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Consciéncia dos sons da lingua Subsfdios te6ricos e praticos para alfabetizadores, fonoaudislogos ¢ professores de lingua inglesa © EDIPUCRS, 2009) Capa: Vinicius Xavier Preparacdo de originais: Eurieo Saldanha de Lemos Revisdo: da Organizadora Editoracdo ¢ com pasicBo: Phenix Produgdes Grificas Impressao ¢ acabamento Dados Internacionais de Catalogagio na Publ C155 Conscitncia dos sons da lingua: subsidios te6ricose pri- ticos para alfabetizadores, fonoaudidlogos e profes sores de Ingua inglesa / Regina Ritter Lamprecht [et al.]. ~ Porto Alegre: EDIPUCRS. 2009. 352 p. ISBN 978-85-7430-881-7 1. Fonologia. 2. Inglés — Easino. 3. Alfabetizagio. 4. Fonoaudiologia. 1 Lamprecht, Regina Ritter ep 414 Ficha Catalografica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informagio da BC-PUCRS. PARTE | Consciéncia fonolégica: caracterizagao e avaliagao Capitulo 1 O QUE E CONSCIENCIA FONOLOGICA Ubirata Kickhdfel Alves Sobre a consciéncia linguistica Quando se esté conversando com wm amigo, em um am- biente de comunicagao inform: ior parte das vezes nao se presta aten¢ao deliberada ao c6digo lingu stico: tem-se a im- pressio de que a linguagem flui, automaticamente, sem maio- res problemas. O falante/ouvinte concentra-se, nesse caso, no conteddo da mensagem, na ideia principal daquilo que esté ouvindo e do que quer dizer, ou no que significam as palavras Nessas situagdes, pouea importincia é atribuida a estrutura in- tera das palavras, a9 modocomo elas sao formadas ou como se organizam, ou ainda & mancira como tais estruturas podem ser manipuladas, Em tais ambientes, pouca atengio € despendida. portanto, & estrutura da lingua, Entretanto, no que diz respeito ao conhecimento © ao us0 da lingua, o ser humano € capaz de ir muito além. O individuo € dotado da capacidade de refletir mente sobre o e6digo linguistico, tomando-o como objeto de andilise; possui, assim, a capacidade de se debrucar sobre a linguagem de forma conscien- te (SCLIAR-CABRAL. 1999), Dessa forma, 0 falante pode se con- centrar na mancira como os Limorfemas se organizam dentro de uma palavra, ou no modo como as palavras se organizam em isintazmas, ou, ainda, como as palayras so cons ALVES, U.K. +© que &conscisniafonolgica 32 cad jenteme! de sons, ¢ daf por diant sobre a lingua’ — que toma a Este ‘pensar consi ingua como objeto de reflexio e ate para uma comunicagio efici der jogos de lin guagem que rei significado, segundas intencoes e tantas outras ideias compre- ensiveis somente através do entend lin guisticos formais que, ainda por vezes discretos, se mostram bastante signific Direcionar a atencao para 0 cédigo tico, 0 qu je dos processos de produgio ¢ compre~ nento de certos aspectos vos. ng -m da automatieid: ensio li (CIELO, 1998). Esses pro ise em seus diferentes n sos implic objeto de a is, ow seja, ter conscién- dos sons, das es ntitic io dos termos s (a organiz: no sintagma), © dos aspectos da (seméntica (0 significado) © da Hipragmitica (a adcquagio © 0 use da determinado contexto), Tem-se. . un manda de atengao do que aquele utilizado quando se esti con versando informalmente com amigos, situagao em que pouco ou nenhum conhecimento explicit acerca da linguagem se mostra necessario. Assim, 0 falante & capaz de refletir sobre e de manipular, de forma controlada e deliberada, os aspectos do cédigo linguistico, o que permite descobertas sobre a est ¢ suas relages com 0 funcionamento e 0 uso da Iin gua. O indi- por abilidades de reflexdo e manip do e6digo em seus d viduo possu Consiécia dos sons da lingua 93 designada como consei- gua, trata-la #8 atengio s diferentes niveis. O componente so- to, constitui um dos aspectos que podem ser tomados pelo individuo como objeto de reflexao. E nesse nario cia fonol6gi noro da lingua, Consciéncia fonolégica A Cconscigneia fonolégica envolve um entendimento deliberado acerea dos diversos modos como a lingua oral pode ser dividida em componentes menores ¢, ent&o, manipulada (CHARD ¢ DICKSON, 1999). Al ade diversas f n palavras; as palavras ‘easa” pode ser segmenta- da em duas silabas: [ka] . [2a)); a stlaba, por sua vez, pode ser separada em (lonser e Lilrima (ex.a palavra ‘mar’: [m]e [ar}). A idades ainda laba da palavra ‘casa’, ha a nossa lingua). Conf seen a], que sao distintives visto em breve, conhecimento form: cdo de tais unidades implicam difer almente em fases distintas do eis de consei tes n Uma vez que a nogio de con scigneia fonolégica corres- to @ respeito das unidades deseritas flexao (0 que envolve constatagao e comparagao, conforme afir- 34 ALVES, U.K. +0 que @ consoencia fnoogia ndo uma habilidade de ul auditivo (COIMBRA, 1997b). Assim, 0 individuo capaz de falar sobre 0 seu proprio ‘e6digo, expondo suas descobertas e infer a respeito de ‘como os sons se combinam, quais as combinagoes de sons pos- siveis, também as que no ocorrem em sua lingua, Até agora, discutiu-se 0 aspecto referente a capacidade de reflexao do indivfduo, que compreende a an: rca da maneira como os sons atuam na lingua. Ress: ia fonolégica deve ser vista como nas um conhecimento acerca dos sons. hamar a atengao para a capacida- am Moojen ¢ co andlise e julgamer ise e 0 julgamen- E fundamental lar’? Ma lar envolve a capacidade de o falante desempenhar atividades como as de apagar, Pode-se ilustrar isso ao se sol icionar, ou substituir sons, por exemplo. itar que uma palavra como ‘fala’ a pro 2 palavea ‘ala’). Outra possibilidade € de que tal palavra-alyo seja produ- zida com 0 som inicial da palavra ‘macaco’, por exemplo (po- dendo-se obter, nesse caso, a pa 1a"), Caracterizam-se ‘como atividades de ‘manipulagao’, dessa forma, as operagdes sem o prime’ em que unidades fonoldgicas tais como Lfonemas, silabas, Js, unidas, adicio- nadas, suprimidas, substitu(das e transpostas (MOOJEN e cols., 2003). acho sido duas palavras-cha- fono- ve na definigio de consciéncia fonol l6gica, port nde capacidade de 0 falante rec nhecer que as palavras rimam igica. A consciéne’ (0, corresp: m ou comecam com o mesmo som e sdo compostas por sons indi que podem ser manipulados para a formacéo de novas palavras (FREITAS, 2003, p. 156). CConelénla dos sons da ings 35 Niveis de conscién: fonolégica A concepgio de ‘consciéncia fonolégica’ é muito ampla, nio correspondendo