You are on page 1of 14
— . USP etre bee Diet presidente Presidente Vice presidente Disetora Edita ors astetes Seay Vela Franco Mai Ljlo Pino Mains Filho ese Mian Cares Albeo Baiess Dantas Benjanin Abela Jéniae Cares Avg Mento Mara Aida do Nascimento Arr Ile Maro Viena Bie Ficard Tilo iva Sivan Bits asilensVinenin (Gls Fermanda Femtane ovERNO D9 ESTADO DESkO PAULO Governador Toss Serra limprensacficial 2 tstio0 9: s80 P1010 Diretorpresideste abet Alquées DietorIdusal Tai Tika Direlr Finaoeite Cldeaio Plisini Diewora de GetseCarparativa. Lana Maia Dal Medico hefede Gabinete Vere Laci Wey cope" EO ERE EO ERE MULTICLASSICOS EPICOS PROSOPOPEIA * 0 URAGUAI CARAMURU * VILA RICA A CONFEDERACAO DOS TAMOIOS 1-JUCA-PIRAMA Ivan Teixeira (org.) SBD-FFLCH.USP a [eh fimorensacticiat (GUIDIN, Marcia Ligia. “Um Pocta Cantor da Amésici". In: DUAs, Gongalves. Poe sia Indiavist Séo Palo, Martins Fontes, 2002. [HERCULANO, Alexandee, “Futaco Literdcio de Poreugal e do Brasil” In: DIAS, A.G. Obra Complete. Rio de Jneizo, Aguilas, 1998 HOLANDA, Sérgio Buargue de, “‘Preficio". In: MAGALHAES, D.G. de. Obras Com _pleses, Rio de Jancito, Ministério da Educasto, 1939, wo. I LEAL, Antonio Henriques. “A. Gongalves Dias’. In; DIAS, Gongalves.Poesias Pie ‘us, Bdigio de AH. Lea. Rio de Janeiro, Gacnies, 1868, [MAGALHKES, DJ. Gonsalves de. A Confiderao dos Tameios. Rio de Jancito, Ems pres Tipogrifica Dois de Dezembro, 1857, ___."Bnsaio sobre a Histria da Literatura do Brasil". Niteri, Revie Brasilien ‘So Paulo, Acadeenia Paulista de Lets, 1978, 2 vos. MEYER, Augusto. A Chave ¢ « Meare. Rio de Janeiro, © Cruzeiro, 1964. Peneta, Lucia Miguel. A Leitorae seus Pesonagens. 2% ed. Rio de Janciro, Graphia Ecltorial, 2006. ___-A Vida de Goncalves Dias, Ria de Jancico, José Olympio, 1943, PORTO-ALEGRE, Manuel de Acadjo. Calembo, Rio de Jancito, H. Garnier, 1866. RICARDO, Cassiano. "Gongalver Dias eo Indianismo”. In: COUTINHO, A. (org) ‘A Literatura no Brasil, Rio de Janciso, José Olympio Baixora, 1986, vol. 3. RODRIGUES, Antonio Medina, “Preficio'- Ie: HOMERO. Odisis, Sto Paulo, usp, 2000. A Eneida Viegjiliana eure a Vivéncia © « Nazeagdo" In: VinGItO. Enid CoialCampinas, Aclié Edivorial/Editora da Unicamp, 2005. Siva, Joaquim Notberto de Sousa. “Bosquejo da Hiséria da Poesia Brasileira’. In ZILDERMAN, Regina & MOREIRA, MEE. O Berge do Citnone.Porco Alegre, Mes ado Aberto, 1998, SQUEFF, Leticia. © Brasil mas Letras de um Pinsor. Campinas, Bdicora da Unicamp, 2004, ‘SOUSA, Antonio Gongalves Teseitae. A Independéncia do Brasil. Rio de Jenico, Empresa Tipogrdfica Dois de Dezembro de Paula Brito, 1955, 2 vols. “Tunceiea, Ivan. [Juoe-Pinama, Austin, Universidade do Texas, go. 2003, mimeo. “Em Defesa da Possia (Bilaquiana)", In: BILAC, Olwvo, Pesias. $0 Paulo, Martins Fontes, 1997, p. 000%. I-JUCA-PIRAMA CBE SD Antonio Gongalves Dias Pagina de oso da edi orginal de kimnos Cantos, om que sai pla primeira vex Fjuca c@ Uxrimos Cantos @ 1 ‘No meio das tabas! de amenos verdores, Cercadas de troncos ~ cobertos de flores, ‘Alteiama-te of cetos d’altiva nacio; So muitos seus filhos, nos animos fortes, 5 Temiveis na guerra, que em densas coortes Assombram das matas a imensa extenséo. Sto rudos, severos, sedencos de gloria, Jé prélios incitam, jé cancam vicéria, Ji meigos arendem & vor do cantor: 19 Séo todos Timbiras?, guerteiros