You are on page 1of 13
Tovey assy “sey emp nas sexiap ¥ opriiaqo {WHHID 9p 40s83j014 “ou eeaed ompumnnsuy ow 0 nopossesop spews 3] VDD on, dsox v vaenuooua (ee voxad ‘— opeprrerusd v seuatqosd soxaqduoo ‘wroy PuRsOW Eq “OTOL 2PIARED fue ap 8 eqap aw anb ossayu0> '$ 9p 19qp003 apod ond 0 $0 ey o1menbug emda 2 sorspass ‘09 We '2f0H “e180 ep sour 19 zapuayy ere of (9 tamnsoy OpSemMOIp ap yy ‘sa0ine s9893p 508 3 Sou osst opny, ‘srauaurep deroya seongnd sens, 's aou39qf OP owouTe laqos sooxays se ered ‘SMuIDy & ‘OSst JO © 9 sesueuD ap euep pu aseq tod ‘9 seg 8 oBS:puoo ep apna (ovum ap asemeay, x apos-optisy oveas of orSruyop essa ‘ueioy srequaurepuny ‘suoiseg sopepssa0au. tuo a1usosajope 0 no eSeprlosuod 2p os890 pepissooaN soq ¥661-20 zm. us pom, 1yseig ou oss: fay j orewry Pon eIUEA | oan « “pr [euoNP eanpAPH soup 2 cpbou8bd opbisodsuazor0g ‘S6Fe-628 (C10) +04 — S0c6-228 (TIO) * dS — opnvg os — OF6-1ESF0 daD TEE onuntuod ‘6z ‘olnmay ap song may / VOL] savouiag somaHTVW |) sad ondipa sep sopmaiasas soa, |) 661 V1S02 Va $4WOD SOTAYD OF SAQNaW VIDUVD OFTINa = SOLIAUI SOV SAGVAISSdDaN SVG 1 HISTORIA DA CRIANCA COMO HISTORIA DO SEU CONTROLE 41.1.4 erlanga: da Weratura tradicional ao enfogue bstorico — 1.2 A erianca “abandonada-delingiente”"— 1.3 Osurgimento dos tr- bbumats de menores — 1.4 0 controle sécio-penal das erlangas na ‘Amérlea Latina — 1.5 Conclusdo, 1.1 A ertanga: da Utetatura tradicional ao enfoque bist6rico Naquilo que num sentido amplo pode ser denominado cam- lico penal, a literatura relativa a jovens é de uma consideravel. Que no se possa afirmar respeito do tema “‘Criangas — sistema de justica pe das dificuldades de se encontrar parime- tos objetivos nao jucidicos para estabelecer uma diferenga clara ‘amas as categorias (criancas e jovens), pode-se afirmar que ‘escasse7"” de trabalhos sobre o tema “Criangas — sistema de tiga penal” deve-se, em grande parte, 20 uso eufemistico do termo jovem ou menor, que salvo indicagio em contririo, co- bre amplamente a intervengio da justi¢a penal sobre as criangas. ‘A abundancia da literatura mencionada anteriormente nao se traduz, porém, num maior conhecimento das dimens6es reais, do fendmeno. Mais que is firmar que a maioria arra- sadora da literatura es ibui decididamente para au- mentar a confusio, mistificando ainda mais o problema. Trata- ‘se de uma literatura que no apenas no resolveu o ‘nd da ques- lo” — a contradi¢io protecio-controle penal-dircitos ¢ garan- tias — como também nem sequer expds a questio. 0 contetido essencial da mensagem da literatura tradicio- obre o tema “'menores-controle social formal” pode ser re- jinte maneira: 0s instruments juridicos (penais) -ados 2 infincia, entendendo-se esta ultima como um dado w DAS NECESSIDADES AOS DIREITOS to comum a quase todas as ter Se foi a perspectiva his déncia a relatividade, arbitraried; enais, pode-se al Nam dos estudos hist6ricos mais profundos ¢ completos so- ippe Aries (1985) apresenta sua tese central Murmando que na sociedade tradicional, até meados do weenie XVI, nao se entendi: € entendida hoje. Ao dence Bat C2 £F encarada como um periodo de total depen ap6s 0 qual se adentrava imediatamente no mendo \dultos (p. 45). Um exemplo e prova disto é que o desconhe, wr ore # erianca por parte da arte medieval ni pode sex 3 uim mero erro ou distracio dos artistas (pp. 92-93), uido-se da pintura da €poca como documento cuja in, incia no pode ser desconsiderada, percebe-se que 6 seeulo apres 1 inversio da tendéncia representada pelo re. 5d organizada em torno da crianca (p. 107), Neste rengio da infancia, a vergonha e imentos de carate } | adupla tarefa de HISTORIA DA CRIANGA — HISTORIA DO SEU CONTROLE 13, longar 0 petiodo da infincia, arrancando-a s. Eo nascimento de uma nova categoria, goes de cariter a a petcepgio do tro elemento de importancia central na tarefa de reconstrugio historiea, .Na antiga Roma, 0 vinculo de singue contava menos do que © Ninculo da escola. Durante o tempo de Augusto, os secre Bascidos eam expostos nas portas do palacio imperial, macaahn, ito exclusivo da vida privada, o infanticidio eontinuou tendo uma influéncia quantitativa de bastante importa sante observar que apesar de no século IV o infanticidi mecado a ser juridicamente considerado um delito, foi somenre pes to XVI que comecou a haver uma certa repulsa social por Parte das classes populares. Repulsa que coincide, por outta In do, com a necessidade estrut Sp aksPertado na Idade Média constitui mais uma tarefa para mo. ‘alistas que para humanistas; (6) além do breve perfodo de de. prncia fsica, na Idade Média, percebia-se como pequcave adultos aqueles que