor, par~ ticipa na definigio de um tinico valor (trabalho) in- femacional , enquanio consumidor, submete-se a padres de consumo inferiores aos de igual qualifica- $80 dos pafses do centro do sistema (4) A esas duas formas de intercdmbio desigual pode-se acrescentar uma terceira, que decorre da pre- senga no mercado de pregos de monopélio que sto praticados pelas empresas allamente concentraias, em particular nos ramos de tecnologia mais avangada. Empresas essas situadas, geralmente, nos paises do centro do sistema. Quer se considere os pafses do “centro” do sis- tema, quer os da sua “periferia”, intemamenie 0 de~ senvolvimento assume significativas desiqualdades ter- Titoriais Dentro de cada pais, as desigualdades nas rela ‘Ges entre os ramos de diferentes graus de composisao ‘organica do capital se manifestam como desigualda- des territoriais e combinadas no sentido de que 0 in- tercimbio “penalize” os ramos com menor compo- Sig organica e, conseqtientemente, 03 territérios onde eles dominam a estrutura da economia produtiv.2 A concentragiio territorial (para a obtengao das chamadas “cconomias externas” sob seus dois as- pectos: vantagens de localizagio e de aglomeragio) Teva A definigiio de poueas (quando ndo de apenas ‘uma) grandes concentragGes urbano-industriais 23 Il — Conceito de Regio Econémico- Politica Este trabalho trata justamente da estruturago s6ecio-espacial do tertitério de um pats, no caso © Brasil. O levantamento da prablemitica das formas que assume o desenvolvimento desigual nos permite, ‘om seguida, considerar o que 0s Ge6grafos denomi- nam de regio (5) Nossa proceupagéo diz respeito & questiio da cxisténcia e conceituagio, na estrutura sécio-espaciat dos paises, de unidades articuladas entre si, de for~ ‘ma complexa, mas diferenciando-se das demais pela estrutura econdmico-social, politica interna ¢ pela sua posiefo espacial especitica. Coloca-se 0 proble- ma de sua continuidade territorial ¢ delimitacéo Face & problematica a que nos propomos — di- visio territorial do trabalho e regionalizagéo — pro- curamos trabalhar com a conceituagao eeonémico- polities, apoiando-nos no confromio das couceitua- ‘gBes basicamente semelhantes de dois autores, nao godgrafos, LIPIETZ (1977) e OLIVEIRA (1975), jd que apoiados numa mesma postura teérica-meto- dolégica: a do materialismo histérico. Para Francisco de Oliveira (1975, p. 25/31), a regio econdmico-politica € um dado da realidade objetiva das formacées econdimico-sociais nacionais, tem uma dimenséo espacial cuja especificidade po- de ser rigorosamente determinada no contexto w6- rico metodolégico que adota: — 0 resultado da divisio tertitoriel do traba- Iho e de suas transformagées em uma “economia na ional"; regionalizagéo como produto do deseavol- (@® — UPIETZ, (1977) — “Intercimbio | em_sen- ido amplo® corresponds & articulagio externa e “ince bio em, sentido restrito” corresponde & integrasio: (5) — No. que néo fosse interessante -nem| neces sirfo, mas os limites desta nossa contsibuigdo obrigam a deixar de considerar toda a problemética, fimdamental. pa ra a Geografia, que envolve o concsio de resiio, {000 © dedaie te6ricormetodolosico que diz respeito, de um lado, 42 propria existgncia objetiva da regiza, = do outro, para Os que sustentam a sus objetividade, a sua mauureza, 24 vimento desigual interno ¢ do caréter © ritmo dos conflitos sociais nas diversas partes (regides). No caso brasileiro a divisio territorial do trabalho se apresenta sob 0 controle hegeménico da produgio capitalista através de seus setores de produg2o mais avancados, hierarquicamente subordinados a0 ca- Pital internacional de eardter monopolistico; — tem sua especificidade dada pela dominaso de uma forma de reproducao do eapital e de suas re- lagbes de produgio © a que correspondem, de forma nGo mecinica, uma estrutura de classe peculiar, in~ corpora-se uma especificidade da estrutura de domi nago politico-regional; — € uma realidade em que as classes dominan- tes locais “fecham” 0 terrt6rio & penetragio de for mas diferenciadas de geragio do valor © de novas relagées de produgtio, na medida em que através da dominagtio politica conseguem reproduzit a relagéo social de dominago predominante; — tem sua especificidade determinada nio ape- nas internamente mas também pela sua insergio em ‘um todo mais amplo, que se reproduz sob os esque- mas da reprodugdo ampliada do capital, ¢ que inclui outras “reg:des” com niveis distintos de reprodugéo de capital « relagao de producto; — no © espago social locus de dominagao de um outro modo de produgio nem de wma forma- fo social singular, pois trata-se da constituigio do regides dentro do uma formag2o econdmico-social dominada pelo modo-de-producéo capitalista. Finalmente, sustenta o autor que a extenso da etapa monopolistica do capital a todos os ramos ¢ setores de atividade econdmica de um dado terti- t6rio nacional implica um processo de desapareci~ mento da “regio” tal qual a conceituou, como fruto, ‘da fusio sucessiva de vétias formas de capital: pre- dominincia do capital industrial, fusio do capital Dancario e industrial ¢, na ctapa monopelistica, pela especial fusio: Fstado-capital monopolistico. Para Alsin Lipietz (1977) (6), — 0 espago sécio-econtmico concreto & pro- duto da articulagio das espacialidades préprias as relagdes definidas nas diferentes instancias (econd- mica, politica, ideolégica) dos diferentes modos-e- produgio presentes na formacao social dominada por um deles. Existe uma topologia prépria a cada rela- $4o