a apen 4 habilidade ou capacidade de manipulagio, ou apenas a um aspecto a ser reconhecido, Freitas (2004a, 2004b) enfatiza que no somente diferentes ha- idades, mas também difere guisticos (tais como en volvidos. fonolégica, entio, caracteriza-se por uma grande gama de habilidades que, justamente por serem distintas e por envolverem unidades ticas também diferenciadas, reve lam-se em momentos especificos da maturagio da crianga. a partir da unidade fingw ipulada que os niveis de conseiéneia fonolégica sio definides (MENEZES, 1999), ou seja, cada unidade ling! el de conscigncia Fonolégica. Isso sign’ conseiéneia fi tica de andlise relaciona-se fica dizer q olégica no nivel da sflaba, por exemplo, corres ponde & habilidade de manipular estruturas silébicas, 0 que dentre outras habilidades, a capacidade de segme palavra em silabas (por exemplo, a palavra ‘macaco” pode ser segmentada em tres ‘ca’e co’), Do mesmo mod consciéncia no nivel do fonema implica operar sobre unidades ainda menores que sflabas (por ex: palavra como ‘vaso’ nos diversos sons que a compéem: [v] [a] Iz] fob. U! e capacidades de operar sobre se que os diferentes incl ara conscii complexidade, indo desde uma sensibilidade as rimas de pala- do peta capacidade de mai trassilabieas (menores que uma sflaba)e indo até a menor unidade de som capaz de mudar sign’ epresenta o que esti sendo aqui d esenvolvem em ras, passa jo de sflabas € de unidades ado, © fonema, A figura a seguir 36 ALVES, U.K. +0 que 6 consetncia onligica Sensibilidade Conseiéncia _Censeineia_Conseiéneia as tim: nem palavras Figura 1.1 04 Conforme exp! 1999), no extreme menos complexo do co referentes ao reconhecimento de rimas de palavras (por exem- plo, a crianga p. palavras como ena € capaz de apontar ‘boneca’, ‘caneca’ e ‘peteca’ rimam). No centro do con que corr tem-se a ‘consciéncia no pacidade de resolve! mentagao de palaveas em labas (como a palavra ‘macaco’, segmentada em trés silabas), bem como operagées envolvendo a formagio de palavras a par- tir da uniio de « crianga j palavra ‘casa’, form ada a partir das si abas (por cxemplo, pode-se solicitar que a nte silabas isoladas para formar uma palavra, como a bas [kale [za]. Logo apés, ada r envolvendo aliteragées e rimas sildbicas! (neste mivel crianga & capaz de apontar ¢ fornecer rimas sflabicas como as ‘encontradas em ‘chulé’¢ ‘café’). Chega-se, finalmente, a0 outro extremo do cont 2—a0 nivel mais sofisticado de conseién- cia fonolégica ~ a consciéncia no nivel dos fonemas. Conforme idades intra © nivel dos fot seré visto mais atentamente em segu mas a indos sons dangue 37 saber reconh implic ‘er que as palavras sio constituidas de sons de cardter distintive, ndo a capacidade de mani- F tais sons di F, unir ou modifi agio a plo, a erianga ja se mostra ciente de que a palavra Tago’ é e uida de quatro sons e que, trocando-se 0 s If], tem-se outra palavra, ‘fago’) novas palavras (por exem - u som inicial por Caractorizago dos niveis de consciéneia fonolgica A nocao de consciéncia fonoldgica é ampla, envolvendo um grande niimero de habilidades de reflexio e manipulagio em difere we podem exibir um gr: or de complexidade. Ainda que no haja um consenso entre os, pesquisadores a respeito do niimero de niveis de conscigneia fonologica, a maioria dos autores costuma caractertzar os se es nivel aior ou me- ) A seguir, tem-se a caracterizacao individual de cada um des~ tas (2004a, b) e Coimbra (1997a, b). ses niveis, com base em Fr Consciéncia no nivel da silaba consti- A capacidade de segmentar as palavras em tui uma das primeiras habilidades de consciéncia fonolégica que emergem enire as criangas, No portugues, a silaba € mente distinta, sendo a unidade natural de seementacio da la, Assim, a consciéncia silibica € adquirida bastante cedo, 38 ALVES, U.K. +0 que 6 conscincia fonlégia 10. Em outras palavras, a an élise da nos esforgo por parte do falante do que mentos (ou seja, dos sons). unidade ‘silaba’exige m: andlise no nivel dos s: Obsery; vel da silaba quando a crianga ¢ capaz de bater palmas de modo bas da palavra, inverter a ordem das silabas na palavra em questao, adicionar ou exeluir silabas, além ba ini- m-se evidéncias da conseigncia fonolégica no ni a contar o numero de sil javra. No Quadro 1.1, a seguir, encon- dos em Freitas (2004b, p. 180+ ‘ou terminem com as Quadro 11 Habilid ades de consi el da sflaba cia fonoldgica no n Habitidade Es ma-caco 3 Inverter a ordemm das sflabas na palavra veces cava laba, porém maio- ipuladas. bicas que e rima, Esses dois constituintes da silaba vo ao encontro de um modelo de estrutura silibiea caleada na Teoria Métrica da Sflaba (SELKIRK, 1982). Observa-se, abaixo, a estrutura ar- bérea da silaba, proposta por Selkirk (1982). CConscinca doe sone dalingue 99 s Ataque (onset) Rima Naeteo code ip a v Figura 1.2 0 modelo de estrutura sildbica de Selkirk (1982) © ataque ou onset, em uma silaba, é a posigao silabica que compreende os segmentos que antecedem a vogal da silaba, p] esta na posi- Mibica c Assim, em uma sflaba como [pat], a con soante gio de JAbico, Por sua vez, arima inte que abarca todos os segmentos que nio \cteriza- is que possam seguir esta vogal © da sflaba (que ocupam a posi¢io de LLicoda da silaba). Por exemplo, em uma silaba como na palavra ‘p6' [po], apenas a tui a we a posigio de cod: preen- chida). 14 em uma sflaba como ‘par’ [pas], a rima é constituida vogal que ocupa a posigao de ue a segue [r] e que fecha ba, preenchendo a posigio de coda silébica. A conseiéne quéncia [ar], ow fonolégica Libico pode ser dividida em dois pos: ‘cons meira diz r mesm (como ‘4 je ~ grave) Os estudos da cons bico em lingua portuguesa, como os de Cardoso-Martins (1994), Freitas (2003) ¢ Santos (2003), su gerem uma maior sensibi ntrassilé- desempenhar um papel iesivel pelo favo crianga se encontra exposta desde cedo, bem como uma grande variedade de consoantes que podem seguir a vogal em 20 reconhecimento da rima xed [nukst] € monossilabiea. sendo encerrada pela sequéncia [kst] em coda). J no portugu na no se mostra tHo acentuada se comparada ao ingua conta com uw uma determinada silaba, 041 (por exemplo. a palavra ntimero de palavras polissi © podem seguir a voga A consciéncia no nivel intrassilébico pode manifes s de identificagio © produgio, atrav em tare