hoje consideramos claramente como cing FRO B consolidacio da descoberta da infincia nos séculos XVI ¢ XVII ocorreu conjuntamente com o desenvolvimento doe sexe timentos sobre criancas corrompidas, um conceito abs 108 séculos ant Gerns tess de Aries se devem, entre outros motivos, 20 tins de se ter dado um enfoque psico-historico ao tern B interessante observar, contudo, que as profundas ¢ expli- Citas criticasfeitas por De Mause (p. 18), tese de Aries seeing, ‘sam mais a uma diferenga de programa de acdo (ausente da obeq 2. Neste ponto, seguem-se os resultados das in gages histricas de Ph 79) « (1985), \ | 4 DAS NECESSIDADES AOS DIREITOS predominantemente descritiva de Aries), do que a uma diferen- {¢a de constatagao de fatos hist6ricos. Assim, por exemplo, a xisténcia™ da crianga no periodo anterior 20 século XVI € exp! cada nfo pela falta de amor dos pais, mas sim pela falta de mat ridade emo ‘ma (De Mau: ‘para tratar a crianga como uma pessoa auténo- 178, 35). De forma similar a classificagio reali- zada por Ai Mause estabelece também uma tipologia das ‘etapas da infancia, mas sob a perspectiva dos diversos momen tos das relagdes entre pais € fillhos (De Mause, 1978, 82-83). No caso do infantic{dio, por exemplo, as afirmagdes de De Mause confirmam e reforgam a tese de Aries, sustentando que tal prati- ca foi considerada normal até 0 século XIX (pp. 51-52). Mas as profundas divergéncias entre os dois enfoques podem ser resu- midas na acusagio de De Mause sobre a tendéncia das investiga- ‘Gbes s6cio-histéricas que justificam, sem indignagio moral, as crueldades do pasado. Além de polémica, a investigacio de De Mause se destina a mostrar a evolugao da infancia também como ‘um amplo processo, mas no qual a luta pela diminuigio do softi- ‘mento morale fisico ocupa um lugar dle crucial importancia. Cria- daa infancia e abrindo-se plenamente a poss rupgio (a crianga corrupta como sujeito ativo ou passivo), langam- se as bases que permite tratar a infincia “abandonada- delingiiente” como uma categoria especifica. / 1.2 A ertanca “abandonada-delingiiente”” ‘ategoria de individuos débeis para quem a prote- mais que constituir um direito, consiste numa nao € sem motivo que uma das obras pioneiras nes- denominada The child savers: the invention of de- 1 salvadores de criangas: a invengio da delingiién- 1969). \s pelo moralismo dos situago que facilita a tarefa de reconstrugio hist6rico- ‘no exige um trabalho sofisticado de disponivel, mas sim adequada exposi- 10 histOrica dedicada ao tema do con- V. Sanders, 1970), pode-se identificar HISTORIA DA FRIANGA — HISTORIA DO SEU CONTROLE 15, amente uma certa correspondéncia com as teses de Phi- ie refletem um tratamento penal predominantemen- inado das criangas por parte dos adultos, pelo me- do século XIX, tanto em nivel normativo quando de execugao das penas.> inglés William Blackstone (On the criminal responsability of cbil- dren under the common law, 1769), que proporciona wma idéia aproximada vem ser pasrivets de qualgquer execucdo criminal. Qual é a édade da razto uma quesido que varia em cada pats. A lei ceil classificava os menores de idade, ou sofa, aqueles abaixo de vintee cinco anos em trés tapas: infantia desde 0 nascimento até os sete anos; pueia dos sete aos catorze anos; ep treras dos catorse em diante. 4 etapa de puertia ou tnfancla, era por sua tet, subdividida em duas paries igual: de ste a dez anos e melo (as 2:38, Infanti peoxima) © de def'e melo aoe catorse (a aetas pubertals proxima) Durante a primetra etapa da infancia e a segunda metade de etapa da in “fancia, @ ifantiae proxima, nao eram puntceis por nenbum tipo de crime. Durante a outra metade da infancta, cerca da puberdade, de deze melo a ‘catorse anos, eram puntvets Wo caso de serem declarados doli capaces, ou ‘S0ja, capazes de fazer mal; mas com diversas atenuatese sem que se aplicas- ‘0 rigor maximo da let. Durante a sltima etapa (da idade da puberdade fom dian), os menores eram punteets, sa com a pena capital , como com ppunivel com a pena capital. Mas,/ je existe pelo menos desde a época de Eduardo | Ii, a capacidade de discernie sobre a maldade de um ato ¢ de assumic a culpa) tw DAS NECESSIDADES AOS DIREITOS Se 0 século XVIII “descobre" a escola como o lugar de pro- 10 de ordem e homogenetzacdo da categoria crianca, 0 sé- XIX se encarrega da tarefa de conceber e colocar em pré- dia infaincia, existem alguns antecedentes que devem ser mencio- nados, na medida em que ajudam a entender a diregao e a Logica dos acontecimentos posteriores. Os primeiros antecedentes modernos do tratamento diferen- cial no caso dos “‘menores delingtientes” podem