valentes! Seu nome Id voa na boca das gentes, Condio de prodigios, de gléria ¢ terror! As tribos vizinhas, sem forgas, sem brio, ‘As armas quebrando¥, langando-as ao rio, 15 O incenso aspiraram dos seus maracés: Medrosos das guetras que os forces acendem, Custosos tributos ignavos [4 rendem, ‘Aos duros guerreiros sujeicos na paz. 144s Paun No centro da taba se estende-um terreizo, 20 Onde ora se aduna o coneflio guerzeiro Da tribo senhora, das tribas servis: (Os velhos sentados praticam d’outsora, E os mosos inguictos, que a fetta enamora, Derramam-se em torno dum indio infeliz. 25 Quem ~ ninguém sabe: seu nome é ignoto, Sua tribo no diz: ~ de um povo remoto Descende por certo ~ dum povo gentil; Assim ld na Grécia a0 escravo insulano Tornavam distinto do vil muculmano 39 As linhas corretas do nobre peril Por casos de guerra cai isioneiro Nas maos dos Timbiras: ~ no extenso terreiro Assolase 0 teto’, que o reve em prisio; Convidam-se as tibos dos seus arredores, 35. Cuidosos se incumbem do vaso das cores, Dos varios aprestos da honrosa fungio. Acerva-se a lenha da vasta fogucira, Entesa-se a corda da embira ligeics, ‘Adoma-se a maca com penas gentis% 49 A.custo, entre as vagas do povo da aldcia Caminha o Timbira, que 4 curba rodeia, Gatboso nas plumas de virio matiz Entanto as mulheres eém leda triganga, Afeicas ao sito da barbara usanga, 48 O Indio jé querem cativo acabar: A coma Ihe cortam, os membros Ihe tingem, Brilliante enduape” no corpo the cingem, Sombreia-the a fronce gentil cani F $5 “ Dermoe Carr 1135 a Em fundos vasos d'alvacenta argila Pee Ferve o cauims Enchem-se 26 copas, o prazer comece, Reina o festim. O prisioneiro, cuja morte anseiam, Sentado esté, 0 prisioneiro, que outro sol no ocsso Jamais vera! ‘A dura corda, que Ihe enlaga 0 colo, ‘Mostea-the 0 fim Da vida eseura, que seri mais breve Do que o festim! Contudo os othos digndbil pranco Secos estio; ‘Mudos os lbios no descerram queixas Do coracio. Mas um martitio, que encobrir nio pode, Em rugas faz A mentirosa placider do rosto Na fronte audaz! ‘Que tens, guerreiro? Que temor te assalta No passo horsendo? ‘Honra das tabas que nascer te viram, Folga morrendo, Folga morrendo; porque além dos Andes Revive o forte, 75 Que soube ufano contrastar o$ medos Da fia morte, = == = Rasceira grama, exposta 20 sol, & chuva, Lémurcha e pende: Somente 2o tronco, que devassa 0s ares, %0 O mio ofende! Que foi? Tupi mandou que ele cafsse, Como viveu; E 0 cagador que o avistou prostrado Esmoreceu! 85 Que temes, 6 guerreiro? Além dos Andes Revive o forte, Que soube ufano contrastar os medos Da fia morte, a Em larga roda de novéis guerreiros 30 Ledo caminha o festival Timbira, ‘A quem do sactificio cabe as honras. Na fronte 0 canitar sacode em ondas, (© enduape ne cinta se embalanca, [Na destra mao sopesa a iverapeme, 95 Orgulhoso e pujante. - Ao menor passa Colar d’alvo marfits, insignia Chonra, Que Ihe ora o colo € 0 peito, cuge e freme, ‘Como que por feitico néo sabido Encantadas alias almas grandes 4100 Dos vencidos Tapuias, inda chorem Serem glétia ¢ brasio d’imigos feros. 