de atividades em que o falante ¢ questionado a identificar ou a produzir pala- veas que ¢ onhecer ou produzir palayras que iniciem com 0 mesmo som de uma outra palavra que Ihe é dada, Os estudos sobre conseiSncia fonol revelam que @ consei- 4ncia no nivel intrassilébico precede a consciéneia na nivel das fonemas. Isso parece bastante natural ao se consid erar 0 fato de que a identificagao de rimas implica uma sensibilidade a seme- Ihancas fonolégicas (CARDOSO-MARTINS, 1995a), a0 invés de m trabalho analitico de segmentagao que identifique unidades, ainda menores, © que envolveria, dessa forma, um maior vo. O quadro abaixo apresenta tarefas, baseadas em Contec dos sone da ing Quadro 1.2 Habilidades de conscigncia fonolégica no nive Habilidade Resposta Esperada = Apor jeragoes prato preto = Apontar silabas que rimam bo-né cate E importante desen volver a consciéncia das unid ades in- abi tar o interesse p) tras: entre as eriangas, Além de contribuir par: despet © aperfeicoamento da intrassil abi a 0 desenvolvimento do préximo nivel de consciéncia fono- ica, o nivel fonémico (FREITAS, 2004a). Por isso, brineade: ras, musicas, histérias e quaisquer outros recursos que expo- facam uso de sons constituem uma tarefa de grande importancia para pai se linguist onsciéncia no niv ambém, 6 poder colabo! Di nham a crianga arimas e a jogos da linguagem qui professores ¢ fonoaudislogos. Ao se falar em ‘consciéneia fonolégi importante, ainda, que os termos ‘ima silabica’e Tima da pala- Os. ne JA foi d ba inclui a vogal e os segmentos que a seguem, dentro de u sejam nica silaba. J4 a rima da palavra pode incluir mais do que laba, isto 6, ela corresponde ao emparelhamento das pa S$ que apresentam sons iguais desde a vogal ou o ditor t6nico (mais proeminente) até 0 mo fonema (LAMPRECHT © cols., 2004, p. 218). As palavras ‘bor *e ‘peteca® representam exemplos de rimas de palavras, pelo fato de apr is desde a vogal t6nica, As palavras “efeito” e ‘peito’, por exemplo, também sao palavras que rimam por apre- sentarem sons i ALVES, U.K. +© que &conscisniafonolgica 2 sons iguais desde 0 ditongo nico, No que diz to Arima de palavras, grande & a facilidade de as eriangas pe- spei- quenas, desde, aproximadamente, os 3 anos de idade, brinca rem com os sons das palavras de sua lingua e fazerem rimas em atividades como cangées, versinhos ¢ outros jogos. Conforme visto na idade as rimas de palavras precede a conseigncia das unidades intrassildbicas. Em fungtio dessa pr cocidade, pode-se considerar a sensibilidade & rima das pala- vras como um nivel esp 1a fonoldgica, que propria consciéneia da silaba, pelo fato de ra 1.1, asensi ntecederia ver unidades que podem ser maiores que uma Gnica si a 7 REITAS, Novamente, reiter © que bas, mas também de palavras, fonologica ¢ para 0 inguagem. Acredita-se que 0 aperfeigo- simular a produgao de rimas fundamen- nao somente de tal esenvolvimento da conscién: 4:0 = Onset ou Ataque; R= Ri Consiécia dos sons da lingua 43 amento dese perfil analitico possibiitaré 0 desenvolvi da consciéncia fonolégica em seus diferentes niveis, tanto no materna como no aprendiz de segunda lingua (12), os dois focos de atengao deste livro. No caso do falante de lingua materna, 0 desenvolvimento das habilidades analiticas mente colaborard com a alfabetizagao. No caso de um ap diz de segunda lin, dar com sons © jogos de inguagem que facam de modo que ele perceba detalhes da organizacao sonora da lin- The passavam despercebidos. As implicagaes do desenvolvimento da consciéncia fono- cert a, incentivado so de reflexao serd agugada, gua-alvo que até Igica em seus diversos niveis, tanto no caso da a como no ambiente de ensino de segunda dos em detathes nos capitulos segu rel dos for Chega-se, agora, & verificagae da consciéncia no nivel dos fonemas, também chamada de Le ntes disso, € preciso eselarceer o que gu fonema é uma unidade contrastiva sao. parados de bos causa 2004, p.2 ca de significado (LAMPRECHT e col no portugués, /p/e /b/ sao fonemas®, poi ry substituigao de /p/ na palavea ‘pote’ por /b/ acarreta uma distin- io de significado (tem-se, entio, a palavra ‘bote'). No inglés, /t/ © AJ/ sio também fonemas, pois sto responsaveis pela distin - gio entre as palavras car [ket] (gato) © catch (kPetf] (agarrar) (MATZENAUER, 1999). Hino portugués, estes mesmos sons vo. Como exemplo, pode-se citar produzida diferentemente por um falante da Alegre/RS ¢ por um individuo natural da cidade de Recife/PE, Ao passo que o falante de Porto Alegre produzira a palavra com 0 som Wl veolar [t]. Mesmo assim, ambos os falantes estario falando-da mes- It] [tf] sto Batofones na ‘a palayea ‘i je de Porto dori a preservar a consoante ma coisa, Tem-se, a a promincia no que diz resp: icado, pois [t]e [tf] a0 © mesmo pode ser dito fonema /d/, como nas formas [43ia] [dia] para a palavra ‘di ndost Assim, a consciéneia non nese caso, dist so de significado, dos fonemas corresponde & capacidade de reconhecer ¢ manipular as menores unidades de som que possu n cardter distintivo na lingua. O individuo que paz de: Segmen- e enumerar palavras que acabam ou terminam com 0 mesmo, som de uma outra palavra; © excluir sons de uma palavra para formar 01 dentre outras ha- bilidades. Trata-se, assim, de um nivel mais complexo de cons- ciéncia fonoldgica, pelo fato de q se discrimina auditivamente mais fa ras exi na umidade como a iImente do que um s6 seg- nico se, laba Canscincin dos eons da 4% exige maior habilidade do ou vinte/! na produgio de novas palavras. Ian te, para ser manipulado Quadro 1.3 Hal lid ades de consciéncia fonoldgica no nivel dos fonemas dade = Seamentar a palavea em sons fala sons para formar uma outra palavea ast pia > Apontar palav = Transpo LaF) eh Sendo este o nivel de maior com plexid ade, deve-se pi suntar quando a eri fi meio a esse questionamento surge, também, a discussio sobre ca demonstra consciéne' isigao discutida amplamente na Parte II deste liveo. Consideragées finais Neste capitulo, diseu tiu-se © que signifi nolégica’. Verifie ose que a nogio de conseiéncia fe aracteriza um dos aspectos da consciéneia lin guisti coarticulatéria que o som apresentaria dentro do contexto da palavra. Ne texto, no seré feita uma discussao acerca do cariter apropriado ou no de ALVES, U.K. +0 que 6 consincia foncégia 46 cédigo c