ser encontra- dos em disposigdes destinadas a limitar a divulgagio das ages de natureza penal supostamente cometidas por menores. Nesse sentido, existe uma lei sufga de 1862, transformada em lei espe- cial em 1872, com disposigdes que incluiam também a inimputa- bilidade penal dos menores de 14 anos (medidas similares podem, ser encontradas no cédigo penal alemio de 1871). Porém, em matéria de antecedentes diretos, parecem exi Neste sentido, € importante deixar claro que todas as disposi¢oes juridicas de cariter s6cio-penal (ambos os termos nascem e se de- senvolvem num processo de permanente confusdo) contidas na politica de reformas, referem-se invariavelmente a dois aspectos iio deve ser medida tanto por sua idade em anos € dias, mas pel de discernimento do delingtente. Uma crianca de onze anos pode 1 HISTORIA DA(CRIANGA — HISTORIA DO SEU CONTROLE 17 | adultos e (b) imposigio de sangdes especificas para as criangas lingiientes”. A-evolugio € as caracteristicas dos instrumentos juridicos des- tinados a0 controle dos menores devem ser necessariamente in- terpretados a luz da consciéncia social reinante durante as dis- tintas Epocas. As diversas politicas de segregagio dos menores, nol6gico ¢ nas conseqiientes teorias da defesa social que derivam desta corrente. ‘Conforme demonstra a esséncia de muitos documentos da época, a preservacio da integridade das ctiancas esta subordina- «da.ao objetivo de protegio da sociedade contra os “futuros lingtientes (8. J. Pfhol, 1977, 311). A confusio ja existente, soma- ‘se a consideragio indiscriminada dos conceitos da delingiiéncia ¢ pobreza, abuso e maus-tratos. Hi que se esperar até 0s n0ss0s dias para ver uma verdadeira organizacio da consciéncia ¢ rea- ‘cio social que reconheca 0 abuso ¢ 08 maus-tratos & crianga co- mo um problema grave, ¢ que sobretudo faz parte da esfera pi- blica. Nio é de se estranhar que o castigo das criangas vena sen- imado durante séculos por razdes de obediéncia, disci- ina, educagio e religiZo-Aligs, muitos anos depois que 0 infan- iSscomo ato explicitamente intencional, passou 2 encontrar forte reprovagio juridica ¢ social, 0s castigos corporais que ex- 1875, num caso de grande repercussio na im- 20 piblica, a menina Mary Ellen, de 9 anos de irada da guarda de seus pais por autoridades judi- ue ativou o caso foi a “Sociedade para a Pro- te¢do dos Animais", de Nova York. Este fato coincide coma cria- ‘lo da “Sociedade de Nova York para a Prevencio da Crueldade Contra Criangas” (S. J. Pfhol, 1977, 312). Também a reagio 20s maus-tratos de criancas, nna consciéncia social durante séculos, tem sido ent © resultado de uma alianca de interesses que no pode simples- ‘mente ser atribuida 20 aumento do niimero dé tais ocorréncias. ‘Uma interpretagio digna de se levar em conta afirma que pelo poder no seio da comunidade médica — neste caso nada aos Estados Unidos — através da qual os especialistas em radiologia tentavam superar a fungio de subordinacio na qual «stavam confinados por outras especialidades, foi uma causa de- 1% [DAS NECESSIDADES AOS DIREITOS ‘um instante fundamet da infan« , foi criado © primeiro tribunal de menores. Nos t6picos seguintes, tenta-se mostrar, resumidamente, as caracteristicas mais eclevantes de tais tribunais, a direcao que im- primem a politica de controle dos “menores”, bem como sua ex- tensio e implantagio no contexto latino-americano. 1.3 O surgimento dos tribunais de menores Inexistentes no século XIX, com a tnica excegio de Lllinois, em 1930 os tribunais de menores sio uma realidade em um na- mero consideravel de paises. Para oferecer apenas alguns exem- plos, os tribunais de menores foram criados em 1905 na Ingla- terra, em 1908 na Alemanha, em 1911 cm Portugal ¢ na Hungria, em 1912 na Franca, em 1922 no Japio ¢ em 1924 na Espanha Na América Latina, foram criados em 1921 na Argentina, em 1923 no Brasil, em 1927 no México ¢ em 1928 n0 Chile. ‘Como jf foi dito acima, a literatura descritiva-apologética so- bre o tema “‘menores-delingiientes-abandonados” possui uma di- mensio quantitativa enorme. Por essa razio, torna-se imprescin- divel concentrar-se naqueles momentos de criacio € divulgacio julho de 1911, constituin um documento-chave na tarefa de re- construgao hist6rica.