15 us es ursos Caves / 137 “Bis-me aqui", diz a0 {ndio prisioneiro; “Pois que fraco, e sem tribo, e sem familia, “As nossas matas devassaste ousedo, “Morrerds morte vil da mio de um forte.” Vem a texreito 0 misero contrétios De colo a cinta a mugurana desce: “Dize-nos quem és, teus feitos canta, “Ou se mais te apraz, defende-te”. Comesa 0 indio, que ao redor derrama os olhos, Com triste vor que 08 animos comove. Vv Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi Sou filho das selvas, Nas selvas crescis Guerreiros, descendo Da ttibo Tupi. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci: Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi. 14 vi cruas brigas, De tribos imigas, Eas duras fadigas ash Eyoea Pann Da guerra provei; 130 Nas ondas mendaces Senti pelas faces Os silvos fugaces Dos ventos que amei. Andei longes terras 135. Lidei eruas guerras. Vaguei pelas serras Dos vis Aimorés; Vi lutas de bravos, Vi fortes ~ escravos! 40. De estranhos ignavos Calcados aos pés E 0s campos talados, E06 arcos quebrados, Eos piagas coitados 14s. Fé sem maracs; Eos meigos cantores, Servindo a senbores, Que vinham traidotes, Com mostras de paz. 150 os golpes do imigo, Meu tiltimo amigo, Sem lar, sem abrigo Cain junco a mil Com plicido rosto, 155, Sereno e composto, 0 acerbo desgosto Comigo sof Meu pai a mea lado Ji cego e quebrado, 1s ws 180 us De penas ralado, Fimavaseemmi 1Nés ambos, mesquinhos, Por invios caminhos, Cobertos eespinhos ‘Chegamos aqui! O vetho no entanco Softendo ja tanto De fome quebranto, S6 quia morrer! 'Néo mais me contenho, Nas matas me embrenho, Das frechas que tenho Me quero valer. Entio, forasteito, Cai prisionciro De um troro guerreito Com que me encontrei: O cru dessossego Do pai fraco € cego, Enquanto no chego Qual seja, — dizeit Eu era o seu guia Na noite sombria, A.s6 alegria Que Deus the deixou: Em mim se apoiava, Em mim se firmava, Em mim descansava, Que filho the sou. 190 Ao velho coitado De penas ralado, Ji cego € quebrado, Que resta? — Moreer Enquanto descreve 185. O giro tio breve Da vida que teve, Deizai-me viver! Nio vil, nfo ignavo, Mas forte, mas bravo, 1200 Serei vosso escravo: Aqui virei ter. Guerteizos, no coro Do pranto que choros Sea vida deploro, 205 Também sei morrer. v Soltai-o! ~ diz 0 chefe, Pasma a turbas Os guerreiros murmuram: mal ouviram, Nem péde nunca um chefe dar eal ordem! Brada segunda vez. com vor mais alta, 210 Afrouxam-se as pristes, a embira cede, A custo, sim; mas cede: 0 estranho é salvo. = Timbira, diz o indio enternecido, Solto apenas dos nds que 0 seguravam: Es um guerrcito ilustre, um grande chefe, 215 Ta que assim do meu mal te comoveste, Nem sofies que, tansposta a natureza, Com olhos onde a luz jd nfo cintile, Chore a morte do filho o pai cansado, 20 Bs 235 ‘ermoe Canoe 1141 ‘Que somente por seu na vor conhece. —Es livees parte — Evolearei. ~ Debalde. = Sim, voltarei, morto meu pi ~ Nio volees! E bem feliz, se existe, em que néo veja, Que filho tem, qual chora: é livres patte. = Acaso tu supées que me acobardo, Que receio morrer! ~ Hes live; parte! = Ore nao partirei; quero provar-te Que um filho dos Tupis vive com honra, E com honra maior, se acaso 0 vencem, Da morte o passo glorioso afronta. = Mentiste, que um Tupi nfo chora nunca, E tu chorastel.. parte; nfo queremos Com carne vil enfraquecer 0s forces. Sobresteve 0 Tupi ~ arfando em ondas rebater do coragao se ouvia Precipite. — Do rosto afogueado Gélidas bagas de suor corriam: Talver que o assaltava um pensamento, Jé nfo... que na enlurada fantasia, ‘Um pesat, um martitio a0 mesmo tempo, Do velho pai a moribunda imagem ‘Quase bradar-the ouvia: ~ Ingrato! ingrato! Curvado 0 colo, tacirurno e fio, Espectro dhomem, penetrou no bosque! 