ema de sons da lingu: da caracteriz: veis. Conforme diseutido, os difer envolvidos em cada um desses niveis justi perfodes distintos no cada nivel de conscién de complexidade icam 0 fato de haver fe diz respeito ao desen ento de crianga. agio da conscién. ia para alfab tes er a pe A caract: a 6 de grande importani ores de segunda ecer subsidies tedricos breve, foram discutidas algumas das imp! cia fonolégica para a aquisigao da escri da conscién- caracterizam os principais pontos de discussio deste que se possa dizer que um indiv cutir os principais instrumentos d ‘a. A discussao sobre a per vios di entre conscigncia dos sons da L2 © percepgio/produgio dos sons da lingua-alvo s te livro, a partir do Capitulo 9, Nesses dois m de discussio, a caracterizagio de cons 4 discutida na ter ira e ltima parte des- precisard ser retomada modo mais pectos de ensino de nguas e de terapia fonoaudiolégica forem sendo abordados. ico ¢ focalizado, & medida que tais Capitulo 2 INSTRUMENTOS DE AVALIACAO DE CONS CIENCIA FONOLOGICA Ana Paula Blanco-Dutra A consciéncia fonologica, como se viu no capitulo anterior, pode de alfabetizadores, professores de segunda lingua e fonoaudidlogos, pelo fato de poder contribuir para a aprendizagem da por alunos e paci ém de facilitar a prai sionais envolvidos no processo de ensina-apre! O desenvolvimento da cons cia fonolégica se dé em um crescente. A erianga passa de uma fas em que no separa semantico para owtra na qual é capaz de Se, por um lado, torna-se essencial saber mais detalhada- to, por outro lado muitas diivid as pai- ficar as dificuldades na drea tam ao profissional analisar dados sobre o nivel de conseii fonolégica da crian: jonar atividad: cedii efou adotar pro- entos adequados as necessidades da mesma, na terapia Ta m teste tem basicamente a f c individuos, ou entre momentos ¢ fonoaudiolégica ¢ na sala de termos de definigao 0 de medir diferengas en| situagies dife! diz resp) (es em relagao a um mesmo individuo, no lid ade. Es to a uma dada caract a ou hal so, geralmente, atividades espontineas ou em resposta a tages espeeffieas feitas por um investigador, o qual bus- neia fonolégica, saber se as criangas e/ou com os sons da ing! podem detec- tar similaridades ¢ diferengas entre os sons, se podem dividir a palavra em sons & manused-los conscientemente, A avaliagao o acom panham ento do desenvel consciéneia fonoldgica tém sido feitos através de ins de um conjumto previamente organizado de tare vidades metafonolégicas. Esses instrum organizados em itens que seguem um grau de complexidade ja, geralme: tarefas s até chegarem as mais complexas. Isso porque os diferentes in fonol6gica também apresentam maior ou menor grau de complexidade, a partir do esforco cognitive exi- gido pela tarefa, As mpl io de uma operacdo acompanhada de resposta, por exemplo, a segmentagao de palavras em ante crescent P ou si pos de consi Dada apalavra ‘cobra’ ['kobra}, a cri em silabas: co ~ bra J as tarefas complexas exigem a realizagao de duas operagdes, como, por exemplo, manter na mem6éri vida enqu requer um modo de manipulagao, > de operagio, Dada a palavra ‘sala’ ~ [sal mem6ria a forma ouvida icar a nova palavra: ‘a a crianga deverd manter na base iden- nverter a ordem das sf a’ [lasal. Norma Ramos (2005) realizou um estudo no qual desere- ve cinco pesquisas sobre a conscién cia fonolégica em criangas ~ Conscinea dos sone dalingue 49 analisa 0s testes de consciéncia fonolégica contidos nos traba- 10s de Cardoso-Martins (1991), Cielo (1996), Coim bra (1997a,b), 1 (1997) e Menezes (1999). Nao se contemplo esta segdo a pesquisa de Cielo (1996), nem ade Menezes (1999), as quais envolveram criangax com desvios fonolégicos. Ramos (op.cit) faz um estudo detalhado, in vestigando os objetivos des- sas pesuisas, algumas concepgdes nelas presentes, a amostra contida em cada uma delas, as atividades de es habilidades metafon ologicas ¢ as con! Con do a autora pretende contribuir para o es mento do conjunto de investigacses sobre © papel dos instru- io de aval Santos ¢ Per mentes como bético. Ela constatou qu possfvei dizagem da lingua escrita, A realizagio de atividades que en- volvam conscigneia fonoldgica pode ser utilizada no processo de alfabetizagdo, na superagao de desvios fonolégicos e/ou quan- do hé compro: to na aprendizagem A avaliagio da conscigncia fonolégica em criangas pré- escolares ou escolares tem sido de significativa importincia para 0 entendimento da e% tim fonolégica e da sua interferén- cia no processo de aprendizagem da lingua escrita, Os resulta- dos dessas investigagdes api dizagem da linguagem escrita¢ dal esses instrumentos podem ser usados em adultos alfabetizagao. am, frequenten te, para a apr a, Deve-se ressaltar que n fase de 50 BLANCO-DUTRA,A.F. Principais instrumentos aplicados no Brasil A seguir, apresentam-se quatro propostas de av: as quais foram elaboradas para aplica- iactio de ins (1991) udia Cardoso-Martins apresenta um instrumento com- Posto por trés séries de tarefas, as quais avaliam a capacidade da crianga de id tem um item de exem, de testagem, e dentro de cada item w nulo ¢ trés palavras-teste palavra-est A seguir sera trazida uma amostra de cada ~Primeira série: a eri ca deve identificar, entre trés pa- lavras-teste, aquela que comega da mesma forma que a palavra- estimulo, imulo: picolé alavras-teste: bala ~ pires ~ rodo Resposta esperada: p ~ Segunda série: a crianga deve apontar teste que termina como a palavra-estimulo, palavra- Palavra-estimulo: pastel Palavras-teste: sogro ~ hotel ~ leque Resposta esperada: hore! CConscincia dos eons da i ~ Tereeira séri a crianga deve apontar aque! laba do meio da palavea-est teste que tem a mesma cada item obter em cada série sio 6 pontos. Coimbra (1997a,b) Miriam Coimbra propée um instrumento de avaliaga borado para investigar a habilidade metafonoldgica de criangas a partir de 5 anos, monolingues falantes de portugués ou do i sssas mesmas Lin gua um mesmo conjunto de estimulos. Para a autora, as criangas do ainda alfabetizadas, jd sao capazes de mostrar sua habi de metafon olégica no nivel do fonema ¢ do Ltrago distintivo quando recebem instrugao adequada em tarefas de eonscigncia fonolésii jogo € formado por 20 perguntas. No com: fantoches recebem nomes americanos, Dick € Spot, respectiva- mente, mas