* Dificilmente se poderia imaginar maior ‘audiéncia do que a existente no Congreso, onde se encontravam presentes a5 mais altas autoridades francesas no assunto, bem co- delegados oficiais e de organizagdes privadas de quase todos 's europeus € dos Estados Unidos. Trés foram as presen- 10-americanas: Cuba, El Salvador e Uruguai, sem que exista iva acste Congress fol obtida diretamente de suas fo Tribunaux Pour Enfants. ler Congres “Comptes rendus analytques et ethnogra fareel Kleine” Secre- HISTORIA DA GRIANGA — HISTORIA DO SEU CONTROLE 19 ¥ qualquer elemento que ponha em diivida que esta participacao foi meramente formal ¢ marginal. ‘Os temas tratados pelo Congreso foram altamente represen- tativos do debate da época, e podem ser resumidos nos seguin- tes trés pontos principais: a) Deve existir uma jurisdi¢io especial de menores? Em quai principios e diretrizes deverio apoiar-se tais tribunais para ol © maximo de eficécia na luta contra a criminalidade juvent 'b) Qual deve ser a funcio das instituig6es de caridade frente 20s tribunais € frente ao Estado? jema da liberdade vigiada ou probation. Fungoes josteriormente 3 sentenca. agenda do Congreso, que abriu caminho para a aprovacio uninime da cria¢io dos tribunais de menores na Franca lum ano depois, oferece algumas indicacdes de considerivel im- portincia, A primeira parte da primeira pergunta poe em evidén- Gino carter meramente ret6rico sobre se deve ou nao existir uma jurisdigao especial de menores. O detalhe tem importincia, jé que 6 forte moralismo que impregna todos estes temas determina a existencia de um altissimo nivel de consenso. Salvo pequenas ex: cegoes, a8 contradigdes neste campo juridico se caracterizam pe- la marginalidade ¢ banalidade dos argumentos. Tampouco se pode passat 20 largo da segunda parte da primeira pergunta, que ofe- fece bases que permitirio subordinar a tarefa de proteget as crian- as as exigencias da defesa social. O seg sma, Por sua Vez, Tegitima, com certeza, a participagao de instituicdes de cariter privado na delicada tarefa de controle dos menores. (© terceiro tema constitui um dos pontos mais espinhosos do ““diseito do menor", um aspecto que conserva toda sua vigencia ‘e que se refere fundamentalmente imposicio de sentengas de cariter indeterminado, assim como a intervencio da justica pe ‘nal com respeito 20 comportamento nao criminal dos menores. Contudo, a verdadeica importancia do Congreso de Paris, nao deriva nem da enorme adesio que recebeu, nem de sua re- presentatividade no mundo politico-judicial. Seu carter de mo- mento decisivo na hist6ria do controle sécio-penal das criangas provem, sobretudo, postos de forma sistematica todos aq ‘quenas variacdes, constituem até hoje uma constante, recorren- te na arrasadora maioria dos discursos oficiais sobre 0 menor “abandonado-delingtiente” ‘S40 dois os motivos mais importantes, declarados pelo Con- igresso, que servem para legitimar as reformas da justica de me ores: as espantosas condi¢des de vida nos circeres, onde as crian- 20 DAS NECESSIDADES AOS DIREITOS cas cram alojadas de forma indiscriminada com os adultos, ¢ 2 ‘matidade ¢ inflexibilidade da lei penal, que, obrigando o res- lo direito de menores. A atribuicao de um cardter revolucionario a estas reformas por parte de seus recebedores — do qual 0 contexto latino- americano € um bom exemplo — constitui uma interpretagio sub- jetiva e absolutamente errénea. No discurso de abertura do Congresso, Paul Deschanel, de- putado e membro da Academia Francesa, encartegou-se de afir- mar 0 contrario de forma clara e explicita: “Estas conferéncias sio necessarias para demonstrar que as reformas que queremos nao tém nada de revolucionirio, e podem ser realizadas sem alterar substancialmente os cédigos existentes, com uma sim- s adaptagio das velhas leis as necessidades modernas” (Atas, Mas a protecZo € preservacdo dos jovens ‘ndo constitui 0 Gnico motivo declarado da legitimidade destes tribunais. No final de seu discurso de abertura do Congresso, Des- chanel expe outros motivos que ajudam a compreender 2 real dimensao dos probemas expostos: “Sinto-me muito feliz por po- der transmitir uma f€ profunda no futuro dos tribunais para crian- as. Tenho certeza de que em alguns anos todos os paises ci zados 0s terdo organizado completamente. Estes tribunais se trans- formardo, em todas as partes, em centro de acio para a luta con- tra a criminalidade juvenil. Nao somente nos ajudario a recupe- rar a infancia decaida, como também a protegé-la contra o peti- go moral. Estes tribunais poderio se transformar, também, em auxiliares da aplicacio das leis escolares ¢ das lei do trabalho. Em seu redor, agrupar-se-Zo as admiriveis caz, Ao mesmo tempo em que manterio a repressio in vel, proporcionarao uma justica iluminada, apropriada aos que devem ser julgados. Serio também a melhor protecdo da infin- cia abandonada e culpavel e a seguranga mais eficxz da socieda- de” (Atas, 1911, 49). Lendo-se as atas do Congresso ¢ comparando as dicussdes € 2s com