11 yuan Pane vt = Filho meu, onde estis? Ao voss0 lados 245 Aqui vos trago provisées: tomai-as, ‘As vossas forcas restaurai perdidas, Ea caminho, e jét — Tardaste mui Nio era nado o sol, quando partste, E frouxo 0 seu calor jf sinto agora! 230 — Sim, demorci-me a divagar sem rumo, Perdi-me nestas matas intrincadas, Reavieicme e torneis mas urge 0 tempos ‘Convém parti, ¢ jé ~ Que novos males Nos resta de sofrer? ~ que novas dores, 255 Que outro fado pior Tupi nos guarda? ~ As seras da afligéo jé se esgotaram, Nem para novo golpe espaco intacto Em nossos corpos festa. ~ Mas cu cremes! ~Talvex do afi da casa. = Oh filho caro! 260 Um qué miscerioso aqui me fala, Aqui no coracio; piedosa fraude Seré pot ceeto, que néo mentes nuncat Nao conheces temor, ¢agore temes? Vejo e seit € Tapa que nos aflige, 265 E contra 0 seu querer nio valem brios. Parcamo: E com méo crémula, incerta, Procura o filho, tateando as trevas ‘Da sua noite higubre ¢ medonha. armor Caos (149 Séntindo o acre odor das frescas tintas, 270 Uma idéia fatal corseu-the & mente... Do filho os membros gélidos apalpa, Ea dolorosa maciez das plumas Conhece estremecendo: — foge, volta, Encontra sob as mios © duro cranio, 275 Despido entfo do natural omato! Recua aflito e pivido, cobrindo As mios ambas os olhos fulminados, ‘Como que teme ainda o triste velho De ver, no mais cruel, porém mais clara, 280 Daquele exicio grande a imagem viva Ante os olhos do corpo afigurada. Nao era que a verdade conhecesse Inteira ¢ tio cruel qual tinhs sides ‘Mas que funesto azar correra o filho, 1285 Ele o vie; ele o tinha ai presente; E era de repetir-se a cada instante. A dor passada, a previsio farura Eo presente to negro, ali os tinhas Ali no coragio se concentrava, 220 Era num ponto $6, mas era a morte! = Tu prisioneito, m2 ~ Vos 0 dissestes, = Dos indios? ~ Sim. —De que nacio? ~ Timbizas. ~ Ba mugurana funeral rompeste, Dos falsos manités quebraste a maga... 295 ~ Nada fiz... aqui estou. Nada! — Emudecem; Custo instante depois prossegue o velho: —Tu és valente, bem o seis confessa, Fizeste-o, certo, ou jé ao foras vivo! ~ Nada fiz: mas souberam da existéncia 300 De um pobre velho, que em mim s6 vivi —E depois. — Esme aqui. ~Fica essa taba? —Na diregto do sol, quando transmonta. = Longe? = Nao muito, = Tens razéo: partamos. ~ E quereis i. = Na diregao do ocato. vn 40s “Por amor de um triste velho, Que ao termo fatal jé chega, Vés, guerteiros, concedestes A vida 2 um prisioneiro, ‘Agdo tao nobre vos honra, 10 Nem tio alta corcesia Vi eu jamais praticada Entre 08 Tupis, — ¢ mais foram Senhores em gentileza, “Eu porém nunca vencido, 21s Nem nos combates por armas, Nem por nobreza nos atoss Aqui venho, ¢ 0 filho trago. ‘Vis 0 dizcis prisioneiro, 325 330 ass 30 os Seja assim como dizeis Mandai vir a lenba, 0 fogo, A maga do sacrificio Ea mucucana lige Em tudo o rito se cumpra! E quando eu for s6 na terra, Certo acharei encre 0s voss0s, Que cio gentis se revelam, Alguém que meus passos guies Alguém, que vendo 0 meu peito Coberco de cicatrizes, Tomando a ver de mex fitho, De haver-me pot pai se ufane!” Mas 0 chefe dos Timbiras, Os sobrolhos encrespando, Ao velho Tupi guerreiro Responde com