preser 52 BLANCO-DUTRA,A. P+ Instumentss de aval Depois de estarem bem f necos, as criangas so apresentadas ao fantoche narrador, Bingo (em inglés, Hubert), Esse boneco faz perguntas do tipo: fala ‘pato"(Ip"atu}') desse jeito? Dindo ou ar 0 jogo através dessa série de ito pergu fas por Bingo, pec 0. De~ pois disso, considerando que acrianga fa a atividade, ela passa a responder a cada uma das 20 perguntas feitas pelo fantoche narrador Bi perguntas. Para cada jogo, um conjunto diferente de objetos (fi- rtelas, ete.) numerados (de 1 a 20) € apresentado & crian- . desse modo, cla manipula os objetos ¢ interage de forma sessio, colocando um objeto de cada vez na caixi- ndo ou Sapeca, quando questionada so- bre quem havia falado, As verses em portugués ¢ em inglés dos subtestes seguem exatamente os mesmos padrdes “oimbra (1997a,b) para co ‘0s seguintes procedimentos: ~cadacrianga sentadaem fren- m toca-fitas com alto-falantes voltados para ela: 05 quatro jogos sio apresentados pelo en trevist vés de uma gravagao (fita ou CD) e da manipulacao ao vivo dos fantoches: a medida que cada palavra é testada, um desenho repre- sentando casa palavra é apresentado simultancamente & per ‘oche narrador, para ndo haver dividas de compre- ede rizada com izando um total de $0 10, Lot chas, Neste teste de car os dados ha ada individu alment tea (Ob sobreser representa aspiragio. Consiénea dos sons da lings 63 todas as eri sao apresentadas a ito iten s de prati- ca antes do inicio da con tagem de escores: — dos 20 itens testados, 10 contém a prontincia correta d palavra e 10 comtém a pr 4 modificada eragada’ sendo que a ordem de distribuigae dos itens falados com mod ficagdo € aleaton — para responder a cada um dos quatro jogos. a crian recebe quatro conjuntos diferentes de objetos, numerados de 4.20, espe nte manufaturados pa ve colocar junto a um dos dois personagens. A colocagio essa atividade, © que do objeto de determinade niimero junto ao falante que produz por ex jagom das respostas dadas, no final de uma bateria de perguntas. Os doi ubtestes (em portugués & em inglés) so bascados em uma anillise con trastiva entre o por- el fonémico € de trago d quatro as oposigoes testadas. 108 de jogos 01 tugués ¢ 0 inglés em ni ntivo. Sao 1) 0 trago nasal ® Vogal nasalizada x vogal oral ~ para testar essa oposigie s so apres. cram apagamento da consoant jento de tal consoai port gu perda da nasalidade da vogal que a antecede. cas palavras nasal de coda, O apaga- res a consequente que so de palavea. Para apresentadas as criangas palavra dental surda /0/ em inicio de pal dental surda dv. vra produzida como plosi ‘a. em portugues sio fricativa interden- che Promincia Sapeca (portugués) [oxi] para torre [tox! [Gapet{i] para tapete [taper 1 Spot (inglés) ara thumb [0am para thirsty acao plena da nasal ® CATravamento nasal x para testar essa oposigio em portugués ngas palavras cor In gua ¢ ple voual seguida de apresentadas ide © por um sex! ssa oposiga 0.0 apa; neia de travamento nasal ~ 2a Fanto he que “fala engragado’ Sapeca ugués) Spot (inglés) CConscinca dos sone dalings—§5 4).0 traco aspirado * Oclusiva aspirada x oclusiva ma essa oposigio nao distintiva em portugues, sdo apresentadas as s palavras com a plosiva aspirada em inicio de palavr no lugar da plosiva nao aspirada. Para testar essa oposicao alo- 81 do no aspiradas em in aspirada — para testar eriangas p io de palavras no lugar das aspiradas. ras cont Fa foche que “fala engragado” | Prontincia Sapeca (portugues) [ptatu] para to [patu] [tebl] para table {texbl [ka] para car (lear) O critério de sucesso no instrumento proposto por Coim- bra (1997a,b) esté estabeleeido em, nom! 20 possibilidades em cada subteste. imo, 14 acertos Santos ¢ Pereira (1997) Outro instrumento de avaliagio de consciéne por Maria fonolégi jane Pereira, as és, Esse instrume: biea, s ese fo- ma palavra com um intervalo de um segundo entre elas, € crianga deve reconhecer e produzir a palavra form ada por aque 0 ocorre na sintese for caso, 0 examinador fala cada fonema da palavra isoladamente. 56 Sintese silbien — Diga: que fala de um jeito engracado. inhar 0 que eu estou dizendo. ad or; por — ta porta Jingir que sou wm robé wero que vocé tente adi: Sintese fon ica ~ Diga: 0 robo agi falar alguns junté-los para formar pala sons curtos. Veja se co Na tarefa de identifica¢ao de rimas, 0 examinador fala trés palavras e a crianga deverd identificar qual é a palavra que no combina com as outras Diga: Vocé jd ouviw 0 esparrama pel 0 coragao?”. Chao, wrso: “batatinha quando nasce mdezinha quando dorme poe a mao do € coragao sao palavras diferentes, sbem parecidos, quase iguais. Escute: mao selas tm chao ~coracdo. Voce se 4 outra palavra que igual a parece com : eu vou dizer 1rés palavras e eu quero que voce me diga Examinad or: mel — céu — viu Crianga: viu I delas soa mais diferente. plosiva sem o acompanhamento de uma vosal Consiécia dos sonsda ingus 57 Jé na tarefa de segmentagio fonémica, a crianga deveré identificar e emitir os fonemas das palavras que o examinador falar. rob6. Cor 12 acha que Je fa Diga: Agora éa de falar como ‘ha que 0 robd falaria “oi? Como que 0 robs diria lar estas palavras como 0 robé fala ria Examinador: Crianga: v-a 1a"? Certo. Veja se voc’ conseg Na exel a a crianga que elimine um determinado som da palavra, e diga que outra m aquele fo ica, 0 examinador sol palavea & formada s, Diga: Agora nds vanios falar uma palavra como “sal”. Depois nos vamos dizé-la novamente, mas sem um de seus sons. Como ficaria a palavra “sal” sem o/s? Que palavra ? Sal, al, sa. Se nds tirarmos o som /s/ de “sal” ficaria a palavra ssemos o som /b/da pala~ fazer estas. Que pala voed ow vra *hoi"? Agora vra fica se a gente tirar fora 0: Examinador: 0 som /s/ de resto? Crianga: reto “0'5'deveria estarentre colchctes ‘porém manteve-se as bar 58 Na tarefa de transposigao fonémica, ma palavea. A crianga deverd fal a frente e Verificar que outra palavra é formada Festa mes. Diga: Nesta dltima parte nés vamos dizer w vra como “me”, esta palavra tem dols son voce disser os sons da pala den . 