as conclusbes (Atas, 1912, 683-685), pode-se apre- facilidade a grande influéncia do delegado americano. imacio, a priori, de sua presenca se devia 20 fato sm pais que nao somente foi pioneiro na matéria, -m foi aquele no qual a politica s6cio-penal de meno- jor nfimero de realizagoes administrativas con- HISTORIA DA CRIANGA — HISTORIA DO SBU CONTROLE 2 cretas. Mas ndo se pode esquecer que os juristas europeus di époc due se ocupavam do tema “menores” elogiavam permarientemen te o pragmatismo ¢ a flexibilidade dos americanos, que se carac terizavam por seu absoluto afistamento das formas dogmatice juridicas}'Tem razao Anthony Platt (1969, 46) 20 afirmar que, s 05 europeus se caracterizam por sua contribuicao a0 desenvolvi “mento da teoria penal, os americanos representam uma posi¢a: dominante em matéria de administrag2o da questio penal. A con iribuicio do delegado americano a0 Congreso de Paris, pontos mais importantes convém recordar aqui, confirma plenz mente as afirmagées de Platt. A clareza da intervengao do delegado americano C.R. Het derson torna supérflua qualquer interpretagio ou comentario ad. cional. Pode-se dizer, em todo caso, que 0 enfoque de Hende: son parte da eliminacio total de qualquer tipo de relativismo, f xando _categorias absolutas © universais amparadas no marc “cientifico”” do positivismo.. Assim, afirma que: = “Em primeiro lugar, a psicologia demonstrou a existéncia d diferengas radicais entre as criangas € os adultos, pondo em rele Vo 0s tragos caracteristicos da adolescénci oA crianga no ¢ mais um adulto em miniatura, nem em coi po, nem em espirito: € uma crianga. Possui uma anatomia, um fisiologia ¢ uma psicologia proprias. Seu universo nio é mais do adulto. Nao € um anjo nem um deménio: € uma crianga. ¢ estudo da infancia se converteu numa ramificagao de uma ciér cia especial. A divulgacto do resultado destas investigacdes pre duziu uma revoluci0 nos métodos educativos. Os principios da investigagdes deixaram de ser teorias abstratas ¢ especulativas pat se transformarem em generalizagdes resultantes de fatos © expt as. AS escolas-reformat6rios se converteram et fe cincias pedagogicas, des de cariter filantr6pi iniciativas em favor das criancas abandonadas. Se descobriram simultaneamente as necessidades da crianga € 0s €1 0s dos procedimentos legais. Muitas dessas pessoas sio jurist2 profissionais" (Atas, 1912, 56) Se 0 século XVII fixa a categoria social da crianga tomar do como pontos de referéncia a escola, 0 inicio do século X. assiste a uma fixacao da categoria sécio-penal da crianca, qu tem como pontos de referéncia a “cténcia” psicoldgica e um estrutura diferenciada de controle penal. Parece fora de discussio que nem toda politica de reform: responde a meras raz0es humanitétias como conseqiiéncia de mt dancas na consciéncia social, quando se descobre a “incapacid: ae DAS NECESSIDADES AOS DIREITOS idade” das criangas, sobretudo ao se tomar em conta Hfenderson: dificagdo do direito penal e processual” (Atas, 1912, 57). fato dos partidarios das reformas repetirem e darem enfa- 0 revolucionario das mesmas, € explicado pela ‘oduzir mudancas de tipo processual que resguar- iscricionario das medidas a serem adotadas, evi- com as teorias penais dominantes. Para que 0 Estado possa exercer as funcdes de ‘‘protecio e controle" (im. Possivel separar ambos os termgs), é necessario modificar ra ccalmente os prineipios processuais pr6prios do direito ilumini ‘a. Isto se consegue, em primeiro lugar, anulando a distingao cn. tre menores delingiientes, abandonados e maltratados, uma pro. osta que encontrou eco na Resolucio III do Vill Congresso Pe- nitencidtio realizado em Washington em 1910. fas a pedra angular das reformas se bascia em alterar subs- tancialmente as funcdes do juiz. O delegado belga no Congresso de Paris, 0 famoso professor de direito penal M. Prins, afirma que @ jurisdi¢Zo de menores deve possuir um carater familiar (Atas, 1912, 61). Em diferentes graus, todos os delegados concordam com este principio, cujo requisito para plena realizacio passa pela anulagdo da figura de defesa. Neste sentido, tornam-se claras 28 palavras do delegado italiano que, citando Garofalo, afirma: a intervengio do defensor nao parece necessaria porque quase Sempre, em nosso pais, a defesa nio se limita — diz Garofalo — a oferecer desculpas para os piores atos delituosos, mas também a fazer sua apologia” (Atas, 1912, 250-25 ‘Com pequenas variagdes, os participantes do Congreso con- cordam com a necessidade das sentencas de carter indetermi- nado. Sea condigao indispensével para a protecio € a sentenca, somente uma sentenga de cariter