torvo acento: — Nada farei do que dizes: B teu filho imbele e fraco! Avilearia 0 triunfo Da mais guerseira das tribos Derramar seu igndbil sangue: Ele chorou de cobarde; Nés outros, fortes Timbiras, S6 de heréis fazemos pasto. ~ Do velho Tupi gucrreiro A surda voz na garganta Faz ouvir uns sons confusos, ‘Como os rugidos de um tigre, Que pouco a pouco se assanhal a6 tyeenrsee va “Tu choraste em presenga da morte? aso Na presenca de estranhos choraste? Nio descende o cobarde do forte; Pois choraste, meu filho nfo és! Possas tu, descendente malcito De uma tribo de nobres guerreiros, 285 Implorando crueis forasteiros, Seres presa de vis Aimorés. “Possas tu, isolado na terra, Sem arsimo ¢ sem patria vagando, Rejeitado da morte na guerra, 4360, Rejeitado dos homens na paz, Ser das gentes 0 espectro execrado; ‘Nao encontres amor nas mulheres, ‘Teus amigos, se amigos tiveres, ‘Tenham alma inconstante ¢ falaz! 1355 “Nio encontres dogura no dia, [Nem as cores da aurora te emeiguem, E enire as larvas da noite sombria ‘Nunca possas descanso gozat: Nao encontres um tronco, uma pedra, 4270 Posta ao sol, posta as chuvas € aos ventos, Padecendo os maiores tormentos, Onde possas 2 fronte pousar. “Que a teus patsos a relva se torre: ‘Murchem prados, a flor desfaleca, 275 Eo segato que limpido corre, ‘Mais te acenda o vesano furor; Suas éguas depressa se cornem, 385 0 95 400 as “Ao contacto das Hbios sedentos, Lago impuro de vermes najentas—— Donde fujas com asco e vesror! “Sempre 0 eéu, como um reco incendido, ‘Creste ¢ punja teus membros maldivos E occano de pé denegrido Seja 2 tera ao ignavo Tupi Miserdvel, faminto, sedento, Manités the néo falem nos sonhos, E do horror os espectros medonhos ‘Traga sempre o cobarde apés si. “Um amigo nao tenhas piedoto Que 0 teu corpo na terra embalsame, Pondo em vaso d’agila cuidoso Arco e frecha e tacape a teus pés! Sé maldito, ¢ sozinko na terra; Pois que a tanta vileza chegaste, Que em presenga da morte choraste, Ta, cobarde, meu filho nfo és.” ia Isto dizendo, 0 miserando velho ‘A quem Tapa tamanha dor, tal fado Jé nos confins da vida reservara, ‘Vai com trémulo pé, com as més jéfrias Da sua noite escura as densas trevas Palpando. ~ Alarma! alarma! — O velho péra! 0 grico que escurow é vor do filho, Vor de guerra que ouviu jé tancas vezes Noutra quadra melhor. ~ Alarmat’alarma! — Esse momento 56 vale apager-lhe Os tGo compridos trances, as angistias, Que o fiio coragao Ihe atormentaram De guerseiro e de pai:— vale, ¢ de sobra 420 Ble que em tanta dor se contivera, ‘Tomado pelo sibito contrast, Desfaz-se agora em pranto copioso, Que 0 exeuride coragéo remoga. A.taba se alborora, os golpes descem, 415 Gritos, impreeagées profundas soam, Emaranhada 2 multidio braveja, Revolve-se, enovela-se confusa, E mais revolta em mor furor se acende. E os sons dos golpes que incessantes fervem, 420 Vores, gemidos, estertor de morte Vio longe pelas ermas serranias Da humana tempestade propagando Quancas vagas de povo enfurecido Contra um rochedo vivo se quebravam. 5 Era ele, o Tupis nem fora justo Que a fama des Tupis - o nome, a gléria, Aturado labor de tantos anos, Derradeiro braséo da raca extinta, De um jato € por um s6 se aniquilasse. 