6s vamos achar outa palavra, Qual & a palavra? Cento. Va palavra nés formartamos se nds fa~ léssemos os sons destas palavras de trés para frente? Examinader: roma® para frente os tentar estas, Crianga: amor Esse instrumento proposto por Santos ¢ Pereira (1997) é composto por seis tarefas. Com excegdo das tarefas de segmen- tagio fonémica ¢ transposigo fonémica, que apresentam res- pectivamente tres e quatro exemplos, todas as outras tarefas tra~ zom dois i de exemplos ¢ cinco it As tarefas sao aplicadas oralmente e apenas a de segmen- fone sos materiais (quatro vir de apoio a crianga; as moedas marcam a produgao dos fonemas, Além disso, as autoras utili- zam folhas de registro do teste tai. s experim 1o de re compu tos para cada tarefa deve ser feita de acordo com 0 quadro CConscincia dos sons da lingua §Q 5 acertos, TA S acertos TS 5 cerios TS Major ou igual a 4 acertos Assim sendo, do total geral de 30 pontos, a crianga deve rar 29 ou 30 pontos, Obtend 0 escores inferiores a isso, suge- cluindo 0 tr o das habilida- CONFIAS (2003) O instrumento mais rece Consciéncia Fonol6gica: Instru mento de Avaliagio Sequenci: de autoria de Sémia Moojen © cols. (2003). Esse instr surgiu da mecessidade de se nto s abr gente do que aqueles jé propostos, ¢ que considere as caracteristicas do portugués brasileiro para avaliar a consciéncia fonolégica. As fas de consciéncia fonolégica sequencial e em uma eseala crescente de com plexidade, valida- adas de forma flo organ da estat jicamente, O teste € di idido em duas partes, correspond. niveis de complexidade: ava consciéncia fonémica. Cada mento & composto por dois exemplos iniciais ¢ quatro palavras-alvo. Siow dos desenhos nas tarefas de identificagao e produ \sfio da conscigncia si em do inst Tonén A primeira parte, correspondente a con sciéneia da sflaba, € composta por nove items: egmentacio, identificacao laba ma, produgao de palavra com a silaba dada, identificagao de sflaba medial, produgao de rima, 80 BLANCO-DUTRA, A. P+ instruments de avliagdo de consslénciafonolica exclusio ¢ transposigiio. A seguir, serd apresentado um exem- plo para cada item = Sintese ($1) “Nés vamos brincar com os sons das palavras. Eu vou di Que patavra palayra deve ser pronunciada com um breve intervalo de tem- po entre as silabas, “E agora pi-ja-ma. Que palavra eu disse?’ Resposta esperada: sopa: pijama seruma palavra em peda ese?" A 8: 80-p. Sezmentagao ($2) “Agora et em pedacos: sala. E esta 0 Respos vou dizer uma palavra e quero que vocé separe tra ur esperada: sa — la: ~IWentificagao de s “Que desenho é este (cobra). Agora eu vou dizer trés pala ras. Qual delas comega cor Cobra (copo ~ time ~loja) Resposta esperada: copo p cobra?” ~Identificagio de rima ($4) “Que desenho é este? (mao) Eu vou dizer trés palavras e quero que vocé me diga qual delas tem Mao (sal — cao —luz) Respos ada: cao esp ~Produgdo da palavra com a silaba dada (S5) “Que pala Resposta esperada: papai, pacote comeca com pa’? 1a (ou rima}como mao.” Conscinca dos eons da 6 laba medial (86) ho é este? (girafa) Quat é 0 pedaco (ou silaba) da palavra girafa? (‘ra"), Eu vou dizer és palavras e sé uma tem 0 pedaco (ou sflaba) do meio igual ao de ‘girafa’. Qual 62” Girafa (pirat Resposta esperada: pirata panela, dinheiro) ~ Produgio de rima (7) jue desenho é este? (chapéu) Que outra palavea te ou (rima) como chapéu? Resposta esperada: céu — véu so ($8) Se eu tirar ‘so' de socorro fica i{corro) Se eu tirar ‘be’ de velo fica?” Resposta esperada: calo ‘Teansposicao ($9) a palavra que ndo existe. Essa paler sais trocar os pedagas: v e depois 0 pedago do comeco. iim: darré fiea? (roda). Chobt fica?" Resposta esperada: bicho A segunda parte do instrumento corresponde A conscién- cia do fonema e é composta por sete itens: produgio de palavra que inicia com o som dado, identificacdo de fonema jcagdo de fonema final, exclusio cgmentacao ¢ trans- pl de palavea ‘u vou dizer que comece com esse so fal Resposta esperada: a dade (FL) m som ¢ vocd vai me dizer uma palavra igo, agulha ~Identificacao de fonema ini al (F2) “Que desenho é este? (sino). Agora eu vou dizer tres pala Uma delas comega con ‘0 som da palavra ‘s Descobre qual é a palavra sede ~chuva ~ Respos esperada: sede = Iden ficagio de fonema final (| “Que desenho é este? (coelha) dizer wes pal 1a delas termina com 0 mesmo som de ‘coelha’, Descobre qual éa pal azeite ~ sorriso ~ farinha Resposta esperada: ha ~ Exelustio (FA) *Se eu tiraro som [f]de ‘chama' fica? Resposta esperada: a = Sintese (FS) “A palavra Eva tem estes sons: E~ V~A. Eu vou dizeruns sons ¢ vocé vai descobrir que pala Resposta esperada: mesa *Lembrar que a letra s'da palavra mesa, neste caso, representa o som [7] Conecignca dos sone daingua G3 tage “Agora vocé va i falar os sons das pal Respostas esperada: v—6 Fansposigao ‘Agora nds ma pata Se vocé disser os sons de trés para diante palavra que existe: ‘uma’. Ea palavra esquisita Yea’—se disser- 08 08 sons desta patavra de wrds para dia <2 adi inte. Eu vou dizi pa mii’. Fla tem 1r8s sons: a =m = ‘amos falar de tra sita com % vamos achar wma , que patavra for- Resposta esperada: aqu ‘ento considera os niveis de eo! iene Nas vel da sflaba a maxima pontuagao é de 40; nas tarefas do nivel do fonema € de 30 pontos, totalizando um maximo de 70 p. ale a 100% dos acertos. Ao I A pontuagée do insur tos, o que equ poderio ser anotadas observacées referer sujeito que servirao, posteriormente, para andlise qualitativa, uma vez que a versio publicada desse instrumento contém um da aplicag io espago para observagies adicionais nas folhas de Pr de Respostas: Consideragées finais Prot mida, dar ao leitor uma Existem outras pro- Iho € cols, (1998), Capovilla e C 97), Cielo (2002), etc. E importante ressaltar que 0 objetivo deste capitulo nao era 64 BLANCO.DUTRA, P+ Instruments ds sualingsn de conssidnsin folios 0 de analisar as propostas de instrumentos ai das, mas, sim, de simplesmente desere vou-se in formar 0 leitor sobre os tipos di entes de jo daquilo que o examinador busca in vestigar e dos materiais de que dis ponibiliza. Independentemente do instrumento selecionade tem- se, @ partir de uma avaliagiio, meios para identifiear o nfvel de consciencia fonologica e se houver dificuldades, conhecé-las ra proporcionar ao individuo adequada estimulagio das h Sa este nivel Capitulo 3 SOBRE CONSCIENCIA FONOARTICULATORIA Rosangela Marostega Santos 0 assunto retratado neste capitulo, apesar de ter lugar de destaque no campo da linguistica e da fonoaudiolo; mente