indeterminado poder conver. tera io num fato permanente. A delegada belga na Comis- s Patronatos, Madame Henry Carton de Wiz fixo constitul uma pro- ‘empordria. Uma sentenga indeterminada converte a pro- cm algo de cardter permanente” (Atas, 1912, $45), © encerramento do Congresso, abre-se uma nova etapa ‘controle-protegao" de toda uma categoria de in- idade e incapacidade” deveria ser sanciona- HISTORIA DA CRIANGA — HISTORIA DO SEU CONTROLE 25 t 4a juridica e cultiralmente. Apesar das fungdes centrais outor- fgadas as insttuigdes privadas,o Estado se reserva, na prdtion, & tarefa de organizar e supervisionara assisténcta s6cio-pen: sendo incomodado por exigéncias de seguranga ou garantize Fidicas, Langamse, desta forma, as bases de uma cultura estar de assisténcia que nao pode proporcionar protecdo sem aise re, via clasificagio da natureza patologica: uma protegao s6 conce, bida na medida das distintas vatiacoes da segrega¢io que, a2 lor das hipsteses, reconhece a crianga como objeto de compat, xo mas nunca como lndividuo detentor de direitos Sem pretender que este ponto se converta numa descrigio € andlise exaustiva da nova politica de controle dos menores, o ‘mesmo proporciona 0 marco imprescindivel de referencia pure se entender o rumo que toma a politica de menores no contests latino-americano. De forma similar que em outros campos de di, ino-americanos redescobritam 0 problema do nal dos menores" num marco conceitual pre. viamente formulado. Uma influéncia maior das Correntes atgro, pologicas em criminologia,além dos problemas derivados do pro. cess0 massivo de imigragio em muitos paises da fegido, comet ‘wird os marcos diferencias de um problema a respeito do qual, por diversas razdes, $6 se apresentam aqul algumas bases bora discussio. 1.4)0 controle sécto-penal das criancas na América Latina fa América Latina, investigagdes no campo da his- sobre a especificidade do proceso que cria fixa a categoria infancia. Os escassos dados disponiveis para o perfodo anterior e pos- terior & conquista carecem de uma sistematizagao minima que per- ‘4.2 compreensio dos tragos caracteristicos do controle sécio- penal da infincia durante tal periodo. Apesar disso, fica claro que 0 ‘‘descobrimento" da crianga “delinqtiente-abandonada” como problema especifico no cam- po do controle social ocorreu no inicio do século XX. Até meados do século XIX, o retribucionismo contratualista dos (incipientes) cédigos penais vigentes costumava distinguir dda inftncia € 2 histseia de ‘expeeifica de reconstugio hi ‘oncentrada na pesgulsa coordenada por E. Ga 4 DAS NECESSIDADES AOS DIREITOS erta Clareza os menores delingiientes infratores e os meno- bandonados ou em estado de perigo moral. Em termos ge- s, fixava-se a idade de nove anos como limite da inimputabili- absoluta, adaptando-se, para os maiores dessa idade, os con- de discernimento para decidir, por parte dos jut es penais ordindrios, a possibilidade de serem aplicadas as san- ‘ces correspondentes.® Obviamente, 0 movimento em gesta¢io na Europa, descrito ‘no ponto anterior, nao poderia passar despercebido na América Latina. O positivismo “cientifico” criminol6gico, importado em sua versio antropol6gica mais ortodoxa, ainda que sob um manto psi- cologista, encontrou no “problema dos menores"” um campo ideal para estender e consolidar seu poder perante os representantes do dogmatismo jutidico. ‘Num ambiente de agudos conflitos sociais que geravam uma recolocagio subordinada no mercado internacional durante as pri- meiras décadas do século XX, a criagio dos tribunais de meno- res aparecia como a resposta mais adequada, apesar de insuficien- te, para 0 controle de infratores potenciais da ordem. ‘Simuleaneai ‘mesmo antes de alguns paises europeus, foram criados tribunais de menores em 1921 na Argentina, em 1923 no Brasil, em 1927 no México ¢ em 1928 no Chile — s6 para mencionar alguns exemplos. ‘Tomando-se a Argentina como exemplo paradigmitico” pode-se perceber que as metéforas utilizadas para legitimar esta juridica correspondem aos contetidos de uma clas- se dirigente agropastoril. Nas palavras do diretor da Seco de Me- nores da Policia de Buenos Aires, os tribunais de menores eram criados “pela satde fisica da raca, por sua satide moral, pelo por- vir das novas geragdes, pela grandeza da pattia; € indispensével cuidar a colheita humana e prestar 2 infincia a atengio que me- rece... O governo ¢ a sociedade argentina tém dado repetidas pro- 6. Para este ponto conftonte-s¢ Sistemas Penales y Derechos Humanos en ‘America Latina (Raul Zaffaront, 1988, Coordenadon), ‘complexas, que nfo hos cabetratae aqu, pode se afirmar que