420 ~ Basta! clama o chefe dos Timbiras, ~ Basta, guerreiro ilustre! assaz luraste, E para o sactificio € mister forgas. — © guerreiro parou, caiu nos braces Do velho pai, que o cinge contra © peito, 425 Com ligrimas de jibilo bradando: “ao us “0 “ss ‘o ermoe Canter 3140 “Este, sim, que é meu filho muito amado! “E pois que o acho enfim, qual sempre o tive, *Corram livres as lagrimas que choro, “Estas ldgrimas, sim, que no desoneam.” x Um velho Timbira, coberco de gléria, Guardou a meméria Do mogo guerreiro, do velho Tupi! EA noite, nas tabas, se alguém duvidava Do que ele contava, Diaia prudente: — “Meninos, eu vil “Bu vio brioso no largo terreizo Cantar pris Seu canto de morte, que nunca esqueci: ‘Valente, como era, chorou sem ter pejo; Parece que 0 vejo, Que o tenho nest’hora diante de mi “Bu disse comigo: Que infimia d'escravo! Pois nfo, era um bravo; Valente ¢ brigso, como ele, néo vit Ea fé que vos digo: parece-me encanto Que quem chorou tanto, Tivesse a coragem que tinha o Tupi!” Assim o Timbira, coberto de glétia, Guardava a meméria Do mogo guerrcito, do velho Tupi. EA noite nas tabas, se alguém duvidava Do que ele contava, ‘Tornava prudente: “Meninos, eu vil” NoTAS DE o@ ANTONIO GoncaLvEs Dias a 0 stlo dene poema tad eralmene da fngua tui ae tanto come se em por pits dintsemor 9 que Bde ser moro. e qe ¢ digno de er mort Tabs, Aldea de Indice, compos ce diferentes habitgSs, «que chamavam oo, Quando sve habeas eachavam olds, ou erm levantaas past 0 abrign de usb ou para © de multe fas, romavam o ome de Toupeb ou Tupeban 2, Timbizs. Tapuis, qu habit 0 iter da peovioca do Mareshio. or exe ato decaaram mada a pus. Vien fx mencio dsm solesidade quando, em tua infosmagéo so monaeaportuputs, se apa de liana ele ente ae missions por pate dor portagucies «dor Niemeyer de Marais ‘A descrigio das eeimOnia, com que es save marr oe sue psioneios de gue, € ce foteamene cx sleda que no adoctos do autores sno agul em que todos ou a maior pave concoedam. Veise Hare Staden ~ cp. 28 ~ des uss e cxetures doe Tupinambss ~ ‘asia d Bras cap. 17 e172. Ness Cris Ly 0. 138 € Lis cap: V. (Chamaase mujutena.a cord com ques: ava 0 psloncic “Ec une longue corde nom nde mascrena vec es stachent (capi quand i doivent te sore (H. Sadan. 300). Macrans ecreve Ferdinand Den, screcenrando qu er fia dealgpdso. E poste! que em algamas wor free deve atria, mas convém nowar que na maior parte dela ca wo bricarems cords de embira 5 A maga do seid ao eo mes ques ordi, enka mas dfeseaga dos oats qe zelhejaneaa, edo camer com que et tatalhads, Lavavam e patram rodoo pe “mbagader, como ochamaram - om deeshosereleoe asa modo crores, e dla de "ava pendent una bl de penasdelcaas ede core diferentes snd a oa ooada de smontice.“Pitam a mara do nerf, que chamam ivrspeme, com a qual deve ae a> ‘sifleado 0 prvonsir: pasate por cima ura maria visor, vrando depois a cs «dos oes deum pissarochamado Mactubav de cot pard ecu, eduzer-nes ap © com de slpcam cods 2 maga Frepara a iveapeme,¢adornada de pens, sapenden-a ‘mun abana inabitads,e cantar em dor del eds a nite” (H.Seaden pt, p 301. Fesdieand Dens, acescenandotheoatigefanctseseve Liepeme, que dee fia de ust /uea Pann paver © com monies de diferente cores, Vatongeos dhe o nome de Tangapeme, que 0 cetmo do dicondriobrasiano, 2, Bedaape, Faldo de pena de quate seriam ee perce damor denominasio de ands sees de que waar ar mulher “font se deplames Cauracherune epee darnement

You might also like