expandido nos cursos de formacio de professores. Ob- serva-se esse fato através da pritica docente em turmas de pés- graduacao mas areas de alfabetizacao e de psicopedagogia, nas quais busca-se unir conhecimentos de direas afins como a fo- noaudiologia e a linguistica. © wabalho desenvolvido envolve as nocoes linguisticas basicas de que 0 professor alfabetizador ou 0 psicopedagogo necesita saber para melhor compreen der as especificidades da linguagem oral e escrita. Entretanto, € fundamental que os dados descritos no de € rara- correr do capitulo possam ser abordados nao como u dologia de ensino-apren dizagem io para embasar teoricamente a pritica pedagégica ¢ el ca, bem como para facilitar o proceso de aprendizagem. mas com oum pres: Um pouco sobre percepcao e produgao da fala Accrenga de que os gestos motores orais, aqui denomina- dos fonoarti n portantes para a percepgie e pro- dugio da fala nfo é assunto novo. Ha uma extensa jeratura 66 SANTOS, RM.» Sobre conse fanart descrevendo a teoria motora da percepgao da fala (LIBERMAN 1985; BORDEN, HARRIS © RAPHAEL, 1994; KOSLOWSKI,1997). Nessa abordage tica gerada pel trios do falante. Portanto, os sinais nao actisticos estao presen- os © comp! As vias auditivas e visuais estéo integradas para fornecer nformagdes de maneira continua, apesar de a audigio ea visio serem sentidos independentes (BORDEN; HARRIS e RAPHAEL \gilo oral 14). Em outras palavras, a modalidade auditiva é considera- da canal primério e av io ou complementar para sig la. Por esse m a percep- fo da fala, ou seja, 0 processo de decodificar uma mensagem do fluxo de sons vindo do 0 pode ser exclusiva- mente auditiva nem A © sujeito escolher uma e a informagio visual modi mente (KOSLOWSRI, 1997), Ha, pelo menos, quatro operagies bisicas realizadas pelo ouvinte frente a uma resposta motora oral: recepcao da mensa- gem auditiva, reconhecimento dessa mensagem, gestos articulatérios necessérios para a resposta motora e ar culagao verbal propriamente dita (PERELLO e PERES, 1972), c Jos pela sistema nervaso cen tral No cérebro, de maneira geral, os gestos motores 01 representados, como comandos motores que programam 0 mo- vimento dos articuladores (labios, lingua. dentes, mandibula e io dos fodas essas operagdes ir de comandos mo- Consiénca dos sons dalingwe 67 s. ES: volvidos na 10) € que servem de base para as categori pecificamente, h4 trés componentes cerebrais Jo ¢ produgio linguistica: érea temporal ~ respon sav 3 8 (recepgao); ar sicas; ¢ drea pré-motora ~ x © controle do movimento dos misculos des lébios, da lingua, da mand parietal ~ respon savel pelas fungdes de expressao, ou sej Ia e das pregas vocais, O eérel édiv jérios — 0 esquerdo, predominantemente euistico, Apesar de desempenh: cada hemisfério executa um papel complementar (GAZZANIGA, IVRY © MAGNUN, 2002), A percepcio da fala, de acordo com a teoria motora da fa associada diretamente com aintengao da produgao do gesto articulatorio. Dessa forma, para cada fonema de uma pala- em fone, ha inguistico, ¢ 0 dircito, jungdes est um novo movimento dos articuladores. Para aprender a ler e a escrever no bético, em um primeiro momento é necessério aprender a esta- belecer as relagdes de conversao em sons na leitura,e dos sons em letras na eserita. Neste momento, @ ativagao dos gestos motores articulatérios torna-se muitas vezes important Segundo Heilman e cols. (1996), as eriangas em processo de alfabs © aparciho articulatdrie quando aprende associar 0s gestos fonéticos (articulatérios) com as representa- as). Dentro da Cifondtiea articulatéria, os sons da fala huma- ma nova represen ema de escrita alfa- as Tete izagio Ges visuais (gra na podem ser distinguidos, universalmente, pelo ponte ¢ £ co, como também pela posigao e movimento ico Internacional (IPA), qu fo as consoantes do portugués sio labiodentais (sons como [f.v). nto aos pon- lassificados (sons como [Ld 6 8,2.1D, P (sons como, [f.5.tf.45). palatais (sons como [A))e velares (sons como [k.2.x). Quanto ao modo de articu sificam-se em plosivas (ip : asais ( das Laterais ({1LAJ) © nao laterais ou vibrantes ( U.43) Entretanto, essa classificagio ¢ de dificil compr 0 profissionais da saiide e da educagao que nao est zados com 0s conceitos € simbolos fon IPA. Portanto assim foie 0) (veja- tingées universais dos sons da lingua, uma vez que mostra de forma clara © ponto articulatério de cada fone. Espera-se que uum recurso proveitoso para alfab esse ai ad ores, fonoaudidlogos, psicopedagogos ¢ estudantes. © quadro fonoarticulatorio segue os parametros concei- da Teoria Autossegmental proposta por Cl (1995), que propde trés tragos referentes aos pontos articulat6- rios: CMabial [p.b. Jeoronal: [4d.n,f.1, Al com a di cdo de [+ anterior] para [s,z] e [-anterior] para [f,3] © dorsal cera os modos de ar- jcada, nasal ¢ se Hume [k.g.x]. Além disso, foram mantidos na jagio do IPA, a saher: plosiva, fricat ida: . A visualizagao dos gestos articulatorios, descritos no qua- s € nao late dro fonoarticulat6rio, possibilita o entendimento de que 0s sons so percebidos e produzidos de forma diferente apesar de, mui- vas semelhantes. O con hecimento envolvendo a fonética arti- significative para compreender que um som produ- 6 © propriocep. culatéria Veja-se quad Conscincia dos sons dalinoua 69 zido pelo aparetho fonador pode ser melhor per al auditivo, visual ou proprioceptivo. Pelo canal auditive, ha € capaz de diferenc exemplo, wm [p] de um [f],uma vez que op Ihante a uma explosio e o segundo, a uma fricgio. Nesse caso, basta escutar para perceber as diferengas. Ja pelo c possivel pereeber quando o ponto de encontro dos articulado- res € diferente ou nao, Por exemplo, na ar som das palavras “sapo'e ‘chapew’,o [s] forma de sorriso; ¢ o [f] & produzido cor dos (em forma de bico). Portanto, basta os fon cticam ente. Por fim, pelo canal proprioceptivo percebe-se a diferenga s principalmente pelo tato. Por exemplo, a0 olhara boca 'm produzindo o primeiro som das palavras ‘vac ido pelo ca- para identifiear que dos son d nfo € possivel iden a0 colocar a mao na regiao anterior do pescogo e falar isolada- nte 0 primeiro som daquelas palavras, semte-se que a regio anterior do pescogo vibra pela movimentagio e posicionamen- to das pregas voenis d tece durante a articulagio do [f] Fica evidente, portanto, a