riticas) riminologieas ao context latino-ametieano sleangam se construcio historia do desenvoiviment o por Kosa Del Olmio, no qual me apoio para HISTORIA D4 CRIANGA — HISTORIA DO SEU CONTROLE 25, t vvas do quanto Ihes preocupa a soluco deste problema com a pro- mulgacio da Lei 10,903, com 2 criaclo dos tribunais de meno- res, a designagio da Delegacia Judicial de Menotes como casa de observacio ¢ classificagio médico-psicol6gica da infancia aban- donada e delingi (C. de Arenaza, 1927, 36) leva a novos problemas. Um dos mais impor- frente 205 casos de aban- (ou seja, frente aos compor- cervencio j dono material ou moral da infinci tamentos nao “delingtient Apesar de dificilmente se poder conceber uma interpertagio mais ampla do abandono material ou moral do que a cot artigo 21 10.903 (denominada Ley Agote, que inclui a “ven- da de jornais, publicagdes ou objetos de qualquer natureza nas ruas ou lugares pablicos...”), 0 fato de os juizes de menores 86 poderem intervir nos casos em que os menores comparecam co- ‘mo autores ou vitimas de um delito constitui um problema de grande importancia para uma cultura politico-social que 6 con- ccbe a protecio como uma forma de controle repressivo, ~__ Oempenho pot cancelar todo tipo de distingao entre meno- res delingiientes © abandonados se converte na profecia que se auto-tealiza, Carlos de Arenaza expressa esta situagio com as se- guintes palavras: “Dé-se que, em determinados casos, simula-se ‘ou acusa-se a crianga de uma contravengio para que a agio pro- tetora do Estado possa tornar-se um beneficio” (p. 38). A questo dos menores “‘abandonados-delingtientes” € co- Jocada em termos tais, que somente a eliminagio de todo tipo de formalidades juridicas constitui a tinica garantia de eficécia das tarefas de “protecio-repressio Nas palavras de Raul Zaffaroni (1984), € a minimizacZo for- ‘mal do controle para se atingir 0 maximo de repressio material. Por isto, em termos gerai de reformas nao se esgota na criagio de uma jurisdigio separada daqucla dos adultos. Ela do possivel, a idade maxima da inim- quantitativamente a parcela da po- ‘mas despojada de todas as garantias formais do processo penal, Um jurista brasileiro da época oferece uma sintese clara des- carter principal desse icidade, Simpli- na organizacao. Simplicidade nas praticas do julgamento. ‘dade na aplicacio das medidas de cariter educativo ou co- ivo... Tribunal numeroso equivaleria A morte da luminosa cria- - Basta um juiz para julgar. Mas esse juiz deve ser exclusivamen- teum juiz para menores; no deve, ndo pode exercer outra funcio. 2 DAS NECESSIDADES AOS DIREITOS is grandes cidades, ou nas regides onde o coeficiente ide € mais elevado, se torna necessiria a criagao de impenetravel que é a alma infantil. Cada qual deles sera um juiz calmo, amorivel, dedicado ao seu sacerd6cio. Julz-pa, el a expresso que melhor o deveria carac- ‘Nada de afectagbes prejudiciais, Nada de inquirigSes pabli- cas. Nada de acusagio e de defesa “0 critério adaptado € este: segregat 0 acusado do piblico, principalmente dos outros menores. Nao admiti, senfo em ca. 50s singulares, a acusacio, que busca sempre entenebrecer 0 qua- dro, auments. « culpa do acusado, nem a defesa, que procurando atenuara mesma culpa, poderé levar 20 cétebro do menor a con- viegio de que.o facto delictuoso de que se faz réo € uma ninhaia, um nonada, uma acio trivial, perdodvel, que ele podera repetit a vontade, entregue as suas paixdes, sem receio de punicio. 10 pai. £0 que diz o juiz Tuthil, de Chicago, atilado e eminente julgador de c-nienares de menores acusados de faltas mais ou menos graves’ (L. , 1924, I, 7-80). _ Aconfianea cega na “cientificidade” dos instrumentos da me- jologia ¢ sobretudo da psicologia criminal, uilizados sob © prisma do positivismo, determina objetivamente a destruigio do principio de legalidade. O delingiiente — principalmente a crianga — nao é mais 0 comprovado infrator da lei, mas se torna ategoria de individuos frigeis quem os instrumen- rmitem detectar exatamente como delingt O trabalho do laborat6rio de biologia infantil , inaugurado em 1936, do Centro Médico Pedagégico de observagio de Roma de 1934, constitai um bom exemplo das tendéncias anunciadas anteriormente, Para dizé-1o s palavras de seu diretor: “Estes centros de investigagio ica da infincia e da adolescéacia devem ser... dotados de (0 meios indispenséveis, tanto em material como em pes- se3840 por classificar, ordenar ¢ estudar o desenvolvi- menores “ delinqtientes-abandonados’’ permite supor \¢des oferecem um quadro quantitativo bastante o panorama geral desta categoria de individuos vul- HISTORIA DA