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7 | NOGAO DE NORMALIDADE J. Bexcener Em medicina somatic, fram frequentemente debatides 0 normal” e 0 “patl6gica” © Ccanguilhem (1966) censagrou um estudo & pesquisa dae variagSes da homogencidade e da continuldade no nivel dessas duas nogées: ele conclu pela redugéo da margem de wlevincia ‘a0 meio, na doenga; para ele, @ homnem "aormal’ é aguele que se mantém adapiado a set ‘meto. Essa conceptio parece poder sr retomada em psicopaceloge. ‘Antes dos abalos de Feud. os ysiquatras consileravam, por um lado, as pestoas divas “noemais, por cutro,0¢ “doenies mentas", que agrupavam globalmente, apesar de todas a disuingdes adn ‘0s ncuréices © es pscSicos no meio de outras entidades menos claramente definidas. ‘As publicagées de S, Froud ¢ do sua escela se refeiram essencialmente 20 complexo de Baipo es neuroses demonstaram que née havia nenhu fosso fundamental entre oindvi= duo repotad normal eo neurstico, quanto as grandes lintas da esitatura profunds. Portanio, desenvolveu-se a seguir a teadéncia a dispor de um mesmo lado as pesscas “sadias” « as rneuitcas (ou sea, 05 Sufeltas nos quals 2 personalidad se organiza em vom do complexo de Eaigo e sab o primado do genial, e, de out lado, aqueles para os quais © complexo de Edi no se encontia na posicio de orgaizador¢ para os qual a economia genital nio € 0 cessencial Potém, as pesquisas contempordneas estenderam, pouco a pouco,¢ campo de apicagio las descobertas freudianas ao dominio das psicoses se tornou cada vez mats even que hava tantos termos de passagem entre psicse e uma cera forma de “normalidade"quanto ‘ene neurose eoutra forma de “norralidade” std amplamente demonstrado, pela observacio quotigiana, que uma personalidad 1e- pputada como *nocmal” pode entrar em qualquer momento da existéncia, na patologia mental, Inclusive aa pscose,e que inversamente, um deente mental, mesmo psiétca, bem € reco ‘cemente ratado, canserva tolas as suas chances de reiotnar a uma siagAo de “nocmal~ de", Se ber que quase nao se ousa mais opor, de maneita demasiado simplista, a pessoas. “normais" aos “deentes mentais", quando se considera sua estrutura profunda em vez das rmanifestagios extertoces que correspondem 20 estado riomentnes ou protengad) no qual seencontra sua estrutura, endo uma mudanga nesta. Em suas distingSes, 0s psicopatologistas se mostiam mais prudentes e mais sensiveis, as nuangas e tendem a defini uma concepcdo da “normalidade” independente da node de ‘esirutura. Eles se aproximam, assim, da opinigo muito sibia do homem da rua, que estima ‘que um ser humano qualquer se encontra enn um “estado normal”, quaisquer que Seam seus problemas profundos, quando ele consegue conformar-se a estes e adaptarse asi mesmo, assim como 20s outros, em se paralsarinteriormente em seus brigatéios conflites, nem se Prconwonccn 131 fazer teeter (hospital, aslo, prlsZo etc) pelos outos,apesar das inevitévels divergéncas que ‘ocorrem nas relagees com ees. (0 bem-comportado, assim defnido, no seria sebretudo um doente que se ignora,¢ sim “um sijelo que trazconsigo a quantidade sufcente de fxagdesconfluats para ser tandoente quanto muitas pessoas, mais que ngo eia encontrado, em seu camino, dficuldades internas cextemas superiores a seu equipamento aftivo levedidio e adgulilo, a suas facuklades, pessaals defensivas e adaprativas e que se ermitiria um jogo bastante fexvel de suas neces sidades pulsionas, de seus process0s primério e secundirio, em planos tanto pestoais como socais Ievando satisateriamente em conta a realidad, Entotanto, para nde se fcar em um plano demasiado teético, endo ilico,deverse. fam distinguir as personalidades “normeis" das pesonaldades “pseudonormals’ As primelras crtesponcen a estruturasprofundas, neurticas ou mesmo psicclcs, nac- descompensadas (¢ que taNvez ndoo sejam jamais) estruturas estivese defintvas ems, que se defendem contra @ descompensacao por uma adaptacio & sua orignalidade, © que airés, celore de“agos de carater" seus diferentes compoctamentes rlacionas. 4s “personalidades pseudonormais’, 20 contrie, née covrespondem justamentea uma estrutura profunda estivele definitiva, de modo neutético ox psicsico, por exemple. Eas rio sto de al modo estraturades, em um sentido ow outta eso constituidas, de marcia AS vezes duradoura, mas sempre precia, por artanjos dversos, nfo tao orginal, que as com pelem,a fim de n2o se descompensarem na depressio, "ase fazerem de pessoas normals”; «om freaiéncia, mesmo, mais de “hipernormal” do que de original. €, de algure modo, una necessidade proteiora de hipomania permanente Falaremos disso novamente, 2 propSsito dos stados-limitrafes das neuroses de cardter, em particular. Mas, 0 bor senso detecta facilmenic, em cicunstancias socicldgicas diversas, esses “deres excepcionais” (aos quals, tanras outs dacepgaes narcsistas e juaam) que kitam simplesmente com ardae contra £0 imaturidade eserutural e sues frustagées, quetendo evitar a qualquer prego uma depressio ‘ufo perigo. nao obstant. nao esiédescartado, para sempre nem er todos os casos Equa tos “pequeros génios” se compoctam da mesma maneira em sua familia, seu baitro, ses meio de vida ou de trabalho, ‘atrscamos a chegar assim a uma concep duplamente ambigua da nosto de avmal- dade. Tarbsm nos parece mais razoivel dar umm recue Suplementar em relagdo a esse conceto «nos limitarmos a consideraro resulta funcional global, para nes refesiemos 8 denominayio de "bem-comportado”, qualquer que saa forma de boa adaptagto a uma “normalidade" ou a uma “pseudonormalidade’, tis como procurames precsar¢ defini REFERENCIAS BERGERET.~ ersonnalténormae tproleiyue, 1974, Dano, Pas ‘CANGUILHEM . Le namal et lepetholeigu, 196, PUR Pais, 226» DIATSINE R.— Du normal edu painiogiue dans Féoluion mena dee 1967. pp 2, Minnow54t€ ~A la ecerce dea owe en psychopatkologt, in re. Ayr, 1938, 11 nach tate,

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