natureza intermodal (vis dicho e Cpropriocepgia) do processo de percepcio-e producio da fa ‘egro capaz de man- ter em perfeita harmonia a ligagao entre a imagem, o comando e a propria a esponsaveis pelo pro- duto fin, namente humano, a fala articulada com si ficado. e faca’, icar visualmente a diferenga, No entanto, te @ articulagio do [v}, 0 que no acon- Também € necessério um cérebro 10 motora dos articuladores |, gem 7) SANTOS... «Sobre consencsa oneartu Consciéncia fonoarticulatéria: cone nstrumentos terapéuticos e sugesties de ati idades Je parte dos ingua portuguesa, enfatiza o papel da consciéncia fon ol6gi- boragao de © PEREIRA, 1997; CARVALHO e cols, 1998: CAPOVI POVILLA, 2000; CIELO, 2001; MOOJEN e cols, 2003) ou pelo ediante el treinamento em consciéncia fonologica de criancas co} jes de I entanto, en- fatizam a consciéncia fonoarticulat6ria (JARDINI, 2003; JARDINI © SOUZA, 2006, SANTOS e VIEIRA, 2006) Quando se fala em e: jculatéria (CFA), faz-se referéncia a habilidade de distinguir os diferentes pontos nseiSneia fonoa acd dos segmentos sonoros, isto &, perceber que os §o modifieados de acordo com a posig%o dos seus a ladores. Consciéneia fonoartic de deo individuo refletir sobre os sons € os gestos motores ora Essa capacidade é import a produgao percepcao dos sons, mas também na aprendizagem do sistema alfabétice de eserita, A CFA pode ser mani cite. O primeiro 6 visto como uma sens lat6ria, portanto, € a capacida- © nao soment -stada em nivel implicito ou expli- movimento, a crianga, a partir da imitagio do geste articulaté- rio representado na foto, reproduz Cconsctreia gas sone da ingus 7} se tornam Uo eficazes que passam a operar abaixo do nivel de atengaa consciente, ou seja, se tornam NESS, 2006). Como prova diss: crianga, ao falar, d ente pensam sobre 0 movimento que os articuladores fazem para produzir um som: a atengao recai © sobre o significado da palavra e nao sobre a for~ ma como se percebe ou cparadamente. Por outro lado, a andlise consciente dos gestos motores, ¢ produz cada fone (vel explicito torna-se importante, basic al 10 pro cesso de aqui la (exel mente em casos de desvios) e no aprendizado do sistema de ico c automatizagio dos sons da a para estabelecer as relago entre os sons € as idades fon oa dos movimentos articulatérios. Além disso, questées puramen- te arbitrérias da lingua, como 0 uso de ‘ch’ ou x’, do 2" ow nbém nio n eflexao, seiéneia 1 € parte integrante da cons- tras que correspondem a08 sons, sem que seja a jcamente a relacao le E dade predominantemente oral © auditiva em que aunidade de estudo é 0 fonema. O fonema, considerado ada especil 4 menor unidade da lingua capaz de mudar o significado de ignificado. Cada fone- melhante, mas uma palavea, isoladamente nao contém izado em fone, soa de forma s pessoa a outrae de u Para Adams e cols. (2006), os fonemas sio melhor d pela maneira como os fones so articulados do que pela forma como soam. Portanto, estimular as criangas a sentir como sua boca e a posicao de sua Iingua se modificam em cada som arti- 72. SANTOS, RM.» Sobre conssiéncafonoartzua orma simples de propore articulatério. © gesto motor ou articulatério, segundo Albano (2001), € comandos invaridveis para a implementagao dos movimentos efetivos dos articuladores em tempo real no trato vocal, originando uma grande variabilidade de movimen- los superficiais, devido a coarticulagao. Dessa mancira, ¢ possi- vel idade materializado e ferir que o gesto poderia ser considerado uma 4 icos ¢ mentais da fala, ou seja, tinea. mediadora entre os asp u dade fonético-f in Depd bocas contendo a confi natio * (ADD). As autoras utilizaram fotografias de uragao articulatéria de cada som da lin- cos para cada fone~ Iha de la gua, como também criaram nomes espe ma, por ex.: uma plosiva labial € chamada de “pre bio”, Cada padrdo motor dos fonemas era ensinado em profun- didade, devido ao papel decisivo de tal habilidade para o pro- euagem or através da percepeao visual (uso de espelhos) e proprioceptiva da fala, vada auditivan uma ver que a populagio alvo era pi ae Rodrigues deserevem, em "ou seja, 0 ato de ensinar o surdo mediante exercicios envolvendo a rep resentacao das vogais e con- soantes do portugués em rela pregas vocais, H4 desenhos em cor- ingua em relagao aos dentes papel desempenhado pel tes sagitais ilustrando a posig&o da os pressuposto te6rico das autoras gira em torno da afirmagio de que 0 surdo passa a ver as palavras, em ver de Montgomery (1981), por sua vez, realizou um estudo. com Idades de leitu ra. Eram apre- cas ouvintes com e sem difi Canscinca dos cone da lingua 7 rentes € nove dese justrando a posigio da tes © dos labios usados para ai nhos em cortes sagitais da face humana Jar os fones gua, dos di selecionados. Depois de ouvir o som especifico, a crianga era ficitada a repetir o som ¢ apontar para o desenho que melhor strava a posigdo dos articuladores. Segundo o autor, criangas com dificuldades de Ieitura, quando comparadas com as do gru- po de controle, apresentam grande prejuizo nessa tarefa, O au- apesar de as criangas perceberem ¢ produzi- ente OS sons da fala, elas no conseguem correla cionar com a representago grifica da posigio dos articulado- nte pela baixa con: a fonoarticulatsria, Assim, a inabilidade para associar a posicio dos articuladores pode, na concepgao de Montgomery (1981), interferir no desenvolvimento da consciéncia fonoldgica © na res, possivel com 0s sons da fa conversio dos fonemas em grafemas, uma vez que essas sio hal ades basicas para a apropriagao do codigo eserito. Instrumentos terapéuticos No Brasil, h4 poucos instrumentos terapéuticos padroni- 2am a nogao de consciéncia fonoarticulatéria. O ades Fonoldgicas” (CARVALHO e cols., 1998) 10 de investigagao d fonolégica que cujo objetivo é avaliar a .acrianga deve zados que u “Perfil de Habill identificar, en tre quatro desenhos de bocas, a forma de articula- ar os movimentos gio dos sons evocados sem visual ros feitos pelo avaliador. Nao hd, entretanto, uma pontuagio es- perada para tal habilidade, uma vez que o resultado & forn cid. pelo escore total de todas as tarefas do instrumento, Ha também um método fono-visuo-articulatério intitula- do “Método das boqu auxiliar no prox sso de

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