CRIANGA — HISTORIA DO SEU CONTROLE 27 ‘ neriveis. Nada mais distante da verdade, A descomunal falta de ‘ia e a imprecisio das definigdes nor estreito mundo da ‘‘anormalidade segregada”. As caracteristicas dda crianga “‘delinglente-abandonada’” resulta dos tracos das ceriangas capturadas em algumas das intimeras instituigdes totais da “protecio-repressio””. Com relagio a0 cariter indeterminado da sentenga, salvo ra- ras excegdes, 0 consenso € uninime. jucador e jurista mexicano Manuel Velézquez 1 das poucas excegdes 3 corrente dominante contudo, que sua posicio nao se origina nu- ia ruptura do principio da legalidade, ou muito vviolacio de certas garantiasjuridicas. Sua po- sigio responde a exigéncias da eficacia na tarefa de repressio da juvenil sob a perspectiva da defesa social. Mas ‘um delingiiente em potencial ¢ teati-1o com uma profilaxia edu- \dequada” (M. Velazquez Andrade, 1932, 49). Em todo caso, fica claro 0 contraste de sua opinido com as ias de seu tempo: ““Conhecemos muitos casos de delitos juvenis cuja causa € ‘2 incerteza da duracio da reclusio que sempre se considera in- justa. A resolucdo de um juiz. que sentencia reclusio ilimitada a uum adolescente ou jovem, por todo o periodo necessério para sua educacio ou preparacio para o trabalho, € contraproducen- te para o proprio interessado.... Quando o jovem delinquente nio conhece 0 tempo que durara sua pena, vémo-lo entregue a um desencorajamento moral constante, a um desanimo dificil de ser vencido, a uma repugnancia por qualquer esforgo, mesmo que seja em Seu proprio beneficio;... Am conduta destes jovens pa- rece irredutivel a termos desejiveis — ao contrario daqueles que sao sentenciados a um tempo determinado. Estes sempre tem uma lata que esperam alcangar; observa-se neles uma vontade de nio retardé-la ou alongi-la com novos delitos ou reicindéncias; esforcam-se por parecer — ainda que realmente no o estejam — arrependidos ¢ influenciados pelo tratamento educativo, pe- ico) possui 0 duplo sentido de, por um lad argumentos de uma voz dissonante a respeito do bblema da determinagio/indeterminagio das sentengas tro, compreender que tais contradigoes nio afetam a esséncia da DAS NECESSIDADES AOS DiREITOS minante neste plano do a0s menores, subordi le, parece ser um pot juridico. Mais ainda, a prote- ida s exigéncias de repressio ¢ con- fora de discussio em seu discurso. Os ‘o-estrutural, descritos de forma geral transparentes. Além das consideragécs comuns na época, as propostas de Ve- ibstracm do conflito social reinante. Sua iente da ‘Casa de Orientacio para Varoes”™ no inicio deste ponto, sio de carater racista, muito lizquez Andrade no se at 4 mais apropriada” (p. 59), nenhuma forma reduzir a enorme influén- cia dos avangos ameri Existem, contudo, al Em meados dos anos minol6gica, a um movimento que, t estende-se a todo o contine logia criminal, descavolvem. entes psicol6gicas ¢ pedagégicas que no campo da teoria cti- tendo como epicentro a Ar- ‘te. Nos limites da antropo- vez com maior forca, as cor- aparecem como os maiores culpaveis. desenvolvimento des: sa tendéncas nfo se redur 208 es {reitos limites dos consultéri = (cu médicos ou 3s universidades (cu- deve ser subestimad: iprcsentados ao Parlamento Arge Pode ver, dois deles sio anteriores até criagio da primeira lei ‘a de menores. Convém trans- crever aqui um resumo dos fundat 's do conflito dominat inte na época fazem referencia de um enfoque juridico ¢ um enfoque HISTORIA DA CRIANGA — HISTORIA DO SEU CONTROLE 29° © problema da inimputabilidade do debate. Des- o-psicolégicas Iutam por ‘um aumento da idade da inimputabilidade nos termos das leis pe- nais. A conclusio resultante destas posicdes conduz paradoxal- mente 4 cxigéncia da extin¢Zo dos tribunais de menores. Da for- ‘ma como a cultura dominante concebe a protegao de scus indi- viduos mais vulneriveis, as tinicas formalidades admitidas sio de carter puramente disciplinar. Dificilmente se pode encontrar um exemplo mais claro da “medicalizagio"" dos problemas sociais do que 0 desctito abaixo: ‘Nao havendo castigo para as criangas delingiientes, mas gio protetora do Estado, que significado teriam os tribunais pa- Fa menores? Seriam absolutamente inateis. “Se as cortes juvenis constituem um aperfeigoamento das ins- tituigdes juridicas dos Estados Unidos e da Europa, podemos re- solver nosso problema com um critério mais moderno e dar um inda mais decisivo no sentido de progresso. crianga que tivesse cometido um ato anti-social seria ruto de Observacio ¢ Esclarecimento levada diretamente do Departamento N: doso estudo médico-psicoldgico, seria encami -

You might also like