social considerada. “A sociedade recria seu es- ago na base de um espaco conereto jé dado — “um capital £xo coletivo’ — herdado do passado” (p. 22) eujas transformagoes so sempre efeite do con- junto das instincias da formagao social; — a regio aparece como produto das relagdes interregionais (talvez. fosse 0 caso do autor dizer tet= ritoriais, espaciais) ¢ estas como uma dimensio das relagdes sociais que polarizam riqueza © pobreza, dispondo-as diferencialmente no espago. E preciso explicar quais os mecanismos que levam a polariza- cio a adquirir “a evidéncia de uma divisao espacial empirica”; — assim como 0 “fato nacional”, o “fato reg'o~ nal” tem a “realidade de totalidades concretas sobte- determinadas pela polarizago das forgas sociais © politicas” (p. 27); — a “armature” social de uma formagio s0- cial regional ¢ uma “regio de articulagio das rela @6es sociais que nfo dispe de um aparelho de Bs tado completo, mas onde se regulam as contra secundérias. entre classes dominantes ocais” (p. 33), © destas com as classes dominantes nacionais € até incernacionais. Contradig6es condicionadas pe- Ja fase atingida pela articulagao dos modos de pro~ Gugio ¢ do estédio atingido pelo capital local; — as relagGes inter-regionais se apresentam sob forma de articulagio externa através do mecanismo de interedimbio desigual em sentido amplo; sob for- (6) — Exe autor far 8 critica da concepsio em- pirista do espago (contida nos trabulhos de gedrafos e eo omistas) 2 partir da critica da concepedo empirisia do fempo feitn por L. Althusser. Dig textsalmente que $2. ut liza’ do que julga vélido da “Tetura” feta por este das obras de. Marx ma de integraglo, através do mecanismo de inter- ‘cAmbio em sentido restrito; — a acumulagio do capital se dé de forma d'- versa no(s) centro(s) e na(s) periferia(s): @ acu mulaedo “autocentrada” no centro e “extravertida” nna periferia e pela sintese, através dos mecanismos de intercimbio desigual dos dois processos (p. 65- 70). Sob 0 dominio internacional do capital mono- polista (€ segundo 0 autor, também dentro dos pa 328) estas diferengas sdo apreendidas como funcio- nals & divisio do trabalho, no interior de um proce: s0 de valorizaeio de um 96 capital, que reproduz as desigualdades de desenvolvimento entre as regibes auto-centradas ¢ extravertida (p. 82); — nos paises profunda desigualmente desen= volvidos, mas onde a produgtio conhece um mereado ‘inico, as relagSes inter-regionais assumem cada vez mais 0 caréter de “circuito de ramo” (7); —a permanente redivisio territorial do tra~ bbalho nao é apenas um dado da dimensio econémica, do movimento de acumulagio do capital, é também © efeito da reestruturagao das relagdes inter-classes, em particular da luta que trava o capital para decom- por © recompor a classe operéria, a fim d2 imped'r sua transformagio em “classe para si” (p. $9). A destruicdo dos “antigos centros industriais” tem essa finalidade consciente ¢ © deslocamento espacial da indistria € acompanhado de uma desqualificacio ¢ baixa de salirios ¢, freqiientemente, feminizagio da mio-de-obra (p. 91); — 0 desenvolvimento do capitalismo ¢ 0 pro~ cesso de articulagao leva 20 questionamento do bloco hhegeménico “tradicional” e sua substituicio por um “modernista”. A solugiio, que depende da conjun- tura econémica e politica, revela-se sempre no 4m- Dito nacional como aceleradora ou inibidora do pro €es60 de integracdo a0 capital monopolistic © des- dobra-se politicamente em uma ‘ago regional” ace Ieradora ou compensatéria (p. 144); — 08 conflitos inter-regionais decorrentes da rapide das transformagées envolvem, pelo menos de imediato, toda a “armature” social (dominantes ¢ do- 25 minados) da regio em dominagao ou em integra- cdo. Mas, pela sua esséncia, so conflitos que com muita faclidade acabam sendo dirigidos por repre- sentantes das classes dominantes locais ¢ so Vidos” por novos compromissos entre estas © 0 ca pital monopotista. As classes dominantes locais se reintegram na nova “armature” social em formacto (p. 146). Como dissemos, a nosso ver, as posigdes dos dois autores a propésito da natureza da regiéo (na realidade capitalista) © dos processos de tegionali- zacio so basicamente as mesmas. Sao realidades objetivas complexas (totalidades sintéticas contra dit6rias), produtos de provessos de diferenciacio do desenvolvimento dos diversos ramos do modo de pro- dugo capitalista em sua dimensdo espacial; produtos das repercussées desse desenvolvimento na estruta- za social em que hii uma especifieidade da domina- fo politica que “legitima” as formas de acumulag30 do capital face as classes dominadas ¢ face as di- menses nacional ¢ internacional de dominacto do capital. Isso permite, para ambos, a delimitacdo ter Titorial da regio. Criam-se, assim, as condigies de reprodugdo das relagdes de producio ¢ das relagées de forga dentro da composicio nacional ¢ internacio- nal das classes dominantes, das qusis a regio, como “armature” social, no dizer de Lipiew, & produto Gostarfamos, todavia, de comentar alguns as- pectos aparentemente divergentes entre os dois au- tores em cujas idéias nos baseamos, sem, infelizmente, aprofundar a andl‘se no sentido de resolver tais di- vergéncias. Para OLIVEIRA (1977, p. 30), “a regido néo seria outro modo de produgio nem uma formacao social singular” e “o que preside 0 processo de cons- tituigio das ‘regides’ € 0 modo de produgio capita- P — Segundo LIPIETZ (1977), p. 83, 0 “cireut- a de jam” Implics “

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